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PORQUE UMA POLÍTICA PARA A SAÚDE DO HOMEM??????????? • No ano em que o Sistema Único de Saúde completa vinte e um anos, o Ministério da Saúde estabelece como prioridade a proteção à população jovem e adulta masculina, lançando a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, desenvolvida em parceria entre gestores do SUS, sociedades científicas, sociedade civil organizada, pesquisadores, acadêmicos e agências de cooperação internacional. • Os homens, de forma geral, habituaram-se a evitar o contato com os espaços da saúde, sejam os consultórios médicos, sejam os corredores das unidades de saúde pública, orgulhando-se da própria invulnerabilidade. • Avessos à prevenção e ao autocuidado, é comum que protelem a procura de atendimento, permitindo que os casos se agravem e ocasionando, ao final, maiores problemas e despesas para si e para o sistema de saúde, que é obrigado a intervir nas fases mais avançadas das doenças. • Muitos agravos poderiam ser evitados caso os homens realizassem, com regularidade, as medidas de prevenção primária. A resistência masculina à atenção primária aumenta não somente a sobrecarga financeira da sociedade, mas também, e sobretudo, o sofrimento físico e emocional do paciente e de sua família na luta pela conservação da saúde e por uma melhor qualidade de vida. • Qualificar a saúde da população masculina na faixa etária entre 20 e 59 anos, oferecendo diagnóstico precoce e prevenção de doenças cardiovasculares, cânceres e outras, como diabetes e hipertensão, beneficiando 55 milhões de homens (27% da população total e 55% da população masculina). Essa é a principal diretriz da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNSH) • “A implantação da Política contribuirá para a redução da morbidade, da mortalidade e vai melhorar as condições de saúde desta parcela da população". http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2014/maio/21/CNSH-DOC-PNAISH---Principios-e-Diretrizes.pdf • Os homens vivem, em média, sete anos e meio a menos que as mulheres. As principais causas de mortalidade masculina entre 20 e 59 anos são as causas externas, como agressões e acidentes de veículos, que correspondem a 89.528 óbitos (36,4%). Em seguida, vêm as doenças do aparelho circulatório - infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral, insuficiência cardíaca –, que correspondem a 43.518 óbitos (17,7%); neoplasias (brônquios e pulmões, estômago), que correspondem a 29.274 óbitos (11,9%) e doenças do aparelho respiratório (12.388 óbitos ou 5%). • Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) e de suas principais linhas de ação (reconhecimento da diversidade, sensibilização e capacitação das equipes de saúde, inclusão de homens como sujeitos nos programas de saúde, apoio de ações e atividades de promoção de saúde, articulação entre os diferentes níveis de atenção e campanhas informativas) • Estruturado a partir dos 5 eixos da PNAISH (Acesso e Acolhimento, Paternidade e Cuidado, Prevenção de Violência e Acidentes, Saúde Sexual e Reprodutiva e Principais Agravos/Condições Crônicas) PRINCÍPIOS DA POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO HOMEM • I - Universalidade e equidade nas ações e serviços de saúde voltados para a população masculina, abrangendo a disponibilidade de insumos, equipamentos e materiais educativos; • II - Humanização e qualificação da atenção à saúde do homem, com vistas à garantia, promoção e proteção dos direitos do homem, em conformidade com os preceitos éticos e suas peculiaridades socioculturais; • III - Corresponsabilidade quanto à saúde e à qualidade de vida da população masculina, implicando articulação com as diversas áreas do governo e com a sociedade; • IV - Orientação à população masculina, aos familiares e à comunidade sobre a promoção, a prevenção, a proteção, o tratamento e a recuperação dos agravos e das enfermidades do homem. EIXOS • 1. ACESSO E ACOLHIMENTO OBJETIVO: reorganizar as ações de saúde, através de uma proposta inclusiva, na qual os homens considerem os serviços de saúde também como espaços masculinos e, por sua vez, os serviços reconheçam os homens como sujeitos que necessitam de cuidados. • 2. PATERNIDADE E CUIDADO OBJETIVO: sensibilizar gestores, profissionais de saúde e a população em geral sobre os benefícios do envolvimento ativo dos homens com em todas as fases da gestação e nas ações de cuidado com seus filhos, destacando como esta participação pode trazer saúde, bem-estar e fortalecimento de vínculos saudáveis entre crianças, homens e parceiras(os). • 3. PREVENÇÃO DE VIOLÊNCIA E ACIDENTES OBJETIVO: propor e/ou desenvolver ações que chamem atenção para a grave e contundente relação entre a população masculina e as violências (em especial a violência urbana) e acidentes, sensibilizando a população em geral e os profissionais de saúde sobre o tema. • 4. SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA OBJETIVO: sensibilizar gestores, profissionais de saúde e a população em geral para reconhecer os homens como sujeitos de direitos sexuais e reprodutivos, os envolvendo nas ações voltadas a esse fim e implementando estratégias para aproximá-los desta temática. • 5. PRINCIPAIS AGRAVOS/CONDIÇÕES CRÔNICAS OBJETIVO: fortalecer a assistência básica no cuidado à saúde dos homens, facilitando e garantindo o acesso e a qualidade da atenção necessária ao enfrentamento dos fatores de risco das doenças e dos agravos à saúde. Indicadores demográficos Violência • A violência é um fenômeno difuso, complexo, multicausal, com raízes em fatores sociais, culturais, políticos, econômicos e psico-biológicos, que envolve práticas em diferentes níveis. O homem é mais vulnerável à violência, seja como autor, seja como vítima. • Os homens adolescentes e jovens são os que mais sofrem lesões e traumas devido a agressões, e as agressões sofridas são mais graves e demandam maior tempo de internação, em relação às sofridas pelas mulheres (Souza, 2005). • Determinados processos de socialização têm o potencial de envolver os homens em episódios de violência. • A agressividade está biologicamente associada ao sexo masculino e, em grande parte, vinculada ao uso abusivo de álcool, de drogas ilícitas e ao acesso as armas de fogo. População privada de liberdade • Como consequência da maior vulnerabilidade dos homens à autoria da violência, grande parte da população carcerária no Brasil é formada por homens. • Embora não existam informações sistematizadas sobre a morbimortalidade nos ambientes prisionais, a atenção para doenças e agravos nesse contexto deve primar pelo fomento a estudos que venham a evidenciar as condições de saúde da população privada de liberdade, seja nos presídios, seja nas instituições de cumprimento de medidas sócio educativas para menores infratores em situação de semi liberdade ou de internação. Alcoolismo e Tabagismo • Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, cerca de 2 bilhões de pessoas consomem bebidas alcoólicas no mundo. O uso abusivo do álcool é responsável por 3,2% de todas as mortes e por 4% de todos os anos perdidos de vida útil. • Na América Latina, cerca de 16% dos anos de vida útil perdidos estão relacionados ao uso abusivo dessa substância. Este índice é quatro vezes maior do que a média mundial e torna o problema da prevenção e do tratamento dos transtornos associados ao consumo de álcool, um grande problema de saúde pública • A magnitude deste problema estigmatiza e promove exclusão social. No Brasil, há cerca de 6 milhões de pessoas nesta situação. Homens e mulheres bebem com frequências diferentes. • Este fenômeno também se observa na América Latina, conforme Relatório do Banco Mundial (2002). Mas há certas características a serem observadas: os homens iniciam precocemente o consumo de álcool, tendem a beber mais e a ter mais prejuízos em relação à saúde do que as mulheres. • No Brasil, as internações de mulheres por transtornosmentais e comportamentais devido ao uso de álcool, segundo o DATASUS (2006), representaram 2% de todas as internações por transtornos mentais e comportamentais, enquanto os homens apresentaram um percentual de 20% • Em relação ao tabagismo, os homens usam cigarros também com maior frequência que as mulheres, o que acarreta maior vulnerabilidade às doenças cardiovasculares, cânceres, doenças pulmonares obstrutivas crônicas, doenças bucais e outras. • Homens e mulheres devem ser conscientizados sobre os malefícios dessas práticas por meio da promoção da saúde, de ações preventivas e de hábitos saudáveis. • O uso de álcool e do tabaco está diretamente relacionado aos indicadores de morbimortalidade a serem apresentados como requerentes de ações enérgicas na atenção integral à saúde Pessoas com deficiência • O maior número absoluto de pessoas com deficiência encontra-se na população de 40 a 49 anos de idade. Existem, no Brasil, quase 4,5 milhões de pessoas de 40 a 49 anos com pelo menos uma deficiência ou incapacidade, sendo 2,1 milhões de homens. Predomina o grupo de pessoas com pelo menos alguma dificuldade para enxergar. Adolescência e velhice • Na adolescência, há uma predisposição aos agravos à saúde pela não adoção de práticas preventivas (gravidez indesejável, DST/AIDS) e por maior exposição a situações de risco (uso de drogas, situações de violência). • Os altos índices de morbidade e mortalidade relativos a causas externas entre adolescentes e jovens também merecem destaque, e podem ser compreendidos à luz da crença na invulnerabilidade e na necessidade social de auto-afirmação • Na velhice, os homens são levados a se confrontar com a própria vulnerabilidade, sobretudo porque nessa etapa do ciclo de vida muitos homens são levados a procurar ajuda médica diante de quadros irreversíveis de adoecimento, por não terem lançado mão de ações de prevenção ou de tratamento precoce para as enfermidades (WHO, 2001) Direitos sexuais e direitos reprodutivos • É necessário conscientizar os homens do dever e do direito à participação no planejamento reprodutivo. A paternidade não deve ser vista apenas do ponto de vista da obrigação legal, mas, sobretudo, como um direito do homem a participar de todo o processo, desde a decisão de ter ou não filhos, como e quando tê-los, bem como do acompanhamento da gravidez, do parto, do pós-parto e da educação da criança Pré-natal do homem e os benefícios para a família. • Os homens, em sua grande maioria, tendem a se negar a realizar prevenção e autocuidado frente a problemas de saúde a que estão expostos; sendo assim, geralmente, a população que mais sofre com o agravamento de doenças e que procuram atendimento médico já nos estágios mais avançados. • Pensando nisso, foi criada pelo SUS a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) na tentativa de promover a procura de homens pelos serviços de saúde para prevenção de doenças, com qualidade de vida e evitar que elas se agravem e avancem. • Outra característica masculina é a ideologia de que o pré-natal é um atendimento em saúde de responsabilidade da gestante, sem necessidade de sua participação ativa e cooperativa. • Dessa maneira, essa Política promove também participação do homem nos cuidados do pré-natal e do parto e tem como objetivo a paternidade responsável, presente e cuidadora. • Denominado de pré-natal masculino, o programa aborda os parceiros sexuais das grávidas com ações visando os seguintes benefícios: Benefícios • maior aderência ao tratamento da sífilis e do HIV para redução de transmissão para o bebê pela não aderência dos parceiros ao tratamento; • fortalecer e apoiar as famílias, ampliando o envolvimento dos homens no cuidado com a mãe, a criança e o adolescente; • promover a paternidade afetiva com impacto importante no desenvolvimento físico, emocional e social dos filhos; • facilitar e estimular o acesso do homem às ações e serviços de saúde; • aumentar o autocuidado e contribuir com a redução das doenças agudas e/ou crônicas, da mortalidade e a melhoria da qualidade de vida. • Pretende-se que o pré-natal do homem seja conduzido mediante objetivos pré-definidos para cada encontro e ocorra da seguinte maneira: Primeira consulta • deve entender a importância da sua participação ; • entender quanto aos resultados positivo para eles mesmos; • realização dos exames para identificar possíveis doenças, oferecer de rotina os testes rápidos de sífilis e HIV • orientar sobre o acompanhamento no pré-parto, parto e pós-parto; • investigação da idade, escolaridade, condições de vida, profissão, situação conjugal, histórico sexual e reprodutivo, uso de drogas lícitas e/ou ilícitas; • reação com a descoberta da gravidez da companheira; • entendimento sobre paternidade e cuidado; • orientação sobre métodos contraceptivos; • orientação quanto aos métodos de prevenção de DST’s; • orientação sobre vacinação; • orientação sobre os serviços de saúde. Importante ressaltar que este acompanhamento deve respeitar as possibilidades do homem, valorizar a capacidade como cuidador, além de incentivar o cuidado com a sua própria saúde e consecutivamente o cuidado com a saúde da parceira e do bebê Segunda consulta • avaliação dos resultados dos exames; • definição de tratamentos necessários; • inclusão nos grupos de temas sobre masculinidade, gênero, saúde sexual e reprodutiva, paternidade e cuidado, hábitos saudáveis, prevenção de violência e acidentes e direitos legais dos pais. • O homem não é visita, e sim um agente/ator/parceiro permanente durante todo o processo da gestação e nascimento do bebê. • Para elucidação com relação ao pré-parto, parto e pós-parto, o homem tem o direito de acompanhar sua parceira, segundo a Lei Federal nº 11108/2005, porém ainda há uma distância entre a recomendação e a prática das maternidades, infelizmente, devido à falta de estruturas nas maternidades. • Por conseguinte, verifica-se outra importância das orientações no pré-natal masculino, preparar o pai/parceiro para a sua presença na sala de parto encorajando-o, durante o trabalho de parto a: • interagir e atender às necessidades da parturiente; • oferecer apoio por meio de: • presença contínua; • conforto; • massagem; • encorajamento verbal; • hidratação; • banho e leves caminhadas • Além disso poderá, após o nascimento: • cortar o cordão umbilical; • pegar o bebê e colocá-lo junto ao peito da mãe; • assistir ou participar da higiene do bebê. • A presença do acompanhante no parto tem sido associada a resultados positivos, como a menor solicitação de alívio da dor, menor risco de cesárea ou de partos operatórios, menor risco de asfixia neonatal, menor avaliação pela mulher do parto como experiência negativa, maior satisfação com o parto, menos trauma perineal, menor risco de desmame precoce e de dificuldades com a amamentação no pós-parto, entre outros. • Portanto, com a implantação e adesão da população masculina ao pré-natal masculino espera-se alcançar: • a eliminação da sífilis congênita; • a redução da transmissão vertical do HIV; • o fortalecimento dos vínculos afetivos e a responsabilidade com a paternidade; • o fortalecimento do vínculo dos homens com os serviços de saúde; • repercussão na qualidade de vida.
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