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Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 1 EXAME FÍSICO PULMONAR Conceito: É o procedimento pelo qual o médico analisa a parte pulmonar do paciente, com objetivo de constatar patologias ou anormalidades nesta área (por meio da ausculta e percussão, e constatação de sinais típicos, principalmente). Lembre-se: Antes de qualquer processo, deve-se observar os princípios gerais da conduta médica, sendo imprescindível a higienização das mãos, uso adequado de EPIs e os bons tratos, cordialidade e correta apresentação/abordagem ao paciente/examinando. A Anamnese de Pulmão é o procedimento pelo qual o médico faz a análise da condição geral da capacidade respiratória (superfície, conteúdo e anormalidades). Em que momento devemos realizar a Anamnese de pulmão? 1) Adulto: Quando o examinado for ADULTO, deve- se seguiu o critério de anamnese crânio caudal, dessa maneira, o pulmão será examinado depois de cabeça e pescoço, sendo um dos primeiros a ser examinado. 2) Crianças: Quando o examinando for CRIANÇA, deve-se fazer a anamnese pulmonar em primeiro lugar. Lembre-se: Como já vimos anteriormente, a Anamnese começa com a Ectoscopia, dessa forma, o primeiro contato pode oferecer diversos indícios da condição clinica do paciente. Cuidados gerais: 1) Tórax descoberto 2) Iluminação e silencio 3) Avaliar todas as faces 4) Bem estar do pcte 5) Músculos relaxados Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 2 Sequência do exame físico pulmonar: 1) Inspeção estática 2) Inspeção dinâmica 3) Palpação 4) Percussão 5) Ausculta Inspeção estática: É o momento em que o médico analisa o aspecto geral do pulmão da respiração, pelo método de observação analítica do tórax do paciente, devendo, para isso: 1) Obsevar o tórax NU em TODOS OS ANGULOS: O exame deve ser feito no tórax DESNUDO, de maneira que possa ser observado de todos os ângulos. 2) Observar a anatomia do tórax: É muito importante ficar atento às diferenças anatômicas do tórax. Elas podem indicar alguns processos patológicos específicos ou condições relevantes para a melhor terapêutica no tratamento. O que observar: a) Tórax normal: Como o próprio sugere, é o tórax de proporções comuns, não apresenta nenhuma diferença anatômica relevante. Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 3 b) Tórax em barril/tonel: Trata-se do termo usado para descrever um tórax alargado, em que geralmente se observa caixa torácica de grande dimensão, arredondamento pronunciado do tronco. São comumente observados em pacientes que possuem doenças pulmonares obstrutivas (DPOC), como Bronquite crônica e Enfisema. c) Tórax infundibiliforme (pectus excavatum): Trata-se do termo usado para descrever uma deformidade por depressão do esterno e das cartilagens costais inferiores, eventualmente acompanhada de deformidade da extremidade anterior das costelas na sua articulação com as cartilagens costais. As verdadeiras causas do Pectus Excavatum (PE) são desconhecidas, mas crianças com síndrome de Marfan (fibrilina) comumente apresentam PE como patologia associada. O PE pode aparecer associado a outras patologias: cardiopatias congênitas, escoliose (ocorre na pré-adolescência), hérnia diafragmática congênita e muitas outras. Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 4 d) Tórax Cariniforme (Pectus Carinatum): Trata-se do termo usado para descrever um defeito da parede do tórax ao nível do esterno, que se caracteriza por uma saliência do esterno e costelas (é o oposto ao defeito do pectus excavatum). As verdadeiras causas do Pectus Cariniforme (PC) são desconhecidas, porém, acredita- se que a sua ocorrência seja mais adquirida que congênita. (Outros autores, ainda, consideram que tanto o PE quanto o PC são causados pelo crescimento exagerado das cartilagens envolvidas na deformidade). e) Escoliose: É o termo utilizado para descrever um defeito anatômico no qual existe uma curvatura lateral da coluna vertebral, dessa maneira, as alterações da musculatura e óssea dessa condição comprometem a mecânica dos movimentos respiratórios. Os pacientes referem dores e desconfortos como um cansaço e dificuldade respiratória. Existem muitas causas de escoliose, incluindo deformidades congênitas da coluna, problemas genéticos, problemas neuromusculares e desigualdade de comprimento dos membros. Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 5 f) Hipercifose: É o termo utilizado para descrever um defeito anatômico no qual existe um aumento do grau da curvatura da coluna vertebral (>45º), dessa maneira, as alterações podem causar diminuição da função respiratória. g) Hiperlordose: É o termo utilizado para descrever um defeito anatômico no qual existe uma curvatura excessiva da coluna vertebral para dentro do corpo que pode causar diminuição da função respiratória Como proceder: Na inspeção estática o examinador deve se atentar e descrever cuidadosamente todas as lesões, cicatrizes, e demais condições que possam ter relação com a condição que levou o paciente a procura-lo. Vejamos alguns exemplos: Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 6 Tipo morfológico: Deve-se constatar o tipo morfológico do tórax de cada paciente, assim, temos: a) Tórax normolíneo: Quando o ângulo de Charpy é de 90º. b) Tórax longilíneo: Quando apresenta ângulo de Charpy menor do que 90º. c) Tórax brevilíneo: Quando apresenta ângulo de Charpy maior do que90º. Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 7 Inspeção dinâmica: É o momento em que o médico analisa o aspecto geral dos movimentos do pulmão e da respiração, pelo método de observação analítica da expansão do tórax do paciente, devendo, para isso: 1) Observar os movimentos do tórax: A partir da observação, podemos constatar os seguintes diferenciais: a) Frequência respiratória A movimentação da caixa torácica pode indicar alteração na FR do examinado, podendo apresentar dispneias. FR padrão: 12-20 IPM.(Adultos) Frequência respiratória normal: eupneia. Ausência de frequência respiratória: apneia (SAOS) Frequência respiratória baixa: bradipneia. Frequência respiratória alta: taquipneia. b) Ritmos respiratórios: São variações observadas na frequência respiratória que podem indicar patologias específicas. Normal: Kussmaul: composta por quatro fases. A primeira é caracterizada por inspirações ruidosas, a segunda por apneia em inspiração, a terceira por expiração ruidosa e, finalmente, a quarta, apneia em expiração. Dentre as suas possíveis causas, a principal é a vigência de acidose, com destaque para a acidose diabética, complicação possível da Diabetes Melitus, principalmente do tipo I (DM1). Característico de uma taquipneia ritmada, patologias obstrutivas. Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 8 Chyne-Stokes: É um ritmo respiratório por um período com incursões que aumentam progressivamente de amplitude até o seu máximo, seguidas de diminuição do seu ritmo até a apneia. Está relacionada a lesões cerebrais difusas ou nos hemisférios. Biot: É determinada por uma constante irregularidade, com inspirações profundas esporádicas. Característico de estados agônicos/terminais.Dispneia: Atenção à Retração subcostal e intercostal, além de Retração de fúrcula. Como realizar a palpação: O método utilizado para palpar o tórax consiste na utilização das duas mãos para conseguir perceber as características de expansibilidade, elasticidade e frêmito toracovocal. Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 9 a) Expansividade torácica: Consiste na utilização da manobra de Ruault, na região de ápice e base pulmonar. b) Elasticidade Torácica Consiste na utilização da manobra de Lasegue, na região torácica para mensurar a elasticidade. c) Frêmito toracovocal: Consiste no uso dos dedos apoiados na caixa torácica para sentir as vibrações transmitidas por esta, quando o paciente fala. (Ex: 33). Frêmito toracovocal diminuído: Derrame pleural e enfisema. Frêmito toracovocal aumentado: Pneumonia e tumores. Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 10 Como realizar a percussão: O 3º dedo da mão dominante irá percutir na base da falange distal do 2º dedo da outra mão. Posicionar o dedo no espaço intercostal. PADRÃO EM ESCADA Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 11 Como realizar a Ausculta: PADRÃO EM ESCADA: Ausculta torácica anterior e posterior. SOM TRAQUEAL: Audível na região de projeção da traqueia, no pescoço e região esternal. Origina-se da passagem de ar da fenda glótica e na própria traqueia. Há componente inspiratório (composto por ruído soproso, um pouco rude) e expiratório (ruído forte e prolongado que ocorre após curto intervalo silencioso). Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 12 SOM BRÔNQUICO: Som traqueal audível na zona de projeção dos brônquios de maior calibre, na face anterior do tórax, nas proximidades do esterno. Assemelha-se ao som traqueal, diferenciando-se dele apenas por ter componente expiratório menos intenso. SOM BRONCOVESICULAR: Somam-se características do som brônquico com murmúrio vesicular. Desse modo, intensidade e duração da inspiração e expiração são de igual magnitude, ambas um pouco mais forte que murmúrio vesicular, mas sem alcançar a intensidade do som brônquico. Em condições normais, é auscultado na região esternal superior, interescapulovertebral superior e no nível da terceira e quarta vértebras dorsais. Em outras regiões, indica condensação pulmonar, atelectasia por compressão ou presença de caverna, ou seja, mesmas condições que originam som brônquico. Para que surja esse som é necessário que na área lesionada haja alvéolos mais ou menos normais capazes de originar o som vesicular. MURMÚRIO VESICULAR: Os ruídos respiratórios ouvidos na maior parte do tórax são causados pela turbulência do ar circulante ao chocar-se contra as saliências das bifurcações brônquicas, ao passar por cavidades de tamanhos diferentes, tais como bronquíolos ou alvéolos, ou vice-versa. O componente inspiratório é mais intenso, mais duradouro e de tonalidade mais alta em relação ao componente expiratório que, por sua vez, é mais fraco, de duração mais curta e tonalidade mais baixa. Não há intervalo silencioso entre inspiração e expiração, como no som traqueal. Ao comparar-se o murmúrio vesicular com o som brônquico, nota-se que o murmúrio vesicular é mais fraco e suave. Ausculta-se o murmúrio vesicular em quase todo o tórax, com exceção nas regiões de sons brônquicos e broncovesicular. Entretanto, é mais forte na parte anterossuperior, axilas e regiões infraescapulares. Sofre variações Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 13 em sua intensidade na dependência da amplitude dos movimentos respiratórios e da espessura da parede torácica, sendo mais débil nas pessoas musculosas ou obesas. A diminuição do murmúrio vesicular pode resultar de presença de ar (pneumotórax), líquido (derrame pleural) e tecido sólido na cavidade pleural (espessamento pleural); enfisema pulmonar, dor torácica que impeça ou diminua a movimentação torácica, obstrução das vias aéreas superiores (espasmo ou edema de glote, obstrução da traqueia), oclusão parcial ou total de brônquios ou bronquíolos. Pode haver alteração do murmúrio vesicular chamada prolongamento da fase expiratória, que, em condições normais, é mais curta e suave que fase inspiratória. Esse prolongamento aparece na asma brônquica em crise e na DPOC avançada, traduzindo dificuldade de saída de ar. O que observar: Anormal: Ruídos adventícios: a) Estertores finos: Produzidos pela abertura sequencial das vias respiratórios anteriormente fechadas, devido à pressão exercida pela presença de líquido ou exsudato no parênquima pulmonar. Comum em pneumonia e congestão pulmonar da IVE SOM: Fecho de velcro. Indica: Líquido dentro do alvéolo Audível: Final da inspiração Não modifica com a tosse Patologias mais comuns: Pneumonia, edema agudo de pulmão, contusão pulmonar, DPOC, fibrose cística. Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 14 b) Estertores Grossos: Têm frequência menor e maior duração que os finos. Podem desaparecer com tosse e são audíveis em todo o tórax. São audíveis no início da inspiração e durante toda a expiração. Surgem por causa da abertura e fechamento de vias respiratórias contendo secreção viscosa e espessa, bem como pelo afrouxamento da estrutura de suporte das paredes brônquicas. Comuns na bronquite crônica e bronquiectasias. Indica: Secreção em brônquios e bronquíolos. Ocorre na inspiração e expiração e modifica com a tosse. Patologias mais comuns: Bronquite crônica. c) Roncos e Sibilos: Os roncos são constituídos por sons graves, portanto de baixa frequência e os sibilos por sons agudos, portanto, alta frequência. Originam-se nas vibrações das paredes brônquicas e do conteúdo gasoso quando há estreitamento desses ductos, seja por espasmo, edema da parede ou secreção aderida a ela, como ocorre na asma brônquica, bronquites, bronquiectasias e obstruções localizadas. Embora apareçam na inspiração e expiração, predominam nessa. Surgem e desaparecem em curto período. Os sibilos também se originam de vibrações das paredes bronquiolares e de seu conteúdo gasoso, aparecendo na inspiração e na expiração. Sibilos: “miado de gato” Ar passando por região de calibre reduzido. Patologias mais comuns: Localizado: Tumor ou corpo estranho. Difuso: Asma. Roncos: Som mais grave e contínuo. Ocorre na inspiração e expiração (predomina). Muda frequentemente. Indica: Secreção. Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 15 d) Estridor: O estridor é um som produzido pela semiobstrução da laringe ou traqueia, o que pode ser provocado por difteria, laringites agudas, CA de laringe e estenose de traqueia. Quando a respiração é calma e pouco profunda, sua intensidade é pequena. Entretanto, na hiperpneia, o aumento do fluxo de ar intensifica esse som. Estridor: Semi obstrução da laringe ou traquéia. Afonia, rouquidão, tosse “de cachorro”. Patologias mais comuns: Laringite, corpo estranho, anafilaxia. e) Broncofonia: O aumento da ressonância e ocorre quando há condensação pulmonar. A comparação dos sons é feita da mesma maneira que na avaliação de Frêmito (33). Broncofonia diminuída: Derrame pleural, Pneumotorax. Broncofonia Aumentada: Condensação. Pectorilóquia fônica: nitidez na voz normal. Pectorilóquiaafônica(áfona): nitidez na voz cochichada. Pectorilóquia egofônica: voz anasalada. Medicina – Propedêutica Clínica 2022 @juniorlyma 16 Referência: - PORTO, C.C. Semiologia Médica. 7a ed. Rio de janeiro. Guanabara, 2014; - BICKLEY, LINN S. BARBARA BATES – Propedêutica Médica. Guanabara Koogan, 12a edição, 2015
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