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TUTORIA Morfofisiologia e genética bacteriana 1- Conhecer a morfologia bacteriana e a caracterização das organelas Procariontes: não possui núcleo definido Unicelulares As milhares de espécies de bactérias são diferenciadas por muitos fatores, incluindo a morfologia (forma), composição química, necessidades nutricionais, atividades bioquímicas e fontes de energia. Estima-se que 99% das bactérias na natureza existam na forma de biofilmes. Elas podem ter formato de esfera (cocos, que significa frutificação), de bastão (bacilos, que significa bastonete ou bengala) e de espiral. Os cocos geralmente são redondos, mas podem ser ovais, alongados ou achatados em uma das extremidades. Podem ser: Diplococos: permanecem em pares após a divisão. Estreptococos: se dividem e permanecem ligados uns aos outros em forma de cadeia. Tétrades: se dividem em dois planos e permanecem em grupos de quatro. Sarcinas: se dividem em três planos e permanecem ligados uns aos outros em grupos de oito. Estafilococos: se dividem em múltiplos planos e formam agrupamentos em formato de cacho de uva ou lâminas amplas. O nome “bacilo” tem dois significados em microbiologia. Como acabamos de utilizar, a palavra bacilo se refere a uma forma bacteriana. Quando escrito em latim, em letra maiúscula e em itálico, refere-se a um gênero específico. Por exemplo, a bactéria Bacillus anthracis é o agente do antraz. As células bacilares geralmente formam cadeias longas e emboladas. As bactérias espirais têm uma ou mais curvaturas; elas nunca são retas. As bactérias que se assemelham a bastões curvos são chamadas de vibriões. Outras, chamadas de espirilos, possuem forma helicoidal, como um saca-rolha, e corpo bastante rígido. Já outro grupo de espirais tem forma helicoidal e flexível; são chamados de espiroquetas. Ao contrário dos espirilos, que utilizam um apêndice externo para se mover, semelhante a uma hélice e chamado de flagelo, as espiroquetas movem-se através de filamentos axiais, os quais lembram um flagelo, mas estão contidos dentro de uma bainha externa flexível. Existem também procariotos em forma de estrela e retangulares (Figura 4.5). ORGANELAS: Glicocálice (que significa revestimento de açúcar) é o termo geral usado para as substâncias que envolvem as células. O glicocálice bacteriano é um polímero viscoso e gelatinoso que está situado externamente à parede celular e é composto por polissacarídeo, polipeptídeo ou ambos. Em grande parte, ele é produzido dentro da célula e secretado para a superfície celular. Se a substância é organizada e está firmemente aderida à parede celular, o glicocálice é descrito como cápsula. A presença de uma cápsula pode ser determinada utilizando- -se uma coloração negativa. Se a substância não é organizada e está fracamente aderida à parede celular, o glicocálice é descrito como uma camada limosa. As cápsulas frequentemente protegem as bactérias patogênicas contra a fagocitose pelas células do hospedeiro. Outro exemplo envolve Streptococcus pneumoniae, o qual causa pneumonia apenas quando as células encontram-se protegidas por uma cápsula polissacarídica. As células não encapsuladas de S. pneumoniae não podem causar pneumonia, sendo rapidamente fagocitadas. Biofilmes: comunidades biológicas com um elevado grau de organização, onde as bactérias formam comunidades estruturadas, coordenadas e funcionais. Estas comunidades biológicas encontram-se embebidas em matrizes poliméricas produzidas por elas próprias. O glicocálice é um componente muito importante dos biofilmes. Um glicocálice que auxilia as células em um biofilme a se fixarem ao seu ambiente-alvo e umas às outras é denominado substância polimérica extracelular (SPE). A SPE protege as células dentro do glicocálice, facilita a comunicação entre as células e permite a sobrevivência celular pela fixação a várias superfícies em seu ambiente natural. Por meio da fixação, as bactérias podem crescer em diversas superfícies, como pedras em rios com correnteza rápida, raízes de plantas, dentes humanos, implantes médicos, tubulações e até mesmo em outras bactérias. Streptococcus mutans, causa importante de cáries dentárias, adere-se à superfície dos dentes através do glicocálice. O S. mutans pode usar sua cápsula como fonte de nutrição, degradando-a e utilizando os açúcares quando os estoques de energia estiverem baixos. Vibrio cholerae, que causa o cólera, produz um glicocálice que auxilia na sua adesão às células do intestino delgado. Um glicocálice também pode proteger uma célula contra a desidratação, e sua viscosidade pode inibir o movimento dos nutrientes para fora da célula. FLAGELOS: Algumas células procarióticas possuem flagelos, que são longos apêndices filamentosos que realizam a propulsão da bactéria. As bactérias que não possuem flagelos são chamadas de atríquias (sem projeções). Os flagelos podem ser peritríquios (distribuídos ao longo de toda a célula); Também podem ser chamados de polares (em uma ou ambas as extremidades da célula); No caso de flagelos polares, eles podem ser monotríquios (um único flagelo em um polo da célula;), lofotríquios (um tufo de flagelos saindo de um polo da célula;) ou anfitríquios (flagelos em ambos os polos da célula;). Um flagelo é constituído de três porções básicas; A longa região mais externa, o filamento, tem diâmetro constante e contém a proteína globular flagelina (grosseiramente esférica), distribuída em várias cadeias, as quais que se entrelaçam e formam uma hélice em torno de um centro oco. O filamento está aderido a um gancho ligeiramente mais largo, consistindo em uma proteína diferente. O corpo basal é composto de uma pequena haste central inserida em uma série de anéis. As bactérias gram-negativas contêm dois pares de anéis; o par externo está ancorado a várias porções da parede celular, e o par interno está ancorado à membrana plasmática. Nas bactérias gram-positivas, somente o par interno está presente. ) O movimento de um flagelo procariótico resulta da rotação de seu corpo basal e é similar ao movimento da haste de um motor elétrico. À medida que os flagelos giram, formam um feixe que empurra o líquido circundante e propele a bactéria. A rotação flagelar depende da geração contínua de energia pela célula. Uma vantagem da motilidade é que ela permite a uma bactéria se mover em direção a um ambiente favorável ou para longe de um ambiente adverso. O movimento de uma bactéria para perto ou para longe de um estímulo é chamado de taxia. Esses estímulos incluem os químicos (quimiotaxia) e os luminosos (fototaxia). As bactérias móveis contêm receptores em várias localizações, como dentro ou logo abaixo da parede celular. Esses receptores captam os estímulos químicos, como o oxigênio, a ribose e a galactose. Em resposta aos estímulos, a informação é passada para os flagelos. Se um sinal quimiotático é positivo, denominado atraente, as bactérias movem-se em direção ao estímulo com muitas corridas e poucos desvios. Se um sinal quimiotático é negativo, denominado repelente, a frequência de desvios aumenta, à medida que a bactéria move- -se para longe do estímulo FILAMENTOS AXIAIS: As espiroquetas são um grupo de bactérias que possuem estrutura e motilidade exclusivas. Uma das espiroquetas mais conhecidas é o Treponema pallidum, o agente causador da sífilis. Outra espiroqueta é Borrelia burgdorferi, o agente causador da doença de Lyme. As espiroquetas se movem através de filamentos axiais, ou endoflagelos, feixes de fibrilas que se originam nas extremidades das células, sob uma bainha externa, e fazem uma espiral em torno da célula. A rotação dos filamentos produz um movimento da bainhaexterna, que impulsiona as espiroquetas em um movimento espiral. Esse tipo de movimento é semelhante ao modo como um saca-rolhas se move através da rolha. Esse movimento tipo saca-rolhas provavelmente permite que bactérias, como o T. pallidum, movam-se efetivamente pelos fluidos corporais FÍMBRIAS E PILI: As fímbrias podem ocorrer nos polos da célula bacteriana ou podem estar homogeneamente distribuídas em toda a superfície da célula. Elas podem variar em número, de algumas unidades a muitas centenas por célula. As fímbrias têm uma tendência a se aderirem umas às outras e às superfícies. Por isso, elas estão envolvidas na formação de biofilmes e outros agregados na superfície de líquidos, vidros e pedras. As fímbrias também auxiliam na adesão da bactéria às superfícies epiteliais do corpo. Por exemplo, as fímbrias da bactéria Neisseria gonorrhoeae, o agente causador da gonorreia, auxiliam o micróbio na colonização das membranas mucosas. Uma vez que a colonização ocorre, as bactérias podem causar doença. As fímbrias de E. coli O157 permitem a adesão dessa bactéria ao revestimento do intestino delgado, onde causa uma diarreia aquosa severa. Quando as fímbrias estão ausentes (devido à mutação genética), a colonização pode não ocorrer, e nenhuma doença aparece. Os pili (singular: pilus) normalmente são mais longos que as fímbrias, e há apenas um ou dois por célula. Os pili estão envolvidos na motilidade celular e na transferência de DNA. Em um tipo de motilidade, chamada de motilidade pulsante,* um pilus é estendido pela adição de subunidades de pilina, faz contato com uma superfície ou com outra célula e, então, se retrai (força de deslocamento) à medida que as subunidades de pilina vão sendo desmontadas. O outro tipo de motilidade associada aos pili é a motilidade por deslizamento, o movimento suave de deslizamento das mixobactérias. Embora o mecanismo exato seja desconhecido para a maioria das mixobactérias, algumas utilizam a retração do pilus. A motilidade por deslizamento fornece uma maneira para os micróbios viajarem nos ambientes com baixo conteúdo de água, como os biofilmes e o solo. Alguns pili são utilizados para agregar as bactérias e facilitar a transferência de DNA entre elas, um processo chamado de conjugação. Esses pili são chamados de pili de conjugação (sexuais) PAREDE CELULAR: A principal função da parede celular é prevenir a ruptura das células bacterianas quando a pressão da água dentro da célula é maior que fora dela. Ela também ajuda a manter a forma de uma bactéria e serve como ponto de ancoragem para os flagelos. À medida que o volume de uma célula bacteriana aumenta, sua membrana plasmática e parede celular se estendem, conforme necessário. Clinicamente, a parede celular é importante, pois contribui para a capacidade de algumas espécies causarem doenças e também por ser o local de ação de alguns antibióticos. Além disso, a composição química da parede celular é usada para diferenciar os principais tipos de bactérias. A parede celular bacteriana é composta de uma rede macromolecular, denominada peptideoglicano (também conhecida como mureína), que está presente isoladamente ou em combinação com outras substâncias. O peptideoglicano consiste em um dissacarídeo repetitivo ligado por polipeptídeos para formar uma rede que circunda e protege toda a célula. A porção dissacarídica é composta por monossacarídeos, denominados N- acetilglicosamina (NAG), e ácido N- acetilmurâmico (NAM) (de murus, significando parede), que estão relacionados à glicose. Na maioria das bactérias gram-positivas, a parede celular consiste em muitas camadas de peptideoglicano, formando uma estrutura rígida e espessa. Em contrapartida, as paredes celulares de gram- negativas contêm somente uma camada fina de peptideoglicano O espaço entre a parede celular e a membrana plasmática de uma bactéria gram-positiva é o espaço periplasmático. Ele contém a camada granular, a qual é composta de ácido lipoteicoico. Além disso, as paredes celulares das bactérias gram-positivas contêm ácidos teicoicos, que consistem principalmente em um álcool (como o glicerol ou ribitol) e fosfato. Existem duas classes de ácidos teicoicos: o ácido lipoteicoico, que atravessa a camada de peptideoglicano e está ligado à membrana plasmática, e o ácido teicoico da parede, o qual está ligado à camada de peptideoglicano. Devido à sua carga negativa (proveniente dos grupos fosfato), os ácidos teicoicos podem se ligar e regular o movimento de cátions (íons positivos) para dentro e para fora da célula. Eles também podem assumir um papel no crescimento celular, impedindo a ruptura extensa da parede e a possível lise celular. As paredes celulares das bactérias gram- negativas consistem em uma ou poucas camadas de peptideoglicano e uma membrana externa. O peptideoglicano está ligado a lipoproteínas na membrana externa e está localizado no periplasma (fluido semelhante a um gel no espaço periplasmático de bactérias gram- negativas), a região entre a membrana externa e a membrana plasmática. O periplasma contém uma alta concentração de enzimas de degradação e proteínas de transporte. As paredes celulares gram-negativas não contêm ácidos teicoicos. Como as paredes celulares das bactérias gram-negativas contêm somente uma pequena quantidade de peptideoglicano, são mais suscetíveis ao rompimento mecânico. A membrana externa da célula gram-negativa consiste em lipopolissacarídeos (LPS), lipoproteínas e fosfolipídeos. A membrana externa tem várias funções especializadas. Sua forte carga negativa é um fator importante na evasão da fagocitose e nas ações do complemento (causa lise de células e promove a fagocitose), dois componentes das defesas do hospedeiro. A membrana externa também fornece uma barreira contra a ação de detergentes, metais pesados, sais biliares, determinados corantes, antibióticos (p. ex., penicilina) e enzimas digestórias como a lisozima. No entanto, a membrana externa não fornece uma barreira para todas as substâncias do ambiente, pois os nutrientes devem atravessá-la para garantir o metabolismo celular. Parte da permeabilidade da membrana externa é devida a proteínas na membrana, denominadas porinas, que formam canais. As porinas permitem a passagem de moléculas, como nucleotídeos, dissacarídeos, peptídeos, aminoácidos, vitamina B12 e ferro. MEMBRANA PLASMÁTICA: As moléculas de fosfolípideos estão dispostas em duas fileiras paralelas, denominadas bicamada lipídica. Cada molécula de fosfolipídeo contém uma cabeça polar, composta de um grupo fosfato e glicerol que é hidrofílico (afinidade pela água) e solúvel em água, e caudas apolares, compostas de ácidos graxos que são hidrofóbicos (não possuem afinidade pela água) e insolúveis em água. As cabeças polares estão nas duas superfícies da bicamada lipídica, e as caudas apolares estão no interior da bicamada. A função mais importante da membrana plasmática é servir como barreira seletiva para a entrada de materiais na célula e a saída de materiais da célula. Nessa função, as membranas plasmáticas possuem permeabilidade seletiva (muitas vezes chamada de semipermeabilidade). Essa expressão indica que determinadas moléculas e íons conseguem atravessar a membrana, mas outros são impedidos. A permeabilidade da membrana depende de vários fatores. As moléculas grandes (como as proteínas) não podem passar através da membrana plasmática, possivelmente por serem maiores que os poros nas proteínas integrais, os quais funcionam como canais. Contudo, as moléculas menores (como a água, o oxigênio, o dióxido de carbono e alguns açúcares simples), em geral, conseguem atravessá-la com facilidade. Os íons penetram na membrana muito devagar. As substânciasque se dissolvem facilmente em lipídeos (como o oxigênio, o dióxido de carbono e as moléculas orgânicas apolares) entram e saem com mais facilidade do que outras substâncias, pois a membrana é composta principalmente de fosfolipídeos. As membranas plasmáticas também são importantes na digestão de nutrientes e na produção de energia. As membranas plasmáticas das bactérias contêm enzimas capazes de catalisar as reações químicas que degradam os nutrientes e produzem ATP. Em algumas bactérias, os pigmentos e as enzimas envolvidos na fotossíntese são encontrados em invaginações da membrana plasmática que se estendem ao citoplasma. Essas estruturas membranosas são chamadas de cromatóforos. Quando examinadas ao microscópio eletrônico, as membranas plasmáticas bacterianas frequentemente parecem conter uma ou mais invaginações grandes e irregulares, denominadas mesossomos. Muitas funções foram propostas para os mesossomos. Entretanto, agora se sabe que eles são artefatos, e não estruturas celulares verdadeiras. Acredita-se que os mesossomos sejam dobras na membrana plasmática, que se desenvolvem devido ao processo utilizado para preparar amostras para microscopia eletrônica. A difusão simples é o movimento líquido (global) de moléculas ou íons de uma área de alta concentração para uma área de baixa concentração. Na difusão facilitada, as proteínas integrais de membrana funcionam como canais ou carreadores que facilitam o movimento de íons ou grandes moléculas através da membrana plasmática. Essas proteínas integrais são chamadas de transportadores ou permeases. A difusão facilitada é similar à difusão simples no sentido de que a célula não gasta energia, uma vez que a substância se move de uma concentração alta para uma concentração baixa. Esse processo se difere da difusão simples pela utilização de proteínas transportadoras. Osmose é o movimento líquido de moléculas de água através de uma membrana seletivamente permeável, de uma área de alta concentração de moléculas de água (baixa concentração de moléculas de soluto) para uma área de baixa concentração de moléculas de água (alta concentração de moléculas de soluto). As moléculas de água podem passar pelas membranas plasmáticas, movendo-se através da bicamada lipídica por difusão simples ou através de proteínas integrais, chamadas de aquaporinas, que atuam como canais de água. CITOPLASMA: Para uma célula procariótica, o termo citoplasma refere-se à substância celular localizada no interior da membrana plasmática. Cerca de 80% do citoplasma é composto de água, contendo principalmente proteínas (enzimas), carboidratos, lipídeos, íons inorgânicos e muitos compostos de baixo peso molecular. Os íons inorgânicos estão presentes em concentrações muito maiores no citoplasma do que na maioria dos meios. O citoplasma é espesso, aquoso, semitransparente e elástico. As principais estruturas do citoplasma dos procariotos são: um nucleoide (contendo DNA), as partículas, denominadas ribossomos, e os depósitos de reserva, denominados inclusões. NUCLEOIDE: O nucleoide de uma célula bacteriana normalmente contém uma única molécula longa e contínua de DNA de dupla-fita, frequentemente arranjada em forma circular, denominada cromossomo bacteriano. Essa é a informação genética da célula, que carrega todas as informações necessárias para as estruturas e as funções celulares. Os cromossomos bacterianos não são circundados por um envelope nuclear (membrana) e não incluem histonas. O nucleoide pode ser esférico, alongado ou em forma de halteres. Em bactérias em crescimento ativo, cerca de 20% do volume celular é preenchido pelo DNA, uma vez que essas células pré- sintetizam o DNA para as células futuras. O cromossomo está fixado à membrana plasmática. Acredita-se que proteínas na membrana plasmática sejam responsáveis pela replicação do DNA e pela segregação dos novos cromossomos para as células-filhas, na divisão celular. Além do cromossomo bacteriano, as bactérias frequentemente contêm pequenas moléculas de DNA de dupla-fita, circulares, denominadas plasmídeos. Essas moléculas são elementos genéticos extracromossômicos; isto é, elas não estão conectadas ao cromossomo bacteriano principal e se replicam independentemente do DNA cromossômico. As pesquisas indicam que os plasmídeos estão associados às proteínas da membrana plasmática. Eles normalmente contêm de 5 a 100 genes que, em geral, não são cruciais para a sobrevivência da bactéria em condições ambientais normais; os plasmídeos podem ser adquiridos ou perdidos sem causar dano à célula. Sob certas condições, entretanto, eles são uma vantagem para as células. Os plasmídeos podem transportar genes para atividades como resistência aos antibióticos, tolerância a metais tóxicos, produção de toxinas e síntese de enzimas. Eles podem ser transferidos de uma bactéria para outra. De fato, o DNA plasmidial é utilizado para a manipulação genética em biotecnologia. RIBOSSOMOS: As células com altas taxas de síntese proteica, como aquelas que estão crescendo ativamente, possuem um grande número de ribossomos. O citoplasma de uma célula procariótica contém dezenas de milhares de ribossomos, o que confere ao citoplasma uma aparência granular. Os ribossomos são compostos de duas subunidades, cada qual consistindo em proteína e de um tipo de RNA, denominado RNA ribossomal (rRNA). Os ribossomos procarióticos diferem dos ribossomos eucarióticos no número de proteínas e de moléculas de rRNA que eles contêm; eles também são um pouco menores e menos densos que os ribossomos das células eucarióticas. Por isso, os ribossomos procarióticos são denominados ribossomos 70S, e aqueles das células eucarióticas são denominados ribossomos 80S. A letra S se refere às unidades Svedberg, que indicam a velocidade relativa de sedimentação durante a centrifugação em alta velocidade. Vários antibióticos atuam inibindo a síntese proteica nos ribossomos procarióticos. Antibióticos, como a estreptomicina e a gentamicina, fixam-se à subunidade 30S e interferem com a síntese proteica. Outros antibióticos, como a eritromicina e o cloranfenicol, interferem na síntese proteica pela fixação à subunidade 50S. Devido às diferenças nos ribossomos procarióticos e eucarióticos, a célula microbiana pode ser destruída pelo antibiótico, ao passo que a célula do hospedeiro eucariótico permanece intacta. INCLUSÕES: Dentro do citoplasma das células procarióticas, há vários tipos de depósitos de reserva, chamados de inclusões. As células podem acumular certos nutrientes quando eles são abundantes e usá-los quando estão escassos no ambiente. Evidências sugerem que macromoléculas concentradas nas inclusões evitam o aumento da pressão osmótica que ocorreria se as moléculas estivessem dispersas no citoplasma. Algumas inclusões são comuns a uma ampla variedade de bactérias, ao passo que outras são limitadas a um número pequeno de espécies, servindo, assim, como base para a identificação. Algumas inclusões, como os magnetossomos, são organelas envolvidas por membrana, ao passo que outras inclusões, como os carboxissomos, são envolvidos por complexos proteicos. ENDÓSPOROS: Quando os nutrientes essenciais se esgotam, determinadas bactérias gram-positivas, como aquelas dos gêneros Clostridium e Bacillus, formam células “dormentes” especializadas, chamadas de endósporos Quando liberados no ambiente, podem sobreviver a temperaturas extremas, falta de água e exposição a muitas substâncias químicas tóxicas e radiação. Embora os endósporos verdadeiros sejam encontrados em bactérias gram-positivas, uma espécie de gram-negativa, Coxiella burnetii, o agente causador da febre Q, normalmente uma doença brandacom sintomas semelhantes à gripe, forma estruturas similares a endósporos, que resistem ao calor e a substâncias químicas, e podem ser coradas com corantes para endósporos. O processo de formação do endósporo no interior de uma célula vegetativa leva várias horas e é conhecido como esporulação ou esporogênese. Células vegetativas de bactérias que formam endósporos iniciam a esporulação quando um nutriente essencial, como uma fonte de carbono ou nitrogênio, torna-se escassa ou indisponível. Os endósporos são importantes do ponto de vista clínico e para a indústria alimentícia, pois são resistentes a processos que normalmente destroem as células vegetativas. Esses processos incluem o aquecimento, a dessecação, a utilização de substâncias químicas e a radiação. Enquanto a maioria das células vegetativas é destruída por temperaturas acima de 70°C, os endósporos podem sobreviver em água fervente por várias horas ou mais. 2- Diferenciar as bactérias que fazem parte da microbiota dos tratos gastrointestinais, respiratório, urogenital e pele e identificar suas principais funções; identificar bactérias de interesse clínico. Na boca, cada mililitro de saliva pode conter milhões de bactérias. O estômago e o intestino delgado apresentam relativamente poucos microrganismos, devido ao ácido clorídrico produzido pelo estômago e ao rápido movimento dos alimentos no intestino delgado. Em contrapartida, o intestino grosso possui uma enorme população microbiana, excedendo 100 bilhões de bactérias por grama de fezes. A população do intestino grosso é composta principalmente de anaeróbios e anaeróbios facultativos. A maioria dessas bactérias auxilia na degradação enzimática dos alimentos, principalmente muitos polissacarídeos que, de outra forma, não seriam digeríveis. Algumas delas sintetizam vitaminas úteis. Um fator importante nessa defesa é o conteúdo altamente ácido do estômago, que elimina muitos micróbios ingeridos, potencialmente prejudiciais. O intestino delgado também contém importantes defesas antimicrobianas, mais significativamente, milhões de células especializadas preenchidas por grânulos, chamadas de células de Paneth. Elas são capazes de fagocitar as bactérias e também produzem proteínas antibacterianas, chamadas de defensivas e a enzima antibacteriana lisozima. O trato gastrointestinal é colonizado com micróbios ao nascimento e permanece como habitat para uma população diversa de organismos ao longo da vida do hospedeiro. Embora a oportunidade para colonização com novos organismos ocorra diariamente com a ingestão de alimentos e água, a população permanece relativamente constante, a menos que fatores exógenos como tratamento com antibióticos perturbem o equilíbrio da microbiota. Bactérias Mais comuns que colonizam o Trato Gastrointestinal: Acinetobacter; Actinomyces; Bacteroides Bifidobacterium; Campylobacter; Clostridium; Corynebacterium; Enterobacteriaceae; Enterococcus; Eubacterium; Fusobacterium; Haemophilus; Helicobacter; Lactobacillus; Mobiluncus; Peptostreptococcus; Porphyromonas; Prevotella; Propionibacterium; Pseudomonas; Staphylococcus; Streptococcus; Veillonella. ESÔFAGO: As bactérias e leveduras da orofaringe, bem como as bactérias que colonizam o estômago, podem ser isoladas do esôfago. No entanto, a maioria dos organismos é considerada colonizadora transitória que não estabelece residência permanente. As bactérias raramente causam doença do esôfago (esofagite), sendo a maioria das infecções causadas por Candida spp. e vírus, como herpes simples e citomegalovírus. ESTÔMAGO: Como o estômago contém ácido clorídrico e pepsinogênio (secretado pelas células parietais e células principais do revestimento da mucosa gástrica), os únicos organismos presentes são bactérias acidotolerantes em pequenas quantidades, como as bactérias produtoras de ácido lático (Lactobacillus e Streptococcus spp.) e Helicobacter pylori. O H. pylori é causador de gastrite e doença ulcerativa. INTESTINO DELGADO: Ao contrário da porção anterior do trato digestivo, o intestino delgado é colonizado com muitas e diferentes bactérias, fungos e parasitas. A maioria desses organismos é anaeróbia, como Peptostreptococcus, Porphyromonas e Prevotella. Agentes comuns de gastroenterites (p. ex., Salmonella e Campylobacter spp.) podem estar presentes em pequenas quantidades como residentes assintomáticos; no entanto, sua detecção no laboratório clínico geralmente indica doença. INTESTINO GROSSO: Mais microrganismos estão presentes no intestino grosso do que em qualquer outro sítio do corpo humano. É estimado que mais de 1011 bactérias por grama de fezes possam ser encontradas, com as bactérias anaeróbias em excesso de mais de 1.000 vezes. Várias leveduras e parasitas não patogênicos podem também estabelecer residência no intestino grosso. As bactérias mais comuns incluem Bifidobacterium, Eubacterium, Bacteroides, Enterococcus e membros da família Enterobacteriaceae. E. coli é virtualmente presente em todos os seres humanos, desde o nascimento até a morte. Embora esse organismo represente menos de 1% da população intestinal, é o organismo aeróbio mais comum responsável por doença intra- abdominal. Do mesmo modo, Bacteroides fragilis é um membro minoritário da microbiota intestinal, mas é o anaeróbio mais comum responsável por doença intra-abdominal. Em contraste, Eubacterium e Bifidobacterium são as bactérias mais comuns no intestino grosso, mas raramente são responsáveis por doença. Esses organismos simplesmente não apresentam os diversos fatores de virulência encontrados em B. fragilis. TRATO RESPIRATÓRIO: O trato respiratório superior é colonizado por numerosos organismos, com 10 a 100 bactérias anaeróbias para cada bactéria aeróbia. As bactérias anaeróbias mais comuns são Peptostreptococcus e cocos anaeróbios relacionados, Veillonella, Actinomyces e Fusobacterium spp. As bactérias aeróbias mais comuns são Streptococcus, Haemophilus e Neisseria spp. A proporção relativa desses organismos varia nos diferentes sítios anatômicos; por exemplo, a microbiota da superfície de um dente é completamente diferente da microbiota da saliva ou dos espaços subgengivais. A maioria dos organismos comuns no trato respiratório superior é relativamente não virulenta e raramente está associada à doença, exceto quando os organismos são introduzidos em sítios normalmente estéreis (p. ex., seios da face, ouvido médio, cérebro). Organismos potencialmente patogênicos, incluindo Streptococcus pyogenes, Streptococcus pneumoniae, S. aureus, Neisseria meningitidis, Haemophilus influenzae, Moraxella catarrhalis e Enterobacteriaceae, podem também ser encontrados nas vias aéreas superiores. O isolamento desses organismos a partir de um espécime clínico do trato respiratório superior não determina que estejam causando infecção. TRATO RESPIRATÓRIO INFERIOR: Laringe, traqueia, bronquíolos e vias aéreas inferiores são geralmente estéreis, embora possa ocorrer colonização transitória com secreções do trato respiratório superior. As bactérias mais virulentas presentes na boca (p. ex., S. pneumoniae, S. aureus, membros da família Enterobacteriaceae como Klebsiella) causam doença aguda das vias aéreas inferiores. A aspiração crônica pode levar a uma doença polimicrobiana na qual os anaeróbios são os patógenos predominantes, principalmente Peptostreptococcus, cocos anaeróbios relacionados e bacilos Gram-negativos anaeróbios. Os fungos como C. albicans são causas raras de doenças nas vias aéreas inferiores, e a invasão desses organismos no tecido deve ser demonstrada para excluir a simples colonização. Ao contrário, a presença de fungos dimórficos (p. ex., Histoplasma, Coccidioides e Blastomycesspp.) é diagnóstica, porque colonização assintomática com esses organismos nunca ocorre. SISTEMA GENITURINÁRIO Em geral, a uretra anterior e a vagina são as únicas porções anatômicas do sistema geniturinário colonizadas permanentemente com micróbios. Embora a bexiga urinária possa ser colonizada transitoriamente com bactérias que migram de modo ascendente a partir da uretra, esses colonizadores devem ser rapidamente eliminados pela atividade antibacteriana das células uroepiteliais e pela ação de lavagem do jato urinário. As outras estruturas do sistema urinário devem ser estéreis, exceto quando doença ou uma anormalidade anatômica está presente. Da mesma maneira, o útero deve também permanecer livre de organismos. Bactérias mais comuns que colonizam o Trato Geniturinário: Actinomyces Bacteroides Bifidobacterium Clostridium Corynebacterium Enterobacteriaceae Enterococcus Eubacterium Fusobacterium Gardnerella Haemophilus Lactobacillus, Mobiluncus Mycoplasma Peptostreptococcus Porphyromonas Prevotella Propionibacterium Staphylococcus Streptococcus Treponema Ureaplasma. VAGINA: A população microbiana da vagina é mais diversa e é drasticamente influenciada por fatores hormonais. Os recém-nascidos do sexo feminino são colonizados por lactobacilos ao nascer, sendo que essas bactérias predominam por aproximadamente seis semanas. Após esse período, os níveis de estrogênio materno diminuem e a microbiota vaginal modifica-se e passa a incluir estafilococos, estreptococos e Enterobacteriaceae. Quando a produção de estrogênio é iniciada na puberdade, a microbiota sofre modificações novamente. Os lactobacilos ressurgem como os organismos predominantes e muitos outros organismos são também isolados, incluindo estafilococos (S. aureus em menor frequência em relação às espécies de coagulase- negativos), estreptococos (incluindo Streptococcus do grupo B), Enterococcus, Gardnerella, Mycoplasma, Ureaplasma, Enterobacteriaceae e uma variedade de bactérias anaeróbias. N. gonorrhoeae é uma causa comum de vaginite. Um número significativo de casos se desenvolve quando o equilíbrio das bactérias vaginais é rompido, resultando em diminuição do número de lactobacilos e aumento do número de Mobiluncus e Gardnerella. Trichomonas vaginalis, C. albicans e Candida glabrata também são causas importantes de vaginite. Embora o vírus herpes simples e o papilomavírus não sejam considerados componentes da microbiota do trato geniturinário, esses vírus podem estabelecer infecções persistentes. PELE Embora muitos organismos entrem em contato com a superfície da pele, esse ambiente relativamente hostil não suporta a sobrevivência de muitos organismos. As bactérias Gram- positivas (p. ex., Staphylococci coagulase- negativos e, menos comumente, S. aureus, corinebactérias e propionibactérias) são os organismos mais comumente encontrados na superfície da pele. Clostridium perfringens é isolado da pele de aproximadamente 20% dos indivíduos saudáveis, e os fungos Candida e Malassezia são também encontrados na superfície da pele, principalmente em áreas úmidas. Estreptococos podem colonizar transitoriamente a pele; no entanto, os ácidos graxos voláteis produzidos pelo anaeróbio Propionibacterium são tóxicos para esses organismos. Com exceção de Acinetobacter e outros poucos gêneros menos comuns, os bacilos Gram-negativos não são usualmente cultivados a partir da pele humana. Acreditava-se que o ambiente da pele era muito hostil para permitir a sobrevivência desses organismos; entretanto, o HMP tem demonstrado que bacilos Gram- negativos não cultiváveis podem ser os organismos mais comuns da superfície da pele. 3- Descrever a fisiologia, o crescimento e a reprodução bacteriana. CRESCIMENTO: O crescimento bacteriano implica a divisão celular, levando a um aumento exponencial do número de células iniciais de uma população. As bactérias podem crescer individualmente por fissão binária (a célula alonga-se até se dividir em duas) ou no contexto de uma população (as células duplicam o seu tamanho e forma-se um septum, que consiste no crescimento da membrana celular e da parede celular até à separação das duas células). Quando uma célula se separa dando origem a duas novas células diz- se que ocorreu uma geração, designando-se por tempo de geração a duração de todo esse processo. Os tempos de geração variam de espécie para espécie, dependendo também do meio de crescimento e das condições de cultura. Um crescimento exponencial é definido pela duplicação do número de células durante um intervalo de tempo constante. Assim, neste tipo de crescimento, o número de células aumenta lentamente, passando pouco depois a um https://knoow.net/ciencterravida/biologia/divisao-celular/ https://knoow.net/ciencterravida/biologia/divisao-celular/ https://knoow.net/ciencterravida/biologia/populacao/ https://knoow.net/ciencmedicas/medicina/bacteria/ https://knoow.net/ciencterravida/biologia/populacao/ https://knoow.net/ciencterravida/biologia/parede-celular/ https://knoow.net/ciencterravida/biologia/especie/ https://knoow.net/ciencterravida/biologia/especie/ aumento mais rápido, resultando num elevado número de células. Ciclo de crescimento bacteriano: O crescimento de uma cultura bacteriana pode ocorrer num sistema fechado ou num sistema aberto. Um ciclo de crescimento num sistema fechado apresenta quatro fases diferentes: 1. Fase de latência 2. Fase exponencial 3. Fase estacionária 4. Fase de declínio ou de morte celular OBS: Existem também condições ambientais que influenciam o crescimento, tais como: o Solutos e atividade da água o pH o Temperatura o Concentração de oxigénio o Pressão o Radiação REPRODUÇÃO: A reprodução das bactérias ocorre de maneira assexuada por divisão binária, também chamada de cissiparidade. A reprodução das bactérias ocorre principalmente de forma assexuada, ou seja, sem a necessidade de contato entre duas bactérias para que ocorra a reprodução. Dessa forma, uma única bactéria é capaz de dar origem à outra, fator que ajuda na multiplicação rápida desses organismos. A forma de reprodução assexuada das bactérias recebe o nome de divisão binária ou cissiparidade. Nesse tipo de reprodução, ocorre a duplicação do material genético e posterior divisão de uma bactéria em duas. Para que ocorra a divisão, há a formação de um septo na região equatorial e das células-filhas, também chamadas de clones. Em algumas espécies, esse processo dura, em média, 20 minutos, sendo esse período chamado de tempo de geração. FISIOLOGIA: A maioria das bactérias são quimiotróficas, pois obtém energia a partir de reações químicas que oxidam substratos, assim como os animais. As litotóficas oxidam compostos inorgânicos, enquanto as organotróficas oxidam compostos orgânicos. Os principais elementos químicos fundamentais para a renovação da matéria viva são carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, enxofre e fósforo. Bactérias que se nutrem exclusivamente de substâncias inorgânicas são chamadas autotróficas, enquanto aquelas que exigem fonte orgânica de carbono são as heterotróficas. A fonte de carbono para as autotróficas é o gás carbônico (CO2) ou o íon bicarbonato (HCO3-), e para as heterotróficas são carboidratos, aminoácidos, lipídios, alcoóis, ácidos monocarboxílicos e polímeros como amido e celulose. A grande maioria das bactérias obtêm nitrogênio de compostos inorgânicos, como sais de amônio e nitratos. Algumas retiram o nitrogênio diretamente da atmosfera (N2), convertendo-o a nitrogênio orgânico, como as simbiontes de leguminosas Rhizobium e Azotobacter. Há algumas que exigem fontes orgânicas de nitrogênio, como aminoácidos. Além do carbono e do nitrogênio, há uma série de íons inorgânicos essenciaisnecessários para o metabolismo bacteriano, alguns em grande quantidade, os macronutrientes e outros em pequena quantidade, os micronutrientes. Os principais macronutrientes são o fósforo, obtido sob a forma de fosfatos e usado na síntese de ácidos nucleicos; o enxofre, que participa da síntese de aminoácidos e vitaminas; o potássio, ativador de enzimas e regulador da pressão osmótica; o magnésio, importante para a síntese proteica; e o ferro, componente de citocromos e proteínas. Os fatores de crescimento são compostos orgânicos necessários ao microrganismo, mas que ele não consegue sintetizar, devendo ser adquiridos do meio. Os principais são vitaminas, aminoácidos, nucleotídeos e ácidos graxos. O crescimento do microrganismo está condicionado à concentração desses fatores no meio. A água participa da nutrição ao permitir a passagem de elementos em solução pela membrana, participa da regulação da pressão osmótica e da regulação térmica, e impede a morte da bactéria por dessecação. Quanto ao oxigênio atmosférico, as bactérias podem ser aeróbias, se exigirem oxigênio livre; microaerófilas, se toleram apenas pequenas pressões de O2, sempre menores que as da atmosfera; anaeróbias estritas, se não toleram a presença de O2 livre; anaeróbias não estritas, se não precisam do O2, mas não morrem na sua presença; e facultativas, se podem crescer tanto na presença quanto na ausência de O2 livre. As bactérias dependem de uma temperatura ideal para captação de nutrientes e crescimento, para o funcionamento adequado das enzimas. Como são proteínas, as enzimas precisam manter a estrutura terciária para ter efetividade, e, quando a T° e o pH não estão ótimos, a sua atividade é prejudicada, e consequentemente o crescimento da bactéria. As psicrófilas preferem temperatura entre 0°C e 18°C, as mesófilas, entre 25°C e 40°C, e as termófilas, entre 30°C e 80°C. A maioria das bactérias se beneficia de pH em torno de 6,5 a 7,7 para melhor captação de nutrientes e crescimento, porém há algumas que preferem meios ácidos ou alcalinos, sendo chamadas de acidófilas ou basófilas, respectivamente. Com relação à concentração ideal de NaCl, as bactérias podem ser halotolerantes, caso tolerem concentrações salinas de 1-6%, halofílicas moderadas, caso sobrevivam em concentrações de 6-15%, halofílicas extremas, caso sobrevivam em concentrações de até 32% de NaCl, e não halofílicas, caso não tolerem a presença de NaCl. As exoenzimas são enzimas bacterianas secretadas para o meio extracelular e são usadas na clivagem de macromoléculas, para que possam ser absorvidas. Essas www.jaleko .co m .br 4 enzimas podem configurar fatores de virulência de bactérias patogênicas, pois elas utilizam substratos do nosso organismo como alimento, ou fatores de defesa, ao inativar antibióticos, como a penicilina. O metabolismo da glicose nas bactérias se inicia com sua fosforilação em glicose-6-fosfato, que é convertida a ácido pirúvico, pela via glicolítica. O ácido pirúvico pode produzir energia por fermentação ou oxidação via ciclo de Krebs ou ciclo dos ácidos tricarboxílicos. Ao fim desses ciclos, são formadas as subunidades e o ATP por meio da cadeia transportadora de elétrons, localizada nas invaginações da membrana plasmática, estrutura chamada de Mesossomo. Os componentes da cadeia são os mesmos que em eucariotos, como NAD, FAD e citocromos. Anaeróbias podem ter cadeia de transporte de elétrons, mas sem citocromo oxidase. O ácido pirúvico pode ser convertido a acetil- CoA, que condensado vira malonilCoA e assim sucessivamente até formar ácidos graxos com número par de átomos de carbono, que podem ser esterificados com glicerol para formar os triglicerídeos e os fosfolipídeos. A glicose-6- fosfato pode seguir a via do monofosfato, gerando as pentoses ribose e desoxirribose, constituintes dos ácidos nucléicos. A divisão celular das bactérias se inicia com a replicação do cromossomo bacteriano e produção de componentes da parede celular. Com a extensão da parede, é formado um septo composto por uma bicamada de peptideoglicano que separa o citoplasma em dois, a partir do meio da célula, resultando nas duas células filhas. Algumas enzimas são necessárias nesse processo, entre elas as PBPs, que atuam na formação do polímero de peptideoglicano. 4- Descrever as diferentes vias metabólicas das bactérias. Metabolismo Bacteriano – Exigência Metabólica: O crescimento bacteriano exige uma fonte de energia e as matérias-primas para a produção de proteínas, estruturas e membranas que compõem e fornecem energia para a célula. As bactérias devem obter ou sintetizar os aminoácidos, carboidratos e lipídios utilizados como componentes básicos da célula. Os requisitos mínimos para o crescimento são uma fonte de carbono e nitrogênio, uma fonte de energia, água e vários íons. Os elementos essenciais incluem os componentes das proteínas, dos lipídios e dos ácidos nucleicos (C, O, H, N, S, P), íons importantes (K, Na, Mg, Ca, Cl), e componentes de enzimas (Fe, Zn, Mn, Mo, Se, Co, Cu, Ni). O ferro é tão importante que muitas bactérias secretam proteínas especiais (sideróforos) para concentrar ferro a partir de soluções diluídas, e, por outro lado, nossos corpos sequestram o ferro para reduzir sua disponibilidade como uma forma de proteção. O oxigênio, embora essencial ao hospedeiro humano, é um veneno para muitas bactérias. Alguns microrganismos, como Clostridium perfringens, que causa gangrena gasosa, não são capazes de crescer em presença de oxigênio. Tais bactérias são denominadas anaeróbios obrigatórios. * Outros organismos, como Mycobacterium tuberculosis, que causa tuberculose, necessitam da presença de oxigênio molecular para seu metabolismo e crescimento, sendo, portanto, denominados aeróbios obrigatórios. * A maioria das bactérias, no entanto, cresce tanto na presença quanto na ausência de oxigênio. Essas bactérias são denominadas anaeróbios facultativos. Bactérias aeróbicas produzem as enzimas superóxido dismutase e catalase, que são capazes de destoxificar o peróxido de hidrogênio e os radicais superóxido, subprodutos tóxicos do metabolismo aeróbico. Algumas bactérias, como certas cepas de Escherichia coli (um componente da flora intestinal), são capazes de sintetizar todos os aminoácidos, nucleotídeos, lipídios e carboidratos necessários para o seu crescimento e divisão, enquanto as exigências de crescimento do agente causador da sífilis, Treponema pallidum, são tão complexas que ainda é necessário o desenvolvimento de um meio de cultura capaz de permitir o seu crescimento. Bactérias que dependem exclusivamente de moléculas inorgânicas como fonte de energia e carbono (dióxido de carbono [CO2]) são denominadas autotróficas (litotróficas), enquanto muitas bactérias e células animais que necessitam de fontes orgânicas de carbono são conhecidas como heterotróficas (organotróficas). METABOLISMO, ENERGIA E BIOSSÍNTESE Todas as células necessitam de um suprimento constante de energia para sobreviver. Essa energia, normalmente na forma de trifosfato de adenosina (ATP), é derivada da degradação controlada de vários substratos orgânicos (carboidratos, lipídios e proteínas). Processo chamado de Catabolismo. A energia produzida pode então ser utilizada na síntese dos constituintes celulares (paredes celulares, proteínas, ácidos graxos e ácidos nucleicos), um processo conhecido como anabolismo. Esses dois processos são denominados metabolismo intermediário. O processo metabólico normalmente inicia com a hidrólise de grandes macromoléculas por enzimas específicas no espaço extracelular. As menores moléculas que são produzidas (ex. monossacarídeos, pequenos peptídeos e ácidos graxos) são transportadas atravésda membrana até o citoplasma por mecanismos de transporte ativo ou passivo específicos para cada metabólito. Esses mecanismos podem utilizar carreadores específicos ou proteínas de transporte presentes na membrana para auxiliar na concentração dos metabólitos presentes no meio. Os metabólitos são convertidos por uma ou mais vias a um intermediário universal comum, o ácido pirúvico. A partir do ácido pirúvico, os carbonos podem ser destinados para a produção de energia ou para a síntese de novos carboidratos, aminoácidos, lipídios e ácidos nucleicos. METABOLISMO DA GLICOSE: Em vez de liberar toda a energia da glicose na forma de calor (como para combustão), as bactérias degradam a glicose em etapas distintas que permitem que a energia seja capturada em formas utilizáveis. Bactérias podem produzir energia a partir da glicose por – em ordem de aumento de eficiência – fermentação, respiração anaeróbica (ambas ocorrem na ausência de oxigênio) ou respiração aeróbica. A respiração aeróbica é capaz de converter completamente os seis carbonos da glicose em CO2 e água (H2O) mais energia, enquanto os produtos da fermentação são compostos de dois ou três carbonos. Para uma discussão mais completa do metabolismo, é recomendado consultar um livro de bioquímica. VIA DE EMBDEN-MEYERHOF-PARNAS: Bactérias utilizam três vias metabólicas principais no catabolismo da glicose. A mais comum entre elas é a via glicolítica ou (EMP) para a conversão de glicose a piruvato. Essas reações, que ocorrem tanto em condições aeróbicas quanto anaeróbicas, iniciam-se com a ativação da glicose para formar glicose-6- fosfato. Essa reação, bem como a terceira reação da via, na qual a frutose-6-fosfato é convertida a frutose-1,6-difosfato, necessita de um mol de ATP para cada mol de glicose e representa um investimento inicial dos estoques celulares de energia. A energia é produzida durante a glicólise em duas formas diferentes, química e eletroquímica. - primeira, o grupo fosfato de alta energia de um dos intermediários da via é utilizado, conforme orientação de uma enzima adequada (uma quinase) para gerar ATP a partir do difosfato de adenosina (ADP). Esse tipo de reação, denominado fosforilação a nível de substrato, ocorre em dois pontos da via glicolítica (conversão do 3- fosfoglicerol fosfato a 3-fosfoglicerato e do 2-fosfoenolpiruvato a piruvato). Produz 4 moléculas de ATP por molécula de glicose, - 2 moléculas que são utilizadas, resultando na produção de 2 moléculas de ATP, 2 moléculas de NADH e 2 de piruvato; Na ausência de oxigênio, a fosforilação ao nível do substrato representa a principal forma de produção de energia. O ácido pirúvico produzido pela glicólise é então convertido a diversos produtos finais, dependendo da espécie bacteriana, em um processo conhecido como fermentação. * CICLO DO ÁCIDO TRICARBOXÍLICO – Na presença de oxigênio, o ácido pirúvico produzido na glicólise e no metabolismo de outros substratos pode ser completamente oxidado a H2O e CO2 utilizando-se o ciclo do ácido tricarboxílico o qual resulta na produção adicional de energia. O ciclo do ATC permite que o organismo produza substancialmente mais energia por mol de glicose do que seria possível apenas pela glicólise. Adicionalmente ao GTP (um equivalente do ATP) produzido pela fosforilação ao nível do substrato, o NADH e o FADH2 geram ATP através da cadeia de transporte de elétrons. Nessa cadeia, os elétrons carreados pelo NADH (ou FADH2) são transferidos em diversos passos por uma série de pares de doadores-aceptores e, por último, ao oxigênio (respiração aeróbica) ou receptores finais de elétrons (nitrato, sulfato, CO2, íon férrico) (respiração anaeróbica). Organismos anaeróbicos são menos eficientes na produção de energia do que os organismos aeróbicos. A fermentação produz apenas duas moléculas de ATP por glicose, enquanto o metabolismo com transporte de elétrons e o ciclo do ATC completo pode gerar 19 vezes mais energia (38 moléculas de ATP) a partir do mesmo material de partida Além da produção eficiente de ATP a partir da glicose (e de outros carboidratos), o ciclo do ATC proporciona uma forma na qual os carbonos derivados de lipídios (na forma de acetil-CoA) podem ser direcionados tanto para a produção de energia quanto para a formação de precursores biossintéticos. * VIA DAS PENTOSES FOSFATO: A função dessa via é gerar precursores dos ácidos nucleicos e poder redutor na forma NADPH para uso na biossíntese. Na primeira metade da via, glicose é convertida a ribulose-5-fosfato, com consumo de 1 mol de ATP e produção de 2 moles de NADPH por mol de glicose. A ribulose-5- fosfato pode então ser convertida a ribose- 5- fosfato (um precursor na biossíntese de nucleotídeos) ou, alternativamente, a xilulose-5- fosfato. As reações remanescentes dessa via utilizam enzimas conhecidas como transcetolases e transaldolases para produzir diversos açúcares, os quais podem atuar como precursores biossintéticos ou podem ser direcionados de volta à via glicolítica para uso na geração de energia. 5- Compreender os mecanismos de transferências gênicas entre as células bacterianas. Na conjugação bacteriana há transferência direta de DNA de uma bactéria a outra, através das fímbrias sexuais, que são filamentos mais longos que as fímbrias normais. Neste caso, há a formação de uma ponte citoplasmática para a transferência da cópia do DNA ou do plasmídeo da bactéria doadora para uma bactéria receptora, onde ocorre uma recombinação gênica. A transformação bacteriana consiste na absorção de fragmentos de moléculas de DNA dispersos no meio e posterior incorporação dos mesmos ao DNA bacteriano. Sob certas condições, qualquer tipo de DNA pode ser incorporado ao DNA bacteriano, desde que tenham semelhanças. Essa característica permite que os cientistas utilizem as bactérias em experimentos de engenharia genética. Na transdução bacteriana ocorre transferência de fragmentos do material genético através de bacteriófagos (tipos de vírus infectantes de bactérias). Os bacteriófagos costumam injetar seu material genético na célula bacteriana e assim se multiplicar. Entretanto, durante esse processo pode acontecer a incorporação de segmentos de DNA da bactéria hospedeira e posterior liberação desses fragmentos na bactéria receptora, assim que o bacteriófago for infectar outra bactéria. Havendo recombinação genética entre os materiais surgem novas características. Curiosidade: Podem ser distinguidas a microbiota residente, constituída por organismos específicos, encontrados, frequentemente, em determinadas áreas e a microbiota transitória, que consiste de microrganismos provenientes do ambiente, que habitam a pele e as superfícies mucosas por horas ou poucas semanas.
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