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Aula 01 Português p/ DEPEN (Com Videoaulas) - Pós-Edital Autores: Felipe Luccas, Equipe Felipe Luccas Aula 01 15 de Maio de 2020 1 111 AULA 01 CLASSES I. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................................ 2 SUBSTANTIVO ................................................................................................................... 3 ADJETIVO ......................................................................................................................... 10 ORDEM DA EXPRESSÃO NOMINAL (SUBST+ADJETIVO): MUDANÇA SEMÂNTICA E/OU MORFOLÓGICA ........................................................................... 14 ADVÉRBIO ......................................................................................................................... 18 PALAVRAS E EXPRESSÕES DENOTATIVAS: ............................................................. 23 ARTIGO .............................................................................................................................. 26 PREPOSIÇÕES .................................................................................................................. 28 PRONOMES ...................................................................................................................... 35 COLOCAÇÃO PRONOMINAL ...................................................................................... 53 NUMERAL ......................................................................................................................... 60 INTERJEIÇÃO ................................................................................................................... 61 PALAVRAS ESPECIAIS .................................................................................................... 61 RESUMO ............................................................................................................................ 82 LISTA DE QUESTÕES...................................................................................................... 94 GABARITOS .................................................................................................................... 111 Felipe Luccas, Equipe Felipe Luccas Aula 01 Português p/ DEPEN (Com Videoaulas) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1460148 2 111 EMPREGO DAS CLASSES I CONSIDERAÇÕES INICIAIS Vamos lá, pessoal. Não se assustem com o número de páginas!!! O espaçamento está farto e há muuuitas questões comentadas! Você não deve fazer essa aula de uma vez! Divida-a em duas, depois tire um momento só para fazer as questões que estão ao final! Essa aula é fundamental para entendermos análises sintáticas e semânticas mais elaboradas que virão. Se você não entende o uso das classes, fica muito mais difícil aprender sintaxe e interpretar textos. Aqui, estudaremos oito das dez classes de palavras existentes. Além disso, praticaremos muito! Vale a pena estudá-las numa mesma aula pois as classes trabalham juntas e precisamos ver esse assunto de forma sistemática, com diversos aspectos interligados, incluindo aspectos semânticos e sintáticos. Todos prontos? Olho no contracheque! Atualmente, as palavras da língua portuguesa são classificadas dentro de dez classes gramaticais, conforme reconhecidas pela maioria dos gramáticos: substantivo, adjetivo, advérbio, verbo, conjunção, interjeição, preposição, artigo, numeral e pronome. Uma palavra é enquadrada numa classe pelas suas características, embora existam muitas palavras que não são enquadradas nas classes tradicionais, pois não funcionam exatamente como nenhuma delas. As palavras denotativas parecem advérbios, mas não fazem o que o advérbio faz, isto é, não modificam verbo, adjetivos ou outro advérbio. Algumas classes são variáveis, seguem regras de concordância, ou seja, flexionam-se em número e gênero, como o substantivo, o adjetivo, o pronome, o numeral, o verbo. Outras permanecem invariáveis, sem flexão, sem concordância, como advérbios, conjunções, preposições. Observe: “João é bonito, Joana é feia e seus filhos são medianos”; “João anda apressadamente e Joana, lentamente”. Na primeira sentença há concordância de gênero e número. Isso porque “bonito” é adjetivo, “seus” é pronome e “filhos” é substantivo, todas classes variáveis. No segundo, o termo “lentamente” não varia, porque é advérbio, uma classe invariável. Também veremos que há uma estreita relação entre a classe da palavra e sua função sintática. Por exemplo, a palavra “hoje” é um advérbio de tempo, da classe dos advérbios. Qual é sua função sintática? É expressão de uma circunstância de tempo, um adjunto adverbial de tempo. Já a palavra “ele” pertence à classe dos pronomes, mas pode ter várias funções sintáticas, dependendo do contexto. Na frase “ele é bonito”, “ele” é sujeito. Na Frase “Contei a ele”, tem função sintática de objeto indireto. Já na frase “ela na verdade é ele”, terá função sintática de predicativo do sujeito. Trarei detalhes sobre isso...=) Muitas vezes um conjunto de palavras equivale a uma classe gramatical, podendo substituir essa palavra sem prejuízo à correção ou ao sentido. Esses conjuntos são chamados de locuções e serão classificadas de acordo com a classe que substituem. Por exemplo, podemos ter uma pessoa “corajosa” (adjetivo) ou uma pessoa “com coragem” (locução adjetiva). Observe que um conjunto de duas palavras, usada para qualificar o substantivo, substituiu perfeitamente o adjetivo que realizaria essa função. PERFIL CESPE: Todos os assuntos dessa aula são cobrados pela banca; contudo, tenham foco especial em: mudança de ordem das expressões, pronomes, colocação pronominal, advérbios, palavras denotativas e preposições. Felipe Luccas, Equipe Felipe Luccas Aula 01 Português p/ DEPEN (Com Videoaulas) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1460148 3 111 SUBSTANTIVO O substantivo é a classe que dá nome a seres, coisas, sentimentos, qualidades, ações (homem, gato, carro, mesa, beleza, inteligência, estudo...). Em suma, é o nome das coisas em geral, é a palavra que nomeia tudo o que percebemos. É uma classe variável, pois se flexiona em gênero, número e grau: um gato, dois gatos, três gatas, quatro gatinhas, cinco gatonas... CLASSIFICAÇÃO DOS SUBSTANTIVOS: Relembremos rapidamente as classificações dos substantivos. Primitivo: Dá origem a outros substantivos, não traz afixos -prefixo ou sufixo- (Ex: Pedra, Mulher, Felicidade) Derivado: Deriva de uma palavra primitiva, traz afixos (Ex: Pedreiro, Mulherão, Infelicidade) Simples: Tem um radical, uma palavra (Ex: Homem, Pombo, Arco) Composto: Tem mais de um radical, mais de uma palavra (Ex: Homem-bomba, Pombo-correio, Arco- íris) Comum: Designa uma espécie ou um ser qualquer representativo de uma espécie (Ex: Mulher, Cidade, Cigarro) Próprio: Designa um indivíduo específico da espécie (Ex: Maria, Paris, Malboro) Concreto: Designa um ser que existe por si só, de existência autônoma e concreta, seja material, espiritual, real ou imaginário. (Ex: Pedra, Menino, Carro, Deus, Fada) Abstrato: Designa ação, estado, sentimento, qualidade, conceito. (Ex: Criação, Doença, Coragem, Liberalismo...) Coletivos: Designa uma pluralidade de seres da mesma espécie (Ex: povo, multidão, tropa (soldados), cardume (peixes), alcateia (lobos, animais ferozes), frota (veículos) panapaná (borboletas), esquadrilha (aviões), rebanho (animais), cáfila (camelos)) A classificação de um substantivo não é fixa e absoluta, depende do contexto. Observe: Ex: Judas foi um apóstolo (Próprio) x O amigo revelou-se um judas (Comum=traidor) Ex: A saída é o estudo (abstrato=solução) x A saída de incêndio é ali (Concreto=porta) Biformes: Os substantivos biformes mudam de forma para indicar gêneros diferentes (Ex: lobo x loba; capitão x capitã; ateu x ateia; boi x vaca; oficial x oficiala). Os uniformestêm uma única forma para indicar ambos os gêneros. Uniformes: são os que possuem apenas uma forma para indicar ambos os gêneros. Subdividem- se em: Epicenos: referem-se a animais que só têm um gênero para designar tanto o masculino quanto o feminino: A águia, A cobra, O gavião. A variação de gênero se dá com acréscimo de “macho/fêmea”: a cobra macho, o gavião fêmea... Sobrecomuns: Referem-se a pessoas de ambos os sexos: A criança, O cônjuge, O carrasco, A pessoa, O monstro, O algoz, A vítima. Felipe Luccas, Equipe Felipe Luccas Aula 01 Português p/ DEPEN (Com Videoaulas) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1460148 4 111 Comuns de dois gêneros: apresentam uma forma única para masculino e feminino e a distinção é feita pelo “artigo” (ou outro determinante, como pronome, numeral...): O chefe, A chefe, O cliente, A cliente, O suicida, A suicida. FORMAÇÃO DE SUBSTANTIVOS Para reconhecer um substantivo, ajuda muito saber como podem ser formados e quais são suas principais terminações. Quanto à sua formação, os substantivos podem ser classificados em primitivos e derivados. Os primitivos são a forma original daquele substantivo, sem afixos: pedra, fogo, terra, chuva. Os derivados se originam dos primitivos, com acréscimo de afixos: pedreiro, fogareiro, terrestre, chuvisco. Esse processo é chamado de derivação sufixal e ocorre também com verbos que recebem sufixos substantivadores: pescar>pescaria; filmar>filmagem; matar>matador; militar>militância; dissolver>dissolução; corromper>corrupção. Veja um quadro com as mais comuns terminações formadoras de substantivos. Faca>facada Sorvete>sorveteria Banco>bancário Contabilidade>contabilista Açougue>açougueiro Obra>operário Folha>folhagem Pena>penugem Advogado>advocacia Delegado>delegacia Apêndice>apendicite Brônquios>bronquite Dinheiro>dinheirama Negro>negrume Bom>bondade Velho>velhice Grato>gratidão Calvo>calvície Imundo>imundície Insensato>insensatez Belo>beleza Avaro>avareza Alto>altitude Jovem>juventude Eufórico>euforia Feio>feiura Alegre>alegria Amargo>Amargor Há também o processo inverso, chamado derivação regressiva, em que um substantivo abstrato indicativo de ação é formado por uma redução: Cantar>canto; Almoçar>almoço; Causar>causa... Além disso, destaco que substantivos podem surgir por processos de nominalização de outras classes. Os verbos têm formas nominais: Verbo Fazer: gerúndio (fazendo), infinitivo (fazer) e particípio (feito). Ex: Feito é melhor que perfeito. Ex: Mesmo não fazendo perfeito, o fazer é melhor que não o fazer. Note que o artigo tem o poder de substantivar qualquer classe. Ex: O fazer é melhor que o esperar. (verbo substantivado) Felipe Luccas, Equipe Felipe Luccas Aula 01 Português p/ DEPEN (Com Videoaulas) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1460148 5 111 Ex: O porém deve vir após a vírgula. (conjunção substantivada) Esse processo se chama “derivação imprópria” pois utiliza uma palavra de uma classe em outra classe, da qual não é “própria”, à qual não pertence. Conhecer esses mecanismos ajudam a ‘reconhecer’ os substantivos. 1. (CESPE / SEDF / 2017) Mesmo sem insistir em tal ou qual ação secundária das novas condições de vida física e social e de contato com os indígenas (e posteriormente com os africanos), é obvio que a língua popular brasileira tinha de diferençar-se inelutavelmente da de Portugal, e, com o correr dos tempos, desenvolver um coloquialismo. Os vocábulos “africanos” e “correr”, originalmente pertencentes à classe dos adjetivos e dos verbos, respectivamente, foram empregados como substantivos no texto. Comentários: Sim. O artigo é o substantivador por excelência. A palavra “africano” pode ser adjetivo, se estiver ligada a um substantivo. No entanto, foi usado como substantivo, como se comprova pela presença do artigo “os”. O verbo correr também foi substantivado pelo artigo, e, como substantivo, até recebeu uma locução adjetiva “dos tempos”. Questão correta. 2. (CESPE / TJ / TRE-ES / 2011) Convocada por D. Pedro em junho de 1822, a constituinte só seria instalada um ano mais tarde, no dia 3 de maio de 1823, mas acabaria dissolvida seis meses depois, em 12 de novembro. Com base nas estruturas linguísticas e semânticas do texto acima, julgue o item. No primeiro parágrafo do texto, as formas nominais "Convocada", "instalada" e "dissolvida" têm como substantivos correlatos, respectivamente, convocação, instalação e dissolvição. Comentários: Vimos que alguns substantivos derivam de verbos que recebem sufixos substantivadores, como - ão: convocar>convocação; instalar>instalação; dissolver>dissolução. Dissolvição não existe. Questão incorreta. FLEXÃO DOS SUBSTANTIVOS: Como vimos, o substantivo é palavra que se flexiona em gênero e número. Os substantivos podem ser simples, formados por apenas uma palavra, ou, mais tecnicamente, um só radical; ou compostos, formado por mais de uma palavra ou radical. Os substantivos simples normalmente têm seu plural formado com mero acréscimo da letra S – Carro(s), Menina(s), Pó(s)... Contudo, também podem ter outras teminações: Reitores, Males, Xadrezes, Caracteres, Cônsules, Reais, Animais, Faróis, Fuzis, Répteis, Projéteis. Palavras como “ônix” e “tórax” não vão ao plural. Outras palavras, por sua vez, só são usadas no Felipe Luccas, Equipe Felipe Luccas Aula 01 Português p/ DEPEN (Com Videoaulas) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1460148 6 111 plural: Anais, Fezes, Núpcias, Arredores, Pêsames, Férias... De modo geral, palavras terminadas em “ão” basicamente recebem o S de plural (mãos, irmãos, órgãos) ou fazem plural em “es” (capelães, capitães, escrivães, sacristães, tabeliães, catalães, alemães). Contudo, há palavras que admitem duas e até três formas de plural: Charlatão: charlatões — charlatães Corrimão: corrimãos — corrimões Cortesão: cortesãos — cortesões Anão: anãos— anões Guardião: guardiões — guardiães Refrão: refrãos — refrães Sacristão: sacristãos — sacristães Vilão: vilãos — vilões — vilães Aldeão: aldeãos — aldeões — aldeães Ancião: anciãos — anciões — anciães Deão: deãos — deões — deães Ermitão: ermitãos — ermitões — ermitães Cirurgião: — Cirurgiões— Cirurgiães Vulcão: vulcãos — vulcões PLURAL DOS SUBSTANTIVOS COMPOSTOS A regra geral é “quem varia varia; quem não varia não varia”. O que isso significa na prática? Significa que se o termo é formado por classes variáveis, como substantivos, adjetivos, numerais e pronomes (exceto o verbo), ambos variam. Ex: Substantivo + Substantivo (Couve-flor>>>Couves-flores) Ex: Numeral + Substantivo (Quarta-feira>>> Quartas-feiras) Ex: Adjetivo + Substantivo (baixo-relevo>>>baixos-relevos) Por consequência, as classes invariáveis (e os verbos) não variam em número: Ex: Verbo + Substantivo (beija-flor>>> beija-flores) Ex: Advérbio + Adjetivo (alto-falante>>>alto-falantes) Ex: Interjeição + Substantivo (ave-maria>>>ave-marias) Obs: na composição de dois substantivos, se o segundo especificar o primeiro por uma relação de tipo, semelhança ou finalidade, é mais comum que o segundo termo, por ser delimitador, não varie, fique no singular. Contudo, é também correto flexionar os dois! Veja: Públicos-alvo(s); pombos-correio(s); banhos-maria(s); salários-família(s), Peixes-espada(s), Homens-bomba(s), Papéis-moeda(s); Licenças-maternidade(s); Navios-escola(s). O “pombo” tem finalidade de ser correio, o “peixe” parece uma espada, assim por diante... Se a estrutura for “substantivo+preposição+substantivo”, apenas o primeiro item da composição se flexiona: Pé de moleque>>> Pés de moleque Mula sem cabeça>>> Mulas sem cabeça Mão de obra>>> Mãos de obra Felipe Luccas, Equipe Felipe Luccas Aula 01 Português p/ DEPEN (Com Videoaulas) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br1460148 7 111 Obs: o plural de “pôr do sol” é “pores do sol”. Esse “pôr” é visto de forma substantivada, não como verbo. Por isso, é flexionado normalmente. Por razão semelhante, o plural de “mal-estar” é “mal-estareS”. Anote também que louva-a-deus não varia e o plural de “arco-íris” é “arcos-íris”. Atenção aqui: em palavras como Guarda-chuva, Guarda-roupa, somente o segundo item se flexiona, pois “guarda” é verbo e não varia: 2 Guarda-chuvaS e 2 Guarda-roupaS. Porém, não confunda essa regra geral com o caso de palavras como Guarda- noturno, Guarda-florestal, Guarda-civil. Nesse caso, o componente “guarda” em questão não é o verbo “guardar”, é o substantivo “guarda”, o próprio sujeito, o próprio guarda, o homem! Portanto, nesse caso, como temos substantivo+adjetivo, ambas classes variáveis, as duas metades da composição vão variar: guardaS-florestaiS, guardaS-civiS, guardaS- florestaiS.... 3. (CESPE / TRF 1ª REGIÃO / 2017) Haveria prejuízo gramatical para o texto caso a palavra “procedimentos-padrão” fosse alterada para procedimentos-padrões. Comentários: Não haveria prejuízo para o texto caso se efetuasse a referida troca, pois há duas regras válidas: flexionar os dois substantivos pela regra geral, ou flexionar somente o primeiro pela regra específica de delimitação por tipo/finalidade/semelhança. Questão incorreta. GRAU DO SUBSTANTIVO O substantivo também pode variar em grau, aumentativo e diminutivo. Nos importa aqui lembrar que o diminutivo/aumentativo pode ter valores discursivos de afetividade e de depreciação irônica. Ex: Olha o cachorrinho que eu trouxe para você. (afetividade) Ex: Que sujeitinho descarado esse! (pejorativo; depreciativo; irônico) Ex: Queridinho, devolva o que roubou. (depreciativo; irônico) Há diversos outros sufixos de grau do substantivo. Vejamos também seus valores no discurso: Ex: Então... O sabichão aí se enganou de novo? (ironia) Não trabalho tanto para dar dinheiro àquele padreco! (depreciação) Ex: O Porsche é um carrão! (admiração) Ex: Achei que aquilo era uma pousada, mas era um casebre! (depreciação) Ex: Titanic não é um filminho qualquer, é um filmaço. (depreciação/apreciação) Ex: Kiko, não se misture com essa gentalha! (desprezo) O plural do diminutivo se faz apenas com o acréscimo de ZINHOS ou ZITOS ao plural da palavra, cortanto-se o S. Assim: animalzinho = animais + zinhos > animaizinhos Felipe Luccas, Equipe Felipe Luccas Aula 01 Português p/ DEPEN (Com Videoaulas) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1460148 8 111 coraçãozinho = corações + zinhos > coraçõezinhos florzinha = flores + zinhas > florezinhas papelzinho = papéis + zinhos > papeizinhos pazinha = pás + zinhas > pazinhas pazinha = pazes + inhas > pazezinhas OBS: Estão igualmente corretas palavras como colherzinha ou colherinha, florzinha ou florinha, pastorzinho ou pastorinho. 4. (CESPE/ SEDF / 2017) O emprego do diminutivo no texto está relacionado à expressão de afeto e ao gênero textual: carta familiar. Comentários: O diminutivo, aqui formado pelo sufixo “-inha”, pode ter valor afetivo, subjetivo, carinhoso. Esse uso é perfeitamente coerente com a linguagem familiar e cheia de afeto usada pela avó para falar com seu neto numa carta. Questão correta! PAPEL SINTÁTICO DO SUBSTANTIVO A partir deste momento, a “classe” da palavra e “função sintática” começam a se comunicar, pois são indissociáveis. Será necessário fazer referência a algumas funções sintáticas. Se você por acaso não recordar em absoluto dessas funções, não se preocupe: aprofundaremos esse ponto em “Sintaxe”. Vejamos... Para identificar o substantivo, devemos saber: quando tivermos uma função sintática nominal (centrada em um nome), como sujeito, objeto, adjunto adnominal, complemento nominal, o substantivo será normalmente o núcleo desta função, o elemento central e principal, e será modificado por termos “satélites” (orbitam, ficam “em volta”), como artigos, numerais, adjetivos e pronomes. Ficou gramatiqueiro? Vamos ver isso num exemplo: Felipe Luccas, Equipe Felipe Luccas Aula 01 Português p/ DEPEN (Com Videoaulas) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1460148 9 111 Os seus cinco patinhos amarelos nadam na lagoa Sujeito Adj. Adv. Vejamos as classes das palavras: Os: Artigo, variável, se refere ao substantivo patinhos e concorda com ele em gênero masculino e número plural. Seus: pronome possessivo, variável, se refere ao substantivo patinhos e concorda com ele em gênero masculino e número plural. Cinco: Numeral adjetivo, variável, também se refere se refere ao substantivo patinhos. Patinhos: Substantivo, núcleo da função sintática sujeito, “puxa” a concordância das classes que se referem a ele. Amarelos: Adjetivo, variável, se refere ao substantivo patinhos e concorda com ele em gênero masculino e número plural. Nadam: Verbo, variável, se refere ao substantivo patinhos e concorda com ele em terceira pessoa (eles) e número plural. Na lagoa: Locução adverbial de lugar. Exprime circunstância e equivale a um advérbio (classe), que é invariável e tem função sintática de adj. adverbial de lugar. Agora no exemplo “O1 meu2 violão3 novo4 quebrou”. Qual termo dá nome ao objeto? A resposta deverá ser: Violão. Se eu perguntar: “o que quebrou?”, a resposta será O1 meu2 violão3 novo4 . Dessa expressão inteira, a palavra central é “violão”, que é especificada por termos acessórios (o, meu, novo). Por isso, “violão” é o núcleo do sujeito. REPETINDO: o substantivo é classe nominal variável e ocupa sempre o núcleo de qualquer função sintática nominal. Na expressão: “tenho medo de bruxas”, o complemento nominal “de bruxas” tem como núcleo o substantivo “bruxas” e completa o sentido vago da palavra “medo”. Se o substantivo é “núcleo”, há classes que são “satélites” e “orbitam” em volta dele e concordam com ele. Essas classes que se referem ao substantivo são o artigo, o numeral, o adjetivo e o pronome (veremos essas classes adiante). Então, já podemos perceber que o “substantivo” é o núcleo dos termos sintáticos sublinhados nos exemplos abaixo: 1As meninas ricas do Leblon compraram 2muitos vestidos. O muro 3de concreto é resistente. Eles têm consciência 4de meus defeitos Em 1, “meninas” é o núcleo do sujeito, que está sublinhado. Em 2, “vestidos” é núcleo do objeto de “compraram”, complemento desse verbo (Quem compra compra alguma coisa, nesse caso, compra “muitos vestidos”. Em 3, o termo “de concreto” qualifica o substantivo “muro” e está “junto” a ele. Então, temos uma função chamada “adjunto adnominal” e seu núcleo é justamente o substantivo “muro”. Em 4, o termo “de meus defeitos” complementa o nome “consciência”, Felipe Luccas, Equipe Felipe Luccas Aula 01 Português p/ DEPEN (Com Videoaulas) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1460148 10 111 porque quem tem consciência tem consciência de alguma coisa. No caso, consciência “de meus defeitos”. Observe novamente como o núcleo é um substantivo. Tranquilo? Não se preocupe, aprofundaremos tais funções futuramente. Mas já fica registrada a relação básica entre a classe e a função sintática. ADJETIVO O adjetivo é a classe variável que se refere ao substantivo ou termo de valor substantivo (como pronomes), para atribuir a ele alguma qualificação, condição ou estado, restringindo ou especificando seu sentido. Ex: homem mau, mulher simples, céu azul, casa arruinada. Como vimos, é classe variável, que “orbita” em torno do substantivo e concorda com ele em gênero e número. Ex: homens maus, mulheres simples, céus azuis, casas arruinadas. O adjetivo pode também ser substantivado: “Céu azul” vira “O azul do céu”. É comum também substituir o adjetivo por “locução” ou “oração” adjetiva: “Cidadão inglês”x “Cidadão daInglaterra” x “Cidadão que é nativo da Inglaterra”. CLASSIFICAÇÃO DOS ADJETIVOS: Simples: Possui apenas um radical (Ex: estilo literário) Composto: Possui mais de um radical (Ex: estilo lítero-musical) Primitivo: forma original, não derivado de outra palavra. (Ex: bom) Derivado: é formado a partir de outra palavra (Ex: bondoso) Explicativo: indica característica inerente e geral do ser (Ex: homem mortal) Restritivo: indica característica que não é própria do ser (Ex: homem valente) Gentílico: relativos a povos e raças. (Ex: Israelita) Pátrio: relativos a cidades, estados, países e continentes (Ex: Israelense) Vejamos alguns exemplos de adjetivos pátrios, atenção à formação. Vou destacar as terminações típicas dos adjetivos que indicam origem. português, inglês, francês, camaronês, norueguês goiano, americano, africano, angolano, mexicano estadunidense, fluminense, amazonense afegão, alemão, catalão, brasileiro, mineiro espanhol, mongol, lisboeta, vietnamita argentino londrino, europeu, judeu, asiático panamenho, costa-riquenho, porto-riquenho Cuidado: esses adjetivos são grafados com letras minúsculas. Felipe Luccas, Equipe Felipe Luccas Aula 01 Português p/ DEPEN (Com Videoaulas) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1460148 11 111 FLEXÃO DOS ADJETIVOS: O plural dos adjetivos simples seguem basicamente as mesmas regras dos substantivos. No plural dos adjetivos compostos, como luso-americanos, afro-brasileiras, obras político-sociais, a primeira parte do composto é reduzida e somente o segundo item da composição vai para o plural. Essa é a regra para o plural dos adjetivos compostos em geral. Se houver um substantivo na composição do adjetivo composto, nenhuma das partes vai variar: camisas amarelo-ouro, saias verde-oliva, gravatas vermelho-sangue... Obs: Alguns adjetivos, no entanto, são sempre invariáveis: azul-marinho, azul-celeste, furta-cor, ultravioleta, sem-sal, sem-terra, verde-musgo, cor-de-rosa, zero-quilômetro Os adjetivos chamados de “uniformes” têm uma só forma para masculino ou feminino. Normalmente são os terminados em (-a, -e, -ar, -or, s, z ou m): hipócrita, homicida, asteca, agrícola, cosmopolita, árabe, breve, doce, constante, pedinte, cearense, superior, exemplar, cordial, amável, ágil, ímpar, simples, reles, feliz, feroz, ruim, comum. Valor objetivo (fato) x Valor subjetivo (opinião) Os adjetivos podem ter valor subjetivo, quando expressam opinião; ou podem ter valor objetivo, quando atestam qualidade que é fato e não depende de interpretação. Os adjetivos opinativos, por serem marca de especialização de uma opinião, são acessórios, podem ser retirados, sem prejuízo gramatical. Veja: carro preto (objetivo). Carro bonito (subjetivo). Turista japonês (objetivo). Turista animado (subjetivo). Os adjetivos chamados “de relação” são objetivos e, por isso, não aceitam variação de grau. Além disso, não podem ser deslocados livremente, posicionando-se normalmente após o substantivo. São derivados de substantivos e estabelecem com o substantivo uma relação de tempo, espaço, matéria, finalidade, propriedade, procedência etc. Tais adjetivos indicam uma categorização “técnica”, “objetiva” e tornam mais preciso o conceito expresso pelo substantivo, restringindo seu significado. Celso Cunha dá os seguintes exemplos: Nota mensal (nota relativa ao mês) Movimento estudantil (movimento feito por estudantes) Casa paterna (casa onde habitam os pais) Vinho português (vinho proveniente de Portugal) Observe que não podemos escrever “português vinho” nem “vinho muito português”. Ser “português” é uma categorização objetiva do vinho, não expressa opinião. Essas características vão nos ajudar em questões sobre a inversão da ordem “substantivo+adjetivo”. Felipe Luccas, Equipe Felipe Luccas Aula 01 Português p/ DEPEN (Com Videoaulas) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1460148 12 111 5. (CESPE/ TCE PB / 2018) Maus hábitos cotidianos muitas vezes são, na verdade, práticas antiéticas e até ilegais, que devem, sim, ser combatidas. Os termos “antiéticas”, “ilegais” e “combatidas” qualificam a palavra “práticas”. Comentários: “antiéticas” e “ilegais” qualificam sim o substantivo “práticas”. Contudo, “combatidas” é um verbo numa frase em voz passiva: “devem ser combatidas” (ver aula de verbos), não é um adjetivo. Questão incorreta. 6. (CESPE / TCE-PB / Agente Documentação / 2018) [...] Em primeiro lugar, deve-se ter em mente o aspecto que se está comparando e, em segundo, deve-se considerar que essa relação não é nem homogênea nem constante. Julgue o item. O vocábulo “constante” foi empregado para qualificar o termo “aspecto”. Comentários: O vocábulo “constante” foi empregado para qualificar o termo “relação”. A relação não é homogênea nem constante. Questão incorreta. 7. (CESPE / TRE TO / Analista / 2017) No início da Idade Média, as monarquias germânicas continuaram sendo teoricamente, e por vezes praticamente, eletivas, como a monarquia visigótica. Julgue o item: o adjetivo “germânicas” expressa um atributo negativo de “monarquias”. Comentários: Adjetivo que indica origem é objetivo, não expressa opinião, negativa ou positiva. A Monarquia era germânica, em oposição a inglesa, americana, espanhola...Não é um atributo, é uma categoria objetiva, um fato. Questão incorreta. Ser um adjetivo x ter “valor/papel adjetivo” Aqui, novamente a morfologia e a sintaxe se mostram indissociáveis. Por seu sentido “qualificador” e por se ligar a “substantivos”, o adjetivo pode ter duas funções sintáticas: predicativo (João é chato /Considerei o filme chato) e adjunto adnominal (O carro velho quebrou). Apesar de “adjetivo” ser uma classe própria, outras classes serão chamadas também de “adjetivas” se tiverem o papel que o adjetivo tem, ou seja, se referirem-se a substantivos para especificá-los. Então há diferença entre “ser um adjetivo” (classe) e ter “papel/função” adjetiva. Felipe Luccas, Equipe Felipe Luccas Aula 01 Português p/ DEPEN (Com Videoaulas) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1460148 13 111 Observe: “O1 meu2 violão novo3 quebrou” Os termos 1, 2 e 3 têm “papel” adjetivo. Pois se referem ao substantivo “violão”. Daí, também podemos dizer que tais termos são “adjuntos adnominais” de “violão”, palavra substantiva que tem função de núcleo. Veja também que “papel” ou “função adjetiva” NÃO SIGNIFICA QUE A PALAVRA SEJA DA CLASSE DOS ADJETIVOS. Veja que os adjuntos aqui são, respectivamente, artigo, pronome possessivo e adjetivo. Somente “novo” é um adjetivo de fato. Saiba então que “papel adjetivo” está diretamente ligado a “adjunto adnominal”. Como decorrência, na sentença: Seus filhos são bonitos, o pronome “seus” é classificado como pronome possessivo “adjetivo”, porque se refere ao substantivo “filhos”, como um adjetivo faria. Por outro lado, algumas classes também podem vir classificadas como “substantivas” (função/papel de substantivo), se puderem substituir um nome, ou seja, se puderem vir no lugar de um substantivo, como “núcleo”. Ex: Minhas mãos estão limpas, lave as suas. (mãos) Minhas é pronome possessivo adjetivo, pois se refere a substantivo; suas é pronome possessivo substantivo, pois substitui o substantivo “mãos”, que está implícito. O mesmo ocorre com os numerais: Ex: Dois irmãos estão doentes, ajudarei os dois. (irmãos) Da mesma forma, o primeiro Dois é um numeral adjetivo (tem papel adjetivo), o segundo dois é numeral substantivo, pois substitui o substantivo “irmãos”. Em algumas questões, a banca pode pedir qual palavra tem “valor adjetivo” ou “exerce papel adjetivo”. Nesse caso, o aluno pode errar, pois fica limitado a procurar adjetivos propriamente ditos, quando a resposta pode estar em outra classe que modifiqueo substantivo, em função de adjunto adnominal. Esse tipo de análise também é fundamental para estudarmos a função sintática dos termos, já que uma mesma palavra pode ter diferentes funções sintáticas, dependendo do termo a que ela se refere ou de funcionar ou não como núcleo da expressão. Fique ligado! Veremos questões sobre isso. 8. (CESPE / TCE-PB / Agente Documentação / 2018) [...] Em primeiro lugar, deve-se ter em mente o aspecto que se está comparando e, em segundo, deve-se considerar que essa relação não é nem homogênea nem constante.. Julgue o item. O vocábulo “constante” foi empregado para qualificar o termo “aspecto”. Comentários: Aqui temos o adjetivo “constante” qualificando o substantivo “relação”, não aspecto. Questão incorreta. Felipe Luccas, Equipe Felipe Luccas Aula 01 Português p/ DEPEN (Com Videoaulas) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1460148 14 111 ORDEM DA EXPRESSÃO NOMINAL (SUBST+ADJETIVO): MUDANÇA SEMÂNTICA E/OU MORFOLÓGICA Agora veremos o efeito da troca de ordem em algumas palavras. Uma expressão formada por subst+adj é uma expressão nominal (ou sintagma nominal), porque o núcleo é um nome (substantivo). A ordem “natural” do sintagma é essa. Quando trocamos essa ordem, poderemos ter 3 casos: 1) Não muda nem a classe nem o sentido: Ex: Cão bom x Bom cão Subst Adj Adj Subst 2) Muda o sentido sem mudar as classes. Ex: Candidato pobre x Pobre candidato Subst Adj Adj Subst O sentido mudou, pois pobre é um adjetivo objetivo relativo a recursos financeiros; na segunda expressão, pobre tem sentido de coitado, digno de pena. Vejam os pares principais que se encaixam nesse segundo caso. simples questão (mera questão) questão simples (não complexa) grande homem (grandeza moral) homem grande (grandeza física) novas roupas (roupas diferentes) roupas novas (roupas não usadas) nova mulher (outra mulher) mulher nova (mulher jovem) velho amigo (de longa data) amigo velho (idoso) único sabor (não há outro, só um) sabor único (sabor inigualável) alto funcionário (patente) funcionário alto (altura física) pobre homem (coitado) homem pobre (sem recursos) bravo soldado (valente) soldado bravo (irritado) falso médico (não é médico) médico falso (não é verdadeiro) 3) Muda a classe, e muda necessariamente o sentido. Felipe Luccas, Equipe Felipe Luccas Aula 01 Português p/ DEPEN (Com Videoaulas) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1460148 15 111 Ex: alemão comunista x comunista alemão Subst Adj Subst Adj Alemão, no segundo sintagma, se tornou característica, especificação, do substantivo comunista. No primeiro caso, temos um alemão que é comunista (em oposição, por exemplo, a um alemão guitarrista, turista, generoso, inteligente, feio, bonito, ou qualquer outra característica.). No segundo, um comunista nascido na Alemanha (em oposição, por exemplo, a um nazista brasileiro, turco, japonês, cubano...). Sempre que houver essa alteração morfológica, ou seja, troca de classes, haverá mudança de sentido, porque muda o foco, ainda que pareça coincidir bastante o sentido. Esse critério salva sua pele em questões em que fica difícil enxergar a sutil mudança semântica que ocorre. Lembre- se da famosa frase de Machado de Assis: “não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor”. No primeiro caso, temos “um autor que veio a falecer”. No segundo, temos um “defunto que passou a escrever”. Vejamos agora alguns pares desse tipo, para você reconhecer na hora da prova: O presidente foi um preso político (substantivo + adjetivo) O presidente é um político preso. (substantivo + adjetivo) Um amigo médico me disse que comer não é doença. (substantivo + adjetivo) Um médico amigo não supera um médico competente. (substantivo + adjetivo) O carioca fumante soprou fumaça nas crianças. (substantivo + adjetivo) O fumante carioca soprou fumaça nas crianças. (substantivo + adjetivo) Em alguns casos, pode ser difícil detectar quem é o substantivo (Ex: sábio religioso), então a gramática nos diz que a tendência lógica é considerar o primeiro termo substantivo e o segundo adjetivo. LOCUÇÕES ADJETIVAS: Como mencionei, locuções são grupos de palavras que equivalem a uma só. As locuções adjetivas são formadas geralmente de preposição+substantivo e substituem um adjetivo. Essas locuções funcionam como um adjetivo, qualificam um substantivo, e desempenham normalmente uma função chamada adjunto adnominal. Ex: Homem covarde = Homem sem coragem Ex: Cara angelical = Cara de anjo Porém, algumas expressões semelhantes, também formadas de preposição + substantivo não podem ser vistas como um adjetivo, nem substituídas por adjetivo, pois serão um complemento nominal, um termo obrigatório que completa o sentido de uma palavra. Ex: Construção do muro = Ex: Construção*** múrica, murística, mural??? Por que falaremos disso agora? Porque a banca explora essa diferença entre adjunto adnominal (equivale a adjetivo) e complemento nominal justamente perguntando ao combalido candidato qual é o termo que exerce ou não papel de adjetivo, ou seja, qual é adjunto adnominal (locução adjetiva) ou complemento nominal, respectivamente. Felipe Luccas, Equipe Felipe Luccas Aula 01 Português p/ DEPEN (Com Videoaulas) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1460148 16 111 Esse assunto será detalhado na aula de sintaxe. Contudo, vamos logo aproveitar o ensejo para ver a diferença entre os dois nesse contexto das locuções adjetivas. Seguem exemplos de locuções adjetivas, expressões preposicionadas que tem função de adjetivo (vêm adjuntas ao substantivo, com função de adjunto adnominal). Ex: A coluna tinha forma de ogiva x A coluna tinha forma ogival. Ex: Comi chocolates da Suiça x Comi chocolates suíços. Ex: Tenho hábitos de velho x Tenho hábitos senis As expressões preposicionadas acima são morfologicamente classificadas como locuções adjetivas (na função sintática de adjuntos adnominais), pois se referem a substantivo, podem normalmente ser substituídas por um adjetivo equivalente ou trazem uma relação de posse ou pertinência: A ogiva tem aquela forma, a Suíça tem aqueles chocolates e os hábitos são do velho. Alguns exemplos de outras locuções e seus adjetivos correspondentes: de irmão fraternal de paixão passional de trás traseiro de lago lacustre de lebre leporino de lobo lupino de lua lunar ou selênico de macaco simiesco, símio ou macacal de madeira lígneo de marfim ebúrneo ou ebóreo de mestre magistral de monge monacal de neve níveo ou nival de nuca occipital de orelha auricular de frente frontal de ouro áureo de ovelha ovino de paixão passional de porco suíno ou porcino de prata argênteo ou argírico de serpente viperino de sonho onírico de terra telúrico, terrestre ou terreno de velho senil de vento eólico de vidro vítreo ou hialino de leão leonino de aluno discente de visão óptico GRAU DOS ADJETIVOS Basicamente, qualidades podem ser comparadas e intensificadas pela via da flexão de grau comparativo (mais belo, menos belo ou tão belo quanto) e superlativo (muito belo, tão belo, belíssimo). Vejamos a divisão que cai em prova: Comparativo: O grau comparativo pode ser de superioridade, inferioridade ou igualdade. Ex: Sou mais/menos ágil (do) que você (grau comparativo de superioridade/inferioridade) Ex: Sou tão ágil quanto/como você (comparativo de igualdade) Felipe Luccas, Equipe Felipe Luccas Aula 01 Português p/ DEPEN (Com Videoaulas) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1460148 17 111 Perceba que o elemento (do) é facultativo nessas estruturas comparativas. Algumas palavras têm sua forma comparativa terminada em –or. No latim, essa terminaçãosignificava “mais”, por essa razão o “mais” não aparece nessas formas: “melhor”, “pior”, “maior”, “menor”, “superior”. Por suprimir essa palavra, a gramática o chama de comparativo sintético. Temos que conhecer também o grau superlativo, que expressa uma qualidade em grau muito elevado. Se divide em relativo e absoluto: Superlativo relativo: Ex: Sou o melhor do mundo. Ex.: Senna é o melhor do Brasil! Gradua uma qualidade/característica (“bom”) em relação a outros seres que também têm ou podem ter aquela qualidade, ou seja, em relação à totalidade (o mundo todo). Superlativo absoluto: Indica que um ser tem uma determinada qualidade em elevado grau. Não se relaciona ou compara a outro ser. Pode ocorrer com uso de advérbios de intensidade (absoluto analítico): “sou muito esforçado” e de sufixos (absoluto sintético): difícil>dificílimo; comum>comuníssimo; bom>ótimo; magro>macérrimo. Assim sendo, quando as bancas falam em variação do adjetivo em grau, querem dizer que o adjetivo está sofrendo algum processo de intensificação, ou seja, terá seu sentido intensificado, por um advérbio (tão bonito), por um sufixo (caríssimo), por um substantivo (enxaqueca monstro), por exemplo. Para esquematizar, vejamos um quadro resumo: GRAU DOS ADJETIVOS Normal Alto Comparativo Superioridade Mais alto Inferioridade Menos alto Igualdade Tão alto quanto/como Superlativo Relativo Superioridade o mais alto Inferioridade o menos alto Absoluto Sintético Altíssimo Analítico muito alto Felipe Luccas, Equipe Felipe Luccas Aula 01 Português p/ DEPEN (Com Videoaulas) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1460148 18 111 9. (CESPE / PGE-PE / Analista Judiciário de Procuradoria / 2019) A própria palavra “crise” é bem mais a expressão de um movimento do espírito que de um juízo fundado em argumentos extraídos da razão ou da experiência. Os sentidos e a correção gramatical do texto seriam mantidos se fosse inserido o vocábulo do imediatamente após a palavra “espírito”. Comentários: Sim, nas estruturas comparativas, o “do” é facultativo. A própria palavra “crise” é bem mais a expressão de um movimento do espírito (do) que de um juízo fundado em argumentos extraídos da razão ou da experiência. Questão correta. 10. (CESPE / Telebrás / 2015) Adaptada ...”se destaca a criação de uma agência reguladora independente e autônoma, a ANATEL”... A substituição de “autônoma” por com autonomia prejudicaria a correção gramatical do texto. Comentários: Vejam caso clássico de adjetivo com função de adjunto adnominal, pois está ligado ao nome “agência”, que pode ser substituído livremente por uma locução adjetiva equivalente. No caso, “agência reguladora autônoma” e “agência reguladora com autonomia” se substituem sem prejuízo à correção gramatical do texto. Questão incorreta. 11. (CESPE / TCE PE / 2017) Auditoria consiste na análise, à luz da legislação em vigor, do contrato entre as partes... O sentido original e a correção gramatical do texto seriam preservados caso a expressão “em vigor” fosse substituída por vigente. Comentários: Uma legislação vigente (adjetivo) é uma legislação que está em vigor (locução adjetiva). São apenas duas formas diferentes para a mesma função. Questão correta. ADVÉRBIO O advérbio é classe invariável que se refere essencialmente ao verbo, indicando a circunstância em que uma ação foi praticada, como “tempo, lugar, modo...” Porém, o advérbio também pode modificar adjetivos (você é muito linda), outros advérbios (você dança extremamente mal) e também orações inteiras (Infelizmente, o Brasil não vai bem). Quando modifica adjetivos e advérbios, o advérbio tem função de intensificar/acentuar o sentido. Felipe Luccas, Equipe Felipe Luccas Aula 01 Português p/ DEPEN (Com Videoaulas) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1460148 19 111 Quando se refere a uma oração inteira, normalmente indica uma opinião sobre o conteúdo daquela oração. Apesar de invariável, existe um advérbio que aceita variação, é o advérbio TODO: Ex: Chegou todo sujo e a esposa o recebeu toda paciente. Em suma, o advérbio é termo invariável que se refere a verbo, adjetivo e advérbio. Quando se refere a verbo, traz a “circunstância” daquela ação. Quando ligado a adjetivo e advérbio, funciona como intensificador. Usados em interrogativas, onde, como, quando, por que são advérbios interrogativos, justamente porque expressam circunstâncias como lugar, modo, tempo e causa, respectivamente. Vejamos esse uso nas interrogativas diretas (com ?) e indiretas (sem ?) Onde você mora? Ignoro onde você mora. Quando teremos prova? Não sei quando teremos prova. Como organizaram tudo? Perguntei-lhes como organizaram tudo. Por que tantos desistem? Não disseram por que tantos desistem. Rigorosamente, “por que” é considerada uma locução adverbial interrogativa de causa. 12. (CESPE / SEDF / 2017) ...Ver você me deu muito prazer. ...A menina está muito engraçadinha. Como modificadora das palavras “prazer” e “engraçadinha”, a palavra “muito” que as acompanha é, do ponto de vista morfossintático, um advérbio. Comentários: Observe: “muito prazer”. Aqui “muito” se refere a substantivo, é pronome indefinido, indica quantidade vaga, imprecisa. Já em “muito engraçadinha”, “muito” se refere ao adjetivo “engraçadinha”. O advérbio é a única classe que modifica adjetivo. Portanto, somente nesta segunda ocorrência temos advérbio. Questão incorreta. As circunstâncias adverbiais (valor semântico) Quando uma ação for praticada, ou melhor, quando um verbo for conjugado, podemos perguntar como, onde, quando, por que aquele verbo foi praticado. As respostas serão circunstâncias adverbiais, que podem ser expressas por advérbios, expressões com mais de uma palavra (as locuções adverbiais) e até orações (chamadas por isso de “orações adverbiais”). Veja: Estudo sempre (“advérbio” de tempo). Estudo a todo momento. (“locução adverbial” de tempo). Estudo sempre que posso. (“oração adverbial” de tempo). Vejamos como essas circunstâncias adicionam “sentidos” ao ato representado pelo verbo: Felipe Luccas, Equipe Felipe Luccas Aula 01 Português p/ DEPEN (Com Videoaulas) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1460148 20 111 Viram como as expressões dão uma “circunstância” de como a ação é praticada? Vejamos mais algumas, muito cobradas: Dúvida: talvez, porventura, possivelmente, provavelmente, quiçá, talvez, casualmente, mesmo; por certo. Intensidade: muito, demais, pouco, tão, bastante, mais, menos, demasiado, quanto, quão, tanto, assaz, que (= quão), tudo, nada, todo, quase, extremamente, intensamente, grandemente, bem... Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum. Afirmação: sim, certamente, realmente, decerto, efetivamente, certo, decididamente, deveras, indubitavelmente, com certeza. Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí, abaixo, aonde, longe, debaixo, algures (em algum lugar), defronte, nenhures (em nenhum lugar), adentro, afora, alhures (em outro lugar), embaixo, externamente; a distância, à distância de, de longe, de perto, em cima, à direita, à esquerda, ao lado, em volta. Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora, amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes, doravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, enfim, afinal, amiúde (frequentemente), breve, constantemente, entrementes, imediatamente, primeiramente, provisoriamente, sucessivamente; às vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em quando, de quando em quando, a qualquer momento, de tempos em tempos, em breve, hoje em dia. Modo: bem, mal, assim, adrede (de propósito), melhor, pior, depressa, acinte (de propósito), debalde (em vão), devagar, calmamente, tristemente, propositadamente,pacientemente, amorosamente, docemente, escandalosamente, bondosamente, generosamente. o corrupto morreu •de fome: causa •fuzilado: modo •na cadeia: lugar •com sócios: companhia o corrupto roubou •demais: intensidade •sempre: frequência •hoje e ontem: tempo • com fraudes: locução adverbial de meio/instrumento o corrupto cairá •provavelmente: dúvida •decerto: certeza •pelo partido: locução adverbial de motivo Felipe Luccas, Equipe Felipe Luccas Aula 01 Português p/ DEPEN (Com Videoaulas) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1460148 21 111 às pressas, às claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em geral, frente a frente, lado a lado, a pé, de cor, em vão... Essa lista é apenas ilustrativa, mas não há como decorar o valor de cada advérbio, pois só contexto dirá seu valor semântico. Na sentença “nunca mais quero ser eliminado”, o advérbio “mais” tem sentido de tempo. Já na sentença “cheguei mais rápido”, o advérbio traz ideia de intensidade/comparação. Não decore, busque o sentido global, no contexto!!! 99% dos advérbios terminados em -mente são de modo, mas nem todos. “Atualmente”, por exemplo, é advérbio de “tempo”; “certamente” é de afirmação; “possivelmente” é de dúvida... Analise sempre o contexto. OBS: Advérbios terminados em “-mente” são derivados da forma feminina de certos adjetivos (tedioso>tediosamente; lento>lentamente; rápido>rapidamente). Quando temos mais de um advérbio terminado em -mente, pode-se omitir o sufixo -mente do primeiro advérbio, deixando apenas a forma básica: Ele fala clara e lentamente Sábia e oportunamente, ele ficou em silencio. Mas cuidado, “SÁBIA” E “CLARA” NÃO SÃO ADJETIVOS, são advérbios com sufixo omitido! O advérbio também tem função coesiva, isto é, pode ligar partes do texto, fazendo referência a trechos do texto e também ao tempo/espaço. Ex: Embora não queira, ainda assim devo estudar. (assim remete a toda a oração sublinhada) Ex: Fui à Europa e lá percebi que somos felizes aqui. (lá retoma “Europa”) A terminação “mente” é típica dos advérbios de modo, contudo pode ser omitida na quando temos dois advérbios modificando o mesmo verbo: Ex: Ele fala rapidamente. Ele fala claramente > Ele fala rápida e claramente. Atenção. O “rápida” continua sendo advérbio. Não é adjetivo, pois não dá qualidade, mas sim modifica um verbo, dando a ele circunstância (de modo rápido). Advérbio com “aparência” de adjetivo. O adjetivo é classe variável, mas pode aparecer invariável se referindo a um verbo; nesse caso, dizemos que ele tem “valor ou função de advérbio”. Ex: A cerveja que desce redondo... Ex: Ele fala grosso. Para você ter certeza de que se trata de um advérbio, tente mudar o gênero ou número do substantivo para ver se atrai alguma concordância... Ex: As cervejas que descem redondo... Ex: Elas falam grosso Confirmado, a palavra em negrito é um advérbio e, portanto, permanece invariável. Felipe Luccas, Equipe Felipe Luccas Aula 01 Português p/ DEPEN (Com Videoaulas) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1460148 22 111 13. (CESPE / TCE-PB / Agente Documentação / 2018) Quando nos referimos à supremacia de um fenômeno sobre outro, temos logo a impressão de que se está falando em superioridade O vocábulo “logo” tem o sentido adverbial de imediatamente. comentários: Exato. A impressão vem imediatamente após a referência à supremacia...Correta! 14. (CESPE / IPHAN / CARGOS DE NÍVEL MÉDIO / 2018) Ainda que circunscritas a determinados limites, essas ações de resistência, aparentemente insignificantes, colocam em movimento as relações e podem alterar a realidade de uma ordem imposta ou dominante, em um jogo vivido cotidiana e mais ou menos silenciosamente. No período em que aparece, o vocábulo “cotidiana” (ℓ.4) expressa uma característica de “uma ordem imposta ou dominante” (ℓ.3). Comentários: A banca quer que o candidato pense que “cotidiana” é um adjetivo, mas é na verdade um advérbio, ligado a “vivido”, com sua terminação (-mente) omitida: Ainda que circunscritas a determinados limites, essas ações de resistência, aparentemente insignificantes, colocam em movimento as relações e podem alterar a realidade de uma ordem imposta ou dominante, em um jogo vivido cotidiana(mente) e mais ou menos silenciosamente. Questão incorreta. 15. (CESPE / BNB / 2018) Sem prejuízo da correção gramatical e dos sentidos originais do texto, o trecho “que mereçam ser mais bem avaliados” poderia ser reescrito da seguinte forma: e que mereçam ser melhores avaliados. Comentários: Estou mais bem preparado ou melhor preparado? Ele é o mais mal alimentado ou pior alimentado? Embora haja divergência entre os principais gramáticos, entre as formas adverbiais comparativas que seguem adjetivos ou particípios, a preferência é por “mais bem” em vez de “melhor”. Porém o problema da questão é evidente: advérbios são invariáveis, não vão ao feminino nem ao plural; “melhores” está flexionado, o que configura erro gramatical. Questão incorreta. 16. (CESPE / TRE-TO / Analista / 2017) ...surgiu a necessidade de organizar disciplinadamente essa escolha... Felipe Luccas, Equipe Felipe Luccas Aula 01 Português p/ DEPEN (Com Videoaulas) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1460148 23 111 O vocábulo “disciplinadamente” exprime circunstância de modo. comentários: Sim. Os advérbios terminados em mente quase sempre indicam modo. No caso, equivale “de modo disciplinado”. Questão correta. 17. (CESPE / TRE-TO / Analista / 2017) Quer dizer: apesar de o uso do voto ser ancestral, a organização do sistema eleitoral tem origem no século XVII, com o surgimento de governos representativos na Europa e na América do Norte. A expressão “com o surgimento de governos representativos na Europa e na América do Norte” exprime uma consequência. comentários: Pelo contexto, podemos entender que exprime “tempo” ou “causa”. O sistema eleitoral surgiu “quando do surgimento de governos representativos” ou até “por causa do surgimento de governos representativos”. Questão incorreta. PALAVRAS E EXPRESSÕES DENOTATIVAS: São palavras/expressões que parecem advérbios, muitas vezes até são classificadas como tal, mas não o são exatamente, porque não se referem a verbo, advérbio ou adjetivo. Adianto que é uma polêmica gramatical, as listas variam entre as gramáticas, alguns listam certas palavras denotativas como advérbios....Porém, há algumas informações claras que precisamos saber e que caem em prova. O sentido é a parte mais importante! Vamos ver exemplos: Vamos ver exemplos: ✓ Designação: eis Ex: Eis o filho do homem. ✓ Explicação/Retificação: isto é, por exemplo, ou seja, a saber, qual seja, aliás, digo, ou antes, quer dizer etc. Ex: Comprei uma ferramenta, isto é, um martelo. Ex: Vire à direita, ou melhor, à esquerda, aliás, melhor ir reto mesmo. Ex: Os defeitos são dois; aliás, três. Essas expressões devem ser isoladas por vírgulas. ✓ Expletiva ou de realce: é que (ser+que), cá, lá, não, mas, é porque, etc. (CAI DEMAIS!) A característica principal das palavras denotativas expletivas é: podem ser retiradas, sem prejuízo sintático ou semântico. Sua função é apenas dar ênfase. Felipe Luccas, Equipe Felipe Luccas Aula 01 Português p/ DEPEN (Com Videoaulas) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1460148 24 111 Ex: São os pais que bancam sua faculdade, mas têm lá seus arrependimentos. Ex: Eu é que faço as regras. Ex: Sabe o que que é? É que eu tenho vergonha... Ex: Quase que eu caio da laje. Ex: Naturalmente que eu neguei a proposta indecente. Ex: Quanto não vale um diamante desses? Ex: Vão-se os anéis, ficam os dedos. Ex: O homem chega a rir-se da desgraça alheia. Ex: Ele riu-se e tremeu-se por dentro. Ex: Não me venha com historinhas! Reforçoque a retiradas dessas expressões não altera o sentido nem causa erro gramatical, apenas há uma perda de realce/ênfase. ✓ Situação: então, mas, se, agora, afinal, etc. São verdadeiros marcadores discursivos, expressões que introduzem, situam um comentário, muito comuns na linguagem falada. Ex: Afinal, quem é você? Ex: Então, você vai ao cinema ou não? Ex: Mas quem é essa pessoa que insiste em me ligar? Observem que “afinal e então” não têm sentido de tempo, tampouco o “mas” tem sentido de oposição; tais expressões apenas introduzem/situam uma fala. ✓ Exclusão: somente, só, salvo, exceto, senão, sequer, apenas etc. Ex: Só frutos do mar estão à venda, exceto lagosta, que ninguém compra. Ex: Todos morreram, salvo um. ✓ Inclusão: até, ainda, mesmo, também, inclusive, etc. Ex: Qualquer pessoa, até/mesmo/ainda o mais ignorante, sabe isso! Ex: João é bombeiro, lutador também... A posição da palavra pode determinar sua classe e seu sentido, de acordo com a “parte” da frase que está sendo modificada pela palavra. Compare: Só João fuma charutos. João só fuma charutos João fuma só charutos Felipe Luccas, Equipe Felipe Luccas Aula 01 Português p/ DEPEN (Com Videoaulas) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1460148 25 111 João fuma charutos só No primeiro caso, “só” restringe “João”, excluindo outras pessoas: Apenas João faz isso, mais ninguém. Trata-se de palavra denotativa de exclusão. No segundo, “só” restringe o verbo “fumar”, então João só pratica essa ação, apenas fuma, não faz outra coisa. Trata-se de advérbio de exclusão. No terceiro, “só” restringe “charutos”, então João apenas fuma “charutos”, não fuma outra coisa, não fuma cigarro, nem baseado, excluem-se outros “fumos”. Trata-se de palavra denotativa de exclusão. No quarto, “só” indica que João fuma “sozinho”. Trata-se de adjetivo. Essa é a lógica que deve ser aplicada às questões, especialmente quando a banca pede “deslocamento” de palavras. Veja mais exemplos, para “sedimentar”: Ex: Até o padre riu de mim. (pessoas riram, inclusive o Padre riu) Ex: O padre até riu de mim. (inclusive riu) Ex: O padre riu até de mim. (riu inclusive de mim) Ex: Isso não pode ser verdade. (certeza de que não é verdade) Ex: Isso pode não ser verdade. (dúvida, pode ser verdade ou não) OBS: Como disse antes, há muita semelhança entre palavras denotativas e advérbios e mesmo grandes gramáticas e bancas misturam um pouco essas classificações. Não cabe ao candidato tentar resolver essa polêmica, mas sim estudar O SENTIDO das expressões. Certo? 18. (CESPE / PRF / POLICIAL / 2019) Mas e antes dos sensores, como é que se fazia? Imagino que algum funcionário trepava na antena mais alta no topo do maior arranha-céu e, ao constatar a falência da luz solar, acionava um interruptor, e a cidade toda se iluminava. A correção gramatical e os sentidos do texto seriam mantidos caso se suprimisse o trecho “é que”, em “como é que se fazia”. Comentários: A expressão “é que” é expletiva, foi usada apenas para realce, ênfase. Portanto, pode ser retirada sem qualquer prejuízo sintático ou semântico: “como é que se fazia” “como se fazia” (como era feito) Questão correta. 19. (CESPE / IPHAN / CARGOS DE NÍVEL MÉDIO / 2018) Essa estranha “margem de manobra”, ou, em melhores palavras, essa interseção entre um Felipe Luccas, Equipe Felipe Luccas Aula 01 Português p/ DEPEN (Com Videoaulas) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1460148 26 111 profundo pessimismo e a utopia de se construir um mundo melhor, é que mobiliza os homens para a ação. Seria mantida a correção gramatical do último período do texto caso o trecho “é que” (ℓ.2-3) fosse suprimido. Comentários: A expressão “é que” é expletiva, sua supressão não causará erro nem mudança de sentido. .... Essa estranha “margem de manobra” é que mobiliza os homens para a ação. ... Essa estranha “margem de manobra” mobiliza os homens para a ação. Questão correta. 20. (CESPE / TRF - 1ª REGIÃO / 2017) Para esse pensador, só a troca de ideias dá liberdade ao pensamento... Julgue o item a seguir. Por ser um advérbio, o vocábulo “só” poderia ser deslocado para imediatamente antes da forma verbal “dá”, sem alteração dos sentidos do texto. Comentários: A posição da palavra “só” determina a porção da frase que ela modifica e seu deslocamento pode mudar a classificação e o sentido da palavra. só a troca de ideias dá liberdade ao pensamento (limita “a troca”, apenas “a troca” faz isso e mais nenhuma outra coisa- “só” é palavra denotativa de exclusão) a troca de ideias só dá liberdade ao pensamento (limita o verbo “dá”, “a troca” apenas faz isso e não faz mais nenhuma outra coisa- “só” é advérbio de exclusão) Então, o sentido muda sim. Questão incorreta. 21. (CESPE / Instituto Rio Branco / 2015) Julgue o item que se segue. O sentido da frase “O realismo só gera certo pessimismo em uma primeira fase" seria alterado se o advérbio “só" fosse posposto à forma verbal “gera", da seguinte forma: O realismo gera só certo pessimismo (...). Comentários: Já exaurimos essa lógica nessa aula, sejamos objetivos. “O realismo só gera certo pessimismo em uma primeira fase" (só faz isso, só gera) “O realismo gera só certo pessimismo em uma primeira fase" (só gera pessimismo, não gera outra coisa) Questão correta. ARTIGO O artigo é classe variável em gênero e número que acompanha substantivos, indicando se o substantivo é masculino ou feminino, singular ou plural, definido ou indefinido. Por sempre estar modificando um substantivo, sempre exerce a função de adjunto adnominal. Pode ocorrer aglutinado com preposições (em e de): “no”, “na”, “dos”, “das”. Felipe Luccas, Equipe Felipe Luccas Aula 01 Português p/ DEPEN (Com Videoaulas) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1460148 27 111 O artigo definido se refere a um substantivo de forma precisa, familiar: “o carro”, “a casa”, nesse caso, indicando que aquele “carro” ou aquela “casa” são conhecidas ou já foram mencionadas no texto. Ex: Na porta havia um policial parado. Assim que me viu, o policial sacou sua arma. Observe que na segunda referência ao policial, ele já é conhecido, já foi mencionado, é aquele que estava parado na porta. Isso justifica o uso do artigo definido, no sentido de familiaridade. Por essa razão, a ausência do artigo deixa o enunciado indefinido, mais genérico: Não dou ouvidos ao político (com artigo definido: político específico, definido) Não dou ouvidos a político (sem artigo definido: qualquer político, políticos em geral) O artigo definido diante de um substantivo indica que este é familiar, conhecido ou que já foi mencionado. Por essa razão, quando tratamos de um nome em sentido geral, sem especificar, não deve haver artigo e, consequentemente, não haverá crase (artigo “a”+ preposição “a”). Por outro lado, se um termo já trouxer determinantes que o especifiquem, não poderemos considerá-lo genérico, então deve-se usar artigo definido. Esse fato explica várias regras de crase, como diante da palavra casa e de alguns nomes de lugares (topônimos) que não trazem artigo (Portugal, Roma, Atenas, Curitiba, Minas Gerais, Copacabana). Observe: Estou em casa (sem artigo). Estou na casa de mamãe (a casa é determinada, então deve ter artigo definido). Pelo mesmo raciocínio, temos: vou a Paris (sem artigo)/Vou à Paris dos meus sonhos (“Paris” está determinada, então traz artigo definido, e , por consequência, crase). Após o pronome indefinido “todo”, o artigo definido indica “completude”, “inteireza”: Toda casa precisa de reforma. (todas as casas, qualquer casa, casas em geral.) Toda a casa precisa de reforma (a casa inteira.) Por sua vez, o artigo indefinido se refere ao substantivo de forma vaga, inespecificada; “um carro qualquer”, “uma casa entre aquelas”. Também expressa intensificação: “ela tem uma força!” ouaproximação: “ela deve ter uns 57 anos”. Assim como os definidos, também pode ocorrer aglutinado com preposições (em e de): “duns”, “dumas”, “nuns”, “numas”. Por outro lado, o artigo, ao lado de substantivo comum no singular, também pode ser usado para universalizar uma espécie, no sentido de “todo”: “o (todo) homem é criativo”, “o (todo) brasileiro é passivo”; “a (toda) mulher sofre com o machismo”, “uma (toda) mulher deve ser respeitada”; “uma empresa deve ser lucrativa” (toda/qualquer empresa). O artigo definido, na linguagem mais moderna, também é um recurso de adjetivação, por meio de um realce na entoação de um termo que não é tônico: Ex: Esse não é um médico, esse é o médico. O sentido é que não se trata de um médico qualquer, mas sim um grande médico, o melhor. Este é o chamado “artigo de notoriedade”. Felipe Luccas, Equipe Felipe Luccas Aula 01 Português p/ DEPEN (Com Videoaulas) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1460148 28 111 22. (CESPE / PRF / POLICIAL / 2019) Mas e antes dos sensores, como é que se fazia? Imagino que algum funcionário trepava na antena mais alta no topo do maior arranha-céu e, ao constatar a falência da luz solar, acionava um interruptor, e a cidade toda se iluminava. A substituição da locução “a cidade toda” por toda cidade preservaria os sentidos e a correção gramatical do período. Comentários: O artigo faz toda a diferença no sentido: “a cidade toda”— a cidade inteira, a cidade por completo “toda cidade”— todas as cidades, qualquer cidade Questão incorreta. 23. (CESPE / SEDF / 2017) O aspecto da implantação do português no Brasil explica por que tivemos, de início, uma língua literária pautada pela do Portugal contemporâneo. O emprego do artigo definido imediatamente antes do topônimo “Portugal” torna-se obrigatório devido à presença do adjetivo “contemporâneo”. Comentários: Compare: Vou a Portugal / Vou ao Portugal contemporâneo. O primeiro “Portugal” não pede artigo. Já o segundo “Portugal” está sendo determinado: não é um “Portugal” qualquer, é um “Portugal” específico, é o “contemporâneo”. Por essa razão, por estar diante de um substantivo definido no texto, o artigo definido se torna necessário. Esse tipo de questão cai “igualzinho” na parte de crase, a única diferença é que usam topônimos femininos, como Bahia, Recife, Brasília. Fique esperto! Questão correta. PREPOSIÇÕES A preposição é classe invariável que conecta palavras e orações, umas às outras e entre si. Sozinha, ela não exerce função sintática, mas compõe a transitividade de nomes e verbos (aqueles que pedem complemento preposicionado) e a estrutura de locuções com função de adjuntos adnominais (se referem a substantivo ou termo substantivo), e adverbiais (se referem a verbos, adjetivos, advérbios). Vamos relembrar as principais preposições: a, com, de, em, para, por, ante, até, após, contra, sob, sobre, per, por, desde, trás, perante. Ex: Gosto de chocolate (a preposição introduz complemento de um verbo) Ex: Tenho medo de cobra (a preposição introduz complemento de um nome) Ex: Estudo de noite (a preposição introduz locução adverbial) Ex: Esta é mesa de mármore (a preposição introduz locução adjetiva) Felipe Luccas, Equipe Felipe Luccas Aula 01 Português p/ DEPEN (Com Videoaulas) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1460148 29 111 Preposições Essenciais e Acidentais: São chamadas de “essenciais” as preposições puras, que só funcionam como preposição: a, com, de, em, para, por, desde, contra, sob, sobre, ante, sem... São chamadas de preposições “acidentais” aquelas palavras que na verdade pertencem a outra classe, mas que, “acidentalmente”, fazem papel de preposição: consoante, conforme, segundo (quando não introduzem oração); como, que, mesmo, durante, mediante... Ex: Tenho de estudar/Tenho que estudar (essas expressões são equivalentes e o “que” é uma preposição acidental, pois é uma conjunção que está “acidentalmente” no papel de preposição (“de”). Ex: Eu jogo de goleiro/ Eu jogo como goleiro. (“como” é conjunção, mas aqui está no papel de preposição (“de”). As palavras salvo, exceto, exclusive, afora, menos e senão são consideradas preposições acidentais quando introduzem locuções adverbiais com sentido de exclusão: Ex: Salvo aquele capítulo, o livro inteiro é bom. Ex: O livro inteiro é bom, menos aquele capítulo. Usamos Eu e Tu após preposições acidentais ou palavras denotativas: Ex: Fora tu, todos erraram (fora é preposição acidental) Ex: Até tu, Brutus!. (até é palavra denotativa de inclusão) Com preposições essenciais, devemos usar as formas oblíquas: Ex: Venha até mim e haverá bênçãos para ti. Preposições Relacionais e Nocionais: As preposições que são exigidas por verbos e nomes têm “valor relacional”, são preposições eminentemente gramaticais e introduzem funções sintáticas de complemento, como objetos diretos, indiretos, complementos nominais. Em suma, são aquelas preposições obrigatórias, pedidas pela regência, exigências da palavra que pede um complemento. Ex: Desconfio de um funcionário. (“relacional” -introduz complemento de verbo) Ex: Tenho medo de cobra. (“relacional” -introduz complemento de substantivo) Ex: Estou desconfiado de um funcionário. (“relacional” -introduz complemento de adjetivo) Ex: Fui favorável a suas escolhas. (“relacional” -introduz complemento de advérbio) Então, se a preposição introduzir um complemento obrigatório de um verbo, substantivo, adjetivo ou advérbio, ela será uma preposição gramatical/relacional e será exigência de um termo anterior. As que não são exigidas obrigatoriamente, mas aparecem para estabelecer “relações de sentido”, tem valor “nocional”, pois trazem noção de posse, causa, instrumento, matéria, modo, etc. Geralmente introduzem adjuntos adnominais e adverbiais. Ex: Este é o carro de Ricardo. (“nocional” -introduz locução indicativa de posse) Ex: Tenho um violão de madeira. (“nocional” -indica qualidade/matéria) Felipe Luccas, Equipe Felipe Luccas Aula 01 Português p/ DEPEN (Com Videoaulas) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1460148 30 111 Ex: Estudo de noite. (“nocional” -introduz circunstância de tempo) Ex: Ele morreu de fome. (“nocional” -introduz circunstância de causa) Então vamos analisar um exemplo e ver qual preposição é exigida gramaticalmente por um termo anterior: Ex: Discordo de argumentos de esquerda. O verbo “discordar” pede a preposição “de”. A expressão “de argumentos” é um objeto indireto. Essa preposição tem valor relacional, pois é obrigatória, própria do verbo “discordar”. Repare que inicia um complemento... Já a expressão preposicionada “de esquerda” é uma locução adjetiva, pois equivale a um adjetivo: “esquerdista”. Por ter esse valor de adjetivo, exerce função de adjunto adnominal, ligado ao nome “argumentos”. Observe agora que ela não é exigida pelo termo anterior, está aqui para fazer uma relação de sentido, para introduzir a “noção” de tipo ou qualidade dos argumentos. A distinção entre esses dois tipos de preposição é fundamental para a análise sintática. Contração das preposições: As preposições podem ser contraídas com outras classes: Preposição a + Artigos a + a, as, o, os = à, às, ao, aos Preposição a + Pronomes demonstrativos a + aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo = àquele, àquela, àquelas, àquilo A preposição a + Advérbios a + onde = aonde A preposição por + Artigos por + o, a, os, as = pelo, pela, pelos, pelas Preposição de + Artigos de + o, a, as, um, uns, uma, umas = do, da, das, dum, duns, duma, dumas Preposição de + Pronomes pessoais de + ele, ela, eles, elas = dele, dela, deles, delas Preposição de + Pronomes demonstrativos de + este, esta, estes, estas, isto, esse, aquele, aquelas, aquilo =deste, desta, destes, destas, disto, desse, daquele, daquelas, daquilo Preposição de + Pronomeindefinido de + outro, outras, = doutro, doutras Preposição de + Advérbios de + aqui = daqui; de + aí = daí; de + ali = dali; de + além = dalém A preposição em + Artigos Felipe Luccas, Equipe Felipe Luccas Aula 01 Português p/ DEPEN (Com Videoaulas) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1460148 31 111 em + o, a, as, um, uns, uma, umas = no, na, nas, num, nuns, numa, numas A preposição em + Pronomes pessoais em + ele, ela, eles, elas = nele, nela, neles, nelas A preposição em + Pronomes demonstrativos em + este, esta, estes, estas, isto, esse, essa, esses, essas, isso, aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo = neste, nesta, nestes, nestas, nisto, nesse, nessa, nesses, nessas, nisso, naquele, naquela, naqueles, naquelas Valor semântico da preposição (valor nocional) As preposições nocionais não são exigidas pela gramática, mas são usadas para trazer noções, circunstâncias, matizes semânticos. Não há como decorar e antever todas as possibilidades. Olhe sempre para o termo que aparece depois da preposição e tente pensar no papel que aquele termo exerce; aí você terá pistas sobre o sentido da preposição. Vejamos as principais relações de sentido que caem em prova. Ex: Escrevi a lápis. (instrumento) Ex: Meu violão é de mogno. (matéria) Ex: Fui ao cinema com ela. (companhia) Ex: Fiquei chocado com a novidade. (causa) Ex: Estou morrendo de frio. (causa) Ex: Não fale de/sobre corrupção aqui. (assunto) Ex: Vou para um lugar melhor. (direção; vai e fica lá; definitivo) Ex: Vou a um lugar melhor. (direção; vai e volta; provisório) Ex: Estudo para passar em primeiro lugar. (finalidade) Ex: Para Freud, o sonho é um desejo reprimido. (conformidade/opinião/referência) Ex: Devolva-me o livro do aluno. (posse) Ex: Feri-me com a faca. (instrumento) Ex: Vivo de aluguéis e investimentos. (meio) Ex: Vivo só com a renda da aposentadoria. (meio) Ex: Estudo com gana. (modo) Ex: Sou contra o populismo. (oposição) Ex: O prazo para posse é de 30 dias (tempo) Ex: Não sou de Campinas. (origem) Ex: Com mais um minuto, resolveria aquele problema (tempo) Ex: Resolvi a questão com um macete. (instrumento) Felipe Luccas, Equipe Felipe Luccas Aula 01 Português p/ DEPEN (Com Videoaulas) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1460148 32 111 Ex: Fui ao cinema com ela. (companhia) Após as preposições “ante” e “perante”, preposições indicativas de lugar, não se usa preposição “a”. O Cespe adora essa pegadinha! Locuções prepositivas: São grupos de palavras que equivalem a uma preposição. Se eu disser “falei sobre o tema” ou “falei acerca do tema”, a locução substitui perfeitamente a preposição. As locuções prepositivas sempre terminam em uma preposição, exceto a locução com sentido concessivo/adversativo “não obstante”: Veja alguns pares importantes com alguns sentidos que podem assumir: ✓ Embaixo de > sob (lugar) ✓ A fim de > para (finalidade) ✓ Dentro de > em (lugar) ✓ De encontro a > contra (posição) ✓ Acerca de > sobre (assunto) ✓ Devido a > com (causa) ✓ Em virtude de > por (causa) ✓ A respeito de > sobre (assunto) ✓ Por meio de > através (meio) Rigorosamente, a gramática condena o uso de “através” com sentido de “meio” (Ex: fiquei rico através de investimentos) e limita essa preposição à ideia de “atravessar” (Ex: A luz passa através da janela.) Fique atento, pois as bancas gostam de pedir a substituição de uma preposição ou locução prepositiva por uma conjunção ou locução conjuntiva com mesmo valor semântico: Estudo a fim de/para passar = Estudo a fim de que passe. A substituição é possível, mas exige adaptações na estrutura da sentença. A preposição “de” é expletiva, de realce, e pode ser retirada da frase sem prejuízo sintático e sem alteração relevante de sentido em: Estruturas comparativas: Como mais (do) que você. Felipe Luccas, Equipe Felipe Luccas Aula 01 Português p/ DEPEN (Com Videoaulas) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1460148 33 111 Alguns apostos especificativos: O bairro (das) Laranjeiras satisfeito sorri. Orações subordinadas predicativas: A sensação foi (de) que não mudou. Predicativo do objeto do verbo chamar ou denominar: Joni me chamou (de) estúpido. Algumas estruturas do tipo artigo + adjetivo substantivado + de + substantivo : O maldito (do) gato foi atropelado 7 vezes! 24. (CESPE / PGE-PE / Analista Judiciário de Procuradoria / 2019) Ninguém poderia ficar impassível diante de uma mudança dessa envergadura. Por isso a sensação mais difundida é a desorientação. Seria mantida a correção gramatical do texto se o trecho “diante de uma mudança” fosse alterado para ante a uma mudança. Comentários: Após as preposições “ante” e “perante”, preposições indicativas de lugar, não se usa preposição “a”. A redação seria apenas: ante/perante uma mudança. Questão incorreta. A propósito, o CESPE já tinha cobrado isso antes: 25. (CESPE / Polícia Civil-CE / INSPETOR / 2012) Em um momento que os Estados-nação se dobram diante das forças do mercado... Na linha 1, pode-se substituir “diante das” por perante as, sem prejuízo para a correção gramatical ou para o sentido original do texto. Comentários: A troca de “diante DE” por “perante” não prejudica nem a correção nem o sentido. Não se poderia, no entanto, usar “perante a” ou “perante às”, pois isso indicaria uso de preposição “a” após perante. Questão correta. 26. (CESPE / PGE-PE / Analista Judiciário de Procuradoria / 2019) Que fique claro: não tenho nenhuma intenção de difamar ou condenar o passado para absolver o presente, nem de deplorar o presente para louvar os bons tempos antigos. Desejo apenas ajudar a que se compreenda que todo juízo excessivamente resoluto nesse campo corre o risco de parecer leviano. No período em que se inserem, os trechos “para absolver o presente” e “para louvar os bons tempos antigos” exprimem finalidades. Comentários: Sim. A preposição “para” antes de uma ação indica classicamente o sentido de propósito, na forma de uma oração subordinada adverbial final. Questão correta. Felipe Luccas, Equipe Felipe Luccas Aula 01 Português p/ DEPEN (Com Videoaulas) - Pós-Edital www.estrategiaconcursos.com.br 1460148 34 111 27. (CESPE / TCE-PB / AG. DE DOCUMENTAÇÃO / 2018) Portanto, do ponto de vista cronológico, a fala tem precedência sobre a escrita, mas, do ponto de vista do prestígio social, a escrita tem supremacia sobre a fala na maioria das sociedades contemporâneas. A expressão “sobre a”, nas linhas 1 e 2, tem o sentido de a respeito da. Comentários: Quando o sentido é de assunto, essa troca é possível: Falei sobre a miséria Falei a respeito da miséria Falei acerca da miséria Contudo, não é o caso aqui. O sentido nesse contexto é de prevalência, de posição superior. Questão incorreta. 28. (CESPE / IPHAN / CARGOS DE NÍVEL MÉDIO / 2018) Com a multiplicação das demandas sociais, no lugar de soluções únicas para a cidade, passou-se a considerar a segmentação ainda maior de interesses. Mantendo-se a correção gramatical e a coerência do texto, a expressão “Com a” (ℓ.1) poderia ser substituída pela expressão Devido à. Comentários: A multiplicação das demandas sociais é a causa da segmentação de interesses que dificulta a tomada de uma decisão única. Portanto, o termo introduzido por “com” poderia sim ser substituído pela locução causal ‘devido a...’ Devido à multiplicação das demandas sociais, no lugar de soluções únicas para a cidade, passou- se a considerar a segmentação ainda maior de interesses. É cada vez mais difícil imaginar que uma ação pública vá atingir a aspiração de todos em um único objetivo comum. Questão correta. 29. (CESPE / IFF / 2018) É comum que pais de baixa escolaridade lutem para que os filhos tenham acesso a um ensino de qualidade... A oração “para que os filhos tenham acesso a um ensino
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