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CULTURA DIGITAL – UMA INTRODUÇÃO CULTURA DIGITAL 2021 PROF. FELIPE DINIZ O QUE É CULTURA? O termo Cultura possui diversas acepções, de acordo com o contexto em que é considerado. Dois conceitos, no entanto, predominam: o primeiro, mais restrito, refere-se ao conjunto de valores, conhecimentos e experiências de uma pessoa, sua “cultura” particular. Em termos mais amplos, cultura é compreendida como o somatório de conhecimentos, valores e práticas vivenciadas por um grupo em determinado tempo e, não necessariamente, o mesmo espaço. Este último é o sentido expresso para compreensão do termo Cultura Digital. O QUE É DIGITAL? A palavra Digital, originária do termo latino digitus, refere-se às tecnologias que transmitem dados por meio da sequência de números 0 e 1. Estes dados são convertidos em palavras, sons ou imagens por um outro sistema, decodificador. CULTURA + DIGITAL O termo Digital, integrado à Cultura, define este momento particular da humanidade em que o uso de meios digitais de informação e comunicação se expandiram, a partir do século passado, e permeiam, na atualidade, processos e procedimentos amplos, em todos os setores da sociedade. CULTURA DIGITAL Cultura Digital é um termo novo, atual, emergente e temporal. A expressão integra perspectivas diversas vinculadas à incorporação, inovações e avanços nos conhecimentos proporcionados pelo uso das tecnologias digitais e as conexões em rede para a realização de novos tipos de interação, comunicação, compartilhamento e ação na sociedade. A cultura digital surge no pós-guerra, quando tem início o processo de digitalização, materializado no ambiente de processamento de dados que passa a ser dominado por grandes máquinas de computar. Representação de informações (números, caracteres) por meio de computadores (sistema binário) CULTURA DIGITAL Significa o conhecimento, a arte, as crenças, a lei, a moral, os costumes e todos os hábitos e aptidões adquiridos pelo ser humano não somente em família, como também por fazer parte de uma sociedade da qual é membro ‹#› ON LINE O tempo que a gente passa no celular é maior que na frente da TV ou de qualquer outro veículo de comunicação. O mobile passou a ser a 1ª tela já faz algum tempo, mas não é a única. O online permeia tudo o que a gente faz. Deixou de ser mídia. É comportamento. Em termos temporais, Cultura Digital é recente. Remonta aos momentos nos anos 80-90 do século passado em que computadores e redes digitais viabilizaram o surgimento de novos ambientes socioculturais, virtuais. Porém, não é o prolongamento ou continuidade do que já ocorria em culturas anteriores, linearmente superadas. É muito mais que isso. Trata-se da “criação de uma outra cultura, com outros referenciais”. Uma ruptura com as culturas anteriores, seus conceitos e suas práticas sem, no entanto, exterminá-las integralmente. Ao contrário. A Cultura Digital transita em camadas virtuais distintas, com valores, conceitos, conhecimentos, práticas, temporalidades e universalidades próprias. A evolução da realidade virtual nos últimos 30 anos está relacionada à busca de viabilização de experiências totalmente imersivas, que integrem os sentidos humanos com as possibilidades dos recursos digitais inteligentes. A lógica dessa nova Cultura Digital é disruptiva. Dispositivos e conteúdos criados nos momentos iniciais da era digital, já não fazem mais sentido. São descartados, extintos. Assim ocorreu com disquetes, sistemas operacionais e mesmo redes sociais, como o Orkut, que tiveram momentos de grande aceitação em décadas passadas e que desapareceram. “cultura digital é cultura de massa”. Uma cultura que diz mais sobre as práticas do que sobre objetos. Exige presença e participação. Mudança ou, mais do que isto, ruptura. Esta é uma das principais características da Cultura Digital. As principais rupturas estão ligadas aos conceitos de espaço/território e tempo linear. A cultura digital rompe fronteiras, se apresenta transnacional. Mais ainda, garante a ubiquidade e a mobilidade, ou seja, condições para se estar virtualmente em qualquer lugar, em qualquer tempo. evolução Em sendo disruptiva, mesmo jovem, a cultura digital já passou por várias fases nos últimos 30 anos: www – início da internet – conexão entre computadores. Com os avanços dos dispositivos móveis e interfaces simples e intuitivas, os usuários foram envolvidos em suas estruturas e tornaram-se ativos participantes do mundo virtual. A adesão maciça da sociedade aos telefones celulares - smartphones e outras tecnologias da informação e comunicação sem fio, que permitem contato permanente com a web, com nossos amigos, parentes, dados infinitos e outros serviços-, altera mais uma vez o sentido da cultura, no digital. Como resultado, a cultura digital na atualidade envolve mais do que um terminal de computador ligado à internet. CULTURA DIGITAL Santaella (2003) diz que “para compreender essas passagens de uma cultura à outra” é preciso considerar seis tipos de eras culturais no processo de evolução da humanidade: a cultura oral, a cultura escrita, a cultura impressa, a cultura de massas, a cultura das mídias e a cultura digital. Segundo a autora, “essas divisões estão pautadas na convicção de que os meios de comunicação, desde o aparelho fonador até as redes digitais atuais, não passam de meros canais para a transmissão de informação”. As transformações culturais não se originam apenas pelo avanço das novas tecnologias e seus diversos meios de interação e comunicação. “Os tipos de signos que circulam nesses meios, os tipos de mensagens e processos de comunicação que neles se engendram (são) os verdadeiros responsáveis não só por moldar o pensamento e a sensibilidade dos seres humanos, mas também por propiciar o surgimento de novos ambientes socioculturais”. As novas tecnologias digitais de informação e comunicação estão mudando não apenas as formas do entretenimento e do lazer, mas potencialmente todas as esferas da sociedade: o trabalho, o gerenciamento político, as atividades militares e policiais, o consumo, a comunicação e a educação... Educação/conhecimento Novas competências se evidenciam na cultura educacional digitalmente mediada. Às possibilidades de acesso permanente e instantânea aos dados somam-se às facilidades de interação e comunicação online. Criam-se comunidades e redes formadas por seres dispersos que se integram nas redes digitais com objetivos similares: aprender, juntos. Essa nova relação com o saber, a convergência de interesses em aprender, as possibilidades de comunicação, trocas de informações e experiências levam naturalmente os grupos conectados em comunidades a colaborações. conhecimento Imersos nesta nova cultura, a digital, as pessoas começam a vivenciar uma nova relação com o conhecimento. Segundo Lévy o ciberespaço amplifica, exterioriza e modifica funções cognitivas humanas como o raciocínio, a memória e a imaginação. O que é preciso aprender não pode mais ser planejado nem precisamente definido com antecedência, já dizia Lévy, em 1999. É bom compreender este pensamento de Levy ainda como um reflexo da euforia provocada pelo surgimento da internet. Há algum prejuízo para a cultura do conhecimento no interior da cultura das redes???? Dizem que cultura digital é também a cultura da aprendizagem livre e aberta, para todos. Vocêconcorda? MÍDIAS Anos 1990 Com o digital, dizia-se que os novos meios de comunicação eliminariam os antigos, que a Internet substituiria o rádio e a TV e que tudo isso iria permitir que o consumidor acessasse mais facilmente o conteúdo que mais lhe interessasse. O computador não tinha vindo para transformar a cultura de massa, mas para destruí-la. MÍDIAS Hoje Novas mídias e mídias tradicionais interagirem de forma cada vez mais complexa e complementar uma a outra. NATIVOS DIGITAIS A cultura digital se realiza por meio dos seus usuários. Para alguns autores existem diferenças sensíveis entre as novas gerações e os usuários mais velhos, que aprenderam em momentos mais lineares em que as informações não estavam tão disponíveis e os meios digitais eram raros, ou nem existiam. A maioria dos alunos das novas gerações que chegam às escolas possuem familiaridade e expertises no uso dos meios digitais. Os jogos de computadores, e-mail, a Internet, os telefones celulares e as mensagens instantâneas são partes integrais de suas vidas. Chamados de "nativos digitais" Ameaças?! É preciso dizer que a cultura digital – por mais incrível que seja e traga mudanças profundas em nossas vidas – tem seus lados perigosos e abrange seres – com profundo conhecimento do ciberespaço – que utilizam seus saberes e habilidades digitais para a realização de crimes. São muitos os delitos praticados, desde atividades criminosas contra dados até infrações de conteúdo e de copyright, além de fraudes, assédios, falsificações e acessos não autorizados. Isso sem falar na proliferação de desinformação/ fake news/ utilização de dados. A cultura digital é vulnerável! Informações retiradas de: Texto desenvolvido por Vani Moreira Kenski como verbete para o “Dicionário Crítico de Educação e Tecnologias e de educação a distância”, organizado por MILL, Daniel. Campinas: Editora Papirus, 2018.
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