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TCC - Uso de probióticos e prebióticos na modulação da microbiota intestinal

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Colorectal cancer: use of probiotics and prebiotics in modulation of intestinal microbiota
Câncer colorretal: uso de probióticos e prebióticos na modulação da microbiota intestinal
RESUMO: As neoplasias de cólon são a terceira forma mais comum de câncer atualmente. Evidências revelam que uma microbiota desequilibrada pode contribuir para o desenvolvimento desta doença. O trabalho analisou a relação da disbiose no desenvolvimento do câncer colorretal, bem como a ação dos probióticos e prebióticos na prevenção desta neoplasia. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica em 2019, por meio de artigos e livros relacionados ao tema, produzidos nos últimos 9 anos e disponíveis no banco de dados Scielo. Os artigos pesquisados apontam que as ações dos probióticos e prebióticos englobam a estimulação do sistema imunológico, proteção contra microrganismos patogênicos, redução da permeabilidade intestinal e inibição do crescimento do epitélio hiperproliferativo. Notou-se que há respostas positivas da ação de prebióticos e probióticos na prevenção do câncer colorretal, porém é preciso entender em que situações podem ser usados os probióticos e prebióticos e quando não há indicação.
ABSTRACT: Colon cancer is the third most common form of cancer today. Evidence shows that an unbalanced microbiota may contribute to the development of this disease. The study analyzed an unbalanced relationship in the development of colorectal cancer, as well as an action of probabilities and practices in the prevention of this cancer. A bibliographic search was performed in 2019, through articles and books related to the theme, selected in the last 9 years and available in the Scielo database. The researched articles point out that probiotic and clinical actions include stimulation of the immune system, protection against pathogenic microorganisms, reduction of intestinal permeability and inhibition of hyperproliferative epithelial growth. This is not what there are positive responses to practice and probability actions in colorectal cancer prevention, but it is necessary to understand in what situations can be used for probability and practice and when there is no indication.
Introdução
Define-se câncer como a proliferação irregular de células de um organismo, que se disseminam em todo o corpo, de forma a acometer e comprometer diversos tecidos e órgãos. O câncer pode ser classificado de acordo com as células do corpo, como por exemplo em epitélios, são denominados carcinomas; se for em tecidos conjuntivos, são chamados de sarcomas. No Brasil, no ano de 2030, são esperados 27 milhões de novos casos de câncer, em que um dos tipos mais incidentes é o câncer colorretal (CCR) (FUINI et al., 2018; INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER, 2018).
O CCR é aquele que se origina no cólon ou no reto, sendo que 96% são adenocarcinomas. Os pólipos adenomatosos ou adenomas são as lesões benignas que desenvolvem-se no interior do intestino grosso, ou seja, são precursoras dos CCRs em grande parte. Estes podem ser prevenidos e curados na maioria dos casos se forem tratados com antecedência (BRASIL, 2011).
O intestino grosso compreende o ceco, apêndice vermiforme, colos ascendente, transverso, descendente e sigmoide, reto e canal anal. A microbiota presente neste órgão é formada por bactérias de diversas espécies, que podem ser alteradas e geram um quadro denominado de disbiose intestinal, que é a redução de microrganismos benéficos e o crescimento de microrganismos patogênicos (GAMA, 2017; MOORE; DALLEY; AGUR, 2014).
O uso de probióticos e prebióticos tem o objetivo de aumentar a resposta imune, impedir a formação de células tumorais, elevar a atividade e a quantidade dos microrganismos benéficos para a restauração da normalidade da microbiota, e profere também um efeito benéfico com ação secretória e de combate à inflamação, que impede a evolução do câncer (BEDANI; ROSSI, 2009; DENIPOTE; TRINDADE; BURINI, 2010).
Diante do exposto, o índice de mortalidade do CCR aumentou no decorrer dos anos, mas se for detectado em estágio inicial, possui grandes chances de cura. Em vista disto, o trabalho teve por objetivo analisar a relação da disbiose no desenvolvimento do câncer colorretal, bem como a ação dos probióticos e prebióticos na prevenção desta neoplasia.
Metodologia
Foi realizada uma pesquisa bibliográfica de fevereiro a novembro de 2019, por meio de levantamentos de estudos científicos, além de livros técnicos relacionados ao tema principal do estudo, produzidos nos últimos 9 anos e disponíveis no banco de dados Scielo. A busca incluiu artigos originais e publicações do Instituto Nacional do Câncer e American Cancer Society. Para os descritores foram utilizados os termos: câncer de cólon, microbiota intestinal e probióticos. 
Resultados e discussão
O câncer colorretal representa de 3 a 5% de todas as doenças colorretais e possui o fator hereditário como uma de suas causas. Dentre os sintomas que mais se destacam na doença estão a alteração do hábito intestinal, emagrecimento, dor abdominal, hematoquezia, dor retal, muco nas fezes, melena, obstrução e febre. Quando a doença está mais avançada, podem surgir anemia e tumor abdominal palpável (SILVA; ERRANTE, 2016).
Os fatores de risco associados à esta neoplasia podem ser endógenos, tais como sobrepeso ou obesidade, sexo masculino, idade superior a 50 anos, hereditariedade e doença inflamatória intestinal, ou ainda os fatores exógenos, como tabagismo, etilismo, sedentarismo e hábitos dietéticos. Uma das características comuns dos fatores de risco é que todos podem causar alterações na estrutura da microbiota intestinal, que leva ao CCR (DIMOVA et al., 2015).
A microbiota intestinal consiste em um conjunto de bactérias que se situam normalmente no intestino do homem, com a função de proteger e impedir que bactérias patogênicas se estabeleçam neste meio, o que ocorre quando há o desequilíbrio da microbiota (LOPES; SANTOS; COELHO, 2017).
Em uma microbiota desequilibrada, a quebra dos peptídeos e reabsorção de toxinas do lúmen intestinal decorre de maneira inadequada, o que pode induzir a ocorrência de patologias pelo não funcionamento da microbiota intestinal. Este desequilíbrio é acentuado quando se apresentam outros distúrbios, como a constipação e ainda o aumento da permeabilidade intestinal (PAIXÃO; CASTRO, 2016).
A microbiota intestinal apresenta uma importante atribuição na ocorrência do CCR, que pode ser sadia de acordo com os hábitos alimentares saudáveis e balanceados. Uma alimentação equilibrada proporciona ao intestino substratos que estimulam a proliferação de bactérias benéficas, de modo a impedir e desfavorecer a colonização de microrganismos patogênicos (ZENE, 2017).
Foi descoberto que agentes com potencial carcinogênico, como aflatoxinas, corantes de alimentos, nitritos, pesticidas, tabacos sem fumaça e medicamentos, são bioativados por sistemas de enzimas das bactérias intestinais. Estas bioativações podem induzir ao câncer e progridem numa velocidade maior nos sistemas gastrointestinais com disbiose (MAIA; FIORIO; SILVA, 2018).
Além disso, as bactérias presentes no intestino interferem no desenvolvimento de tumores mediante as várias vias de sinalizações, algumas, desencadeadas pela secreção de moléculas provenientes das próprias bactérias. Foi analisado que a população bacteriana da família Prevotellaceae está aumentada no conteúdo fecal de alguns pacientes com CCR, em contraposto com indivíduos sadios, que sugere que esta família bacteriana contém espécies patogênicas que induz a carcinogênese intestinal (GAGLIANI et al., 2014).
São estudadas várias estratégias para auxiliar na prevenção, entre elas o uso de antibiótico de maneira correta e a ingestão de probióticos e prebióticos, que fazem parte dos alimentos conhecidos como funcionais, ou seja, alimentos que colaboram para uma nutrição básica e satisfatória e oferecem benefícios à saúde (JACOBY et al., 2017).
Os probióticos são microrganismos vivos que oferecem benefícios à saúde do indivíduo ao serem administrados em quantidades apropriadase sua ação ocorre de acordo com cada cepa. Os principais efeitos são a estimulação do sistema imunológico, proteção contra microrganismos patogênicos, redução da permeabilidade intestinal, ajuda na recuperação das colônias depois do uso de antibióticos, com consequente normalização da microbiota. Na maioria das vezes, utilizam-se bactérias ácido-láticas (BALs), como os lactobacilos e as bifidobactérias, encontradas em leites fermentados, iogurtes, kefir, sucos de frutas e vinhos, e pode-se utilizar também fungos e leveduras, como a Saccharomyces boulardi (PAIXÃO; CASTRO, 2016).
O aumento do risco de CCR pode ter relação com um pH intestinal elevado, enquanto que a acidificação do cólon pode prevenir a formação de carcinógenos. Assim, o consumo de produtos com cepas de lactobacilos, como os Lactobacillus casei, Lactobacillus rhamnosus e Lactobacillus acidophilus podem reduzir o pH intestinal por meio da inibição da proliferação de bactérias fecais putrefativas no intestino, como Escherichia coli, já as bifidobactérias têm papel benéfico nos quadros de diarreia (FLESCH; POZIOMYCK; DAMIN, 2014).
Os prebióticos são substâncias alimentares que fazem parte do grupo das fibras, como os oligossacarídeos, frutooligossacarídeos (FOS) e a inulina, encontrados, por exemplo, no leite materno, cebola, alho, cereais integrais, aspargo e banana. Não apresentam digestão completa, assim chegam intactos no intestino grosso (MARTÍNEZ, 2016).
A fermentação colônica dos prebióticos produz ácidos graxos de cadeia curta (AGCCs), como o propionato, o butirato e o acetato, que estimulam o crescimento de bactérias benéficas no trato intestinal, como os lactobacilos e as bifidobactérias. Os AGCCs fazem também a regulação de vários oncogenes, inibem o crescimento do epitélio hiperproliferativo e participam do controle da apoptose e supressão de bactérias patogênicas, como a Escherichia coli, o Streptococos faecales e o Clostridium perfringens (JACOBY et al., 2017).
Para garantir o estímulo da multiplicação de bactérias benéficas no cólon, geralmente devem ser administradas doses diárias com 106 a 109 de unidades formadoras de colônias (UFC) de produtos probióticos, e a partir de 5 a 20 g de produtos prebióticos, como inulina ou FOS, que são eficientes quando administrados durante um período de 15 dias (CONRADO et al., 2018).
A grande questão é o uso dos probióticos em pacientes que fazem quimioterapia endovenosa ou oral, pois há uma relação da microbiota com a ação clínica dos quimioterápicos. Alguns dos quimioterápicos como, fluourouracil, doxorrubicina, paclitaxel, docetaxel, metrotexato, clifosfofamida, vincristina e corticoide, possuem ação neutropênica e podem aumentar o risco de desenvolvimento de um quadro de Neutropenia Febril que é uma emergência médica, e pode levar os pacientes à morte. O protocolo de tratamento pode ser interrompido, se necessário, para que a medula do paciente se recupere e restaure o sistema imunológico. O Consenso Nacional de Nutrição Oncológica do Instituto Nacional de Câncer (INCA) sustenta o posicionamento de que devido ao risco de bacteremia, sepse e até mesmo a morte, não é recomendado o uso de probióticos nos pacientes oncológicos em tratamento quimioterápico que estão em quadro de neutropenia moderada a grave (PINHO, 2019).
Conclusão
Através deste trabalho, notou-se que a comunidade microbiana intestinal tem demonstrado influência no início e na progressão do CCR. A ação protetora desempenhada pelos probióticos e prebióticos baseia-se na hipótese de que a disbiose é uma das causas da doença. Portanto, com a modificação da microbiota intestinal pode-se prevenir o desenvolvimento do CCR. Salienta-se que, embora haja resultados positivos, quando se trata de paciente com câncer, primeiro é preciso entender em que situações podem ser usados os probióticos e prebióticos e quando não há indicação. Dessa forma, destaca-se a necessidade de futuros estudos para esclarecer melhor esta relação.
PALAVRAS-CHAVE: câncer de cólon; microbiota intestinal; probióticos; prebióticos.
KEYWORDS: colon cancer; intestinal microbiota; probiotics; prebiotics.
REFERÊNCIAS
AMERICAN CANCER SOCIETY. What Is Colorectal Cancer?. About colorectal cancer. [Georgia, USA]: American Cancer Society, 2018. 
BEDANI, R.; ROSSI, E. A. Microbiota intestinal e probióticos: implicações sobre o câncer de cólon. Portuguese Journal of Gastroenterology, São Paulo, v. 16, p. 19-28, jan./fev. 2009. 
CONRADO, B. A. et al. Disbiose Intestinal em idosos e aplicabilidade dos probióticos e prebióticos. CADERNOS UniFOA, Volta Redonda, n. 36, p. 71-78, abr. 2018.
DENIPOTE, F. G.; TRINDADE, E. B. S. M.; BURINI, R. C. Probióticos e prebióticos na atenção primária ao câncer de cólon. Arquivos de Gastroenterologia, São Paulo, v. 47, p. 93-98, jan./mar. 2010.
DIMOVA, R. T. et al. The Effect of Educational Intervention on the Patient’s Willingness to Carry out the Immunochemical Faecal Occult Blood Test for Colorectal Cancer. Slovenian Journal of Public Health, [Polond], v. 53, n. 1, p. 230-237, 2015.
FLESCH, A. G. T.; POZIOMYCK, A. K.; DAMIN, D. C. O uso terapêutico dos simbióticos. Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva, Porto Alegre/RS, v. 27, n. 3, p. 206-209, maio 2014.
FUINI, B. A. C. et al. Mudanças nos paradigmas do câncer colorretal: as razões para o aumento da incidência e ocorrência em faixas etárias mais jovens. Cipeex, Goiás, v. 2, p. 1053-1061, dez. 2018. 
GAGLIANI, N. et al. The Fire Within: Microbes Inflame Tumors. Cell, [Cambridge, MA], v. 157, n. 4, p. 776-783, may 2014.
GAMA, A. H. et al. Prevenção Primária e secundária do câncer colorretal. In: SILVA, R. G. et al.  Câncer de Reto: Fundamentos do Tratamento Mutidisciplinar.
Rio de Janeiro: Atheneu, 2017. p. 23-41. 
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JACOBY, J. T. et al. Uso de pre, pro e simbióticos como coadjuvantes no tratamento do câncer colorretal. Clinical And Biomedical Research, Porto Alegre, v. 37, n. 3, p. 232-246, 2017.
LOPES, C. L. R; SANTOS, G. M.; COELHO, F. O. A. M. A prevalência de sinais e sintomas de disbiose intestinal em pacientes de uma clínica em Teresina-PI. Ciência & Desenvolvimento, Vitória da Conquista, v.10, n.3, p. 280-292, set./dez. 2017.
MAIA, P. M.; FIORIO, B. C.; SILVA, F. R. A influência da microbiota intestinal na prevenção de câncer de colón. Arquivos Catarinenses de Medicina, Florianópolis, v. 47, n. 1, p. 182-197, jan./mar. 2018.
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ZENE, K. L. et al. Ação de prebióticos e probióticos em indivíduos com câncer colorretal: revisão integrativa. Revista UNINGÁ Review, Paraná, v. 29, n. 3, p. 127-131, jan./mar. 2017.

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