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Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria —--Ale����en�� ��te��� � P�I —-- >Aleitamento materno exclusivo A criança recebe somente leite materno, direto da mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou sólidos, com exceção de gotas ou xaropes contendo vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos. >Aleitamento materno predominante Quando a criança recebe, além do leite materno, água ou bebidas à base de água (água adocicada, chás, infusões), sucos de frutas e fluidos rituais. >Aleitamento materno Quando a criança recebe leite materno (direto da mama ou ordenhado), independentemente de receber ou não outros alimentos. >Aleitamento materno complementado Quando a criança recebe, além do leite materno, qualquer alimento sólido ou semissólido com a finalidade de complementá-lo, e não de substituí-lo. >Aleitamento materno misto ou parcial Quando a criança recebe leite materno e outros tipos de leite. 1 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria O leite materno é o melhor alimento, para o recém nascido e lactente, não só pelas suas inúmeras e incontestáveis vantagens nutricionais (composição adequada, melhor digestibilidade e melhor biodisponibilidade dos nutrientes, incluindo uma boa relação cálcio:fósforo, comparativamente ao leite de outras espécies animais), mas também por muitos outros benefícios atribuídos à presença de inúmeras substâncias protetoras e imunomoduladoras, que promovem um melhor desenvolvimento cognitivo, menor incidência e/ou gravidade de infecções de foro gastrointestinal, respiratório e urinário, assim como uma melhor resposta à vacinação. Tem ação no que diz respeito às propriedades na regulação dos mecanismos de apetite e saciedade. O aleitamento materno promove ainda uma recuperação rápida do corpo da mãe após o parto, uma recuperação no tamanho do útero, reduzindo assim o risco de hemorragia, retarda o aparecimento da menstruação após o parto (impedindo nova gravidez) e contribui para uma menor incidência de algumas patologias no futuro, tais como o cancro da mama e do ovário, osteoporose, diabetes tipo 2 e artrite reumatóide. A ligação emocional entre mãe e filho que se estabelece durante a amamentação contribui também para uma menor incidência de depressão pós-parto, aumentando o bem-estar e a confiança da mãe. > Evita mortes infantis A proteção do leite materno contra mortes infantis é maior quanto menor é a criança. Assim, a mortalidade por doenças infecciosas é seis vezes maior em crianças menores de 2 meses não amamentadas. Estima-se que o aleitamento materno poderia evitar 13% das mortes em crianças menores de 5 anos em todo o mundo, por causas preveníveis. Nenhuma outra estratégia isolada alcança o impacto que a amamentação tem na redução das mortes de crianças menores de 5 anos. > Evita diarréia Há fortes evidências de que o leite materno protege contra diarreia, principalmente em crianças mais pobres. ! Essa proteção pode diminuir quando o aleitamento materno deixa de ser exclusivo. Crianças não amamentadas têm um risco três vezes maior de desidratarem e de morrerem por diarreia quando comparadas com as amamentadas . 2 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria Observou-se em um estudo realizado com crianças que a maioria dessas internadas por diarreia aguda usava alimentação artificial. > Evita infecção respiratória A amamentação diminui a gravidade dos episódios de infecção respiratória, sendo que a proteção é maior quando a amamentação é exclusiva nos primeiros seis meses. ! O aleitamento materno também previne otites. > Diminui o risco de alergias Estudos mostram que a amamentação exclusiva nos primeiros meses de vida diminui o risco de alergia à proteína do leite de vaca, de dermatite atópica e de outros tipos de alergias, incluindo asma e sibilos recorrentes. A exposição a pequenas doses de leite de vaca nos primeiros dias de vida parece aumentar o risco de alergia ao leite de vaca. Por isso é importante evitar o uso desnecessário de fórmulas infantis. > Diminui o risco de hipertensão, colesterol alto e diabetes Os indivíduos amamentados apresentam pressões sistólica e diastólica mais baixas, níveis menores de colesterol total e risco 37% menor de apresentar diabetes tipo 2. Não só o indivíduo que é amamentado adquire proteção contra diabetes, mas também a mulher que amamenta. Foi descrita uma redução de 15% na incidência de diabetes tipo 2 para cada ano de lactação. Atribui-se essa proteção a uma melhor homeostase da glicose em mulheres que amamentam. A exposição precoce ao leite de vaca (antes dos quatro meses) é considerada um importante determinante do Diabetes mellitus Tipo I, podendo aumentar o risco de seu aparecimento em 50%. ! Estima-se que 30% dos casos poderiam ser prevenidos se 90% das crianças até três meses não recebessem leite de vaca. > Reduz a chance de obesidade A maioria dos estudos que avaliaram a relação entre obesidade em crianças maiores de 3 anos e tipo de alimentação no início da vida constatou menor frequência de sobrepeso/obesidade em crianças que haviam sido amamentadas. É possível também que haja uma relação dose/resposta com a duração do aleitamento materno, ou seja, quanto maior o tempo em que o indivíduo foi amamentado, menor será a chance de ele vir a apresentar sobrepeso/ obesidade. Entre os possíveis mecanismos implicados a essa proteção, encontram-se um melhor desenvolvimento da auto-regulação de ingestão de alimentos das crianças amamentadas e a composição única do leite materno participando no processo de “programação metabólica”, alterando, por exemplo, o número e/ou tamanho das células gordurosas ou induzindo o fenômeno de diferenciação metabólica. 3 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria Foi constatado que o leite de vaca altera a taxa metabólica durante o sono de crianças amamentadas, podendo esse fato estar associado com a “programação metabólica” e o desenvolvimento de obesidade. > Efeito positivo na inteligência O aleitamento materno contribui para um melhor desenvolvimento cognitivo. Os mecanismos envolvidos na possível associação entre aleitamento materno e melhor desenvolvimento cognitivo ainda não são totalmente conhecidos. Alguns defendem a presença de substâncias no leite materno que otimizam o desenvolvimento cerebral; outros acreditam que fatores comportamentais ligados ao ato de amamentar e à escolha do modo como alimentar a criança são os responsáveis. > Melhor desenvolvimento da cavidade bucal O exercício que a criança faz para retirar o leite da mama é muito importante para o desenvolvimento adequado de sua cavidade oral, propiciando uma melhor conformação do palato duro, o que é fundamental para o alinhamento correto dos dentes e uma boa oclusão dentária. Assim, o desmame precoce pode levar à ruptura do desenvolvimento motor-oral adequado, podendo prejudicar as funções de mastigação, deglutição, respiração e articulação dos sons da fala, ocasionar má-oclusão dentária, respiração bucal e alteração motora- oral. > Proteção contra câncer de mama Já está bem estabelecida a associação entre aleitamento materno e redução na prevalência de câncer de mama. Estima-se que o risco de contrair a doença diminua 4,3% a cada 12 meses de duração da amamentação. > Evita nova gravidez A amamentação é um excelente método anticoncepcional nos primeiros seis meses após o parto (98% de eficácia), desde que a mãe esteja amamentando exclusiva ou predominantemente e ainda não tenha menstruado. Estudos comprovam que a ovulação nos primeiros seis meses após o parto está relacionada com o número de mamadas; assim, as mulheres que ovulam antes dosexto mês após o parto em geral amamentam menos vezes por dia que as demais. > Promoção do vínculo afetivo entre mãe e filho Acredita-se que a amamentação traz benefícios psicológicos para a criança e para a mãe. Uma amamentação prazerosa, os olhos nos olhos e o contato contínuo entre mãe e filho certamente fortalecem os laços afetivos entre eles, oportunizando intimidade, troca de afeto e sentimentos de segurança e de proteção na criança e de autoconfiança e de realização na mulher. 4 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria Quando o bebê pega a mama adequadamente – o que requer uma abertura ampla da boca, abocanhando não apenas o mamilo, mas também parte da aréola –, forma-se um lacre perfeito entre a boca e a mama, garantindo a formação do vácuo, indispensável para que o mamilo e a aréola se mantenham dentro da boca do bebê. > Pontos-chave do posicionamento adequado 1. Rosto do bebê de frente para a mama, com nariz na altura do mamilo; 2. Corpo do bebê próximo ao da mãe; 3. Bebê com cabeça e tronco alinhados (pescoço não torcido); 4. Bebê bem apoiado > Pontos-chave da pega adequada 1. Mais aréola visível acima da boca do bebê; 2. Boca bem aberta; 3. Lábio inferior virado para fora; 4. Queixo tocando a mama. A técnica de amamentação, ou seja, a maneira como a dupla mãe/bebê se posiciona para amamentar/mamar e a pega/sucção do bebê são muito importantes para que o bebê consiga retirar, de maneira eficiente, o leite da mama e também para não machucar os mamilos. Recomenda-se que as mamas estejam completamente expostas, sempre que possível, e o bebê vestido de maneira que os braços fiquem livres. Não se recomenda que os dedos da mãe sejam colocados em forma de tesoura, pois dessa maneira podem servir de obstáculo entre a boca do bebê e a aréola. Os lábios do bebê devem estar curvados para fora e a língua deve estar sobre a gengiva inferior. Quando a mama está muito cheia, a aréola pode estar tensa, endurecida, dificultando a pega. Em tais casos, recomenda-se, antes da mamada, retirar manualmente um pouco de leite da aréola ingurgitada. 5 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria > A primeira mamada O bebê deve ser colocado para mamar imediatamente após o parto, mesmo que seja uma cesariana. É possível que ele não pegue o seio, mas sim que passe um tempo lambendo-o, até que minutos mais tarde ele o pegará. Constitui um passo enorme para o sucesso do aleitamento materno para ajudar as mães a iniciar o aleitamento na primeira hora após o nascimento. > Duração das mamadas Se só um seio contentar, a cada mamada se dá um seio, alternando o direito e o esquerdo. Normalmente os dois seios são utilizados em cada refeição. Iniciando-se a amamentação ora com o seio esquerdo, ora com o seio direito, começando por aquele que se deu por último na mamada anterior. Alguns bebês sugam vigorosamente, sem interrupção, outros mamam um pouco, param e tornam a mamar, assim sucessivas vezes, podendo desta forma prolongar bastante a refeição. > Arroto Ao final da mamada, coloque o bebê em posição vertical, com o abdome encostado no seio, para que ele possa expelir o ar que deglutiu juntamente com o leite. Alguns arrotam logo, outros levam até meia hora para expulsar o ar engolido. > Posição na amamentação De acordo com a pediatra do Hospital Santa Clara, Dra. Letícia Alves Silva , não existe uma posição correta, mas sim, aquela maneira que se torna confortável para ambos. Para a posição ficar mais confortável, tenha apoios para o seu corpo e também para a criança. “É normal ter dificuldades no começo, mas quanto mais você amamentar, melhor ficará nesse processo. Recostada ou reclinada: Também conhecida como amamentação biológica ou laid-back breastfeeding, essa posição é a primeira que as mães experimentam: o bebê é colocado no peito ou na barriga de sua mãe e ele mesmo se rastejando até um dos seios para tentar agarrá-lo com a boquinha. Posição de embalar: Quando pensamos em amamentação, essa posição é clássica: a mamãe fica sentada com seu bebê de lado, enquanto a cabecinha e o pescoço ficam apoiados no antebraço da mãe. Nem sempre é fácil aplicá-la com um recém-nascido, por isso, uma almofada ou travesseiro por trás da mãe ou uma almofada de amamentação para encostar o bebê pode facilitar esse momento. Posição bola de jogador de futebol americano: Nesta posição, o bebê é colocado ao longo do antebraço ou debaixo do braço da mamãe com os pés virados para as costas da sua cadeira. Esta posição é ideal para as mamães que 6 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria estão começando a amamentar, já que é possível ver todo o rostinho do bebê, ajudando a se sentir seguro, e para as mamães que fizeram uma cesariana, tiveram gêmeos, bebês prematuros ou para as que têm seios maiores. Posição deitada: Amamentar deitada é vida! Ajuda demais as longas noites quando o bebê ainda acorda várias vezes durante a noite para mamar. Nessa posição, coloque o bebê de lado e você também fica de lado, bem apoiada com travesseiros, e oferece o peito que está próximo à cama, perto do bebê. Amamentar o bebê na vertical ou em posição de cavalinho: A posição vertical ou em cavalinho, para amamentação, é muito usada com os bebês recém-nascidos e com os pequenos que sofrem de refluxo ou de infecções nos ouvidos. O bebê é colocado com as perninhas abertas, sobre uma das pernas da mãe, do mesmo lado do peito que irá mamar, de frente para a mãe. Uma das mãos segura o pescoço e costas do bebê e a outra mão apóia a mama. São poucas as situações em que o aleitamento materno é contra-indicado. Alguns desses casos são: > Condições maternas ● Mães infectadas pelo HIV ● Mães infectadas pelo HTLV1 e HTLV2; (vírus linfotrópico de células T humanas) ● Alguns fármacos (por exemplo: antineoplásicos e radiofármacos) > Condições da criança ● Galactosemia (criança não consegue digerir a lactose); ● Má formação fetal que atrapalhe a alimentação via oral; ! Fenilcetonúria - nesses casos a manutenção AM na PKU, apesar de ser um grande desafio 7 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria é de extrema relevância, pois há vantagens na amamentação que não podem ser descartadas. No entanto, a amamentação deve ser feita com atenção a exames e acompanhamento do médico. ! Síndrome da doença do xarope de bordo - também nesse caso é necessário atenção e acompanhamento médico, mas não é proibido. > Condições de afastamento temporário ● Infecção por herpes simples - somente suspender se houver o aparecimento de lesões na mama, e, ainda assim, apenas parar de amamentar na mama atingida; ● Varicela - se a mãe apresentar vesículas na pele cinco dias antes do parto ou até dois dias após o parto. ! A criança deve receber Imunoglobulina Humana Antivaricela Zóster (Ighavz), que deve ser administrada em até 96 horas do nascimento, aplicada o mais precocemente possível; ● Doença de Chagas - na fase aguda da doença ou quando houver sangramento mamilar evidente caso a doença esteja em fase crônica; ● Abscesso mamário - até que o abscesso tenha sido drenado e a antibioticoterapia iniciada é indicado que o aleitamento seja feito por meio da mama sadia. ● Consumo de drogas de abuso - recomenda-se interrupção temporária do aleitamento materno, com ordenha do leite, que deve ser desprezado. O tempo recomendado de interrupção da amamentação varia dependendo da droga. ! As mães usuárias ocasionais de anfetaminas, ecstasy ou cocaína devem ser orientadas a suspender a amamentação, ordenha e descartar o leite por um período de 24 a 36 horas após o uso da droga. ! Já no caso da maconha até existem evidências de que é passada pelo leite materno, porém, não se sabequais os efeitos pode ter. Portanto, recomenda-se interromper a amamentação, ordenhar e descartar o leite por 24 horas, após o seu consumo. O intestino dos bebês é ainda imaturo para receber o leite de vaca devido a sua composição, mais rico em lipídios, proteínas e etc. Um dos problemas que esse tipo de leite pode causar é devido à sua quantidade de 8 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria proteínas, que por ser maior, pode acabar sobrecarregando os rins e intestino e agredindo o intestino do bebê. O gasto energético necessário para a metabolização do leite de vaca é superior ao do leite humano, devido ao maior teor de proteína. Isso pode levar a: ● má absorção de nutrientes ● diarréia ● sangramento intestinal ● cólicas ● alergia ao leite ● baixo peso ● anemia Por ser mais rico em sódio, o leite de vaca pode acabar sobrecarregando os rins e também causando desidratação, além de predispor a hipertensão. O leite de vaca em relação ao leite materno possui quantidade de ferro similar ao leite materno, mas com menor biodisponibilidade, podendo levar à anemia. As fórmulas por muitas vezes são derivadas de leite de vaca, no entanto, são compostas de maneira a tornar a composição mais similar ao leite materno, por isso não fazem o mesmo mal. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde (MS) recomendam o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de vida, sem qualquer outro alimento líquido (água, sucos, chás e leites) ou sólidos. Depois do sexto mês de vida, o leite materno não é capaz de, sozinho, garantir todos os nutrientes que o bebê precisa, especialmente o ferro, que pode causar anemia na criança, por isso, outros alimentos são necessários para complementar a alimentação. Essa idade é a mais recomendada para introdução de novos alimentos pois, antes dela, o sistema digestivo ainda não está preparado para digerir outros alimentos, além do leite materno. É nessa idade, também, que o sistema imunológico da criança estará mais forte para combater eventuais infecções ou alergias decorrentes da introdução precoce de novos alimentos. > Como começar a introdução Por volta do quarto ao sexto mês de vida, a aceitação e tolerância da alimentação pastosa melhoram sensivelmente não só em função do desaparecimento do reflexo 9 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria de protrusão da língua, como também pela maturação da função gastrointestinal e renal e também do desenvolvimento neuromuscular. Para as nutricionistas, o melhor é iniciar com as frutas amassadas e na medida que a criança for aceitando, oferecer as frutas em pedaços e inteiras. As crianças menores de seis meses que recebem com exclusividade o leite materno já muito cedo começam a desenvolver a capacidade de autocontrole da ingestão, aprendendo a distinguir as sensações de fome, durante o jejum, e de saciedade, após a alimentação. Essa capacidade permite à criança, nos primeiros anos de vida, assumir autocontrole sobre o volume de alimento que consome em cada refeição. Após os seis meses, a criança amamentada deve receber três refeições ao dia (duas papas de fruta e uma papa salgada /comida de panela). Ao se aproximar do sétimo, respeitando-se a evolução da criança, deverá ser introduzida a segunda papa salgada/comida de panela (arroz, feijão, carne, legumes e verduras). Entre os seis aos 12 meses de vida, a criança necessita se adaptar aos novos alimentos, cujos sabores, texturas e consistências são muito diferentes do leite materno. Durante essa fase, não é preciso se preocupar com a quantidade de comida ingerida; o mais importante é proporcionar introdução lenta e gradual dos novos alimentos para que a criança se acostume aos poucos. Além disso, como consequência do seu desenvolvimento e controle sobre os movimentos e da fase exploratória em que se encontra, a criança não se satisfaz mais em apenas olhar e em receber passivamente a alimentação. Dos 12 até os 24 meses, a criança deve continuar sendo amamentada e receber três refeições principais (café da manhã, almoço e jantar) e dois lanches (fruta ou cereal ou pão). Nessa fase, ela já pode receber a alimentação básica da família exceto os alimentos industrializados, gordurosos e com excesso de sal. A água, filtrada ou fervida, deve ser introduzida nos intervalos das refeições. É comum querer colocar as mãos na comida. É importante que se dê liberdade para que ela explore o ambiente e tudo que a cerca, inclusive os alimentos, permitindo que tome iniciativas. Em geral, as crianças tendem a rejeitar alimentos que não lhe são familiares e esse tipo de comportamento manifesta-se precocemente. Porém, com exposições frequentes, os alimentos novos passam a 10 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria ser aceitos, podendo ser incorporados à dieta da criança. Em média são necessárias de oito a dez exposições a um novo alimento para que ele seja aceito pela criança. Muitos pais, talvez por falta de informação, não entendem esse comportamento como sendo normal e interpretam a rejeição inicial pelo alimento como uma aversão permanente, desistindo de oferecê-lo à criança. O consumo de vários tipos de alimentos fornece os diferentes nutrientes necessários, evitando a monotonia alimentar, que limita a disponibilidade de nutrientes necessários para atender a uma alimentação adequada; as crianças devem ser expostas a diferentes alimentos. A alimentação saudável contempla uma ampla variedade de grupos de cor, alimentos com múltiplas colorações. Sabe-se que quanto mais colorida é a alimentação, mais rica é em termos de vitaminas e minerais. Essa variedade de coloração torna a refeição atrativa, o que agrada aos sentidos e estimula o consumo de alimentos saudáveis, como frutas, legumes e verduras, grãos e tubérculos em geral. ! Estimular o consumo de alimentação básica e alimentos regionais (arroz, feijão, batata, mandioca/macaxeira/aipim, legumes, frutas, carnes); > BCG ID (Aplicação: ao nascer) Disponível na rede pública e privada. Deverá ser aplicada o mais precocemente possível, de preferência ainda na maternidade, em recém-nascidos com peso maior ou igual a 2.000 g. ! Em casos de histórico familiar, suspeita de imunodeficiência ou RNs cujas mães fizeram uso de biológicos durante a gestação, a vacinação poderá ser postergada ou contraindicada. A revacinação com BCG não é recomendada mesmo para crianças que não desenvolveram cicatriz vacinal, pela ausência de evidências de que a repetição traga benefício adicional. A aplicação é feita no braço do pequeno, e a reação ocorre no local, e pode perdurar de uma semana até 2 meses após a picadinha. Um nódulo avermelhado poderá surgir e poderá se tornar uma ferida, que logo será coberta por uma casquinha seca e se tornará uma cicatriz. Febre e mal-estar são sintomas comuns neste caso. 11 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria > Hepatite B (1° ano nascer / 2° no segundo mês / 3° no sexto mês) Disponível na rede pública e privada. Aplicar a primeira dose nas primeiras 12 horas de vida. O esquema de quatro doses pode ser adotado quando é utilizada uma vacina combinada que inclua a vacina hepatite B, ou seja, a primeira dose ao nascer, com a vacina isolada, e aos 2, 4 e 6 meses de idade com DTPw- -HB-Hib ou DTPa-HB-VIP-Hib. Se mãe HBsAg +, administrar a vacina nas primeiras 12 horas de vida e anticorpos o mais precocemente possível (até sete dias após o parto). > Tríplice bacteriana (1° aos dois meses / 2° aos quatro meses / 3° aos seis meses) Disponível na rede pública (DTPw) e na rede privada (DTPa e dTpa). Protege contra difteria, tétano e coqueluche. O uso de vacina acelular (DTPa) é preferível ao decélulas inteiras (DTPw), pois os eventos adversos associados com sua administração são menos frequentes e intensos. O reforço dos 4 a 5 anos pode ser feito com dTpa, DTPa ou DTPw. O reforço dos 9 a 10 anos de idade deve ser feito com a vacina tríplice acelular do tipo adulto (dTpa). > Haemophilus influenzae b (1° ano nascer / 2° no segundo mês / 3° no sexto mês) Disponível na rede pública para as três primeiras doses (sem reforço) e na rede particular todas disponíveis. Recomenda-se o reforço aos 15-18 meses, principalmente quando forem utilizadas, na série primária, vacinas Hib nas combinações com DTPa. > Poliomielite - vírus inativados ((1° ano nascer / 2° no segundo mês / 3° no sexto mês) Disponível na rede pública (VIP para as três primeiras doses e VOP nas doses de reforços e campanhas para crianças de 1 a 4 anos) e na rede particular (somente nas apresentações combinadas com DTPa e dTpa). Recomenda-se que, idealmente, todas as doses sejam com a VIP. Não utilizar VOP em crianças hospitalizadas e imunodeficientes. > Vacina rotavírus monovalente Duas doses, idealmente aos 2 e 4 meses de idade. Vacina rotavírus pentavalente: três doses, idealmente aos 2, 4 e 6 meses de idade. 12 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria Disponível na rede pública (vacina monovalente) e na rede privada (vacina monovalente e pentavalente). Para ambas as vacinas, a primeira dose pode ser feita a partir de 6 semanas de vida e no máximo até 3 meses e 15 dias, e a última dose até 7 meses e 29 dias. O intervalo mínimo entre as doses é de 30 dias. Se a criança cuspir, regurgitar ou vomitar após a vacinação, não repetir a dose Não utilizar em crianças hospitalizadas. Em caso de suspeita de imunodeficiência ou RNs cujas mães fizeram uso de biológicos durante a gestação, a vacina pode estar contraindicada e seu uso deve ser avaliado pelo médico. > Pneumocócicas conjugadas Disponível na rede pública (VPC10 para menores de 5 anos) e na rede privada (VPC10 e VPC13). A SBIm recomenda o uso preferencial da VPC13 com o intuito de ampliar a proteção para os três sorotipos adicionais. Crianças menores de 6 anos com esquema completo ou incompleto de VPC10 podem se beneficiar com dose adicional de VPC13, respeitando-se a recomendação de bula para cada idade de início e o intervalo mínimo de dois meses da dose anterior da VPC10. O PNI adotou, desde janeiro de 2016, o esquema de duas doses da VPC10 aos 2 e 4 meses de vida, com reforço aos 12 meses. A SBIm mantém a recomendação de três doses quando utilizada a VPC13: aos 2, 4 e 6 meses de vida com reforço entre 12 e 15 meses. > Meningocócicas conjugadas ACWY/C (1° aos três meses e 2° aos cinco meses) Disponível na rede pública (menC para menores de 5 anos e menACWY para 11 e 12 anos) e na rede privada (menC e menACWY). Sempre que possível, preferir a vacina menACWY no primeiro ano de vida e reforços. No Brasil, quatro vacinas meningocócicas conjugadas estão licenciadas para crianças: menC, menACWY-CRM e menACWY-TT a partir de 2 meses de idade e menACWY-D a partir dos 9 meses de idade. Para todas elas são recomendados dois reforços: entre 5 e 6 e aos 11 anos de idade (ou cinco anos após a última dose), tendo em vista a queda dos títulos de anticorpos protetores. > Meningocócica B (1° aos três meses e 2° aos cinco meses). Disponível apenas da rede particular. 13 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria Crianças entre 3 e 11 meses devem receber duas doses com intervalo de dois meses entre elas, idealmente aos 3 e 5 meses de idade, e uma dose de reforço entre 12 e 15 meses de idade. Crianças de 12 a 23 meses devem receber duas doses com intervalo de dois meses entre elas, com uma dose de reforço entre 12 e 23 meses após esquema primário. A partir dos 24 meses de idade: duas doses com intervalo mínimo de um a dois meses entre elas – não foi estabelecida ainda a necessidade de dose(s) de reforço. > Influenza Disponível na rede pública (3V para menores de 6 anos e grupos de risco) e na rede privada (3V e 4V). É recomendada para todas as crianças a partir dos 6 meses de idade. Quando administrada pela primeira vez em crianças menores de 9 anos, aplicar duas doses com intervalo de 30 dias. Desde que disponível, a vacina influenza 4V é preferível à vacina influenza 3V, por conferir maior cobertura das cepas circulantes. Na impossibilidade de uso da vacina 4V, utilizar a vacina 3V. > Poliomielite oral (vírus vivos atenuados) É disponível apenas na rede pública e nos dias de vacinação anual. Dos 12 aos 4 anos. > Febre amarela Disponível na rede pública e privada. Duas doses: aos 9 meses de vida e aos 4 anos de idade. Recomenda-se que crianças menores de 2 anos de idade, sempre que possível, não recebam as vacinas febre amarela e tríplice viral no mesmo dia, respeitando-se um intervalo de 30 dias entre as doses. Contraindicada para imunodeprimidos, mas se o risco de adquirir a doença superar os riscos potenciais da vacinação, o médico deve avaliar seu uso. Essa vacina pode ser exigida para maiores de 9 meses de vida para emissão do CIVP, atendendo exigências sanitárias de alguns destinos internacionais. > Hepatite A Disponível na rede pública (dose única aos 15 meses - até menores de 5 anos) e privada. Para crianças a partir de 12 meses de idade não vacinadas para hepatite B no primeiro ano de vida, a vacina combinada hepatites A e B na formulação adulto pode ser considerada para substituir a vacinação isolada (A ou B) com esquema de duas doses (0 - 6 meses). 14 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria > Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) A primeira dose com 1 ano de idade e a segunda até os 2 anos. Disponível na rede pública e privada. Para crianças com esquema completo, não há evidências que justifiquem uma terceira dose como rotina, podendo ser considerada em situações de risco epidemiológico, como surtos de caxumba e/ou sarampo. Em situação de risco para o sarampo – por exemplo, surto ou exposição domiciliar – a primeira dose pode ser aplicada a partir dos 6 meses de idade. Nesses casos, a aplicação de mais duas doses após a idade de 1 ano ainda será necessária. > Varicela (catapora) Disponível na rede pública (duas doses - aos 15 meses e entre 4 e 6 anos) e na rede privada. É considerada adequadamente vacinada a criança que tenha recebido duas doses da vacina após 1 ano de idade. Em situação de risco – por exemplo, surto de varicela ou exposição domiciliar – a primeira dose pode ser aplicada a partir dos 9 meses de idade. Nesses casos, a aplicação de mais duas doses após a idade de 1 ano ainda será necessária. > Tetraviral (SCRV) Aos 12 meses, na mesma visita, aplicar a primeira dose da tríplice viral e varicela em administrações separadas (SCR + V) ou com a vacina tetraviral (SCRV). A segunda dose de tríplice viral e varicela, preferencialmente com vacina tetraviral, pode ser administrada a partir dos 15 meses de idade, mantendo intervalo de três meses da dose anterior de SCR, V ou SCRV. > HPV Disponível na rede pública (duas doses para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos) e privada. O esquema de vacinação para meninas e meninos menores de 15 anos é de duas doses com intervalo de 6 meses (0 - 6 meses). > Dengue Disponível apenas na rede privada. Recomendada para crianças a partir de 9 anos de idade, soropositivas. Esquema de três doses com intervalo de seis meses entre elas (0 - 6 - 12 meses). Contraindicada para crianças soronegativas e imunodeprimidas. 15 Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria Calendário vacinal > Efeitos adversos Vermelhidão, irritabilidade, choro, coceira, sono excessivo, falta de apetite,dor no local, febre alta ou moderada — num intervalo de 24h a 48h após a aplicação — são as reações mais comuns. É fundamental que os pequenos sempre fiquem em constante estado de observação após serem vacinados e, caso os pais identifiquem sintomas como erupções na pele, vômitos e dificuldades para respirar, procurem diretamente o médico. BCG: A aplicação é feita no braço do pequeno, e a reação ocorre no local, e pode perdurar de uma semana até 2 meses após a picadinha. Um nódulo avermelhado poderá surgir e poderá se tornar uma ferida, que logo será coberta por uma casquinha seca e se tornará uma cicatriz. Febre e mal-estar são sintomas comuns neste caso. Hepatite B: O local escolhido para a aplicação, geralmente, é a coxa. Normalmente não há reação alérgica, somente 3% dos pequenos podem apresentar febre baixa, e ele poderá ficar mais irritado e sensível neste período. Tríplice DTP: A reação mais comum da vacina aplicada para evitar o aparecimento de difteria, tétano e coqueluche é o aparecimento de febre de intensidade variável no primeiro dia após a aplicação, que é feita no bumbum do bebê. A febre pode perdurar até o segundo dia e, se for muito alta, antitérmicos podem ser prescritos, além da recomendação de banhos morninhos para atenuar a temperatura corpórea do pequeno. As nádegas do seu filho também poderão ficar doloridas, avermelhadas, inchadas e até mesmo endurecidas. Pequenas compressas de água quente podem aliviar o desconforto e a dor. HIB: Poucos bebês apresentam reação febril após a aplicação da Haemophilus influenzae b, utilizada para proteger contra a meningite tipo B. Normalmente, a aplicação é feita junto com a Tríplice DPT, também nas nádegas do pequeno. Entretanto, se o seu filho ficar febril, converse com seu médico sobre a utilização de antitérmicos. Eritema, edema e dor aparecem entre 3,7% a 30% dos vacinados. Tríplice viral: A reação febril pode aparecer no intervalo de cinco a doze dias após a aplicação e pode variar de mínima a alta. 16 https://sbim.org.br/images/calendarios/calend-sbim-crianca.pdf Maria Tereza Trindade Teixeira - Medicina Tutoria Geralmente, os bebês também apresentam manchas vermelhas na região onde foi aplicada ou pelo corpo inteiro, que logo desaparecerão. Influenza: Não causam reações por serem produzidas com o vírus morto, o que justifica a impossibilidade da criança desenvolver gripe após a aplicação, apenas uma vermelhidão no local de aplicação. eritema, edema e dor em 3,7% a 30% dos vacinados. Poliomielite - vírus inativados: Pode ocorrer eritema discreto no local da aplicação (<3%), enduração (<12%) e dor (<30%), geralmente de intensidade leve. Pneumocócicas conjugadas: Dor, edema e enduração no local da injeção são muito comuns com esta vacina. O rubor é o mais frequente, sendo observado em 38,3% dos casos depois da vacinação primária. Vacina rotavírus monovalente: Irritabilidade, vômitos e diarreia moderados. Meningocócicas conjugadas ACWY/C: Dor, rubor, edema, endurecimento e hiperestesia (sensibilidade da pele acima do normal). Hepatite A: Os eventos adversos mais comuns são as reações locais como dor, vermelhidão e menos comumente, enduração. Reações sistêmicas como fadiga, febre, diarreia e vômitos foram relatadas em menos de 5% dos vacinados. Em crianças, foi observado, ainda, perda de apetite. 17
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