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Amanda Freitas-Medicina 6° Período 1 @s.o.s_med ç Puericultura é a consulta periódica de uma criança feita com o propósito de avaliar seu crescimento e desenvolvimento de maneira próxima. ° A primeira consulta do recém-nascido deverá ocorrer na sua primeira semana de vida. As demais consultas seguem um padrão dependendo da idade da criança. Avalia: identificação, queixa principal / consulta de rotina, antecedentes familiares e pessoais, historia gestacional e neonatal, calendário vacinal, amamentação / alimentação, Apgar. Avaliação do estado geral, ectoscopia, abdome, sistema cardiovascular, sistema respiratório, locomotor, genitais. Teste do olhinho, orelhinha, boquinha, pezinho, parasitológico, hemograma e sumário de urina (se necessário). ç ç Leite materno exclusivo até os 6 meses, após isso introduzir alimentação variada de acordo com a idade. BCG, Hepatite, tríplice bacteriana, pólio, HPV etc. Amanda Freitas-Medicina 6° Período 2 @s.o.s_med ç A puericultura tem como base a consulta médica periódica e sistemática, cujo foco é a prevenção e a educação em saúde, sendo fundamental o vínculo do pediatra com a criança e a família. O atendimento ambulatorial de puericultura é destinado à criança saudável, para a prevenção, e não para o tratamento de doenças. A primeira consulta do recém-nascido deverá ocorrer na sua primeira semana de vida. A puericultura inclui as ações a serem realizadas nos atendimentos agendados em conformidade com a idade da criança. Nessas consultas, o pediatra tem que estar habilitado a avaliar e monitorar: • Estado nutricional • História alimentar • Curva de crescimento • Estado vacinal • Desenvolvimento neuropsicomotor • Desempenho escolar e cuidados dispensados pela escola • Padrão de atividades físicas diárias • Capacidade visual • Condições do meio ambiente • Cuidados domiciliares • Sono • Função auditiva • Saúde bucal São fundamentais a utilização e o correto preenchimento da caderneta de saúde da criança. É produtivo e provocador começar a consulta com perguntas gatilho ou perguntas facilitadoras, como: • Quais são suas preocupações hoje? • Desde nossa última consulta, quais as novidades que a Julia apresentou? • Ocorreu alguma mudança importante na família desde a nossa última consulta? • Do que vocês mais gostam na Julia? • E o que ele come diariamente? Deve-se realizar a anamnese abrangente de forma organizada, focada no contexto clínico, psíquico, social e cultural. Os antecedentes familiares são fundamentais diante do comprovado aumento de risco para certas doenças, como alguns tipos de câncer, dislipidemias, hipertensão arterial, diabetes, osteoporose, doenças da tireoide, entre outros. Também são importantes os antecedentes pessoais, incluindo a vida gestacional, como suplementação de ômega 3, vitamina D, ferro e ácido fólico durante a gestação; o nascimento, incluindo Amanda Freitas-Medicina 6° Período 3 @s.o.s_med o tipo de parto, peso ao nascer, idade gestacional, Apgar, icterícia, internação; tempo de aleitamento materno, idade da introdução de fórmulas, medicamentos em uso, suplementação de vitaminas e minerais e intercorrências anteriores. ↬ Identificação: nome, idade, sexo, etnia, nacionalidade, estado civil, residência atual, residência anterior, ocupação; ↬ Queixa principal: p.ex↠ “abdome distendido a 3 dias” ↬ HDA: p.ex↠ “genitora relata presença de abdome distendido em lactente acerca de 3 dias, associado a interrupção das fezes e choro intenso”. ↬ Interrogatório sintomatológico: ‣ Geral: informar sobre o sono do RN↠ se dorme bem, qts hrs?, há irritabilidade? Prostação? Dificuldade para amamentar? ‣ Sist. Tegumentar: pápulas, manchas, placas, descamações, alterações da cor da pele (icterícia ou palidez↠ avaliar em ++++; ‣ Sist. Cardiovascular: dispneia ao amamentar, edema, cianose; ‣ Sist. Respiratório: congestão nasal, coriza, tosse, cianose, esforço respiratório, roncos, sibilos; ‣ Sist. Gastrintestinal: ritmo intestinal, característica das fezes, vômitos; ‣ Sist. Geniturinário: n° de micções, características da urina (cor, odor, quant). No sexo masc questionar se o jato é forte e longo ou fraco e curto; ↬ História patológica pregressa: doenças exantemáticas comuns na infância e outras doenças comuns em cada idade e suas recorrências, reações alérgicas, cirurgias; ↬ História patológica familiar: pai, mãe, irmãos, parentes próximos (avós, tios, primos), consanguinidade; ↬ História materna, da gravidez e parto: ACO ( ), abortos, GO ( ), medicações, intercorrências no parto (DM gestacional, infecções), vias do parto (natural ou cesariano), exames complementares feitos na mãe (sorologias etc), tipo sanguíneo materno ABO-Rh; ↬ História neonatal: RN pré-termo (< 37 semanas), termo (37-42 semanas) ou pós-termo (> 42 semanas)? Houve intercorrências no parto (aspiração de mecônio, trabalho de parto prolongado)? Qual o grupo sanguíneo? PT/RNT, escala de Apgar, mecônio, coto umbilical; ↬ Vacinação: verificar caderneta de saúde da criança. O recém-nascido deve ter recebido BCG e primeira dose da vacina anti-hepatite B no primeiro dia de vida; ↬ História alimentar: AME; ↬ História socioeconômica: atividade dos pais, irmãos, renda familiar, moradia, atividade física e lazer; ↬ Medicamentos ou drogas: antibióticos etc; ↬ Desenvolvimento neuropsicomotor: No desenvolvimento do RN, até a 4a semana de vida, é esperado que em posição prona mantenha atitude fletida, gire a cabeça de um lado para o outro. Quando suspenso ventralmente, espera-se que a cabeça fique pendida. Na posição supina, fica geralmente fletido, um pouco rígido. Pode fixar o olhar em faces ou na luz na linha de visão. Quando vira o corpo, apresenta "olhos de boneca: Tem preferência visual pela face humana. Amanda Freitas-Medicina 6° Período 4 @s.o.s_med Deve ser completo, realizado com o lactente sem roupa, a criança com roupas íntimas e o adolescente sempre na presença dos pais. A medida rotineira da PA está indicada a partir dos 3 anos de idade. Pode-se identificar sinais de doenças que necessitem de acompanhamento a longo prazo ou que determinem intervenções imediatas. Deve-se primeiramente avaliar o estado geral do recém-nascido: postura normal do recém-nascido (extremidades fletidas, mãos fechadas e o rosto dirigido a um dos lados). Avaliar o estado de vigília: estado de alerta, sono leve ou profundo e o choro. Identificar sinais de desidratação, avaliar pele e fontanelas. Avaliar temperatura axilar: normal entre 36,4°C e 37,5°C. ↬ Ectoscopia: ‣ Pesquisar alguma assimetria, malformação, deformidade ou aparência sindrômica; ‣ Avaliar a cor da pele↠ clara, ictérica, cianótica; ‣ Turgor; ‣ Ocorrência de descamação; ‣ Manchas↠ mongólicas, eritema tóxico; ‣ Equimoses; ‣ Hematomas; ‣ Lesões cortocontusas, que podem ocorrer no momento do parto; ‣ Procurar evidencias de síndromes genéticas↠ fronte proeminente, micro ou macrocrania, alterações no dorso nasal, pregas epicânticas, hipertelorismo, orelhas de baixa implantação, micrognatia, protusão da língua, pescoço alado; ‣ Na boca↠ avaliar os lábios e o palato: se em ogiva, fenda palatina, se há fissura labiopalatal etc; ‣ Pesquisar se há dentes neonatais (dentesao nascimento, mais comuns nas meninas); ‣ Observar a anatomia da língua e freio lingual (anquiloglossia parcial ou “língua presa”, verificar gengivas; ‣ Observar a posição dos mamilos e a posição do coto umbilical no abdome, verificando se tem 2 artérias e 1 veia; ‣ Avaliar genitália; ‣ Observar região sacral em busca de fóveas, fossetas, tufos capilares, proeminências (mielomeningocele), manchas (mongólicas); ‣ Avaliar membros↠ dedos das mãos (quirodáctilos) e dos pés (pododáctilos). Observar palma das mãos em busca de linha palmar transversa continua e formato da planta do pé. Avaliar posição dos pés em relação aos tornozelos; ‣ Verificar se as narinas e a região anal estão pérvias, por meio de uma sonda fina introduzida delicadamente nestes orifícios; ‣ Cabeça↠ suturas (fontanelas), simetria, formato, macrocefalia, microcefalia, Encefalocele, plagiocefalia, pulsação, fáceis; ‣ Pescoço↠ gânglios, massa e mobilidade; ‣ Ouvido↠ posição, formato, canal auditivo (permeabilidade); Amanda Freitas-Medicina 6° Período 5 @s.o.s_med ‣ Olhos↠ movimentos, posição, alterações de escleróticas e pupilas; OBS: a fontanela anterior mede de 1cm a 4cm e fecha-se do 9° ao 18° mês e não deve estar fechada no momento do nascimento. A fontanela posterior é triangular, mede cerca de 0,5cm e fecha-se até o segundo mês. Não devem estar túrgidas, abauladas ou deprimidas. Podem existir bossa serossanguínea e cefalematomas, os quais desaparecem espontaneamente. ↬ Aparelho cardiovascular: realizar ausculta atenciosa de todo o tórax. Observar visualmente o ictus cordis e palpá-lo para identificação de frêmitos de origem cardíaca. Sua posição varia de acordo com a faixa etária, localizando-se lateralmente à linha hemiclavicular esquerda no 3° espaço intercostal esquerdo no recém-nascido. Contar a frequência cardíaca e avaliar o ritmo. Lembrar que a arritmia sinusal ou respiratória é normal na infância e que nesta situação, a frequência cardíaca aumenta com a inspiração e diminui na expiração. Palpar os pulsos femorais. Observar se ocorrem sopros cardíacos e avaliar sua intensidade. Deve-se estar atento a cianoses, edemas, tamanho do fígado e reflexos hepato-jugulares. ↬ Aparelho respiratório: Durante a inspeção, procurar sinais de esforço respiratório (avaliar se há tiragem subcostal, intercostal e fúrcula; batimento de asas do nariz; observar se ocorrem cianose, batimento de aletas nasais e balancim toracoabdominal - assincronia entre o movimento do tórax e do abdome no ciclo respiratório). Avaliar frêmito torácico, proceder à ausculta do tórax para avaliação do murmúrio vesicular. Observar se há ruídos adventícios (sibilos, estertores). Contar a frequência respiratória do RN em 1 min. ↬ Abdome: Avaliar a forma do abdome (globoso, plano, escavado), tensão (abdome intensamente flácido, com pele enrugada e vísceras abdominais palpáveis como na síndrome de prune belly), ocorrência de visceromegalias e massas palpáveis. A percussão, avaliar o timpanismo. A ausculta, observar os ruídos hidroaéreos. Avaliar cordão umbilical, contando número de artérias e veias (normalmente duas artérias e uma veia). ↬ Genitália: Verificar se é típica masculina ou feminina. Na genitália masculina, procurar testículos na bolsa escrota! e na região inguinal. Verificar se há exposição da glande e, havendo, observar se há epispadia ou hipospadia (o meato uretral externo localizado na face dorsal do pênis ou na face ventral do pênis, respectivamente). Nas meninas, verificar se há sinequia (aderência) de pequenos lábios, hipertrofia de lábios vulvares, de clitóris (comuns na hiperplasia congênita de suprarrenal). Atenção!! a) Edema: se for generalizado (doença hemolítica, cristaloides em excesso, insuficiência cardíaca ou sepse), se for localizado (trauma de parto); b) Palidez: sugere sangramento, anemia, vasoconstrição periférica ou sinal de arlequim; c) Cianose: se for generalizada (doenças cardiorrespiratórias graves), se for localizada (hipotermia); d) Icterícia: observar localização; Amanda Freitas-Medicina 6° Período 6 @s.o.s_med ↬ Membros: Pesquisa dos sinais de Ortolani e Barlow para identificação de luxação congênita do quadril. Observar o formato dos membros, se há edema, hipoplasia, alterações nos dedos dos pés ou das mãos- polidactilias, sindactilias -, se há alguma alteração observada durante a palpação de clavículas (crepitação, por fratura, que pode ocorrer no parto). Pesquisa de reflexos e sinais neurológicos: buscar identificar hipertonias, hipotonias, movimentos anormais e reflexos tendinosos e cutâneo-plantar (devem ser interpretados no contexto geral do exame neurológico; isolados, nesta faixa etária, não fundamentam diagnóstico e não ditam conduta). Avaliar igualmente reflexos primitivos, (tônico-cervical e preensão palmar e plantar). Deve ser realizado nas primeiras consultas (15 dias, 30 dias e 2 meses). ç A avaliação do crescimento na rotina de atenção à criança visa a três aspectos fundamentais: • Detectar precocemente o que está afetando o crescimento do paciente para inferir e obter sua recuperação; • Identificar as variações da normalidade, tranquilizar a criança e a família, evitando possíveis intervenções prejudiciais; • Identificar problemas que não podem ser curados, mas que possam ser minimizados, e prover apoio ao paciente e à família ao lidar com as dificuldades; Ao nascer, o menino mede em torno de 50 cm, e a menina, 49 cm de comprimento, com variação de + / - 2 cm. O peso é, em média, de 3.300 g. crianças nascidas com peso menor que 2.500 g são denominadas de baixo peso, e entre 2.500 g e 3.000 g, de peso insuficiente. Consideram-se normais tanto uma perda de peso de até 10% ao nascer quanto a sua recuperação até o 15° dia de vida. O perímetro cefálico com medidas acima ou abaixo de dois desvios padrão (< -2 ou > +2 escores “z”) pode estar relacionado com doenças neurológicas, como microcefalia e hidrocefalia. OBS: O pico da velocidade de crescimento em comprimento durante o período intrauterino acontece no 2º trimestre da gravidez, e o do peso, no último trimestre. Assim, se o recém-nascido (RN) apresenta um comprometimento só do peso, é maior a probabilidade de o agravo ter ocorrido nos meses finais da gestação, mas se houver uma diminuição do comprimento, é bem mais provável que o agravo tenha ocorrido há mais tempo. O crescimento pós-natal pode ser dividido em três fases: ▪ Uma fase de crescimento rápido e desaceleração rápida→ vai dos 2,5 anos até os 3 anos; ▪ Uma fase de crescimento mais estável com desaceleração lenta→ vai até o início da puberdade; ▪ Uma fase puberal com o estirão→ crescimento rápido até o pico e desaceleração posterior até a idade adulta; Amanda Freitas-Medicina 6° Período 7 @s.o.s_med OBS: Em algumas crianças, é observado um pequeno estirão entre 7 e 8 anos de idade, denominado estirão do meio da infância. A criança cresce em torno de 25 cm no primeiro ano, sendo 15 cm no primeiro semestre e 10 cm no segundo. No segundo ano, cresce de 10 a 12 cm. A partir do terceiro ano, o crescimento é entre 5 e 7 cm por ano, de forma oscilante, mas com ligeiro decréscimo. ↬ Perímetro cefálico x idade: ↬ Peso X Idade: Amanda Freitas-Medicina 6° Período 8 @s.o.s_med ↬Comprimento X Idade: ↬ Altura X Idade: Amanda Freitas-Medicina 6° Período 9 @s.o.s_med ↬ IMC X Idade: Devem-se conferir os marcos do desenvolvimento. O desenvolvimento da criança está associado à interação entre a influência biológica da própria espécie e do próprio indivíduo e a sua história e seu contexto sociocultural. O crescimento emerge a partir da interação com fatores ambientais. A avaliação do desenvolvimento deve ser um processo contínuo de acompanhamento das atividades relativas ao potencial de cada criança, com vistas à detecção precoce de desvios ou atrasos. Sendo um processo dinâmico, as avaliações do desenvolvimento devem acontecer em todas as visitas de puericultura, de forma individualizada e compartilhada com a família. Amanda Freitas-Medicina 6° Período 10 @s.o.s_med No exame dos olhos, deve-se estar atento ao tamanho das pupilas, pesquisar o reflexo fotomotor bilateralmente, assim como o reflexo vermelho que avalia a transparência dos meios e, no caso da suspeita de opacidades, encaminhar para um exame oftalmológico minucioso. A audição inicia-se por volta do 5° mês de gestação, portanto, ao nascimento, a criança já está familiarizada com os ruídos do organismo materno e com as vozes de seus familiares. Deve-se perguntar se o bebê se assusta, chora ou acorda com sons intensos e repentinos, se é capaz de reconhecer e se acalmar com a voz materna e se procura a origem dos sons. Quanto à interação social, o olhar e o sorriso, presentes desde o nascimento, representam formas de comunicação, mas, entre a 4° e a 6° semana de vida surge o “sorriso social” desencadeado por estímulo, principalmente pela face humana. Já no segundo semestre de vida, a criança não responde mais com um sorriso a qualquer adulto, pois passa a distinguir o familiar do estranho. Deve-se verificar se o paciente é agressivo, passivo, depressivo, hiperativo, e tal comportamento deve constar na ficha. ç ç Deve-se realizar a triagem universal de recém-nascidos e prevenção contra ruídos e barulhos. É obrigatória desde 2010. Importante na detecção precoce da deficiência auditiva→ avalia as vias auditivas cocleares periféricas, o tronco encefálico e o nervo auditivo. Se o teste for realizado nos recém-nascidos preferencialmente até o final do primeiro mês, ele possibilitará um diagnóstico mais definitivo por volta do 4º e 5º mês, bem como o início da reabilitação até os 6 meses. São recomendadas técnicas associadas de potencial evocado auditivo de tronco encefálico automático (Peate) – mais conhecido como Bera – e emissões otoacústicas (EOA), que tecnicamente são testes de triagem de alta acurácia. Com ele é possível detectar doenças metabólicas, hereditárias e infecciosas que não se manifestam clinicamente no nascimento. É obrigatório por lei desde 1991. Amanda Freitas-Medicina 6° Período 11 @s.o.s_med Detecta alterações no frênulo lingual que provocam a anquiloglossia (língua presa). É obrogatorio desde junho de 2014. ç Feito pela oximetria de pulso e fornece diagnóstico precoce de cardiopatia congênita. ç Reflexo fotomotor: projeta-se um feixe de luz em posição ligeiramente lateral a um olho. A pupila deve contrair rapidamente. Deve ser repetido no outro olho em comparação. Teste do reflexo vermelho ou Bruckner test: realizado na penumbra, com o oftalmoscópio colocado aprox. 5-10cm de distância dos olhos, deve-se iluminar os dois olhos simultaneamente para se observar o reflexo vermelho nos dois olhos. Se houver uma opacidade em algum olho, deve ser avaliada imediatamente, com risco de catarata congênita, retinoblastoma ou retinopatia. Deve ser feito na primeira consulta e repetido aos 4, 6 e 12 meses e na consulta dos 2 anos. O teste de triagem para ambliopia e estrabismo é recomendado para todas as crianças normais, pelo menos uma vez a partir dos 3 anos de idade. É recomendável realizar testes de alinhamento ocular (Hirschberg e cobertura) durante o 1º ano de vida (a partir dos 4 meses) e repeti-los anualmente até a idade escolar. A partir dos 3 anos, está indicada a triagem da acuidade visual, usando-se tabelas de letras ou figuras. O teste de Hirschberg é realizado colocando-se um foco de luz a 30cm da raiz nasal da criança e observando-se o reflexo nas pupilas. Qualquer desvio do reflexo do centro da pupila é manifestação clínica de estrabismo. Amanda Freitas-Medicina 6° Período 12 @s.o.s_med ç ç Está recomendada a suplementação de flúor, por via oral, dos 6 meses até os 16 anos, de acordo com o grau de fluoretação da água ingerida. Em comunidades cuja água tenha menos de 0,3 ppm, a dose de flúor é de 0,25 mg/dia para crianças de 6 meses a 3 anos, 0,5 mg/dia para crianças de 3 a 6 anos, e 1 mg/ dia para crianças de 6 a 16 anos. O encaminhamento ao dentista deve ser feito entre 1 e 3 anos de idade. Deve-se conferir se foi realizada; se foi, deve-se recomendar e valorizar os resultados, explicando que são doenças raras, mas quando diagnosticadas precocemente, mudam uma vida. ç Avaliar a caderneta nacional de saúde da criança. (Anexo) Alguns são protocolares, como a hematimetria com ferritina e o protoparasitológico no 1º ano de vida; outros são eventuais segundo conhecimento do risco dos antecedentes, por exemplo: em dislipêmicos, incluir, a partir dos 3 anos de idade, perfil lipídico e glicemia; nos afrodescendentes, incluir controle semestral da pressão arterial; em obesos e usuários de corticosteroides, como os atópicos, solicitar a dosagem da 25- OH- -vitamina D. De modo geral, é preciso conhecer muito bem os antecedentes familiares e pessoais e os riscos relativos a determinadas doenças para iniciar precocemente a prevenção. Outros exames laboratoriais que podem eventualmente serem solicitados: hemograma, sumário de urina OBS: O Programa Nacional de Suplementação de Ferro recomenda suplementação a todas as crianças de 6 a 18 meses (a partir dos 4 meses para as que não estiverem em aleitamento materno exclusivo) e mais cedo para as de baixo peso ao nascer e as prematuras. Amanda Freitas-Medicina 6° Período 13 @s.o.s_med ç A amamentação, quando praticada de forma exclusiva até os 6 meses e complementada com alimentos apropriados até os 2 anos de idade ou mais, demonstra grande potencial transformador no crescimento, desenvolvimento e prevenção de doenças na infância e idade adulta. A abordagem durante o pré-natal é de fundamental importância para as orientações sobre: ▪ Como o leite é produzido; ▪ A importância da amamentação precoce e sob livre demanda; ▪ A importância do alojamento conjunto; ▪ Os riscos do uso de chupetas, mamadeiras e qualquer tipo de bico artificial; ▪ Correto posicionamento da criança e pega da aréola; ▪ Ordenha manual do leite, como guardá-lo e doá-lo; A mãe deve ser orientada sobre os sinais que indicam que o bebê está pronto para mamar (movimento dos olhos, da cabeça, sinais de procura com a língua para fora, agitação dos braços, mãos na boca, etc.), não sendo necessário esperar o choro do bebê.Técnica de amamentação • A cabeça do bebê está no mesmo nível da mama da mãe e o queixo está tocando-a. • A boca está bem aberta. • O lábio inferior está virado para fora. • As bochechas estão arredondadas (não encovadas) ou achatadas contra a mama. • Vê-se pouco a aréola durante a mamada (mais a porção superior da aréola do que a inferior). • A mama parece arredondada, não repuxada. • As sucções são lentas e profundas: o bebê suga, dá uma pausa e suga novamente (sucção, deglutição e respiração). • A mãe pode ouvir o bebê deglutindo. • O corpo do bebê está totalmente voltado para o corpo da mãe (posição de barriga com barriga) e um dos braços está ao redor do corpo da mãe. • A cabeça e o corpo do bebê estão alinhados. • A mãe está sentada de forma confortável e relaxada. • Não é necessário limpar os mamilos antes das mamadas. Banho diário e uso de um sutiã limpo são suficientes. Caso se observe alguma das situações relacionadas a seguir, faz-se necessária reavaliação da técnica de amamentação: • O bebê apresenta as bochechas encovadas durante a sucção ou realiza ruídos audíveis da língua. • A mama da mãe está esticada/deformada durante a mamada ou os mamilos estão com estrias vermelhas ou áreas esbranquiçadas ou achatadas quando o bebê larga a mama. Amanda Freitas-Medicina 6° Período 14 @s.o.s_med • A mãe apresenta dor durante a amamentação Vantagens da amamentação Para o bebê: • Diminuição de morbidade; • Redução de hospitalizações; • Redução de alergias; • Redução da obesidade; • Diminuição do risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes; • Melhor nutrição; • Efeito positivo no desenvolvimento intelectual; • Melhor desenvolvimento da cavidade bucal; Para a mãe: • Involução uterina mais rápido; • Perda mais rápido de peso da gestação; • Aumento no intervalo das gestações; • Maior interação com o bebê; • Diminuição do risco de câncer de mama e ovário; Contraindicações para a amamentação • Mães infectadas pelo HIV; • Mães infectadas pelo HTLV 1 e 2; • Uso de medicamentos como radiofármacos; • Criança portadora de galactosemia e fenilcetonúria; OBS: caso a mãe tenha feito uso de drogas, existe um intervalo para liberar a amamentação Alimentação da criança de 6 meses a 2 anos Amanda Freitas-Medicina 6° Período 15 @s.o.s_med Amanda Freitas-Medicina 6° Período 16 @s.o.s_med