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APOSTILA PARA O CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO TEMPERATURAS EXTREMAS(Calor e Frio) José Possebon fevereiro de 2014 2 2 INTRODUÇÃO Grande parte dos ambientes de trabalho oferecem condições propícias para a sobrecarga térmica, que pode provocar reações fisiológicas como: sudorese intensa, aumento da freqüência das pulsações e o aumento da temperatura interna do corpo, que por sua vez, acabam provocando no trabalhador fadiga, diminuição da percepção e do raciocínio e perturbações psicológicas que o levam ao esgotamento. Esta sobrecarga térmica com o tempo pode provocar danos à saúde do trabalhador, com reflexos no sistema circulatório e endócrino. Os processos de trabalho como siderurgia, metalurgia, fundições, vidraria e outros aliados ao arranjo físico deficiente, pé direito muito baixo e ausência de elementos para a ventilação natural ou artificial, tornam os ambientes de trabalho inadequados sob o ponto de vista de calor, tornando necessária a adoção de medidas de controle, algumas bastante simples outras mais complexas, que exigem o conhecimento das características do ambiente de trabalho para a sua execução. Com a finalidade de se determinar os limites aceitáveis dessas exposições, utilizam-se diversos índices de sobrecarga térmica e dentre eles, o mais utilizado é o IBUTG, que por sua simplicidade, foi adotado pela nossa legislação. MECANISMOS DE TROCAS TÉRMICAS. A sobrecarga térmica no organismo humano, é resultante de dois tipos de carga térmica: uma carga externa (ambiental) e outra interna (metabólica). A carga externa é resultante de trocas por Condução/Convecção e Radiação e a carga metabólica é resultante do metabolismo basal e da atividade física. CONDUÇÃO: Troca térmica entre dois corpos em contato, geralmente sólidos. No organismo essas trocas são muito pequenas, geralmente por contato com o corpo com ferramentas e superfícies. CONVECÇÃO: Troca térmica realizada geralmente entre dois fluidos por diferença de densidade provocada pelo aumento da temperatura. Geralmente utilizamos a expressão condução/ convecção para esse tipo de troca. RADIAÇÃO: Através da emissão de radiação infravermelha, os corpos de maior temperatura tendem a perder calor para corpos de menor temperatura numa tentativa de equilíbrio. As trocas por radiação, correspondem a 60% das trocas totais EVAPORAÇÃO: É a troca de calor produzida pela evaporação do suor, através da pele. Quando um líquido passa para o estado gasoso, ganha energia interna(a entalpia de vaporização da água é de 590 Cal/grama), assim sendo, absorve o calor da pele resfriando-a. Essa troca térmica é ainda facilitada pois nesse momento, está acontecendo a vasodilatação periférica. O mecanismo da evaporação é o único meio de perda de calor para o ambiente, quanto a temperatura está mais alta que a temperatura do corpo, pois nesse caso, o corpo ganharia calor por Condução/convecção e por radiação. Pelo mecanismo de trocas térmicas, o organismo ganha ou perde calor para o meio ambiente segundo a equação do equilíbrio térmico: 3 3 M +/- C +/- R - E = S onde: M - Calor é o calor produzido pelo metabolismo, sendo um calor sempre ganho (+) C - Calor ganho ou perdido por condução/convecção R - Calor ganho ou perdido por radiação (+/-) E - Calor sempre perdido por evaporação (-) S - Calor acumulado no organismo (sobrecarga) S >0 hipertermia S <0 hipotermia. REAÇÕES DO ORGANISMO AO CALOR Na medida que o calor ambiente aumenta, o organismo dispara certos mecanismos de troca térmica para manter a temperatura interna constante, sendo os principais mecanismo de defesa contra a sobrecarga térmica a Vasodilatação Periférica e a Sudorese. VASODILATAÇÃO PERIFÉRICA : A vasodilatação periférica permite o aumento de circulação de sangue na superfície do corpo, aumentando a quantidade de calor, permitindo uma troca mais rápida para o meio ambiente. O fluxo sangüíneo transporta calor do núcleo do corpo para a periferia. Como o fluxo sangüíneo fica maior na periferia, em certas circunstancias pode haver dano em alguns órgãos internos por deficiência de irrigação sangüínea. SUDORESE: A sudorese permite a perda de calor através da evaporação do suor. O número de glândulas ativadas pelo mecanismo termo-regulador, é proporcional ao desequilíbrio térmico existente. A quantidade de suor produzido pode em alguns instantes atingir o valor de dois litros por hora. A evaporação de um litro por hora permite uma perda de 590 kcal. para o meio ambiente. 4 4 REAÇÕES DO ORGANISMO AO CALOR calor perdido por radiação e convecção é menor que o calor perdido produzido pelo metabolismo por evaporação maior perda de a temperatura calor por radia- da pele sobe ção e convecção SUDORESE perda CÃIMBRAS de sal DE CALOR aumento do fluxo de calor do núcleo VASODILATAÇÃO perda para a periferia PERIFÉRICA de água fadiga das fluxo sanguíneo retorno inadequado glândulas inadequado nas de sangue venoso sudoríparas áreas vitais para o coração circulação inade diminuição quada na pele da sudorese elevação da distúrbio temperatura circulatório do corpo EXAUSTÃO DO CALOR (SÍNCOPE) distúrbio no mecanis- mo central de controle (sudorese cessa) rápida elevação da temperatura do corpo CHOQUE TÉRMICO (HIPERTERMIA) (GOLPE DO CALOR) 5 5 CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE ENFERMIDADES - OMS/7 5 (AS DOENÇAS PROVOCADAS PELA EXPOSIÇÃO AO CALOR) CÓDIGO DESIGNAÇÃO CLÍNICA CATEGORIA ETIOLÓGICA 992.0 Golpe de calor Apoplexia devido ao calor Falha termoreguladora 992.1 Síncope do calor Hipotensão ortostática (instabilidade circulatória) 992.2 Cãibras de calor 992.3 Prostração hídrica devido ao calor.992.4 Prostração térmica devida à queda do teor de cloreto de sódio Desequilíbrio entre a quantidade de sal e de água 992.5 Prostração térmica não especificada 992.6 Fadiga transitória e crônica pelo calor Perturbação do comportamento 992.7 Edema do calor 705.1 Erupção cutânea, esgotamento aniódrico pelo calor Perturbação da pele e dano das glândulas sudoríparas 6 6 1) GOLPE DE CALOR(HIPERTERMIA OU CHOQUE TÉRMICO) Quando o sistema termorregulador é afetado pela sobrecarga térmica, a temperatura interna aumenta continuamente, produzindo alteração da função cerebral, com perturbação do mecanismo de dissipação do calor, cessando a sudorese. Como os danos ás células nervosas são irreversíveis, é importante que os outros trabalhadores reconheçam imediatamente os sinais e sintomas do golpe de calor, para que o tratamento seja feito imediatamente. O golpe de calor produz sintomas como: colapsos, convulsões, delírios, alucinações e coma, sem aviso prévio, sendo parecido com convulsões epilépticas. Os sinais externos do golpe de calor são: pele quente, seca e arroxeada. A temperatura interna sobe a 40,5 C ou mais, podendo atingir 42 a 45 C no caso de convulsões ou coma. O golpe de calor é freqüentemente fatal e no caso de sobrevivência ficam sempre algumas seqüelas devido aos danos causados ao cérebro, rins e outros órgãos. Quando a fonte de calor for o sol, de sintomas e efeitos recebe o nome de insolação. O golpe de calor pode ocorrer durante a realização de tarefas físicas pesadas, em condições de calor extremo, quando não há a aclimatização e quando existem certas enfermidades como o diabetes mellitus, enfermidades cardiovasculares e cutânea ou obesidade. O médico deve ser chamado imediatamente e enquanto não chega o corpo do trabalhador deve ser resfriado em imersão em água com gelo e massagem da pele resfriada para ativar a circulação ou enrolando-o em uma toalha molhada com água ou com álcool e com sopro forte de um ventilador, seguido de massagem da pele resfriada. A etapa de resfriamento deve ser parada quando a temperatura corpórea atingir 39 C. 2) SÍNCOPE PELO CALOR(EXAUSTÃO PELO CALOR) A síncope pelo calor resulta da tensão excessiva do sistema circulatório, com sintomas como: enjôo, palidez, pele coberta pelo suor e dores de cabeça. Quando a temperatura corpórea tende a subir, o organismo sofre uma vasodilatação periférica na tentativa de aumentar a quantidade de sangue nas áreas de troca, com isso há uma diminuição de fluxo sangüíneo nos órgãos vitais, podendo ocorrer uma deficiência de oxigênio nessas áreas, comprometendo particularmente o cérebro e o coração. Essa situação pode ser agravada quando há a necessidade de um, fluxo maior de sangue nos músculos devido ao trabalho físico intenso. A recuperação é rápida e ocorre naturalmente se o trabalhador deitar-se durante a crise ou sentar- se com a cabeça baixa. A recuperação total é complementada por repouso em ambiente frio. 3) PROSTRAÇÃO TÉRMICA POR DESIDRATAÇÃO A desidratação ocorre quando a quantidade de água ingerida é insuficiente para compensar a perda pela urina, sudação ou pelo ar exalado. 7 7 Com a perda de 5 a 8% do peso corpóreo, ocorre a diminuição da eficiência do trabalho, sinais de desconforto, sede, irritabilidade e sonolência, além de pulso acelerado e temperatura elevada. Uma perda de 10% do peso corpóreo é incompatível com a atividade e com 15% pode ocorrer o choque térmico ou golpe pelo calor. O tratamento consiste em colocar o trabalhador em local frio, fazer a reposição hídrica e salina. Infelizmente temos dificuldades em perceber uma situação de desidratação, principalmente se estivermos em um clima seco e com alta velocidade do ar onde a evaporação do suor é mais rápida não sendo facilmente percebida. Nestas condições a desidratação poderá atingir níveis que comprometam o estado físico, a tolerância ao calor e a capacidade mental, produzindo perda da habilidade e um tempo de reação maior que o normal. 4) PROSTRAÇÃO TÉRMICA PELO DECRÉSCIMO DO TEOR SALIN O Se o sal ingerido for insuficiente para compensar as perda por sudorese, podemos sofrer uma prostração térmica. As pessoas mais susceptíveis são as não aclimatizadas. A prostração térmica é caracterizada pelos sintomas: fadiga, tonturas, falta de apetite, náuseas, vômitos e cãibras musculares. As dores de cabeça, a constipação e a diarréia são bastante comuns, podendo ocorrer até a síncope pelo calor. 5) CÃIBRAS DE CALOR Apresenta-se na forma de dores agudas nos músculos, em particular os abdominais, coxas e aqueles sobre os quais a demanda física foi intensa. Elas ocorrem por falta de cloreto de sódio perdido pela sudorese intensa, sem a devida reposição e/ou aclimatização. O tratamento consiste no descanso em local fresco, com a reposição salina através de soro fisiológico(solução a 1%). A reposição hídrica e salina deve ser feita porém com orientação e acompanhamento médico, afim de evitar uma possível hipertensão por administração inadequada de cloreto de sódio. A administração de uma solução a 0,1% tem sido adotada em muitos ambientes fabris com bons resultados, não se excluindo o acompanhamento médico. 6) ENFERMIDADES DAS GLÂNDULAS SUDORÍPARAS Aa exposição ao calor por um período prolongado e particularmente em clima muito úmido pode produzir alterações da s glândulas sudoríparas que deixam de produzir o suor agravando o sistema de trocas térmicas, podendo levar os trabalhadores á intolerância ao calor. Esses trabalhadores deverão receber tratamento dermatológico e em alguns casos devem ser transferidos para tarefas onde não haja a necessidade de sudorese para a manutenção do equilíbrio térmico. 7) EDEMA PELO CALOR 8 8 Consiste no inchaço das extremidades, em particular os pés e tornozelos. Ocorre comumente em pessoas não aclimatizadas, sendo muito importante a manutenção do equilíbrio hídrico-salino. 8) OUTROS EFEITOS À SAÚDE - Aumento da susceptibilidade a outras doenças (maior susceptibilidade às dermatoses e potencialização dos efeitos pela presença de outros agentes) - Diminuição do rendimento (pela sobrecarga do sistema cardiovascular, redução na atividade cerebral e do tempo de reação) - Catarata(exposição à radiação infravermelha provoca a degeneração do cristalino do olho, muito comum em pessoas idosas) - Efeitos nos órgãos solicitados pela sobrecarga térmica(Cardiovascular, Respiratório e Glândulas internas) ACLIMATIZAÇÃO A aclimatização é a adaptação do organismo a um ambiente quente. Quando um trabalhador se expõe ao calor intenso pela primeira vez, tem sua temperatura interna significativamente elevada, com um aumento do ritmo cardíaco e baixa sudorese, gerando um desconforto muito grande, com tonturas, náuseas, desmaios etc. A climatização ocorre através de três fenômenos: a) Aumento da sudorese. b) Diminuição da concentração de sódio no suor (4 g/l para 1,0 g/l) e a quantidade de sódio perdido por dia passa de 15 a 25 gramas para 3 a 5 gramas. c) Diminuição da freqüência cardíaca, através do aumento do volume sistólico devido ao aumento da eficiência do coração no bombeamento. A aclimatização é realizada através de diversas etapas: - O tempo de exposição a altas temperaturas deve ser limitado nas primeiras semanas, ficando no entanto exposto no mínimo duas horas por dia. - A climatização é iniciada após 4 a 6 dias e satisfatória após 2 a 3 semanas. 9 9 - Os fenômenos circulatórios associados à aclimatização são mais lentos que o aumento da sudorese e a diminuição do sódio no suor. - O diagnóstico da aclimatização é feito com base na temperatura retal, no grau de sudorese e na freqüência cardíaca. - A medida que a freqüência cardíaca vai baixando próximo aos níveis que seriam obtidos se o esforço fosse feitoem um ambiente neutro, conclui-se que o processo de aclimatização está sendo realizado. A especificidade da aclimatização ao calor é um conceito muito importante, pois o trabalhador estará aclimatizado para aquela carga de trabalho naquele ambiente. Se mudarmos o ambiente ou a carga de trabalho, podem ocorrer danos físicos. O afastamento do trabalho por uma semana, pode fazer com que o trabalhador perca de 1/4 a 2/3 da aclimatização e após três semanas a perda será total. ACLIMATIZAÇÃO AO CALOR MECANISMO CAUSA AUMENTO Inicial : 1,5l/h Não aclimatiz. início do suor a 36°C DA Em 10 dias: 3,0 l/h Aclimatizados início do suor a 33°C SUDORESE Em 6 semanas: 3,5l/h Aumento da sudorese mais no dorso que no peito,ativando novas glândulas DIMINUIÇÃO DA 4,0 g/l ⇒⇒⇒⇒ 1,0 g/l CONCENTRAÇÃO DE 15-25g /dia ⇒⇒3 a5g/dia Aldosterona SÓDIO NO SUOR DIMINUIÇÃO DA FREQ. CARDÍACA DIANTE DA Aumento do vol. Sistólico Aumento da eficiência cardíaca MESMA CARGA DE CALOR AMBIENTAL Temperatura sobe menos Aumento da sudorese E MESMA CARGA DE TRABALHO Aumento do Fluxo sangüíneo periférico Vasodilatação SEXO FEMININO FATORES QUE OBESIDADE DIFICULTAM DESNUTRIÇÃO A ACLIMATIZAÇÃO FORÇA AERÓBICA BAIXA DROGAS:Atropina, Salicilatos, Anfetaminas, Meprobanato 10 10 CONFORTO TÉRMICO O conforto térmico nos ambientes de trabalho dependem da Temperatura , Velocidade e Umidade Relativa do ar, além do metabolismo das tarefas a serem executadas. VELOCIDADE DO AR A movimentação do ar é muito importante para o conforto térmico, pois aumenta as trocas de calor bem como possibilita a retirada de ar quente e umidade e a insuflação de ar frio nos ambientes. Ela é medida através dos anemômetros que podem ser de dois tipos: a) Mecânicos: Formados por palhetas rotatórias e devido à sua baixa sensibilidade são utilizados somente para velocidades mais que 0,75 m/s. b) Termoanemômetros: São bem mais sensíveis e se prestam para medir velocidades muito baixas ou altas. São constituídos por duas espirais de níquel,que formam os ramos de uma ponte de Wheatstone, sendo uma delas aquecida. A velocidade do ar tem um efeito refrigerante sobre o fio aquecido, o que faz variar sua resistência, que é medida em uma escala proporcional à velocidade do ar. Existe ainda um outro equipamento que serve para medir a velocidade do ar, que é o catatermometro, que é usado em sistemas de refrigeração. É um termômetro de álcool com um bulbo maior que o normal e possui um depósito na parte superior e duas marcas de referencia em sua haste. Devido à sua alta sensibilidade, se presta para medir velocidades de 0,25 m/s ou menores. Muitas vezes torna-se necessário estimar a velocidade do ar, que pode ser feita da seguinte forma: ESTIMATIVA DA VELOCI DADE DO AR Quando não se sente a movimentação do ar, provavelmente a sua velocidade é inferior a 0,30 m/s. Quando se sente uma ligeira brisa, a velocidade do ar está entre 0,30 e 0,60 m/s. Se o movimento do ar é suficientemente forte para movimentar peças leves de vestuário, ou os cabelos, sua velocidade é superior a 0,5 m/s. Quando a sensação é de se estar em uma corrente forte de ar, a velocidade é provavelmente de 1,5 m/s. UMIDADE RELATIVA DO AR A umidade relativa do ar é a relação em porcentagem da quantidade real de vapor de água que o ar contem e a quantidade que o ar poderia conter se estivesse saturado. à mesma temperatura. A 11 11 umidade relativa do ar é medida através de um psicrômetro, que é constituído por dois termômetros, um de bulbo seco e outro de bulbo úmido. Existem dois tipos de psicrômetro: a) Giratório: Através de movimentos giratórios, o ar entra em contato com os termômetros e evapora a água do bulbo úmido, numa relação inversamente proporcional à sua umidade relativa, resfriando o bulbo úmido. Com as duas temperaturas, entramos na carta psicrométrica e obtemos a umidade relativa. Quanto menor for a diferença entre as duas temperaturas, maior será a umidade relativa do ar. O psicrômetro é girado manualmente, numa velocidade constante de uma rotação por segundo, durante aproximadamente 1 minuto para atingir o ponto de equilíbrio. Existem tabelas, nas quais entramos com a temperatura de bulbo seco e com a diferença entre ela e a de bulbo úmido, obtendo a umidade relativa do ar. b) De aspiração: O ar é forçado a passar pelos dois bulbos, através de uma ventoinha mecânica ou elétrica. GRÁFICO PARA O CÁLCULO DA UMIDADE RELATIVA DO AR 12 12 13 13 TABELA PARA O CÁLCULO DA UMIDADE RELATIVA DO AR A PARTIR DA TEMPER. DE BULBO SECO E DE BULBO ÚMID O Tbs-Tbu Tbs 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 15 100 88 78 69 61 53 16 100 88 79 69 61 54 48 17 100 88 79 70 62 54 48 42 18 100 89 79 70 62 55 49 44 19 100 89 79 71 63 56 50 44 38 20 100 89 80 71 63 57 51 45 39 21 100 89 80 72 63 57 51 45 40 35 22 100 90 81 72 64 58 52 46 41 36 23 100 90 81 72 65 58 42 46 41 37 24 100 90 81 72 65 58 52 47 42 37 33 25 100 91 82 74 67 60 54 48 43 38 33 28 26 100 92 84 76 68 61 55 49 44 39 34 30 25 27 100 93 85 78 70 63 56 50 45 40 35 31 26 21 28 100 93 86 79 71 65 57 51 45 41 36 32 27 23 18 29 100 93 86 80 73 66 59 53 47 42 37 33 28 24 20 30 100 93 86 80 73 66 59 53 47 42 37 32 28 24 20 31 100 93 87 80 74 68 62 56 50 45 40 34 31 26 22 19 14 32 100 93 87 80 74 68 62 57 51 46 41 36 31 27 23 20 16 20 12 33 100 93 87 81 74 68 63 58 52 47 42 38 33 29 25 21 17 13 10 34 100 94 87 81 75 69 63 59 54 49 44 39 34 30 26 22 19 14 12 35 100 94 88 82 76 70 64 59 54 49 44 40 36 32 28 23 20 17 13 - - 40 100 94 88 83 77 72 67 62 57 53 48 44 40 36 32 29 26 22 19 14 14 CATATERMÔMETRO O catatermômetro é um instrumento para medir a capacidade refrigerante do ar. É constituído por um termômetro de vidro com álcool com um bulbo bem maior que os termômetros comuns e um depósito na parte superior. Possui duas marcas de referência em sua haste e são fabricados para faixas distintas de temperatura. FUNCIONAMENTO: • Esquenta-se o bulbo(colocando-se água morna até que o álcool se dilate e preencha todo o termômetro)ao redor de 40 C • Seca-se cuidadosamente o termômetro, colocando-o no local a medir • Devido ao efeito refrigerante do movimento do ar, o álcool se contrai em um período inversamente proporcional à capacidade refrigerante do ar. • O tempo decorrido para o álcool passar pelas duas marcas é medido com um cronômetro. • Os valores do tempo de resfriamento, a temperatura do ar e o fator do instrumento(marcado em cada catatermômetro) se combinam para calcular a velocidade do ar mediante equações ou nomogramas, que devem acompanhar o instrumento, junto com as instruções de uso. Recomenda-se a proteção do instrumento na presença de fontes de radiação infravermelha, utilizando preferencialmente os bulbos prateados. 15 15 PSICRÔMETRO GIRATÓRIO O psicrômetro giratório é constituído por um suporte giratório onde estão dois termômetros, um de bulbo seco e outro de bulbo úmido. Funcionamento • quando se faz girar o psicrômetro, o ar circula pelos dois termômetros. • Recomenda-se a freqüência de 60 giros por minuto. Em geral, é suficiente o tempo de um minuto, para que o termômetro de bulbo úmido atinja a temperatura mínima. • Após anotas as temperaturas recomenda-se girar novamente o psicrômetro e verificar se a temperatura de bulbo úmido não variou. • Se a temperatura baixar, repetir o procedimento até se conseguir a estabilidade.16 16 ÍNDICES DE AVALIAÇÃO TÉRMICA Na avaliação das situações térmicas nos ambientes de trabalho, utilizamos diversos índices: TE - TEMPERATURA EFETIVA TEC - TEMPERATURA EFETIVA CORRIGIDA IST - ÍNDICE DE SOBRECARGA TERMICA TGU - TEMPERATURA DE GLOBO ÚMIDO IBUTG - ÍNDICE DE BULBO ÚMIDO - TERMÔMETRO DE GLOBO Os dois primeiros (TE e TEC) são chamados de Índice de Conforto Térmico, pois levam em consideração apenas as variáveis ambientais. Os outros índices: IST, TGU e IBUTG são chamados de Índices de Sobrecarga Térmica pois levam em consideração todos os fatores que interferem na situação de exposição ao calor (variáveis ambientais e características da atividade). T E M P E R A T U R A E F E T I V A ( T E ) A Temperatura Efetiva leva em consideração apenas as condiçðes climáticas do ambiente como: Temperatura, Umidade e Velocidade do ar). Esse índice não é adequado para avaliaçðes térmicas dos ambientes de trabalho, pois não leva em consideração o calor radiante e nem o metabolismo desenvolvido pelo trabalhador. Para a sua determinação, medimos: temperatura de bulbo seco, temperatura de bulbo úmido e velocidade do ar e entramos com esses valores em um nomograma que nos fornece a Temperatura Efetiva. Esse nomograma é constituído de uma escala vertical à esquerda, onde encontramos a temperatura de bulbo seco, na direita do nomograma, temos uma escala vertical com as temperaturas de bulbo úmido. Unindo esses dois valores, obtemos uma reta e na interseção desta reta com a curva de velocidade do ar, obtemos a Temperatura Efetiva. Exemplo: Em um ambiente de trabalho obtivemos os seguintes valores: Temp. de bulbo seco = 30ºC Temp. de bulbo úmido = 22ºC Velocidade do ar = 1,5 m/s Unindo o valor 30 da escala da esquerda (tbs) com o 22 da escala vertical da esquerda (tbu), obtemos uma reta que passa sobre uma figura central que fornece a temperatura efetiva em função da velocidade do ar, portanto onde a reta encontrar a curva de veloc. 1,5 m/s, obtemos a TE = 24ºC 17 17 18 18 ABACO DA TEMPERATURA EFETIVA http://www.areaseg.com/segpedia/tef.html 19 19 I N D I C E D E S O B R E C A R G A T E R M I C A ( I S T ) de Belding e Hatch O Índice de Sobrecarga Térmica indica a porcentagem da Evaporação necessária em relação à Máxima Evaporação possível. EVAPORAÇÃO REQUERIDA I S T = -------------------------------------------- x 100 EVAPORAÇÃO MAX.POSSIVEL Se o IST for maior que 100%, o ambiente é insalubre sofrendo o trabalhador uma sobrecarga térmica, pois o calor trocado por evaporação será maior que a máxima evaporação possível. No entanto se o IST é menor que 100% não significa que tudo esteja bem, pois para cada porcentagem da evaporação necessária sobre a máxima evaporação possível, indica uma situação de decréscimo no rendimento do trabalhador conforme a tabela 1. A Evaporação Requerida é a quantidade de calor que o corpo deve dissipar através da evaporação do suor, a fim de manter o equilíbrio térmico, isto é a ausência de aumento significativo da temperatura corporal. Quando Ereq = Emax, significa que o IST = 100% isto é, a quantidade de calor que o corpo pode perder é igual à quantidade de calor que deve perder, para manter o equilíbrio térmico. É uma situação crítica, tolerada por 8 horas de trabalho somente por trabalhadores jovens, aclimatados e em excelente estado de saúde. O IST é difícil de ser calculado, no entanto é muito útil para estudos sobre a exposição ao calor, em particular quando se projeta e avalia a eficiência das medidas de controle ambiental. 20 20 21 21 AVALIAÇÃO DO ÍNDICE DE SOBRECARGA TÉRMICA I S T CONSEQUÊNCIAS FISIOLÓGICAS E HIGIÊNICAS DA EXPOSIÇÃO POR 8 HORAS -20 -10 Tensão leve por frio. Esta condição se encontra com frequência em áreas nas quais as pessoas se recuperam da exposição ao calor. 0 Não há tensão térmica +10 20 30 Tensão térmica leve a moderada. Quando um trabalho requer altas funções intelectuais, destreza ou estado de alerta, podem esperar-se diminuições sutis a substâncias no rendimento. Pode esperar-se uma diminuição ligeira no desempenho de tarefas físicas pesadas, a menos que a habilidade das pessoas para desempenhar esse trabalho, sem tensão térmica, seja marginal. 40 50 60 Tensão térmica severa, com ameaça para a saúde, a menos que as pessoas estejam em bom estado físico. São necessários períodos de adaptação para os não previamente aclimatados. Pode-se esperar diminuição do desempenho de trabalhos físicos. É desejável a seleção médica do pessoal, porque essas condições são inadequadas para os que tem problemas cardiovasculares e respiratórios ou dermatites crônicas. Estas condições de trabalho são também inadequadas para atividades que requeiram um esforço mental constante. 70 80 90 Tensão térmica grave. Pode-se esperar que apenas uma pequena porcentagem da população esteja qualificada para este trabalho. O pessoal deve ser selecionado: (a) mediante exame médico e (b) mediante exame no trabalho (transaclimatação). São necessárias medidas apropriadas para assegurar um insumo adequado de água e sal. É bastante desejável que se melhorem as condições de trabalho por todos os meios possíveis e cabe esperar que isto diminua o risco para a saúde e aumente, ao mesmo tempo, a eficiência no trabalho. As indisposições ligeiras que, na maioria das tarefas seriam suficientes para afetar o rendimento, podem incapacitar os trabalhadores para esta exposição. 100 A máxima tensão tolerada por homens jovens, em bom estado físico e aclimatados. 22 22 ÍNDICE DE BULBO ÚMIDO - TERMÔMETRO DE GLOBO (IBUTG) O conforto térmico é avaliado também através de um índice chamado IBUTG (Índice de Bulbo Úmido - Termômetro de Globo). Esse índice deve ser medido através do conjunto chamado árvore dos termômetros, que é composto de três termômetros: Tbs - Termômetro de bulbo seco Tbn - Termômetro de bulbo úmido natural Tg - Termômetro de Globo. O IBUTG para ambientes internos sem carga solar é calculado a partir da medição de duas temperaturas: Tbn e Tg IBUTG = 0,7 Tbn + 0,3 Tg Para ambiente externos com carga solar o IBUTG é calculado a partir de três medições: Tbs, Tbn e Tg IBUTG = 0,7 Tbn + 0,2 Tg + 0,1 Tbs IBUTG = 0,7 Tbn + 0,2 Tg + 0,1 Tbs O Termômetro de Bulbo Úmido Natural possui uma manga de algodão imersa em água distilada, envolvendo o seu bulbo, tornando-o constantemente úmido e serve para avaliar a Umidade Relativa do ar, em conjunto com o termômetro de bulbo seco. O Termômetro de Globo é formado por uma esfera de cobre de 6", pintada de preto fosco, ficando o bulbo do termômetro no centro dessa esfera e serve para avaliar o Calor Radiante. O IBUTG leva ainda em consideração o tipo de atividade desenvolvida (LEVE, MODERADA e PESADA) A legislação prevê um regime de trabalho(Trabalho/Descanso) em função do valor do IBUTG e do tipo de atividade para duas situações: Regime de trabalho intermitente com períodos de descanso no próprio local de prestação de serviço e regime de trabalho intermitente com descanso em outro local. 23 23 NORMA REGULAMENTADORA N.15 - ANEXO N. 3 Q U A D R O N . 1 REGIME DE TRABALHO INTERMITENTE COM TIPO DE ATIVIDADE DESCANSO NO PRÓPRIO LOCAL DE TRABALHO LEVE MODERADA PESADA Trabalho Contínuo Até 30,0 até 26,7 até 25,0 45 min. trabalho 15 min. descanso 30,1 a 30,6 26,8a 28,0 25,1 a 25,9 30 min. trabalho 30 min. descanso 30,7 a 31,4 28,1 a 29,4 26,0 a 27,9 15 min. trabalho 45 min. descanso 31,5 a 32,2 29,5 a 31,1 28,0 a 30,0 Não é permitido o trabalho sem adoção de medidas adequadas de controle. Acima de 32,2 acima de 31,1 acima de 30,0 Nesse caso se faz uma avaliação do local de trabalho que é o mesmo de descanso e com os valores de Tbn e Tg, calculamos o IBUTG e de acordo com o tipo de atividade (leve, moderada ou pesada), verificamos se o trabalho pode ser realizado continuamente, se no pode ser realizado sem que se adote uma medida de controle ou se pode ser realizado adotando-se um regime de trabalho/descanso no próprio local. 2) REGIME DE TRABALHO INTERMITENTE COM DESCANSO EM OUTRO LOCAL Nesse caso, calculamos o IBUTG do ambiente de trabalho e o IBUTG do ambiente de descanso e com esses valores, calculamos o IBUTG médio da atividade analisada, bem como o metabolismo médio e entramos na tabela 2 que nos fornece o máximo valor do IBUTG médio para cada grau do metabolismo. 24 24 NORMA REGULAMENTADORA N °°°° 15 - ANEXO 3 - QUADRO N°°°° 3 TAXAS DE METABOLISMO POR TIPO DE ATIVIDADE TIPO DE ATIVIDADE KCal/h SENTADO EM REPOUSO 100 TRABALHO LEVE Sentado, movimentos moderados com braços e tronco exemplo: datilografia. Sentado, movimentos moderados com braços e pernas exemplo: dirigir De pé, trabalho leve em máquina ou bancada, principalmente com os braços. 125 150 150 TRABALHO MODERADO Sentado, movimentos vigorosos com braços e pernas De pé, trabalho leve em máquina ou bancada, com alguma movimentação. De pé, trabalho moderado em máquina ou bancada, com alguma movimentação. Em movimento, trabalho moderado de levantar ou empurrar. 180 175 220 300 TRABALHO PESADO Trabalho intermitente de levantar, empurrar ou arrastar peso (ex.: remoção com pá) Trabalho fatigante 440 550 25 25 NORMA REGULAMENTADORA N. 15 - ANEXO 3 Q U A D R O N . 2 M (Kcal/h) Max IBUTG (°C) M (KCal/h) Max.IBUTG (°C) 125 128 132 136 139 143 146 150 154 157 162 165 169 173 176 181 184 188 192 196 200 204 209 213 218 222 227 231 236 240 244 247 250 259 263 32,0 31,9 31,8 31,7 31,6 31,5 31,4 31,3 31,2 31,1 31,0 30,9 30,8 30,7 30,6 30,5 30,4 30,3 30,2 30,1 30,0 29,9 29,8 29,7 29,6 29,5 29,4 29,3 29,2 29,1 29,0 28,9 28,8 28,6 28,5 268 272 277 282 286 290 295 299 303 307 311 316 321 327 333 338 344 350 356 361 367 373 379 385 391 397 400 406 416 425 434 443 454 470 - 28,4 28,3 28,2 28,1 28,0 27,9 27,8 27,7 27,6 27,5 27,4 27,3 27,2 27,1 27,0 26,9 26,8 26,7 26,6 26,5 26,4 26,3 26,2 26,1 26,0 25,9 25,8 25,7 25,6 25,5 25,4 25,3 25,2 25,1 - Onde: Mt . Tt + Md . Td M = -------------------------- 60 IBUTGt . Tt + IBUTGd .Td IBUTG = ------------------------------------- 60 t = Trabalho d = Descanso M = Metabolismo 26 26 27 27 TEMPERATURA DE GLOBO ÚMIDO ( T G U ) A temperatura de globo úmido é obtida através do termômetro de globo úmido ou de Botsball, que é um termômetro de globo revestido com um tecido preto, constantemente umedecido, levando em consideração a velocidade do ar, sua umidade relativa e o calor radiante ambiente. Possui uma haste formada por dois tubos concêntricos de alumínio, passando pelo tubo central o termômetro e o externo serve de reservatório de alimentação de água para embeber o tecido do globo. Na extremidade superior da haste, está colocado o mostrador do termômetro. É recomendado para avaliação de calor em câmaras hiperbáricas e em tubulðes, onde a temperatura de globo úmido não deve ser superior a 27ºC. Os fabricante fornecem tabelas de limites de tolerância para a temperatura de globo úmido, bem como correlações entre o IBUTG e o TGU. Uma das correlações sugeridas é a seguinte: 2 IBUTG = 0,0212 B + 0,192 B + 9,5 onde B é a temperatura do Botsball. 28 28 LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA O TRABALHO EM AMBIENTES QUENTES, EM FUNÇÃO DA CARGA METABÓLICA E DA RELAÇÃO ENTRE O TEM PO DE TRABALHO E DESCANSO, UTILIZANDO OS ÍNDICES: IBUTG e TGU (Botsball), em (°°°° C) Carga Metabólica Trabalho Contínuo Trabalha Descansa 45min. 15min. Trabalha Descansa 30 min. 30 min. Trabalha Descansa 15 min. 45 min. (kcal/hora) IBUTG TGU IBUTG TGU IBUTG TGU IBUTG TGU 200 350 500 30,0 26,7 25,0 26,2 23,2 21,7 30,6 27,8 25,8 26,7 24,2 22,5 31,4 29,4 27,8 27,5 25,7 24,2 32,2 31,1 30,0 28,3 27,2 26,2 Onde: Trabalho Leve............ 100 a 200 kcal/h (200 kcal/h) Trabalho Moderado... 200 a 350 kcal/h (350 kcal/h) Trabalho Pesado........ 350 a 500 kcal/h (500 kcal/h) Correlação IBUTG e TGU sugerida: IBUTG = 1,01 TGU + 2,6 29 29 A EXPOSIÇÃO AOS AMBIENTES FRIOS A exposição ao frio pode se dar em trabalhos ao ar livre em climas frios ou em ambientes fechados como em câmaras frigoríficas. O mecanismo termo-regulador, localizado no hipotálamo, ativa os mecanismos para o controle térmica mantendo a temperatura interna constante. No caso do aumento da temperatura corpórea havia uma vasodilatação, agora o mecanismo é de vasoconstrição, pois o objetivo é reduzir as perdas de calor e o fluxo sanguíneo é agora diminuído numa razão diretamente proporcional à queda de temperatura. Se a temperatura corpórea ficar abaixo de 35ºC, ocorre uma diminuição gradual de todas as atividades fisiológicas, caindo a pressão arterial, a freqüência dos batimentos cardíacos e diminuindo o metabolismo interno. Os tremores ocorrem como uma tentativa de geração de calor metabólico para compensar as perdas. Se as perdas de calor continuarem em função da baixa temperatura,e ao atingir a temperatura interna de 29ºC, o mecanismo termo-regulador localizado no hipotálamo é reprimido, caminhando para um estado de sonolência e coma. Todos os sinais clínicos da progressão da hipotermia podem ser vistos na tabela adiante. Um fator importante na troca térmica em ambientes frios é a velocidade do ar, que ao retirar as camadas de ar aquecidas próximas à superfície da pele, aumenta muito a troca térmica, exercendo um efeito de resfriamento, que pode ser avaliador através da temperatura equivalente, que pode com velocidades de vento de 64 km/h ser de -100ºC quando a temperatura ambiente é de -51ºC, isto é a sensação de frio sentida é muito maior que a da temperatura real. Como medidas de proteção contra o frio citamos a utilização de roupas protetoras, o regime de trabalho/descanso e a aclimatação, que se realiza principalmente através do aumento da irrigação sangüínea das extremidades. Os exames médicos admissionais devem levar em consideração a exclusão de diabéticos, fumantes, alcoólatras, que tenham doenças articulares ou vasculares periféricas. Nos exames admissionais deve-se atentar para o diagnóstico de vasculopatias periféricas, ulceraçðes térmicas, dores articulares, perda de sensibilidade, pneumonias e infecçðes das vias aérea superiores. Os limites de tolerância para exposição ao frio são sugeridos conforme a tabela de máxima exposição permitida. 30 30REGIME DE TRABALHO/DESCANSO PARA AMBIENTES FRIOS FAIXA DE TEMPERATURA DE BULBO SÊCO (Tbs) ooooC MÁXIMA EXPOSIÇÃO DIÁRIA PERMISSÍVEL PARA PESSOAS ADEQUADAMENTE VESTIDAS PARA EXPOSIÇÃO AO FRIO. 15,0 a - 17,9 * Tempo total de trabalho no ambiente frio de 6 horas e 40 12,0 a - 17,9 ** Minutos,sendo quatro períodos de 1 h e 40 min. alternados com 20 min. de repouso e recuperação térmica fora do ambiente frio. 10,0 a - 17,9 *** - 18,0 a - 33,9 Tempo total de trabalho no ambiente frio de 4 horas, alternando-se uma hora de trabalho com uma hora para recuperação térmica fora do ambiente frio. - 34,0 a - 56,9 Tempo total de trabalho no ambiente frio de uma hora, sendo em dois períodos de 30 minutos com separação mínima de 4 horas para recuperação térmica fora do ambiente frio. - 57,0 a - 73,0 Tempo total de trabalho no ambiente frio de 5 minutos, sendo o restante da jornada cumprido obrigatóriamente fora do ambiente frio. abaixo de - 73,0 Não é permitida a exposição ao frio, seja qual fora a vestimenta utilizada. * - Faixa de temperatura válida para trabalhos em zona climática quente , de acordo com o mapa oficial do IBGE. ** Faixa de temperatura válida para trabalhos em zona climática sub-quente, de acordo com o mapa oficial do IBGE. *** Faixa de temperatura válida para trabalhos em zona climática mesotérmica, de acordo com o mapa oficial do IBGE. 31 31 SINAIS CLÍNICOS PROGRESSIVOS DE HIPOTERMIA TEMPERATURA INTERNA SINAIS CLÍNICOS (°°°°C) (°°°°F) 37,6 99,6 Temperatura retal “normal” 37 98,6 Temperatura oral “normal’ 36 96,8 Taxa metabólica aumenta para compensar as perdas por calor 35 95 Calafrio máximo 34 93,2 Vítima consciente e com resposta, com pressão arterial normal 33 91,4 Hipotermia severa abaixo dessa temperatura 32 31 89,6 87,8 Consciência diminuída; dificuldade de tomar a pressão sangüínea; dilatação da pupila, mas ainda reagindo à luz; cessa o calafrio 30 29 86,0 84,2 Perda progressiva da consciência; aumento da rigidez muscular; pulso e pressão arterial difíceis de determinar; redução da freqüência respiratória. 28 82,4 Possível fibrilação ventricular; com irritabilidade miocárdia 27 80,6 Parada do movimento voluntário; as pupilas não reagem à luz; ausência de reflexos profundos e superficiais 26 78,8 Vítima raramente consciente 25 77 Fibrilação ventricular pode ocorrer expontâneamente 24 75,2 Edema pulmonar 22 21 71,6 69,8 Risco máximo de fibrilação ventricular 20 68 Parada cardíaca 18 64,4 Vitima de hipotermia acidental mais baixa de recuperar 17 62,6 Eletroencéfalograma isoelétrico 9 48,2 Vítima de hipotermia por resfriamento artificial mais baixa de recuperar. 32 32 Influência da velocidade do vento na Temperatura Equivalente de Resfriamento Velocidade do vento TEMPERATURA REAL LIDA NO TERMÔMETRO (°°°° C) (Km/h) 10 4 -1 -7 -12 -19 -23 -29 -34 -40 Calmo 10 44 -1 -7 -7 -19 -23 -29 -34 -40 8 9 3 -3 -9 -12 -20 -26 -32 -38 -43 16 4 -2 -9 -16 -14 -29 -36 -43 -50 -57 24 2 -6 -13 -21 -23 -38 -42 -50 -58 -65 32 0 -8 -16 -23 -28 -39 -47 -55 -67 -70 40 -1 -9 -18 -26 -32 -43 -50 -59 -68 -75 48 -2 -11 -20 -28 -34 -44 -53 -61 -70 -78 56 -3 -12 -21 -29 -37 -45 -55 -65 -72 -80 64 - 3,5 -12 -21 -29 -38 -48 -56 -65 -73 -82 Em velocidades superiores a 64km/h, pouco efeito adicional PERIGO PEQUENO Para pessoa adequadamente vestida AUMENTO DO PERIGO (congelamento das partes expostas) GRANDE PERIGO 33 33 1) VALORES DE TEMPO DE SOBREVIVÊNCIA NA ÁGUA FRIA Como a condutividade da água é cerca de 20 vezes maior que a do ar, a imersão em água fria(abaixo de 21(°C) pode provocar hipotermia. TEMPágua (°°°°C) TEMPO sobrevivência (h) > 21 Indefinido 21 - 16 <12 16 - 10 < 6 10 – 4 < 3 4 – 2 < 1:30 < 2 < 3/4 2) REGIME DE TRABALHO/AQUECIMENTO (Conforme a Norma DIN 33403.5 Tar (°°°°C) Tmax (min) Treaq. (min) 15 a 10 150 10 < 10 a –5 150 10 < -5 a –18 90 15 < -18 a – 30 90 30 <-30 60 60 Onde: Tar = temperatura do ar Tmax = tempo máximo de exposição contínua ao frio Treaq. = tempo de reaquecimento MEDIDAS PARA EVITAR A HIPOTERMIA • proibir o consumo de bebidas alcoólicas, refrigerantes e o fumo. • Estimular a ingestão de água para prevenir a desidratação. • Limitar o consumo de cafeína que aumenta a produção de urina e a circulação sangüínea. 34 34 EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO DO IBUTG 1) TRABALHO E DESCANSO NO PRÓPRIO LOCAL Um operador de forno carrega a carga em 2 minutos, a seguir aguarda 8 minutos o aquecimento da carga, sem sair do local e gasta outros 2 minutos para a descarga. Este ciclo de trabalho é continuamente repetido durante a jornada de trabalho. No levantamento ambiental obtivemos os seguintes valores: Tg = 36 ºC Tbn = 24ºC O tipo de atividade é moderada. Cada ciclo de trabalho é de 12 minutos, portanto em uma hora teremos 5 ciclos e o operador trabalha 4x5= 20 minutos e descansa 8x5 = 40 minutos. Como o ambiente é interno, não tendo incidência solar, o IBUTG será: IBUTG = 0,7Tbn + 0,3Tg IBUTG = 0,7 x 24 + 0,3 x 36 IBUTG = 27,6 ºC. Consultando-se o quadro 1,da NR-15 Anexo 3 verificamos que o regime de trabalho nesse caso deve ser de 45 minutos e 15 minutos de descanso, a cada hora, para que não haja uma sobrecarga térmica. Como o operador trabalha somente 20 minutos e descansa 40 minutos essa atividade não provoca sobrecarga térmica. Q U A D R O N . 1 REGIME DE TRABALHO INTERMITENTE COM DESCANSO NO PRÓPRIO LOCAL TIPO DE ATIVIDADE DE TRABALHO LEVE MODERADA PESADA Trabalho Contínuo até 30,0 até 26,7 até 25,0 45 min. Trabalho 15 min. Descanso 30,1 a 30,6 26,8 a 28,0 25,1 a 25,9 30 min. Trabalho 30 min. Descanso 30,7 a 31,4 28,1 a 29,4 26,0 a 27,9 15 min. Trabalho 45 min. Descanso 31,5 a 32,2 29,5 a 31,1 28,0 a 30,0 Não é permitido o trabalho sem Adoção de medidas adequadas de contrôle. Acima de 32,2 acima de 31,1 acima de 30,0 35 35 2) REGIME DE TRABALHO COM DESCANSO EM OUTRO LOCAL Um operador de forno demora 2 minutos para carregar o forno, a seguir aguarda o aquecimento por 4 minutos, fazendo anotações em um local distante do forno, para depois descarregá-lo durante 4 minutos. Verificar qual o regime de trabalho/descanso. Nesse caso temos duas situações térmicas diferentes, uma na boca do forno e outra na sala de descanso. temos portanto que fazer as medições nos dois lugares. Local 1 - Tg= 50 ºC (TRABALHO) Tbn = 26 ºC Atividade metabólica M = 300 kcal/h. Calculando-se o IBUTG = 0,7 x 26 + 0,3 x 50 IBUTG = 18,2 + 15,0 ⇒⇒⇒ (IBUTG)t = 33,2 ºC Local 2 - Tg = 26 ºC (DESCANSO) Tbn = 20 �C M = 125 kcal/h (IBUTG)d = 0,7 x 20 + 0,3 x 26 (IBUTG)d = 14,0 + 7,8 ⇒⇒⇒ (IBUTG)d = 21,8 ºC Temos que calcular o IBUTG médio e o Metabolismo médio, que será a média ponderada entre o local de trabalho e de descanso. O tempo de trabalho no ciclo é de 6 minutos e o de descanso de 4 minutos, como os ciclos se repetem, em uma hora teremos portanto6 ciclos de 10 minutos cada um. Teremos portanto em uma hora 36 minutos de trabalho e 24 minutos de descanso. Importante: Esse Limite de Tolerância é válido para períodos de 1 hora (60 minutos), mesmo que o ciclo ou conjunto de ciclos seja diferente de uma hora, por exemplo 50 minutos. Nesse caso utilizaríamos o conjunto de 50 minutos , mais 10 minutos do próximo ciclo. Exemplo: Trabalha 30 min. e descansa 20 min. Nesse caso teríamos na primeira hora: Trabalho (30 + 10) e descanso (20) Na segunda hora: Trabalho (20 +20) e descanso (20) e o resultado final seria equivalente a um ciclo de 40min de trabalho e 20 minutos de descanso. Se o ciclo ou conjunto de ciclos for maior que 60 minutos, procedemos da mesma forma, consideramos os ciclos de trabalho e descanso até perfazer 60 minutos, o restante ficaria para a segunda hora de trabalho. O IBUTG médio será: 36 36 33,2 x 36 + 21,8 x 24 IBUTG = ----------------------------- IBUTG = 28,6 ºc 60 300 x 36 + 125 x 24 M = ----------------------- M = 230 kcal/h 60 NR-15, Anexo n� 3 Quadro n° 2 M (Kcal/h) Máximo IBUTG 175 30,5 200 30,0 250 28,5 300 27,5 350 26,5 400 26,0 450 25,5 500 25,0 Consultando o quadro do máximo IBUTG para o metabolismo médio de 230 kcal/h da legislação, não encontramos esse valor, adotamos o valor de 250 kcal/h por motivo de segurança. Encontramos o valor de 28,5 ºC. Como o IBUTG médio calculado foi de 28,6 ºC, concluímos que esse ciclo de trabalho é incompatível com as condições térmicas existentes, não podendo ser realizada essa atividade sem que se adote uma medida de controle ambiental ou uma medida de controle administrativo, reduzindo o nº de ciclos por hora, até que a atividade seja compatível com as condições térmica dos locais. Existe uma tabela mais completa , onde encontraremos para um metabolismo médio de 231 Kcal/h, uma máximo IBUTG de 29,3 ° C, porém a tabela da legislação é mais simples e protege mais o trabalhador, desde que se use o critério da variável mais crítica. 37 37 EXERCÍCIOS PARA RESOLVER 1) Um processo de trabalho interno, utiliza um ciclo de 50 minutos, sendo 30 minutos de trabalho e 20 minutos de descanso. ÁREA DE TRABALHO Tbn = 25°C Tbs = 30°C Tg = 45°C Metabolismo da tarefa = 300 kcal/h Tempo de exposição = 30 minutos ÁREA DE DESCANSO Tbn = 20°C Tbs = 25°C Tg = 28°C Metabolismo da tarefa = 150 kcal/h Tempo de exposição = 20 minutos Calcular o IBUTG e comentar sobre a adequação desse ambiente de trabalho. 2) Em dois ambientes internos de trabalho diferentes, foram feitas avaliações de calor, obtendo-se os seguintes valores: AMBIENTE 1 : Tbn = 25°C Tbs = 25°C Tg = 30°C M = 350kcal/h AMBIENTE 2 : Tbn = 25°C Tbs = 30°C Tg = 35°C M = 250kcal/h Qual desses ambientes é pior sob o ponto de vista de sobrecarga térmica? Explique 3) Em um ambiente onde a temperatura de bulbo seco é de 26°C e a de bulbo úmido é de 24°C, qual é a umidade relativa? 4) Calcule o IST em um ambiente de trabalho com as seguintes características: Tg = 40°C Tbu = 25°C Tbs = 30°C Veloc.ar = 1m/s Metabolismo = 300 kcal/h 38 38 5) Em um ambiente de trabalho interno, com regime de trabalho e descanso no próprio local, com uma atividade pesada, obtivemos os seguintes valores de temperaturas: Tbs=26°C Tbn=25°C Tg=30°C Qual deve ser o regime de trabalho? 6). Para o mesmo ambiente que o da questão número 1, se houver exposição solar em ambiente externo, qual deve ser os regimes de trabalho para os três tipos de atividade(leve, moderada e pesada)? 7). Existem dois ambientes de trabalho com as seguintes características: AMBIENTE A Tbu = 25° C Tbs = 25° C Tg = = 40° C AMBIENTE B Tbu = 25° C Tbs = 35° C Tb = 40° C Para uma atividade extenuante(M = 400 Kcal/h), qual dos dois ambientes é termicamente pior? Porque? 8) Um trabalhador carrega uma estufa com peças leves durante 20 min. e durante 10 min. executa tarefas leves em um ambiente de recuperação térmica. ESTUFA LOCAL DE DESCANSO Tbn = 30° C Tbs = 38 ° C Tg = 47 ° C M = 300 kcal/h Tbn = 22 ° C Tbs = 26 ° C Tg = 28 ° M = 150 kcal/h Essa atividade é insalubre? 39 39 NORMAS SOBRE A EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AO CALOR E FRI O 1) Norma de Higiene Ocupacional Procedimento Técnico Avaliação da Exposição Ocupacional ao Calor – NHO 06 Livro editado pela Fundacentro em 2002, tem 47 páginas com taxas de metabolismo para diversas atividades, sendo baseada em várias normas como: ISO 7243-1989, ISO 7726-1985, ISO 8996-1990, OSHA, NIOSH e AIHA. 2) NR-15 – Atividades e operações insalubres – Anex o 3 – Calor Um novo anexo 3 está no momento em consulta pública para envio de sugestões até o dia 19 de fevereiro de 2014. Esse novo anexo propõe uma avaliação preliminar para subsidiar a adoção de medidas preventivas e corretivas, através do quadro 1, que fornece os níveis de ação em função da taxa de metabolismo. Propõe a avaliação quantitativa através do IBUTG, com os limites de exposição em função da taxa de metabolismo através do quadro 2. Outros tópicos: Aclimatação, Medidas Preventivas e Corretivas, Acompanhamento médico, Monitoramento fisiológico, capacitação dos trabalhadores, caracterização da condição insalubre. 3) ISO 7243:1989 - Ambientes quentes - estimativa do stress térmico no trabalhador, com base no índice IBUTG (temperatura de globo de bulbo úmido) 4) ISO 7933:2004 - Ergonomia do ambiente térmico - determinação analítica e interpretação de stress de calor usando cálculo do calor previsto 5) ISO 8996:2004 - Ergonomia do ambiente térmico - determinação da taxa metabólica 6) ISO 7726:1998 - Ergonomia do ambiente térmico - instrumentos de medição de grandezas físicas 40 40 BIBLIOGRAFIA 1) Encyclopaedia of occupational health and safety, 4th edition -1998 ILO 4vol. Jeanne Mager Stellman 2) Wells Astete, Martin; Giampaoli, Eduardo; Zidan, Leila Nadin – RISCOS FÍSICOS- FUNDACENTRO- 1981 3) Goeltzer, Berenice – Avaliação da Sobrecarga Térmica no Ambiente de Trabalho – ABPA/OMS 4) Introdução à Engenharia de Segurança do Trabalho- FUNDACENTRO – 1981 5) NR-15 anexo 3 - Portaria 3214 de 08/06/78 do MTb 6) Limites de Exposição para substâncias químicas e agentes físicos – ACGIH 1999 - tradução da ABHO 7) Limites de Tolerância – FUNDACENTRO –1973 8) Brevigliero E., Possebon J., Spinelli R. HIGIENE OCUPACIONAL Agentes Biológicos, Físicos e Químicos –Ed.Senac 5ª Ed. São Paulo 2010 9) ISO 7243:1989 - Ambientes quentes - estimativa do stress térmico no trabalhador, com base no índice IBUTG (temperatura de globo de bulbo úmido) 10) ISO 7933:2004 - Ergonomia do ambiente térmico - determinação analítica e interpretação de stress de calor usando cálculo do calor previsto
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