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Carla Bertelli – 3° Período Insuficiência Cardíaca Problema 3 1 – Compreender a Fisiopatologia da miocardiopatia dilatada 2 – Entender como ocorre o remodelamento cardíaco 3 – Relacionar os sinais e sintomas com os exames de imagem da I.C 4 – Enumerar as doenças negligenciadas e as razões para isso. Definição É uma condição geralmente progressiva e comum, com prognóstico ruim. Ela ocorre quando o coração é incapaz de bombear o sangue em uma proporção suficiente para atender às demandas metabólicas dos tecidos. Em outras palavras, ela é a incapacidade do coração de bombear sangue em quantidade e pressão necessárias para a perfusão dos órgãos e pode ser aguda ou crônica, sistólica ou diastólica, direita, esquerda ou global. É consequência de outras patologias, do próprio coração e de outros órgãos. Normalmente é o estágio final comum de muitas formas de cardiopatia crônica, frequentemente se desenvolve de modo insidioso devido aos efeitos cumulativos da sobrecarga crônica de trabalho (como por exemplo na doença valvar ou hipertensão) ou dá cardiopatia isquêmica (como por exemplo após o infarto do miocárdio com lesão cardíaca). Conceitos Importantes Pré-Carga – volume de sangue do retorno venoso que enche os ventrículos durante a diástole. Pós-Carga – trabalho necessário para abrir as valvas, ejetar o sangue através delas, empurrar o sangue e distender os vasos. Reserva Cardíaca – capacidade de resposta á maior demanda de trabalho, tanto a pré-carga quando a pós-carga aumentam simultaneamente para que o débito cardíaco se mantenha adequado. Insuficiência Cardíaca Sistólica Resulta da contração ventricular inadequada, que reduz a fração de ejeção (porcentagem de sangue ejetada do ventrículo a cada sístole, normalmente em torno de 65%) mensurada pelo ecocardiograma. Com isso, o ventrículo acumula progressivamente mais sangue e dilata-se. Insuficiência Cardíaca Diastólica O defeito está no enchimento ventricular retardado por relaxamento ventricular inadequado ou por diminuição da complacência, a fração de ejeção pode estar normal. Nesses casos, geralmente existem sinais de congestão pulmonar sem dilatação ventricular. Restrição diastólica na pericardite constritiva ou na endomiocardiofibrose é exemplo desse tipo de insuficiência. Carla Bertelli – 3° Período Insuficiência Cardíaca Direita A repercussão inicial é congestão sistêmica, e as primeiras manifestações clínicas são hepatomegalia congestiva e aumento da pressão venosa central (PVC); em seguida, surge edema dos membros inferiores. Insuficiência Cardíaca Esquerda A consequência inicial é congestão pulmonar, cuja primeira manifestação é dispneia. Na insuficiência cardíaca congestiva, os sinais e sintomas de congestão venosa periférica – edema de membros inferiores e dispneia – aparecem simultaneamente ou em intervalo muito curto. Depois de certo tempo, a IC esquerda compromete o ventrículo direito e vice-versa, razão pela qual IC direita e esquerda isoladas não se mantêm ao longo do tempo, convergindo para insuficiência cardíaca global. Fisiopatologia da Insuficiência Cardíaca Débito cardíaco é a quantidade de sangue que os ventrículos ejetam por minuto. O coração tem capacidade de ajustar seu débito cardíaco para atender às diferentes necessidades corporais. Durante o sono, por exemplo, ele diminui, e durante a prática de exercícios físicos, aumenta acentuadamente. A capacidade para elevar o débito cardíaco durante o aumento de atividade é chamada reserva cardíaca. Pessoas com insuficiência cardíaca frequentemente precisam utilizar sua reserva cardíaca mesmo em repouso. Para esses indivíduos, basta subir um lance de escadas para sentir falta de ar, porque ultrapassaram sua reserva cardíaca. Alterações na Estrutura do Miocárdio Os miócitos cardíacos não são capazes de proliferar, mas conseguem se adaptar a um aumento da carga de trabalho, reunindo número maior de sarcômeros, uma alteração que é acompanhada pelo aumento de tamanho dos miócitos (hipertrofia). Nos estados de sobrecarga de pressão (HAS): Novos sarcômeros tendem a ser adicionados em paralelo ao eixo maior dos miócitos, adjacentes aos sarcômeros preexistentes, aumentando a espessura das paredes. Nos estados de sobrecarga de volume: Novos sarcomeros são adicionados em sério aos sarcômeros preexistentes, de modo a aumentar o comprimento das fibras musculares, fazendo com que as paredes dos ventrículos se dilatem. O aumento persistente do trabalho mecânico devido à sobrecarga de pressão ou volume, leva ao aumento do tamanho dos miócitos (hipertrofia), que consequentemente, aumenta o tamanho e o peso do coração. A Hipertrofia requer o aumento da síntese de proteínas, o que possibilita a organização de sarcômeros adicionais, assim como um número maior de mitocôndrias. Os miócitos hipertróficos também apresentam núcleos aumentados, atribuídos ao aumento da ploidia DNA. Em nível funcional, a hipertrofia cardíaca está associada à maior demanda metabólica devido ao aumento da massa, frequência cardíaca e contratilidade, todos as quais aumentam o consumo de oxigênio pelo coração. Como resultado dessas alterações, o coração hipertrofiado é vulnerável a descompensação relacionada à isquemia, que pode evoluir para insuficiência cardíaca e por fim levar à morte. Carla Bertelli – 3° Período Ativação dos Sistemas Neuro-Hormonais A liberação do neurotransmissor norepinefrina pelo sistema nervoso autônomo eleva a frequência cardíaca e aumenta a contratilidade do miocárdio e a resistência vascular. A ativação do sistema renina-angiotensina- aldosterona estimula a retenção de sal e água (o que aumenta o volume circulatório) e eleva o tônus vascular. A liberação do peptídeo natriurético atrial equilibra o sistema renina- angiotensinaaldosterona por meio da diurese e do relaxamento do músculo liso vascular. Mecanismo de Frank-Starling Opera por meio de um aumento na pré-carga. Com a expansão do enchimento diastólico, ocorre um aumento no estiramento das fibras miocárdicas e a aproximação mais eficiente das grossas cabeças dos filamentos de miosina aos sítios de ligação com a troponina nos finos filamentos de actina, com consequente ampliação na força da contração seguinte. O aumento do volume de enchimento diastólico final dilata o coração e alonga as fibras musculares cardíacas; essas fibras alongadas se contraem mais vigorosamente, aumentando dessa forma o débito cardíaco. O ventrículo dilatado é capaz de manter o débito cardíaco desse modo, diz-se que o paciente tem insuficiência cardíaca compensada. A dilatação ventricular ocorre à custa de aumento na tensão das paredes e intensifica as necessidades de oxigênio de um miocárdio já comprometido. Com o tempo, o músculo em falência não consegue mais impelir sangue suficiente para satisfazer as necessidades do corpo, e o paciente desenvolve insuficiência cardíaca descompensada Carla Bertelli – 3° Período Manifestações Clínicas da Insuficiência Cardíaca As manifestações de insuficiência cardíaca refletem os efeitos fisiológicos do comprometimento da capacidade de bombeamento do coração, da diminuição do fluxo sanguíneo renal e da ativação dos mecanismos simpáticos compensatórios. A gravidade e a progressão dos sintomas dependem da extensão e do tipo de disfunção (sistólica contra diastólica; coração direito contra coração esquerdo). Os sinais e sintomas incluem falta de ar e outras manifestações respiratórias; fadiga e tolerância limitada ao exercício; retenção de líquidos e edema; caquexia e desnutrição; e cianose. Pessoas com insuficiência cardíacagrave podem apresentar sudorese e taquicardia. Na insuficiência do lado direito, ocorre edema postural das partes baixas do corpo, turgidez do fígado e ascite. Na insuficiência do lado esquerdo, é comum o desenvolvimento de congestão pulmonar, com dificuldade respiratória e tosse crônica não produtiva. Manifestações Respiratórias - Uma das principais manifestações de insuficiência cardíaca do lado esquerdo é a falta de ar devido à congestão da circulação pulmonar. Dispneia, Ortopneia, Dispneia paroxística noturna, Broncoespasmo, Tosse Crônica, Respiração de Cheyne-Stokes, Edema Pulmonar. Outras Manifestações – Fadiga, fraqueza e confusão mental, retenção de líquido e edema, nictúria, cianose, arritmias e morte súbita. Miocardiopatia Dilatada relacionada com a Insuficiência Cardíaca Na MCD, o coração está caracteristicamente aumentado (seu peso é 2-3 vezes o normal) e flácido, e todas as câmaras estão dilatadas. É uma causa frequente de insuficiência cardíaca e a principal indicação para transplante de coração. A maioria dos casos familiares parece ser transmitida como traço autossômico dominante, mas também existem casos autossômicos recessivos, recessivos ligados ao X e padrões hereditários mitocondriais. Outras causas são infecções (virais, bacterianas, fúngicas, micobacterianas ou parasitárias), toxinas, alcoolismo, quimioterapia, metais pesados e muitos outros distúrbios. A MCD caracteriza-se por dilatação ventricular, redução da espessura da parede ventricular e disfunção sistólica de um ou ambos os ventrículos. Ao exame histológico, a doença caracteriza-se por fibras miocárdicas atróficas e hipertróficas e fibrose intersticial. Os miócitos cardíacos, principalmente os que estão localizados no subendocárdio, frequentemente mostram alterações degenerativas avançadas. Os tecidos têm fibrose intersticial, que também é mais marcante na zona subendocárdica. Células inflamatórias esparsas podem ser encontradas Pode manifestar-se em quase todas as idades, sendo geralmente diagnosticada quando ocorrem manifestações clínicas, inclusive dispneia, ortopneia e redução da tolerância aos esforços. À medida que a doença avança, a estase do sangue nas paredes das câmaras cardíacas pode resultar na formação de trombos e embolia sistêmica. Regurgitação mitral secundária e arritmias cardíacas são comuns. Carla Bertelli – 3° Período Em geral, a morte é atribuída à insuficiência cardíaca ou às arritmias e pode ser súbita. Exames • Raio X de Tórax; • Eletrocardiograma; • Exame de Holter; • Ecocardiograma; • Teste Ergométrico; • Tomografia Computadorizada; • Ressonância Magnética; • Cateterismo ou Biópsia Cardíaca. Raio X – tem como objetivo avaliar a presença de congestão pulmonar, edema agudo de pulmão e cardiomegalia. Eletrocardiograma – tem como função avaliar a presença de sinais isquêmicos, aumentos cavitários, bloqueios de condução e arritmias principiantes. Ecocardiograma – avalia a função ventricular sistólica e diastólica, presença de déficit segmentar, doenças arovalvares, aumentos cavitários, estimar pressão de enchimento e estado volêmico.
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