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PATOLOGIAS EM GINECOLOGIA VULVOVAGINITES (Vaginose Bacteriana, Candidíase Vulvovaginal, Tricomoníase e Vaginose Citolítica), SANGRAMENTO UTERINO ANORMAL (SUA) E SINDRÓME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS (SOP)

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NICOLE MALHEIROS – MEDICINA 2022.1 
 
1 PATOLOGIAS EM GINECOLOGIA 
Vulvovaginites e vaginoses são as causas mais comuns de corrimento vaginal 
patológico e acometem o epitélio estratificado da vulva e/ou vagina, sendo 
responsáveis por inúmeras consultas aos ginecologistas. É o problema 
ginecológico mais comum na infância. Vulvite refere-se a prurido genital externo, 
ardor, hiperemia ou erupção cutânea. Vaginite implica inflamação da vagina, 
manifestando-se por corrimento com ou sem odor ou sangramento. Os agentes 
etiológicos mais frequentes são fungos, bactérias anaeróbicas em número 
aumentado, tricomonas (protozoário) e até mesmo um aumento exacerbado dos 
lactobacilos. 
 
Fatores que influenciam na suscetibilidade aos problemas vulvovaginais: 
 Em crianças: curta distância entre a vagina e o ânus, pequenos lábios pouco desenvolvidos, paredes himenais finas, 
ausência dos pelos pubianos, ausência dos coxins adiposos dos grandes lábios e vagina não estrogenizada. Os lactobacilos 
estão ausentes ou em pequeno número devido à baixa função endócrina ovariana. 
 Em geral: higiene inadequada da região vulvo-períneoanal, manipulação dos genitais, irritantes locais, sabonetes, roupas 
íntimas apertadas ou de nylon, contaminação com bactérias do trato respiratório, uso de fraldas e outros fatores de risco. 
É comumente desencadeada pelas precárias condições de higiene ou por irritantes genitais 
 
- Fisiopatologia – 
A secreção vaginal fisiológica é variável de mulher para mulher e pode sofrer interferência de fatores hormonais, orgânicos ou 
psíquicos. Essa secreção tem as seguintes características, fundamentais para diferenciar entre a secreção fisiológica ou 
patológica: 
 Secreção sebácea, esfoliação vaginal e cervical, secreção das glândulas de Bartholin e Skene; 
 Aspecto pode variar conforme a fase do ciclo menstrual; 
 pH normal abaixo de 4,5; 
 Microscopia normal: menos de 1 leucócito por campo e algumas clue cells; 
 Fluxo é branco e fluido. 
Na microbiota vaginal normal há predominância de lactobacilos com algumas bactérias, já nas vulvovaginites o número de 
lactobacilos é pequeno ou inexistente e o número de leucócitos e bactérias aumenta. 
 
- Diagnóstico Geral - 
A anamnese deve avaliar aspectos que possam favorecer o diagnóstico etiológico como prurido, ardor, hiperemia, corrimento: 
cor, odor, duração, quantidade e quais os procedimentos já realizados. Deve-se perguntar sobre hábitos urinários e 
intestinais, limpeza perineal (o ideal é de frente para trás), enurese e manipulação genital. Além disso, o uso de roupas 
apertadas ou de material sintético, absorventes, fraldas ou mesmo shampoos e sabonetes utilizados em banhos de banheira 
 
 
NICOLE MALHEIROS – MEDICINA 2022.1 
 
2 PATOLOGIAS EM GINECOLOGIA 
pode concorrer para irritações vulvovaginais. História pregressa de infecções sistêmicas (principalmente de vias aéreas 
superiores, gastrointestinais e dermatológicas) ou reações alérgicas também deve ser pesquisada. 
 
- Exame Clínico Geral- 
As características clínicas da vulvovaginite compreendem: corrimento vaginal (62% a 92%), hiperemia (82%), dor (74%), prurido 
(45% a 58%), disúria (19%) e sangramento (5% a 10%). Deve ser pesquisada a presença de edema, hiperemia, escoriações, 
fissuras, bem como de fezes ou secreções interlabiais, o que chama a atenção para a higiene inadequada. 
 
1. Vaginose bacteriana (VB) 
Sua patogênese está relacionada ao desequilíbrio da flora vaginal caracterizado 
pela substituição da flora microbiana saudável (dominada por Lactobacillus) por 
microbiota variável, composta por mistura de bactérias anaeróbias e facultativas. 
É a desordem mais frequente do trato genital inferior, entre mulheres em idade 
reprodutiva (grávidas e não grávidas), com uma prevalência que varia de 10 a 30% 
e a causa mais prevalente de corrimento vaginal com odor fétido. 
O quadro clínico caracteriza-se por corrimento de intensidade variável, 
acompanhado de odor vaginal fétido (caracterizado frequentemente como 
“odor de peixe” ou amoniacal). Por vezes, a paciente refere apenas o odor, 
estando o corrimento ausente. O odor fétido piora com o intercurso sexual 
desprotegido e durante a menstruação, devido à volatização de aminas 
aromáticas resultantes do metabolismo das bactérias anaeróbias pela 
alcalinidade do sêmen ou do sangue menstrual. Além disso, não há irritação nem inflamação vulvar ou vaginal. 
Apesar de muitos fatores de risco estarem relacionados à atividade sexual, a vaginose bacteriana não é considerada uma 
doença sexualmente transmissível, e não está indicado o tratamento do parceiro. 
Os fatores de risco para VB são variados: 
 Menstruação; 
 Estresse crônico; 
 Sexo vaginal desprotegido; 
 Sexo anal receptivo antes do sexo vaginal; 
 E sexo com parceiro não circuncisado. 
 Mulheres que fazem sexo com mulheres têm alta prevalência de VB (25% 
a 52%), de acordo com diferentes estudos (Marrazzo et al., 2010). 
 
Ao exame ginecológico, o conteúdo vaginal apresenta-se homogêneo, em quantidade variável (geralmente escassa, mas pode 
ser moderada ou abundante) e com coloração geralmente esbranquiçada, branco-acinzentada ou amarelada. Para o 
diagnóstico, foram propostos alguns critérios, os mais conhecidos e divulgados são os de Amsel (Figura 1) e os de Nugent (Figura 
2). 
 
 
NICOLE MALHEIROS – MEDICINA 2022.1 
 
3 PATOLOGIAS EM GINECOLOGIA 
Figura 2. Critério de Amsel 
 
 
 
 
 
 
 
O tratamento da VB visa eliminar os sintomas e reestabelecer o equilíbrio da flora vaginal fisiológica, principalmente pela 
redução dos anaeróbios. De acordo com o Center for Disease Control (CDC), o tratamento pode ser realizado com os esquemas 
a seguir: 
 Metronidazol 500 mg por via oral duas vezes ao dia durante sete dias OU 
 Metronidazol gel 0,75% – 5g (um aplicador) intravaginal ao deitar durante cinco dias OU 
 Clindamicina creme 2% – 5g (um aplicador) intravaginal ao deitar durante sete dias. 
Os efeitos colaterais dos imidazólicos podem incluir náuseas, vômitos, cefaleia, insônia, tontura, boca seca e gosto metálico. 
Recomendar abstenção de atividade sexual ou o uso de preservativos correta e consistentemente durante o tratamento. 
Lembrar que a clindamicina tem base oleosa e pode enfraquecer preservativos e diafragmas até cinco dias após o uso. Ainda, 
de acordo com o CDC, não se recomenda o uso de duchas para aliviar os sintomas. 
 
2. Candidíase Vulvovaginal (CVV): 
O agente causal é a Candida Albicans, podendo o restante ser devido às espécies 
não albicans. Durante a vida reprodutiva, 10 a 20% das mulheres podem ser 
colonizadas com candida sp, assintomáticas, NÃO REQUERENDO TRATAMENTO. 
A colonização vaginal por fungos parece ser hormôniodependente, já que é rara na 
infância e pós-menopausa e frequente na idade reprodutiva ou em mulheres em uso 
de terapia hormonal. Condições que alterem a concentração hormonal como 
gravidez e uso de contraceptivos de alta dosagem facilitam a proliferação dos fungos. 
A ingestão de antibióticos atua no mesmo sentido, provavelmente por alterar a flora 
protetora lactobaciliar. 
A maioria das candidíases vulvovaginais são classificadas como não-complicadas, as 
quais incluem os seguintes critérios: esporádica ou infrequente; leve a moderada; 
cujo provável agente é a Candida albicans e em pacientes não-
imunocomprometidas. A candidíase complicada inclui qualquer uma das seguintes 
características: infecção recorrente por cândida (4 ou mais surtos em um ano); infecção grave; candidíase não-albicans; 
diabetes não controlado; imunossupressão; debilidade ou gravidez. 
Sintomas alérgicos podem manifestar-se no trato genital por prurido e corrimento, sendo facilmente confundíveis com a 
candidíase, entre outros tipos de vulvovaginites. Entretanto, nessas situações, a pesquisa de fungos será negativa. 
Figura 1. Critério de Nugent 
 
 
NICOLE MALHEIROS – MEDICINA2022.1 
 
4 PATOLOGIAS EM GINECOLOGIA 
O quadro clínico da candidíase inclui: 
• Prurido 
• Ardência 
• Corrimento geralmente grumoso, sem odor, fluido ou com aspecto de “leite talhado”) e aderente à parede vaginal 
• Dispareunia de introito vaginal 
• Disúria externa 
Os sinais característicos são eritema e fissuras vulvares, corrimento grumoso, com placas aderidas à parede vaginal, de cor 
branca, edema vulvar, escoriações e lesões satélites, por vezes, pustulosas, pelo ato de coçar. 
O diagnóstico deve ser confirmado com uma citologia a fresco utilizando soro fisiológico e hidróxido de potássio a 10% para 
visibilizar a presença de hifas e /ou esporos dos fungos. Além disso, a CVV está associada ao pH normal vaginal (< 4.5). Se a 
citologia a fresco for negativa, 7 culturas vaginais específicas deveriam ser realizadas. 
Para o tratamento e prevenção de novos episódios, é importante a eliminação 
ou pelo menos o controle de fatores predisponentes como diabetes melitus 
descompensada, estados de imunossupressão, tabagismo, distúrbios 
alimentares com excesso de ingestão de hidratos de carbono, hábitos de higiene 
ou vestuário inadequados, estresse excessivo e outros fatores, se presentes. 
Para o tratamento da candidíase complicada podem ser utilizados agentes 
tópicos por período de 7 a 14 dias ou antifúngico por via oral (fluconazol 150 mg) 
em um total de três doses, com intervalos de três dias. Após a remissão dos 
episódios agudos, recomendam-se esquemas de supressão utilizando um 
comprimido de fluconazol (150 mg) uma vez por semana, durante seis meses. 
Outra alternativa são os tratamentos por via local, de maneira intermitente. Após 
o término do tratamento supressivo, aproximadamente 50% das mulheres 
permanecem livres dos episódios recorrentes. 
Até o momento não existem dados que orientem sobre o tratamento dos 
parceiros sexuais. Entretanto, nos casos de candidíase recidivante, questiona-se 
se a redução da população de fungos no trato genital masculino eventualmente 
poderia trazer algum benefício. 
 
3. Tricomoníase 
É a infecção sexualmente transmissível não viral mais comum no mundo. A incidência depende de vários fatores como: idade, 
atividade sexual, número de parceiros sexuais, sexo desprotegido, outras ISTs e condições socioeconômicas. 
Aproximadamente um terço das mulheres infectadas são assintomáticas e a infecção pode persistir por meses ou anos. Os 
homens, por geralmente apresentarem menos sintomas do que as mulheres, servem como vetores assintomáticos da infecção. 
A transmissão é predominantemente sexual, embora raramente possam ocorrer outras formas, pois o parasita pode 
sobreviver fora de seu habitat por algumas horas em condições de umidade. Ele deve adquirir nutrientes do meio externo para 
sua sobrevivência e consegue isso fagocitando fungos, vírus e bactérias como Micoplasmas, Chlamydia trachomatis, Neisseria 
 
 
NICOLE MALHEIROS – MEDICINA 2022.1 
 
5 PATOLOGIAS EM GINECOLOGIA 
gonorrhoeae, transportando-os ao trato genital superior e facilitando, 
assim, o aparecimento de doença inflamatória pélvica. Por afetar a ecologia 
vaginal e alterar sua flora, ela pode provocar uma vaginose bacteriana e 
facilitar a transmissão e aquisição do HIV. 
Os sintomas mais clássicos são: 
 Corrimento geralmente profuso, amarelado ou amarelo-esverdeado, 
frequentemente acompanhado de ardor genital; 
 Sensação de queimação, disúria e dispareunia; 
 Os sintomas acentuam-se no período pós-menstrual devido à elevação 
do pH vaginal e à aquisição de ferro da hemoglobina pelo parasita, o 
que aumenta sua virulência. 
 É importante lembrar que em muitas mulheres os sintomas podem ser discretos ou mesmo ausentes. 
Ao exame ginecológico, geralmente se observam-se: hiperemia (aumento do fluxo sanguíneo na região) dos genitais externos 
e presença de corrimento espesso, de aspecto purulento, exteriorizando-se pela fenda vulvar. Ao exame especular, verifica-se 
aumento do conteúdo vaginal, de coloração amarelada ou amarelo-esverdeada, por vezes acompanhado de pequenas bolhas. 
As paredes vaginais e a ectocérvice (parte externa do colo, que fica em contato com a vagina) apresentam-se hiperemiadas, 
observando-se ocasionalmente o “colo uterino com aspecto de morango” (colpitis maculáreis), devido às pequenas sufusões 
hemorrágicas. 
No homem a infecção pode ser apenas uma uretrite subaguda, até assintomática em 60% 31 dos casos, porém contagiosa, 
raramente complicando com epididimite e prostatite. Por ser uma IST, o tratamento do parceiro é IMPORTANTE! 
De acordo com o CDC, os regimes para tratamento são apresentados a seguir: 
 Recomendados: Metronidazol – 2g via oral em dose única OU Tinidazol – 2g via oral em dose única. 
 Alternativo: Metronidazol – 500 mg via oral a cada 12 horas durante sete dias. 
Restrições ao consumo de álcool devem ser observadas durante 24 horas após o uso de metronidazol e 72 horas após o uso 
de tinidazol. 
 
4. Vaginose Citolítica 
Algumas mulheres, por razões desconhecidas, apresentam proliferação excessiva de 
Lactobacillus, o que danifica o epitélio vaginal, diminui o pH e leva ao aparecimento 
de sintomas clínicos como corrimento geralmente abundante, prurido, sensação de 
queimação, desconforto e, eventualmente, dispareunia (dor genital associada à 
relação sexual). Tal condição, denominada de vaginose citolítica, é causa de 
vulvovaginite cíclica em mulheres na idade reprodutiva. A exacerbação dos sintomas 
ocorre na fase lútea do ciclo e particularmente no período pré-menstrual. 
Importante ressaltar que a vaginose citolítica é frequentemente confundida com 
candidíase, pois os sintomas são semelhantes e ambas as situações se acentuam no 
período pré-menstrual. Daí a importância do correto diagnóstico de ambas as 
afecções, utilizando-se o laboratório e, consequentemente, ministrando o 
tratamento adequado. 
 
 
NICOLE MALHEIROS – MEDICINA 2022.1 
 
6 PATOLOGIAS EM GINECOLOGIA 
O diagnóstico baseia-se nos sintomas clínicos (corrimento esbranquiçado e abundante), prurido, eventualmente ardor, 
queimação, disúria, dispareunia, com maior intensidade no período pré-menstrual. 
Ao exame clínico, observa-se o conteúdo vaginal geralmente aumentado, de aspecto flocular, fluido ou em grumos, aderente 
ou não às paredes vaginais. Sinais inflamatórios podem estar presentes devido à irritação da mucosa causada pelos detritos 
celulares e acidez excessiva. A medida do pH revela-se geralmente menor ou igual a 4. 
A bacterioscopia do conteúdo vaginal (Gram) revela aumento excessivo na população lactobaciliar (maior que 1.000 por campo 
de imersão). Importante ressaltar que não são encontrados elementos fúngicos (hifas e/ou esporos). Sempre que possível, 
recomenda-se realizar a cultura para fungos, que, quando negativa e diante dos achados da bacterioscopia anteriormente 
mencionados, confirmará o diagnóstico de vaginose citolítica. 
Não existe um tratamento específico para a afecção, já que a etiopatogenia não é conhecida. Recomenda-se a utilização de 
medidas que, pelo menos temporariamente, alcalizem o meio vaginal, como o uso de duchas vaginais com bicarbonato de 
sódio, particularmente no período pré-menstrual. Algumas mulheres apresentam boa resposta após a utilização de tais duchas 
por alguns ciclos, enquanto outras tornam a apresentar episódios recidivantes. 
 
O sangramento uterino anormal (SUA) é um distúrbio em que um ou mais dos parâmetros do sangramento uterino normal 
(fluxo menstrual com duração de três a oito dias, com perda sanguínea de 5 a 80 mL e ciclo que varia entre 24 e 38 dias) está 
alterado: quantidade, duração ou frequência. 
O SUA também é definido como perda menstrual excessiva com repercussões físicas, emocionais, sociais e materiais na 
qualidade de vida da mulher, que podem ocorrer isoladamente ou em combinação com outros sintomas. 
A Federação Internacional Ginecologia Obstetrícia (FIGO) desenvolveuum acrônimo denominado PALM-COEIN para a 
classificação das causas de SUA. São nove categorias dispostas de acordo com a sigla PALM-COEIN: pólipo; adenomiose; 
leiomioma; malignidade e hiperplasia do endométrio; coagulopatia; disfunção ovulatória; endometrial; iatrogênica e causas 
não classificadas 
P – PÓLIPO: A prevalência dos pólipos endometriais varia de 7,8% a 34%, em mulheres com SUA, sendo mais comuns em 
mulheres na peri e pós-menopausa. Causam aumento do volume menstrual, menstruações irregulares, sangramento pós-coito 
ou sangramento intermenstrual. A polipectomia histeroscópica é uma opção eficaz e segura para diagnóstico e tratamento, 
com recuperação rápida e precoce retorno às atividades. 
A – ADENOMIOSE: A sintomatologia é variável e relaciona-se, essencialmente, com a profundidade do miométrio atingido. 
Assim, as formas superficiais (quando atinge 0,5 mm abaixo do endométrio) caracterizam-se por SUA, enquanto na adenomiose 
profunda também há sintomatologia dolorosa, com dismenorreia e dispareunia. A relação entre adenomiose e SUA ainda não 
é totalmente esclarecida. As estimativas da prevalência de adenomiose variam, de 5% a 70%, em parte pela inconsistência do 
diagnóstico. Geralmente é tratada com histerectomia. Porém, também pode ser controlada com terapias supressivas, tais como 
contraceptivos combinados, progestagênios, sistema intrauterino liberador de levonorgestrel. 
L – LEIOMIOMA: Os sintomas variam de acordo com a localização do mioma. Os miomas são classificados, segundo a FIGO, em 
submucosos, intramurais e subserosos tipos 0 a 8. Os submucosos são os mais envolvidos com o SUA. 
Na presença de sintomas, pode-se proceder ao tratamento farmacológico, que tem como alternativas os mesmos 
medicamentos disponíveis para a redução do sangramento não estrutural. Não havendo resposta ao tratamento clínico, deve-
 
 
NICOLE MALHEIROS – MEDICINA 2022.1 
 
7 PATOLOGIAS EM GINECOLOGIA 
se considerar a abordagem cirúrgica, na qual a via e o tipo de abordagem dependerão do número, da localização, do tamanho 
do mioma e do desejo futuro de concepção 
M – MALIGNIDADE E HIPERPLASIA: Tem sua incidência aumentada em mulheres perimenopáusicas, o que justifica a avaliação 
endocavitária e endometrial nessa etapa da vida. Entre os fatores de risco para o adenocarcinoma do endométrio, alinham-se 
a obesidade, o diabetes e a hipertensão. Em geral, clinicamente devem ser suspeitados pela presença de sangramento, que 
ocorre na grande maioria das vezes no período após a menopausa. 
C – COAGULOPATIA: Qualquer alteração dos mecanismos de coagulação pode se expressar clinicamente por SUA. A causa mais 
comum é a doença de von Willebrand (DVW), porém também devem ser citadas hemofilia, disfunções plaquetárias, púrpura 
trombocitopênica e os distúrbios de coagulação associados a doenças como hepatopatias e leucemia. Especial atenção para 
essa causa para as jovens com história de sangramento abundante desde a menarca e com anemia. Dessa forma, deve-se 
considerar a presença de coagulopatia congênita ou adquirida quando a história clínica revelar: sangramento aumentado desde 
menarca; uma das seguintes condições (hemorragia após o parto e/ou hemorragia relacionada a cirurgia e/ou sangramento 
aumentado associado a tratamento dentário); duas ou mais das seguintes condições (hematoma pelo menos uma vez ao mês 
e/ou epistaxe pelo menos uma vez ao mês e/ou sangramento gengival frequente e/ou história familiar de sangramento). 
O – DISTÚRBIO OVULATÓRIO: Os sangramentos anovulatórios podem ocorrer em qualquer época, embora se concentrem nos 
extremos do período reprodutivo. Devem ser incluídos também , os sangramentos irregulares decorrentes de outras disfunções 
ovulatórias (como a insuficiência do corpo lúteo e o encurtamento da fase folicular da pré-menopausa). No período reprodutivo, 
a causa mais frequente de anovulação é a síndrome dos ovários policísticos (SOP). É considerada a desordem endócrina mais 
comum, afetando 5% a 10% das mulheres na menacme. 
E – ENDOMÉTRIO: Distúrbios primários do endométrio frequentemente se manifestam como alterações de hemostasia 
endometrial local, decorrente de resposta inflamatória, como na doença inflamatória pélvica. 
I – IATROGENIA: devem ser lembrados os sistemas 
intrauterinos medicados ou inertes e agentes 
farmacológicos que alteram diretamente o endométrio, 
interferindo nos mecanismos de coagulação do sangue ou 
influenciando a ovulação. Os anticoncepcionais hormonais 
estão com frequência associados a sangramentos 
intermenstruais e manchas (spotting). Além desses, os 
anticoagulantes, o ácido acetilsalicílico, os antiepilépticos, 
os hormônios da tireoide, os antidepressivos, o tamoxifeno 
e os corticosteroides. 
N – CAUSAS NÃO CLASSIFICADAS: Incluem lesões locais ou 
condições sistêmicas raras que podem ser causas de SUA, a 
exemplo das malformações arteriovenosas, da hipertrofia 
miometrial, das alterações müllerianas e da istmocele. 
Para as COEIN o tratamento pode ser medicamentoso 
(farmacológico) ou cirúrgico! 
O SUA requer investigação para o correto diagnóstico 
etiológico, aumentando o índice de sucesso terapêutico e 
reduzindo indicações cirúrgicas, quando não são 
necessárias 
 
 
NICOLE MALHEIROS – MEDICINA 2022.1 
 
8 PATOLOGIAS EM GINECOLOGIA 
A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é doença endócrina complexa, que tem como elementos principais 
hiperandrogenismo e anovulação crônica. Caracteriza-se por irregularidade menstrual ou amenorréia e uma ampla gama de 
achados decorrentes do hiperandrogenismo: hirsutismo (aumento da quantidade de pelos no corpo), acne, alopécia e 
seborréia. Representa uma das desordens endócrinas reprodutivas mais comuns em mulheres, acometendo em torno de 5% a 
10% da população feminina em idade fértil. 
O hiperandrogenismo é muito marcante em muitas mulheres com SOP. Esse distúrbio pode interferir no sistema reprodutor, 
tanto central (eixo córtico-hipotalâmico-hipofisário) como perifericamente (ovários), levando à perda da ciclicidade funcional 
ovariana por retroalimentação inadequada. Haveria, pois, maior produção de androgênios, o que perpetuaria a anovulação, 
bem como a inadequação endometrial. 
Ainda não se conhece a causa específica da síndrome do ovário policístico, mas sabe-se que metade das mulheres com essa 
síndrome têm problemas hormonais, como excesso de produção de insulina pelo pâncreas e o restante apresenta problemas 
nas glândulas hipotálamo, hipófise e adrenais, produzindo maior quantidade de hormônios masculinos. Ocorre principalmente 
em mulheres com idade entre 30 e 40 anos. 
Sintomas: 
– alterações menstruais: em geral, as menstruações são espaçadas, a mulher menstrua apenas poucas vezes por ano, mas 
também pode haver menstruação intensa ou ausência de menstruação; 
– hirsutismo: aumento dos pelos no rosto, seios e abdômen; 
– obesidade: tendência à obesidade, sendo que o ganho de peso piora a síndrome; 
– acne: provocado pela maior produção de material oleoso pelas glândulas sebáceas; 
– infertilidade; 
– também pode haver queda de cabelo e depressão. 
O diagnóstico da SOP é eminentemente de exclusão. Nem sempre é fácil, devido à grande heterogeneidade da síndrome, 
principalmente durante a adolescência. Em geral, o diferencial deve ser feito com a imaturidade do eixo hipotálamo-hipofisário-
ovariano, que seria um processo fisiológico e transitório de anovulação nessa fase da vida. 
A hiperandrogenemia ou o hiperandrogenismo cutâneo podem ser vistos em muitas mulheres com SOP, mas há outras 
entidades que também podem ter quadro clínico semelhante. Portanto, o diagnóstico só será firmado após a exclusão destas 
afecções: disfunção da tireoide, hiperprolactinemia, tumor ovariano ou da suprarrenal, defeitos de síntese da suprarrenal, 
síndrome de Cushing e uso de substâncias androgênicas (anabolizantes). 
O exame físico pode auxiliar no diagnóstico, devemos procurar sinaisclínicos de hiperandrogenismo, como acne e hirsutismo. 
Entretando, deve-se levar em consideração que a hipertricose pode ser causada por uso de fármacos, como glicocorticoides, 
ciclosporinas, progestagênios ou valpronatos, minoxidil, ou estar presente em algumas doenças, como hipotireoidismo, 
anorexia nervosa, porfiria e dermatomiosite. 
Durante a investigação da pelve feminina, podemos evidenciar ovários de tamanhos aumentados. Em raros casos, pode-se 
encontrar aumento do clitóris, que é mais frequente nos casos de neoplasias produtoras de androgênio. Outro ponto 
importante é afastar afecções que podem ter as mesmas manifestações clínicas pelas dosagens hormonais: hormônio 
tireoestimulante (TSH) e T4 (disfunção da tireoide), testosterona total (tumor ovariano ou suprarrenal), 17-OH�progesterona 
(deficiência enzimática da suprarrenal da 21- hidroxilase) e cortisol (síndrome de Cushing). 
 
 
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9 PATOLOGIAS EM GINECOLOGIA 
Para o diagnóstico de SOP na adolescência, deve-se ter os três critérios de diagnóstico: hiperandrogenismo clínico ou 
laboratorial, disfunção ovulatória e imagens de ovários policísticos ao ultrassom pélvico. Além disso, esse critério cria quatro 
fenótipos de mulheres com SOP: 
A – Clássico ou completo, que é muito semelhante ao quadro clínico descrito por Stein e Leventhal com as três características; 
B – Anovulação com hiperandrogenismo sem as imagens de ovários policísticos; 
C – Hiperandrogenismo com imagens de ovários policísticos, mas a paciente tem ciclo regular (ovulatório); 
D – A paciente não tem hiperandrogenismo. 
Os fenótipos mais comuns são o A e o B, correspondendo a quase 80% das mulheres com SOP. Assim, o diagnóstico final é 
baseado nos critérios de Rotterdam, afastando as afecções com quadro clínico semelhante. 
 
O primeiro passo no tratamento da SOP é a mudança de estilo de vida, ou seja, diminuir o sedentarismo e melhorar a dieta 
nutricional. Sugere-se aumentar a atividade física, de preferência diariamente ou pelo menos três vezes por semana, com 
atividades anaeróbicas e aeróbicas. Concomitantemente, há necessidade de acompanhamento por nutricionista para a redução 
calórica e a adequação da dieta. Recomenda-se, ainda, acompanhamento psicológico de suporte para redução do estresse, 
bem como de ansiedade/depressão nas mulheres com baixa estima e autocontrole. 
Como há tendência ao ganho de peso, o tratamento pode incluir medicamentos para prevenir o diabetes e outros para evitar 
o colesterol elevado. Os casos de infertilidade também respondem bem ao tratamento com medicamentos. 
 
- Referências - 
1. FEBRASGO. Manual de Orientação do Trato Genital Inferior e Colposcopia, Cap. 6. 2010. 
2. FEBRASGO. Tratado de Ginecologia, 2019 
3. OMS, Síndrome dos ovários policísticos | Biblioteca Virtual em Saúde MS, Saude.gov.br. 
4. Junqueira, Paulo Augusto de Almeida, Fonseca, Angela Maggio da e Aldrighi, José MendesSíndrome dos ovários 
policísticos. Revista da Associação Médica Brasileira. 2003 
 
 
 
 
NICOLE MALHEIROS – MEDICINA 2022.1 
 
10 PATOLOGIAS EM GINECOLOGIA

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