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Aula 9- Fígado

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Aula 9 
Sistema Digestório
Fígado 
¨ Hipocôndrio direito/epigástrio, face pósteroinferior modelada por órgãos vizinhos: rim e 
suprarrenal direita, flexura cólica direitas, v. cava inferior, vesícula biliar, duodeno, 
esôfago, fundo gástrico. 
¨ Irrigação: a. hepática própria (30%) e v. porta (70%). 
¨ Drenagem venosa: vv. Hepática (cava inferior). 
¨ Microestrutura clássica: hepatócitos (epiteliócitos hepáticos). Organizados em lóbulos, 
unidade morfofuncionais, poligonais venocentrados. 
¨ Veia centrolobular: centro que ramifica os lóbulos. 
¨ Tríade portal (ducto colédoco, artéria hepática e veia porta) se localiza no vértice dos 
lóbulos hepáticos. 
 
¨ Capaz de modificar substâncias diversas, importante no metabolismo energético. 
¨ Sintetiza as proteínas plasmáticas (albuminas, globulinas, fatores de coagulação, 
complemento), fosfolipídios e esteroides. 
¨ Produz a bile: adjuvante na digestão/absorção de lipídios. 
¨ “fiscaliza” o sangue portal por meio dos macrofagócitos/ Kuppfer (células sentinelas). 
¨ Notável capacidade regenerativa e grande reserva funcional. 
¨ Fígado doente- insuficiência hepática- fenômenos hemorrágicos, transporte de 
proteínas danificado, problema na síntese de esteroides, lipídeos. 
¨ A maioria drena pelo sistema porta (os rins drenam para a veia cava inferior). 
© Fiscalização grande por seu papel importante. 
Hepatites 
 
¨ Elevação de transaminases séricas (enzimas que participam do funcionamento dos 
hepatócitos) é característica. Hepatócito lesionado- libera enzimas para o meio 
extracelular mais que o normal- havendo necrose e morte dos hepatócitos. 
Gabriela Rachadel Lohn 
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¨ Inflamações agudas ou crônicas do fígado. 
¨ Principais causas (não raramente sobrepostas): infecção, álcool, medicamentos, 
distúrbios metabólicos, autoimunidade. 
¨ Manifestações clínicas incluem icterícia, dor no hipocôndrio direito (extensão da 
capsula por seu tamanho elevado), hepatomegalia. 
Hepatites Virais 
 
¨ Doenças primárias mais comuns do fígado, problema global de saúde pública, 
¨ Causadas especialmente pelos vírus “A”, “B” e “C” *** (EBV, CMV, HSV são agentes em 
potencial). 
¨ Confirmação do diagnóstico é laboratorial: pesquisa de antígenos e anticorpos 
específicos e DNA/RNA viral. 
¨ Além das possíveis manifestações de hepatites, pode haver sintomas gripais associados 
(febre, mioartralgias, prostração). 
¨ Manifestações de insuficiência hepática podem sobreviver nos casos agudos ou 
crônicos severos. 
¨ A cronificação aumenta o risco de doença maligna hepática: carcinoma 
hepatocelular. 
¨ A internalização do vírus e a lesão/necrose de hepatócitos deflagra resposta 
imunoinflamatória que recruta especialmente leucócitos monomorfonucleares. 
© Muitos hepatócitos mortos pela resposta inflamatória. 
¨ A morte de hepatócitos ocorre tanto por necrose quanto por apoptose (provavelmente 
mediada por linfócitos T). 
© Monócitos e linfócitos. 
¨ Alterações morfológicas soa similares entre si, de severidade variável. 
¨ Na doença aguda observa-se tipicamente: 
© Infiltrado monomorfonucleares, por vezes escasso 
© Importante aumento do volume dos hepatócitos: balonização, secundaria ao 
edema intracelular e danos ao citoesqueleto. 
® Hepatócitos balonizados: Hepatócitos sofrendo tumefação 
® A balonização pode ou não ter danos no citoesqueleto, diferente da tumefação. 
© Áreas de necrose e focos de apoptose de hepatócitos. 
© Vias biliares danificadas, que podem exibir-se dilatadas pelo acúmulo de bile 
(colestase intra-hepática) - icterícia. 
© Focos de regeneração de hepatócitos: aglomerados. 
¨ Hepatite crônica: 
© Destruição progressiva de tecido e fibrose. 
© Infiltrado monomorfonucleares denso (monócitos e linfócitos), especialmente nos 
espaços-porta e adjacências. 
Hepatite A 
¨ Causada pelo vírus “A” (HAV) um vírus hepatotrópicos de RNA. 
¨ Transmissão em geral fecal-oral: mas condições sanitárias. 
Hepatopatias 
virais tem 
risco de 
causar cirrose 
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¨ Áreas endêmicas em todo o mundo. Acomete tipicamente crianças e jovens. 
¨ Incubação média de 30 dias- é uma doença aguda*** não existe crônica, pode ser 
subaguda. 
¨ É autolimitada (não cronifica) e raramente letal. 
¨ Infecção em geral é subclínica e gera imunidade (não há condição de portador). 
¨ Disponível vacina. 
Hepatite B 
¨ Causada pelo vírus “B” (HBV), um vírus hepatotrópicos de DNA. 
¨ É um vírus mais complexo***. 
¨ Transmissão pelo sangue ou fluídos contaminados, principalmente saliva e esperma***. 
¨ Estima-se que 1/3 da população mundial já teve contato com o vírus e que 240 milhões 
de pessoas tenham infecção crônica pelo HBV. 
¨ Disponível vacina, mas não tratamento curativo. 
¨ Sexo, parto, procedimentos médicos ou não, com pérfurocortantes e uso de drogas 
injetáveis são possíveis meios de contaminação pelo HBV. 
¨ Mãe pode transmitir para o filho. 
¨ Incubação média de 60 dias. 
¨ A partir do contato com o vírus B: 
© 65% dos indivíduos permanecerão assintomáticos (infecção subclínica) e eliminarão 
o vírus (fica imune). 
© 25% irão ter doença aguda e evoluirão para cura em sua maioria tendo também 
imunidade (falência hepática e óbito 1%). 
© 5-10% não eliminarão o vírus, evoluindo para a doença crônica (maioria) ou estado 
de portador assintomático (sem evidências de atividade viral). 
® Presença do vírus no corpo, mas sem sinais indiretos de lesão hepática como as 
transaminases. 
¨ Quanto mais precoce o contágio, maior a chance de cronificação (até 60% em 
menores de 5 anos e até 90% em neonatos). 
¨ 20-30% dos indivíduos cronicamente infectados progridem para cirrose hepática. 
¨ A doença crônica aumenta os riscos de doença maligna hepática: carcinoma 
hepatocelular. 
¨ Clinicamente relevantes***: 
© HBsAg: antígeno de superfície (camada externa). 
© HBcAg: antígeno do cerne (camada interna). 
© HbeAg: antígeno presente entre as camadas externa e interna. 
 
¨ HbsAg: indica se há ou não presença do vírus B 
no corpo. Se positivo por mais de 6 meses: 
cronicidade. 
© Exame de hepatite 
¨ HbcAg: indica replicação viral ativa (não 
utilizado na prática clínica). 
¨ HbeAg: indica replicação viral ativa. Pacientes 
que sabemos que tem hepatite B utiliza-se esse 
para monitoramento 
 
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¨ Anti-HBs: indica infecção resolvida ou vacinação (imunidade ao vírus B). 
© Vírus eliminado. 
¨ Anti-HBc (IgM): indica contato recente com o vírus propriamente dito (vacina não). 
¨ Anti-HBc (IgG): indica contato prévio com o vírus, que pode ou não ter sido eliminado. 
¨ Anti-HBe: indica ocorrência prévia de replicação viral (vindo do HbeAg). 
Hepatite C 
¨ Causado pelo vírus “C” (HCV), um vírus hepatotrópico de RNA, mais simples. 
¨ Transmitido por sangue contaminado. 
¨ Estima-se que 70 milhões de pessoas no mundo tenham infecção crônica pelo HCV. 
¨ Não há vacina, porém, o tratamento é potencialmente curativo. 
¨ Uso de drogas injetáveis e procedimentos médicos ou não com pérfurocortantes são os 
principais meios de contaminação. 
¨ A transmissão sexual ou vertical é possível, mas menos frequente. 
¨ Incubação média de 60 dias, 
¨ Infecção pode gerar doença aguda ou permanecer subclínica (maioria). 
¨ 80-90% dos indivíduos desenvolvem doença crônica. 
¨ 30% dos infectados evoluem para cirrose hepática. 
¨ Doença crônica aumenta os riscos de doença maligna hepática: carcinoma 
hepatocelular. 
¨ Presença de anticorpo (anti-HCV) indica contato com o vírus, mas não permite definir se 
infecção aguda, crônica ou resolvida- necessário estudo molecular com pesquisa de 
RNA viral. 
© Anti-HCV positivo tem grande chance de ter ele no corpo, menor probabilidade de 
ter sido resolvida. 
Hepatopatia induzida por drogas ou outros agentes químicos 
 
¨ Álcool: principal causa crônica. 
¨ AINEs: principal causa aguda. 
¨ Praticamente todas as classes de drogas tem potencial de induzir hepatopatias. Ex: 
antidepressivos, contraceptivos, anti-inflamatório, antirretrovirais, anticonvulsivantes, anti-
hipertensivos, antiarrítmicos,agrotóxicos, cosméticos etc. 
¨ Efeitos podem ser previsíveis e dose-dependentes ou idiossincrásicos. 
© Ao passar determinada dose pode ser tóxica para o indivíduo. 
¨ A combinação de substâncias pode potencializar sua toxicidade. 
© Ex: álcool potencializa a toxicidade do tabaco. 
¨ Evolução aguda (potencialmente fulminantes) ou crônica 
¨ A agressão se dá por estímulo direto ou indireto (via metabólitos) aos hepatócitos ou 
pela formação de complexos antigênicos. 
¨ Sempre deve ser considerada no contexto de doença hepática. 
Hepatopatia induzida pelo paracetamol (acetaminofeno): 
¨ AINE amplamente utilizado na medicina. 
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¨ Principal causa de intoxicação hepática aguda/falência hepática aguda. 
¨ Geralmente tentativas de suicídio ou uso em combinação com álcool. 
¨ Risco dose-dependente, mas reportam0se casos em doses terapêuticas. 
¨ A injúria (dano aos hepatócitos) advém especialmente da formação excessiva do 
metabólito tóxico N-acetil-p-benzoquinona, que se liga a proteínas mitocondriais e 
prejudica a cadeia respiratória- depleção de ATP. 
 
¨ Atividade do P450 2E1 faz com que alguns apresentem maior propensão de ter essa 
toxicidade. 
¨ Pela glutationa*** converte a benzoquinosa para metabólitos não tóxicos. 
¨ Álcool potencializa a toxicidade e diminui a atividade da glutationa: ativa mais 
benzoquinona e diminui sua transformação em metabólitos não tóxicos. 
¨ Observa-se necrose perivenular (que pode comprometer todo o lóbulo, nos casos mais 
severos), hemorragia, congestão capilar e alguma esteatose. 
© Quando não se vê o núcleo da célula= necrose. 
Hepatopatia Alcoólica: 
¨ Importante causa de morbidade e mortalidade no mundo. 
¨ Infecção por vírus B e/ou C agravam a doença. 
¨ Maioria homens, porém mulheres são mais susceptíveis (fígado mais sensível ao dado do 
álcool). 
¨ Em geral evolução crônica. 
¨ Associada a prejuízos sistêmicos e psicossociais, gerando grande impacto à 
saúde/economia pública. 
¨ O consumo de 80g de álcool no intervalo de 1-7 dias já é capaz e provocar alterações 
morfológicas no fígado. 
¨ O consumo prolongado (anos) pode acarretar danos drásticos e praticamente 
irreversíveis (cirrose), além de aumentar o risco de doença maligna hepática: 
carcinoma hepatocelular. 
¨ A “dose padrão” de bebida alcoólica conforme OMS, contém 10-12 g de etanol= 330ml 
de cerveja, 100ml de vinho, 30ml de destilado. 
¨ Patogênese parcialmente elucidada, evolvendo múltiplos mecanismos 
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© A atividade da álcool desidrogenase (etanol em acetaldeído) consome a coenzima 
NAD+, cuja depleção prejudica o metabolismo de ácidos graxos, acarretando seu 
acúmulo no citoplasma (degeneração lipídica= esteatose) e impõe severos prejuízos 
ao metabolismo energético nos hepatócitos. 
® Processo reversível. 
® O fígado esteatótico exibe-se amarelado e avolumado, podendo atingir 2-3 vezes 
seu peso normal em virtude de acúmulos intra-citoplasmáticos de microgotículas 
lipídicas. 
© A atividade concomitante da CYP2E1 (etanol em acetaldeído) e subsequente da 
aldeído desidrogenase produzem radicais livres como subprodutos. 
© O acetaldeído está implicado na imposição de danos aos hepatócitos, ao interagir 
com moléculas diversas, prejuízos à membrana, transporte, atividade enzimática, 
formação de complexos antigênicos. 
© O álcool estimula a liberação de endotelina (um vasoconstrictor) pelo endotélio dos 
sinusoides hepáticos, prejudicando a microcirculação do órgão. 
© A lesão/necrose de hepatócitos, por qualquer dos mecanismos considerados, invoca 
resposta inflamatória que contribui com danos colaterais ao tecido. 
© O álcool aumenta a permeabilidade intestinal a toxinas bacterianas, que induzem, 
no fígado, atividade pró-inflamatória adicional de macrofagócitos. 
¨ Hepatite alcoólica pode exibir balonização de hepatócitos e infiltrado inflamatório 
misto, representado por neutrófilos e linfócitos, com presença variável de esteatose 
macro e microvesicular (grande ou pequenos vacúolos). 
¨ A manutenção do consumo de álcool sustenta os mecanismos de lesão e favorece a 
progressão à cirrose hepática. 
© Tendência do fígado se recuperar. 
¨ A interrupção do consumo de álcool pode resultar em remissão gradual da doença, 
exceto, como regra, se houver fibrose exuberante. 
¨ A exposição ao álcool evoca morfopáticos de gravidade variável, que podem se 
sobrepor, caracterizando os estados de esteatose hepática, hepatite propriamente dita 
e cirrose hepática. 
 
¨ Indivíduo não precisa 
passar por uma fase 
para chegar a outra. 
Pode ter uma hepatite 
franca sem ter uma fase 
prévia de esteatose, por 
exemplo. 
¨ Os indivíduos da 
esteatose não precisam 
passar por uma fase de 
hepatite para evoluir 
para um estado de 
cirrose. 
 
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Hepatopatia Gordurosa não alcoólica 
¨ Definida pela presença de esteatose hepática (>5%) não relacionada ao consumo de 
álcool (<20 g/sem). 
¨ Observada em 30-50% da população adulta (índices crescentes). 
¨ Em geral há contexto de síndrome metabólica: sobrepeso/obesidade (sobretudo 
visceral), dislipidemia, hiperglicemia, hipertensão arterial. 
¨ Em geral assintomática (contexto clínico, transaminases elevadas e alterações 
radiológicas típicas favorecem o diagnóstico). 
¨ O tecido adiposo em excesso associa-se em um aumento de citocinas pró-inflamatórias 
circulantes (IL-6, TNF-alpha) e maior estresse oxidativo (aos quais o fígado esteatótico é 
particularmente sensível). 
¨ 10-20% dos casos evoluem à esteato-hepatite (NASH), com potencial para cirrose e risco 
aumentado para doença maligna hepática. 
¨ As alterações morfológicas assemelham-se às da (esteato-)hepatite alcoólica. 
¨ Aspecto microscópico da esteatose e esteato-hepatite não alcoólicas: balonização, 
infiltrado, inflamatório misto. 
Hepatopatia por sobrecarga de ferro: 
¨ O fígado é o órgão mais precocemente afetado quando há excesso de ferro circulante, 
que é tóxico em excesso aos tecidos. 
¨ As causas do excesso podem ser genéticas ou adquiridas (transfusões repetidas, ingesta 
elevada). 
¨ A hemocromatose hereditária é a anormalidade autoss6omica recessiva mais comum 
em humanos (1:200-400 indivíduos, principalmente homens). 
© Menos em mulheres pois elas perdem ferro no período menstrual. 
¨ Quando clinicamente manifesta, os sinais/sintomas são tardios. 
¨ A hepcidina é a principal reguladora da absorção intestinal de ferro (mais hepcidina, 
menos ferro), cuja síntese é regulada pela proteína HFE. 
¨ Mutações no gene que expressa a proteína HFE (em geral a C282y) podem torná-la 
inativa, prejudicando a síntese de hepcidina e ocasionando maior absorção de ferro: 
hemocromatose hereditária. 
 
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¨ O acúmulo de ferro favorece a formação de radicais livres altamente reativos (lesão 
celular). 
¨ O ferro em excesso potencializa mecanismos de fibrose ao estimular a atividade de 
células perissinusoidais. 
¨ A interação do próprio ferro com o DNA resulta em danos e eleva os riscos (200x) de 
doença maligna hepática (carcinoma hepatocelular). 
¨ Quanto mais ferro no hepatócito mais formação de radicais de hidroxila (OH-). 
 
¨ Observa-se inicialmente acúmulo de grânulos de hemossiderina (ferro) nos hepatócitos 
periportais, que gradualmente progride para todo o lóbulo. 
¨ Macrofagócitos e colangiócitos também acumulam ferro. 
¨ Não se observa resposta inflamatória significativa. 
¨ A persistência do estímulo leva à fibrose, que pode culminar com cirrose. 
¨ O pâncreas, o miocárdio, as membranas sinoviais e os testículos também podem exibir 
efeitos da sobrecarga (fibrose e atrofia progressiva). 
Cirrose Hepática 
 
¨ Complicação possível e grave das hepatopatias crônicas. 
¨ Associa-se principalmente às hepatites alcoólicas e por vírus B ou C. 
¨ Frequentemente presente no contexto de falência hepática crônica 
¨ 40% dos casos tardam a manifestar-se clinicamente, 
¨ As manifestações refletem a deterioração gradual das funções hepáticas e 
complicações fisiopatológicas. 
¨ Associa-se a risco aumentado para malignidadehepática: carcinoma hepatocelular. 
¨ Resulta de um processo crônico, difuso e acentuado de fibrose, que se acompanha da 
perda progressiva de tecido funcional. 
¨ Traves espessas de fibras colágenas se interconectam delimitando “ilhas” de 
parênquima em regeneração, deformando a arquitetura do órgão e conferindo-lhe um 
aspecto multinodular. 
¨ Patologia: espessas traves fibrosas interconectadas entre si, isolando ilhas de áreas 
modulares de parênquimas hepáticos. 
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© Espessamento por causa da síntese de fibras. 
© Grande desorganização. 
¨ Acompanha-se de perda de leitos vasculares (destruição estromal) e deterioração da 
circulação trans-hepática, o que leva à hipertensão portal. 
¨ Fenômeno teoricamente reversível (cessado o insulto), embora infrequente na prática. 
Hipertensão Portal 
¨ Importante repercussão fisiopatológica da cirrose, mas não exclusiva dela, definida por 
um gradiente de pressão venosa (porta-cava) > 5mmHg. 
¨ A resistência aumentada ao fluxo portal trans-hepático resulta da perda de leitos 
vasculares, compressão distorção vascular, fistulizações arteriovenosas e aumento do 
tônus capilar: menos NO (vasodilatador), mais endotelina (vasoconstrictor). 
© Fígado destruído perde massa de hepatócitos e também massa muscular. 
© Distorção vascular aumenta a resistência ao fluxo. 
© Vasos danificados/lesionados sofre reparo: fistulizações (aderência entre dois vasos- 
artéria e veia). 
¨ Dificulta a drenagem venosa da maioria das vísceras abdominais, congestionando sua 
circulação e impondo desvios porto-sistêmicos. 
¨ Principais desdobramentos: varizes portocavais, encefalopatia hepática, ascite e 
esplenomegalia congestiva. 
© Pode ter edema e efusões. 
¨ Plexos retais, veias retais que drenam as veias mesentéricas superiores e veias ilíacas 
internas, esse fluxo que iria pela veia porta encontra outro caminho- circulação ilíaca 
interna. Isso repercute em outras tributárias como na coxa, região inferior do abdome. 
© Desvios para que consiga voltar para a circulação sistêmica. 
© Veias sobrecarregadas por serem fracas (tem menos fibras do que a artéria) faz com 
que elas tenham dilatações, prejudicando o fluxo- veias tortuosas, dilatadas= varizes. 
¨ Varizes portocavais: vv. Periumbilicais, V. epigástrica superior, V. tóracoepigástrica. 
 
¨ A rotura de varizes esofagogástricas (hematêmese, melena) é a mais grave 
complicação, sendo letal em 30-50% dos casos. 
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© Varizes esofágicas, varizes gástricas, varizes retais. 
© Pode fazer choque hemorrágico e ir a óbito. 
¨ Pressão intravenosa grande principalmente por causa de artéria. 
¨ Principal causa de hipertensão portal: cirrose hepática. 
Encefalopatia Hepática: 
¨ Perturbação (reversível) das funções neuropsíquicas (desorientação, rebaixamento da 
consciência, mudança de comportamento), no contexto da doença hepática severa. 
¨ Um dos mecanismos propostos implica o desvio porto-sistêmico de metabólitos intestinais 
da rota de desintoxicação hepática, favorecendo sua distribuição a outros tecidos. 
© Metabólitos tóxicos não vão para o fígado. 
¨ A amônia, em especial, produzida por enterócitos e bactérias luminais, acumula-se no 
cérebro, onde exerce efeitos neurotóxicos. 
Ascite: 
¨ Acúmulo de linfa na cavidade peritoneal, favorecido pela hipertensão portal e 
corroborado por uma pressão coloidosmótica reduzida (pela produção hepática 
insuficiente de proteínas plasmáticas). 
¨ Inicialmente pacientes tem hepatomegalia, esplenomegalia (pode se manter por ser 
congestivo). 
¨ Grandes tributárias da veia porta: mesentérica superior e a veia esplênica, que são as 
que mais sofrem e causam maior ascite. 
 
¨ Clinicamente evidente a partir de 500ml. 
¨ É uma efusão peritoneal. 
¨ Ascite e aumento congestivo do baço corroboram com o volume abdominal anormal 
do cirrótico. 
Mecanismo hidrostático: 
aumento da pressão portal 
repercute em congestão 
sanguínea, edema, efusão. 
Drenagem linfática não 
consegue drenar: edema 
ou efusão por diminuição 
da pressão coloidosmótica 
(fígado que mantinha essa 
pressão). 
Quando tira a ascite, tira-se 
também as proteínas, 
sendo assim prejudicial. 
 
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Peritonite Bacteriana “Espontânea”: 
¨ Complicação grave associada `ascite, observada em 10-30% dos pacientes cirróticos 
em regime hospitalar, sendo letal em até 40% dos casos. 
¨ Definida pela presença, no líquido ascítico, de bactérias oriundas do lúmen intestinal: E. 
coli em 70% dos casos. 
¨ A estase venosa associada a uma típica hipomotilidade (endotoxinas, disfunção 
autonômica) enfraquecem a barreira intestinal, favorecendo o supercrescimento e 
translocação bacterianas. 
© Hipomotilidade: disfunção da peristalse. 
© Intestino parado= proliferação bacteriana. 
© Estase abdominal enfraquece a barreira, pode causar edema. 
© Translocação: conquista do ambiente subepitelial (interior da mucosa) tendo acesso 
a circulação linfática e sanguínea e por “carona” caem na cavidade peritoneal, 
sendo um problema grande pois a cavidade é estéril- peritonite. 
¨ Febre e dor abdominal levantam a suspeita. 
Neoplasias 
 
Hemangioma 
¨ Neoplasia benigna mais comum do fígado. 
¨ Observado em qualquer idade. 
¨ Tipicamente subclínico (achado incidental), mas lesões grandes podem ser sintomáticas 
(compressão de órgãos vizinhos). 
¨ Tumor vascular de capilares sanguíneos. 
¨ Diagnóstico presuntivo por métodos de imagem, não indicada biópsia: hemorragia. 
¨ Em geral solitário e menor que 2 cm, em situação subcapsular. 
¨ À microscopia, com eventuais focos de calcificação: lesões antigas. 
Adenoma 
¨ Neoplasia benigna do parênquima hepático (hepatócitos). 
¨ 90% dos casos em mulheres jovens (20-40 anos). 
¨ Forte associação com o uso de contraceptivos hormonais (risco aumentado de 40x) e 
androgênios. 
¨ Crescentemente observado no contexto de hepatopatia gordurosa não alcoólica: 
obesidade. 
¨ Risco de malignização (5% dos casos), especialmente em homens. 
¨ Em geral subclínico, mas pode cursas com dor abdominal aguda por hemorragia 
intratumoral/peritoneal (potencialmente letal). 
¨ Mutações dos genes HNF1 alpha ou CTNB1- esse último mais em homens (não cai!). 
¨ Nódulo em geral solitário e com contornos bem definidos, menor que 2cm (pode 
ultrapassar 10 cm). 
¨ À microscopia, as células tumorais podem exibir esteatose e graus variáveis de atípia. 
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Carcinoma Hepatocelular 
¨ Neoplasia maligna primária mais frequente do fígado (75% dos casos). 
© Secundária seria as metástases. 
¨ Sexta malignidade (não cutânea) mais comum no mundo e a terceira com maior 
mortalidade. 
¨ Maioria homens (quinta maior causa de morte masculina no mundo), com diagnóstico 
em geral após os 60 anos. 
¨ Etilismo, tabagismo e obesidade são importantes fatores de risco. 
¨ Frequentemente associado à hepatopatia por álcool, vírus B/C, particularmente no 
contexto de cirrose. 
¨ Em geral avançada ao diagnóstico (evolução insidiosa). 
¨ Diagnóstico presuntivo baseado em achados radiológicos. 
¨ Patogênese complexa e parcialmente compreendida. 
¨ Corroborada pelos persistentes ciclos de lesão-inflamação-reparo-fibrose: hepatopatias 
crônicas. 
¨ Na hepatopatia alcoólica, provavelmente favorecida pela atuação tóxica do 
acetaldeído e outros subprodutos (radicais livres) do metabolismo do etanol. 
¨ Na hemocromatose, favorecida pela atuação genotóxica, direta ou indireta do Ferro. 
¨ No contexto de infecção crônica, teoriza-se sobre possíveis interferências diretas do vírus 
no genoma. 
¨ Apresentação variável: de massa única, com grande volume, até múltiplos nódulos em 
todo o órgão. 
¨ Metástases (intra ou extra-hepáticas) em geral via invasão da circulação venosa 
(pulmões e ossos são sítios comuns). 
© Esqueleto é um alvo frequente de metástases neoplásicas. 
¨ Micronódulos cirróticos (cirrose micronodular) misturado com pequenos focos de 
neoplasia disseminada.

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