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Pressupostos recursais

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- Pressupostos recursais 
 
Como ato postulatório que é, viu-se que o recurso submete-se, preliminarmente, a 
um exame de admissibilidade, via regra pelo órgão ad quem, verificando-se a satisfação das 
condições e pressupostos dos quais depende a análise da pretensão ou do objeto do reexame 
pleiteado pelo recorrente. 
Tais pressupostos têm natureza processual, assemelhando-se àqueles da relação 
processual pelo fato de ambos condicionarem o prosseguimento do respectivo 
procedimento. Assim, entende-se por pressupostos recursais os requisitos de existência 
jurídica e de validade formal do recurso. Também chamados de requisitos de 
admissibilidade, os pressupostos podem estar relacionados com o próprio meio 
impugnativo ou com a pessoa do recorrente, gerando a corrente classificação em 
pressupostos recursais objetivos e subjetivos. 
 
Outras classificações há, com a que os divide em requisitos intrínsecos, ou seja, 
aqueles afetos exclusivamente à faculdade de recorrer; e extrínsecos, pois que relativos à 
forma de seu exercício. Assim, seriam requisitos intrínsecos o cabimento, a legitimação para 
recorrer, o interesse recursal e a inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de 
recorrer (renúncia ao direito de recorrer, desistência do recurso e aceitação da decisão); e 
extrínsecos, a tempestividade, a regularidade formal e o preparo. Entretanto, ater-se-á 
considerar e acompanhar a classificação proposta pela maioria da doutrina pátria, a qual 
elenca entre os pressupostos objetivos a recorribilidade, a adequação, a singularidade, a 
tempestividade, o preparo e a regularidade formal; e entre os subjetivos, a capacidade, a 
legitimidade e o interesse de recorrer em razão da sucumbência. E, por fim, é oportuno 
lembrar a lição de OVÍDIO BAPTISTA : 
 “Tais requisitos dizem-se pressupostos genéricos, pois são 
exigidos para todos os recursos, cada um dos quais, por sua vez, 
ficará ainda submetido a outras exigências especiais de 
admissibilidade que apenas a ele digam respeito. Deve-se 
igualmente observar que mesmo os requisitos genéricos às vezes 
não são exigidos com condição de admissibilidade para certos 
recursos. 
 
 
 
1. Subjetivos: se referem à pessoa do recorrente. São eles: 
a) Capacidade: a capacidade pode ser dividida em capacidade de ser parte da relação 
jurídica de direito material, o qual se confunde com a personalidade civil (arts. 1º e 2º do 
CC/02); capacidade postulatória, exercida exclusivamente por advogado devidamente 
inscrito nos quadros da OAB; e capacidade processual, ou seja, de estar em juízo, que 
pressupõe a capacidade civil (art. 5º, CC/02; e arts. 70, 71 e 72, NCPC). 
b) Legitimidade: Segundo o art. 999, caput, do NCPC, "o recurso pode ser interposto pela 
parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, como parte ou como 
fiscal da ordem jurídica". Com exceção do terceiro e do MP, percebe-se que o pressuposto 
para se ter legitimidade recursal é a sucumbência, ou seja, é necessária a existência de um 
prejuízo ou gravame proveniente da decisão para que se justifique a interposição do referido 
meio impugnativo. 
 Conclui-se, assim, que tanto o autor quanto o réu têm legitimidade para interpor o 
recurso; é preciso apenas aferir se houve prejuízo para uma ou ambas as partes 
(sucumbência recíproca), quando, então, apenas uma ou ambas poderão recorrer nos 
limites de sua sucumbência (neste último caso, se apenas uma recorrer, ao recurso deste a 
outra parte poderá aderir no prazo de que dispõe para oferecer-lhe as 
contrarrazões.Portanto, somente aquele que sofreu um prejuízo está legitimado a praticar o 
ato . 
Em razão da sucumbência, presume-se que a parte legítima para recorrer é aquela 
que figurou na relação processual de 1º grau, seja no polo ativo ou passivo, a qualquer 
título, como o revel, o substituído processual e o terceiro interveniente. Todavia, não se 
deve confundir o terceiro interveniente (que, alias, quando intervém no processo, 
normalmente ocupa o lugar de parte, sucedendo a original ou com ela se consorciando) com 
o terceiro prejudicado que, embora pudesse ingressar em qualquer momento do 
procedimento até a sentença, só ingressou para interpor o recurso por estar sujeito a algum 
reflexo danoso da decisão recorrida, alcançando-lhes, portanto, a legitimidade recursal. 
Assim, o terceiro prejudicado deve demonstrar ser titular de um interesse ligado à relação 
jurídica submetida à apreciação judicial por intermédio de um nexo de interdependência, 
segundo dispõe o art. 996, parágrafo único, NCPC. Ademais, o prejuízo deve ser jurídico, e 
não de ordem fática, conforme a doutrina dominante. 
Quanto ao Ministério Público, nunca houve dúvidas a respeito da legitimidade do 
parquet quando presente no processo como parte ou substituto processual, ocasião em que 
se submetia normalmente à exigência da sucumbência. O ponto de discórdia, hoje superado 
no NCPC, era quando atuava como fiscal da ordem jurídica, ou seja, como custos legis. Porém, 
o novo CPC, como dito, em seu art. 996, deixa clara a ampla possibilidade do membro do 
MP interpor recurso, seja quando tenha atuado como parte, seja como “fiscal da ordem 
jurídica”. Lembrando que o MP, ao interpor recurso, goza da prerrogativa de prazo em 
dobro (art. 180, NCPC). 
Assim, excepcionalmente, permite-se a extensão, quanto à legitimidade, ao Ministério 
Público e ao terceiro prejudicado. 
c) Interesse: Da mesma forma que o interesse processual, para a propositura das ações em 
geral, é entendido pelo binômio "utilidade-necessidade", o interesse recursal pressupõe 
também a utilidade do recurso, ou seja, deve o mesmo ser apto a gerar uma situação mais 
vantajosa para o recorrente que aquela alcançada na decisão recorrida, e a necessidade de se 
obter o resultado mais vantajoso, o que exige a via mais adequada. Para que tenha interesse, 
deve então o recorrente ter de efetivamente sofrido um prejuízo (sucumbência), ainda que 
parcialmente. 
Na verdade, considerando a sucumbência, que é "a desconformidade entre o pedido 
e o resultado prático obtido com a decisão", como pressuposto lógico para o interesse 
recursal, não poderiam ser considerados interessados o Ministério Público, quando atuou 
como custos legis , e o terceiro prejudicado. Porém, estes, como se viu, são considerados 
legítimos para recorrer por força da lei, o que, segundo a maioria da doutrina, justificaria 
implicitamente o seu interesse. 
Por outro lado, careceria de interesse também o embargante de declaração, pois visa 
tão-somente suprir omissão, obscuridade, contradição ou erro material na decisão, que pode 
lhe ter sido até mesmo favorável, não padecendo de nenhum prejuízo. Mas trata-se, in casu, 
também de uma excepcionalidade. 
Cumpre lembrar que não basta o prejuízo, para que o recurso seja necessário, é 
preciso que o recorrente não tenha à sua disposição outro meio impugnativo mais rápido e 
efetivo. 
 
2.Objetivos: os pressupostos recursais, que dizem respeito ao recurso em si mesmo, 
objetivamente considerado, são: 
a) Recorribilidade: Também conhecida como cabimento, refere-se à perquirição de qual ato 
ou pronunciamento do juiz é passível de impugnação, tendo em vista que o mesmo 
classifica-se, segundo o art. 203, caput, do NCPC, em sentenças, decisões interlocutórias e 
despachos. 
De acordo ainda como o art. 204 do mesmo diploma legal, também será considerado 
ato do juiz a decisão proferida pelos tribunais, que se chama acórdão, cujo termo é amplo, 
abrangendo tanto os acórdãos de mérito, ou seja, decisões do tribunal resolvem o mérito da 
causa (Ex: acórdão que julga o mérito do recurso, dando-lhe ou não provimento), como os 
acórdãos interlocutórios, os quais, não obstante sejam proferidos pelo colegiado, não 
adentram ao mérito da causa (Ex: acórdão que não conhece do recurso). 
Não se pode ignorar também a possibilidade de, no âmbito do tribunal,serem 
proferidas decisões monocráticas (Ex: decisão do relator que não conhece do recurso; que 
decide tutela provisória no âmbito de um recurso ou de uma ação originária; decisão do 
presidente ou do vice do tribunal de origem que nega seguimento ao REsp ou ao RE). 
No nosso sistema recursal, são recorríveis todas as decisões de 1º e 2º graus, de mérito ou 
não, EXCETO os despachos, pois que não são dotados de conteúdo decisório (art. 1.001, 
NCPC) e a decisão do presidente ou do vice do tribunal de origem que inadmite o REsp ou 
o RE, fundada na aplicação de entendimento fundado em regime de repercussão geral ou em 
julgamento de recursos repetitivos (art. 1.042, 2ª parte, NCPC, com redação dada pela Lei n. 
13.256/16). 
Importante observar que, na prática, o termo "despacho" é equivocadamente 
utilizado para decisões ou acórdão que, são, na verdade, interlocutórios, como, por exemplo, 
quando o juiz profere despacho saneador, indeferindo provas; ou quando o presidente ou 
vice-presidente do tribunal inadmite recurso especial ou extraordinário fora da exceção 
acima referida. Nesses casos, os “despachos” são perfeitamente recorríveis. 
 
b) Adequabilidade: Não basta que decisão seja recorrível, é preciso também que o 
recorrente faça uso do recurso correto ou adequado, sob pena de sê-lo inadmitido. Isso, pois 
que o sistema recursal, a depender da natureza da decisão, destinou um recurso específico, 
estabelecendo prazos e procedimentos singulares. É o princípio da taxatividade, segundo o 
qual são admissíveis apenas aqueles denominados e regulados no art. 994 do NCPC e nas 
leis extravagantes. Estão excluídos, portanto, a correição parcial, a remessa necessária, 
o pedido de reconsideração, a ação rescisória, o mandado de segurança, a reclamação 
constitucional etc. A propósito, convém fazer uma diferenciação entre os chamados “meios 
impugnativos” existentes no nosso sistema, a saber: 
 
Recursos – remédio voluntário, previsto em lei, para no mesmo processo, invalidar, 
reformar, integrar e esclarecer a decisão. 
Ações autônomas de impugnação: é o meio de se impugnar decisão, dando origem a 
uma processo novo só para isso. Ex: ação rescisória, reclamação constitucional, habeas 
corpus, mandado de segurança, embargos de terceiro, querela nullitatis insanabilis (ação de 
nulidade de vício insanável). 
Sucedâneos recursais: é tudo o que não for ação autônoma, nem se encaixe no conceito 
de recurso. Ex: pedido de reconsideração, correição parcial, pedido de suspensão de 
segurança (art. 4º, Lei n. 8.437/92; arts. 338 a 340 do RITJ/GO – tem por objetivo suspender 
a eficácia de qualquer decisão proferida contra o Poder Público e seus agentes, antes do 
trânsito em julgado. É apreciado, monocraticamente, pelo Presidente do Tribunal, o qual 
fará um controle político, pois a análise não é pela justiça ou injustiça da decisão, mas 
atendimento ao interesse público). 
Da análise dos arts. 1.009 e 1.015 do NCPC concluem-se que da sentença cabe 
apelação e de algumas decisões interlocutórias cabe agravo de instrumento. Partindo desta 
premissa, ter-se-á por inadequado o recurso de agravo de instrumento contra uma sentença 
ou de apelação contra uma decisão interlocutória, carecendo o recorrente de interesse por 
não corresponder a decisão ao meio impugnativo. 
Apesar de o NCPC, a exemplo do CPC de 73, não ter previsto o princípio da 
fungibilidade recursal, é possível o órgão julgador realizar a devida adequação, recebendo 
um recurso por outro, desde que não se trate de erro grosseiro ou má-fé(questão já tratada 
em aula anterior). 
Já contra os acórdãos não cabe, em regra, nenhum recurso comum (como apelação e 
o agravo), mas sim os recursos excepcionais, como o REsp ou o RE, em caso de violação na 
norma infra ou constitucional, e os embargos de divergência. Excepcionalmente dos 
acórdãos caberá recurso comum, como recurso ordinário constitucional para o Supremo 
Tribunal Federal ou Superior Tribunal de Justiça. Em se tratando de decisão monocrática 
de tribunal, caberá o agravo interno ou o agravo em REsp ou RE, nas hipóteses do art. 1.042, 
1ª parte, do NCPC. 
Os embargos de declaração, pelas suas particularidades, são cabíveis contra 
qualquer decisão, de 1º ou 2º grau, desde que nela contenha obscuridade, contradição, 
omissão ou erro material. 
 
Desta feita, podemos visualizar melhor a adequabilidade no seguinte esquema: 
- Sentença (mérito ou terminativa) => apelação. 
- decisões do 1º grau 
- Decisões interlocutórias previstas no art. 1015 => agravo de instrumento. 
- relator => agravo interno, exceto em MS (S. 622, STF). 
- decisões do 2º grau - monocráticas 
- Pres./Vice trib => agravo em REsp/RE (art. 1.042, 1ª parte). 
- Acórdãos => ROC; REsp; RE; Embargos de Divergência. 
Obs:. Os embargos de declaração são cabíveis contra qualquer decisão que esteja 
contraditória, obscura, omissa ou que contenha erro material. 
c) Singularidade ou unirrecorribilidade: 
É a proibição de interposição simultânea de mais de um recurso contra o mesmo ato 
decisório; também chamado de princípio da unirrecorribilidade. A única exceção ao 
princípio da singularidade é a interposição simultânea dos recursos especial e 
extraordinário quando na mesma decisão houver violação à lei federal e constitucional. 
d) Tempestividade: Com o intuito de proporcionar aos jurisdicionados maior segurança, 
garantindo a estabilidade das relações jurídicas, o legislador achou por bem estipular prazo 
para a interposição dos recursos, evitando, assim, que as demandas se prolongassem 
indefinidamente. Os prazos dos recursos são, em regra, legais e peremptórios. Assim, a lei 
prevê o prazo de 15 dias para a maioria dos recursos, excetuando apenas os embargos de 
declaração, que deverão ser opostos em até 5 dias. 
Passado em branco o prazo, precluso torna-se o direito ao recurso, operando coisa 
julgada material e o consequente trânsito em julgado. Todavia o prazo será contado em 
dobro (tanto para recorrer quanto para oferecer as contrarrazões), quando se tratar das 
seguintes pessoas: 
- Fazenda Pública (União, Estados, Distrito Federal, Municípios, e suas respectivas 
autarquias e fundações públicas – art. 183, NCPC), salvo quando a lei específica fixar-
lhe prazo próprio; 
- Ministério Público (art. 180, NCPC), salvo quando a lei específica fixar-lhe prazo próprio; 
- Litisconsortes com procuradores de escritórios de advocacia distintos (art. 229, NCPC); 
- Defensor Público (art. 5º, § 5º, Lei nº 1.060/50). 
O prazo inicia-se a partir da intimação da decisão, que poderá ocorrer em audiência, quando 
foi prolatada, ou pelo Diário Oficial, se proferida fora de audiência (ressalvam-se as 
hipóteses de intimação que deve ser feita pessoalmente, por carga, remessa ou meio 
eletrônico, como no caso do membro do MP, Advogado da União, Procurador da Fazenda 
Nacional e Defensor Público). 
 
Uma grande questão que por muito tempo foi discutida na doutrina e, 
principalmente, em sede de jurisprudência do STJ e do STF, é se o recurso interposto por 
quem ainda não foi intimado é considerado intempestivo por prematuridade. Atualmente, 
por força de decisões proferidas nos idos anos de 2004 e 2005, ambas as Cortes consideram 
tempestivo recurso prematuro, sob o argumento de que não se pode penalizar o recorrente 
que se deu por comunicado antes da publicação oficial da decisão, cujo recurso apenas 
garantiu celeridade processual. 
e) Preparo: O preparo consiste num ônus processual a que se sujeita o vencido, devendo 
pagar previamente as despesas do processamento do recurso (abrange custas, se houver; e 
os valores de remessa e de retorno, se fizer necessário o deslocamento dos autos), quando de 
sua interposição, sob pena de deserção e, consequentemente, do seu não conhecimento pelo 
órgão ad quem. A nossa lei processual, portanto, adota o sistema de preparo imediato ou 
simultâneo, já quese deve comprovar o pagamento do preparo NO ATO DE 
INTERPOSIÇÃO do recurso (art. 1.007, NCPC), exceto nos recursos interpostos perante os 
Juizados Especiais, que, segundo o art. 42, §1º, da Lei 9.099/95, poderá ser após 48 horas da 
interposição; e perante a Justiça Federal, que, conforme o art. 14, II, Lei 9.289/95, se o 
recurso for contra sentença, poderá ser comprovado o preparo até 5 dias após a 
interposição. 
Importante notar que, sob a égide do NCPC, a pena de deserção não será mais 
aplicada imediatamente, uma vez que, nos termos do §4º do art. 1.007, o recorrente será 
antes intimado, na pessoa de seu advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sendo 
vedada a sua complementação (§5º). 
Por outro lado, se o preparo for insuficiente (§2º), ou caso haja equívoco no 
preenchimento da guia de custas (§7º), também não será aplicada a deserção se o recorrente, 
intimado, não suprir o vício em 5 dias. 
Por fim, caso o recorrente prove justo impedimento (§6º), a pena de deserção pode 
ser relevada pelo relator, que, por decisão irrecorrível, fixará um prazo de 5 dias para o 
recolhimento do preparo. 
Caso o relator conclua por aplicar a pena de deserção em qualquer caso, com a 
consequente inadmissão do recurso, de sua decisão caberá agravo interno. 
Não são todos os casos que se exige o preparo e/ou o recolhimento do porte de 
remessa e de retorno. Estão dispensados: os embargos de declaração; os processos em autos 
eletrônicos (§3º do art. 1.007, NCPC); os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela 
União, Estados, DF, Municípios, e respectivas autarquias e os que gozam de isenção legal 
(como os beneficiários da justiça gratuita), conforme preceitua o art. 1.007, §1º, NCPC. 
Excluem-se, obviamente, as empresas públicas e as sociedades de economia mista. 
f) Motivação: a motivação diz respeito à necessidade de fundamentação do recurso, as 
razões pelas quais se pleiteia nova decisão. Dizem respeito, portanto, à causa de pedir do 
recurso, consistente no error in procedendo, caso se busque a invalidação da decisão recorrida; 
ou no error in judicando, caso a pretensão recursal seja a reforma da decisão recorrida. 
Lembrando, ainda, que no caso específico dos embargos de declaração, é necessário que se 
fundamente o pedido de esclarecimento ou da integração na eventual obscuridade, 
contradição, omissão ou erro material da decisão embargada. 
A impugnação do recurso se faz mediante as contrarrazões. Porém, estas não são 
obrigatórias, não gerando qualquer ônus. 
g) Forma: Para sua interposição, os recursos em geral submetem-se a determinadas regras 
procedimentais e formais previstas em lei. Deve ser interposto mediante petição escrita e 
dirigida à autoridade judiciária prolatora da decisão recorrida - juízo a quo (salvo no agravo 
de instrumento que deve ser diretamente ao tribunal), devidamente fundamentada com as 
razões de fato e de direito, ou seja, do inconformismo, e com o pedido de reforma ou 
invalidação. 
Por ser o recurso extensão do direito de ação, deve a petição do recurso conter os 
três elementos da ação, quais sejam: as partes (recorrente e recorrido), devidamente 
qualificadas, a causa de pedir (razões do inconformismo) e o pedido (de reforma ou de 
invalidação; ou de esclarecimento ou integração, no caso de embargos de declaração). 
h) Pressupostos negativos (ou da inexistência de causas impeditivas ou extintivas): 
São fatos que NÃO PODEM ocorrer para que o recurso seja conhecido, tais como: 
Renúncia: proferida a decisão, a parte sucumbente poderá renunciar, sem a anuência da 
outra parte, ao direito de recorrer, conforme o art. 999 do NCPC. A renúncia pode ser 
expressa (quando a parte, mediante petição, expressamente abre mão ao direito de 
recorrer), ou tácita (qualquer conduta que revele a intenção de não recorrer, como, por 
exemplo, deixar o prazo recursal fluir em branco). 
Desistência: embora seja um instituto diferente da renúncia, a desistência do recurso 
também beneficia a outra parte, daí por que o recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a 
anuência do recorrido, desistir do recurso (art. 998, NCPC). A desistência, ao contrário da 
renúncia, pressupõe um recurso já interposto, razão pela qual deverá ser sempre expressa 
(salvo no REsp e RE retidos, quando, da interposição do principal, não se reiterar a 
irresignação via de preliminar). 
Aceitação: não é desistência, nem renúncia, mas uma preclusão lógica (perda da 
faculdade de recorrer por ter praticado um ato incompatível com tal intenção). É ato pelo 
qual a parte adere, expressa ou tacitamente, à decisão recorrida, simplesmente cumprindo-a 
espontaneamente (art. 1.000 do NCPC). 
 
 
 
 
EFEITOS DOS RECURSOS: de fundamental importância é o estudo dos efeitos do 
recurso, sendo o principal deles obstar o trânsito em julgado da sentença. Secundariamente 
têm-se também os efeitos devolutivo e suspensivo, propiciando o primeiro a devolução da 
matéria impugnada ao tribunal ad quem, enquanto o segundo, a suspensão dos efeitos da 
decisão recorrida. Assim, podem ser classificados, quanto aos efeitos, em principal e 
secundários. 
 
1- Efeito principal: IMPEDIR O TRÂNSITO EM JULGADO DA DECISÃO 
Um dos fundamentos do recurso é o inconformismo natural da parte vencida com 
uma decisão que lhe é desfavorável. Sendo assim, buscar-se-á, mediante o recurso, a sua 
reforma ou anulação, de modo que, pela reapreciação, poderá a decisão recorrida ser 
modificada. Portanto, diz-se que o efeito principal do recurso, quando interposto, é impedir 
a formação da coisa julgada, é retardar o trânsito em julgado da decisão recorrida. Por óbvio, 
pois que, pendente o recurso, a decisão é ainda modificável. Porém, vozes uníssonas, como 
de José Carlos Barbosa Moreira e de seu discípulo Alexandre Freitas Câmara, ecoam 
dizendo que apenas os recursos admissíveis (ou seja, naqueles em que houve um juízo 
positivo de admissibilidade, autorizando, agora, um novo juízo: o de mérito) impedem o 
trânsito em julgado da decisão recorrida, pois que esta será ainda passível de modificação 
(anulação ou reforma). Nesse caso, o trânsito só se dará quando esgotada toda a via recursal 
(e nisso corrobora o art. 502 do NCPC, que define coisa julgada como sendo “a autoridade 
que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito não mais sujeita a recurso”). 
Com esse raciocínio, os renomados autores excluem os recursos inadmissíveis, ou 
seja, entendem que se houve um juízo negativo de admissibilidade (ausência de quaisquer 
pressupostos recursais) não há que se cogitar em modificação da decisão recorrida, posto 
que não será feito o juízo de mérito, razão pela qual não há que se falar, por consequência, 
em impedimento à formação da coisa julgada. Esta operará, em tese, de imediato. 
Essa doutrina, que, diga-se de passagem, é minoritária, vai mais além, afirmando que 
a decisão que proferiu o juízo negativo de admissibilidade terá efeitos meramente 
declaratórios e, portanto, retroativos (ex tunc), o que significa que o trânsito em julgado 
operará sempre antes da decisão que deixou de admitir o recurso. 
Entretanto, a maioria da doutrina e da jurisprudência assim não entende. Para eles, 
tal decisão terá efeitos meramente constitutivos (modificou a situação do recorrente, que 
não verá o mérito de seu recurso reexaminado pelo juízo ad quem), portanto, não 
retroativos (ex nunc), operando, a partir dela, o trânsito em julgado. Sendo assim, no período 
compreendido desde a interposição do recurso até a sua inadmissão, o trânsito em julgado 
estará impedido. E é, por isso, que tem prevalecido o entendimento de que o referido efeito 
de impedir o trânsito em julgado é extensível a TODOS os recursos, inclusive aos 
inadmissíveis. Dentre estes, porém, colocam a salvo (e nisso a doutrina majoritária é 
concorde com a minoritária) os recursos intempestivos, cujo trânsito em julgado retroage e 
opera no diaseguinte à data final do prazo recursal (16º dia em diante p/ apelação 
intempestiva, p. ex.), e os manifestamente incabíveis (ex: recurso contra despacho), 
transitando em julgado a decisão desde a data de sua intimação. 
É importante se perquirir a exata data do trânsito em julgado da decisão recorrida 
para fins de contagem do biênio (prazo de 02 anos) para a ação rescisória, bem como 
para dar início à execução definitiva (cumprimento de sentença). 
 
Efeitos secundários: objetivam, como regra geral, devolver ao conhecimento do juízo ad 
quem o exame da matéria impugnada, ou ainda, no caso de efeito suspensivo, como o 
próprio nome diz, impedir a execução da decisão proferida pelo magistrado. 
1 Devolutivo (reiterativo): é aquele em que se devolve ao juízo hierarquicamente superior o 
conhecimento da matéria impugnada. 
Há que se fazer duas observações: 
1ª) de forma mais simples, pode-se afirmar que efeito devolutivo é a possibilidade de 
reabertura de discussão (lembre-se da origem latina da expressão recurso – recursus, que 
significa repetir o mesmo caminho ou o mesmo curso). Portanto, a rigor, todo recurso tem 
efeito devolutivo, pois em todos há reabertura de discussão. 
Mas a doutrina diz que, nos embargos de declaração, não há efeito devolutivo, pois a 
devolução é para o mesmo órgão que decidiu a causa. Dessa forma, excepcionando a regra 
do efeito devolutivo, a legislação prevê para este recurso o efeito não-devolutivo (ou 
iterativo), e misto, no caso do recurso de agravo de instrumento (onde se devolve a 
discussão primeiramente ao tribunal e, após três dias da interposição, comunica-se o juízo 
inferior para fins de retratação). 
2ª) quando se diz que “pelo efeito devolutivo devolve-se o conhecimento da matéria 
impugnada”, conclui-se que este efeito é manifestação do princípio do dispositivo (art. 141, 
NCPC), na medida em que o conhecimento do juízo ad quem está limitado ao requerimento 
da parte. É o recorrente quem determinará O QUE o tribunal reexaminará no recurso, 
impugnando a matéria dentro dos limites de sua sucumbência, sob pena de faltar-lhe 
interesse recursal. 
Dessa forma, pode-se dizer que, quanto à extensão, a devolução pode ser total ou parcial, a 
depender do que for impugnado pelo recorrente. Diz-se que, nesse caso, a devolutividade é 
vista sob o aspecto ou dimensão horizontal, dando margem à já estudada classificação dos 
recursos em totais ou parciais (vide classificação dos recursos quanto à extensão). PORÉM, 
dentro dos limites estabelecidos pela impugnação do recorrente, poderá o tribunal conhecer 
de questões COM AS QUAIS irá julgar o pedido do recurso, independentemente de 
requerimento. Estas questões, processuais ou de mérito, consistentes nos fundamentos do 
autor e do réu, bem como aquelas conhecíveis de ofício em qualquer grau de jurisdição (v.g. 
pressupostos processuais, enfim, as chamadas questões de ordem pública), sofrem uma 
espécie de transladação, pois chegam ao conhecimento do juízo ad quem independente de 
impugnação do recorrente. É o que Nelson Nery Júnior chama de efeito translativo, o qual 
decorre diretamente do princípio do inquisitivo. 
Diz-se, nesse caso, que a devolutividade é vista sob o aspecto ou dimensão vertical, ou 
quanto à profundidade, sendo sempre integral. 
Convém lembrar que a principal consequência do efeito devolutivo, desacompanhado do 
efeito suspensivo (a ser estudado a seguir), é a permissão do cumprimento de sentença 
provisório (art. 520, NCPC), pois a decisão produzirá, desde logo, seus efeitos. A disciplina 
legal a respeito do cumprimento se sentença provisório. 
2 Suspensivo: é aquele que obsta ou suspende a eficácia ou os efeitos naturais da decisão, 
seja ela condenatória, declaratória ou constitutiva, impedindo o seu cumprimento, ainda 
que provisório. 
Barbosa Moreira critica os autores que resumem este efeito à mera impossibilidade de 
cumprir a decisão recorrida, pois que decisões há, como as declaratórias e constitutivas, 
que, por sua natureza, não comportam execução. Para ele, o impedimento atinge toda a 
eficácia da decisão, e não apenas o efeito executivo. 
Apesar disso, é corrente o entendimento de que, mediante o efeito suspensivo, não é 
possível à parte sucumbida ou vencedora tomar medidas tendentes à promoção da execução 
ou satisfação do objeto reconhecido no processo de conhecimento, ainda que 
provisoriamente, até que o recurso seja julgado. Assim, interposto o recurso, sendo este 
recebido no efeito suspensivo, a decisão proferida não poderá ser cumprida nem mesmo 
provisoriamente, devendo-se aguardar o seu trânsito em julgado para tanto. 
Curiosidade: havendo impugnação parcial de decisão que comporta recurso com efeito 
suspensivo, este limitar-se-á a tanto, permitindo o cumprimento definitivo apenas da parte 
não impugnada da decisão por ter transitada em julgado. Mas, qual é o termo inicial do 
efeito suspensivo? As decisões, pelo simples fato de estarem sujeitas a recurso com efeito 
suspensivo, já não produzem efeitos desde o momento em que são proferidas, e não apenas 
quando do momento da interposição do recurso, que pode ocorrer até 15 dias depois. 
Se assim não fosse, dever-se-ia admitir que a decisão produz efeitos entre a sua publicação e 
a interposição do recurso, admitindo-se nesse interregno o início do seu cumprimento, o 
que não é aceito em nosso ordenamento. Por isso, é incorreto dizer que se trata de um efeito 
decorrente da interposição do recurso, mas sim um efeito decorrente da recorribilidade, ou 
seja, pela simples potencialidade de se interpor um recurso cujo efeito sabe-se ser o 
suspensivo. Vale registrar que a regra geral é o recebimento do recurso apenas no efeito 
devolutivo, pois, segundo o art. 995 do NCPC, “os recursos não impedem a eficácia da 
decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso”. 
Desta feita, o recurso só será dotado do duplo efeito, ou seja, do devolutivo e também do 
suspensivo, excepcionalmente se a lei prever (é o chamado efeito suspensivo ope legis, 
previsto só para o recurso de apelação em algumas hipóteses - art. 1.021, NCPC), ou se o 
relator o conferir (é o chamado efeito suspensivo ope iudicis, nos termos do parágrafo único 
do art. 995, NCPC). 
3 Outros efeitos 
Há, ainda, outros três efeitos dos recursos: como o expansivo e o substitutivo. 
- Substitutivo: não seria ele propriamente um efeito do recurso, mas um efeito do 
julgamento do seu mérito, que pode consistir em: 
a) negar provimento; 
b) dar provimento, reformando a decisão recorrida em casos de error in iudicando; 
c) dar provimento, invalidando a decisão recorrida em casos de error in procedendo. 
Não é difícil verificar que, na hipótese de anulação, por estar a decisão eivada de vício, deva 
ela ser extirpada do mundo jurídico, sendo outra proferida para o caso; e que, na hipótese de 
reforma, ocorre substituição da decisão recorrida pela proferida pelo ad quem, quando do 
julgamento do recurso, prevalecendo esta sobre aquela. 
O que pode gerar dúvidas é acerca da substitutividade da decisão do ad quem que nega 
provimento, parecendo haver uma coexistência de decisões - recorrida e o acórdão, sendo 
uma mera confirmação da outra. Esta confirmação, porém, não ocorre. Neste caso, a nova 
decisão, de teor idêntico ao da decisão recorrida, substitui aquela, pela simples razão de que 
não podem conviver duas decisões sobre a mesma questão no mesmo processo. 
Em suma, o efeito substitutivo consiste em substituir a decisão impugnada pelo acórdão do 
tribunal quando este, nas apelações contra sentença de mérito, negar provimento, ou dar 
provimento em caso de error in iudicando (pois se houver error in procedendo a decisão do juízo 
a quo é anulada e não substituída). 
Sabe-se que, de acordo com o art. 1.008, NCPC, a decisão a respeito do mérito do recurso 
substitui integralmente a decisão recorrida. Porém, em se tratandode apelo parcial ou de 
conhecimento parcial pelo tribunal, haverá substituição apenas da parte impugnada ou 
conhecida, permanecendo intacta a outra. 
- Expansivo: Ocorre efeito expansivo quando a decisão do juízo ad quem é mais abrangente 
do que o reexame da matéria impugnada, alcançando e modificando o ato impugnado 
(objetivo interno), outros atos praticados no processo (objetivo externo) ou a situação das 
partes que não apelaram (subjetivo). 
Cita-se como exemplo de efeito expansivo objetivo interno o caso de o tribunal ao apreciar 
a apelação, dá-lhe provimento, mas acolhe preliminar de litispendência, o que invalidará a 
sentença pois que extingue o processo sem julgamento do mérito. 
Seria hipótese de efeito expansivo objetivo externo a ineficácia dos atos do cumprimento 
provisório quando a apelação, recebida excepcionalmente só no efeito devolutivo, reforma a 
decisão impugnada por ter sido julgada procedente pelo tribunal. 
Ademais, a decisão do juízo ad quem pode alcançar também aquelas partes ou litisconsortes 
que não apelaram, mas que devem submeter a uma mesma decisão por formarem 
litisconsórcio unitário. É a regra do art. 1.005, NCPC que diz que o recurso de um 
litisconsorte aproveita aos demais, salvo quando distintos ou opostos seus interesses. 
 
 DOS RECURSOS EM ESPÉCIE 
 
 EMBARGOS DE DECLARAÇÃO (arts. 1.022 a 1.026, NCPC) 
Conceito: nos termos do art. 1.022 do NCPC, cabem embargos de declaração contra 
qualquer decisão judicial4 (sentenças, terminativas ou de mérito; decisões interlocutórias; 
acórdão e decisões monocráticas de tribunal), desde que contenham: 
I – obscuridade ou contradição; 
II - omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a 
requerimento. 
Em outras palavras, os casos de omissão, agora, não se resumem apenas àqueles em que foi 
pedido e não foi decidido, mas também aqueles que o juiz deveria ter se pronunciado de 
oficio e não o fez. 
O parágrafo único do art.. 1.022 se ocupou em detalhar os casos de omissão que ensejam tal 
recurso, quais sejam: 
- decisão que não acolhe tese firmada em recurso repetitivo ou em incidente de assunção de 
competência; 
- que incorra em qualquer das hipóteses do art. 489, §1o – higidez da motivação da sentença. 
III - erro material. 
Nas hipóteses previstas no inciso I (obscuridade e contradição), os embargos de declaração 
são destinados a permitir o esclarecimento da decisão judicial; na prevista no inciso II 
(omissão), tem-se por fim a integração da decisão; e na última hipótese, prevista no inciso 
III (erro material), busca-se a correção da decisão. 
Perceba que, nos embargos destinados ao esclarecimento ou à correção, não se quer que o 
juízo redecida, mas que dê outra redação ao provimento recorrido, mantendo-se, porém, o 
seu conteúdo. Já no que se refere aos embargos contra decisão omissa, em que se pretende a 
integração, espera-se que o juízo reabra a atividade decisória, examinando a questão sobre a 
qual permanecera omisso, pois que julgara citra petita (aquém do pedido). Isto pode levar à 
alteração do conteúdo do provimento embargado. Os embargos, nessa hipótese, terão como 
efeito a modificação do julgado. 
São os chamados embargos de declaração com efeitos infringentes, ou com efeitos modificativos, não 
obstante seja também possível excepcionalmente tal fenômeno nas demais hipóteses do art. 
1.022. 
O art. 494, II, segundo o qual “ao publicar a sentença de mérito, o juiz só poderá alterá-la: 
(...) por meio de embargos de declaração”, vem confirmar a admissibilidade de modificação 
do julgado mediante embargos. 
Natureza jurídica 
Os embargos de declaração é um instituto que teve a natureza bastante controvertida. 
Uma primeira corrente não considera os embargos declaratórios uma modalidade de 
recurso, mas mero incidente de julgamento, visto que são apreciados pelo próprio juízo que 
proferiu a decisão, estando desprovido de efeito devolutivo, e, normalmente, não modificam 
o julgado. 
A segunda corrente, entretanto, considera os embargos declaratórios uma modalidade de 
recurso, embora sui generis, uma vez que o próprio Código de Processo Civil, no art. 994, o 
trata como tal, bem como podem, excepcionalmente, alterar o julgado quando a decisão for 
omissa em relação a algum ponto que o juiz deveria se pronunciar e não o fez. 
Esta última é a melhor posição, pois a atribuição de natureza recursal a determinado 
instituto é função do legislador, e, nesse caso, nosso legislador previu, expressamente, os 
embargos de declaração como uma das modalidades recursais. 
 Efeitos: os efeitos podem ser principais ou secundários. 
1 Principais: 
a) evitar o trânsito em julgado da sentença (salvo os embargos forem intempestivos ou 
manifestamente incabíveis, quando o trânsito em julgado já se opera muito antes da decisão 
que os inadmitiu) ou evitar a preclusão (se tratar de decisão interlocutória); 
b) efeito interruptivo: interrompe o prazo, para ambas as partes, de interposição de 
qualquer outro recurso contra a mesma decisão, enquanto os embargos não forem julgados. 
Tal prazo volta a correr, por inteiro, após a intimação das partes do resultado do julgamento 
dos embargos. 
É de se notar que o efeito interruptivo é um efeito da interposição do recurso, produzindo-
se neste momento, independentemente de ser futuramente admitido ou não. 
Vale lembrar também que os embargos de declaração opostos nos feitos de competência dos 
Juizados Especiais Cíveis (JEC’s) também interrompem o prazo para a interposição dos 
demais recursos, tendo sido alterada a redação do art. 50, da Lei n. 9099/95 pelo art. 1.065. 
2 Secundários: 
a) não devolutivo/iterativo ou regressivo: significa que os embargos são apreciados pelo 
mesmo juízo ou órgão jurisdicional que proferiu a decisão. 
Discute-se se haveria vinculação do juiz que prolatou a decisão embargada para o 
julgamento dos embargos, isto é, se os embargos de declaração teriam de ser 
necessariamente apreciados pelo mesmo magistrado que proferiu a decisão recorrida, em 
atendimento ao princípio da identidade física do juiz? 
NÃO, tal princípio é inaplicável à hipótese. A competência para o julgamento dos embargos 
do mesmo órgão jurisdicional que proferiu a decisão embargada. Isto se dá em razão de ser 
o juiz (pessoa natural) mero agente público que, no exercício de suas funções, atua em 
nome do Estado-juiz. 
b) suspensivo: não possuem por previsão expressa do art. 1.026 do NCPC, guardando 
sintonia com a regra já prevista do art. 995. 
Mas é possível a obtenção de efeito suspensivo ope iudicis, desde que observados os 
requisitos previstos no §1º do art. 1.026 (a probabilidade do provimento do recurso – tutela 
de evidêcia; ou que a fundamentação é relevante – fumus boni iuris, se houver risco de dano 
grave ou de difícil reparação – periculum in mora – tutela de urgência). 
 
 Procedimento: De acordo com o art. 1.023, serão opostos, no prazo de 5 dias úteis, ou em 
dobro se tratar de litisconsortes com advogados de escritórios distintos (§1º), FP, MP, 
Defensor Público e advogado de escritório de prática jurídica de faculdade de Direito, 
mediante petição escrita (salvo nos JEC’s, quando poderão ser opostos oralmente – art. 49 
da Lei n. 9.099/95), dirigida ao juiz (leia-se: juízo, seja de 1º grau, seja colegiado do tribunal, 
seja juízo monocrático do tribunal, como o relator) que proferiu a decisão, com indicação do 
erro, obscuridade, contradição ou omissão. 
Não exigem preparo (art. 1.023, caput) e, via de regra, não há necessidade de se ouvir a parte 
contrária, exceto se os embargos produzirem efeito modificativo, quando então o 
embargado disporá do mesmo prazo da oposição, qual seja, 5 dias úteis, para oferecer as 
suas contrarrazões (§2º). 
Os embargos deverão ser julgados em 5 dias (art. 1.024), intimando-se as partes em seguida. 
Trata-se, por óbvio, de prazo impróprio,ou seja, cujo descumprimento não acarreta 
qualquer consequência processual ao juiz, como a maioria dos prazos judiciais. Mas, em 
relação ao julgamento dos embargos nos tribunais, tivemos algumas novidades inseridas no 
art. 1.024, a saber: 
- §1o: prevê que o relator apresentará os embargos na sessão seguinte à sua oposição, sendo 
incluído em pauta automaticamente se nesta sessão não forem julgados; 
- §2o: prevê o julgamento monocrático dos embargos quando opostos contra decisão 
monocrática; 
- §3o: prevê a conversão dos embargos em agravo interno, se assim entender o órgão julgador 
ser este o recurso adequado, permitindo ao recorrente completar as razões num prazo de 5 
dias. 
Observações finais sobre procedimento: 
1ª) É possível a complementação ou alteração do recurso já interposto pelo embargado da 
decisão originária se os embargos implicarem na modificação desta, num prazo de 15 dias da 
intimação da decisão dos embargos (art. 1.024, §4º); 
2ª) O §5º do art. 1.024 determina a desnecessidade de ratificação do recurso já interposto 
pelo embargado se os embargos não modificarem o julgado ou se forem rejeitados, em 
contradição a Sumula 418 do STJ, que obviamente não mais prevalece face o NCPC. 
5 Embargos de declaração protelatórios: caso haja oposição de embargos com intenção 
clara de apenas procrastinar o feito, o NCPC, em seu art. 1.026, §2º, impõe que o juiz ou 
tribunal, em decisão fundamentada, condene o embargante a pagar uma multa, a favor do 
embargado, não excedente de 2% sobre o valor atualizado da causa, podendo ser elevada (e 
não adicionada à anterior) a até 10% (dez por cento), na hipótese de reiteração dos mesmos, 
ficando a interposição de qualquer recurso condicionada ao seu depósito prévio, salvo no 
caso da Fazenda Pública e do beneficiário da gratuidade da justiça, que a recolherão ao final. 
Entretanto, segundo a Súmula 98 do STJ, quando os embargos são opostos exclusivamente 
com o fim de prequestionamento5, à título de interposição de recursos especial ou 
extraordinário, não terão caráter protelatório. 
É a exigência de que na decisão recorrida tenha o juiz se pronunciado sobre questão federal ou 
constitucional, a fim de se verificar se realmente houve violação ou má interpretação do direito 
objetivo. Não cabe REsp ou RE contra decisão cuja matéria não tenha sido amplamente 
debatida; ou seja, é imprescindível que tenha exaurido as instâncias inferiores (1º e 2º graus). 
Todavia, se a decisão é entregue omitindo-se o juiz sobre ponto que, se enfrentado, poderia 
haver violação da norma federal ou constitucional, poderá a parte opor embargos de declaração 
forçando o magistrado suprir tal omissão, e, por conseqüência, deixando a matéria debatida 
(prequestionada). 
 
Embargos de declaração da decisão que julga embargos de declaração: são possíveis 
novos embargos de embargos se os posteriores versarem sobre novas questões ou vícios 
surgidos por ocasião do julgamento dos anteriores. Se isso ocorrer, o prazo para outro 
recurso continuará interrompido. 
Assim sendo, pode-se concluir, por exemplo, que não cabem embargos dos embargos, para 
fins de prequestionamento, caso o magistrado, do julgamento do primeiro, permanecer 
omisso (mesmo fundamento), sob pena de se eternizar a demanda. 
A única solução para este caso é a interposição de um novo REsp ou RE contra a decisão 
que julgou os embargos original, agora com fundamento na violação dos arts. 141 e 492 do 
NCPC (princípio da congruência ou da adstrição) ou art. 5º, inc. LIV, CF/88 (princípio do 
devido processo legal), respectivamente, já que a omissão renitente traduz numa entrega 
insuficiente da prestação jurisdicional, o que contraria os princípios do dispositivo e do 
devido processo legal. 
Também não cabem embargos de embargos, ainda que por fundamento diferente, se os 2 
anteriores houverem sido considerados protelatórios (art. 1.026, §4º). 
 
 
APELAÇÃO (arts. 1.009 a 1.014, NCPC) 
1 Conceito: é o recurso que se interpõe de sentença, definitiva ou terminativa, para levar a 
causa ao reexame do órgão hierarquicamente superior, visando obter reforma (total ou 
parcial), quando fundar-se em error in iudicando, ou a invalidação da decisão impugnada, 
quando se tratar de error in procedendo. 
2 Cabimento: a apelação é cabível contra sentença, seja ela definitiva ou terminativa, ou 
seja, de ato decisório que põe fim ao processo, resolvendo (art. 485) ou não (art. 487) o 
mérito da causa, proferida em qualquer processo, seja de conhecimento ou de execução e em 
qualquer rito, salvo em 3 hipóteses: 
- no sumaríssimo, no âmbito dos JEC’s, onde há previsão específica na Lei n. 9.099/95 do 
cabimento do recurso inominado; 
- da sentença que decreta a falência, contra a qual é cabível agravo de instrumento, de 
acordo com o art. 100, 1ª parte, Lei 11.101/05; 
- e na execução fiscal, cuja Lei 6.830/80, restringe o cabimento da apelação em causas cujo 
valor seja inferior a 50 ORTN’s (= R$328,27 em janeiro de 2001; observar a paridade com a 
ORTN no momento da propositura da execução). 
Uma grande novidade trazida pelo NCPC é o cabimento de apelação contra decisões 
interlocutórias proferidas na fase cognitiva que não comportam agravo de instrumento (art. 
1.015) e que não se sujeitam à imediata preclusão (art. 1.009, §1º). 
Em tais casos, a impugnação destas decisões deverá ser feita em preliminar da apelação, 
eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas suas contrarrazões, a depender se 
quem impugna virá a ser o vencedor ou vencido da causa. 
No primeiro caso (interposição pelo vencido), haverá uma cumulação imprópria de pedidos 
na apelação: o pedido contra a decisão interlocutória não agravável e o pedido contra a 
sentença, de modo que o julgamento de um prejudica o do outro, havendo, portanto, uma 
ordem de cognição. É possível, ainda, a interposição apenas para atacar a decisão 
interlocutória, deixando de se recorrer da sentença. Nesse caso, o trânsito em julgado da 
sentença fica suspenso e retardado para quando do não conhecimento ou não provimento 
da apelação contra a decisão interlocutória; pois, do contrário, caso tal apelação reforme a 
decisão interlocutória, a sentença resolve-se. 
Por outro lado, se quem impugnar a decisão interlocutória for o vencedor, deverá ele fazê-lo 
na ocasião das contrarrazões da apelação interposta pela parte contrária. Em outras 
palavras, as contrarrazões comportam-se então como instrumento de resposta à apelação da 
parte adversária, e, ao mesmo tempo, como recurso contra decisão interlocutória não 
agravável por parte do vencedor da causa, à semelhança da contestação que também poderá 
veicular uma reconvenção. 
Justamente por ser recurso, o §2 do art. 1.009 impõe a intimação do apelante (parte vencida) 
para que se manifeste sobre esta impugnação feita pela parte vencedora nas contrarrazões 
(DIDIER JR, 2016, p. 15, v.3). 
Caso assim o vencedor não o faça, torna-se preclusa a decisão interlocutória que lhe 
desfavorece, não subindo a sua discussão por força da apelação do vencido. 
ATENÇÃO: não confundir essa situação com interposição adesiva, apesar de ser também 
dependente do recurso do vencido. Isso porque se distinguem em 3 aspectos: 
1) o recurso adesivo é cabível na apelação, no REsp e no RE, já o recurso subordinado do 
vencedor contra decisão interlocutória não agravável (§1º do art. 1.009) só é cabível na 
apelação; 
2) o recurso adesivo pressupõe sucumbência recíproca, o que não acontece no recurso do §1º 
do art. 1.009; 
3) no recurso adesivo, o vencedor (que também é vencido) poderia ter recorrido de modo 
independente, mas não o fez; já na apelação subordinada do §1º do art. 1.009, o vencedor não 
poderia ter recorrido do modo independente por falta de interesse recursal. 
 
3 Forma de interposição: a interposição do recurso de apelação se faz por escrito, em 
petição fundamentada (admite-se,por exemplo, a interposição por telegrama), perante o 
juízo que proferiu a decisão recorrida, ou seja, perante o juízo de primeiro grau. Na prática, 
costuma ser dividida em duas peças: a de interposição, dirigida ao juízo a quo; e a das razões, 
que àquela se anexa, dirigidas ao juízo ad quem (tribunal). 
Segundo o art. 1.010 do NCPC, na petição da apelação deverá conter: 
a) o nome e a qualificação das partes – apelante e apelado, não sendo, na verdade, necessário 
qualificá-las novamente, salvo se o apelante for o terceiro prejudicado, tendo em vista que 
não foi parte da relação processual original. 
b) exposição do fato e do direito - como a apelação é um recurso comum, por meio dela se 
devolve ao tribunal o conhecimento tanto da matéria de fato quanto da matéria de direito. 
Assim, necessário que o apelante narre a matéria, objeto da lide, a qual já foi levada ao 
conhecimento do juízo de 1º grau. Trata-se, na prática, de uma breve exposição do processo, 
sintetizando a petição, a defesa e demais atos praticados no processo. 
c) as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade: em nome do princípio da 
dialeticidade recursal (a apelação deve dialogar com a sentença apelada), consiste em 
indicar se, na sentença, houve error in iudicando (se refere à injustiça da sentença, em virtude 
erro cometido pelo juiz na solução das questões de fato ou de direito); ou error in procedendo 
(quando houver vícios, inclusive de ordem processual, suscetíveis de afetar a decisão); e 
d) o pedido de nova decisão, no sentido de: 
d.1) reformar, com um novo pronunciamento de mérito que substitua o do juízo a quo, em 
caso de error in iudicando; 
d.2) a invalidar, cassar, ou simplesmente, decretar a nulidade da decisão recorrida, retornando 
os autos ao juízo inferior, ou ao órgão competente (se tratar de vício de incompetência), 
para novo julgamento, em caso de error in procedendo; 
d.3) subsidiariamente, em observância ao princípio da eventualidade, a decretação de nulidade 
ou a reforma, se contiver os dois tipos de erros. 
4 Procedimento: 
Interposta a apelação, no prazo de 15 dias úteis6 contados da intimação da sentença, caberá 
ao juízo a quo intimar o apelado para, também em 15 (quinze) dias úteis, oferecer as 
contrarrazões (§1º, art. 1.010) e/ou interpor recurso adesivo. Se o apelado interpuser 
apelação adesiva, o juiz intimará também o apelante para apresentar contrarrazões. 
*Lembrando que tal prazo será contado em dobro quando se tratar de: litisconsortes com advogados de 
escritórios distintos, FP, MP, Defensor Público e advogado de escritório de prática jurídica de faculdade 
de Direito. 
Superada toda essa formalidade, o juízo a quo remeterá os autos ao tribunal, 
independentemente de juízo de admissibilidade (§3º). 
Subindo os autos ao juízo ad quem, o relator, a quem for distribuído o feito, fará o primeiro 
juízo de admissibilidade antes de apreciar o mérito, verificando a existência dos 
pressupostos recursais, cuja decisão será no sentido de conhecer ou não do recurso. 
Convém lembrar a regra do art. 932, incisos III a V, que permite ao relator, 
monocraticamente, não conhecer da apelação, e até dar ou negar provimento nas hipóteses 
ali previstas. Todavia, se não for o caso de decisão monocrática, deverá o relator elaborar o 
seu voto para julgamento do recurso pelo tribunal (art. 1.011). 
Das decisões do relator cabe agravo interno no prazo de 15 dias. Se proferida pela Turma, 
poderá caber REsp ou RE. 
Caso o relator dê seguimento, o procedimento da apelação no tribunal ou juízo ad quem 
segue o disposto nos arts. 929 a 946 do NCPC (já analisados no item “Da Ordem dos 
Processos nos Tribunais”), com as seguintes peculiaridades: 
- no julgamento da apelação, a decisão será tomada pelo voto de 3 juízes (art. 941, §2º); 
- o NCPC extinguiu a figura do revisor no julgamento em tribunal; 
- permite-se a sustentação oral no seu julgamento (art. 937, I); 
- o agravo de instrumento, interposto no mesmo processo, tem precedência em relação à 
apelação, se ambos houverem de ser julgados na mesma sessão (art. 946, parágrafo único) 
 
5 Efeitos 
a) Efeito Devolutivo 
Permite ao órgão ad quem, como regra geral, a reapreciação da matéria objeto de 
impugnação, nos termos do caput do art. 1.013, NCPC, consagrando a máxima tantum 
devolutum quantum appellatum. 
Dessa forma, a depender do que for impugnado pelo apelante, nos limites de sua 
sucumbência, a devolução pode ser total ou parcial (devolutividade sob a dimensão 
horizontal ou quanto à extensão). 
Lembrando que o apelante só pode impugnar o que foi levado ao conhecimento do juízo 
inferior, pois está limitado à própria sucumbência. Não pode, portanto, impugnar questões 
de fato novas, ou seja, não propostas no juízo inferior sobre os quais não houve sequer 
oportunidade de julgamento pelo juízo a quo, salvo se tratarem de fatos posteriores à 
sentença ou cuja arguição em momento próprio não foi possível em virtude de força maior 
(art.1.014). Excetuam-se também fatos arguidos por terceiro prejudicado, que, só após a 
sentença, ingressa no processo interpondo recurso, e questões conhecíveis de ofício pelo 
juiz, não sujeitas a preclusão. Assim, o juízo ad quem está em face da mesma lide, mas com a 
extensão do conhecimento limitada pela impugnação. Em outras palavras, todas as questões 
(pedidos) e fundamentos (de fato e de direito – argumentações) adstritos à parcela da 
impugnação ou ao capítulo impugnado são devolvidas ao tribunal, ainda que não tenham 
sido apreciadas uma ou algumas delas, embora tenha sido dada tal oportunidade ao juízo a 
quo. Esta é a inteligência dos §§1º e 2º do art. 1.013 do NCPC. 
De acordo com os §1º, devolve-se ao tribunal de todas as questões suscitadas e discutidas no 
processo, ainda que não tenham sido solucionadas, como, v.g., a hipótese de o juiz negar um 
primeiro pedido e deixar de examinar o pedido seguinte. 
Ou quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um (§ 
2º), como, v. g., no caso de pedido de rescisão contratual, onde se discute o defeito da coisa e 
a falta de manutenção na mesma, mas o juiz só acolhe este último. 
Em suma, no §1º devolve-se todos os pedidos e, no §2º, devolve-se todas as causas de pedir, 
ainda que o juiz não tenha julgado ou acolhido todos eles. 
Um bom exemplo é o caso da sentença que reconheceu prescrição ou decadência, não 
adentrando no mérito propriamente dito. Considerando o disposto no §4º do art. 1.013, 
poderá o tribunal, depois de reformar a sentença, afastando a hipótese de prescrição ou de 
decadência, enfrentar o mérito propriamente dito de forma inédita, sem que com isso 
implique em supressão de instâncias. Assim, não é necessário que o juízo a quo tenha se 
pronunciado sobre todas as questões de mérito ou fundamentos para que o tribunal 
também possa fazê-lo, pois tal oportunidade já havia sido conferida pelo juízo de origem. 
Estamos, dessa forma, diante da devolutividade sob a dimensão vertical, ou quanto à 
profundidade, que é sempre integral, também conhecida como efeito translativo do 
recurso de apelação, uma vez que transladam-se para o tribunal tudo o que está adstrito à 
parcela ou capítulo impugnada, independentemente de requerimento. 
a.1) efeito desobstrutivo 
Aparentemente um desdobramento do efeito devolutivo, o efeito desobstrutivo é, na 
verdade, um efeito do provimento do recurso, uma vez que autoriza o tribunal decidir 
diretamente e de forma inédita o mérito da causa, sem devolver os autos ao juízo de origem, 
após dar provimento à apelação, anulando a sentença apelada. 
Para a sua aplicação, é necessária a observância de 3 pressupostos: a) requerimento do 
apelante (sob pena de julgamento extra petita); b) provimento da apelação; c) o processo 
estiver em condições de imediato julgamento (p. ex, réu citado, provas já produzidas etc - 
aplicação da teoriada causa madura). 
É a regra insculpida no art. 1.013, §3º, que prevê o seu cabimento nas seguintes hipóteses: 
I) sentença processual ou terminativa (art. 485) – é a única hipótese em que o efeito 
desobstrutivo é cabível mesmo que o fundamento tenha sido erro de julgamento. Isso pois 
que, reformando a sentença extintiva e desde que observados os referidos pressupostos, é 
possível o tribunal adentrar no mérito sem que isso implique em supressão de instâncias (é 
velha hipótese do art. 515, §3º do CPC de 73). 
 
A polêmica é maior quando se refere a acórdão que anula tal sentença por erro de 
procedimento, pois a anulação impõe normalmente o necessário retorno dos autos para 
nova atividade jurisdicional. Todavia, o entendimento tem sido no sentido de que é também 
possível à luz dos princípios da duração razoável do processo e da primazia da decisão de 
mérito e desde os referidos pressupostos esteja também observados. 
II) sentença que violar a regra da congruência – é o caso de o tribunal anular a sentença 
extra petita, ou seja, em que o juiz examinou pedido não formulado, deixando de examinar 
pedido que realmente fora feito. Ex: pede-se danos materiais apenas e o juiz examina danos 
morais que sequer foram pedidos. 
 
Conclui-se, assim, facilmente que, na verdade, a sentença congruente não é só extra petita, 
mas citra petita também, vez que o pedido formulado pelo autor não foi examinado em razão 
de o juiz ter examinado outro, não formulado. 
Nesse caso, se o tribunal anular tal sentença, poderá prosseguir julgando pedido ou a causa 
de pedir que não foram antes examinados. 
III) sentença que não examinou um pedido - não confundir com a hipótese anterior, porque 
aqui se trata de verdadeira omissão, quanto ao pedido formulado (julgamento citra petita), 
constatada pelo tribunal na ocasião do provimento da apelação. Ex: o tribunal, ao reformar 
sentença que acolheu pedido principal, poderá avançar e decidir o pedido subsidiário que, 
obviamente, não havia sido examinado antes. 
Interessante notar que o tribunal não vai invalidar a sentença naquilo em que ela foi omissa, 
porque não há sequer decisão pra anular; mas tão somente “constatar a omissão” no 
momento do provimento, julgando em seguida o pedido não enfrentado pelo juízo de 
origem. No caso do inciso II, o verbo utilizado não é “constatar”, mas “decretar a nulidade 
da sentença por não ser ela congruente...”. Tal sutileza, nos dizeres de Didier Júnior (2016, 
p. 36, v.3), “não pode passar despercebida”. 
IV) sentença sem fundamentação - quando o tribunal, dando provimento à apelação, 
decretar a nulidade da sentença por falta de fundamentação, poderá avançar e, desde logo, 
julgar o mérito. Além de justificar tal procedimento por estar a causa madura, pressupõe 
também que, caso os autos retornassem ao juízo a quo, provavelmente a decisão seria a 
mesma. 
b) efeito suspensivo 
É aquele que impede, que suspende os efeitos, inclusive executórios, da sentença recorrida, 
não podendo ser executada, ainda que provisoriamente. 
O efeito suspensivo é automático na apelação, pois decorre da lei (art. 1.012, caput, NCPC– é 
o chamado efeito suspensivo ope legis). 
Porém, excepcionalmente, a apelação não será recebida no efeito suspensivo, mas apenas no 
efeito devolutivo, o que implica dizer que a sentença apelada pode produzir seus efeitos 
imediatamente e submeter a um cumprimento provisório (art. 1.012, §2º c/c art. 520, 
NCPC). Entretanto, se o apelante requerer ao relator o efeito suspensivo, este poderá 
concedê-lo, desde que esteja demonstrada a probabilidade de provimento (espécie de tutela 
de evidência recursal), ou desde que provado que o fundamento recursal é relevante e que a 
produção imediata dos efeitos da sentença pode gerar risco de um dano grave ou de difícil 
reparação (ou seja, fumus boni iuris e periculum in mora, na já tradicional tutela de urgência 
recursal). Em todos estes casos trata-se do efeito suspensivo ope judicis ou efeito obstativo, 
previsto no §4º do art. 1.012 do NCPC. 
Tais hipóteses excepcionais em que a apelação NÃO terá efeito suspensivo estão previstas 
no §1º do art. 1.012 do NCPC, a saber: 
I – sentença que homologar a divisão ou a demarcação – pois se trata de sentença constitutiva. 
II – sentença condenatória de alimentos – seria contrário ao princípio da efetividade processual 
admitir que a apelação contra tal sentença seja recebida também no efeito suspensivo, pois 
que o direito nela reconhecido é de caráter alimentar e urgente. 
III – sentença que extingue sem resolução de mérito ou que julga improcedentes os embargos do executado - 
visa nitidamente beneficiar o exequente que verá a sua execução prosseguir normalmente 
face à produção imediata dos efeitos da improcedência ou da rejeição dos embargos. 
IV – sentença que julga procedente pedido de instituição de arbitragem – para suprir a falta de 
compromisso arbitral pela negativa de uma das partes (art. 7º, Lei 9.307/96); nesse caso, a 
apelação contra tal sentença produzirá efeitos imediatos em prestígio ao instituto da 
arbitragem. 
V – sentença que confirma, concede ou revoga tutela provisória – seja ela de urgência (de natureza 
antecipada ou cautelar), seja ela de evidência. Com o afastamento do efeito suspensivo, fica 
garantida a sua eficácia, pois que a sentença produzirá efeitos imediatamente. Admitir o 
contrário é tornar a medida inócua. 
E não ocorre apenas contra sentença que concede ou confirma a tutela provisória, mas 
também a que revoga/cassa a liminar, porque, se admitir o recebimento da apelação no 
efeito suspensivo, implicaria no revigor do provimento já cassado na sentença. 
VI – sentença que decreta a interdição 
Vale lembrar que este rol não é taxativo. Existem outras hipóteses em que a apelação 
também será dotada apenas de efeito devolutivo, tais como: 
- art. 14 da Lei n. 7.347/85/ Lei da Ação Civil Pública; 
- art. 14, §3º da Lei n. 12.016/09/Lei do MS; 
- art. 58, V, da Lei n. 8.245/91 (sentenças em ações de despejo); 
- art. 15, parágrafo único, da Lei n. 9.507/97 (sentença que conceder o habeas data); 
- art. 199-A da Lei n. 8.069/90 (sentença que deferir adoção, salvo exceções); 
- art. 199-B da Lei n. 8.069/90 (sentença que destituir os genitores do poder familiar). 
c) efeito regressivo 
Da sentença que indefere liminarmente a petição inicial cabe apelação, facultando-se ao juiz 
retratar de sua decisão em 5 dias após a interposição do recurso (art. 331). 
Não se retratando, deverá o juiz mandar citar o réu para responder ao recurso (§1º), 
remetendo em seguida os autos para o tribunal. Caso o tribunal reforme a sentença, o prazo 
para a contestação fluirá a partir da intimação do retorno dos autos (§2º). 
Por outro lado, retratando-se, a sentença restará reformada e a apelação, prejudicada. Trata-
se do juízo de retratação, também conhecido como efeito regressivo do recurso, que é uma 
exceção à regra do art. 494, NCPC, segundo o qual, com a publicação da sentença, o juiz 
não poderá mais alterá-la, operando a chamada preclusão judicial (pro iudicato). 
Outra hipótese muito semelhante em que também cabível o juízo de retratação é a prevista 
no art. 332, §3º, ou seja, que trata da apelação contra a sentença que julgar liminarmente 
improcedente o pedido. 
 
3 AGRAVO (art. 1.015 a 1.021; art. 1042, NCPC) 
1 Noções gerais e espécies 
O recurso de agravo normalmente se presta a atacar decisão interlocutória, ou seja, 
pronunciamento judicial que não se enquadre como sentença7, de acordo com o NCPC (art. 
203, §2º - o critério utilizado, portanto, foi o residual). 
Sentença, por sua vez, conforme a previsão contida no art. 203, §1º, do NCPC, é o pronunciamento por meio do qual o juiz, resolvendo (art. 487) ou não 
(art. 485) o mérito, põe fim não ao processo, mas à fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução. 
No entanto, o NCPC prevê 3espécies de recurso de agravo: -o agravo de instrumento (arts. 
1.015 a 1.020); o agravo interno (também conhecido como agravo regimental ou agravinho –
art. 1.021), cabível contra decisão monocrática do relator, cujo processamento é definido nos 
Regimentos Internos dos tribunais; e o agravo em REsp e RE (art. 1.042) cabível 
especificamente de decisão monocrática proferida por presidente ou vice-presidente de 
tribunal, que inadmite REsp ou RE, o qual será estudado em momento oportuno. 
No presente momento, dedicaremos ao estudo da 1ª espécie. 
2 Agravo de instrumento (AI) 
a) Conceito 
O agravo de instrumento é um recurso interposto diretamente no tribunal. O que justifica 
tal formalidade excepcional é a urgência do agravante de ver, tão logo, reapreciada a 
decisão interlocutória que lhe fora desfavorável. 
Dessa forma, por não ser possível à parte agravante esperar pela decisão final, para então 
fazer subir ao conhecimento do tribunal a sua irresignação, sem que isso lhe importe em um 
prejuízo grave ou de difícil reparação, é possível a interposição do agravo diretamente no 
tribunal. 
Entretanto, como os autos continuarão no juízo inferior, cuja marcha processual 
prosseguirá (lembre-se que a decisão recorrida é interlocutória, o que implica dizer que não 
pôs fim ao procedimento cognitivo de 1° grau, o qual continuará), o agravo segue direto ao 
conhecimento do juízo superior. 
Para tanto, faz-se necessária a remessa, juntamente com as razões do agravo, de cópias de 
documentos, sem as quais se torna impossível o seu julgamento. Ao conjunto desses 
documentos denominamos de instrumento. 
b) Cabimento 
É cabível o recurso de agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias proferidas 
na fase de conhecimento que estejam previstas no rol taxativo do art. 1.015 do NCPC 
(embora se admita interpretação extensiva para se evitar o uso excessivo do MS) e na 
legislação extravagante. 
Conclui-se, assim, que qualquer outra hipótese de decisão interlocutória ali não prevista 
não desafia o referido recurso, mas poderão ser impugnadas, como já visto, na ocasião das 
razões ou contrarrazões de eventual apelação da decisão final (art. 1.009, §1º, NCPC). 
Já na fase de liquidação, do cumprimento de sentença, no processo de execução e no 
inventário e partilha, todas as decisões interlocutórias são agraváveis (art. 1.015, parágrafo 
único), sem distinção. 
Dessa forma, de acordo com o art. 1015 do NCPC, cabe, na fase de conhecimento, agravo de 
instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: 
1 - tutelas provisórias: seja de urgência ou de evidência, e esta, seja de natureza antecipada 
ou cautelar. Em todos esses casos é possível atacar a decisão interlocutória imediatamente, 
sob pena de se negar o acesso ao duplo grau de jurisdição, impedindo que uma ameaça ou 
lesão seja controlada pelo tribunal. 
A única exceção é quando a tutela provisória for concedida no momento da sentença para 
impedir o efeito suspensivo de eventual apelação, pois, neste caso, como a tutela faz parte 
de um capítulo da sentença, será passível de apelação (art. 1.009, §3º c/c art. 1.013, §5º). 
2 – mérito do processo: é a chamada “decisão interlocutória de mérito”, ou seja, decisão que 
julga o mérito, mas que não se enquadra no conceito de sentença, vez que não põe fim à fase 
cognitiva. Exemplo: julgamento antecipado parcial do mérito (art. 356, §5º); decisão que 
rejeita prescrição ou decadência e determina instrução probatória; decisão que homologa 
renúncia parcial, transação parcial ou reconhecimento de um dos pedidos cumulados (art. 
487, III). 
3 – rejeição da alegação de convenção de arbitragem: primeiramente deve-se esclarecer que 
convenção de arbitragem é o gênero do qual são espécies a cláusula compromissória (pré 
lide) e o compromisso arbitral (pós lide), sem a qual não é possível instituir a arbitragem. 
Caso um dos envolvidos no conflito promova o processo judicial e a parte contrária alegue a 
existência de convenção de arbitragem (por preliminar de contestação – art. 337, X), o juiz 
da causa deverá decidir sobre a sua competência. 
Se ele acolher a alegação, extinguirá o processo judicial e sua decisão, por ser uma sentença, 
desafiará o recurso de apelação. Todavia, se rejeitar, ao feito judicial será dada continuidade, 
cabendo da decisão do juiz o recurso de agravo de instrumento. 
O mesmo pode ser dito da situação inversa, ou seja, do árbitro (por força da regra 
competência-competência) reconhecer a sua própria competência, impondo a extinção de 
eventual processo judicial. Caso o juiz negue-se a extingui-lo, caberá igualmente dessa 
decisão agravo de instrumento. 
Por interpretação extensiva, Didier Júnior (2016, p. 27, Cap. 4, v.3) entende que, à 
semelhança do caso da convenção de arbitragem, é agravável qualquer decisão 
interlocutória que verse sobre competência, absoluta ou relativa; que nega eficácia a negócio 
processual, como cláusula de eleição de foro, desistência da ação, suspensão de processo, 
escolha consensual de perito etc. 45 
 
4 – incidente de desconsideração da personalidade jurídica: tal incidente, instaurado a 
pedido da parte ou do MP, e regulado pelos arts. 133 a 137 do NCPC, suspende o processo e 
é resolvido por decisão interlocutória (art. 136), portanto, agravável. Vale lembrar que é 
requerida na própria petição inicial e resolvida na sentença, não cabe o agravo de 
instrumento, e, sim, apelação. 
5 – rejeição do pedido de gratuidade da justiça ou acolhimento do pedido de sua revogação: 
tal situação já está prevista no art. 101, que diz ser cabível agravo de instrumento da decisão 
que indeferir a gratuidade ou acolher o pedido de sua revogação. Porém, duas curiosidades: 
tal agravo será dotado de efeito suspensivo automático (ope legis - previsto no art. 101, §1º); e 
o recorrente está dispensado de recolher as custas até decisão do relator. 
6 – exibição ou posse de documento ou coisa: refere-se exatamente ao incidente previsto 
nos arts. 396 a 400 do NCPC promovido contra a parte contrária, que se encerra por 
decisão interlocutória. 
7 – exclusão de litisconsorte: por não extinguir o processo, é uma decisão interlocutória, 
portanto, agravável. 
8 – rejeição do pedido de limitação do litisconsórcio: ou seja, do litisconsórcio 
multitudinário, o qual compromete a rápida solução do litígio ou dificulta a defesa (art. 113, 
§1º). A decisão que rejeita tal limitação é uma decisão interlocutória, também agravável. 
9 – admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros: seja assistência, denunciação da 
lide, chamamento ao processo, desconsideração da personalidade jurídica, entre outras 
previstas no código e em leis esparsas. Excetua-se o amicus curiae, pois, nos termos do art. 138 
do NCPC, é irrecorrível a decisão do juiz que admite a participação dele. 
Vale lembrar, como bem diz Didier Júnior (2016, p. 7, Cap. 4, v.3), que não é “útil, nem 
razoável deixar uma eventual impugnação para a apelação, quando já ultimados todos os 
atos processuais com ou sem a presença do terceiro”. 
10 – concessão, modificação ou revogação de efeito suspensivo aos embargos à execução: 
primeiramente, há que se esclarecer que, seja no cumprimento de sentença (fundado em 
título judicial) ou no processo de execução (fundado em título extrajudicial), a defesa do 
executado, por meio de impugnação ou embargos à execução respectivamente, só suspende 
a execução se o exequente requerer, garantir o juízo (mediante depósito, caução ou 
penhora) e demonstrar os requisitos da tutela de urgência (fundamento relevante – fumus 
boni iuris, e que o prosseguimento da execução possa resultar-lhe danos – periculum in mora). 
Da decisão do juiz que, no cumprimento de sentença, concede, modifica ou revoga o efeito 
suspensivo conferido à impugnação cabe agravo de instrumento, porque, por força do art. 
1.015, parágrafo único, de qualquer decisãointerlocutória proferida nessa fase é cabível tal 
recurso. 
Todavia, no caso da decisão que concede, modifica ou revoga efeito suspensivo outorgado 
aos embargos à execução, é cabível agravo de instrumento por força do art. 1.015, inciso I, 
pois não passa de uma decisão interlocutória que versa sobre tutela provisória, sendo, 
portanto, desnecessária a previsão deste inciso X. 
11 – redistribuição do ônus da prova nos termos do art. 373, §1º: ou seja, da decisão que 
defere, indefere, nega, rejeita inverte o ônus da prova, nesta incluindo a decisão de 
saneamento e organização do processo. 
12 – vetado 
13 – outros casos expressamente previstos em lei: decisão que recebe a petição inicial de 
ação de improbidade administrativa (art. 17, §10, Lei n. 8.429/92); decisão que verse 
qualquer hipótese do art. 485 ou 487, desde parcial (art. 354, parágrafo único); etc. 
c) Forma de interposição => o agravo de instrumento será oferecido, no prazo de 15 dias 
úteis8 contados da intimação da decisão, por petição fundamentada dirigida diretamente 
para ao tribunal competente para o seu julgamento (órgão ad quem), e protocolizada: 
diretamente no protocolo do tribunal; no protocolo na própria comarca, seção ou subseção 
judiciarias; postada no correio com AR; transmissão de dados tipo fac-simile, nos termos da 
lei; ou outra forma prevista em lei (§2º do art. 1.017, NCPC). 
Não deixar de esquecer que tal prazo será contado em dobro quando se tratar de: litisconsortes com advogados de escritórios distintos, FP, MP, Defensor 
Público e advogado de escritório de prática jurídica de faculdade de Direito. 
De acordo com o art. 1.016, a peça, dentre outros requisitos, deverá conter os nomes das 
partes; a exposição do fato e do direito; as razões do pedido de reforma ou de invalidação da 
decisão e o próprio pedido; e os nomes e endereços dos advogados (sg. o STJ é dispensável, 
se tal endereço já se encontra na procuração que acompanha a peça recursal). 
d) Juntada de documentos => os documentos que acompanham a petição do recurso de 
agravo de instrumento são, nos termos do Código de Processo Civil, obrigatórios e 
facultativos. Porém, tal exigência remanesce apenas aos processos que tramitam em autos 
físicos, sendo dispensada àqueles cujos autos são eletrônicos, pois que, nesse caso, o 
tribunal tem pelo acesso aos documentos . 
São, no entanto, considerados documentos obrigatórios (art. 1.017, I), sem os quais o 
recurso não será conhecido por inobservância ao pressuposto da regularidade formal, as 
cópias9: 
 Tais cópias não precisam ser autenticadas em cartório, bastando o advogado do agravante as declare autênticas, sob sua 
responsabilidade pessoal (art. 425, IV). 
da petição inicial; 
da contestação; 
da petição que ensejou a decisão agravada; 
da decisão agravada; 
da certidão da respectiva intimação; 
das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado. 
 
São facultativos (art. 1.017, III, NCPC) aqueles que, a juízo da parte, são úteis e poderão 
contribuir para o julgamento do recurso. 
A falta da cópia de qualquer documento não implica em imediata inadmissibilidade do 
agravo, devendo o relator conceder um prazo de 5 dias ao recorrente para que seja sanado o 
vício ou complementada a documentação exigível (art. 1.017, §3º c/c art. 932, parágrafo 
único). 
e) Preparo => sendo um dos pressupostos objetivos, o preparo é fundamental para o 
conhecimento do recurso, devendo o agravante comprovar o recolhimento das custas 
relativas ao seu processamento, inclusive do porte de retorno (no caso de interior), no ato 
de sua interposição. 
f) Juízo de retratação => interposto o agravo de instrumento, a parte deverá requerer a 
juntada aos autos principais, no prazo de 3 dias em não sendo os autos eletrônicos, da cópia 
da petição do agravo, comprovando a interposição do recurso, bem como da relação dos 
documentos que acompanham a respectiva petição (art. 1.018, caput, §2º). 
Esse ato, praticado no interesse partes, visa a permitir o juízo de retratação, quando então o 
relator considerará prejudicado o AI (§1º). 
Caso o agravante, no prazo de que lhe dispõe, não providencia a juntada de tais 
documentos, impossibilitando a retratação do juízo a quo, será o agravo de instrumento 
inadmitido pelo relator do tribunal se o agravado, na primeira oportunidade que lhe couber 
falar nos autos, a saber, na ocasião das contrarrazões, arguir tal omissão e prová-la 
(mediante certidão do juízo de 1º grau, que atestará o seu não conhecimento da interposição 
do AI) - §3º do art. 1.018. 
Vê-se que a consequência da omissão do agravante não se resume à impossibilidade de 
retratação do juízo a quo, mas poderá importar também na inadmissibilidade de seu recurso. 
g) Procedimento/processamento (art. 1.019) => recebido o AI no tribunal e distribuído 
imediatamente ao relator, este, no prazo de 5 dias: 
I – poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em antecipação de tutela, total ou parcialmente, 
a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão. 
O relator atribuirá efeito suspensivo, caso o agravante tenha requerido e provado os 
requisitos previstos no art. 995, parágrafo único, quais sejam, o fumus boni iuris 
(fundamentação recursal relevante) e o periculum in mora (receio de lesão grave e de difícil 
reparação face à demora do julgamento do recurso). 
Não havendo tal requerimento, o relator o receberá apenas no efeito devolutivo, que é o 
efeito legal do agravo de instrumento. 
Todavia, não sendo suficiente a suspensão para evitar danos, poderá o agravante requerer 
antecipação dos efeitos da tutela recursal (tutela provisória de urgência em sede de 
recurso), quando a decisão interlocutória atacada contiver conteúdo negativo. 
Isso porque a suspensão, se requerida e concedida, não tem o condão de transformar uma 
decisão de conteúdo negativo (v.g. indeferimento de uma prova) em conteúdo positivo. Tal 
resultado só é alcançável com a reforma da decisão. Não sendo possível ao agravante esperar 
pelo julgamento do agravo, sob pena de sofrer danos, poderá ele, se provável a pretensão 
recursal, antecipar, total ou parcialmente seus efeitos, alcançando, assim, um efeito 
suspensivo ativo. 
Da decisão do relator que concede efeito suspensivo ou que antecipa efeitos da tutela 
recursal cabe agravo interno (art. 1.021). 
II – ordenará a intimação do agravado pessoalmente, por carta com aviso de recebimento, quando não tiver 
procurador constituído, ou pelo Diário da Justiça ou por carta com aviso de recebimento dirigida ao 
advogado, para que responda no prazo de 15 (quinze) dias, facultando-lhe juntar a documentação que 
entender necessária ao julgamento do recurso. 
A redação deste inciso foi mantida, mas com aperfeiçoamentos, elastecendo o prazo para as 
contrarrazões para 15 dias, em simetria ao prazo para interpor o AI, que também foi 
ampliado de 10 para 15 dias, e prevendo a intimação do agravado pessoalmente quando não 
tiver procurador constituído nos autos. 
III – determinará a intimação do Ministério Público, preferencialmente por meio eletrônico, quando for o 
caso de sua intervenção, para que se manifeste no prazo de 15 (quinze) dias. 
Superadas todas as formalidades, o relator elaborará o relatório e o seu voto, devolvendo os 
autos para a secretaria, pedindo dia de julgamento em prazo não superior a 1 (um) mês da 
intimação do agravado (art. 1.020, NCPC). O julgamento do agravo de instrumento será 
feito por um órgão colegiado com 3 juízes (como, p.ex, uma Turma10). 
h) Efeitos 
h.1) Devolutivo: o AI possui, via de regra, apenas o efeito devolutivo, o que permite a 
execução da decisão recorrida, exceto se for requerido e concedido pelo relator o efeito 
suspensivo ope judicis. Aplica-se o art. 1.013 normalmente ao AI. 
h.2) Suspensivo (ope judicis): como já dito, o AI só terá também efeito suspensivo se 
houver pedido

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