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Aula 9 Sistema Digestório Fígado ¨ Hipocôndrio direito/epigástrio, face pósteroinferior modelada por órgãos vizinhos: rim e suprarrenal direita, flexura cólica direitas, v. cava inferior, vesícula biliar, duodeno, esôfago, fundo gástrico. ¨ Irrigação: a. hepática própria (30%) e v. porta (70%). ¨ Drenagem venosa: vv. Hepática (cava inferior). ¨ Microestrutura clássica: hepatócitos (epiteliócitos hepáticos). Organizados em lóbulos, unidade morfofuncionais, poligonais venocentrados. ¨ Veia centrolobular: centro que ramifica os lóbulos. ¨ Tríade portal (ducto colédoco, artéria hepática e veia porta) se localiza no vértice dos lóbulos hepáticos. ¨ Capaz de modificar substâncias diversas, importante no metabolismo energético. ¨ Sintetiza as proteínas plasmáticas (albuminas, globulinas, fatores de coagulação, complemento), fosfolipídios e esteroides. ¨ Produz a bile: adjuvante na digestão/absorção de lipídios. ¨ “fiscaliza” o sangue portal por meio dos macrofagócitos/ Kuppfer (células sentinelas). ¨ Notável capacidade regenerativa e grande reserva funcional. ¨ Fígado doente- insuficiência hepática- fenômenos hemorrágicos, transporte de proteínas danificado, problema na síntese de esteroides, lipídeos. ¨ A maioria drena pelo sistema porta (os rins drenam para a veia cava inferior). © Fiscalização grande por seu papel importante. Hepatites ¨ Elevação de transaminases séricas (enzimas que participam do funcionamento dos hepatócitos) é característica. Hepatócito lesionado- libera enzimas para o meio extracelular mais que o normal- havendo necrose e morte dos hepatócitos. Gabriela Rachadel Lohn Aula 9 ¨ Inflamações agudas ou crônicas do fígado. ¨ Principais causas (não raramente sobrepostas): infecção, álcool, medicamentos, distúrbios metabólicos, autoimunidade. ¨ Manifestações clínicas incluem icterícia, dor no hipocôndrio direito (extensão da capsula por seu tamanho elevado), hepatomegalia. Hepatites Virais ¨ Doenças primárias mais comuns do fígado, problema global de saúde pública, ¨ Causadas especialmente pelos vírus “A”, “B” e “C” *** (EBV, CMV, HSV são agentes em potencial). ¨ Confirmação do diagnóstico é laboratorial: pesquisa de antígenos e anticorpos específicos e DNA/RNA viral. ¨ Além das possíveis manifestações de hepatites, pode haver sintomas gripais associados (febre, mioartralgias, prostração). ¨ Manifestações de insuficiência hepática podem sobreviver nos casos agudos ou crônicos severos. ¨ A cronificação aumenta o risco de doença maligna hepática: carcinoma hepatocelular. ¨ A internalização do vírus e a lesão/necrose de hepatócitos deflagra resposta imunoinflamatória que recruta especialmente leucócitos monomorfonucleares. © Muitos hepatócitos mortos pela resposta inflamatória. ¨ A morte de hepatócitos ocorre tanto por necrose quanto por apoptose (provavelmente mediada por linfócitos T). © Monócitos e linfócitos. ¨ Alterações morfológicas soa similares entre si, de severidade variável. ¨ Na doença aguda observa-se tipicamente: © Infiltrado monomorfonucleares, por vezes escasso © Importante aumento do volume dos hepatócitos: balonização, secundaria ao edema intracelular e danos ao citoesqueleto. ® Hepatócitos balonizados: Hepatócitos sofrendo tumefação ® A balonização pode ou não ter danos no citoesqueleto, diferente da tumefação. © Áreas de necrose e focos de apoptose de hepatócitos. © Vias biliares danificadas, que podem exibir-se dilatadas pelo acúmulo de bile (colestase intra-hepática) - icterícia. © Focos de regeneração de hepatócitos: aglomerados. ¨ Hepatite crônica: © Destruição progressiva de tecido e fibrose. © Infiltrado monomorfonucleares denso (monócitos e linfócitos), especialmente nos espaços-porta e adjacências. Hepatite A ¨ Causada pelo vírus “A” (HAV) um vírus hepatotrópicos de RNA. ¨ Transmissão em geral fecal-oral: mas condições sanitárias. Hepatopatias virais tem risco de causar cirrose Aula 9 ¨ Áreas endêmicas em todo o mundo. Acomete tipicamente crianças e jovens. ¨ Incubação média de 30 dias- é uma doença aguda*** não existe crônica, pode ser subaguda. ¨ É autolimitada (não cronifica) e raramente letal. ¨ Infecção em geral é subclínica e gera imunidade (não há condição de portador). ¨ Disponível vacina. Hepatite B ¨ Causada pelo vírus “B” (HBV), um vírus hepatotrópicos de DNA. ¨ É um vírus mais complexo***. ¨ Transmissão pelo sangue ou fluídos contaminados, principalmente saliva e esperma***. ¨ Estima-se que 1/3 da população mundial já teve contato com o vírus e que 240 milhões de pessoas tenham infecção crônica pelo HBV. ¨ Disponível vacina, mas não tratamento curativo. ¨ Sexo, parto, procedimentos médicos ou não, com pérfurocortantes e uso de drogas injetáveis são possíveis meios de contaminação pelo HBV. ¨ Mãe pode transmitir para o filho. ¨ Incubação média de 60 dias. ¨ A partir do contato com o vírus B: © 65% dos indivíduos permanecerão assintomáticos (infecção subclínica) e eliminarão o vírus (fica imune). © 25% irão ter doença aguda e evoluirão para cura em sua maioria tendo também imunidade (falência hepática e óbito 1%). © 5-10% não eliminarão o vírus, evoluindo para a doença crônica (maioria) ou estado de portador assintomático (sem evidências de atividade viral). ® Presença do vírus no corpo, mas sem sinais indiretos de lesão hepática como as transaminases. ¨ Quanto mais precoce o contágio, maior a chance de cronificação (até 60% em menores de 5 anos e até 90% em neonatos). ¨ 20-30% dos indivíduos cronicamente infectados progridem para cirrose hepática. ¨ A doença crônica aumenta os riscos de doença maligna hepática: carcinoma hepatocelular. ¨ Clinicamente relevantes***: © HBsAg: antígeno de superfície (camada externa). © HBcAg: antígeno do cerne (camada interna). © HbeAg: antígeno presente entre as camadas externa e interna. ¨ HbsAg: indica se há ou não presença do vírus B no corpo. Se positivo por mais de 6 meses: cronicidade. © Exame de hepatite ¨ HbcAg: indica replicação viral ativa (não utilizado na prática clínica). ¨ HbeAg: indica replicação viral ativa. Pacientes que sabemos que tem hepatite B utiliza-se esse para monitoramento Aula 9 ¨ Anti-HBs: indica infecção resolvida ou vacinação (imunidade ao vírus B). © Vírus eliminado. ¨ Anti-HBc (IgM): indica contato recente com o vírus propriamente dito (vacina não). ¨ Anti-HBc (IgG): indica contato prévio com o vírus, que pode ou não ter sido eliminado. ¨ Anti-HBe: indica ocorrência prévia de replicação viral (vindo do HbeAg). Hepatite C ¨ Causado pelo vírus “C” (HCV), um vírus hepatotrópico de RNA, mais simples. ¨ Transmitido por sangue contaminado. ¨ Estima-se que 70 milhões de pessoas no mundo tenham infecção crônica pelo HCV. ¨ Não há vacina, porém, o tratamento é potencialmente curativo. ¨ Uso de drogas injetáveis e procedimentos médicos ou não com pérfurocortantes são os principais meios de contaminação. ¨ A transmissão sexual ou vertical é possível, mas menos frequente. ¨ Incubação média de 60 dias, ¨ Infecção pode gerar doença aguda ou permanecer subclínica (maioria). ¨ 80-90% dos indivíduos desenvolvem doença crônica. ¨ 30% dos infectados evoluem para cirrose hepática. ¨ Doença crônica aumenta os riscos de doença maligna hepática: carcinoma hepatocelular. ¨ Presença de anticorpo (anti-HCV) indica contato com o vírus, mas não permite definir se infecção aguda, crônica ou resolvida- necessário estudo molecular com pesquisa de RNA viral. © Anti-HCV positivo tem grande chance de ter ele no corpo, menor probabilidade de ter sido resolvida. Hepatopatia induzida por drogas ou outros agentes químicos ¨ Álcool: principal causa crônica. ¨ AINEs: principal causa aguda. ¨ Praticamente todas as classes de drogas tem potencial de induzir hepatopatias. Ex: antidepressivos, contraceptivos, anti-inflamatório, antirretrovirais, anticonvulsivantes, anti- hipertensivos, antiarrítmicos,agrotóxicos, cosméticos etc. ¨ Efeitos podem ser previsíveis e dose-dependentes ou idiossincrásicos. © Ao passar determinada dose pode ser tóxica para o indivíduo. ¨ A combinação de substâncias pode potencializar sua toxicidade. © Ex: álcool potencializa a toxicidade do tabaco. ¨ Evolução aguda (potencialmente fulminantes) ou crônica ¨ A agressão se dá por estímulo direto ou indireto (via metabólitos) aos hepatócitos ou pela formação de complexos antigênicos. ¨ Sempre deve ser considerada no contexto de doença hepática. Hepatopatia induzida pelo paracetamol (acetaminofeno): ¨ AINE amplamente utilizado na medicina. Aula 9 ¨ Principal causa de intoxicação hepática aguda/falência hepática aguda. ¨ Geralmente tentativas de suicídio ou uso em combinação com álcool. ¨ Risco dose-dependente, mas reportam0se casos em doses terapêuticas. ¨ A injúria (dano aos hepatócitos) advém especialmente da formação excessiva do metabólito tóxico N-acetil-p-benzoquinona, que se liga a proteínas mitocondriais e prejudica a cadeia respiratória- depleção de ATP. ¨ Atividade do P450 2E1 faz com que alguns apresentem maior propensão de ter essa toxicidade. ¨ Pela glutationa*** converte a benzoquinosa para metabólitos não tóxicos. ¨ Álcool potencializa a toxicidade e diminui a atividade da glutationa: ativa mais benzoquinona e diminui sua transformação em metabólitos não tóxicos. ¨ Observa-se necrose perivenular (que pode comprometer todo o lóbulo, nos casos mais severos), hemorragia, congestão capilar e alguma esteatose. © Quando não se vê o núcleo da célula= necrose. Hepatopatia Alcoólica: ¨ Importante causa de morbidade e mortalidade no mundo. ¨ Infecção por vírus B e/ou C agravam a doença. ¨ Maioria homens, porém mulheres são mais susceptíveis (fígado mais sensível ao dado do álcool). ¨ Em geral evolução crônica. ¨ Associada a prejuízos sistêmicos e psicossociais, gerando grande impacto à saúde/economia pública. ¨ O consumo de 80g de álcool no intervalo de 1-7 dias já é capaz e provocar alterações morfológicas no fígado. ¨ O consumo prolongado (anos) pode acarretar danos drásticos e praticamente irreversíveis (cirrose), além de aumentar o risco de doença maligna hepática: carcinoma hepatocelular. ¨ A “dose padrão” de bebida alcoólica conforme OMS, contém 10-12 g de etanol= 330ml de cerveja, 100ml de vinho, 30ml de destilado. ¨ Patogênese parcialmente elucidada, evolvendo múltiplos mecanismos Aula 9 © A atividade da álcool desidrogenase (etanol em acetaldeído) consome a coenzima NAD+, cuja depleção prejudica o metabolismo de ácidos graxos, acarretando seu acúmulo no citoplasma (degeneração lipídica= esteatose) e impõe severos prejuízos ao metabolismo energético nos hepatócitos. ® Processo reversível. ® O fígado esteatótico exibe-se amarelado e avolumado, podendo atingir 2-3 vezes seu peso normal em virtude de acúmulos intra-citoplasmáticos de microgotículas lipídicas. © A atividade concomitante da CYP2E1 (etanol em acetaldeído) e subsequente da aldeído desidrogenase produzem radicais livres como subprodutos. © O acetaldeído está implicado na imposição de danos aos hepatócitos, ao interagir com moléculas diversas, prejuízos à membrana, transporte, atividade enzimática, formação de complexos antigênicos. © O álcool estimula a liberação de endotelina (um vasoconstrictor) pelo endotélio dos sinusoides hepáticos, prejudicando a microcirculação do órgão. © A lesão/necrose de hepatócitos, por qualquer dos mecanismos considerados, invoca resposta inflamatória que contribui com danos colaterais ao tecido. © O álcool aumenta a permeabilidade intestinal a toxinas bacterianas, que induzem, no fígado, atividade pró-inflamatória adicional de macrofagócitos. ¨ Hepatite alcoólica pode exibir balonização de hepatócitos e infiltrado inflamatório misto, representado por neutrófilos e linfócitos, com presença variável de esteatose macro e microvesicular (grande ou pequenos vacúolos). ¨ A manutenção do consumo de álcool sustenta os mecanismos de lesão e favorece a progressão à cirrose hepática. © Tendência do fígado se recuperar. ¨ A interrupção do consumo de álcool pode resultar em remissão gradual da doença, exceto, como regra, se houver fibrose exuberante. ¨ A exposição ao álcool evoca morfopáticos de gravidade variável, que podem se sobrepor, caracterizando os estados de esteatose hepática, hepatite propriamente dita e cirrose hepática. ¨ Indivíduo não precisa passar por uma fase para chegar a outra. Pode ter uma hepatite franca sem ter uma fase prévia de esteatose, por exemplo. ¨ Os indivíduos da esteatose não precisam passar por uma fase de hepatite para evoluir para um estado de cirrose. Aula 9 Hepatopatia Gordurosa não alcoólica ¨ Definida pela presença de esteatose hepática (>5%) não relacionada ao consumo de álcool (<20 g/sem). ¨ Observada em 30-50% da população adulta (índices crescentes). ¨ Em geral há contexto de síndrome metabólica: sobrepeso/obesidade (sobretudo visceral), dislipidemia, hiperglicemia, hipertensão arterial. ¨ Em geral assintomática (contexto clínico, transaminases elevadas e alterações radiológicas típicas favorecem o diagnóstico). ¨ O tecido adiposo em excesso associa-se em um aumento de citocinas pró-inflamatórias circulantes (IL-6, TNF-alpha) e maior estresse oxidativo (aos quais o fígado esteatótico é particularmente sensível). ¨ 10-20% dos casos evoluem à esteato-hepatite (NASH), com potencial para cirrose e risco aumentado para doença maligna hepática. ¨ As alterações morfológicas assemelham-se às da (esteato-)hepatite alcoólica. ¨ Aspecto microscópico da esteatose e esteato-hepatite não alcoólicas: balonização, infiltrado, inflamatório misto. Hepatopatia por sobrecarga de ferro: ¨ O fígado é o órgão mais precocemente afetado quando há excesso de ferro circulante, que é tóxico em excesso aos tecidos. ¨ As causas do excesso podem ser genéticas ou adquiridas (transfusões repetidas, ingesta elevada). ¨ A hemocromatose hereditária é a anormalidade autoss6omica recessiva mais comum em humanos (1:200-400 indivíduos, principalmente homens). © Menos em mulheres pois elas perdem ferro no período menstrual. ¨ Quando clinicamente manifesta, os sinais/sintomas são tardios. ¨ A hepcidina é a principal reguladora da absorção intestinal de ferro (mais hepcidina, menos ferro), cuja síntese é regulada pela proteína HFE. ¨ Mutações no gene que expressa a proteína HFE (em geral a C282y) podem torná-la inativa, prejudicando a síntese de hepcidina e ocasionando maior absorção de ferro: hemocromatose hereditária. Aula 9 ¨ O acúmulo de ferro favorece a formação de radicais livres altamente reativos (lesão celular). ¨ O ferro em excesso potencializa mecanismos de fibrose ao estimular a atividade de células perissinusoidais. ¨ A interação do próprio ferro com o DNA resulta em danos e eleva os riscos (200x) de doença maligna hepática (carcinoma hepatocelular). ¨ Quanto mais ferro no hepatócito mais formação de radicais de hidroxila (OH-). ¨ Observa-se inicialmente acúmulo de grânulos de hemossiderina (ferro) nos hepatócitos periportais, que gradualmente progride para todo o lóbulo. ¨ Macrofagócitos e colangiócitos também acumulam ferro. ¨ Não se observa resposta inflamatória significativa. ¨ A persistência do estímulo leva à fibrose, que pode culminar com cirrose. ¨ O pâncreas, o miocárdio, as membranas sinoviais e os testículos também podem exibir efeitos da sobrecarga (fibrose e atrofia progressiva). Cirrose Hepática ¨ Complicação possível e grave das hepatopatias crônicas. ¨ Associa-se principalmente às hepatites alcoólicas e por vírus B ou C. ¨ Frequentemente presente no contexto de falência hepática crônica ¨ 40% dos casos tardam a manifestar-se clinicamente, ¨ As manifestações refletem a deterioração gradual das funções hepáticas e complicações fisiopatológicas. ¨ Associa-se a risco aumentado para malignidadehepática: carcinoma hepatocelular. ¨ Resulta de um processo crônico, difuso e acentuado de fibrose, que se acompanha da perda progressiva de tecido funcional. ¨ Traves espessas de fibras colágenas se interconectam delimitando “ilhas” de parênquima em regeneração, deformando a arquitetura do órgão e conferindo-lhe um aspecto multinodular. ¨ Patologia: espessas traves fibrosas interconectadas entre si, isolando ilhas de áreas modulares de parênquimas hepáticos. Aula 9 © Espessamento por causa da síntese de fibras. © Grande desorganização. ¨ Acompanha-se de perda de leitos vasculares (destruição estromal) e deterioração da circulação trans-hepática, o que leva à hipertensão portal. ¨ Fenômeno teoricamente reversível (cessado o insulto), embora infrequente na prática. Hipertensão Portal ¨ Importante repercussão fisiopatológica da cirrose, mas não exclusiva dela, definida por um gradiente de pressão venosa (porta-cava) > 5mmHg. ¨ A resistência aumentada ao fluxo portal trans-hepático resulta da perda de leitos vasculares, compressão distorção vascular, fistulizações arteriovenosas e aumento do tônus capilar: menos NO (vasodilatador), mais endotelina (vasoconstrictor). © Fígado destruído perde massa de hepatócitos e também massa muscular. © Distorção vascular aumenta a resistência ao fluxo. © Vasos danificados/lesionados sofre reparo: fistulizações (aderência entre dois vasos- artéria e veia). ¨ Dificulta a drenagem venosa da maioria das vísceras abdominais, congestionando sua circulação e impondo desvios porto-sistêmicos. ¨ Principais desdobramentos: varizes portocavais, encefalopatia hepática, ascite e esplenomegalia congestiva. © Pode ter edema e efusões. ¨ Plexos retais, veias retais que drenam as veias mesentéricas superiores e veias ilíacas internas, esse fluxo que iria pela veia porta encontra outro caminho- circulação ilíaca interna. Isso repercute em outras tributárias como na coxa, região inferior do abdome. © Desvios para que consiga voltar para a circulação sistêmica. © Veias sobrecarregadas por serem fracas (tem menos fibras do que a artéria) faz com que elas tenham dilatações, prejudicando o fluxo- veias tortuosas, dilatadas= varizes. ¨ Varizes portocavais: vv. Periumbilicais, V. epigástrica superior, V. tóracoepigástrica. ¨ A rotura de varizes esofagogástricas (hematêmese, melena) é a mais grave complicação, sendo letal em 30-50% dos casos. Aula 9 © Varizes esofágicas, varizes gástricas, varizes retais. © Pode fazer choque hemorrágico e ir a óbito. ¨ Pressão intravenosa grande principalmente por causa de artéria. ¨ Principal causa de hipertensão portal: cirrose hepática. Encefalopatia Hepática: ¨ Perturbação (reversível) das funções neuropsíquicas (desorientação, rebaixamento da consciência, mudança de comportamento), no contexto da doença hepática severa. ¨ Um dos mecanismos propostos implica o desvio porto-sistêmico de metabólitos intestinais da rota de desintoxicação hepática, favorecendo sua distribuição a outros tecidos. © Metabólitos tóxicos não vão para o fígado. ¨ A amônia, em especial, produzida por enterócitos e bactérias luminais, acumula-se no cérebro, onde exerce efeitos neurotóxicos. Ascite: ¨ Acúmulo de linfa na cavidade peritoneal, favorecido pela hipertensão portal e corroborado por uma pressão coloidosmótica reduzida (pela produção hepática insuficiente de proteínas plasmáticas). ¨ Inicialmente pacientes tem hepatomegalia, esplenomegalia (pode se manter por ser congestivo). ¨ Grandes tributárias da veia porta: mesentérica superior e a veia esplênica, que são as que mais sofrem e causam maior ascite. ¨ Clinicamente evidente a partir de 500ml. ¨ É uma efusão peritoneal. ¨ Ascite e aumento congestivo do baço corroboram com o volume abdominal anormal do cirrótico. Mecanismo hidrostático: aumento da pressão portal repercute em congestão sanguínea, edema, efusão. Drenagem linfática não consegue drenar: edema ou efusão por diminuição da pressão coloidosmótica (fígado que mantinha essa pressão). Quando tira a ascite, tira-se também as proteínas, sendo assim prejudicial. Aula 9 Peritonite Bacteriana “Espontânea”: ¨ Complicação grave associada `ascite, observada em 10-30% dos pacientes cirróticos em regime hospitalar, sendo letal em até 40% dos casos. ¨ Definida pela presença, no líquido ascítico, de bactérias oriundas do lúmen intestinal: E. coli em 70% dos casos. ¨ A estase venosa associada a uma típica hipomotilidade (endotoxinas, disfunção autonômica) enfraquecem a barreira intestinal, favorecendo o supercrescimento e translocação bacterianas. © Hipomotilidade: disfunção da peristalse. © Intestino parado= proliferação bacteriana. © Estase abdominal enfraquece a barreira, pode causar edema. © Translocação: conquista do ambiente subepitelial (interior da mucosa) tendo acesso a circulação linfática e sanguínea e por “carona” caem na cavidade peritoneal, sendo um problema grande pois a cavidade é estéril- peritonite. ¨ Febre e dor abdominal levantam a suspeita. Neoplasias Hemangioma ¨ Neoplasia benigna mais comum do fígado. ¨ Observado em qualquer idade. ¨ Tipicamente subclínico (achado incidental), mas lesões grandes podem ser sintomáticas (compressão de órgãos vizinhos). ¨ Tumor vascular de capilares sanguíneos. ¨ Diagnóstico presuntivo por métodos de imagem, não indicada biópsia: hemorragia. ¨ Em geral solitário e menor que 2 cm, em situação subcapsular. ¨ À microscopia, com eventuais focos de calcificação: lesões antigas. Adenoma ¨ Neoplasia benigna do parênquima hepático (hepatócitos). ¨ 90% dos casos em mulheres jovens (20-40 anos). ¨ Forte associação com o uso de contraceptivos hormonais (risco aumentado de 40x) e androgênios. ¨ Crescentemente observado no contexto de hepatopatia gordurosa não alcoólica: obesidade. ¨ Risco de malignização (5% dos casos), especialmente em homens. ¨ Em geral subclínico, mas pode cursas com dor abdominal aguda por hemorragia intratumoral/peritoneal (potencialmente letal). ¨ Mutações dos genes HNF1 alpha ou CTNB1- esse último mais em homens (não cai!). ¨ Nódulo em geral solitário e com contornos bem definidos, menor que 2cm (pode ultrapassar 10 cm). ¨ À microscopia, as células tumorais podem exibir esteatose e graus variáveis de atípia. Aula 9 Carcinoma Hepatocelular ¨ Neoplasia maligna primária mais frequente do fígado (75% dos casos). © Secundária seria as metástases. ¨ Sexta malignidade (não cutânea) mais comum no mundo e a terceira com maior mortalidade. ¨ Maioria homens (quinta maior causa de morte masculina no mundo), com diagnóstico em geral após os 60 anos. ¨ Etilismo, tabagismo e obesidade são importantes fatores de risco. ¨ Frequentemente associado à hepatopatia por álcool, vírus B/C, particularmente no contexto de cirrose. ¨ Em geral avançada ao diagnóstico (evolução insidiosa). ¨ Diagnóstico presuntivo baseado em achados radiológicos. ¨ Patogênese complexa e parcialmente compreendida. ¨ Corroborada pelos persistentes ciclos de lesão-inflamação-reparo-fibrose: hepatopatias crônicas. ¨ Na hepatopatia alcoólica, provavelmente favorecida pela atuação tóxica do acetaldeído e outros subprodutos (radicais livres) do metabolismo do etanol. ¨ Na hemocromatose, favorecida pela atuação genotóxica, direta ou indireta do Ferro. ¨ No contexto de infecção crônica, teoriza-se sobre possíveis interferências diretas do vírus no genoma. ¨ Apresentação variável: de massa única, com grande volume, até múltiplos nódulos em todo o órgão. ¨ Metástases (intra ou extra-hepáticas) em geral via invasão da circulação venosa (pulmões e ossos são sítios comuns). © Esqueleto é um alvo frequente de metástases neoplásicas. ¨ Micronódulos cirróticos (cirrose micronodular) misturado com pequenos focos de neoplasia disseminada.
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