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Processo civil 1 - teoria geral dos recursos

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TEORIA GERAL DOS 
RECURSOS 
1. INTRODUÇÃO. 
CONCEITO DE RECURSO. 
“É o remédio voluntário idôneo a ensejar dentro do mesmo 
processo, a reforma, invalidação, o esclarecimento ou a 
integração da decisão judicial que impugna” (Barbosa 
Moreira) 
O conceito ressalta a voluntariedade (exclui a remessa necessária) 
e a circunstância de que ele se dá na mesma relação processual, o 
que diferencia o recurso de outros meios autônomos de impugnação 
de decisões judiciais, como a ação rescisória, o mandado de 
segurança e os embargos de terceiro. 
2. PRINCÍPIOS QUE ORIENTAM O TRATO DOS RECURSOS 
A. DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO 
Trata-se do direito a uma reapreciação, por órgão revisor, da 
decisão que prejudica; depreende-se da CF pelo quanto ela 
estabelece as competências recursais dos tribunais, mas não é uma 
garantia expressa. 
Tanto que há exceções: 
Ex. lei de execução fiscal (Lei 6.830/80), art. 34, 
execuções/embargos até 50 OTNs; processo de 
competência originária do STF, julgado pelo plenário. 
B. TAXATIVIDADE 
CF. Art. 22, I (“compete à União, privativamente, legislar sobre 
processo); Só a lei federal pode criar recursos. 
Quais são: apelação, agravo de instrumento, embargos de 
declaração, agravo interno, recurso especial, recurso extraordinário, 
agravo em RESP, agravo em REXT, embargos de divergência. 
C. UNIRRECORRIBILIDADE DAS DECISÕES 
Para cada tipo de decisão judicial, um único recurso; 
Exceção à unirrecorribilidade: 
embargos de declaração cabem contra qualquer decisão, 
e interposição simultânea de RESP e REXT. 
D. FUNGIBILIDADE RECURSAL 
Quando há séria dúvida (ausência de erro grosseiro) sobre o recurso 
adequado, admite-se que o recurso equivocado seja recebido como 
se o correto fosse. 
E. PROIBIÇÃO DE REFORMATIO IN PEIUS 
A decisão do recurso não pode agravar a situação do recorrente. 
Não se aplica ao reexame necessário, nem ao que é examinável de 
ofício. 
F. COLEGIALIDADE 
É da essência dos recursos a natureza colegiada de suas decisões, 
salvo as exceções legais (art. 932, III, IV e V), frequentemente 
banalizadas. 
3. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE E JUÍZO DE MÉRITO 
3.1. JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE. PRESSUPOSTOS DE 
ADMISSIBILIDADE - CABIMENTO (RECORRIBILIDADE E 
ADEQUAÇÃO). 
Cabe recurso contra tal decisão? O recurso interposto é o adequado? 
- legitimidade recursal – quem pode recorrer? 
Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, 
pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, como 
parte ou como fiscal da ordem jurídica. Parágrafo único. 
Cumpre ao terceiro demonstrar a possibilidade de a decisão 
sobre a relação jurídica submetida à apreciação judicial 
atingir direito de que se afirme titular ou que possa discutir 
em juízo como substituto processual. Parte, MP, terceiro 
prejudicado (o mesmo que poderia ter ingressado – ou que 
ingressou - como assistente, porque tem interesse jurídico, ou 
seja, tem alguma relação jurídica com alguma das partes, que 
vai sofrer reflexo da decisão recorrida. 
Ex. o adquirente, na ação pela coisa, entre alguém e o alienante). 
INTERESSE RECURSAL: 
- NECESSIDADE = inexistência de outro meio mais eficaz e racional 
de evitar o prejuízo que decorre da decisão que não seja a 
interposição do recurso. 
Por isso é que, por exemplo, não se pode recorrer diante da decisão 
que, apesar de uma inicial inepta ou de um recurso inadmissível, 
manda citar ou intimar a outra parte; 
- UTILIDADE = a interposição do recurso tem de ensejar algum 
proveito ao recorrente, tem de ser capaz de propiciar-lhe algo 
melhor do que a decisão recorrida lhe propicia. 
Por isso é que é inadmissível o recurso que só ataca algum dos 
fundamentos da decisão e deixa intactos outros que também 
impuseram a mesma decisão. 
Ex. decisão com fundamento legal e fundamento constitucional e só 
é interposto o RESP, por exemplo. 
- NORMALMENTE = associa-se o interesse recursal a “sucumbência”, 
mas é necessário entender que o interesse recursal haverá sempre 
que houver a justa expectativa de, por meio do recurso, obter-se 
uma situação mais vantajosa que a decorrente da decisão recorrida. 
Ex: o réu tem interesse recursal para recorrer contra a sentença que 
não resolveu o mérito e, no entanto, provavelmente não o 
classificaríamos como “vencido”. 
- INEXISTÊNCIA DE FATO IMPEDITIVO OU EXTINTIVO DO PODER DE 
RECORRER 
- RENÚNCIA AO DIREITO DE RECORRER = ato de disposição 
praticado entre a decisão e o final do prazo recursal. Não se admite 
renúncia prévia à decisão. 
Art. 999. A renúncia ao direito de recorrer independe da 
aceitação da outra parte. 
- DESISTÊNCIA DO RECURSO INTERPOSTO = ato de disposição 
praticado depois de interposto o recurso. 
Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a 
anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso. 
Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a 
análise de questão cuja repercussão geral já tenha sido 
reconhecida e daquele objeto de julgamento de recursos 
extraordinários ou especiais repetitivos. 
 
- A ACEITAÇÃO DA DECISÃO = preclusão lógica 
Art. 1.000. A parte que aceitar expressa ou tacitamente a 
decisão não poderá recorrer. 
Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem 
nenhuma reserva, de ato incompatível com a vontade de 
recorrer. 
Ex. o vencido que, sem ressalva alguma, pede a conta pra pagar; 
que manifesta consentimento com a decisão. 
- PREPARO = pagamento das custas do recurso. Comprova-se no ato 
de interposição do recurso. A falta do preparo implica deserção. 
Oportunidades para evitar a deserção: não fez o preparo, prepara 
em dobro em cinco dias; fez, mas insuficiente, supre em cinco dias; se 
não pagou no primeiro momento, pretendeu fazer preparo em 
dobro, mas foi insuficiente, não tem a oportunidade de 
complementar; se justo impedimento, pode pedir ao relator que 
releve a pena de deserção e lhe conceda 5 dias para preparar. 
- DISPENSA DE PREPARO = alguns recorrentes (MP, fazenda pública, 
AJG) e alguns recursos (Embargos de declaração, agravo interno a 
depender dos regimentos internos dos tribunais). 
Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente 
comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o 
respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, 
sob pena de deserção. 
§ 1º São dispensados de preparo, inclusive porte de remessa 
e de retorno, os recursos interpostos pelo Ministério Público, 
pela União, pelo Distrito Federal, pelos Estados, pelos 
Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que gozam de 
isenção legal. 
§ 2º A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de 
remessa e de retorno, implicará deserção se o recorrente, 
intimado na pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no 
prazo de 5 (cinco) dias. 
§ 3º É dispensado o recolhimento do porte de remessa e de 
retorno no processo em autos eletrônicos. 
§ 4º O recorrente que não comprovar, no ato de interposição 
do recurso, o recolhimento do preparo, inclusive porte de 
remessa e de retorno, será intimado, na pessoa de seu 
advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena 
de deserção. 
§ 5º É vedada a complementação se houver insuficiência 
parcial do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, 
no recolhimento realizado na forma do § 4º. 
§ 6º Provando o recorrente justo impedimento, o relator 
relevará a pena de deserção, por decisão irrecorrível, 
fixando-lhe prazo de 5 (cinco) dias para efetuar o preparo. 
§ 7º O equívoco no preenchimento da guia de custas não 
implicará a aplicação da pena de deserção, cabendo ao 
relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar 
o recorrente para sanar o vício no prazo de 5 (cinco) dias. 
- TEMPESTIVIDADE = Embargos de declaração 5 dias e os demais 
recursos 15 dias. Art. 1003 § 5º Excetuados os embargos de 
declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder-lhesé de 15 (quinze) dias. Atenção ao § 6º: O recorrente comprovará a 
ocorrência de feriado local no ato de interposição do recurso. 
- REGULARIDADE FORMAL = interposição por escrito e devidamente 
fundamentado. De um recurso que não apresenta os pressupostos de 
admissibilidade, diz-se que não foi “conhecido”. Conhecer o recurso 
significa examinar lhe o mérito. 
3.2. JUÍZO DE MÉRITO. 
 Espécies de erro da decisão recorrida. 
Mérito do recurso # mérito da causa. 
Pode inclusive tratar-se de questão processual. 
Ex. a admissão de uma prova; a admissibilidade de um recurso; o 
estar ou não fundamentada uma decisão, etc. 
3.2.1 ERRO DE PROCEDIMENTO (ERROR IN PROCEDENDO) = 
DESVIO NA FORMA COMO DEVERIA CONDUZIR-SE O 
PROCESSO. 
A decisão não observou a forma necessária ou foi proferida em 
procedimento que não se desenvolveu corretamente. 
O que se pretende é a invalidação da decisão. 
Ex.: a decisão não foi fundamentada; a sentença foi proferida em 
julgamento antecipado da lide, cerceando a possibilidade de 
produzir prova; 
3.2.2. ERRO DE JULGAMENTO (ERROR IN JUDICANDO) 
 Erro no juízo do julgador, no convencimento por ele construído, na 
apreciação das questões fáticas e/ou na concreção da norma. 
O que se pretende é a reforma da decisão. 
Então, em resumo: 
Recurso pode ser não-conhecido ou conhecido. 
Se conhecido, pode ser provido ou improvido. 
Se provido, pode implicar invalidação ou reforma. 
Se implica invalidação, às vezes uma nova decisão é proferida 
pelo órgão ad quem, que invalida e profere nova decisão; noutras 
vezes, limita-se a invalidar e remeter de volta ao juízo a quo, ao 
qual caberá proferir outra decisão. 
4. OS EFEITOS DOS RECURSOS 
4.1. DEVOLUTIVO 
 A capacidade que o recurso tem de transferir ao órgão recursal a 
possibilidade de examinar as questões de que ele trata. Princípio 
da demanda aplicado aos recursos. 
O que não foi impugnado, não pode, via de regra, ser 
reexaminado pelo órgão ad quem, pois isso implicaria prestar 
jurisdição ao além dos limites para os quais foi provocado a fazê-
lo. 
Ex. ações para rescisão contratual e cobrança; ambas 
improcedentes; apelação só da cobrança; tribunal não pode 
decretar a rescisão. Quanto aos fundamentos, entretanto, o tribunal 
é livre para reexaminar a todos, mesmo que alguns não tenham sido 
empregados no recurso. 
Ex. ação indenizatória é contestada sob os argumentos de não havia 
nexo causal entre qualquer ação do réu e o alegado dano e de que, 
ainda que houvesse esse nexo causal, não houve o dano 
propriamente dito. A sentença indefere o pedido por ausência do 
nexo causal e não diz nada (nem precisaria dizer) sobre a existência 
do dano. Autor apela e só trata do nexo causal na sua apelação. O 
tribunal pode negar provimento ao recurso pela ausência de 
comprovação do dano. 
Entendendo a expressão “devolver”, efeito “devolutivo”: no tempo do 
Estado absolutista, em que as funções do Estado as concentravam 
mãos de um soberano, este delegava o poder de julgar a agentes 
seus. Ao recorrer-se das decisões de tais agentes, delegados do 
soberano, se estava “devolvendo” a ele a competência para o 
julgamento de tais questões. 
A cognição pelo órgão recursal envolve questões impugnadas pelo 
recorrente e questões que a própria lei permite que sejam 
apreciadas mesmo que não haja impugnação. As primeiras questões, 
suscitadas pela parte, diz-se “devolvidas”, as segundas dizem-se 
transladadas. 
4.2. EFEITO TRANSLATIVO 
Efeito que a interposição do recurso provoca, que consiste em 
autorizar o juízo ad quem a examinar questões que a lei admite 
sejam apreciadas mesmo que delas não trate o recurso. 
Ex. questões de ordem pública, condições da ação e pressupostos 
processuais, prescrição e decadência, questões de mérito alegadas 
e debatidas, mas não decididas (por exemplo, a situação do 
exemplo acima, do fundamento não empregado na sentença, não 
tratado no recurso, mas que pôde ser apreciado na decisão do 
recurso); 
4.3. EFEITO SUSPENSIVO 
 Eficácia da decisão X imutabilidade da decisão. 
Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, 
salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso. 
Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser 
suspensa por decisão do relator, se da imediata produção de 
seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou 
impossível reparação, e ficar demonstrada a probabilidade 
de provimento do recurso. 
EFEITO SUSPENSIVO ESTABELECIDO PELA LEI : 
Ex. apelação ou pelo Relator (concessão no caso concreto, quando a 
lei não estabeleça a priori). 
A suspensão dar-se-á nos limites do que foi impugnado. 
Atenção para o trânsito em julgado de parte da decisão, para o 
recurso parcial. O que não foi impugnado não tem por que ter sua 
eficácia suspensa. 
4.4. EFEITO SUBSTITUTIVO. 
Quando o recurso é conhecido e se funda em erro de julgamento, a 
sua decisão substitui a decisão recorrida. Mesmo quando a 
“mantém”. As duas tratam do mesmo objeto e, portanto, a decisão 
do recurso acaba por substituir a decisão que ela reexaminou. 
O que virá a fazer coisa julgada será a decisão do recurso. 
Digamos que se trate de uma decisão de natureza condenatória será 
ela, a decisão do recurso, o título executivo, cujo cumprimento se 
exigirá. 
4.5. EFEITO OBSTATIVO 
 Impede a preclusão da matéria e o trânsito em julgado da decisão 
recorrida.

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