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TCC - Engenharia de Segurança do Trabalho_PDFA

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA 
MAYARA MARTINS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRANSTORNOS MENTAIS RELACIONADOS AO TRABALHO NO BRASIL NO 
PERÍODO DE 2010 A 2015 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Florianópolis 
2018 
 
MAYARA MARTINS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRANSTORNOS MENTAIS RELACIONADOS AO TRABALHO NO BRASIL NO 
PERÍODO DE 2010 A 2015 
 
 
 
 
Monografia apresentada ao Curso de 
Especialização em Engenharia de Segurança do 
Trabalho da Universidade do Sul de Santa 
Catarina como requisito parcial à obtenção do 
título de Especialista em Engenharia de 
Segurança do Trabalho. 
 
 
Orientador: Prof. Flávio Magajewski, Dr. 
 
 
 
Florianópolis 
2018 
 
MAYARA MARTINS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TRANSTORNOS MENTAIS RELACIONADOS AO TRABALHO NO BRASIL NO 
PERÍODO DE 2010 A 2015 
 
 
 
Monografia apresentada ao Curso de 
Especialização em Engenharia de Segurança do 
Trabalho da Universidade do Sul de Santa 
Catarina como requisito parcial à obtenção do 
título de Especialista em Engenharia de 
Segurança do Trabalho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Florianópolis, 21 de 08 de 2018 
 
______________________________________________________ 
Professor orientador: Flávio Magajewski, Dr. 
Universidade do Sul de Santa Catarina 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a minha família e amigos 
que me apoiaram no decorrer do curso. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço primeiramente a Deus pela saúde e as oportunidades para estar 
finalizando mais uma etapa na minha vida. 
Agradeço a minha família, em especial meu esposo, minha filha e meus pais que 
sempre acreditaram no meu potencial e me encorajam a cada dia a seguir em frente. 
Agradeço aos colegas de curso em especial minha amiga Nicolli que sempre esteve 
ao meu lado na jornada. 
Agradeço por fim, ao professores, em especial meu orientador por me ajudar a 
desenvolver este trabalho da melhor forma e me incentivando ao aprimoramento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Chamamos de ética o conjunto de coisas que as pessoas fazem quando todos estão olhando. O 
conjunto de coisas que as pessoas fazem quando ninguém está olhando chamamos de caráter.” 
(Oscar Wilde) 
 
 
RESUMO 
As doenças laborais relativas ao estres no ambiente de trabalho estão cada vez mais presentes 
no dia a dia das empresas e nas estatísticas de auxílio-doença e aposentadoria acidentária da 
Previdência Social. O monitoramento regular das taxas acidentarias é essencial para a avaliação 
da efetividade das políticas de prevenção e segurança no trabalho. A pesquisa de bases de dados 
como as da Previdência Social pode esclarecer, mesmo com as limitações de cobertura e 
subnotificação já conhecidas, o número de registros relativos às doenças objetos de estudo e a 
tendência temporal, além da abrangência territorial da sua ocorrência. Com o estudo e análise 
das bases de dados de acidentes de trabalho da Previdência Social constatou-se um aumento 
das taxas acidentarias de afastamentos decorrentes de doenças mentais e comportamentais entre 
os anos de 2010 e 2015 no país (36,13%). Além disso constatou-se uma concentração das taxas 
acidentarias de ocorrência na região Nordeste (quatro entre os seis estados com as maiores taxas 
de risco para doenças do CID F 40-48 eram estados desta região), sendo que os casos em sua 
maioria foram classificados na situação “Sem Cat”, ou seja, o nexo entre o trabalho e estas 
doenças foi realizado predominantemente (58,69%) com a metodologia do Nexo Técnico 
Epidemiológico Previdenciário - NTEP. 
 
Palavras-chave: Doenças profissionais. Estresse Ocupacional. Esgotamento Profissional. 
Previdência Social. Notificação de acidentes de trabalho. 
 
ABSTRACT OU RÉSUMÉ OU RESUMEN 
Occupational diseases related to stress in the work environment are increasingly present in 
companies' day-to-day life and in statistics on sickness and accident insurance of Social 
Security. Regular monitoring of accident rates is essential for the evaluation of the effectiveness 
of prevention and safety policies at work. The research of databases such as Social Security can 
clarify, even with the limitations of coverage and underreporting already known, the number of 
records related to the diseases objects of study and the temporal trend, in addition to the 
territorial extent of their occurrence. With the study and analysis of the databases of 
occupational accidents of Social Security, there was an increase in the incidental rates of leave 
due to mental and behavioral disorders between the years 2010 and 2015 in the country 
(36.13%). In addition, it was found a concentration of incidental rates of occurrence in the 
Northeast region (four of the six states with the highest risk rates for ICD F 40-48 were states 
in this region), with the majority of cases being classified in the "Without Cat" situation, that 
is, the nexus between work and these diseases was predominantly performed (58.69%) using 
the NTEP Technical Epidemiological Technological Nexus. 
 
Keywords: Occupational diseases. Occupational Stress. Burnout, Professional. Social Security. 
Occupational Accidents Registry. 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
Gráfico 1 – Evolução do número de registros de doenças relativas ao CID F40 – F48. Brasil, 
2010-2015. ................................................................................................................................ 21 
Gráfico 2 – Evolução da taxa de incidência das doenças do CID F40 – F48 segundo ano de 
ocorrência. Brasil, 2010-2015. ................................................................................................. 22 
Gráfico 3 – Registros dos oito estados com maior registro de doenças referentes ao CID F40 – 
F48 ........................................................................................................................................... 25 
Gráfico 4 – Taxa de incidência dos cinco estados com maior registro de doenças referentes ao 
CID F40 – F48 entre os anos de 2010 a 2015 .......................................................................... 26 
 
 LISTA DE TABELAS 
Tabela 1 – Evolução das comunicações das doenças do CID F40 – F48 segundo ano de 
ocorrência e variação percentual anual. Brasil, 2010-2015. ..................................................... 21 
Tabela 2 Evolução da taxa de incidência das doenças do CID F40 – F48 segundo ano de 
ocorrência e variação percentual anual. Brasil, 2010-2015. ..................................................... 23 
Tabela 3 Frequência dos afastamentos pelo grupamento F (Transtornos mentais e 
comportamentais) segundo motivo/situação. Brasil, 2010 a 2015 ........................................... 23 
Tabela 4 Frequencia do registro das doenças do CID F40 – F48 nos os oito estados com maior 
número de notificações. Brasil, 2010 a 2015............................................................................ 24 
Tabela 5 Taxa de incidência das doenças do CID F40 – F48 entre os cinco estados da federação 
mais afetados. Brasil, de 2010 a 2015. ..................................................................................... 25 
Tabela 6 Distribuição dos afastamentos segundo as patologias contidas no grupamento F00-
F99 - Transtornos mentais e comportamentais do Capítulo V da CID-10. Brasil, 2010 a 2015.
 .................................................................................................................................................. 27 
Tabela 7 Frequência das doenças laborais mais incidentes do grupamento F (transtornos mentais 
e comportamentais). Brasil, 2010 a 2015. ................................................................................ 28 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................11 
1.1 TEMA E DELIMITAÇÃO .............................................................................................. 12 
1.2 PROBLEMA DA PESQUISA ......................................................................................... 12 
1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 12 
2 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 14 
2.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................................ 14 
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................................... 14 
3 METODOLOGIA ............................................................................................................. 15 
3.1 ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................................................... 15 
4 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................... 16 
4.1 CARACTERIZAÇÃO DAS DOENÇAS RELATIVAS AO STRESS ........................... 16 
4.1.1 Síndrome de Burn-out ................................................................................................ 17 
4.1.1.1 Descrição da doença ....................................................................................... 18 
4.1.1.2 Epidemiologia – fatores de risco de natureza ocupacional conhecidos .......... 18 
4.1.1.3 Quadro clínico e diagnóstico .......................................................................... 19 
4.1.1.4 Tratamento e prevenção .................................................................................. 19 
5 RESULTADOS ................................................................................................................. 21 
5.1 OCORRENCIA DE DOENÇAS RELATIVAS AO CID (F40-F48) NOS ANOS DE 
2010 A 2015 NO BRASIL ....................................................................................................... 21 
5.2 DISTRIBUIÇÃO DOS TRANSTORNOS F40-48 POR MOTIVO-SITUAÇÃO .......... 23 
5.3 DISTRIBUIÇÃO DAS DOENÇAS POR ESTADOS ..................................................... 24 
5.4 DOENÇAS RELATIVAS AO GRUPAMENTO F ......................................................... 27 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 29 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
Segunda dados da Previdência Social (2018), entre os anos de 2010 e 2015 
foram realizados 68.898 registros relacionados com transtornos neuróticos, transtornos 
relacionados ao "stress" e transtornos somatoformes (F40-F48) relacionados ao trabalho. 
O aumento do estresse relacionado ao trabalho vem sendo destacado como 
um dos fatores mais importantes associados à ocorrência de transtornos mentais e 
comportamentais, contribuindo para o aumento do absenteísmo no trabalho (McDaid, 
2008) e acarretam gastos e perdas expressivas às economias em todo o mundo 
(Seligmann-Silva, 2009). 
A influência laboral sobre a saúde mental dos trabalhadores não está 
relacionada apenas às interações comportamentais, mas pode decorrer de inúmeros 
fatores, entre os quais a exposição a agentes tóxicos, a altos níveis de ruído, a situações 
de risco à integridade física, a formas de organização do trabalho e políticas de 
gerenciamento que desconsideram os limites físicos e psíquicos do trabalhador 
(Seligmann-Silva, 2009). 
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima-se que 
apenas 3,9% dos acidentes de trabalho são notificados (HÄMÄLÄINEN; TAKALA; 
SAARELA, 2006). Além da subnotificação de acidentes de trabalho, chama a atenção o 
fato de que as estatísticas relacionadas à incidência de doenças do trabalho são muito 
baixas no Brasil. Em 2013, foram notificados 717.911 acidentes e doenças, dos quais 
432.254 foram acidentes típicos e apenas 15.226 foram identificados como doenças do 
trabalho (PREVIDENCIA, 2013). 
 No período antecedente a abril de 2007, no Regime Geral de Previdência 
Social (RGPS), a notificação de um acidente de trabalho dependia quase que 
exclusivamente da emissão da Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT). Em abril 
de 2007, após inúmeras evidências de subnotificação (BARBOSA-BRANCO, 2008), o 
INSS implementou o Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário – NTEP (BRASIL, 
2007). 
Com a implementação do NTEP no ano de 2007, o número de ocorrências 
registradas relativos aos transtornos mentais e comportamentais teve um aumento de 
147% em relação ao ano anterior, confirmando a subnotificação seletiva do nexo trabalho-
doença em alguns grupamentos da Classificação Internacional de Doenças – CID 10ª 
Revisão. 
 
 
1.1 TEMA E DELIMITAÇÃO 
Análise da tendência histórica do registro das patologias ocupacionais 
relativos ao grupamento F40-F48 - transtornos neuróticos, transtornos relacionados com 
o "stress" e transtornos somatoformes no Brasil. Será uma pesquisa com base nos dados 
da Previdência Social, bem como a análise dos dados relativos ao período de 2010 a 2015. 
1.2 PROBLEMA DA PESQUISA 
Qual foi a tendência temporal da notificação das patologias ocupacionais do 
grupamento F40-F48 - Transtornos neuróticos, transtornos relacionados com o "stress" e 
transtornos somatoformes entre os anos de 2010 a 2015 no Brasil? Houve evolução ou 
redução? 
1.3 JUSTIFICATIVA 
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que 2,34 milhões de 
pessoas morrem a cada ano em acidentes de trabalho e doenças. Desse total, cerca de dois 
milhões seriam causadas por doenças relacionadas ao trabalho. 
Dentre as doenças relacionadas ao trabalho encontram-se os transtornos 
neuróticos, transtornos relacionados com o "stress" e transtornos somatoformes 
responsáveis por grande parcela dos afastamentos e incapacitações laborais. 
Dos cinco milhões de acidentes de trabalho ocorridos no Brasil entre 2007 e 
2013, 45% resultaram em morte, invalidez permanente ou afastamento temporário do 
emprego. Neste período, o desembolso do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) 
com indenizações aos acidentados foi de R$ 58 bilhões (Mauri Konig, 2015). 
Com base na grande influência dos acidentes e doenças laborais na economia, 
cultura e sociedade, e em especial pelo caráter emergente das doenças mentais 
relacionadas ao trabalho, o tema deste trabalho foi selecionado com o objetivo de 
quantificar e verificar a tendência histórica dos registros relativos às patologias 
ocupacionais do grupamento F40-F48 - transtornos neuróticos, transtornos relacionados 
 
com o "stress" e transtornos somatoformes ao longo dos anos no Brasil no período 2010-
2015. 
 
 
2 OBJETIVOS 
2.1 OBJETIVO GERAL 
Analisar a tendência temporal das patologias ocupacionais relativas aos 
transtornos neuróticos, transtornos relacionados com o "stress" e transtornos 
somatoformes ocorridas e notificadas entre os anos de 2010 a 2015 no Brasil. 
 
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
· Estudar a distribuição e evolução temporal dos transtornos neuróticos, 
transtornos relacionados com o "stress" e transtornos somatoformes segundo 
ano e motivo-situação; 
· Verificar a distribuição dos transtornos neuróticos, transtornos relacionados 
com o "stress" e transtornos somatoformes segundo os estados da federação 
mais afetados no período de 2010 a 2015. 
· Estudar a forma como são notificados os transtornos mentais relacionados ao 
trabalho no Brasil; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 METODOLOGIA 
Trata-se de uma pesquisa observacional de tipo ecológica com abordagem 
quantitativa. 
Quanto aos objetivos, é uma pesquisa descritiva, que segundo Boente e Braga 
(2004), caracteriza-se por possuir análises quantitativas e qualitativas, levantamento de 
dados e o porquê destes dados. 
Esta pesquisa tem como população de estudo os trabalhadores brasileirosregistrados no Regime Geral de Previdência Social e beneficiários dos dispositivos da 
Consolidação das Leis do Trabalho - CLT. 
Para a coleta de dados foram utilizados a base de dados da Previdência Social, 
bem como outras bibliografias necessárias para a discussão dos resultados. 
Para a análise dos dados foram utilizados tabelas e gráficos que 
possibilitassem a avaliação de tendência temporal do número de acidentes laborais 
registrados. Para neutralizar o efeito da variação do número de trabalhadores expostos ao 
risco de acidente de trabalho, que varia segundo o ano, a Unidade da Federação e a 
atividade econômica, a frequência das notificações de acidentes relacionados ao trabalho 
em determinado ano ou região foi dividido pelo número de trabalhadores expostos ao 
risco de acidentes no mesmo ano ou região, e este resultado foi multiplicado pela 
constante 1.000 para a obtenção de taxas de risco comparáveis entre si. 
3.1 ESTRUTURA DO TRABALHO 
Este trabalho foi dividido em cinco capítulos, sendo: 
· Capítulo 1: tema e delimitação, problema de pesquisa, justificativa. 
· Capitulo 2: apresenta os objetivos da pesquisa. 
· Capitulo 3: a metodologia utilizada 
· Capitulo 4: o referencial teórico utilizado para preparação desta monografia, 
contendo dados e caracterização das doenças laboreis relativas ao grupamento objeto do 
estudo. 
· Capitulo 5: apresenta os resultados obtidos a partir da análise da base de dados da 
Previdência Social. 
 
 
4 REFERENCIAL TEÓRICO 
4.1 CARACTERIZAÇÃO DAS DOENÇAS RELATIVAS AO STRESS 
Os transtornos mentais e do comportamento relacionados ao trabalho 
resultam de uma união de fatores como as condições de trabalho, as interações 
interpessoais, que interagem com o corpo e a mente dos trabalhadores. As ações 
implicadas no ato de trabalhar podem atingir o corpo dos trabalhadores, gerando 
disfunções e lesões biológicas, mas também reações psíquicas às situações de trabalho 
patogênicas, além de poder desencadear processos psicopatológicos especificamente 
relacionados às condições do trabalho desempenhado pelo trabalhador (MINISTERIO 
DA SAUDE DO BRASIL, 2001) 
A relação do stress no ambiente de trabalho vem sendo cada vez mais 
discutida nas organizações e entre os profissionais de saúde e segurança do trabalho. 
Segundo estudo desenvolvido por economistas da Universidade de Concordia, no 
Canadá, publicado no periódico BMC Public Health, 26% das pessoas que trabalham em 
ambientes altamente estressantes já passou por consultas por problemas fisiológicos, 
mentais ou emocionais (EXAME, 2011). 
Além dos riscos à saúde mental do trabalhador, o stress pode ser associado ao 
início e agravamento de outras doenças. Conforme estudos de pesquisadores canadenses, 
existem evidências médicas de que o stress pode afetar adversamente o sistema 
imunológico, aumentando assim o risco de doenças (SHARAF, 2011). Além disso, um 
grupo crescente de pesquisas vinculou o stress crônico a outros fatores de risco a saúde 
do trabalhador, como transtornos mentais, doenças cardiovasculares, ansiedade, 
depressão, hostilidade, ataque cardíaco, dores de cabeça, dores nas costas e câncer 
colorretal, bem como comportamentos neuróticos e compulsivos como tabagismo e uso 
excessivo de álcool (AZAGBA; SHARAF, 2011) 
No Brasil, segundo dados da Isma-BR (International Stress Management 
Association), nove entre dez pessoas que estão no mercado de trabalho têm sintomas de 
ansiedade e 47% da população sofre de depressão. 
Os fatores causadores do estresse ocupacional são chamados de “riscos 
psicossociais”, e podem ser caracterizados por carga de trabalho excessiva, baixo apoio 
social, longas jornadas de trabalho, condições precárias de organização do trabalho, baixa 
 
valorização e remuneração, descompasso entre tarefas prescritas e realizadas, até a 
escassez severa de recursos e problemas de infraestrutura. 
Segundo Camelo (2004), o stress produz diversas reações, sendo possível 
identificar os sinais de menor intensidade em sua fase inicial conhecida como fase de 
alarme. Nesta etapa o indivíduo apresenta alterações no organismo como, aumento das 
frequências cardíaca, respiratória e dos níveis da pressão arterial; contração do baço; 
liberação de glicose pelo fígado; redistribuição sanguínea e dilatação das pupilas. 
Após a fase de alarme que dura um curto período de tempo, o indivíduo entra 
na fase de resistência, onde o mesmo tenta se adaptar à nova situação com o propósito de 
restabelecer o equilíbrio interno, pois o organismo apresenta um desgaste maior, 
dificuldades de memória e está mais vulnerável a doenças. Os sintomas mais comumente 
observados são o tremor muscular, fadiga física, desânimo, irritabilidade, dificuldade de 
concentração e instabilidade emocional. 
Por fim, se não observados os sintomas iniciais e devidamente tratados, o 
indivíduo entra na fase de exaustão, caracterizada por uma redução da resistência 
imunológica em decorrência de falhas nos mecanismos de adaptação. É considerada a 
condição mais crítica relacionada ao estresse, pois, após exposições repetidas ao mesmo 
estressor, o organismo pode desenvolver doenças graves ou, até mesmo, entrar em 
colapso (CANOVA, 2010). 
O estresse ocupacional é um tipo de estresse crônico, por isso tende a afetar 
a saúde das pessoas, contribuindo para o surgimento de transtornos ou doenças 
cardiovasculares, doenças musculoesqueléticas, Síndrome de Burnout (síndrome do 
esgotamento profissional) e depressão. Também pode levar à adoção de estilos de vida 
pouco saudáveis como má alimentação, transtornos do sono e, inclusive, maior consumo 
de tabaco e álcool. 
4.1.1 Síndrome de Burnout 
Os níveis de atenção e concentração exigidos para a realização das tarefas, 
combinados com o nível de pressão exercido pela organização do trabalho, podem gerar 
tensão, fadiga e esgotamento profissional ou burnout (também conhecida como síndrome 
do esgotamento profissional ou estafa) (MINISTERIO DA SAUDE DO BRASIL, 2001) 
 
 
A síndrome de Burnout é considerada uma patologia em expansão na 
atualidade, em grande parte pelas transformações ocorridas nas relações de trabalho e a 
celeridade com que se desenvolvem as demandas de produção num mundo repleto de 
tecnologias. 
A síndrome tem recebido diferentes denominações, sendo a definição mais 
amplamente aceita a que é baseada na perspectiva psicossocial que busca identificar as 
condições no ambiente de trabalho que conduzem ao Burnout e aos sintomas específicos 
que caracterizam a síndrome (REZENDE, 2012). 
4.1.1.1 Descrição da doença 
Considerada como uma resposta prolongada a estressores emocionais e 
interpessoais crônicos no trabalho, a síndrome se compõe de três dimensões sintomáticas: 
a exaustão emocional, a despersonalização e a baixa realização profissional, com 
sentimentos de incompetência e menos valia. O trabalhador perde o sentido de sua relação 
com o trabalho, desinteressa-se e qualquer esforço lhe parece inútil. (MASLACH, 2001). 
 A síndrome de burnout envolve atitudes e condutas negativas com relação 
aos usuários, aos clientes, à organização e ao trabalho, sendo uma experiência subjetiva 
que acarreta prejuízos práticos e emocionais para o trabalhador e a organização. 
A Síndrome de Burnout manifesta-se basicamente por sintomas de fadiga 
persistente, falta de energia, adoção de condutas de distanciamento afetivo, 
insensibilidade, indiferença ou irritabilidade relacionadas ao trabalho, além de 
sentimentos de ineficiência e baixa realização pessoal 
Pode estar associada a uma suscetibilidade aumentada para doenças físicas, 
uso de álcool ou outras drogas (para obtenção de alívio) e para o suicídio (MINISTERIO 
DA SAUDE DO BRASIL, 2001). 
4.1.1.2 Epidemiologia – fatores de risco de natureza ocupacional conhecidos 
Segundo Ministério da Saúde (MINISTERIO DA SAUDE DO BRASIL, 
2001) a síndrome afeta principalmente profissionais da área deserviços ou cuidadores, 
quando em contato direto com os usuários, como os trabalhadores da educação, da saúde, 
policiais, assistentes sociais, agentes penitenciários, professores, entre outros. O risco da 
síndrome de esgotamento profissional é maior para aqueles que vivem a ameaça de 
 
mudanças compulsórias na jornada de trabalho e declínio significativo na situação 
econômica. Todos os fatores de insegurança social e econômica aumentam o risco 
(incidência) de esgotamento profissional em todos os grupos etários. 
Em geral, os fatores relacionados ao trabalho estão mais fortemente 
relacionados ao trabalho em si do que com os fatores biográficos ou pessoais. 
4.1.1.3 Quadro clínico e diagnóstico 
Segundo o Ministério da Saúde (MINISTERIO DA SAUDE DO BRASIL, 
2001), para a identificação dos sintomas relativos a Síndrome de Burnout deve-se levar 
em conta o quadro clinico e ocupacional abaixo: 
• história de grande envolvimento subjetivo com o trabalho, função, profissão 
ou empreendimento assumido, que muitas vezes ganha o caráter de missão; 
• sentimentos de desgaste emocional e esvaziamento afetivo (exaustão 
emocional); 
• queixa de reação negativa, insensibilidade ou afastamento excessivo do 
público que deveria receber os serviços ou cuidados do paciente (despersonalização); 
• queixa de sentimento de diminuição da competência e do sucesso no 
trabalho. 
Para um completo diagnostico deve-se também levar em conta sintomas 
associados como insônia, fadiga, irritabilidade, tristeza, desinteresse, apatia, angústia, 
tremores e inquietação, caracterizando síndrome depressiva e/ou ansiosa. 
A associação do quadro clinico juntamente com os sintomas descritos leva ao 
diagnóstico de síndrome de esgotamento profissional. 
 
4.1.1.4 Tratamento e prevenção 
O tratamento da síndrome de esgotamento profissional envolve psicoterapia, 
tratamento farmacológico e intervenções psicossociais. Entretanto, a intensidade da 
prescrição de cada um dos recursos terapêuticos depende da gravidade e da especificidade 
de cada caso. 
A prevenção da síndrome de esgotamento profissional envolve mudanças na 
cultura da organização do trabalho, estabelecimento de restrições à exploração do 
 
desempenho individual, diminuição da intensidade de trabalho, diminuição da 
competitividade, busca de metas coletivas que incluam o bem-estar de cada um e maior 
participação dos trabalhadores nas decisões relacionadas com a organização do trabalho, 
definição de metas e elaboração de propostas de melhoria do ambiente laboral 
(MINISTERIO DA SAUDE DO BRASIL, 2001). 
 
5 RESULTADOS 
5.1 OCORRENCIA DE DOENÇAS RELATIVAS AO CID (F40-F48) NOS ANOS 
DE 2010 A 2015 NO BRASIL 
No período de 2010 a 2015 os transtornos relativos ao CID (F40-F48) foram 
responsáveis por 1,64% dos acidentes de trabalho notificados ocorridos no Brasil. 
Informa o número absoluto de ATs e de F40-48 
Com base no gráfico 1 relativos aos números absolutos das comunicações de 
acidentes de trabalho pode-se verificar a ocorrência do aumento de registros de doenças 
laborais relativas ao CID F40-F48 entre os anos de 2010 e 2015. 
 
Gráfico 1 – Evolução do número de registros de doenças relativas ao CID F40 – F48. 
Brasil, 2010-2015. 
 
Fonte: Elaboração do autor (2018) 
 
Conforme dados apresentados no gráfico de número 1, é possível observar o 
aumento constante dos casos de afastamento que tiveram como causa doenças do 
agrupamento F40 a 48. Pode-se observar também o incremento percentual anual dessa 
série temporal entre os anos de 2010 e 2015 na Tabela 1, abaixo. É possível analisar um 
maior acréscimo nas comunicações entre os anos de 2010 e 2013, sendo observada 
diminuição do incremento no ano de 2014. 
Tabela 1 – Evolução das comunicações das doenças do CID F40 – F48 segundo ano de 
ocorrência e variação percentual anual. Brasil, 2010-2015. 
Variável\Ano 2010 2011 2012 2013 2014 2015 
Afastamentos 8.753 9.566 11.011 12.733 12.864 13.971 
Evolução (%)l - +9,28% +15,10% 
 
+15,63% +1,02% +8,60% 
Fonte: Elaboração do autor (2018) 
8.753
9.566
11.011
12.733
12.864
13.971
0,00
2000,00
4000,00
6000,00
8000,00
10000,00
12000,00
14000,00
16000,00
2010 2011 2012 2013 2014 2015
 
 
Para uma análise mais completa e associada ao risco de ocorrência das 
doenças relativas ao CID F40 – F48 entre os anos de 2010 e 2015 é importante considerar, 
além dos números absolutos de acidentes e doenças notificadas, a população exposta ao 
risco de ocorrência dessas doenças. Com a relativização dos números absolutos (que 
considera a chance de um representante da população exposta ao risco de ser acometido 
pela doença de interesse), é possível calcular as taxas de incidência dos registros de 
interesse neste período, permitindo que as mesmas sejam comparadas qualquer que tenha 
sido a variação da população exposta ao risco no ano ou na região estudado. Para tanto, 
foram utilizadas neste trabalho os cálculos sugeridos pelo Ministério da Previdência e 
Assistência Social (MPAS). 
A análise das taxas acidentárias é utilizada com o intuito de apurar os dados 
acidentários direcionando uma avaliação realista, levando em conta os vínculos médios 
anuais. 
O cálculo da Taxa de Acidentes de Trabalho pode ser obtido da seguinte 
forma: 
 
 !"! $%&'(ê%&'! =
numero novos casos de AT registrados no [ano, UF]
numero medio de vínculos no [ano, UF]
 x 1000, 
 
Gráfico 2 – Evolução da taxa de incidência das doenças do CID F40 – F48 segundo ano 
de ocorrência. Brasil, 2010-2015. 
 
Fonte: Elaboração do autor (2018). 
 
Conforme dados apresentados no gráfico de número 2, é possível observar o 
aumento da taxa de afastamento por causas psiquiátricas do grupo F 40-48 por mil 
0,238 0,242
0,263
0,297 0,293
0,324
0,000
0,050
0,100
0,150
0,200
0,250
0,300
0,350
2010 2011 2012 2013 2014 2015
 
trabalhadores em todos os anos estudados, com exceção do ano de 2014. Ao analisarmos 
a taxa de incidência, ao invés dos números absolutos, como é o caso do Gráfico 1, é 
possível perceber conforme Tabela 2 uma relação mais realista entre os resultados de cada 
período. Podemos notar na Tabela 2 que o incremento percentual anual no período foi 
relativamente menor que o calculado na Tabela 1, sendo que no ano de 2015, quando os 
números absolutos foram menores que os dos demais períodos, observa-se agora que a 
taxa de incidência de 2015 ficou com o segundo pior resultado em relação acidentalidade 
quando considerado o número de trabalhadores. 
 
Tabela 2 Evolução da taxa de incidência das doenças do CID F40 – F48 segundo ano de 
ocorrência e variação percentual anual. Brasil, 2010-2015. 
Variável\Ano 2010 2011 2012 2013 2014 2015 
Afastamentos 0,238 0,242 0,263 0,297 0,293 0,324 
Evolução (%) +1,70% +8,49% 
 
+13,15% -1,25% +10,59% 
Fonte: Elaboração do autor (2018) 
 
5.2 DISTRIBUIÇÃO DOS TRANSTORNOS F40-48 POR MOTIVO-SITUAÇÃO 
Com base na tabela 3, pode-se analisar a relação entre a incidência das 
doenças relativas ao grupamento F e motivo/situação no período de 2010 a 2015. 
Nota-se nos dados apresentados que cerca de 50% das ocorrências de doenças 
do grupamento F foram classificadas como ocupacionais na situação “Sem CAT”, ou seja, 
são enquadradas como afastamentos acidentários por meio do nexo causal 
epidemiológico previdenciário implantado a partir de 2007. 
 
Tabela 3 Frequência dos afastamentos pelo grupamento F (Transtornos mentais e 
comportamentais) segundo motivo/situação. Brasil, 2010 a 2015 
Motivo/Situação Total % 
Sem Cat 62.805 58,69 
Típico-Com Cat 33.620 31,42 
Doença do Trabalho-Com Cat 8.307 7,76 
Trajeto-Com Cat 2.283 2,13 
Fonte: Previdência Social (2018). 
 
5.3 DISTRIBUIÇÃO DAS DOENÇAS POR ESTADOS 
As doenças laborais nem sempre estão ligadas apenas ao ambiente de 
trabalho. Elas podem ser originadas pelo acumulo de fatores incluindo relações 
familiares, situações econômicas externas e interações sociais,por exemplo. 
Para um maior entendimento das relações das doenças laborais relativas ao 
CID F40 – F48 é interessante a compreensão de como sua ocorrência está distribuída 
segundo os estados da Federação, conforme tabela 4. 
 
Tabela 4 Frequencia do registro das doenças do CID F40 – F48 nos os oito estados com 
maior número de notificações. Brasil, 2010 a 2015. 
Variável\Estado 
São 
Paulo 
Rio de 
Janeiro 
Minas 
Gerais 
Rio Grande 
Sul 
Bahia 
Rio Grande 
Norte 
Pernambuco 
Santa 
Catarina 
Afastamentos 20.774 10.843 7.200 4.738 2.814 2.504 2.465 2.440 
% 30,15 15,74 10,45 6,88 4,08 3,63 3,58 3,54 
Fonte: Elaboração do autor (2018) 
 
Com base nos dados da tabela 3, verificamos que a soma absoluta dos 
afastamentos por transtornos do grupamento F40-48 entre os anos de 2010 a 2015 foi 
expressivo e concentrado nos três primeiros estados da tabela, sendo que a soma dos 
mesmos foi quase 2,6 vezes maior do que a dos demais. Obviamente este resultado está 
associado ao tamanho do mercado de trabalho nestes estados em relação ao restante das 
unidades da federação, que expõe maior número de trabalhadores ao risco de adoecer e 
se acidentar. 
No Gráfico 3 é possível analisar as regiões mais afetadas pelas doenças 
relativas ao CID F40 – F48. 
 
 
Gráfico 3 – Registros dos oito estados com maior registro de doenças referentes ao CID 
F40 – F48 
 
Fonte: Elaboração do autor (2018). 
 
Quando analisamos apenas o número de registros de doenças referentes ao 
CID F40 – F48, conforme Gráfico 3, nota-se que o estado de São Paulo aparece como o 
mais afetado, com quase o dobro de afastamentos em relação ao segundo colocado, o 
estado do Rio de Janeiro. 
Para uma análise mais realista e baseada no risco, é necessário analisar a taxa 
de incidência dos afastamentos, relacionando assim o número de registros ao número de 
vínculos médios no mesmo período em cada Unidade da Federação – UF estudada. 
Conforme tabela 5 podemos verificar que ao analisarmos as taxas de 
incidência, os resultados apresentam-se diferentes da análise dos registros absolutos já 
apresentada, sendo que estados que não apareciam entre os mais afetados aparecem nesta 
nova análise entre os cinco estados com maior taxa de incidência das doenças relativas 
ao CID F40 – F48. 
 
Tabela 5 Taxa de incidência das doenças do CID F40 – F48 entre os cinco estados da 
federação mais afetados. Brasil, de 2010 a 2015. 
 Alagoas Paraíba Rio de 
Janeiro 
Rio Grande 
do Norte 
Sergipe Distrito 
Federal 
2010 0,45 0,43 0,33 0,41 0,41 0,27 
2011 0,58 0,39 0,34 0,58 0,62 0,32 
2012 0,73 0,38 0,39 0,98 0,46 0,34 
2013 0,47 0,46 0,47 1,02 0,29 0,47 
2014 0,37 0,36 0,63 0,87 0,42 0,49 
2015 0,4 0,46 0,75 1,16 0,36 0,55 
Fonte: Elaboração do autor (2018). 
 
20774
10843
7200
4738
2814 2504 2465 2440
São Paulo Rio de
Janeiro
Minas Gerais Rio Grande
do Sul
Bahia Rio Grande
do Norte
Pernambuco Santa
Catarina
 
No Gráfico 4 apresenta a evolução das taxas dos cinco estados da federação 
com as maiores taxas de incidência de doenças relativas ao CID F40 – F48 no período 
estudado. 
 
Gráfico 4 – Taxa de incidência dos cinco estados com maior registro de doenças 
referentes ao CID F40 – F48 entre os anos de 2010 a 2015 
 
Fonte: Elaboração do autor (2018). 
 
Com base nos traçados do Gráfico 4, percebe-se a alta taxa de adoecimento 
pelo CID F40 – F48 dos trabalhadores relativos ao no estado do Rio Grande do Norte. 
É interessante perceber também a evolução errática que os estados fizeram, 
apesar de uma certa tendência geral de leve crescimento no período estudado. Em relação 
à evolução, se destacaram pelo crescimento mais rápido das taxas os estados do Rio 
Grande do Norte, Rio de Janeiro e o Distrito Federal. 
Comparando os Gráficos 3 e 4, é possível perceber a diferença das 
informações dependendo da análise realizada. Percebe-se que estados que não apareciam 
anteriormente entre os mais afetados no Gráfico 3, que utilizou informações absolutas, 
aparecem no Gráfico 4 entre os principais afetados, indicando que a população 
trabalhadora destes estados apresentou maior risco de adoecimento pelo grupamento F 
40-48 quando os registros foram associados ao número de trabalhadores exposto ao risco 
de adoecer. 
0,45
0,58
0,73
0,47
0,37
0,40
0,43
0,39 0,38
0,46
0,36
0,46
0,33 0,34
0,39
0,47
0,63
0,75
0,41
0,58
0,98
1,02
0,87
1,16
0,41
0,62
0,46
0,29
0,42
0,36
0,27
0,32 0,34
0,47 0,49
0,55
2010 2011 2012 2013 2014 2015
Alagoas Paraíba Rio de Janeiro
Rio Grande do Norte Sergipe Distrito Federal
 
5.4 DOENÇAS RELATIVAS AO GRUPAMENTO F 
 Dentre as doenças relativas ao Grupamento F podemos encontrar subdivisões 
conforme a tabela 6. Na tabela 6 pode-se verificar que no somatório das comunicações de 
acidentes de trabalho relativos ao grupamento F destaca-se as doenças do agrupamento 
(F40-F48) - Transtornos neuróticos, transtornos relacionados com o "stress" e transtornos 
somatoformes. 
 
Tabela 6 Distribuição dos afastamentos segundo as patologias contidas no grupamento 
F00-F99 - Transtornos mentais e comportamentais do Capítulo V da CID-10. Brasil, 2010 
a 2015. 
Agrupamento CID Total % 
(F00-F09) Transtornos mentais orgânicos, inclusive os 
sintomáticos 
730 0,68 
(F10-F19) Transtornos mentais e comportamentais devidos 
ao uso de substância psicoativa 
2.709 2,54 
(F20-F29) Esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e 
transtornos delirantes 
1.566 1,47 
(F30-F39) Transtornos do humor [afetivos] 32.048 29,95 
(F40-F48) Transtornos neuróticos, transtornos relacionados 
com o "stress" e transtornos somatoformes 
69.275 64,73 
(F50-F59) Síndromes comportamentais associadas a 
disfunções fisiológicas e a fatores físicos 
132 0,12 
(F60-F69) Transtornos da personalidade e do comportamento 
do adulto 
208 0,19 
(F70-F79) Retardo mental 46 0,04 
(F80-F89) Transtornos do desenvolvimento psicológico 66 0,06 
(F90-F98) Transtornos do comportamento e emocionais que 
aparecem durante a infância ou a adolescência 
235 0,22 
Total 107.015 100 
Fonte: Previdência Social (2018). 
 
Dentre as doenças com maior número de ocorrências pertencentes ao 
grupamento F pode-se verificar em primeiro lugar as reações ao stress grave e transtornos 
de adaptação (F43), sendo esta responsável por 64,73% do total das comunicações no 
período de 2010 a 2015. 
A Tabela 7 apresenta as cinco patologias detalhadas mais prevalentes do 
grupamento F no período de 2010 a 2015. 
 
 
 
 
 
 
Tabela 7 Frequência das doenças laborais mais incidentes do grupamento F (transtornos 
mentais e comportamentais). Brasil, 2010 a 2015. 
CID Total % 
(F43) Reações ao Stress Grave e Transtornos de Adaptação 49.938 46,66 
(F32) Episódios Depressivos 22.148 20,70 
(F41) Outros Transtornos Ansiosos 17.030 15,91 
(F33) Transtorno Depressivo Recorrente 6.371 5,95 
(F31) Transtorno Afetivo Bipolar 3.004 2,81 
Outros 8.524 7,97 
Total 107.015 100 
Fonte: Previdência Social (2018). 
 
Dentre as cinco doenças do grupamento F que apresentam maior incidência 
destaca-se a doença de CID F43 (Reações ao Stress Grave e Transtornos de Adaptação), 
sendo ela responsável por um total de 46,66% de ocorrência em relação ao total de 
ocorrências no grupamento no somatório do período de 2010 a 2015. 
 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Mediante análise dos dados obtidos pela plataforma do INSS verificou-se 
aumento da taxa de incidência de doenças do trabalho relativos aos transtornos neuróticos, 
transtornos relacionados ao stress e transtornos somatoformes no Brasil no período 
estudado (36,13%). 
Este aumento pode ser relacionado às transformações rápidas ocorridas na 
estrutura do trabalho, às tecnologias produtivas em constante mudança, à alta no 
desemprego e a consequente insegurança em relação à subsistência pessoal e familiar, ao 
aumento de tarefas e/ou carga horaria, à pressões pela produtividade no ambiente de 
trabalho, entreoutros. 
Com relação à comparação das taxas de incidência dos transtornos neuróticos, 
transtornos relacionados ao stress e transtornos somatoformes nos estados brasileiros 
notou-se que as maiores taxas foram encontradas nos estados da Região do Nordeste do 
país, que ocuparam quatro posições entre os seis estados com as maiores taxas. Estes 
dados apontam para uma possível deficiência de políticas públicas de prevenção de 
acidentes do trabalho na região, bem como para ambientes de trabalho mais propensos ao 
desenvolvimento de doenças. 
Analisando a forma de notificação dos acidentes relativos aos transtornos 
neurótico, transtornos relacionados ao stress e transtornos somatoformes, verificou-se que 
58,69% das notificações referentes aos transtornos mentais estudados foram classificados 
como “Sem CAT”, o que significa dizer que foram filtrados pela metodologia do Nexo 
Técnico Epidemiológico Previdenciário – NTEP. Neste sentido, é necessário reconhecer 
o mérito e a importância da implantação do NTEP para a identificação destas doenças, 
possibilitando aos trabalhadores terem reconhecidas as causas do seu adoecimento e com 
isso receber o tratamento mais adequado aos seus problemas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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procedimentos e rotinas referentes ao Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário - 
NTEP, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, 
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dataprev.gov.br/sislex/paginas/38/INSS-PRES/2007/16. htm>. Acesso em: 02/06/2018. 
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http://www.previdencia.gov.br/aeat-2013/ em 10/02/2015. 
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Janeiro: Brasport, 2004. 
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<http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/especiais/acidentes-de-trabalho-no-
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Petrópolis/RJ, 2001. 
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http://www3.dataprev.gov.br/scripts10/dardoweb.cgi Acesso em 05/06/2018 
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Ministério da Saúde do Brasil, 2001.

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