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Danielle Torquato – Medicina IESVAP Objetivos 1) Entender o que é gastrite, quais as causas e quais os fatores de risco 2) Compreender a fisiopatologia da gastrite e seus tipos 3) Explicar as manifestações clínicas e complicações da gastrite 4) Conhecer os sinais e achados dos exames para o diagnóstico da gastrite 5) Compreender o tratamento e prevenção da gastrite Definição • Reação inflamatória da parede do estomago • Infiltrado de células inflamatórias • Pode ser aguda, quando aparece de repente e dura pouco, ou crônica, quando se instala aos poucos e leva muito tempo para ser controlada Causas • Uso prolongado de medicamentos como aspirina ou anti-inflamatórios • Consumo de álcool • Hábito de fumar • Infecção pela bactéria Helicobater pylori • Gastrite autoimune – ocorre quando o sistema imune produz anticorpos que agridem e destroem as células gástricas do próprio organismo Fatores de risco Danielle Torquato – Medicina IESVAP • Dieta inapropriada • Tabagismo • Alcoolismo • Medicamentos e ingestão de substancias corrosivas • Estresse por traumas • Procedimentos cirúrgicos • Septicemia • Insuficiência hepática • Irradiação do estômago • Infecções sistêmicas • H pylori Fisiopatologia A luz gástrica é fortemente ácida, com pH próximo de 1 - mais de um milhão de vezes mais ácida do que o sangue. Esse ambiente hostil contribui para a digestão, mas também tem o potencial de danificar a mucosa. Múltiplos mecanismos evoluíram para proteger a mucosa gástrica.. • A mucina secretada pelas células foveolares da superfície forma uma camada fina de muco que impede que as partículas de alimentos toquem diretamente o epitélio. • A camada de muco também promove a formação de uma camada “imperturbável” de líquido sobre o epitélio que protege a mucosa e tem pH neutro como resultado de secreção de íon de bicarbonato por células epiteliais da superfície. • Finalmente, o rico suprimento vascular para a mucosa gástrica fornece oxigênio, bicarbonato e nutrientes, enquanto lava o ácido que difundiu de volta em direção à lâmina própria. A gastrite aguda ou crônica pode ocorrer depois da ruptura de qualquer um desses mecanismos de proteção. Por exemplo, síntese reduzida de mucina em idosos é sugerida como um fator que explica a sua maior suscetibilidade à gastrite. Fármacos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) podem interferir na citoproteção normalmente fornecida por prostaglandinas ou reduzir a secreção de bicarbonato, sendo que ambos aumentam a suscetibilidade da mucosa gástrica a lesões. A ingestão de substâncias químicas hostis, principalmente ácidos ou bases, acidentalmente ou como tentativa de suicídio, também resulta em lesão gástrica grave, predominantemente como consequência de danos diretos às células epiteliais e estromais da mucosa. A lesão celular direta também está implicada na gastrite devido ao consumo excessivo de álcool, AINE, radioterapia e quimioterapia. → Gastrite Aguda • Gastrite aguda refere-se a processo inflamatório agudo da mucosa gástrica, associado a causas exógenas, geralmente de curta duração. Em geral, predominam hemorragia gástrica e/ ou erosões superficiais da mucosa (úlceras agudas) c edema; infiltrado inflamatório é discreto. Quadro muito semelhante. predominantemente de causa endógena, que pode se estender ao duodeno, é denominado lesões agudas da mucosa gastroduodenal • Gastrites agudas podem ser provocadas por: ( I) medicamentos (aspirina e anti inflamatórios não esteróides); (2) bebidas alcoólicas; (3) fumo; (4) sais biliares; (5) uremia; (6) álcalis c ácidos fortes (substâncias corrosivas); (7) agentes biológicos (vírus, bactérias): (8) intoxicação alimentar. Os mecanismos patogenéticos mais importantes reconhecidos são: (a) aumentoda secreção ácida; (b) redução da produção de ions H,C03; (c) lesão direta da barreira da mucosa gástrica, permitindo a retrodifusão de ions H Danielle Torquato – Medicina IESVAP → Gastrite Crônica • É a forma mais comum de gastrite e caracteriza se por reação inflamatória da mucosa com infiltrado de leucócitos mono e polimorfonucleares. cm proporções e intensidade variáveis. O exsudato pode ser difuso ou focal, acometendo uma região inteira ou diferentes regiões da mucosa gástrica. • Há três causas principais de gastrite crónica: bacteriana (Helicobacter pylori), auto-imune e químicas (uso prolongado de antiinflamatórios não-esteróides e associada a refluxo gastrointestinal em estômagos operados). Outras causas, com doença de Crohn ou tuberculose, são raras. As gastrites linfocítica e eosinofílica são raras e de causa desconhecida. Dependendo das causas c evolução do processo, os quadros morfológicos são variáveis, bem como as regiões mais comumente afetadas no estômago, permitindo, na maioria das vezes, o diagnóstico etiológico. • Sabe-se que a bactéria H. pylori pode determinar uma gastrite crônica (quadro prolongado de gastrite). Esta bactéria sobrevive em ambientes ácidos, como é o estômago. No entanto, o Helicobacter pylori leva à destruição da barreira protetora que reveste a mucosa do estomago , permitindo que o suco gástrico agrida esta mucosa, o que leva à inflamação da mesma, caracterizando a gastrite.. Como a infecção pela bactérica é crônica, a inflamação também segue este padrão.. • Gastrite crônica atrófica: Ocorre quando os anticorpos atacam o revestimento do estômago, provocando a diminuiçnao ou extinção das enzimas gástricas.. A gastrite atrófica prejudica a absorção de vitamina B12 e pode levar ao quadro conhecido como anemia perniciosa . Manifestações clínicas • Dor de estômago intensa; • Azia; • Indigestão • Arroto • Sensação de estufamento; • Perda de apetite; • Náusea e vômito; • Presença de sangue nas fezes e no vômito. • Ardencia na lingua Complicações • Ulcera péptica • Pólipos gástricos • Tumores gástricos benignos e malignos • Anemia • Gastrite atrofica Danielle Torquato – Medicina IESVAP Diagnóstico • Achados morfológicos macroscópicos: vermelhidão local, textura alterada e aspecto mole • Achados morfológicos microscópicos :inflamação com presença de linfócitos, plasmócitos, neutrófilos e atrofia das células da parede gástrica • Endoscopia digestiva alta • Biopsia Prevenção • Consumir verduras, legumes e frutas; • Evitar o consumo exagerado de gorduras, cafeína, álcool e condimentos ácidos e picantes; • Fazer no mínimo três refeições ao dia em ambiente tranquilo; • Não exagerar na quantidade de alimentos por refeição e mastigar bem os alimentos; • Evitar temperaturas extremas (muito quente ou muito gelada); • Beber líquidos com frequência, exceto nos horários das refeições; • Evitar o consumo de AINEs sem prescrição médica. Danielle Torquato – Medicina IESVAP Tratamento • Dieta balanceada associada com medicação que diminua a produção de ácidos pelo estômago e/ou medicamentos que tentem neutralizar a acidez presente nessa região. . • IBP (inibidores da bomba de prótons) (omeprazol, ezomeprazol, etc) • Antagonistas H2 • Antibióticos ✓ O tratamento está relacionado ao agente causador Referências: - CECIL, Russell L. Tratado de Medicina interna. 23. ed. Pg 661-662. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. 2v. - FAUCI, Anthony S., (Edit.). Medicina interna. 17. ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 2008. 2 v. - GUYTON, Arthur C.; HALL, John E. . Tratado de Fisiologia Médica. 11. ed. Rio de Janeiro: Elsevier 2006. Pg.:771- 779. - FORONES, Nora Manoukian (org.); MISZPUTEN, Sender Jankiel. Manual de gastroenterologia. Sao Paulo: EPM, 2000. 252 p - Ddine, Lissa Chamse et al. Fatores associados com a gastrite crônica em pacientes com presença ou ausência do Helicobacter pylori. ABCD. Arquivos Brasileiros de Cirurgia Digestiva (São Paulo) [online]. 2012, v. 25, n. 2 - Robbins & Cotran - Patologia - Bases Patológicas das Doenças,8a ed., Elsevier/Medicina Nacionais, Rio de Janeiro, 2010. - BRASILEIRO FILHO, G. Bogliolo. Patologia Geral. 9 a edição. Editora Guanabara. Koogan S.A., Rio de Janeiro, RJ, 2016.
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