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MEDRESUMOS - Reparo celular

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Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2018 ● PATOLOGIA 
1 
 
@medresumosoficial 
 
 
 
REPARO CELULAR (CICATRIZAÇÃO) 
 
 Como a destruição tecidual na inflamação crônica envolve as células parenquimatosas e a estrutura do estroma, 
a reparação deste tecido não pode ser realizada apenas por meio da regeneração das células do parênquima. Portanto, 
a reparação envolve substituição por tecido conjuntivo, que com o tempo, produz fibrose e cicatrização. 
 Didaticamente, distinguem-se quatro componentes neste processo: 
 Formação de novos vasos sanguíneos (angiogênese); 
 Migração e proliferação de fibroblastos; 
 Deposição de matriz extracelular (MEC); 
 Maturação e reorganização do tecido fibroso, processo conhecido como remodelagem. 
 
Quatro etapas fundamentam a angiogênese: (1) degradação enzimática da membrana basal do vaso de origem; 
(2) migração das células endoteliais; (3) proliferação das células endoteliais; (4) maturação e organização nos tubos 
capilares. Pelo menos dois fatores de crescimento são importantes na indução da angiogênese: fator de crescimento 
de fibroblastos básico (FCFb), que pode mediar todas as etapas na angiogênese; e fator de permeabilidade vascular 
ou fator de crescimento endotelial vascular (FPV, FCEV), que causam angiogênese e permeabilidade aumentada. 
A migração e proliferação dos fibroblastos (2º mecanismo) também são mediadas por fatores de crescimento, 
como o FCDP, FCE, FCF e TGF-β (sendo este um fator crítico no favorecimento da deposição de tecido fibroso). Este 
induz a migração e proliferação dos fibroblastos, assim como síntese aumentada e degradação reduzida de colágeno 
que será depositado na MEC. Portanto, acredita-se que o TGF-β desempenhe um papel importante na fibrose 
inflamatória crônica. 
 
 
CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS 
 Dependendo do tipo da lesão, a cicatrização pode se desenvolver das seguintes maneiras: 
 Cicatrização por primeira intenção: A cicatrização de uma incisão cirúrgica limpa aproximada (fenda tecidual é 
mínima) envolve uma sequência cronológica de eventos: 
 0 hora. A incisão é inicialmente preenchida por sangue e coágulo (formado pelo sistema da coagulação 
para garantir a hemostasia). O coágulo inicial é composto por fibrina e fibronectina. O tecido acometido 
passa a sofrer um processo inflamatório. 
 3 a 24 horas. Os neutrófilos que margeiam a lesão infiltram o coágulo. Começam a surgir mitoses nas 
células basais epiteliais; o fechamento do epitélio ocorre em 24 a 48 horas. 
 3º dia. Os neutrófilos são substituídos por macrófagos (estes recrutam fibroblastos por meio da 
liberação de interleucinas). Neste período, observa-se a formação de focos de tecido de granulação. 
 5º dia. O espaço incisional é preenchido com tecido de granulação (que porventura, é um órgão 
provisório como a placenta), formado pelas células endoteliais que chegam a região e fibroblastos. A 
neovascularização é máxima e as fibrilas de colágeno começam a aparecer e agora a proliferação 
epitelial atinge seu máximo. 
 Segunda semana. Ocorre proliferação dos fibroblastos e acúmulo contínuo de colágeno. A inflamação e 
os vasos recém-formados já desaparecem em grande parte. 
 Segundo mês. Agora, a fibrose consiste em tecido conjuntivo sem inflamação, coberto por epiderme 
intacta. 
 
 Cicatrização por segunda intenção: ocorre quando há perda mais extensa de tecido, como infarto, ulceração, 
formação de abscesso e grandes feridas. O tecido de granulação abundante cresce a partir das margens para 
preencher o defeito, mas ao mesmo tempo a ferida contrai, isto é, o defeito é acentuadamente reduzido. Os 
miofibroblastos contribuem para a contração da ferida. 
 
OBS
1
: O tecido de granulação é tido como um órgão provisório, assim como é classificada a placenta. Este tecido, por 
apresentar uma grande concentração de proteoglicanos, fibronectinas e plasmócitos, é muito resistente a infecções. Por 
isso que cirurgiões podem realizar suturas nas alças intestinais (mesmo com a grande presença de bactérias na região) 
sem nenhum problema, uma vez que a ação protetora do tecido de granulação entra em vigor. 
OBS
2
: Por ser considerado um órgão, o tecido de granulação necessita de toda a irrigação e suprimento nutricional 
suficiente para realizar a sua função cicatricial. Por isso que pessoas desnutridas ou com deficiência de vitamina C 
apresenta distúrbios no processo de cicatrização. 
 
 
Arlindo Ugulino Netto. 
PATOLOGIA 2018 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2018 ● PATOLOGIA 
2 
 
@medresumosoficial 
 
 
 
MECANISMOS ENVOLVIDOS NA CICATRIZAÇÃO DA FERIDA 
 Três mecanismos são importantes por influenciar no reparo das feridas: 
 Fatores de crescimento (FCDP, FCF, TGF-β); 
 Interações entre células e entre células e matriz; 
 Síntese de MEC (colágeno), degradação e remodelagem. 
 
SÍNTESE E DEGRADAÇÃO DE COLÁGENO E RESISTÊNCIA DA FERIDA 
As fibras de colágeno são, em grande parte, responsáveis pela resistência da ferida. Os colágenos são divididos 
em 15 tipos (sendo os tipos I, II e III conhecidos como os colágenos intersticiais ou de fibrila). O colágeno depositado no 
início do tecido de granulação é do tipo III, que é substituído por colágeno do tipo I. 
Primeiramente, a síntese de colágeno é estimulada por fatores de crescimento e por citocinas secretadas pelos 
leucócitos e pelos fibroblastos na cicatrização das feridas. 
O acúmulo final de colágeno não depende apenas da síntese do mesmo, mas também da degradação (que é 
realizada por uma família de metaloproteínas dependentes do zinco). A secreção de metaloproteínas por fibroblastos e 
leucócitos é induzida por fatores de crescimento e citocinas, e inibida pelo TGF-β. 
A resistência da ferida ao final da primeira semana é de cerca de 10% do normal (depende em grande parte da 
sutura cirúrgica/adesão tecidual). A recuperação progressiva da força elástica a 70 a 80% do normal no 3º mês está 
associada, em primeiro lugar, à síntese aumentada de colágeno, excedendo a degradação do mesmo e 
subsequentemente de ligação cruzada, e ao aumento do tamanho das fibras de colágenos. 
 
OBS
3
: A cicatrização das feridas envolve, portanto, eventos da inflamação precoce, seguida por um estágio de 
fibroplasia caracterizada por tecido de granulação, seguida por deposição de matriz extracelular, remodelagem tecidual e 
fibrose. 
OBS
4
: O processo da remodelagem consiste em um mecanismo equilibrado de síntese e degradação do colágeno. 
Quando há uma síntese excessiva de colágeno, a cicatriz apresenta-se fenotipicamente defeituosa. Isso acontece em 
dois casos bastante conhecidos: queloide (mais relacionado com a etnia) e a cicatriz hipertrófica. 
 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2018 ● PATOLOGIA 
3 
 
@medresumosoficial 
 Queloide Cicatriz hipertrófica 
Limites Ultrapassa os limites da cicatriz Não ultrapassa 
Aparecimento > 3 meses Precoce 
Local + Clínica  Mais comum acima das clavículas; 
 Principalmente no dorso e lobo 
auricular; 
 Mais comum em negros; 
 Dor e prurido. 
 Mais comum em áreas de tensão ou 
superfícies; 
 Áreas flexoras principalmente; 
 Pode cursar com dor e prurido. 
Regressão A regressão é rara; Geralmente é refratária ao 
tratamento (“uma vez queloide, sempre 
queloide”) 
Regressão pode ser espontânea (6 meses a 1 
ano); É passível de tratamento: injeção 
intralesional de corticoide (tratamento mais efetivo) 
Imagem 
 
 
 
FATORES QUE MODIFICAM A QUALIDADE DA RESPOSTA INFLAMATÓRIA-REPARATIVA 
 Vários fatores sistêmicos e locais modificam a intensidade da resposta inflamatória e a qualidade do reparo. As 
principais influências são: 
 A adequação do suprimento sanguíneo; 
 O estado nutricional do hospedeiro, por exemplo, ingesta de proteínas e de vitamina C; 
 Existência ou ausência de infecção; 
 Existência ou ausência de diabetes melito; 
 Terapia intercorrente com glicocorticoides, que impede o processo inflamatório-reparador; 
 Níveis adequados de leucócitos circulantes; 
 Local da lesão; 
 Deficiênciasvasculares periféricas: varizes, aterosclerose, etc. 
 
OBS
5
: Regeneração ≠ Cicatrização. O termo regeneração tecidual está restrito a casos como, por exemplo, 
escoriações, em que os queratinócitos, ao produzirem a sua matriz extracelular (a membrana basal), fornecem uma 
espécie de base para fixação das células que vão recobrir novamente aquela região lesada superficialmente.

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