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O que ensinar em Educação Profissional

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Prévia do material em texto

Livro 1 - O que ensinar em Educação Pro�ssional
Muito do planejamento em educação se refere a questões planeadas pela didática em seus temas clássicos
(Pimenta e Anastasiou, 2002), como avaliação, metodologias e estratégias de ensino, relações comunicacionais,
ensino e aprendizagem, os quais serão estudados no seguimento deste material.
O que é didática e qual seu objeto de estudo?
A Didática é a área da Pedagogia que tem como objeto de investigação o ensino. 
XXXX A Grécia já empregava o termo didaktiké, definido como arte ou técnica de ensino. Contudo, foi João Amos
Comenius, em sua obra Didática Magna - Tratado da arte universal de ensinar tudo a todos, escrita entre os anos
1627-1657, quem começou a definir a arena Didática.XXXX
Sua gênese dá conta de uma história que foi e vem sendo definida pela evolução dos processos educacionais. Já
houve momentos nos estudos e publicações na área, de defesa de um método didático único onde as diferenças
individuais, deveriam explicar os fracassos e sucessos dos alunos, fundamentando uma ideia de desigualdade
escolar e social pela condição natural de cada criança ou adolescente.
Na lógica da exclusão, a escola está disponível a todos e os professores nelas estão para ensinar. Se os alunos
aprendem ou não, a responsabilidade não é dos professores, de sua didática, de seus métodos, do que ensina,
das formas de avaliar e de como se relacionam com os alunos. Nem das escolas, da forma como estão
organizadas e selecionam os alunos.
Jan Amos Comenius (1592-1670) é considerado o pai da didática moderna.
Nesta proposição, segue a autora explicando, que essas instituições assim como nós, teríamos papéis determinados
e esperados pela sociedade.
De que forma?
Fazendo uma docência de modo proficiente garantimos o cumprimento de nosso papel. Se os alunos não
aprendem, isso se deve à condições inatas, portanto naturais, de defasagens de aprendizagem. Esse pensamento
gerou uma desresponsabilização do sistema educacional e foi o que vigorou no discurso político, e talvez ainda
implicitamente esteja presente nas falas em defesa de uma educação mais eficaz. inserir quadro
quadro Ainda que possamos remontar aos finais do século XIX para constatar os gérmenes do movimento científico
em torno da eficácia (escolar), o paradigma ganha um fôlego mais consistente após a segunda guerra mundial. Os
anos 1950 e 1960 marcam a especialização de alguns gabinetes universitários norte-americanos na fabricação de
estudos científicos de avaliação da eficácia dos sistemas de ensino. A partir de então, as pesquisas floresceram4 e,
com elas, sofisticaram-se os instrumentos de medida da avaliação da eficácia escolar. Os anos 1980 trazem um
revigoramento do movimento da school effectiveness. Causalidade ou coincidência histórica, este revigoramento é
particularmente incrementado pela reviravolta neo-liberal dos anos 1980, na Europa e nos Estados Unidos da
América (Van Haecht, 2005). (DIONISIO, 2010) quadro
Os fundamentos exclusivamente meritocráticos que selecionam os estudantes pelos resultados escolares
alcançados, acabam se contrapondo a um projeto educacional XXXX. há uma super valorização da excelência
escolar, que tem como saldo o ranqueamento das escolas.
Ainda segundo Pimenta isso gerou uma radicalização contrária a área, e na defesa de uma educação menos
reprodutivista e mais crítica, a didática foi substituída pelos estudos em ciências sociais, como História da Educação
e Sociologia da Educação. 
Ironizando, poderíamos dizer que ele nasce professor, ou que aprender a ensinar se aprende ensinando.
(Pimenta, 2002).
quadro 
Os anos 1960 e 1970 viram nascer um pouco por toda a Europa ocidental uma cultura crítica alimentada quer pela
sociedade civil quer pelo papel desempenhado pela sociologia crítica. A denúncia que era feita por parte dos
sociólogos críticos revelava a injustiça do funcionamento do sistema de ensino: suposta garante do cumprimento da
igualdade universal de oportunidades, a escola ocultava no seu interior uma nebulosa máquina de fabricação das
desigualdades escolares e sociais, conversora de habitus culturais em (de) mérito escolar, tecendo uma rede tão
invisível quanto eficaz na preservação da violência simbólica, em prol da reprodução do habitus legítimo das classes
dominantes (Bourdieu & Passeron, 1978). Esta sociologia crítica dos anos 1960 e 1970 viria abalar profundamente a
explicação das desigualdades escolares baseada nos dons naturais, nas aptidões inatas e na hereditariedade da
inteligência, trazida das correntes da psicologia (experimental) que tiveram grande influência nas concepções de
orientação vocacional dos finais do século XIX e primeiras décadas do século XX : a explicação das desigualdades
escolares com base na inteligência, inata ou herdada, geraria um destino fatal, um homem incapaz de se soltar das
amarras a que a natureza o havia destinado. Nos anos 1960, o debate desloca-se, portanto, para a interpretação
das desigualdades escolares com base em características sociais e culturais. As desigualdades escolares seriam
tão mais fortes quanto maior fosse o desfasamento entre a socialização familiar, habitus cultural transportado pelo
aluno, e os códigos e habitus considerados legítimos pela instituição escolar. (Dionisio, 2010)
Site: Ambiente Virtual de Aprendizagem do Ifes
Curso: Didática Profissional
Livro: Livro 1 - O que ensinar em Educação Profissional
Impresso por: Luciano Jubainski
Data: sábado, 15 Mai 2021, 17:27
https://ava.cefor.ifes.edu.br/
Sumário
Introdução
1 Fundamentos de uma Didática para a Educação Profissional
1.1 Didática - o que é?
1.2 Didática das técnicas: uma preocupação bem antiga e ainda nova
1.3 Princípios para uma Didática da Educação Profissional
2 Didática Profissional
2.1 Didática Profissional - Elementos
2.2 Transposição didática e contrato didático
2.3 Material complementar: Livro - Didática Profissional
Considerações finais
Referências
Ficha Técnica
Introdução
Prezada e Prezado Estudante, o objetivo deste livro é apresentar a Didática
com foco na Educação Profissional. Para isso, vamos definir brevemente em
que ela consiste e lembrar alguns pressupostos fundamentais para melhor
desenvolver o ensino em Educação Profissional.
1 Fundamentos de uma Didática para a Educação Pro�ssional
Michiel Sweerts, A aula de desenho. 1657. 
Fonte: Web Gallery Art.
"Arte de ensinar tudo a todos" (Comenius)
A didática já foi definida como "a arte de ensinar tudo a todos" (Comenius, 1592-1670). Este termo é usado no dia a
dia, em geral, com o significado de facilitar a aprendizagem, ensinar bem, tarefa do professor, papel do ensino. A
Didática é tudo isso e um pouco mais!
A Didática passou por um longo processo evolutivo, suas questões e implicações sempre fazem parte do cenário
educacional, ocupando-se de estudos e pesquisas acerca dos processos de ensino e de aprendizagem, que
envolvem técnicas da ação docente.
Mas, o que é a Didática e qual sua relação com a Educação Profissional?
Responder essa questão é um dos objetivos deste capítulo.
1.1 Didática - o que é?
Na Grécia já se empregava o termo didaktiké, definido como a técnica de ensinar. Mais tarde, João Amos Comenius
(Jan Amos Komenský), em sua obra Didática Magna - Tratado da Arte Universal de Ensinar Tudo a Todos, escrita
entre os anos 1627 e 1657, realizou enormes avanços na definição moderna de Didática.
Aqui cabe um destaque: a palavra técnica em grego é traduzida para o latim como arte, ou seja, arte e técnica são
sinônimos, portanto, devemos considerar a Didática como um conjunto de técnicas para ensinar!
 
Comenius (1592 - 1670) deu um novo significado à Didática, com o postulado de ensinar “tudo a todos totalmente”
(Omnes Omnia Omnimo), um pensamento inovador para a época. Para Comenius, todos eram dotados da
capacidade de aprender, e, pela brevidade da vida na Terra, esse aprendizado deveria começar na infância e se
prolongar até a vida adulta, sendo a aprendizagem um processo de experimentação do mundo. Como crítico do
processoeducacional da época, Comenius acreditava na necessidade de um método para estimular o interesse pelo
ensino que não fosse pela disciplina imposta pelos castigos ou pela violência, mas que respeitasse etapas e fases
do desenvolvimento da criança, cabendo ao professor, no uso do método didático, saber preparar e estimular os
alunos para a aprendizagem. 
Nesse ambiente de inovação, com os humanos substituindo o teocentrismo pelo antropocentrismo, a escola foi
transformando gradativamente os princípios de uma educação clássica em princípios da educação
moderna. Surgiram novos ideais para uma nova sociedade que libertava a escola do sacerdócio, este novo projeto
de educação deveria reproduzir os processos da natureza, de organização do tempo e do currículo, levando em
conta os limites do corpo e a necessidade, tanto dos alunos quanto dos professores, que bem remunerados
deveriam ser formados para ação docente, docência até então destinada aos missionários religiosos.
A Didática é a disciplina da educação, que tem como objetivo desenvolver técnicas que possibilitem a aprendizagem
do aluno pela orientação do professor. Permitir a aprendizagem dos saberes e fazeres-saberes desenvolvidos pela
humanidade é o que mobiliza os desafios dessa área. É, portanto, atribuição da Didática investigar os processos e
modos de efetivar a educação formal por meio do ensino, como mediadora das relações entre os seguintes
elementos:
Busto de Comenius
Fonte: https://pixabay.com/pt/photos/est%C3%A1tua-bronze-monumento-418735/
A partir destes elementos, podemos (com fins didáticos) decompor as ações didáticas em três grandes etapas, as
quais não são necessariamente sequenciais, isto é, estas etapas interagem e se retroalimentam:
PLANEJAMENTO - Inclui: a seleção dos objetivos educacionais e dos "saberes" (sejam eles técnicas,
conceitos, contextos...); a escolha das melhores estratégias de ensino para promover a aprendizagem destes, a
reflexão inicial sobre aqueles a quem queremos ensinar, as melhores formas de avaliação, entre outros.
MEDIAÇÃO - É o momento do ensino efetivo, quando há interação entre estudante e docente e quando as
estratégias de ensino são implementadas. O que está em jogo aqui são as formas de comunicação, de
orientação dos estudantes, de motivação, de acompanhamento do seu percurso... 
AVALIAÇÃO - Como veremos, a avaliação pode ter diversas funções, desde diagnosticar motivação e
conhecimentos prévios dos estudantes, como orientar o processo de ensino na direção mais adequada possível
ou ainda direcionar o estudante para uma etapa futura de aprendizagem ou de encerramento dos estudos. 
Estes elementos serão desenvolvidos nos livros 2 e 3.
Vamos refletir agora sobre o contexto da Educação Profissional e buscando elementos que possam ajudar a
responder à questão "o que ensinar em Educação Profissional?" e a quem ensinar, uma vez que jovens e adultos
não têm necessariamente as mesmas formas de se relacionar com o ensino do que crianças, por isso falaremos em
Andragogia, ou seja a Pedagogia para adultos. 
Fonte: Equipe de Materiais Didáticos - CERFEAD/IFSC (adaptado)
1.2 Didática das técnicas: uma preocupação bem antiga e ainda nova
"É preciso estudar mais as artes práticas que as ciências
especulativas."
 
Citamos o velho mestre da Didática, pela clareza que já possuía naquele tempo, sobre o fazer como
aprendizagem...
“A teoria das coisas é fácil e breve, e não produz senão prazer; ao contrário, a sua aplicação é árdua e demorada,
proporcionando maravilhosas vantagens”, diz Vives. Sendo as coisas assim, importa investigar com diligência o
método de guiar facilmente a juventude a pôr em prática as coisas que dizem respeito às técnicas. (Comenius,
2001).
Comenius ainda destaca alguns cânones acerca da aprendizagem das técnicas, também chamadas de artes:
Aprenda a fazer fazendo;
Façam-se sempre os trabalhos segundo determinada forma e norma;
Mostre-se o uso dos instrumentos, mais com a prática que com palavras, isto é, mais com exemplos que com
regras;
O exercício deve começar com os primeiros rudimentos, e não com as obras acabadas;
Os primeiros exercícios dos principiantes sejam acerca de matéria conhecida;
A princípio, a imitação faça-se segundo a forma prescrita; depois, poderá ser mais livre;
O modelo a imitar seja o mais perfeito possível, para que, se alguém consegue imitá-lo bem, possa ser
considerado perfeito na sua arte;
O primeiro esforço de imitação seja o mais aprimorado possível, para que se não afaste do modelo nem sequer
no mínimo pormenor (isso naturalmente, nos limites do possível);
O erro seja corrigido pelo professor que assiste à lição, mas acrescentando as observações, a que chamamos
regras e exceções às regras;
Exercícios de síntese devem ser feitos antes dos de análise;
Esses exercícios devem ser continuados, até que tenham criado o hábito da arte. Efetivamente, só a prática faz
os artistas.
Será que vários destes "cânones" não seriam ainda atuais e ainda desafiadores em nossos contextos escolares e
acadêmicos?
Didactica Magna
Acesse à obra máxima de Comenius em PDF, clicando aqui. Este livro publicado em 1657, tem seus postulados
atravessando os séculos e produzindo ecos nas ciências da educação até nossos dias, inclusive quando novos
autores retomam o mesmo desafio na construção do fazer como fonte de saber. 
http://www.ebooksbrasil.org/adobeebook/didaticamagna.pdf
1.3 Princípios para uma Didática da Educação Pro�ssional
Uma abordagem específica para o ensino técnico, ou, mais amplamente, para toda a educação profissional, pode
ser pensada a partir de diferentes enfoques e autores: na França, temos já consolidada a Didática Profissional
(PASTRÉ et al, 2006); no norte europeu, delineia-se uma “pedagogia da formação profissional” com forte influência
do psicólogo Vigotski (MJELDE, 2015); no Brasil, temos a proposta também fundada no construtivismo de Jarbas
Barato (2016), além de todos os movimentos de educação por competências, presentes em inúmeros países, de
Cuba ao Canadá, da abordagem do alinhamento construtivo (BIGGS; TANG, 2010), da epistemologia da prática
(BILLETT, 2012), entre muitos outros. Entretanto, resolvemos articular a fundamentação de uma didática da
educação profissional em torno de alguns elementos fundamentais:
Fonte: https://br.freepik.com/fotos-gratis/dois-colegas-em-um-fabrica_4410938.htm#page=1&query=f%C3%A1brica&position=24
Ensinar técnicas nem sempre é o mesmo que ensinar conteúdos verbais, teóricos ou discursivos. Aqui, um modelo
didático baseado no par Teoria-Prática revela-se insuficiente. (Barato, 2002)
Fonte: https://br.freepik.com/fotos-gratis/grupo-de-medico-veterinario-verificando-o-estado-de-saude-do-gado-na-fazenda-de-
vacas_11137369.htm#page=1&query=gado&position=40
O trabalho, pensado enquanto obra, representa uma orientação didática fundamental em educação profissional.
Fala-se então em "aprendizagem mediada por obras" como uma poderosa orientação didática, criadora de fazeres-
saberes, de valores e de formação identitária (Barato, 2008)
Fonte: https://br.freepik.com/fotos-gratis/vista-lateral-de-dois-jovens-agricultores-cultivando-morango-em-uma-estufa_5765968.htm#page=2&query=farmers&position=0
O ensino da técnica e da profissão deve considerar a cultura técnica e profissional da formação pretendida, a
análise do trabalho real dos trabalhadores, bem como a possibilidade de uma interdisciplinaridade ampla (Lave e
Wenger, 1998; Moraes, 2016; Gruber, Allain e Wollinger, 2019).
Material complementar
Veja entrevista que realizamos em 2016 com Jarbas N. Barato
 
https://www.youtube.com/watch?v=YsVDtvi65Vk&t=3s
2 Didática Pro�ssional
Trataremos agora da Didática Profissional, corrente didática já
consolidada em muitos países, tais como França, Canadá, Suíça,
Itália, entre outros. Cada país desenvolve suas próprias
estratégias, de acordo com a cultura local, todavia é consenso que
a educação profissional como grande área de atividade
educacional com sua epistemologia, exige um campo de estudos
oudisciplina que aprimore o domínio técnico da atividade de
ensinar: sua própria didática!
2.1 Didática Pro�ssional - Elementos
Trazemos as palavras de três pensadores, Pierre Pastré, Patrick Mayen e Gérard Vergnaud, que escreveram um
texto retomando os princípios da didática profissional (texto disponível em português, em subcapítulo a seguir):
A didática profissional tem como objetivo analisar o trabalho com vistas à formação das competências profissionais.
Nascida na França nos anos 1990, na confluência de um campo de práticas – a formação de adultos – e de três
correntes teóricas – a psicologia do desenvolvimento, a ergonomia cognitiva e a didática –, ela se apoia na teoria da
conceituação na ação de inspiração na obra de Piaget. Eis sua hipótese: a atividade humana organiza-se na forma
de esquemas, cujo núcleo central é constituído por conceitos pragmáticos. A didática profissional busca um
equilíbrio entre duas perspectivas: uma reflexão teórica e epistemológica sobre os fundamentos da aprendizagem
humana; bem como uma preocupação em operacionalizar seus métodos de análise para que possam servir à
“engenharia” educacional. (...) A análise do trabalho desenvolvida pela didática profissional tem um duplo papel. Ela
é uma etapa prévia da construção de uma formação. É, também, pela sua dimensão reflexiva, um importante
instrumento de aprendizagem. (Pierre Pastré, Patrick Mayen e Gérard Vergnaud, 2006).
Destacaremos algumas reflexões sobre alguns aspectos da Didática Profissional, contextualizando-as à educação
profissional brasileira, considerando a estrutura legal de nossa oferta educativa, apontando possibilidades ao avanço
educacional (clique em cada tópico para saber mais):
As origens da didática profissional
A problemática desenvolvida pela Didática Profissional
Aprendizagem e atividade
Aprender uma cultura profissional
A questão epistemológica
Análise do Trabalho e Seus Campos de Aplicação
Recapitulando:
É preciso conhecer o trabalho para poder ensiná-lo. É uma premissa básica, porém frequentemente esquecida na
cultura escolar e acadêmica. Além disso, aprender o trabalho nunca é aplicar simplesmente uma teoria, e requer o
engajamento dos aprendizes em situações, em atividades e em uma cultura profissional. Isso implica a necessidade
de uma didática que coloque em cena estas situações e atividades, em que perpassarão valores éticos, estéticos,
políticos, econômicos, ambientais, intimamente ligados às estruturas conceituais das situações laborais. A seguir
apresentaremos estratégias de ensino que têm o potencial de realizar este trabalho de "transposição didática", ou
seja, de criar condições, na formação, de trazer estes elementos apresentados acima.
2.2 Transposição didática e contrato didático
Embora já tenhamos apresentado algumas modalidades de transposição didática na UC de Epistemologia da
Educação Profissional, ao falar de Simulação, Imersão e Aprendizagem mediada por obras, por exemplo, valem
algumas palavras para relembrar o que isso significa para o trabalho docente. Inicialmente desenvolvida por
Chevallard no contexto do ensino de ciências, a Didática Profissional retoma esta ideia com algumas transformações
importantes para (re)pensar o ensino técnico:
A concepção de transposição abarca duas ideias distintas. A primeira,
muito importante para Chevallard, é que o conteúdo do ensino das matemáticas é
o resultado de dois processos de transformação: a transformação do saber
sábio em saber a ensinar, a transformação do saber a ensinar em saber
efetivamente ensinado. A segunda é o resultado de uma extensão do sentido da
palavra “transposição”, e, ao mesmo tempo de uma mudança de sentido: toda
situação de referência, científica ou profissional, implica transformações quando a
utilizamos como situação de ensino e de aprendizagem: simplificação, supressão
de certas variáveis, escolha de casos prototípicos, etc. (Pastré, Mayen, Vergnaud,
2019, p. 18)
Mas é bom lembrar que a construção do saber profissional, ou seja, a parte "externa" da transposição didática de
escolha dos "conteúdos" e objetivos de ensino, já é um desafio, não é um "saber dado", como colocamos
anteriormente, trata de situações dinâmicas, complexas e também culturais. 
Legenda: Equipe cirúrgica, composta por diversos profissionais com diferentes competências, para a construção de uma atividade única.
Fonte: https://www.piqsels.com/fr/public-domain-photo-ifoxn
As estratégias que apresentaremos foram escolhidas considerando estas relações de aproximação do saber e dos
contextos de criação destes saberes, bem como das escolhas, limitações e potencialidades que temos no contexto
da formação. Assim, a imersão permite um contato mais direto em contextos reais de trabalho, bem como as
https://www.piqsels.com/fr/public-domain-photo-ifoxn
estratégias de contato com a obra do trabalho permitem que o aprendiz construa uma relação com a profissão por
meio daquilo que nela se faz, o que tem o potencial de estabelecer relações identitárias com o fazer, com as
comunidades de prática, com os valores da profissão, suas dimensões éticas, estéticas etc. 
Legenda: Simulador de condução de trem de alta velocidade
Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Desk_Simulator_for_Eurostar.jpg
 As estratégias de simulação permitem também colocar o aprendiz em situações semelhantes àquelas que
encontrará no mundo do trabalho. Há vários tipos de simulação, com características diferentes: simuladores que
buscam a maior fidelidade possível em relação à situação real de ação (simulador de voo, de uma central nuclear,
de manobra de navio, entre outros), o que permitem aprender diversos aspectos da atividade sem correr riscos, com
a possibilidade de antecipar eventos decorrentes das ações do aprendiz, que em termos normais só aconteceriam
muito depois. Há outras formas de simulação que buscam uma fidelidade não tão grande quanto a todas as
variáveis das situações, mas sim quanto aos problemas, desafios ou esquemas típicos de determinadas situações
(dramatização, uso de bonecos, manequins simulações de fenômenos específicos, entre outros). Neste caso
também há um potencial didático muito grande a ser explorado pelo professor que mediará a aprendizagem: poderá
retomar as ações realizadas, repeti-las, estimular reflexões sobre o ocorrido, filmar para análise posterior, etc.
Estas são algumas das formas de "transpor" o saber, as técnicas, as situações de produção destes, etc., que
envolvem transformações e mediações por parte do docente (e da instituição de ensino).
Além disso, é bom lembrar também a ideia de contrato didático, que envolve a noção de que "no processo
de ensino, existem expectativas recíprocas entre o professor e seus alunos. Os descompassos entre estas
expectativas são uma das razões principais para os mal entendidos e os fracassos da comunicação" (Idem). Parte
do contrato didático se desenha no planejamento das atividades de ensino - planejamento institucional (como no
Projeto Pedagógico do Curso), planejamento docente (plano de ensino e plano de aula) - quando são postos os
objetivos de ensino, as estratégias de ensino, as formas de avaliação. Outra parte consiste na negociação ao longo
do processo de mediação que o professor conduzirá na atividade de ensino.
Em resumo, o contrato didático diz respeito ao "conjunto de normas e expectativas, são os ‘contratos’ que
determinam papéis e estabelecem direitos e deveres relacionados às situações de ensino e aprendizagem. São
contratos implícitos que quase sempre se tornam observáveis somente quando são transgredidos" (Soligo, s/d, p. 2).
Tais "regras" são perpassadas por relações sutis, motivacionais e estão frequentemente (ou deveriam estar) em
reconstrução (dialógica, sempre que possível). 
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Desk_Simulator_for_Eurostar.jpg
2.3 Material complementar: Livro - Didática Pro�ssional
Caso queira aprofundar seus estudos a respeito desta didática voltada para a formação de trabalhadores, acesse
nosso livro Didática Profissional:princípios e referências para a Educação Profissional. 
 
https://www.ifsc.edu.br/documents/30701/523474/Livro+Didatica+Profissional-VFINAL-ISBN-online.pdf/9367b0c5-009e-4552-9330-2503828e71ad
https://www.ifsc.edu.br/documents/30701/523474/Livro+Didatica+Profissional-VFINAL-ISBN-online.pdf/9367b0c5-009e-4552-9330-2503828e71ad
Considerações �nais
Fonte: https://br.freepik.com/vetores-gratis/ilustracao-de-conceito-de-atividade-de-desenvolvedor_9319773.htm#page=1&query=end&position=0
Nesse Livro, além das definições básicas da Didática, definimos a Didática Profissional como um campo de estudos
que trata da ação como fonte de saberes, isto é, o fazer produz conhecimento. O ser humano sempre age
conscientemente, ou seja, toda atividade laboral humana é atividade consciente.
Retomando os saberes da epistemologia da educação profissional, onde a técnica é a ação humana consciente de
intervenção no mundo para produção da existência, a Didática Profissional é o conjunto de técnicas que conduz uma
pessoa à uma comunidade de práticas pela transposição de sabres e valores através dos fazeres trazidos dessa
comunidade para a escola.
Os fazeres-saberes que veem da comunidades de práticas transformam-se em competências profissionais ao longo
da atividade educativa do futuro profissional.
Trataremos no próximo livro das "ferramentas" ou instrumentos para operacionalizar uma didática profissional, isto é,
como o professor leva para a sala de aula, laboratório, oficina, campo de práticas e demais ambientes de
aprendizagem as estratégias para garantir aprendizagem das técnicas, contribuindo para a construção de
competências profissionais, objetivo dos cursos de formação profissional.
Referências
ALMEIDA, I. O.; SALAZAR, V. S.; LEITE, Y. V. P. "Processo de ensino e aprendizagem do profissional de
cozinha: didática do saber técnico e o restaurante-escola". Revista Acadêmica da Unigranrio. Vol. IX, n° 1, 2015.
Disponível em: <http://publicacoes.unigranrio.edu.br/index.php/raoit/article/view/3448/1576>
BARATO, Jarbas Novelino. Conhecimento, trabalho e obra: uma proposta metodológica para a educação
profissional. B. Téc. Senac: a R. Educ. Prof., Rio de Janeiro, v. 34, n.3, set/dez. 2008. 
_____. Em busca de uma didática para o saber técnico. B. Téc. SENAC. Rio de Janeiro, v.30, n.3, p. 46-55,
Set/Dez. 2004. Disponível em: <http://www.senac.br/BTS/303/boltec303d.htm>
_____. Fazer bem feito: Valores em educação profissional e tecnológica. Brasília: UNESCO, 2015. Disponível
em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0023/002336/233600POR.pdf> 
_____. Saber no trabalho, aprendizagem situada e ensino técnico. B. Téc. Senac: a R. Educ. Prof., Rio de
Janeiro, v. 37, nº 3, set./dez. 2011. Disponível em: <http://www.senac.br/bts/373/artigo2.pdf>
_____. Trabajo, conocimiento y formación profesional. Montevidéu: OIT/Cinterfor, 2016. Disponível em:
<https://www.oitcinterfor.org/sites/default/files/file_publicacion/trab_con_fp_jarbas_web_0.pdf>
_____. A Técnica como Saber: Investigação Sobre o Conhecimento do Fazer. Tese (Doutorado em Educação) –
Programa de Pós-Graduação em Educação, Faculdade de Educação, Unicamp, Campinas, 2003. 
BATISTA, M. L. F. da S. Design Instrucional: uma abordagem do design gráfico para o desenvolvimento de
ferramentas de suporte à EAD. Bauru, 2008. Dissertação (Mestrado em Design) – FAAC – UNESP – Faculdade de
Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Campus Bauru.
BLASCHKE, L. M. Heutagogy and lifelong learning: A review of heutagogical practice and self-determined 
learning. The International Review of Research in Open and Distance Learning, v. 13, n.1, p. 56-71, 2012
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Ficha Técnica
Este material foi elaborado pelos professores e pela equipe pedagógica e de materiais didáticos do Cerfead.
[ Conteúdo ] Olivier Allain - Paulo Wollinger - Ana Beatriz Bahia Spínola Bittencourt
Baseado na edição 2019 (desenvolvido por Bartholomeo Barcelos - Gislene Miotto - Olivier
Allain - Paulo Wollinger)
[ Desenho
educacional ]
Maria Luisa Hilleshein de Souza
[ Desenho gráfico
]
 Daniel Mazon da Silva
 Camila Marques
[ Revisor ]

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