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425Rev Bras Med Esporte – Vol. 26, No 5 – Set/Out, 2020 O NÚMERO DE ARTICULAÇÕES ENVOLVIDAS NO EXERCÍCIO PROMOVE ALTERAÇÕES DO GASTO CALÓRICO? DOES THE NUMBER OF JOINTS INVOLVED IN EXERCISE PROMOTE CHANGES IN ENERGY EXPENDITURE? ¿EL NÚMERO DE ARTICULACIONES INVOLUCRADAS EN EL EJERCICIO PROMUEVE ALTERACIONES DEL GASTO CALÓRICO? Gustavo Allegretti João1,2 (Profissional de Educação Física) Daniel Rodriguez2 (Profissional de Educação Física) Roberta Luksevicius Rica2 (Profissional de Educação Física) Nelson Cavas Júnior3 (Profissional de Educação Física) Danilo Sales Bocalini4 (Profissional de Educação Física) Aylton Figueira Júnior2 (Profissional de Educação Física) 1. Universidades Metropolitanas Unidas, Laboratório de Fisiologia do Exercício São Paulo, SP, Brasil. 2. Universidade São Judas Tadeu (USJT), Programa de Pós- Graduação em Educação Física, São Paulo, SP, Brasil. 3. Instituto de Assistência Médica do Instituto de São Paulo, SP, Brasil. 4. Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Laboratório de Fisiologia e Bioquímica Experimental do Centro de Educação Física e Desporto, Vitória, ES, Brasil. Correspondência: Gustavo Allegretti João Rua Taquari, 546, Mooca, São Paulo, SP - 03166-000. gustavoallegretti@hotmail.com RESUMO Introdução: Os benefícios do treinamento de força (TF) incluem não apenas aumento da força, mas também modificações favoráveis na composição corporal, o que levou ao aumento considerável da indica- ção dessa modalidade de treinamento em indivíduos com sobrepeso e obesidade e tornou importante a investigação dos desfechos atribuídos a diferentes manipulações das variáveis do TF. No entanto, as respostas metabólicas agudas relacionadas com o gasto calórico (GC) associado à manipulação dos exercícios que, por sua vez, são associados à quantidade de articulações envolvidas no movimento permanecem incon- clusivas. Objetivo: Verificar a influência do número de articulações envolvidas no movimento sobre o GC com volume equalizado no TF em diferentes intensidades. Métodos: Esse treinamento foi realizado em dias alternados, com intervalo de 48 horas entre cada sessão com dois protocolos randomizados, a saber, proto- colo multiarticular com quatro exercícios comuns para praticantes de TF em comparação com o protocolo monoarticular com quatro exercícios. Cada protocolo foi avaliado em três intensidades (90%, 75% e 60% de 1-RM) do treinamento de acordo com o teste de uma repetição máxima (1-RM). Resultados: Foram observados incrementos significantes no GC na sessão multiarticular em comparação com a sessão monoarticular: 90% 1-RM multiarticular 246,80 ± 26,17 kcal vs. monoarticular 227,40 ± 24,54 kcal (∆ -7,86, IC de 95% 7,33; 31,46; t 3,44; p < 0,05); 75% 1-RM multiarticular 124,13 ± 25,40 kcal vs. monoarticular 111,80 ± 22,78 kcal (∆ -9,93, IC de 95% 3,25; 21,41; t 2,91; p < 0,05); 60% 1-RM multiarticular 70,80 ± 6,28 kcal vs. monoarticular 64,40 ± 6,72 kcal (∆ -9,04, IC de 95% 3,95; 8,84; t 5,60; p < 0,05). Conclusão: Os exercícios multiarticulares podem ser uma variável a considerar quando o equilíbrio do GC é o alvo principal do programa de TF. No entanto, mais estudos são necessários para complementar nossos achados. Nível de evidência II; Estudos diagnósticos – Investigação de um exame para diagnóstico. Descritores: Exercício; Gasto energético; Força muscular; Articulações. ABSTRACT Introduction: The benefits of strength training (ST) include not only strength improvement but also favorable body composition changes, which has led to a considerable increase in the indication of this training method in overweight and obese individuals, and has made the investigation of outcomes attributed to different manipulations of ST variables an important task. However, acute metabolic responses related to energy expenditure (EE) associated with the manipulation of exercises which, in turn, are associated with the number of joints involved in movement, are still inconclusive. Objective: To verify the influence of the number of joints involved in movement on EE with equalized volume in ST at different intensities. Methods: This training program was held on alternate days, with a 48-hour interval between each session, and with two randomized protocols, as follows: multiarticular protocol with four common exercises for ST participants compared to the monoarticular protocol with four exercises. Each protocol was evaluated at three training intensities (90%, 75% and 60% of 1-RM) according to the one-repetition maximum test. Results: Significant increases in EE were observed in the multiarticular session as compared to the monoarticular session: 90% 1-RM multiarticular 246.80 ± 26.17 kcal vs monoarticular 227.40 ± 24.54 kcal (∆ -7.86, 95% CI 7.33; 31.46; t 3.44; p <0.05); 75% 1-RM multiarticular 124.13 ± 25.40 kcal vs monoarticular 111.80 ± 22.78 kcal (∆ -9.93, 95% CI 3.25; 21.41; t 2.91; p <0.05); 60% 1-RM multiarticular 70.80 ± 6.28 kcal vs monoarticular 64.40 ± 6.72 kcal (∆-9.04, 95% CI 3.95; 8.84; t 5.60; p <0.05). Conclusion: Multiarticular exercises may be a variable to consider when EE balance is the main target of the ST program. However, further studies are needed to supplement our findings. Level of evidence II; Diagnostic studies-Investigating a diagnostic test. Keywords: Exercise; Energy expenditure; Muscle strength; Joints. RESUMEN Introducción: Los beneficios del entrenamiento de fuerza (EF) incluyen no sólo aumento de la fuerza, sino también modificaciones favorables en la composición corporal, lo que llevó al aumento considerable de la indicación de esa modalidad de entrenamiento en individuos con sobrepeso y obesidad y se ha vuelto importante la investigación de las conclusiones atribuidas a diferentes manipulaciones de las variables del EF. Sin embargo, las respuestas metabólicas Artigo originAl Original article artículO Original https://orcid.org/0000-0002-6338-0798 https://orcid.org/0000-0002-5349-8290 https://orcid.org/0000-0002-6145-1337 https://orcid.org/0000-0003-2168-8927 https://orcid.org/0000-0003-3993-8277 https://orcid.org/0000-0002-6635-8019 426 Rev Bras Med Esporte – Vol. 26, No 5 – Set/Out, 2020 agudas relacionadas con el gasto calórico (GC) asociado a la manipulación de los ejercicios que, a su vez, son asociados a la cantidad de articulaciones involucradas en el movimiento permanecen no concluyentes. Objetivo: Verificar la influencia del número de articulaciones involucradas en el movimiento sobre el GC con volumen ecualizado en el EF en diferentes intensidades. Métodos: Este entrenamiento fue realizado en días alternados, con intervalo de 48 horas entre cada sesión con dos protocolos aleatorizados, a saber: protocolo multiarticular con cuatro ejercicios comunes para practicantes de EF en comparación con el protocolo monoarticular con cuatro ejercicios. Cada protocolo fue evaluado en tres intensidades (90%, 75% y 60% de 1-RM) del entrenamiento de acuerdo con el test de una repetición máxima (1-RM). Resultados: Se observó un incremento significativo en el GC en la sesión multiarticular en comparación con la sesión monoarticular: 90% 1-RM multiarticular 246,80 ± 26,17 kcal vs. monoarticular 227,40 ± 24,54 kcal (Δ -7,86, IC de 95% 7,33; 31,46; t 3,44; p < 0,05); 75% 1-RM multiarticular 124,13 ± 25,40 kcal vs. monoarticular 111,80 ± 22,78 kcal (Δ -9,93, IC de 95% 3,25; 21,41; t 2,91, p < 0,05); 60% 1-RM multiarticular 70,80 ± 6,28 kcal vs. monoarticular 64,40 ± 6,72 kcal (∆ -9,04, IC de 95% 3,95; 8,84; t 5,60; p < 0,05). Conclusión: Los ejercicios multiarticulares pueden ser una variable a considerar cuando el equilibrio del GC es el objetivo principal del programa de EF. Sin embargo, más estudios son necesarios para complementar nuestros hallazgos. Nivel de evidencia II; Estudios diagnósticos - Investigación de un examen para diagnóstico. Descriptores: Ejercicio; Gasto de energía; Fuerza muscular; Articulaciones. Artigo recebido em 10/26/2018 aprovado em 12/16/2019DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1517-869220202605215828INTRODUÇÃO Atualmente, a indicação do treinamento de força (TF) como estra- tégia não farmacológica na prevenção e no tratamento da obesidade vem sendo considerada eficaz e eficiente no tratamento da obesida- de.1 Aumentos significativos no consumo de oxigênio e consequente- mente no gasto calórico (GC) dependendo de variáveis, como massa muscular,2 velocidades de levantamento,3 número de séries,4 número de repetições,5,6 carga de treinamento,7 volume de treinamento,8 ou intervalos de recuperação9-12 vem sendo amplamente investigados e utilizados com base na prescrição de exercícios. No entanto, as respostas metabólicas agudas relacionado ao GC e a manipulação dos exercícios associados as quantidades de articulações envolvidas no movimento não foram devidamente investigadas. De acordo com o Colégio Americano de Esporte e Medicina1 os exercícios para grandes volumes musculares e/ou multiarticulares devem ser realizados prioritariamente em uma sessão de treinamento, contudo, poucos estudos2,6,13,14 investigaram estes efeitos no GC. Dessa forma, a literatura ainda é carente de estudos que investigaram a relação entre o GC no TF e os efeitos metabólicos agudos associados a quantidades de articulações envolvidas nos exercícios. Robergs et al.,15 avaliaram o GC durante a execução de dois exercícios multiarticulares (supino reto e agachamento) realizados continuamente durante cinco minutos. A literatura ainda permanece inconclusivo considerando a influência de exercícios monoarticulares e multiarticulares no GC em sessões de TF com diferentes intensidades. Desta forma, o objetivo do presente estudo foi verificar a influência do número de articulações en- volvidas no GC com volume equalizado no TF em diferentes intensidades. MATERIAL E MÉTODOS Procedimento experimental Para investigar o GC no TF associado ao número de articulações envolvidas nos exercícios, todos os participantes do presente estudo realizaram em dias alternados dois protocolos de TF com diferentes intensidades randomizados por sorteio sendo: protocolo multiarti- cular (supino reto, agachamento, pulley frente e abdome máquina) e monoarticular (pec deck, rosca direta, tríceps pulley e cadeira flexora). Foram utilizadas as intensidades correspondentes a 90%, 75% e 60% de uma repetição máxima (1-RM). Para a intensidade prescrita de 60% de 1-RM, os participantes reali- zaram duas séries (aproximadamente 15 repetições), na intensidade de 75% de 1-RM, realizaram três séries (aproximadamente 10 repetições) e na intensidade de 90% de 1-RM os participantes realizaram seis séries (aproximadamente 5 repetições). Todas as séries foram realizadas ao ponto de falha muscular concêntrica momentânea, definida operacionalmente como a incapacidade de realizar outra repetição concêntrica, mantendo a forma adequada. Todos os protocolos foram de 120 segundos de intervalo de recuperação entre séries e entre os exercícios. A cadência de repetições foi realizada de forma controlada (por metrônomo), com ações concêntricas e excêntricas de aproximadamente 1,5 segundos, para uma duração total de repetição de aproximadamente 3 segundos. A carga externa foi ajustada para cada exercício, conforme necessário, em séries sucessivas para garantir que os sujeitos atingissem falhas no intervalo de repetição do alvo. Após aprovação do comitê de ética e pesquisa da Universidade São Judas Tadeu (Nº 2.022.898/2016), 15 homens com a média de idade de 22,9 ± 2,61 anos com no mínimo 12 meses de experiência em TF (musculação) e familiarizados com os exercícios propostos participaram voluntariamente do estudo. Como critérios de inclusão foram estabelecidos os seguintes parâmetros: experiência mínima de 24 meses em musculação; frequências de treinamento mínimo de três vezes por semana; apresentar atestado médico que garanta estado clínico saudável para a participação. Foram excluídos do es- tudo os indivíduos: fumantes; submetidos a dietas tanto de redução de massa corporal e/ou aumento de massa muscular; apresentassem quaisquer distúrbios metabólicos ou que utilizassem medicamentos que afetem o gasto calórico (simpaticomimética, bronco dilatadores, antidepressivos, anfetaminas, drogas ilícitas); acometidos de alguma lesão muscular ou tendínea nos últimos três meses; sob tratamento de doença infectocontagiosa; que utilizaram nos últimos seis meses ou estar utilizando qualquer tipo de agente ergogênico de origem hormonal com propósito de aumento da força ou hipertrofia; falta- ram em qualquer etapa das avaliações. Todos os voluntários leram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Avaliações preliminares Composição corporal. A massa corporal (MC) foi mensurada com a balança G-Tech® (Accumed Prod Med Hosp Ltda), com precisão de 0,100g, com os indivíduos posicionados no plano de Frankfurt, descalços e com o mínimo de roupas possíveis. A estatura (E) foi mensurada utilizando estadiômetro (Sanny® com precisão de 0,1 cm). 427Rev Bras Med Esporte – Vol. 26, No 5 – Set/Out, 2020 O índice de massa corporal (IMC) foi obtido utilizando a equação: MC/ (E2). A circunferência foi medida usando protocolo padrão conforme previas publicações.16,17 O percentual de gordura foi mesurado por ultrassonografia (BodyMetrix® PRO System, Intelametrix, Livemore, Califórnia, EUA - software BodyViewTM) com frequência de onda de 2,5 MHz.16,17 A sonda de ultrassom foi aplicada perpendicularmente à pele para medição. Um gel solúvel em água foi usado no transdutor para ajudar no acoplamento acústico e evitar pressão excessiva da pele. Os indivíduos foram instruídos a jejuar por 3 horas antes das avaliações. A imagem foi realizada no lado direito do corpo dos indivíduos e, para garantir ainda mais a precisão das avaliações, foram realizadas pelo menos três imagens. A média das três avaliações foi utilizada para análise estatística. (Tabela 1) Estimativa da ingestão de alimentos. Para evitar possíveis confusões dietéticas dos resultados, os indivíduos foram aconselhados a manter seu regime nutricional habitual e a evitar tomar suplementos durante o período do estudo. A ingestão de nutrientes na dieta foi avaliada por recordações alimentares de 24 horas em dois dias úteis não con- secutivos e um dia do fim de semana. Os sujeitos foram instruídos a registrar em detalhes: tempo de consumo, tipos e quantidade de preparações alimentares consumidas por 24 horas. A quantidade de alimento foi registrada em unidades de cozimento (colheres, xícaras e copos) e transformada em gramas. A estimativa do consumo de energia (macronutrientes) foi analisada pelo software NutWin (USJT, São Paulo, Brasil). A ingestão estimada de alimentos foi avaliada durante semanas do período de intervenção. Avaliação da força muscular máxima. A força dinâmica máxima foi avaliada através do teste de 1 repetição máxima (1-RM), utilizado nos exercícios: multiarticular (supino reto, agachamento, pulley frente e abdome má- quina); monoarticular (pec deck, rosca direta, tríceps pulley e cadeira flexora) (equipamentos fitnessline, GervaSport®, Espanha). O protocolo de teste seguiu as recomendações anteriores as previas publicações.18 Os indivíduos relataram ao laboratório que se abstiveram de qualquer exercício além das atividades da vida diária por pelo menos 72 horas antes do teste. Em resumo, os participantes se aqueceram por 5 minutos em esteira (Movement Technology, São Paulo, Brasil) a 60% da frequência cardíaca máxima. Durante a primeira série, os participantes realizaram cinco repetições com 50% 1-RM estimada, seguidos por série de três repetições com carga correspondente a 60 - 80% 1-RM estimada, com intervalo de recuperação de 180 segundos entre as séries. Após as séries de aquecimento, os participantes tiveram cinco tentativas para encontrar sua carga de 1-RM com intervalos de 180 segundos entre cada tentativa. O 1-RM foi considerado o peso máximo que não poderia ser levantado mais de uma vez com a técnica adequada.Não foram necessárias mais de cinco tentativas para atingir 1-RM com qualquer sujeito. Incentivo verbal foi dado ao longo dos testes. Todas as sessões de teste foram supervisionadas pela equipe de pesquisa para serem consideradas válidas. (Tabela 2) Avaliação de gasto calórico. Antes dos procedimentos de coleta de dados, todos os participantes realizaram período de familiarização de duas semanas durante cada exercício com o equipamento (máscara) para análise de gases (Fitmate® Cosmed) usando carga suficiente para realizar um conjunto de 20 repetições. O GC durante as sessões de TF foi medido por meio de analisador de gases (COSMED®, Fitmate, Roma, Itália) com máscara de gás flexível, conforme prévias publicações.19-21 Todos os participantes foram instruídos a não consumir café 12 horas antes das avaliações e não realizaram exercícios 24 horas antes da avaliação. O analisador de gases foi calibrado seguindo as especificações do fabricante antes de cada teste. Após a calibração da unidade portátil Fitmate, os participantes foram equipados com uma máscara facial mantida no lugar por um capacete. Enquanto os participantes expiravam, um medidor de vazão e uma linha de amostra de oxigênio, acoplada à máscara, coletaram dados que incluíam frequência respiratória, volume de ar e concentração fracionada de oxigênio. A unidade metabólica Fitmate calculou internamente o consumo de oxigênio (VO2) respiração por respiração dos participantes. Assim, o VO2 foi medido continuamente (adicionando esforço e recuperação). Para a apresentação final dos dados, Tabela 1. Caracterização amostral. Parâmetros Idade (anos) 22,90 ± 2,61 (0,11) Massa corporal (kg) 83,60 ± 9,76 (0,11) Estatura (cm) 183,07 ± 5,60 (0,03) Massa muscular (kg) 72,97 ± 7,47 (0,10) IMC (kg/cm2) 24,89 ± 2,15 (0,08) ∑ Circunferências (cm) 431,39 ± 21,87 (0,05) ∑ Dobras cutâneas (mm) 37,75 ± 11,27 (0,29) % Gordura 9,96 ± 3,31 (0,33) Massa gorda (kg) 8,33 ± 2,90 (0,34) Massa muscular / Massa corporal (%) 0,87 ± 0,02 (0,02) Taxa metabólica de repouso 2395,47 ± 415,80 (0,17) Valores expressos em média ± desvio padrão (coeficiente de variância). Tabela 2. Teste de 1-RM e o % da carga utilizada em cada exercício. Exercícios Teste 90% 75% 60% 1-RM (kg) 1-RM (kg) 1-RM (kg) 1-RM (kg) Multiarticular SR 93,00±22,88 (0,24) 84,00±21,00 (0,25) 70,00±17,00 (0,24) 56,00±14,00 (0,25) AG 103,33±26,97 (0,26) 93,00±24,00 (0,25) 78,00±20,00 (0,25) 62,00±16,00 (0,25) PF 104,79±19,12 (0,18) 94,00±17,00 (0,18) 79,00±14,00 (0,17) 63,00±11,00 (0,17) AB 107,76±14,46 (0,13) 97,00±13,00 (0,13) 81,00±11,00 (0,13) 65,00±9,00 (0,14) Monoarticular PD 79,87±18,64 (0,23) 72,00±17,00 (0,23) 60,00±14,00 (0,23) 48,00±11,00 (0,22) RD 46,80±9,47 (0,20) 42,00±9,00 (0,21) 35,00±7,00 (0,20) 28,00±6,00 (0,21) TR 92,91±13,54 (0,14) 84,00±12,00 (0,15) 70±10 (0,14) 56,00±8,00 (0,14) CF 110,81±18,48 (0,16) 100,00±17,00 (0,17) 83±14,00 (0,18) 66,00±11,00 (0,24) Valores expressos em média ± desvio padrão (coeficiente de variância) dos exercícios supino reto (SR); agachamento (AG); pulley frente (PF); abdome máquina (AB); pec deck (PD); rosca direta (RD); tríceps pulley (TR); cadeira flexora (CF). 428 Rev Bras Med Esporte – Vol. 26, No 5 – Set/Out, 2020 o O2 medido foi convertido em unidades de energia (calorias) por um fator de conversão de 1 litro de O2 = 5,05 caloria (kcal).11 Para a análise do GC considerando o sistema energético via anaeró- bico foi utilizado o modelo sugerido por SCOTT et al.22 Resumidamente, a concentração de lactato foi determinada usando um modelo de lactímetro (Accusport Plus - Roche®), seguindo recomendação de estudos anteriores [28, 29]. As amostras de sangue foram coletadas do capilar do dedo antes do protocolo (isto é, em repouso), e imediatamente após a sessão de TF. Para a demanda metabólica anaeróbica, foi medida pela diferença entre os valores de pico e da linha de base [La∆], usando o equivalente a 3 ml·kg-1 de oxigênio para cada unidade de lactato acumulada. 11 Medidas externas de volume e carga do treinamento de força Controle de carga de treinamento externo. O método mais básico para quantificar o exercício de força é o método de repetição para determinar o volume de treinamento. O método de repetição é simplesmente o número total de repetições realizadas em um exercício específico, uma sessão de treinamento (Eq. 1). (Tabela 3) Volume de repetição = no. de conjuntos x no. de repetições (Eq. 1) O peso total levantado é uma extensão do método de repetição. Envolve multiplicar o número de repetições realizadas de um determinado exercício pela carga absoluta levantada para essas repetições. Dessa forma, a carga de treinamento (Tabela 3) para cada exercício diferente realizado em uma sessão de treinamento pode então ser somada para calcular o peso total levantado e a duração do treinamento (Eq. 2). Carga de treinamento (CT) = no. de séries x no. de repetições x peso total levantado / tempo da sessão (UA) (Eq. 2) Análise estatística A análise da dimensão da amostra foi realizada usando o software GPower 3.1.23,24 Dessa forma, assumindo erro de estimação de α = 0,05, power = 80%, tendo 3 medidas (intensidades) x oito exercícios, um n de 15 foi necessário para atingir o poder estatístico de 80,8%. Portanto, 15 os sujeitos foram designados para realizar o TF em diferentes intensidades. Medidas repetidas ANOVA foram utilizadas para analisar os valores do gasto calórico (8 exercícios x 3 intensidades) e post-hoc de Bonferroni, quando necessário. Pressupostos de normalidade, homogeneidade e esfericidade foram confirmados Testes de Shapiro-Wilk, Levene e Mauchly, respectivamente. Para análise das diferenças entre as médias de dois conjuntos de escores relacionados foi utilizado teste t Student pareado. Para as variáveis que não atenderam os critérios de normalidade aplicou-se o teste de Wilcoxon.25 Para verificar as associações recorreu- -se as correlações lineares de Pearson. O generalizado eta quadrado (ηG2) foi usado como tamanho do efeito e interpretado de acordo com Bakeman.26 Dados gerais para cada exercício são apresentados como médias, desvios padrão e intervalo de confiança de 95%. A significância foi fixada em 5%. Os dados foram processados no software R versão 1.0.44 para Macintosh. RESULTADOS Não houve diferença significante na duração (minutos) das sessões multi vs. monoarticulares (90% 1-RM = 58,00 ± 2,04 vs. 56,00 ± 2,34 min; 75% 1-RM = 30,70 ± 1,63 vs. 28,40 ± 1,13 min; 60% 1-RM = 22,00 ± 1,51 vs. 18,99 ± 2,01 min; p > 0,05). Quando comparamos somente a sessão multiarticular, observamos diferenças significantes no volume repetições (F(2,28) = 2,85; p = 0,07; ηG2 = 0,09); peso total levantado (F(2,28) = 553,67; p = 0,000; ηG2 = 0,50); e carga de treinamento (F(2,28) = 89,03; p = 0,000; ηG2 = 0,54) entre as intensidades do TF. Por outro lado, quando observamos isoladamente a sessão monoarticular, houve diferença significante apenas no peso total levantado (F(2,28) = 721,30; p = 0,000; ηG2 = 0,57) e carga de treinamento (F(2,28) = 76,44; p = 0,000; ηG2 = 0,59) entre as diferentes intensidades do TF. Não houve diferenças significantes no volume repetições quando comparamos o volume total entre as sessões multi vs. monoarticulares. Contudo, houve diferenças significantes na sessão multiarticular quando comparada com a sessão monoarticular nas variáveis peso total levantado e carga de treinamento. (Tabela 3) Foram observadas diferenças significantes no GC entre as diferentes intensidades na sessão multiarticular (F(2,28) = 321,59; p = 0,000; ηG2 = 0,92); e monoarticulares (F(2,28) = 445,39; p = 0,000; ηG2 = 0,92). Também foram observados incremento significante no GC na sessão multiar- ticular quando comparado com a sessão monoarticulares em todas intensidades (Tabela 4). DISCUSSÃO O objetivo do presente estudo foi comparar o GC da sessão de TF associado ao número de articulações envolvidas no movimento em Tabela3. Comparação das variáveis do treinamento de força entre as intensidades e entre as sessões multiarticulares vs. monoarticulares. Multiarticular Monoarticular ∆ IC-95% t P = Volume de repetições (rep) 90% 1-RM 6 séries 114 ± 14 (0,12) 108 ± 18 (0,16) 6,33 -5,06-17,73 1,19 0,253 75% 1-RM 3 séries 110 ± 12* (0,11) 106 ± 12 (0,11) 3,60 -0,52-7,72 1,87 0,082 60% 1-RM 2 séries 119 ± 6*ǂ (0,05) 111 ± 4 (0,04) 7,80 4,96-10,63 1,90 0,067 Peso total levantado (kg) 90% 1-RM 6 séries 10362 ± 1674 (0,16) 8268 ± 2131 (0,25) -2094,34 1142,74-3045,94 4,72 0,003 75% 1-RM 3 séries 8403 ± 1337* (0,15) 6624 ± 1025* (0,15) 1779,40 1385,22-2173,58 9,68 0,001 60% 1-RM 2 séries 5524 ± 2544*ǂ (0,46) 4334 ± 2018*ǂ (0,46) 1189,98 758,38-1621,58 5,91 0,001 Carga de treinamento (UA) 90% 1-RM 6 séries 729 ± 150 (0,20) 556 ± 127 (0,22) -123,42 -146,23 -100,62 -11,60 0,001 75% 1-RM 3 séries 1109 ± 239* (0,21) 862 ± 155* (0,18) 48,60 36,57-60,63 8,66 0,001 60% 1-RM 2 séries 1352 ± 315*ǂ (0,23) 1013 ± 192*ǂ (0,19) 82,00 62,50-101,51 9,01 0,001 - Valores expressos em média ± desvio padrão e (coeficiente de variação); volume total = no..de séries x no. de repetições; peso total levantado = no. de séries x no. de repetições x peso total levantado; e carga de treinamento = no. de séries x no de repetições x peso total levantado / tempo da sessão (unidade arbitraria [UA]). * p < 0,05 vs. 90% 1-RM. ǂ p < 0,05 vs. 75% 1-RM. 429Rev Bras Med Esporte – Vol. 26, No 5 – Set/Out, 2020 diferentes intensidades no TF. Portanto, foram realizadas três diferentes intensidades do TF (60, 75 e 90% 1-RM), em sessões que envolviam exercícios multi e monoarticulares. A nossa hipótese inicial do estudo foi confirmada, houve incremento no GC em alta intensidade e nas sessões multiarticulares. A sessão de TF multiarticular apresentou incremento no GC quando comparado com a sessão monoarticular em todas as intensidades do TF. Os nossos achados demonstraram que ocorreu incremento no GC entre ∆= 7,8 a 9,9 na sessão multiarticular quando comparada com a sessão monoarticular. Quando estudamos o TF, existem inúmeras possibilidades de com- binações entre as variáveis de volume e intensidade (número de séries, intervalo de recuperação, número de repetições, velocidade de execução, % de quilagem utilizada no treinamento e carga, formato de treinamento.) que podem incrementar ou reduzir o GC. Nesse contexto, a ordem dos exercícios,2 a quantidade de articulações envolvidas no movimento e o tamanho do grupamento muscular podem promover aumento signifi- cativamente no GC.2,14 Estudos anteriores2,14,27 acreditam que algumas variáveis agudas do treinamento apresentem maior influência no GC positivamente ou negativamente. Nesse contexto, optamos por equalizar o número total de repeti- ções (volume) do treinamento e investigar o efeito da intensidade e a quantidade de articulações envolvidas no movimento (multiarticulares e monoarticulares). Dessa forma, a limitação do estudo foi a impos- sibilidade de equalizar as demais variáveis. Quando o TF é realizado com alta intensidade (peso em kg levantados) impossibilita número alto de repetições, consequentemente, aumenta o número de séries e intervalos de recuperação entre as séries. Concomitantemente com o aumento da duração da sessão de treinamento resultará em redução da carga de treinamento. Dessa forma, no presente estudo, quando observamos as variáveis do TF, por exemplo, peso total levantado, duração da sessão e carga de treinamento, com exceção do volume de treinamento que foi equalizado em todas as intensidades, o GC com a intensidade de 90% de 1-RM foi significantemente maior, no entanto, houve incremento na duração da sessão e o peso total levantado. Por outro lado, a carga de treinamento, que é a combinação das variáveis do TF (volume e intensidade), reduziu significantemente. Nesse sentido, Farinatti et al.14 investigaram a ordem dos exercícios de força no GC. Foram realizados dois protocolos: sequência A dos multiarti- culares para os monoarticulares e sequência B dos monoarticulares para os multiarticulares nos seguintes exercícios: supino reto (multiarticular), desenvolvimento de ombros (multiarticular) e extensão de tríceps (mo- noarticular). As principais conclusões indicaram que o desempenho agudo foi significativamente afetado pela ordem de exercício, mas, no geral, o GC não foi afetado pela ordem de exercício. Posteriormente, Farinatti et al.2 observaram a influência do tamanho dos grupos musculares no GC. O protocolo foi randomizado em cinco séries, 10 repetições, com carga correspondente a 15 repetições máximas, em dois exercícios leg-press (LP) e supino reto (SR). Os resultados demonstraram que o GC foi significantemente influenciado pela massa muscular envolvida no exercício sendo de 88-91 kcal no LP e 50-54 kcal no SR. Ratamess et al.27 investigaram a relação entre o consumo máximo de oxigênio no TF e os efeitos metabólicos agudos da sequência de exercícios. Dessa forma, dois protocolos randomicamente foram realizados sendo agachamento primeiro seguido por supino reto e/ ou supino reto primeiro seguido por agachamento. Ambos os protocolos foram compostos por cinco séries de cada exercício com 75% de 1-RM, 10 repetições. Os resultados demonstraram tendência do aumento do consumo de oxigênio quando o exercício agachamento foi realizado primeiro, ou seja, multiarticulares e grandes grupos musculares. Portanto existem inúmeras possibilidades de combinações entre as variáveis de volume e intensidade que podem incrementar ou reduzir o GC. Nesse contexto, a ordem dos exercícios2 e a quantidade de articula- ções envolvidas no movimento e o tamanho do grupamento muscular podem promover aumento significativamente no GC.2,14 Estudos3,28-30 indicam que o volume de treinamento vem sendo um dos principais determinantes do GC durante as sessões de TF. Desta forma, considerando os estudos disponíveis na literatura é possível considerar aumento significante no GC em protocolos com alto volume quando comparados com baixo volume de treinamento com outras variáveis agudas de treinamento, como intervalos de recuperação, velocidade de movimento ou intensidade do treinamento.3,28-30 Thornton et al.8 demonstraram resposta semelhante de GC quando o volume de repetições foi equalizado. Nossos resultados não suportam esses achados, demonstrando que o volume total de repetições não influenciou no GC. No presente estudo, o volume total de repetições do treinamento foi similar entre as sessões multiarticular em compa- ração a sessão de treinamento monoarticular. Além disso, no presente estudo, o GC total foi significativamente maior quando realizado com intensidade de 90% 1-RM, demonstrando que a intensidade (peso total levantado) podem ser variáveis importantes no incremento do GC no TF não corroborando com os estudos supracitados. Adicionalmente, estudos3,30 mostraram aumento significante no GC em protocolos com alta intensidade, comparados com baixa intensidade no TF. Hunter et al.3 compararam o GC com intensidade de 25% de 1-RM e intensidade de aproximadamente 70% de 1-RM em sete homens jovens treinados. Assim o GC total foi 45% maior com alta intensidade (155 ± 28 kcal) quando comparado com baixa intensidade (107 ± 20 kcal). Reis et al.30 estimaram o GC em várias intensidades, porém os TF são realizados em quatro séries constante de cinco minutos com as seguintes intensidades: 12%, 16%, 20% e 24% de 1-RM, o dificulta a comparação entre os estudos. Portanto a proposta de elucidar o GC para diferentes protocolos do TF, ou seja, ao atribuir valores para as variáveis de intensidade, volume, intervalo de recuperação entre séries e exercícios e no número de exercícios, teríamos como consequência alterações no GC associado à sessão. O estudo analisou o GC para três protocolos distintos, porém normalizados no número de exercícios, intervalo de recuperação e no volume total de repetições (repetiçõesx séries) chegando em valores diversos de GC para cada protocolo como apresentados. (Tabela 4) CONCLUSÃO Os possíveis desdobramentos dos valores dependerão da estratégia adotada na prescrição do TF, por exemplo, caso o indivíduo tenha como objetivo o GC absoluto, o protocolo mais adequado seria o de alta intensidade 90% 1-RM com exercícios que envolvem mais articulações no movimento (multiarticulares). Em virtude do que fora mencionado, o TF apresenta-se como uma estratégia plausível para manutenção do peso corporal e mesmo para a redução deste, sendo que cada protocolo apresentado possui sua vantagem e deverá ser usado de acordo com as necessidades e dos objetivos do aluno. Todos os autores declararam não haver qualquer potencial conflito de interesses referente a este artigo. Tabela 4. Comparação do gasto calórico entre as sessões multi e monoarticulares em diferentes intensidades. Multiarticular Monoarticular ∆ IC-95% t P = 90% 1-RM 246,80 ± 26,17 227,40 ± 24,54 -7,86 7,33-31,46 3,44 0,003 75% 1-RM 124,13 ± 25,40* 111,80 ± 22,78* -9,93 3,25-21,41 2,91 0,011 60% 1-RM 70,80 ± 6,28*ǂ 64,40 ± 6,72*ǂ -9,04 3,95-8,84 5,60 0,000 - Valores expressos por média ± desvio padrão e (coeficiente de variação). * p < 0,05 vs. 90% 1-RM. ǂ p < 0,05 vs. 75% 1-RM. 430 Rev Bras Med Esporte – Vol. 26, No 5 – Set/Out, 2020 REFERÊNCIAS 1. Garber CE, Blissmer B, Deschenes MR, Franklin BA, Lamonte MJ, Lee IM, et al. American College of Sports Medicine Position Stand. Quantity and quality of exercise for developing and maintaining cardiorespiratory, musculoskeletal, and neuromotor fitness in apparently healthy adults: Guidance for prescribing exercise. Med Sci Sports Exerc. 2011;43(7):1334-59. 2. Farinatti PT, Castinheiras Neto AG. 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DR: fez a pesquisa bibliográfica, revisou o manuscrito e contribuiu com o conceito intelectual do estudo. _ENREF_1 _ENREF_2 _ENREF_3 _ENREF_4 _ENREF_5 _ENREF_6 _ENREF_7 _ENREF_8 _ENREF_9 _ENREF_10 _ENREF_11 _ENREF_12 _ENREF_13 _ENREF_14 _ENREF_15 _ENREF_16 _ENREF_17 _ENREF_18 _ENREF_19 _ENREF_20 _ENREF_21 _ENREF_22 _ENREF_23 _ENREF_24 _ENREF_25 _ENREF_26 _ENREF_27 _ENREF_28 _ENREF_29 _ENREF_30 _GoBack