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Tabagismo e etilismo O álcool é um depressor do sistema nervoso central que pode causar desde euforia até progressiva sedação. O consumo de álcool é hoje considerado um problema de saúde pública mundial por ser a droga mais consumida no mundo, responsável por 5,9% das mortes (7,6% para homens e 4% para mulheres) e por estar diretamente relacionado não somente a morte, mas também prejuízos clínicos, a invalidez por causas externas, negligência/abuso de crianças, violência doméstica, acidentes de trânsito e absenteísmo laboral. No Brasil, cerca de 11% dos homens e 2% das mulheres consomem álcool diariamente. Se o alcoolista continuar a beber, a expectativa de vida é reduzida em 10 anos em média com as principais causas de aumento do risco de morte sendo doenças cardíacas, câncer, acidentes ou suicídio. Apresenta 80 a 90% de absorção no trato gastrointestinal, absorvido em cerca de 60 minutos. É metabolizado no fígado pela via das desidrogenases, via sistema oxidativo microssomal e via peroxidase-catalase. Atua potencializando a ação do GABA, neurotransmissor inibitório no sistema nervoso central, e bloqueando os receptores NMDA de glutamato, neurotransmissor excitatório. Além disso, inibe a gliconeogênese, predispondo ao risco de hipoglicemias. Os pacientes intoxicados por etanol podem apresentar hálito etílico, ajudando na elucidação. Na intoxicação aguda devemos solicitar na admissão a glicemia capilar e sérica pelo risco de hipoglicemia e para ajudar no diagnóstico diferencial. Além disso, devem os solicitar hemograma, eletrólitos (incluindo cálcio e magnésio), gasometria, função hepática e renal e eletrocardiograma (risco de arritmias). A presença de acidose metabólica com ânion-gap aumentado favorece o diagnóstico. Beber em binge é um conceito utilizado para se referir ao consumo de álcool em grandes quantidades e em pouco tempo, sendo para homens a quantidade de 5 doses em 2 horas e para mulheres 4 doses nestas mesmas horas. Quanto maior peso, menor concentração sanguínea de álcool. Uma dose ou unidade de álcool é o equivalente a 10g de álcool puro (etanol). NA PRÁTICA: Sr. José bebe diariamente 4 copos, cada um com 50ml cada, de whisky sem gelo. Na embalagem do seu whisky consta que a concentração do mesmo é 40%. Sr. José ingere 200ml de whisky, sendo 10g de etanol puro equivalente a 1 dose, ele bebe diariamente 80g de unidade de álcool diariamente. 200ml (quantidade ingerida)×40% (concentração da bebida)=80g de unidade de álcool. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) o consumo de risco seria aquele em que o padrão de consumo aumenta o risco de condições adversas para a saúde que quando torna-se um hábito significa o consumo 20-40g para mulheres e 40-60g para homens. Já o consumo prejudicial, segundo a OMS, seria aquele em que há prejuízo concreto para a saúde física e mental da pessoa, associado ao consumo regular de 40- 60g de álcool para homens/mulheres. Enquanto que, o consumo episódico é aquele em que ocorrem repercussões em problemas específicos para a saúde a partir do consumo de pelo menos 60g de álcool. Em todo paciente com intoxicação aguda por etanol, devemos realizar a profilaxia de encefalopatia de Wernicke com 100 mg de tiamina endovenosa ou via oral (50 mg em crianças). Inicialmente deve-se investigar se há consumo de alguma bebida alcóolica, determinando quantidade, tempo de consumo, frequência, repercussões na vida da pessoa e história familiar pregressa relativa ao uso nocivo de álcool. Para complementar essa investigação ao longo da consulta, diante de um paciente que refere consumo de bebida alcóolica, realizar um questionário de triagem chamado CAGE em que é possível identificar se há uso abusivo desta substância. A presença de 2 ou mais respostas positivas no CAGE indica uso abusivo de álcool. Diante de um paciente com CAGE “positivo” é importante que em uma consulta seguinte seja realizado outro questionário: o AUDIT. Este é um questionário composto por 10 perguntas que visa avaliar o padrão de consumo nos últimos 12 meses e, diante do resultado, possível pactuar intervenções. Quanto ao exame físico o mesmo deve ser completo, abrangendo todos os sistemas, pois sabe-se que o consumo de álcool interfere nos diversos sistemas do organismo humano. No entanto, é fundamental que o médico esteja atento aos sinais do exame físico que indicam complicações do uso excessivo crônico de álcool, são eles: telangiectasias, tremores de extremidades, hepatomegalia e elevação da pressão arterial. No que diz respeito aos exames complementares, estes não têm muita utilidade para o diagnóstico do abuso de álcool, no entanto, são importantes para o monitoramento das complicações orgânicas decorrentes do álcool, bem como para que o paciente perceba ao longo do tratamento sua evolução. Algumas alterações laboratoriais são esperadas em pacientes que bebem com frequência, como por exemplo o aumento do volume corpuscular médio (VCM) ou marocitose, além disso, a elevação de gama-GT (GGT) é um indicador precoce de disfunção hepática, en- quanto que pacientes com elevação desproporcional de AST/TGO em relação a ALT/TGP é um padrão comum de alteração hepática em pessoas com hepatite alcóolica. O atendimento médico rotineiro exige atenção a potenciais doenças relacionadas com o álcool e o alcoolismo em si: 1.Neurológicas: apagões (blackouts), convulsões, delirium tremens (DT), degeneração cerebelar, neuropatia e miopatia 2.GIs: esofagite, gastrite, pancreatite, hepatite, cirrose e hemorragia gastrintestinal3.Cardiovasculares: hipertensão, miocardiopatia 4.Hematológicas: macrocitose, deficiência de folato, trombocitopenia e leucopenia 5.Endócrinas: ginecomastia, atrofia testicular, amenorreia e infertilidade 6.Esqueléticas: fraturas, osteonecrose 7.Cânceres: de mama, oral e de esôfago, retal Intoxicação por álcool O álcool é um depressor do SNC que atua sobre os receptores do ácido γ-aminobutírico (GABA), o principal neurotransmissor inibidor no sistema nervoso. Alterações comportamentais, cognitivas e psicomotoras podem ocorrer em níveis sanguíneos de álcool de 0,02 a 0,04 g/dL, nível atingido após a ingestão de uma ou duas doses de bebida. A “intoxicação legal” na maioria dos estados dos EUA se baseia em uma concentração de álcool no sangue de 0,08 g/dL; níveis duas vezes maiores que esse podem causar sono profundo, mas perturbado. Falta de coordenação motora, tremor, ataxia, confusão, torpor, coma e até morte ocorrem em níveis progressivamente maiores de álcool no sangue. Abstinência de álcool O uso crônico de álcool produz dependência do SNC, sendo o tremor o primeiro sinal de abstinência alcoólica, o qual ocorre 5 a 10 h após diminuir a ingesta de etanol. Isso pode ser seguido por convulsões generalizadas nas primeiras 24 a 48 h; esse quadro não requer medicamentos anticonvulsivantes. Na abstinência grave, há hiperatividade autonômica (sudorese, hipertensão, taquicardia, taquipneia e febre), acompanhada de insônia, pesadelos, ansiedade e sintomas GIs. Delirium tremens (DT) Síndrome de abstinência muito grave, caracterizada por hiperatividade autonômica profunda, extrema confusão, agitação, delírios vívidos e alucinações (em geral visuais e táteis), que começa 3 a 5 dias após a última ingestão de bebida alcoólica. A mortalidade é de até 5%. Encefalopatia de Wernicke Síndrome relacionada à ingesta de álcool caracterizada por ataxia, oftalmoplegia e confusão, geralmente em associação com nistagmo, neuropatia periférica, sinais cerebelares e hipotensão; há comprometimento da memória de curto prazo, falta d atenção e labilidade emocional. Segue a síndrome de Wernicke-Korsakoff, caracterizada por amnésia anterógrada e retrógrada, além de confabulação. A síndrome de Wernicke-Korsakoff é causada pela deficiência crônica de tiamina, resultando em dano dos núcleos talâmicos, corpos mamilares e estruturas do tronco encefálico e cerebelo. ACHADOS LABORATORIAIS Consistem em anemia discreta com macrocitose, deficiência de folato, trombocitopenia,granulocitopenia, testes de função hepática anormais, hiperuricemia e triglicerídeos elevados. Dois exames de sangue com sensibilidade e especificidade ≥ 60% para consumo pesado de álcool são a γ-glutamiltransferase (GGT) (> 35 U) e a transferrina deficiente em carboidrato (CDT) (> 20 U/L ou > 2,6%), cuja combinação provavelmente é mais precisa do que cada uma delas em separado Diversos exames diagnósticos podem evidenciar disfunção de órgãos relacionada com o álcool. Tratamento ABSTINÊNCIA AGUDA A abstinência alcoólica aguda é tratada com várias vitaminas do complexo B, como a tiamina (50 a 100 mg/dia IV ou VO por 1 semana ou mais) para repor os estoques depletados; utilizar a via IV caso haja suspeita de síndrome de Wernicke-Korsakoff, já que a absorção intestinal não é confiável em alcoolistas. Os fármacos depressores do SNC devem ser utilizados quando há convulsões ou hiperatividade autonômica, para impedir o estado rápido de abstinência no SNC e possibilitar uma redução mais lenta e controlada da substância. Os benzodiazepínicos de baixa potência com meias-vidas longas são preferidos (p. ex., diazepam 10 mg VO a cada 4 a 6 h; clordiazepóxido 25 a 50 mg VO a cada 4 a 6 h no primeiro dia com redução gradual nos próximos 5 dias). Na abstinência grave ou DT, altas doses de benzodiazepínicos em geral são necessárias. O estado hidreletrolítico e a glicemia devem ser rigorosamente monitorados. Os monitoramentos cardiovascular e hemodinâmico são cruciais, pois o colapso hemodinâmico e as arritmias cardíacas não são incomuns. As convulsões generalizadas decorrentes da abstinência raras vezes exigem intervenção farmacológica vigorosa além da administrada no paciente comum sofrendo de abstinência, ou seja, doses adequadas de benzodiazepínicos. Terapia medicamentosa Vários medicamentos podem ser úteis na reabilitação dos alcoolistas; em geral, os medicamentos precisam ser mantidos por 6 a 12 meses caso se observe uma resposta positiva. O fármaco naltrexona, um antagonista opioide (50 a 150 mg/dia VO ou injeção mensal de 380 mg), diminui a probabilidade de retorno à bebida e encurta os períodos de recaída. O estado hidreletrolítico e a glicemia devem ser rigorosamente monitorados. Os monitoramentos cardiovascular e hemodinâmico são cruciais, pois o colapso hemodinâmico e as arritmias cardíacas não são incomuns. As convulsões generalizadas decorrentes da abstinência raras vezes exigem intervenção farmacológica vigorosa além da administrada no paciente comum sofrendo de abstinência, ou seja, doses adequadas de benzodiazepínicos. Terapia medicamentosa Vários medicamentos podem ser úteis na reabilitação dos alcoolistas; em geral, os medicamentos precisam ser mantidos por 6 a 12 meses caso se observe uma resposta positiva. O fármaco naltrexona, um antagonista opioide (50 a 150 mg/dia VO ou injeção mensal de 380 mg), diminui a probabilidade de retorno à bebida e encurta os períodos de recaída. Uma segunda medicação, acamprosato (2 g/dia, divididos em três doses orais), um inibidor do receptor de N-metil-D-aspartato, pode ser utilizada, com eficácia supostamente semelhante à da naltrexona. Uma combinação de naltrexona e acamprosato pode ser superior a cada um dos fármacos de forma isolada, embora nem todos os estudos concordem sobre isso. Dissulfiram (250 mg/dia), um inibidor da aldeído-desidrogenase, produz uma reação desagradável e potencialmente perigosa na presença de álcool. Outros fármacos sob investigação incluem outro antagonista opioide (nalmefeno), o agonista do receptor nicotínico vareniciclina, o antagonista da serotonina ondansetrona, o agonista α-adrenérgico prazosina, o agonista do receptor GABAB baclofeno, o anticonvulsivante topiramato e os antagonistas dos receptores canabinoides; ainda há poucos dados para oferecer suporte sólido para seu uso rotineiro em situações clínicas. Cerca de 40% dos fumantes morrerão prematuramente a menos que consigam deixar o vício; os riscos das principais doenças causadas pelo tabagismo estão listadas. Fígado Colorretal Colo uterino Leucemia mieloide aguda Existem vários produtos de reposição de nicotina, como adesivos, gomas de mascar e pastilhas de nicotina que não exigem prescrição médica, assim como inaladores nasais e orais de nicotina que exigem prescrição médica; esses produtos podem ser usados por 3 a 6 meses com uma redução gradual na dosagem à medida que aumenta a abstinência. As medicações a serem prescritas e que se revelaram efetivas incluem antidepressivos, como bupropiona (300 mg/dia em doses fracionadas por até 6 meses) e vareniclina, um agonista parcial para o receptor nicotínico da acetilcolina (dose inicial de 0,5 mg/dia, aumentando para 1 mg 2×/dia no 8º dia; a duração do tratamento é de até 6 meses). Os antidepressivos são mais efetivos em pacientes com história de sintomas depressivos. A clonidina ou a nortriptilina podem ser úteis nos pacientes que não respondem às terapias de primeira linha. As recomendações atuais consistem em oferecer tratamento farmacológico, em geral com terapia de reposição da nicotina ou vareniclina, a todos os que aceitam essa conduta, bem como proporcionar aconselhamento e outras medidas de apoio como parte da tentativa de parar de fumar. Define-se como fumante regular o tabagista com consumo superior a 100 cigarros na vida e que continua fumando. Consumo inferior ao descrito caracteriza-se como fase de experimentação. A pessoa com consumo superior a 100 cigarros na vida e que interrompeu o uso é definida como ex-fumante. O tabagismo é, hoje, a principal causa global de morbimortalidade prevenível. O tratamento para cessação do tabagismo está entre as intervenções médicas que apresentam a melhor relação custo- benefício, superior inclusive aos tratamentos direcionados para hipertensão arterial leve a moderada, dislipidemia e infarto do miocárdio. A prevalência de tabagismo é consistentemente superior no sexo masculino, na raça/cor preta e na região rural. Em relação à escolaridade, as proporções de fumantes são mais expressivas entre aqueles com menor grau de instrução, reduzindo-se progressivamente à medida que se aumentam os anos de estudo. Além disso, a prevalência de fumantes encontrada também se apresenta inversamente proporcional à renda. O fumo passivo está relacionado a diversas doenças respiratórias como rinite, sinusite, otite, asma, Dpoc e câncer de pulmão, além do aumento em 30% do risco cardiovascular (RCV) do indivíduo. Gestantes e seus recém-nascidos expostos à fumaça de derivados do tabaco apresentam mais problemas de saúde. Além de doenças e óbitos, o tabagismo passivo contribui também para a diminuição na fertilidade de homens e mulheres. A nicotina é considerada uma droga psicoativa (ou psicotrópica) estimulante do Sistema Nervoso Central (SNC), uma vez que é capaz de alterá-lo, provocando mudanças no humor, na percepção, no estado emocional, no comportamento e na aprendizagem. A nicotina provoca dependência, já que gera a necessidade compulsiva do uso dela, e o resultado disso é que o cigarro passa a ser controlador do comportamento do indivíduo. A nicotina, assim como as demais Drogas de Dependência, aumenta a liberação de diversos neurotransmissores no SNC, especialmente da dopamina nas sinapses neuronais do sistema mesolímbico. O cérebro dependente de nicotina, dessa forma, tem modificada a sua neurobiologia pelo uso contínuo da substância. A nicotina inalada na fumaça do cigarro chega ao cérebro em um curto período de tempo – aproximadamente 10 segundos – onde alimenta os receptores das células cerebrais capazes de reconhecêla. O organismo então reage à nicotina e adapta a sua funcionalidade à presença da substância, configurando o quadro de dependência física, geralmente no decorrer de um a três meses de uso. Define-se como Tolerância o aumento gradativo da quantidade necessária da droga – no caso, a nicotina – a ser consumida pelo indivíduo para se alcançar os mesmos efeitos. Dessa forma, quanto maior a tolerância, maior a necessidade da substância,o que acaba por resultar em maior dependência física dela. Já a Síndrome de Abstinência (ou Sintomas de Abstinência) refere-se ao surgimento de sinais e sintomas fisiológicos a partir da supressão do efeito da droga, consequente à redução dos estímulos no SNC, e que geralmente desaparecem rapidamente após o consumo da droga – no caso, o cigarro fumado. Dependência psicológica: . O cigarro atua como um regulador de situações emocionais e o seu uso pode ser associado pelo fumante a um melhor desempenho de suas funções cognitivas – a atenção, por exemplo – e consequentemente do seu rendimento. Em diversas circunstâncias, não existe necessidade orgânica de nicotina, porém o fumante usa o cigarro pela expectativa de alcançar uma sensação prazerosa e, dessa forma, passar por situações adversas da vida de uma maneira menos sofrida Existe uma associação do uso do cigarro a outros comportamentos e situações da pessoa fumante. Descreve-se como Dependência comportamental a compulsividade na busca por e no consumo da substância – no caso, a nicotina – a fim de evitar estados disfóricos, sendo resultante ou relacionada a determinadas atividades cotidianas (sociais, ocupacionais ou relacionais), que passam então a girar em torno daquela. O principal instrumento para a Avaliação Quantitativa da pessoa tabagista é o Questionário de Tolerância de Fagerström. Este instrumento fornece uma medida quantitativa, de 0 a 10 pontos, que avalia o grau de dependência física à nicotina, incluindo o processo de tolerância e a compulsão: quanto maior o escore obtido, maior o grau de dependência física A Avaliação Qualitativa pretende identifi car em quais situações o fumante usa o cigarro, relacionando-se não só com a dependência física mas também com a dependência psicológica e o condicionamento. Dessa forma, a avaliação ajuda o próprio fumante a tomar consciência das situações de risco do seu dia a dia, além de auxiliar o profi ssional de saúde a identifi car os principais pontos a serem trabalhados durante todo o processo da abordagem intensiva do fumante. As razões para fumar são agrupadas em nove fatores principais, sendo eles: dependência, prazer de fumar, redução da tensão, estimulação, automatismo, manuseio, tabagismo social, controle de peso e associação estreita. O escore final para cada um destes fatores é calculado a partir da média simples dos escores individuais para as questões relacionadas. Fatores com resultado superior a dois devem ser considerados Fatores de Atenção na abordagem e no acompanhamento do tabagista em cessação, pelo risco que representam de levar à recaída. As estratégias usadas para o tratamento para cessação do tabagismo podem ser divididas em intervenções psicossociais e tratamento medicamentoso. As intervenções psicossociais incluem aconselhamento, materiais de autoajuda e abordagem cognitivo-comportamental, com ênfase nesta última, que representa o alicerce principal do tratamento. O tratamento medicamentoso aumenta significativamente as chances de o fumante alcançar a cessação completa, mas desempenha um papel auxiliar no acompanhamento do indivíduo. A organização de grupos para cessação de tabagismo proposta pelo Consenso de Abordagem e Tratamento do Fumante (2001) e adotada aqui é de quatro sessões estruturadas de duração de 90 minutos cada, com periodicidade semanal. Após as quatro sessões iniciais, recomenda-se acompanhamento posterior, com retornos inicialmente quinzenais, no primeiro mês após o término do grupo, e progressivamente espaçados, a fi m de aumentar as taxas de manutenção da cessação. Após as quatro sessões iniciais, recomenda-se acompanhamento posterior, com retornos inicialmente quinzenais, no primeiro mês após o término do grupo, e progressivamente espaçados, a fi m de aumentar as taxas de manutenção da cessação. O tratamento medicamentoso visa, basicamente, ao controle dos sintomas de abstinência provocados pela suspensão do uso da nicotina, portanto voltado apenas ao que se refere à dependência física. Assim, entende-se seu papel de auxiliar na cessação do tabagismo. Meta- análises descobriram que a abordagem farmacológica, associada a cognitivocomportamental aumenta substancialmente o sucesso da cessação de fumar. A avaliação individual deve ser pelo enfermeiro ou pelo médico de família. As opções para tratamento farmacológico dividem-se em: (a) os medicamentos nicotínicos (Terapia de Reposição de Nicotina – TRN); e (b) os não nicotínicos. São considerados medicamentos de primeira linha para Tratamento de Cessação do Tabagismo no SUS: (1) Terapia de Reposição de Nicotina (TRN), isolada ou associada; (2) bupropiona, isolada ou associada à TRN. A TRN é dividida em agentes de ação rápida – goma e pastilha – e agente de ação longa – adesivo. A TRN aparenta ainda ser tão efetiva quanto à bupropiona, e o tratamento combinado com adesivo e goma de nicotina promove um maior benefício em comparação com o uso isolado de ambos. A dose da reposição baseia-se no grau de dependência de nicotina e, principalmente, no consumo diário de cigarros. Um cigarro libera em média o equivalente a 1 mg de nicotina. Nas semanas iniciais, a dose de nicotina deve ser aproximada do consumo diário de cigarros e ser gradativamente reduzida nas semanas seguintes, uma vez que os sintomas de abstinência tendem a diminuir. São considerados medicamentos de primeira linha para Tratamento de Cessação do Tabagismo no SUS: (1) Terapia de Reposição de Nicotina (TRN), isolada ou associada; (2) bupropiona, isolada ou associada à TRN. A TRN é dividida em agentes de ação rápida – goma e pastilha – e agente de ação longa – adesivo. A TRN aparenta ainda ser tão efetiva quanto à bupropiona, e o tratamento combinado com adesivo e goma de nicotina promove um maior benefício em comparação com o uso isolado de ambos. A dose da reposição baseia-se no grau de dependência de nicotina e, principalmente, no consumo diário de cigarros. Um cigarro libera em média o equivalente a 1 mg de nicotina. Nas semanas iniciais, a dose de nicotina deve ser aproximada do consumo diário de cigarros e ser gradativamente reduzida nas semanas seguintes, uma vez que os sintomas de abstinência tendem a diminuir. O tempo de tratamento preconizado para todas as formas de apresentação é de até três meses, podendo ser adaptada em casos individuais. O adesivo transdérmico de nicotina é encontrado nas apresentações de 21 mg, 14 mg e 7 mg, e sua posologia varia de acordo com o grau de dependência física à nicotina, avaliada por meio do escore obtido no Questionário de Fagerström ou simplesmente pelo número de cigarros fumados por dia. O adesivo deve ser fixado na pele, trocado a cada 24 horas4 , fazendo um rodízio do local da aplicação a cada 24 horas. Deve- se evitar colocá-lo no seio (em mulheres), em regiões de pelos ou em áreas expostas ao sol. Não há, porém, restrição quanto ao uso na água. Recomenda-se o início do uso a partir da cessação tabágica5 , devido à possibilidade, embora remota, de intoxicação nicotínica em indivíduos que usam o adesivo e continuam fumando. A posologia recomendada é decrescente6 , uma vez os sintomas de abstinência são controlados com o passar do tempo. Para tabagistas com escore do teste de Fagerström entre 8 a 10, e/ou tabagistas que fumam mais de 20 cigarros por dia, recomenda-se o seguinte esquema Para tabagistas com escore do teste de Fagerström entre 5 a 7; e/ou tabagistas que fumam de 10 a 20 cigarros por dia e que fumam seu primeiro cigarro nos primeiros 30 minutos após acordar, recomenda-se o seguinte esquema O efeito colateral mais comum é irritação local, podendo chegar a eritema infiltrativo. Com menos frequência, podem ocorrer náuseas, vômitos, hipersalivação e diarreia. Raramente pode haver palpitação e angina pectoris. A concentração da goma de mascar de nicotina disponível é de 2 mg. Os usuários devem ser orientados a não fumar após o início do medicamento. Recomenda-se que a goma seja mascada com força várias vezes até sentir uma sensação de formigamentoou gosto picante na boca. A partir desse momento, ele deve parar de mascar, repousar a goma entre a bochecha e a gengiva, até passar essa sensação, e voltar a fazer a mastigação com força, repetindo essa operação por 30 minutos, após os quais deve jogar a goma fora. Não se pode ingerir líquidos ou alimentos, mesmo que seja água, 15 minutos antes, durante e após 30 minutos do uso. Os usuários necessariamente precisam ser orientados a não fumar após o início do medicamento. Recomenda-se o seguinte esquema, a partir da cessação tabágica, não extrapolando a dose máxima recomendada de 15 gomas ao dia. Semana 1 a 4: 1 tablete de 2 mg a cada 1 a 2 horas. Semana 5 a 8: 1 tablete de 2 mg a cada 2 a 4 horas; Semana 9 a 12: 1 tablete de 2 mg a cada 4 a 8 horas. Duração total do tratamento: 12 semanas. Além do gosto desagradável, outros possíveis efeitos colaterais são: vertigem, cefaleia, náuseas, vômitos, desconforto gastrintestinal, soluços, dor de garganta, dor bucal, aftas, fadiga muscular com dor na região mandibular, hipersalivação e amolecimento dos dentes. A pastilha de nicotina está disponível na concentração de 2 mg. As patilhas devem ser acondicionadas na boca, aguardando sua dissolução completa (o que dura em torno de 20 a 30 minutos), propiciando a absorção oral da nicotina. Não se deve, portanto, morder a pastilha, bem como ingerir bebidas ou alimentos durante o uso para não interferir na absorção de nicotina. Os usuários devem ser orientados a não fumar após o início do medicamento. Recomenda-se o seguinte esquema a partir da cessação tabágica, não extrapolando a dose máxima recomendada de 15 pastilhas ao dia. Semana 1 a 4: 1 pastilha a cada 1 a 2 horas. Semana 5 a 8: 1 pastilha a cada 2 a 4 horas. Semana 9 a 12: 1 pastilha a cada 4 a 8 horas. Duração total do tratamento: 12 semanas. Os efeitos colaterais mais comuns são: tonteira, cefaleia, náuseas, vômitos, desconforto gastrintestinal, eructação, diarreia, flatulência, constipação, ulceração na boca ou língua A pastilha de nicotina está disponível na concentração de 2 mg. As patilhas devem ser acondicionadas na boca, aguardando sua dissolução completa (o que dura em torno de 20 a 30 minutos), propiciando a absorção oral da nicotina. Não se deve, portanto, morder a pastilha, bem como ingerir bebidas ou alimentos durante o uso para não interferir na absorção de nicotina. Os usuários devem ser orientados a não fumar após o início do medicamento. Recomenda-se o seguinte esquema a partir da cessação tabágica, não extrapolando a dose máxima recomendada de 15 pastilhas ao dia. Semana 1 a 4: 1 pastilha a cada 1 a 2 horas. Semana 5 a 8: 1 pastilha a cada 2 a 4 horas. Semana 9 a 12: 1 pastilha a cada 4 a 8 horas. Duração total do tratamento: 12 semanas. Os efeitos colaterais mais comuns são: tonteira, cefaleia, náuseas, vômitos, desconforto gastrintestinal, eructação, diarreia, flatulência, constipação, ulceração na boca ou língua contraindicações: Absolutas: o Qualquer apresentação: – Hipersensibilidade ao medicamento. – Doença cardiovascular não compensada. – Quadro de angina pectoris constante. – Eventos coronarianos agudos em um período inferior a duas semanas. o Adesivo: – Vigência de doenças dermatológicas que impeçam a adequada aplicação. Goma: – Incapacidade de mascar. – Afecções ativas da articulação temporomandibular. – Úlcera péptica ativa. o Pastilha: – Fenilcetonúria (devido à presença de aspartame na composição). – Úlcera péptica ativa. • Relativas: o Gravidez e amamentação (preferir agentes de ação rápida). o Idade inferior a 18 anos. Cloridrato de bupropiona é um antidepressivo e fármaco de primeira linha para tratamento de cessação de tabagismo para fumantes que necessitam auxílio farmacológico para abandonar o hábito. O seu efeito antidepressivo não explica completamente o seu efeito para cessação do tabagismo, que pode ter relação com a redução do transporte neuronal de neurotransmissores – dopamina e noradrenalina – ou do antagonismo aos receptores nicotínicos. O cloridrato de bupropiona está disponível na apresentação de 150 mg por comprimido. Recomenda-se o seguinte esquema de tratamento: Primeiros três dias de tratamento: 1 comprimido de 150 mg pela manhã. A partir do quarto dia de tratamento, até completar 12 semanas: 1 comprimido de 150 mg duas vezes ao dia (manhã e tarde, com intervalo de 8 horas entre as doses). Como a bupropiona leva de cinco a sete dias para atingir níveis terapêuticos, deve ser iniciada uma semana antes da data marcada para parar de fumar. Recomenda-se que os comprimidos sejam tomados pela manhã e pela tarde, evitando a proximidade da segunda dose com o horário de dormir, já que a insônia é um dos principais efeitos colaterais. Em geral, a bupropiona é bem tolerada, e seus efeitos colaterais mais comuns são boca s.eca, insônia (sono entrecortado), cefaleia, constipação intestinal, urticária e, em altas doses, risco de convulsão. Quando usada em associação à TRN, recomenda-se a monitorização da pressão arterial, que pode se elevar. Um efeito adverso interessante do medicamento é a tendência à perda de peso, o que pode compensar em parte o risco de ganho ponderal conferido pela cessação tabágica. A duração recomendada para o tratamento é de 12 semanas. Entretanto, um tratamento mais prolongado pode ser considerado em casos selecionados, como em ocorrência de recaídas prévias ou no intuito de manter o efeito antidepressivo da bupropiona. Contraindicações absolutas: Hipersensibilidade ao medicamento. • Antecedente convulsivo ou epilepsia ou qualquer outro risco para convulsão. • Alcoolistas em fase de retirada do álcool. • Doença cerebrovascular. • Bulimia ou anorexia nervosa. • Uso de inibidor da MAO há menos de 15 dias. • Gestação e amamentação. As contraindicações relativas são Uso concomitante de carbamazepina, cimetidina, barbitúricos, fenitoína, antipsicóticos, antidepressivos, teofi lina, corticoesteroides sistêmicos, pseudoefedrina ou benzodiazepínicos. • Diabetes mellitus em uso de hipoglicemiante oral ou insulina. • Hipertensão arterial não controlada. Recomenda-se que o uso da terapia combinada seja reservado para usuários que não conseguiram parar de fumar com monoterapia, ou para aqueles que apresentem “fi ssura” por fumar importante, apesar do uso da monoterapia. Neste caso, recomenda-se dar preferência para associações com goma de mascar ou pastilha de nicotina. • São possibilidades de associação de medicamentos: • Adesivo de nicotina + goma de mascar de nicotina • Adesivo de nicotina + pastilha de nicotina • Adesivo de nicotina + bupropiona • Bupropiona + goma de mascar de nicotina • Bupropiona + pastilha de nicotina • Adesivo de nicotina + bupropiona + goma de mascar de nicotina • Adesivo de nicotina + bupropiona + pastilha de nicotina. Obstáculos e desafios para a cessação: os principais fatores para o ganho de peso são a melhora do paladar ao se parar de fumar, a repetição do hábito de se colocar algo na boca, o estresse e a ansiedade envolvidos no processo de cessação, a premiação por ter conseguido cessar o tabagismo, além da redução do metabolismo corporal. Quando se para de oferecer nicotina ao cérebro, ele reage à sua ausência. Os principais sinais e sintomas dessa síndrome são: Disforia. • Irritabilidade. • Tonteira e vertigens. • Cefaleia. • Agressividade. • Tristeza. • Ansiedade. • Agitação. • Dificuldade de concentração. • Distúrbios do sono. • Bradicardia. • Fissura, definida como um forte de desejo em fumar. Os sintomas iniciam cerca de 8 horas após a interrupção de uso, tendo sua intensidade aumentada nos três a quatro primeiros dias, desaparecendo em torno de uma a duas semanas. A fissura tende a permanecer por mais tempo que os demais sintomas, porém ela vai reduzindo gradativamente a sua intensidade e aumentando o intervalo entre um episódio e o outro. A fissura em geral não dura mais que cinco minutos, por isso é importante orientar ao usuário que nesse momento tenha estratégias para que ele passe mais brevemente, e que não tenha recaídas.
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