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Amebíase Reino Protozoa = Protozoários Unicelulares, eucariontes, com organelas específicas. Reprodução sexuada e assexuada. Formas de vida: Trofozoíto – ativa; alimenta e reproduz (não é infectante no caso) Cisto e oocisto – resistência *Gametas quando há reprodução sexuada. Entamoeba histolytica Filo: Sarcomastigophora Locomoção por pseudópodes, flagelos ou ambos Reprodução assexuada (geralmente) - Entamoeba, Trypanosoma - Leishmania, Giardia, Trichomonas ❖ Núcleo em “roda de carroça”, condensação lateral da cromatina com radiações e cariossoma no meio. Amebíase Espécies principais que colonizam o ser humano. Em negrito pois é patogênica ao homem, relacionada aos sintomas clínicos. REINO Protozoa FILO Sarcomastigophora FAMÍLIA Entamoebidae GÊNEROS Entamoeba Iodameba Endolimax ESPÉCIES: E. histolytica E. díspar E. hartmanni Intestino grosso E. coli Iodamoeba butschlii Endolimax nana Vida livre E. gengivalis Cavidade oral Aspectos epidemiológicos - Maioria das infecções América Central e do Sul, África e Ásia. Brasil: maioria casos assintomáticos e colite não disentérica. (19% região amazônica) - Prevalência 650 milhões no mundo – 10% alterações intestinais e extra-intestinais • E. histolytica = 2 a 4% dos casos de diarreia diagnosticados. • Infecções em crianças e adultos (geralmente assintomática) e fator de risco em indivíduos homossexuais. - Eliminação de cistos durante 12 meses, 20 dias de viabilidade (90% dos infectados) - Transmissão via fecal-oral contaminação de água e alimentos. ❖ Associada às condições sanitárias inadequadas. Formas de vida Trofozoíto – mononucleado, emite pseudópodes, pode conter eritrócitos fagocitados (restos de alimentos celulares, bactérias e hemácias). Formato + alongado; não causa infecção, se liberado nas fezes e alcançar hospedeiro não consegue se estabelecer, sensível (morto pelo ácido estomacal). Cisto – forma infectante; arredondado com 4 núcleos (n° variado entre espécies). Liberado nas fezes contaminando água e alimentos. Sobrevive ao ácido estomacal, eclode no ID liberando trofozoítos que se instalam no cólon. Ciclo biológico Inicia com ingestão do cisto maduro. Passa pelo estômago e no intestino sofre desencistamento. Multiplicação e colonização Um cisto geralmente se multiplica, 8 núcleos gerando 8 trofozoítos. Atingem intestino grosso, forma assintomática se adere à membrana e desenvolve. É comensal, alimenta-se de restos e bactérias que colonizam, sem causar danos. Por algum motivo se desprende da parede, sofre encistamento no cólon e é eliminado nas fezes para alcançar novo hospedeiro. Invasão e destruição tecidual Forma invasiva penetra parede intestinal, causando lesões características da doença e vários sintomas. Úlcera intestinal em “botão de camisa” / ”gargalo de garrafa”, ceco, cólon transverso e sigmoide. Migração Por meio da circulação porta pode alcançar fígado (abscessos), pulmão e cérebro. Formas clínicas Assintomática Principal, parasito coloniza ID e permanece ali como comensal. - 80 a 90% dos casos, cistos nas fezes. - Algumas vezes associado à E. dispar (maioria assintomática), PCR mostra casos de doença por essa espécie. Sintomática Intestinal não invasiva – diarreias, cólicas Intestinal invasiva – colite amebiana, disenteria, amebomas*, úlceras. Extra-intestinal – hepática, pulmonar, cerebral e cutânea. ❖ Convencionalmente pela E. histolytica Colites não disentéricas (+ frequente): 2-4 evacuações diárias diarreicas ou não; fezes moles ou pastosas; desconforto abdominal ou cólica; possível disenteria; febre rara e sintomas não constantes. Colites amebianas (forma disentérica): cólicas intestinais e diarreia; evacuações com muco e sangue acompanhadas de cólica intensa, tenesmo ou tremores; 8 ou + evacuações diárias; prostração e desidratação; perfuração do intestino. Hospitalização necessária em crianças. Complicações principais ❖ Perfurações, peritonite, hemorragia, colite pós-disentérica e raramente estenose, apendicite e ameboma (granulomas amebianos, ulcerações graves). Perfurações e peritonites raras (0,5%) mas com 40% de mortalidade. Fatores de risco = o que está relacionado ao parasito e ao hospedeiro que faz com que ele desenvolva a doença, diferentes graus de severidade. - Linhagem da E. histolytica (variações, moléculas de superfície diferentes) - Hospedeiro: susceptibilidade genética, idade, status imunológico. Doença severa e mortalidade Idade <; gravidez; corticosteroides (associado à imunidade, como HIV), desnutrição, alcoolismo, malignidade. Patogenia Como o parasito causa a doença. 3 principais eventos: • Morte da célula hospedeira • Modulação da resposta inflamatória • Invasão do parasito Morte celular pelos trofozoítos → secreção de proteinases (dano MP); lise da célula alvo (formação de amebaporos = liberação de peptídeos líticos, causam poros na membrana); apoptose (pela perda da integridade da membrana e alteração de permeabilidade). Trogocitose – evento recentemente descrito. Parasito ingere fragmentos de céls. Humanas, mediada pela interação da molécula de adesão do parasito = Gal/GalNAc lecitina, interage com mucosa intestinal (receptor de membrana da cél, do hospedeiro, glicoproteína que contém Gal ou GalNAc). * Gal/GalNAc = Galactose / Nacetyl-Galactosamina ❖ Ao fagocitar fragmentos há mudança no canal de cálcio na superfície da cél. → Aumento de cálcio no citoplasma, formação de poros na membrana e sinal para apoptose. - Estudos mostram que ausência de Gal/GalNAc confere resistência. - Crianças que possuem IgA que atua contra esses resíduos do parasito tem 86% menos infecção em 12 meses e menor incidência sintomática em reinfecção. Invasão intestinal Ocorre pela interação com a superfície, parede coberta por muco (mucina) que aparentemente serve de alimento para parasito. Em caso não invasivo fica no lúmen fazendo fagocitose. ❖ Genótipo da Entamoeba, microbioma do indivíduo, níveis de leptina, quantidade de carboidrato disponível, aspectos pesquisados para justificar invasão. Ocorre pelas criptas (glândulas intestinais tubulosas, IG); trogocitose é uma das vias de invasão, quimiotaxia sugerida (atração por agentes químicos). Inicia lesão tecidual ulcerativa, libera proteases que também induzem danos. - Resposta imune celular referente ao hospedeiro também é influente. Produção de substâncias reativas de oxigênio objetivam matar a ameba, mas também agravam lesão tecidual (como polimorfonucleares). Ulceração provém da junção de processos complexos. Histopatologia Formação de área de necrose na submucosa, parasitos no sentido da muscular. Lesão em “botão de camisa”. Diagnóstico Necessárias 4 condições principais para diagnóstico seguro 1. Quadro clínico compatível; 2. Presença demonstrada de E. histolytica (principalmente por exame de fezes); 3. Teste sorológico positivo (especialmente em caso extra-intestinal); 4. Resposta favorável à terapêutica amebiana. Intestinal Extra-intestinal Exames laboratoriais • Parasitológico de fezes (padrão ouro); detecção de cistos pela microscopia em fezes consistentes ou trofozoítos em diarreicas. • Antígeno nas fezes (ELISA). • qPCR (quantitativo para detecção de DNA do parasito); alta sensibilidade, porém elevado custo. • Sorologia (sobretudo diagnóstico de formas extra-intestinais); pode haver falso – se < 7-10 dias. • Colonoscopia (não indicado como rotina); suspeita clínica com EPF negativo. • Biópsia para encontro dos trofozoítos aderidos à paredeintestinal. Amebíase extra-intestinal, com quadro clínico sugestivo e sorologia +: • Exames de imagem (US e TC fígado, para identificar abscesso) • Radiografia • TC fígado/tórax/crânio • Ressonância magnética. Abscesso hepático Diagnóstico diferencial ❖ Infecções bacterianas (diarreia aguda ou sangue nas fezes) Shigella, Escherichia coli, Salmonella, Campylobacter, Clostridium difficile, espécies de Vibro ❖ Etiologia não infecciosa: doença inflamatória do intestino; isquemia intestinal. Tratamento - Amebicidas que atuam no lúmen intestinal: Teclosan e Etofamida (casos assintomáticos). - Amebicidas tissulares (imidazólicos para formas intestinais não graves, graves e extra-intestinais; tratamento prolongado): Secnidazol, Metronidazol e Tinidazol Profilaxia ❖ Educação sanitária (programas escolares, creches); boa lavagem de alimentos; consumo de água potável; exames de pessoas que manipulam alimentos; práticas sexuais seguras. Vacinas em desenvolvimento.
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