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Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Patologia —--------- Mec����mo� �� L�são C�l��a� —--------- > Conceito de lesão Lesão é o conjunto de alterações morfológicas, moleculares e/ou funcionais que surgem nas células e nos tecidos após agressões. As modificações funcionais manifestam-se por alterações da função de células, tecidos, órgãos ou sistemas e representam a fisiopatologia. > Causas de lesão As causas da lesão celular são variadas e abrangem desde um trauma físico grosseiro, como após um acidente automobilístico, até um único defeito genético que resulta em uma enzima não funcional caracterizando uma determinada doença metabólica. ● Hipóxia e isquemia ● Toxinas ● Agentes infecciosos ● Reações imunes ● Anormalidades genéticas ● Envelhecimento > Lesão celular REVERSÍVEL A lesão reversível é o estágio da lesão celular no qual a função prejudicada e a morfologia das células lesionadas podem retornar ao normal se o estímulo prejudicial for removido. ! Nas lesões reversíveis, as células e organelas intracelulares normalmente ficam tumefeitas porque absorvem água como resultado da falha das bombas iônicas dependentes de energia na membrana plasmática, o que causa incapacidade de manter a homeostasia iônica e líquida. Com exposições nocivas excessivas ou persistentes, a lesão celular passa para um ponto “de não retorno” e há morte celular. Embora não haja correlação morfológica ou bioquímica definitiva da irreversibilidade, ela é consistentemente caracterizada por três fenômenos: a incapacidade de restaurar a função 1 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Patologia mitocondrial (fosforilação oxidativa e geração de adenosina trifosfato [ATP]) mesmo após a resolução da lesão original; a perda de estrutura e das funções da membrana plasmática e das membranas intracelulares; e a perda de DNA e da integridade estrutural da cromatina. > Mecanismos de lesão celular e morte celular A resposta celular aos estímulos prejudiciais depende do tipo de lesão, da sua duração e da sua gravidade. Assim, baixas doses de toxinas ou um período breve de isquemia podem levar à lesão celular reversível. As consequências de um estímulo nocivo também dependem do tipo, do estado, da adaptabilidade e da composição genética da célula lesionada. A mesma lesão apresenta resultados muito diferentes dependendo do tipo de célula. diferentes agressores externos e perturbações endógenas afetam diferentes organelas celulares e diferentes vias bioquímicas. Existem muitas vias bioquímicas que podem iniciar a sequência de eventos que levam à lesão celular e culminam na morte celular. Hipóxia e isquemia: A deficiência de oxigênio leva à falha de muitas vias metabólicas dependentes de energia e, em última análise, à morte celular por necrose. A maior parte do ATP celular é produzida a partir do difosfato de adenosina (ADP) por meio de fosforilação oxidativa durante a redução do oxigênio no sistema de transporte de elétrons nas mitocôndrias. As células privadas de oxigênio correm risco de apresentar uma falha catastrófica de muitas funções essenciais. A privação de oxigênio é uma das causas mais frequentes de lesão celular e necrose. ! Os tecidos normais com maior capacidade glicolítica em função da presença de glicogênio apresentam maior probabilidade de sobreviver à hipóxia e à fosforilação oxidativa diminuída do que os tecidos com armazenamento reduzido de glicose. A hipóxia persistente ou grave e a isquemia em última instância causam falha na geração de ATP e esgotamento de ATP das células. A perda desse estoque crítico de energia exerce efeitos deletérios em muitos sistemas celulares. A redução da atividade das bombas de sódio dependentes de ATP na membrana plasmática resulta em acúmulo intracelular de sódio e efluxo de potássio. O ganho absoluto de soluto é acompanhado por ganho isosmótico de água, causando tumefação das células e dilatação do RE. 2 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Patologia A depleção prolongada ou grave do ATP causa rompimento estrutural do aparelho de síntese proteica, manifestado como desprendimento de ribossomas do RE granular (REG) e dissociação de polissomas em monossomas, com consequente redução da síntese de proteínas. Isquemia-Reperfusão: Sob certas circunstâncias, a restauração do fluxo para os tecidos isquêmicos, mas viáveis, resulta, paradoxalmente, no aumento da lesão celular. Esta chamada “lesão de isquemia-reperfusão” é um processo clinicamente importante que pode contribuir significativamente para o dano tecidual, especialmente após a isquemia miocárdica e cerebral. Uma nova lesão pode ser iniciada durante a reoxigenação devido ao aumento da geração de ROS. Algumas ROS podem ser geradas por células lesionadas com mitocôndrias danificadas que não conseguem realizar a completa redução do oxigênio e, ao mesmo tempo, mecanismos celulares de defesa antioxidante podem estar comprometidos pela isquemia, exacerbando a situação. As ROS geradas por leucócitos infiltrativos também podem contribuir para a lesão de células danificadas vulneráveis. A inflamação induzida pela lesão isquêmica pode aumentar com a reperfusão devido ao aumento do influxo de leucócitos e proteínas plasmáticas. Os produtos de leucócitos ativados podem causar lesões teciduais adicionais. A ativação do sistema do complemento também pode contribuir para a lesão de isquemia-reperfusão. Estresse Oxidativo: O estresse oxidativo refere-se às anormalidades celulares que são induzidas por ROS, que pertencem a um grupo de moléculas conhecidas como radicais livres. A lesão celular mediada por radicais livres é encontrada em muitas circunstâncias, incluindo lesões químicas e por radiação, hipóxia, envelhecimento celular, lesão tecidual causada por células inflamatórias e lesão por isquemia-reperfusão. 3 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Patologia Em todos esses casos, a morte celular pode acontecer por necrose, apoptose ou pelo padrão misto de necroptose. Os radicais livres são espécies químicas com um único elétron não pareado na órbita externa. Tais estados químicos são extremamente instáveis e os radicais livres reagem prontamente com moléculas inorgânicas e orgânicas; quando gerados nas células, atacam avidamente os ácidos nucléicos, bem como uma variedade de proteínas celulares e lipídios. Além disso, os radicais livres iniciam reações nas quais as moléculas que reagem com os radicais livres são convertidas em outros tipos de radicais livres, propagando assim a cadeia de danos. ➔ Geração e Remoção de Espécies Reativas de Oxigênio O acúmulo de ROS é determinado pela sua velocidade de produção e remoção. As ROS são produzidas por duas vias principais. ● As ROS são produzidas normalmente em pequenas quantidades em todas as células durante as reações de redução-oxidação (redox). ● As ROS são produzidas em leucócitos fagocíticos, principalmente em neutrófilos e macrófagos. As células desenvolveram mecanismos para remover os radicais livres e assim minimizar os seus efeitos nocivos. ➔ Lesão Celular Causada por Espécies Reativas de Oxigênio As ROS causam lesão celular danificando múltiplos componentes de células. ● Peroxidação lipídica das membranas; ● Ligações cruzadas e outras alterações nas proteínas; ● Danos no DNA; Lesão Celular Causada por Toxinas: Toxinas, incluindo substâncias químicas ambientais e substâncias produzidas por patógenos infecciosos, induzem a lesão celular que culmina principalmente na morte celular necrótica. Diferentes tipos de toxinas induzem lesão celular por dois mecanismos gerais: ● Toxinas de ação direta - Algumas toxinas atuam diretamente pela combinação com um componente molecular crítico ouorganela celular. Estas, muitas vezes, causam dano por causa do alvo em moléculas de células hospedeiras que são necessárias para funções essenciais, tais como síntese de proteínas e transporte iônico. ● Toxinas latentes - Muitas substâncias químicas tóxicas não são intrinsecamente ativas, mas devem primeiro ser convertidas em metabólitos reativos, que então atuam nas células-alvo. Sendo assim, as toxinas normalmente 4 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Patologia afetam as células nas quais são ativadas. Estresse do Retículo Endoplasmático: O acúmulo de proteínas mal dobradas em uma célula pode estressar vias compensatórias no RE e levar à morte celular por apoptose. Durante a síntese proteica normal, o RE controla o dobramento apropriado das proteínas recentemente sintetizadas e os polipeptídios mal dobrados são direcionados para a proteólise. Se proteínas não dobradas ou anormalmente dobradas se acumulam no RE, elas primeiro induzem uma resposta celular chamada resposta de proteína não dobrada. Essa resposta adaptativa ativa as vias de sinalização que diminuem a tradução de proteínas, reduzindo assim os níveis de proteínas mal dobradas na célula. Quando uma grande quantidade de proteína mal dobrada se acumula e não pode ser administrada pela resposta adaptativa, os sinais que são gerados resultam na ativação de sensores proapoptóticos. O acúmulo intracelular de proteínas mal dobradas pode ser causado por anormalidades que aumentam a produção de proteínas mal dobradas ou reduzem a capacidade de eliminá-las. Isso pode ser resultado de: mutações genéticas que levam à produção de proteínas que não podem se dobrar adequadamente; envelhecimento, que está associado à diminuição na capacidade de corrigir o dobramento; infecções, especialmente virais, quando grandes quantidades de proteínas microbianas são sintetizadas dentro das células, mais do que a célula pode manipular; aumento da demanda por proteínas secretoras, como insulina em estados resistentes à insulina; e alterações no pH intracelular e no estado redox. O dobramento anormal da proteína dentro das células pode causar doença por criar a deficiência de uma proteína essencial ou induzindo apoptose. 5 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Patologia Danos do DNA: A exposição das células à radiação ou a agentes quimioterápicos, a geração intracelular de ROS e a aquisição de mutações podem induzir danos no DNA, que, se graves, podem desencadear a morte apoptótica. Inflamação: É provocada por patógenos, células necróticas e respostas imunes desreguladas, como nas doenças autoimunes e alergias. Em todas essas situações, as células inflamatórias, incluindo neutrófilos, macrófagos, linfócitos e outros leucócitos, secretam produtos que evoluíram para destruir microrganismos, mas também podem danificar tecidos hospedeiros. > Eventos comuns na lesão celular de causas diversas Disfunção Mitocondrial: As mitocôndrias são sensíveis a muitos tipos de estímulos prejudiciais, incluindo hipóxia, toxinas químicas e radiação. As alterações mitocondriais ocorrem na necrose e apoptose. Defeitos na Permeabilidade da Membrana: O aumento da permeabilidade da membrana levando, posteriormente, à lesão evidente da membrana é uma característica da maioria das formas de lesão celular que culmina em necrose. Os locais mais importantes da lesão da membrana durante a lesão celular são a membrana mitocondrial, a membrana plasmática e as membranas dos lisossomas. 6
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