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Tcc - Vinicius Martins da Silva1.pdf

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MINAS GERAIS
UNIDADE ACADÊMICA DE ABAETÉ 
CURSO SERVIÇO SOCIAL
VINICIUS MARTINS DA SILVA
O SERVIÇO SOCIAL NO SISTEMA PRISIONAL DE MINAS GERAIS
ABAETÉ – MG
2022
VINÍCIUS MARTINS DA SILVA
O SERVIÇO SOCIAL NO SISTEMA PRISIONAL DE MINAS GERAIS
Trabalho de Conclusão de Curso – monografia - apresentado à Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG, Unidade de Abaeté, como requisito parcial para obtenção do grau Bacharelado em Serviço Social. 
 
Orientador (a): João Paulo dos Reis
Abaeté – MG
2022
VINÍCIUS MARTINS DA SILVA
O SERVIÇO SOCIAL NO SISTEMA PRISIONAL DE MINAS GERAIS
Trabalho de Conclusão de curso apresentado à Universidade do Estado de Minas Gerais - UEMG, Unidade de Abaeté, como requisito parcial para obtenção do grau Bacharelado em Serviço Social. 
Área de concentração:
Monografia defendida e aprovada em: 
Banca Examinadora:
______________________________________________________
Professor/Orientador: João Paulo dos Reis
______________________________________________________
Professora convidada: 
______________________________________________________
Professora convidada: 
______________________________________________________
Coordenadora do Curso de Serviço Social: Silvânia Aparecida Silva
AGRADECIMENTOS
Em um primeiro momento e acima de tudo, agradeço a Deus por ter conseguido vencer esta etapa da minha vida, se não fosse Ele, eu não estaria aqui.
Agradeço a minha esposa pela paciência e compreensão.
Ao meu orientador João Paulo referente ao trabalho de conclusão de curso (monografia) pela dedicação e paciência. Não poderia esquecer da minha orientadora Luísa Eugênia Rafael Pereira que contribuiu bastante para a construção do projeto de pesquisa.
A todos os demais da minha família, especialmente o meu tio José Edson Martins, assistente social do Presídio de Abaeté, que contribuiu e incentivou bastante para minha formação acadêmica.
E para finalizar aos colegas e professores que dividiram essa jornada comigo. 
LISTA DE ABREVIATURAS
ALMG – Assembléia Legislativa de Minas Gerais
ANEDS - Analista Executivo de Defesa Social
APAC - Associação de Proteção e Assistência ao Condenado
APP - Atenção Primária Prisional
ASP – Agente de Segurança Penitenciário
ATJ - Analista Técnico Jurídico
BH - Belo Horizonte
CAMP - Centro de Apoio Médico Pericial
CBCISS - Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviços Sociais
CD - Conselho Disciplinar
CEAOP - Central Integrada de Escolta e Apoio Operacional
CERESP - Centro de Remanejamento Provisório
CFAS - Conselho Federal de Assistente Social
CFESS – Conselho Federal de Serviço Social
CIAMEC - Central Integrada de Atendimento das Medidas Extra Custódia
COPEN-MG - Conselho Penitenciário Estadual
CPF – Cadastro de Pessoa Física
CRAS - Centros de Referências de Assistência Social
CRAS - Conselho Regional de Assistente Social
CREAS - Centros de Referências Especializados de Assistência Social
CRESS – Conselho Regional de Serviço Social
CRGPL - Centro de Referência à Gestante Privada de Liberdade
CTC - Comissão Técnica de Classificação
DEPEN – Departamento Penitenciário
DEPEN-MG - Departamento Penitenciário de Minas Gerais
DGV - Diretoria de Gestão de Vagas
DSE – Diretoria de Segurança Externa
EUA – Estados Unidos da América
GIR – Grupo de Intervenção Rápida
HCTP - Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico
IBFC - Instituto Brasileiro de Formação e Capacitação
INFOPEN – Informações Penitenciárias
IPL – Indivíduo Privado de Liberdade
LEP - Lei de Execução Penal
LGBTQIA+ - Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Queer, Intersexo e Assexual
MASP – Matrícula do Servidor Público
NAF – Núcleo de Assistência a Família
PCMG - Polícia Civil do Estado de Minas Gerais
PDCA - Planejamento, Execução, Monitoramento e Avaliação
PGPS – Prontuário Geral Padronizado de Saúde
PIR - Programa Individualizado de Ressocialização
PNAISP - Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional
PPP – Parceria Público Privado
Pres-ABT-I – Presídio de Abaeté I
PrESP - Programa de reintegração do Egresso do Sistema Prisional
ReNP - Regulamento de Normas e Procedimentos do Sistema Prisional Mineiro
RG – Registro Geral 
RISP - Região Integrada de Segurança Pública
SAIGV - Superintendência de Articulação Institucional e Gestão de Vagas
SEAP - Secretaria de Estado de Administração Prisional
SEDS - Secretaria de Estado de Defesa Social
SEJUSP – Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública
SEPLAG – Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão
SESP - Secretaria de Estado de Segurança Pública
SSPI - Superintendência de Segurança Prisional
SUAPI - Subsecretaria de Administração Prisional
SUS - Sistema Único de Saúde
TJDFT – Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos territórios
UGME - Unidade Gestora de Monitoração Eletrônica
SUMÁRIO
1 APRESENTAÇÃO	7
2 INICIO DA PROFISSÃO	9
2.1 Evolução da profissão no Brasil e período ditatorial	10
2.2 O Serviço Social	15
2.3 Código de Ética	17
3 RELATOS ANTIGOS DE PRISÕES	20
3.1 Prisões	21
3.2 Sistema Prisional de Minas Gerais	27
4 O SERVIÇO SOCIAL NOS PRESÍDIOS 	34
4.1 Competências do Serviço Social nos Presídios de Minas Gerais................	36
4.2 O Assistente Social na garantia e proteção de direitos	........46
4.3 Dificuldades enfrentadas pelos Assistentes Sociais.............................................49
4.4 Pesquisa documental em quatro Unidades Prisionais de Minas Gerais...............51
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS	53
REFERÊNCIAS 
	58
1 APRESENTAÇÂO
O presente trabalho acadêmico tem como objeto de estudo o papel do Assistente Social dentro dos Estabelecimentos Prisionais do Estado de Minas Gerais. Portanto será discutido a atuação deste profissional, as dificuldades enfrentadas no âmbito da Segurança Pública, bem como sua contribuição enquanto profissional para os indivíduos privados de liberdade.
Importante destacas que artigos, monografias e livros relacionados ao sistema prisional, são escassos e para reforçar Guerra (2019) afirma que:
São raros e imprescindíveis os levantamentos de dados, pesquisas, estudos que nos permitem desvelar o que ocorre “por detrás das grades”. Sabe-se que a produção acadêmica não vem acompanhando as experiências
profissionais no amplo campo que o Serviço Social denomina de sociojurídico. Não obstante, os poucos estudos que existem nos são de absoluta relevância e enriquecem nosso, ainda modesto, acervo sobre a
temática. (GUERRA, 2019, p.16)
Um estudo sobre a profissão nos Estabelecimentos Prisionais deve ser
considerada de suma importância dentro das atividades de um curso de Serviço
Social, pois, o conhecimento da profissão em um campo não muito “comum” pode
agregar valores aos demais, compartilhando as mais variadas práticas profissionais e
não se esquecendo que o assistente social necessita desta articulação de rede.
A profissão do assistente social é discutida e percebe-se que há mais estudos e pesquisas do papel e da atuação destes, nos Centros de Referências de Assistência Social (CRAS) e Centros de Referências Especializados de Assistência Social (CREAS), pois a maioria dos profissionais nos municípios atuam nestes
equipamentos.
Segundo o site www.mg.gov.br (2021) atualmente são 853 municípios no
Estado de Minas Gerais e 194 unidades prisionais neste Estado. Neste aspecto, a maiorias das cidades deste Estado não dispõe de Unidades Prisionais para que possa ser ofertado serviço para o assistente social, a fim de se fortalecer e ser reconhecida neste campo.
As unidades prisionais são caracterizadas como instituição total (será abordada neste trabalho) que é fechada, onde a própria arquitetura destas unidades impede que seja visualizado o trabalho do assistente social. Já no CREAS e CRAS a população consegue ter uma maior visualização e consegue estar de modo presencial - de fácil acesso a estes equipamentos - o que torna a atuação do assistente socialmais visível.
O fato de o assistente social da unidade prisional ser mais desconhecidos que nos outros equipamentos, não o torna menos importante do que os profissionais do CRAS ou CREAS.
Sobre tudo, importante destacar que o assistente social além de tentar preparar o indivíduo privado de liberdade para o retorno a sociedade, atua na garantia de direitos da população carcerária. Os indivíduos privados de liberdade em alguns casos têm seus direitos violados pelo o Estado. Neste sentido, mostra-se a importância do Assistente Social nos Presídios.
2 INÍCIO DA PROFISSÃO
	
A primeira escola de Serviço Social no mundo surgiu em Amsterdã no ano de 1899, já no Brasil a primeira escola de Serviço Social surgiu em São Paulo em 1936. (Santos et. al. 2013, p. 154). Guimarães (2005, p.1) afirma que “O Serviço Social no brasil se insere, desde 1930, como uma especialização da questão social”. Nota-se que o Serviço Social ao longo da sua história passou por diversos momentos históricos e políticos em sua dimensão.
Conforme Cardoso (2016, p. 435):
O Serviço Social brasileiro nascia no âmbito da contradição capital/trabalho, ou melhor, da necessidade de o Estado e a burguesia industrial em criar mecanismos de apaziguamento e atenuação das expressões dessa relação.
No início, o Serviço Social foi marcado pela grande influência da Igreja católica, pois, esta agia de modo caritativo e assistencialista. Comparando a profissão antes e atualmente, constata-se que a visão não era técnica e desta forma qualquer pessoa sem qualificação conseguiria executar as tarefas associadas ao Serviço Social.
Para reforçar Cardoso (2016, p. 435) afirma que:
A formação dessas profissionais teve como grande referência o pensamento conservador da Igreja Católica, tendo o neotomismo como fundamento a partir do estudo de encíclicas papais e de reflexões sobre o papel profissional com base em orientações moralizadoras, no sentido de ensinar à população comportamentos e formas de vida mais “adequadas socialmente”[...]”
Percebe-se ainda que no início da profissão, além de trabalhar com a questão da caridade, os assistentes sociais, eram profissionais moralizadores, que trabalhavam nas questões de comportamento frente as questões sociais. Antes a tese principal imposta pela burguesia era que o indivíduo era o desajustado e este tinha que se adequar a sociedade.
Oliveira e Chaves (2017 p. 146) afirma que a profissão se torna institucionalizada, a partir de 1920, após a Primeira Guerra Mundial onde a questão social ganha traços evidentes e neste ínterim, na América Latina no início do século XX, devido ao aguçamento da questão social, foi necessário respostas frentes as refrações implementadas pela sociedade civil, especialmente pela Igreja e pelo Estado.
Diante disto, além das intervenções serem de modo caritativo, assistencialista e religioso, no fundo, o Serviço Social controlava a classe subalterna atuando como:
[...] uma forma de intervenção ideológica, que se baseia no assistencialismo como suporte de uma atuação cujos efeitos são essencialmente políticos: o enquadramento das populações pobres e carentes, o que engloba o conjunto das classes exploradas. (IAMAMOTO; CARVALHO 2002, p. 221-222)
Ainda neste sentido Cardoso (2013, p. 114):afirma que:
Podemos dizer, portanto, que sua institucionalização é uma consequência da legitimação realizada pelas classes dominantes e impulsionada pela Igreja e que sua formação profissional passa a ser responsabilidade desta, o que lhe confere um caráter conservador e humanista.
2.1 Evolução da profissão no Brasil e período ditatorial
O período da ditadura militar que ocorreu no Brasil, foi muito importante para que ocorresse uma evolução da profissão Assistente Social. A evolução ocorrida na ditadura militar sobre a profissão mostrou-se claro na necessidade de rompimento com o conservadorismo ou o Serviço Social tradicional que tivera suas bases enraizadas na Igreja Católica e na filosofia de São Tomás de Aquino, praticando a caridade; no Serviço Social dos EUA e Europa; e no positivismo. Nesta perspectiva de rompimento com este conservadorismo e durante o período ditatorial gera-se uma discussão acerca de revisar a teoria e a prática – levando se ao movimento chamado de práxis na perspectiva modernizadora – do Serviço Social. Neste mesmo intuito de
rompimento ocasiona uma reflexão profissional que será abordada posteriormente em
três vertentes principais.
O regime ditatorial era tido como um período de duras repressões e violências. Diante disso os Assistentes Sociais que foram à luta por seus ideais, sofriam perseguições e com estes atos de violência. Era um período marcado pela
neutralidade de alguns profissionais, trabalhando em prol do Estado. Segundo Assumpção e Carrapeiro (2014 p.109) antes deste período, em 1962, o Conselho Federal de Assistente Social (CFAS) e o Conselho Regional de Assistente Social (CRAS), se incorporaram a autocracia burguesa que comandava por de trás do Estado a fim de satisfazer seus interesses. Quando se há uma neutralidade por parte de qualquer indivíduo ou categoria, significa dizer que a categoria ou este indivíduo se conforma com a situação, levando ao estado de alienação.
Sendo assim, para tentar romper com o referido conservadorismo, na década de 60, começa o movimento de reconceituação (perspectiva modernizadora) que seria a primeira vertente do processo de renovação do Serviço Social no Brasil, onde houveram dois seminários (Araxá e Teresópolis), com o objetivo de discutir, rever as práticas aplicadas no Serviço Social, com o intuito de mudar a profissão, realizados pelo Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviços Sociais (CBCISS).
No Seminário de Araxá se discute a teoria, deixando o neotomismo, passando a ser estrutural funcionalismo, onde achava se que o Estado era bom e justo e o indivíduo seria o desajustado. Logo no Seminário de Teresópolis, o Serviço Social ganha um caráter científico, passando a ser um serviço com uma técnica própria.
Segundo Netto (2015, p. 200) a perspectiva modernizadora seria:
[...]um esforço no sentido de adequar o Serviço Social, enquanto instrumento de intervenção inserido no arsenal de técnicas sociais a ser operacionalizado no marco de estratégias de desenvolvimento capitalista, às exigências postas pelos processos sociopolíticos emergentes no pós-1964. Trata se de uma linha de desenvolvimento profissional que, se encontra o auge da sua transformação exatamente na segunda metade dos anos 1960 – seus grandes monumentos, sem dúvida, são os textos dos seminários de Araxá e Teresópolis -, revelar-se-á um eixo de extrema densidade no envolver da reflexão profissional: não só continuará mobilizando energias nos anos seguintes como, especialmente, mostrar-se-á aquele vetor de renovação que mais fundamente vincou a massa da categoria profissional.
A segunda vertente se daria na reatualização do conservadorismo. Seria
novamente uma tentativa de ruptura, porém embasando se na fenomenologia sendo
esta, um conservadorismo com uma “nova roupagem”, alegando também que o
indivíduo seria o problema na sociedade, sendo este que deveria se ajustar a ela. Os
fenomenológicos e os marxista neste período travavam uma disputa através de
debates para analisar qual corrente teórica se encaixaria melhor neste período. E
através dos debates a corrente fenomenológica consegue sobrepor o marxismo com
seu principal argumento de que o marxismo utilizado naquela época, era um marxismo
enviesado, ou seja, baseado nos argumentos de autores que liam Marx, e não direto
do autor.
Conforme Netto (2015, p. 204) a reatualização do conservadorismo é:
[...] uma vertente que recupera os componentes mais estratificados da herança histórica e conservadora da profissão, nos domínios da (auto) representação e da prática, e os repõe sobre uma base teórico-metodológica que se reclama nova, repudiando, simultaneamente, os padrões mais nitidamente vinculados à tradição positivista e as referências conectadas ao pensamento crítico-dialético,de raiz marxiana.
E a terceira vertente se dá na intenção de ruptura com o Serviço Social “tradicional” conforme Netto (2015, p. 206):
Ao contrário das anteriores, esta possui como um substrato nuclear uma crítica sistemática ao desempenho “tradicional” e aos seus suportes teóricos, metodológicos e ideológicos. Com efeito, ela manifesta a pretensão de romper quer com a herança teórica-metodológica do pensamento conservador (a tradição positivista), quer com os seus paradigmas de intervenção social (o reformismo conservador).
Esta vertente foi um período que ficou somente na intenção, pois atualmente há traços do conservadorismo. Nos discursos e na laicização, por exemplo, houve o rompimento, porém na prática não conseguiu se estabelecer a nova corrente teórica que seria o marxismo.
Netto (2017) em seu livro faz críticas ao método BH (Belo Horizonte), pois assim como na fenomenologia, neste método estava presente o Marxismo enviesado (marxismo acadêmico), ou seja, o marxismo sem Marx, onde se buscava resposta do Serviço Social em autores que seguiam a vertente de Marx, dessa forma, o Serviço Social não estava ligado diretamente a Marx, mas sim em autores que buscavam a tese de Marx. Apesar de haver críticas por Netto, o Método BH foi muito importante para esta intenção de ruptura.
Houve um período da ditadura em que a repressão se tornou maior, fazendo com que a sociedade civil organizasse movimentos, liderados por operários, para conscientizar o proletário e a pequena burguesia, trazendo à crise do regime ditatorial. Diante disso o Serviço Social sofreu pressão por parte do Estado para que os profissionais se adequassem as novas técnicas e por outro lado surgiram novas
demandas ao profissional em prol da sociedade civil. Só a partir de 1978 “a prática
institucional foi fortalecida possibilitando a articulação com os movimentos sociais
populares organizados” (ASSUMPÇÃO; CARRAPEIRO. 2014 p.111). Destaca que este momento se caracterizava pelo abrandamento da ditadura militar.
Em 1988, foi promulgada a Carta Magna “que assegurava os direitos sociais e políticos de todos os cidadãos, incluindo as minorias” (ASSUMPÇÃO;
CARRAPEIRO. 2014 p.112). A Carta Magna conhecida como a Constituição Federal de 1988 foi criada com o objetivo de ampliar os direitos da população e sem distinção:
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...]
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015). (Constituição Da República Federativa Do Brasil, 1988)
Para reforçar a ideias da ampliação dos direitos, conforme o preâmbulo da Constituição de 1988 através dos representantes dos brasileiros:
Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. (Constituição Da República Federativa Do Brasil, 1988)
Sendo assim com a Constituição Federal de 1988 amplia se os direitos sociais e novas demandas para ao Serviço Social sendo necessário um Novo Código de Ética do Assistente Social, novas abordagens teóricas-metodológicas e um debate sobre as políticas públicas. Sendo isto impulsionado pelo processo de construção do Projeto Ético Político. Segundo Assumpção e Carrapeiro (2014 p.115) o Projeto Ético Político tem como valor central a liberdade. Possui sua gênese na década de 1970, conforme Teixeira e Braz (p. 13):
Pode‐se localizar aí a gênese do projeto ético-político, na segunda metade da década de 1970. Esse mesmo projeto avançou nos anos 1980, consolidou-se nos 1990 e está em construção, fortemente tensionado pelos rumos neoliberais da sociedade e por uma nova reação conservadora no seio da profissão na década que transcorre.
Ainda sobre o projeto ético-político Netto (2006, p. 4) afirma que este dá respostas:
[...]às alterações no sistema de necessidades sociais sobre o qual a profissão opera, às transformações econômicas, históricas e culturais, ao desenvolvimento teórico e prático da própria profissão e, ademais, às mudanças na composição social do corpo profissional.
O projeto ético-político não irá abranger somente a nossa categoria profissional, é muito mais que isso, pois ele abrange a sociedade em si também e como consequência, o Projeto:
[...] não apresenta nenhuma formulação específica de metodologia para o trabalho dos assistentes sociais. Outrossim, defende a necessária apreensão do método materialista histórico-dialético, para realizar a leitura crítica da realidade e então elaborar proposições a partir das questões que esta realidade revela. (ASSUMPÇÃO; CARRAPEIRO. 2014 p.115).
Ele é pautado em três dimensões, foi construído na vertente do movimento de reconceituação baseado na intenção de ruptura. Essas três dimensões si dão em: o Código de Ética, as diretrizes curriculares e a Lei de regulamentação da profissão. Todas elas estão pautadas em uma perspectiva crítica.
Diante disso, percebe-se que este projeto não é um “receituário de bolo”, ou seja, não é uma coisa já pronta e ou que vem com um manual de instrução. O Projeto é algo em constante mudança conforme o contexto histórico, ou seja, vai se modelando de acordo com a história. As refrações da questão social no século passado não são as mesmas da contemporaneidade, sendo assim se modifica ao longo da história ou até mesmo vão surgindo novas refrações. Por isso este projeto vai se modelando e é necessário se reinventar. 
Desta forma, conforme Assumpção e Carrapeiro (2014 p.116-117):
O desafio que se coloca ao Serviço Social contemporâneo, assim como se colocou ao Serviço Social nas décadas de 1970 e 1980, é reconhecer as debilidades do atual cenário brasileiro. Este reconhecimento se faz necessário na medida em que são das novas expressões da questão social que emergem novos desafios e exigências para a construção da identidade e para a prática profissional dos/das assistentes sociais.
Com isso, é necessário que o profissional se adeque e esteja preparado com as novas e diversas refrações da questão social no Brasil que surgem ao longo do tempo.
Ainda neste sentido, é necessário que o assistente social seja um profissional diferenciado e propositivo. Segundo Iamamoto: 
O exercício da profissão exige um sujeito profissional que tenha competência para propor e negociar com a instituição os seus projetos, para defender o seu campo de trabalho, suas qualificações e atribuições profissionais. Requer ir além das rotinas institucionais para buscar apreender, no movimento da realidade e na aproximação as forças vivas de nosso tempo, tendências e possibilidades aí presentes passíveis de serem apropriadas pelo profissional e transformadas em projetos de trabalho profissional. (Iamamoto, 2014, p. 611)
Guimarães (2005, p. 5) reforça essa tese e diz que:
Para tanto, necessário se faz que o Assistente Social seja cada vez mais ousado, tenha coragem de resistir e vencer os desafios, seja portador de esperança e sonhos, tenha coragem de lutar contra os imobilismos reinantes nas várias esferas da sociedade, seja integrado e participante de novas formas de sociabilidade e de práticas sociais.
O Serviço social evoluiu bastante em relação às primeiras escolas, contudo, ainda não conseguiu romper como conservadorismo, pois, esta profissão ainda carrega traços do conservadorismo tradicional. 
2.2 O Serviço Social
A profissão Assistente Social é regulamentada pela Lei nº 8.662 de 7 de junho de 1993 e este trabalha no intuito de viabilizar a garantia de direitos da população usuária. 
Conforme Iamamoto (2014, p. 611) “O Estado, nos diversos níveis da federação, é hoje o maior empregador dos assistentes sociais, e a atuação na órbita das políticas públicas um espaço profissional privilegiado desse profissional.”
Conforme a Lei 8.662 (1993), as competências e atribuições privativas estão elencadas respectivamente nos artigos 4 e 5:
Art. 4º Constituem competências do Assistente Social:
I - elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais junto a órgãos da administração pública, direta ou indireta, empresas, entidades e organizações populares;
II - elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos que sejam do âmbito de atuação do Serviço Social com participação da sociedade civil;
III - encaminhar providências, e prestar orientação social a indivíduos, grupos e à população;
IV - (Vetado);
V - orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no sentido de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e na defesa de seus direitos;
VI - planejar, organizar e administrar benefícios e Serviços Sociais;
VII - planejar, executar e avaliar pesquisas que possam contribuir para a análise da realidade social e para subsidiar ações profissionais;
VIII - prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, com relação às matérias relacionadas no inciso II deste artigo;
IX - prestar assessoria e apoio aos movimentos sociais em matéria relacionada às políticas sociais, no exercício e na defesa dos direitos civis, políticos e sociais da coletividade;
X - planejamento, organização e administração de Serviços Sociais e de Unidade de Serviço Social;
XI - realizar estudos sócio-econômicos com os usuários para fins de benefícios e serviços sociais junto a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades.
Art. 5º Constituem atribuições privativas do Assistente Social:
I - coordenar, elaborar, executar, supervisionar e avaliar estudos, pesquisas, planos, programas e projetos na área de Serviço Social;
II - planejar, organizar e administrar programas e projetos em Unidade de Serviço Social;
III - assessoria e consultoria e órgãos da Administração Pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, em matéria de Serviço Social;
IV - realizar vistorias, perícias técnicas, laudos periciais, informações e pareceres sobre a matéria de Serviço Social;
V - assumir, no magistério de Serviço Social tanto a nível de graduação como pós-graduação, disciplinas e funções que exijam conhecimentos próprios e adquiridos em curso de formação regular;
VI - treinamento, avaliação e supervisão direta de estagiários de Serviço Social;
VII - dirigir e coordenar Unidades de Ensino e Cursos de Serviço Social, de graduação e pós-graduação;
VIII - dirigir e coordenar associações, núcleos, centros de estudo e de pesquisa em Serviço Social;
IX - elaborar provas, presidir e compor bancas de exames e comissões julgadoras de concursos ou outras formas de seleção para Assistentes Sociais, ou onde sejam aferidos conhecimentos inerentes ao Serviço Social;
X - coordenar seminários, encontros, congressos e eventos assemelhados sobre assuntos de Serviço Social;
XI - fiscalizar o exercício profissional através dos Conselhos Federal e Regionais;
XII - dirigir serviços técnicos de Serviço Social em entidades públicas ou privadas;
XIII - ocupar cargos e funções de direção e fiscalização da gestão financeira em órgãos e entidades representativas da categoria profissional.
Percebe-se que a atuação do Serviço Social abrange um leque extenso de atividades. Seja qual o órgão for, estas atividades, se resumem na garantia de direitos da população usuária, conforme abordado acima. Nesta linha de raciocínio, nos Presídios e Penitenciárias isto não é diferente.
Abordar sobre a atuação do Serviço Social dentro das unidades prisionais é um grande desafio. Para entender seu papel dentro dos estabelecimentos prisionais, em um primeiro momento, é necessário verificar o objeto do Serviço Social: a questão social.
Segundo Iamamoto questão social:
[...]diz respeito ao conjunto das expressões das desigualdades sociais engendradas na sociedade capitalista madura, impensáveis sem a intermediação do Estado. Tem sua gênese no caráter coletivo da produção, contraposto à apropriação privada da própria atividade humana – o trabalho –, das condições necessárias à sua realização, assim como de seus frutos” (2001, p.16-17).
O conjunto dessas expressões são: fome, desemprego, criminalidade, pobreza e etc. Questões estas que o Estado muitas vezes não consegue suprir. Uma pequena parte da população detém todo poder econômico e outra, vive a “mendigar o pão”.
Com isso e conforme Fonseca e Ferreira (2017) “tal realidade nos leva ao debate da prisão como expressão da questão social e mais um espaço de inserção profissional para o Serviço Social[...]”.
Conforme Guerra (2019, p. 11) há uma associação entre pobreza e
criminalidade. É pertinente afirmar que a pobreza pode levar a criminalidade, pois,
com a pobreza vem a fome e consequentemente existe o desemprego. Com estes exemplos de refrações da questão social torna se propício a um(a) chefe de família entrar para o mundo do crime. Diante disso, é provável que este em um determinado momento venha estar dentro da prisão devido as transgressões da lei. 
Estes foram apenas alguns exemplos. As refrações da questão social estão ligadas ao capitalismo que gera desigualdades, e onde há desigualdades é propício para a criminalidade.
	
2.3 Código de Ética
É importante ainda abordar sobre o Código de Ética. O Código de Ética tem seus princípios pautados no(a):
I. Reconhecimento da liberdade como valor ético central e das demandas políticas a ela inerentes - autonomia, emancipação e plena expansão dos indivíduos sociais; 
II. Defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do arbítrio e do autoritarismo; 
III. Ampliação e consolidação da cidadania, considerada tarefa primordial de toda sociedade, com vistas à garantia dos direitos civis sociais e políticos das classes trabalhadoras; 
IV. Defesa do aprofundamento da democracia, enquanto socialização da participação política e da riqueza socialmente produzida; 
V. Posicionamento em favor da equidade e justiça social, que assegure universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos programas e políticas sociais, bem como sua gestão democrática; 
VI. Empenho na eliminação de todas as formas de preconceito, incentivando o respeito à diversidade, à participação de grupos socialmente discriminados e à discussão das diferenças; 
VII. Garantia do pluralismo, através do respeito às correntes profissionais democráticas existentes e suas expressões teóricas, e compromisso com o constante aprimoramento intelectual; 
VIII. Opção por um projeto profissional vinculado ao processo de construção de uma nova ordem societária, sem dominação, exploração de classe, etnia e gênero; 
IX. Articulação com os movimentos de outras categorias profissionais que partilhem dos princípios deste Código e com a luta geral dos/as trabalhadores/as; 
X. Compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população e com o aprimoramento intelectual, na perspectiva da competência profissional; 
XI. Exercício do Serviço Social sem ser discriminado/a, nem discriminar, por questões de inserção de classe social, gênero, etnia, religião, nacionalidade, orientação sexual, identidade de gênero, idade e condição física. (Código de Ética do Assistente Social de 1993, 2012, p.23-24)
Nota-se que neste código, reforça a idéia da garantia de direitos e trabalha junto ao usuário, para que este busque meios para se tornar o sujeito da própria história, ou seja, meiospara que os usuários se tornem independentes. O profissional busca também uma sociedade mais justa e igualitária sem distinção de raça, cor, orientação sexual e etc. Além disso, o profissional trabalha para aniquilar qualquer forma de violação de direitos.
Guimarães (2005, p. 7) reforça isto com os seguintes dizeres:
Nesse contexto o Código de Ética do Assistente Social deve ser entendido não como mero instrumento normalizador da profissão e dos profissionais na sociedade, mas como instrumento que conduz a profissão nos caminhos da justiça social, da equidade, da democracia e contra todas as formas de exclusão, exploração, dominação e alienação.
Os deveres dos assistentes sociais vão de encontro ao princípios, atribuições e competências deste profissional conforme o Código de Ética:
Art. 3º São deveres do/a assistente social: 
a- desempenhar suas atividades profissionais, com eficiência e responsabilidade, observando a legislação em vigor; 
b- utilizar seu número de registro no Conselho Regional no exercício da Profissão; 
c- abster-se, no exercício da Profissão, de práticas que caracterizem a censura, o cerceamento da liberdade, o policiamento dos comportamentos, denunciando sua ocorrência aos órgãos competentes; 
d- participar de programas de socorro à população em situação de calamidade pública, no atendimento e defesa de seus interesses e necessidades. (Código de Ética do Assistente Social de 1993, 2012, p.27)
3 RELATOS ANTIGOS DE PRISÕES
O objetivo deste capítulo é analisar o surgimento das prisões, sua
finalidade, os tipos de prisões que existem no Estado de Minas Gerais e outras informações referentes às prisões que possam contribuir e enriquecer este estudo.
Será analisado em um primeiro momento o termo isolado prisão. De acordo com o dicionário online o substantivo feminino prisão, significa “Detenção; ação de prender, de aprisionar alguém que cometeu um crime” (https://www.dicio.com.br/prisao/). Já o substantivo masculino crime conforme a mesma fonte, tem significado de “Delito; qualquer violação grave da lei por ação ou por omissão, dolosa ou culpável; ação ilícita.” (https://www.dicio.com.br/crime/).
Neste sentido, conclui que a prisão se concretiza quando o indivíduo viola gravemente uma lei vigente. Desta forma, é retirado dele o direito de ir e vir, ou seja, têm sua liberdade restringida.
Essa prática de restrição da liberdade e de aprisionar alguém, já é bastante antiga. As escrituras sagradas (Bíblia), demonstra ao longo dos seus capítulos e versículos, passagens de pessoas que passaram pela prisão. 
De acordo com o calendário que se adota no Brasil, já se passaram 2.021 (dois mil e vinte e um) anos depois de Cristo. Por sinal, a Bíblia contém contos de prisões durante a passagem de Jesus Cristo, ou seja, antes destes 2.021 (dois mil e vinte e um) anos, passagens anteriormente a Cristo e após este. 
Durante a passagem de Jesus, no capítulo 23 (vinte e três), versículos 18-19 (dezoito e dezenove) do livro de Lucas mostra-se tal fato “18 Mas toda a multidão chamou a uma, dizendo: Fora daqui com este , e solta-nos Barrabás; 19 O qual fora lançado na prisão por causa de uma sedição feita na cidade, e de um homicídio.”(LUCAS, 23:18-19 p. 1327, 2017) e no capítulo 18 (dezoito) , versículo 12 (Doze) do livro de João “12 Então a coorte, e o tribuno, e os servos judeus prenderam a Jesus e o amarraram” .”(JOÃO, 18:12, p. 1379, 2017).
Pode-se verificar que a prisão de Jesus e Barrabás tiveram algo em comum. Em síntese, com intuito de não perder o foco, se analisar todo o contexto bíblico, conclui-se que ambos violaram de forma grave as leis impostas pela sociedade daquela época, segundo os reis daquele tempo, levando assim a prisão de ambos. Barrabás conforme o versículo foi um homicida e Jesus pregava doutrinas contrárias e ofensivas a divindade acreditada pelos romanos e judeus daquela época. 
Para aprofundar um pouco mais sobre a antiguidade da prisão verifica-se no livro de Genesis tal fato. Na cronologia bíblica, o livro de Gênesis é o primeiro da Bíblia, o qual traz o princípio de tudo, qual seja: a criação das coisas materiais do mundo, dos seres viventes e a humanidade. Neste livro, no capítulo 40 (quarenta) nos versículos 1-3 (um, dois e três) fala de José na prisão e os oficiais de Faraó na mesma:
E aconteceu que, depois destas coisas, que o copeiro do rei do Egito, o seu padeiro, ofenderam o seu senhor, o rei do Egito.
2 E indignou se Faraó muito contra os seus dois oficiais, contra o copeiro-mor e contra o padeiro-mor.
3 E entregou-os a prisão, na casa do capitão da guarda, na casa do cárcere, no lugar onde José estava preso. (GÊNESIS, 40:1-3 p. 50-51, 2017).
Com isto, constata-se que os dois oficiais de Faraó foram levados a prisão porque ofenderam, ou seja, assim como Barrabás e Jesus violaram de forma grave as leis impostas pela sociedade daquela época.
Diante dessas análises históricas referente a Bíblia Sagrada, identifica-se que a prisão (naquela época) tinha um objetivo em comum: simplesmente prender de forma vingativa, cerceando o direito de liberdade, levando a punição pelos delitos cometido, determinada pelos reis e juízes de cada época e com o intuito de castigar os corpos. Referente a Jesus sua sentença após sua prisão foi a sua crucificação.
3.1 Prisões
Os relatos de prisões abordados anteriormente se diferem da maneira organizacional da prisão moderna. Conforme Foucault (2014) é no fim do século XVIII e início do século XIX que se dava abertura para uma forma de detenção e mecanismo de coerção, já praticados em outros lugares, com a finalidade de forma geral trabalhar sobre o indivíduo para lhe tornar um ser humano dócil e útil. 
É importante analisar a prisão em todos seus aspectos. Deste modo, a prisão é definida como instituição total e segundo Goffman (1987, p. 11):
Uma instituição total pode ser definida como um local de residência e trabalho onde um grande número de indivíduos com situação semelhante, separados da sociedade mais ampla por considerável período de tempo, levam uma vida fechada e formalmente administrada.
Neste sentido, nas prisões os indivíduos que ali estão encarcerados em celas coletivas e/ou individuais, têm sua liberdade restringida da sociedade até o cumprimento de suas penas, onde o Estado é responsável pela sua custódia e cria políticas públicas com o intuito de prepará-los para o retorno a sociedade. 
E para reforçar a ideia de instituição total, Lucas (apud FOUCAULT, 2014 p. 228):
Na prisão o governo pode dispor da liberdade da pessoa e do tempo do detento; a partir daí, concebe se potência da educação que, não é em um só dia, mas na sucessão dos dias e mesmo dos anos, pode regular para o homem o tempo da vigília e do sono, da atividade e do repouso, o número e a duração das refeições, a qualidade e a ração dos alimentos, a natureza e o produto do trabalho, o tempo da oração, o uso da palavra e, por assim dizer, até o pensamento, aquela educação que, nos simples e curtos trajetos do refeitório à oficina, da oficina à cela, regula os movimentos do corpo e até nos momentos de repouso determina o horário, aquela educação, em uma palavra, que se apodera do homem inteiro, de todas as faculdades físicas e morais que estão nele e do tempo que ele mesmo está¹¹. 
Por isso, confirma-se esse poder de administração do Estado sobre os indivíduos privados de liberdade através do Regulamento de Normas e Procedimentos do Sistema Prisional Mineiro (ReNP), Lei de Execução Penal (LEP) e também por exemplo do Código Penal que define o tempo das penas. 
Diante das afirmações acima e conforme o ReNP identifica-se alguns atos dessa administração e poder: “Art. 607. Durante o período compreendido entre 22h e 00m e 06h e 00m, os presos obedecerão ao “horário de silêncio” e deverão manter desligados quaisquer aparelhos eletrônicos, salvo mediante autorização da direção. (ReNP, 2016, p. 209).
Ainda nesse raciocínio conforme a LEP: 
Art. 44. A disciplina consiste na colaboração com a ordem, na obediência às determinaçõesdas autoridades e seus agentes e no desempenho do trabalho.
Parágrafo único. Estão sujeitos à disciplina o condenado à pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos e o preso provisório. (Lei de Execução Penal, 1984)
E para finalizar cita-se como exemplo o Código Penal: “Homicídio simples Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos.” (Código Penal, 1940)
Um dos objetivos da prisão é que ela atua como elemento disciplinador para Foucault (2014, p. 228):
A prisão deve ser um aparelho disciplinar exaustivo. Em vários sentidos: deve tomar a seu cargo todos os aspectos do indivíduo, seu treinamento físico, sua aptidão para o trabalho, seu comportamento cotidiano, sua atitude moral, suas disposições; a prisão, muito mais que a escola, a oficina ou o exército, que implicam sempre numa certa especialização, é “onidisciplinar”. Além disso a prisão é sem exterior nem lacuna; não se interrompe, a não ser depois de terminada totalmente sua tarefa; sua ação sobre o indivíduo deve ser ininterrupta: disciplina incessante. Enfim, ela dá um poder quase total sobre os detentos; tem seus mecanismos internos de repressão e de castigo: disciplina despótica. Leva à mais forte intensidade todos os processos que encontramos nos outros dispositivos de disciplina. Ela tem que ser a maquinaria mais potente para impor uma nova forma ao indivíduo pervertido; seu modo de ação é a coação de uma educação total. 
A prisão/estado mantém o controle sobre os encarcerados através da disciplina, sendo que seu objetivo é que o indivíduo privado de liberdade saia dali transformado e consiga se ajustar as leis impostas pela sociedade. O maior objetivo da prisão segundo Foucault (2014, p. 226) é a transformação deste indivíduo. 
Neste contexto, Dias afirma que a prisão é:
[...]uma Instituição que deve se tornar senhor de tudo o que
pode acontecer a um homem, e esta certeza correspondia à sociedade disciplinar que surge no fim do século XVIII, em meio às pregações de um discurso social e político que sustentava ser o homem um indivíduo livre e senhor de si mesmo. Uma sociedade disciplinar que organiza o espaço e sua ocupação, marca e controla o tempo, vigia e registra tanto o indivíduo como sua conduta e sua vontade. Assim, o que esta sociedade esperava da prisão por ela fundada, era a ressocialização de indivíduos indisciplinados, isto é,
treinar seus corpos e almas para a obediência, para a vida disciplinada e servil. Ser também um exemplo para todos, principalmente é óbvio, para os dominados. Dias (1990, p. 28)
Para Foucault (2014, p. 224):
Como não seria a prisão a pena por excelência numa sociedade em que a liberdade é um bem que pertence a todos da mesma maneira e ao qual cada um está ligado por um sentimento “universal e constante”?. Sua perda tem portanto o mesmo preço para todos; melhor que a multa, ela é o castigo “igualitário”.
Nesta linha de raciocínio, quer dizer que todos detém a liberdade, e que esta pode ser tirada independente de raça, cor ou condição econômica. Por exemplo: liberdade é diferente da riqueza, pois, nem todos detém do poder econômico. Com isso, a restrição da liberdade é uma forma óbvia, excelente e justa de prevenção e “punição”.
Sobre a prevenção em relação a prisão, Nery (2011) destaca que: 
As teorias preventivas também reconhecem que, segundo sua essência, a pena se traduz num mal para quem a sofre. Mas, como instrumento político-criminal destinado a atuar no mundo, não pode a pena bastar-se com essa característica, em si mesma destituída de sentido social-positivo. Para como tal se justificar, a pena tem de usar desse mal para alcançar a finalidade precípua de toda a política criminal, precisamente, a prevenção ou a profilaxia criminal. (NERY, 2011)
 
Outro objetivo da prisão segundo Foucault (2014, p. 225) seria a transformação do indivíduo. Contudo, ele mesmo afirma que, a prisão além de ser um fracasso, ela forma novos criminosos, pois ela contribui com a: 
[...] manutenção da delinqüência, na indução do interno a se tornar reincidente; ela transforma o infrator ocasional com seus pequenos delitos e ilegalidades em delinqüente habitual; a organização da “sociedade do cárcere” ajuda a promover a solidariedade entre os internos para o mundo do crime e da delinqüência. (FOUCAULT, 2014, p. 267)
Para reforçar esta ideia, em uma pesquisa feita por Andrade et. al. (2015, p. 40-41):
Em todas as experiências investigadas, o cárcere era tido pelos presos como lugar onde ocorriam injustiças, sendo que as condições de tratamento penal oferecidas geravam revolta e favoreciam o retorno ao crime, já que a prisão era uma verdadeira “escola do crime”.
A não separação dos presos por natureza delitiva e o não acompanhamento dos processos, que implicava em permanências além do tempo de pena, somente agravariam esta situação, na medida em que contribuía para o aperfeiçoamento do conhecimento das práticas delituosas.
A LEP, deveria funcionar em sua totalidade. Contudo, devido a estrutura física, falta de servidores e outros fatores, dificultam o cumprimento desta lei. Nesta linha de raciocínio, observa-se que de acordo com Lei de Execução Penal:
Art. 84. O preso provisório ficará separado do condenado por sentença transitada em julgado.
§ 1o  Os presos provisórios ficarão separados de acordo com os seguintes critérios: (Redação dada pela Lei nº 13.167, de 2015)
I - acusados pela prática de crimes hediondos ou equiparados; (Incluído pela Lei nº 13.167, de 2015)
II - acusados pela prática de crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa; (Incluído pela Lei nº 13.167, de 2015)
III - acusados pela prática de outros crimes ou contravenções diversos dos apontados nos incisos I e II. (Incluído pela Lei nº 13.167, de 2015)
§ 2° O preso que, ao tempo do fato, era funcionário da Administração da Justiça Criminal ficará em dependência separada.
3o  Os presos condenados ficarão separados de acordo com os seguintes critérios: (Incluído pela Lei nº 13.167, de 2015)
I - condenados pela prática de crimes hediondos ou equiparados; (Incluído pela Lei nº 13.167, de 2015)
II - reincidentes condenados pela prática de crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa; (Incluído pela Lei nº 13.167, de 2015)
III - primários condenados pela prática de crimes cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa; (Incluído pela Lei nº 13.167, de 2015)
IV - demais condenados pela prática de outros crimes ou contravenções em situação diversa das previstas nos incisos I, II e III. (Incluído pela Lei nº 13.167, de 2015) (Lei de Execução Penal, 1984)
Desta forma observa-se que deve haver segregação de detentos, conforme natureza do crime, regime e situação processual. Contudo, não é essa a realidade dos Presídios do Estado de Minas Gerais. Constata-se que Unidades Prisionais que são destinadas para receber somente o preso provisório, comportam também presos condenados.
Devido a sua estrutura física essas Unidades, não possuem celas para separar o condenado do provisório, o primário do reincidente e o indivíduo que cometeu o crime “x” do crime “y”. Assim, deduz-se que isso pode se tornar um problema. O lugar que deveria ser de custódia e ressocialização, acaba contribuindo para formar novos criminosos, virando assim uma escola do crime. Isso vai de encontro ao que Foucault disse.
É necessário ser exposto um exemplo com o intuito de melhorar a compreensão: as vezes o indivíduo foi preso “simplesmente” por uma lesão corporal em uma mulher. Ao se misturar indivíduos de diversos tipos de crimes, há a possibilidade de ocorrer no ambiente carcerário (cela e outros alojamentos) influência na prática de outros delitos que não praticavam até então. Com o compartilhamento de experiências esse indivíduo poderá futuramente se tornar um traficante ou um assaltante, visto que as palavras de seus companheiros de cela podem soar como algo que ele precisa ouvir naquele momento.
Aquele indivíduo privado de liberdade, caiu em um estabelecimento penal, motivado por uma ou várias das refrações da questão social. Talvezneste exemplo citado de lesão corporal agrediu uma mulher por crise financeira. Mediante isso, junto com outros indivíduos privados de liberdade que traficaram ou roubaram encontram a “solução” para este indivíduo que acaba se seduzindo pelo dinheiro de forma mais rápida. Em alguns casos o a inserção do criminoso em outras naturezas (tráfico ou roubo) se dá pela dívida de favores entre internos. 
No ReNP há um capítulo que fala sobre os itens de complementação. Estes itens são itens fornecidos pelos familiares dos indivíduos privados de liberdade e que a administração prisional não consegue fornecer ao reeducando, tais quais: bolacha, cotonete, shampoo e etc. O preso em que sua família não tem condição de fornecer tais itens fica à mercê daqueles que possuem condição e, desta forma, acabam devendo estes favores.
Ainda neste contexto vê-se que:
Art. 85. O estabelecimento penal deverá ter lotação compatível com a sua estrutura e finalidade.
Parágrafo único. O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária determinará o limite máximo de capacidade do estabelecimento, atendendo a sua natureza e peculiaridades. (Lei de Execução Penal, 1984)
É importante destacar que há superlotação nos Presídios de Minas Gerais. Segundo o site do DEPEN Nacional (2020), que é um sistema de informações do sistema penitenciário brasileiro, Minas Gerais possui uma população carcerária de 62.380 indivíduos privados de liberdade, sendo que a capacidade é de 42.753 vagas, ou seja, há um déficit de 19.627 vagas.
Desta forma contraria a Lei de Execução Penal que afirma que os estabelecimentos prisionais devem ter lotação compatível. A superlotação pode ser motivo de revolta por parte dos internos e isso acaba incentivando o vandalismo, dano ao patrimônio público e outros crimes. Conforme o site do G1 (2021) a superlotação seria um dos fatores para que os detentos do Presídio de Ribeirão das Neves II, causassem um motim.
Mirabette reforça a ineficácia da ressocialização nos estabelecimentos prisionais:
A ressocialização não pode ser conseguida numa instituição como a prisão. Os centros de execução penal, as penitenciarias, tendem a converter-se num microcosmo no qual se reproduzem a se agravam as graves contradições que existem no sistema social exterior (…).
A pena privativa de liberdade não ressocializa o recluso, impedindo
sua plena reincorporação ao meio social. (MIRABETTE, 2000, p.
24)
Isso reforça as duas teses já abordadas. Uma é que os presídios contribuem para a formação de novos delinquentes e a outra em relação ao apoio familiar, ou seja, alguns destes indivíduos possuem o vínculo rompido com seus familiares.
Tocqueville (apud FOUCAULT, 2014 p. 229) afirma também que a solidão é um instrumento positivo de reforma do indivíduo:
Jogado na solidão o condenado reflete. Colocado a sós em presença de seu crime, ele aprende a odiá-lo, e se sua alma ainda não estiver empedernida pelo mal é no isolamento que o remorso virá assaltá-lo. 
Existem alguns estabelecimentos prisionais com a estrutura física com celas individuais, contudo, devido ao déficit de vagas é necessário algumas vezes alocar mais presos nessas celas. Há no sistema prisional um índice alto de reincidência. Se o condenado aprendesse a odiar seu crime de fato e verdade ele não retornaria as dependências dos Presídios, motivado por outros crimes.
É certo que na maioria das vezes não há como colocá-lo em cela separado, mas, se o presídio o fizesse refletir, nem transgressões disciplinares administrativas dentro do presídio ele cometeria. O Diretor do Presídio, pode determinar o isolamento preventivo de modo a assegurar a disciplina conforme o ReNP (2016) quando este comete alguma transgressão da norma da unidade:
Art. 644. O Diretor Geral da Unidade Prisional pode determinar, por ato motivado, o isolamento preventivo do preso, por período não superior a 10 (dez) dias. 
Parágrafo único. O isolamento preventivo só é possível quando houver indícios fundamentados da iminência ou do cometimento de infração disciplinar grave, bem como para assegurar a disciplina, a integridade física dos custodiados e a segurança da Unidade Prisional. (ReNP, 2016, p. 217)
Este isolamento é “IV - isolamento na própria cela ou, quando se tratar de preso que esteja em cela coletiva, em local adequado, respeitadas as possibilidades das Unidades Prisionais, dadas as características físicas de cada uma; e”. (ReNP, 2016, p. 218)
Outra forma de ressocialização é o trabalho. Neste sentido, Foucault (2014, p. 236) afirma que “o trabalho pelo qual o condenado atende a suas próprias necessidades requalifica o ladrão em operário dócil. Ou seja, o trabalho tem papel fundamental na ressocialização do preso.
3.2 Sistema Prisional de Minas Gerais
O sistema prisional de Minas Gerais ao longo destes anos teve que passar por algumas modificações políticas e estruturais, com o objetivo de ampliar as vagas de cumprimento de pena dos reclusos e ofertar políticas capazes de preparar os sentenciados o retorno à sociedade. 
Em Minas Gerais, a população prisional do estado se distribuía tradicionalmente pelas cadeias públicas dos municípios, pois até meados dos anos 1950 havia apenas três penitenciárias no sistema. Somente nas últimas duas décadas do século XX, novas unidades prisionais foram edificadas para dar início ao sistema prisional que somava apenas 16 unidades até 1998. A ausência de vagas nas penitenciárias não permitia a correta inserção do apenado para cumprimento de pena em estabelecimentos adequados para sua ressocialização. (CRUZ, 2010, p. 7)
Conforme a Lei n° 12.985 de 30/07/1998 a administração dos presídios ficaria a cargo da Secretaria de Estado da Justiça a partir de 1998: 
Art. 1º – Fica transferida da Secretaria de Estado da Segurança Pública para a Secretaria de Estado da Justiça a administração dos presídios e das cadeias do Estado.
§ 1º – Todos os presos, provisórios ou sentenciados, que se encontrarem nas unidades policiais na data de publicação desta Lei serão transferidos para os estabelecimentos penais da estrutura da Secretaria de Estado da Justiça, respeitada, para sua distribuição, a norma de lotação carcerária prevista na Lei nº 11.404, de 25 de janeiro de 1994. (ALMG, Lei nº12.985, 1998)
A responsabilidade pela custódia dos indivíduos privados de liberdade anteriormente ficava a cargo da Polícia Civil do Estado de Minas Gerais (PCMG) que pertencia a Secretaria de Estado da Segurança Pública.
Essa responsabilidade da Secretaria de Estado da Justiça perdurou até 2003 conforme Pereira, pois:
Em 2003 é criada a Secretaria de Estado de Defesa Social (SEDS), resultado da extinção da Secretaria da Justiça e Direitos Humanos e da Secretaria de Segurança Pública. Nesse cenário, a Subsecretaria de Administração Prisional (SUAPI) assumiu o controle da política carcerária, sendo responsável por realizar a maior parte da transição de gestão determinada na Lei 12.985/1998. (PEREIRA, 2018, p. 32).
A SEDS foi criada em 2003 pelo governador Aécio Neves com o intuito de fortalecer e melhorar a política de Segurança Pública. Conforme o DEPEN-MG, 2008: 
A característica principal do antigo modelo era “gerenciamento de crises”, trabalhava se com desarticulação e improvisação. Já o novo modelo é de “Gestão por resultados”, ou seja, é específico para o combate a criminalidade. O modelo de gestão de resultados consiste em: acompanhamento intensivo das atividades planejadas segundo Ciclo composto por quatro etapas: Planejamento, Execução, Monitoramento e Avaliação (PDCA). (SEJUSP-MG, 2008)
Dentre as políticas discutidas da SEDS, estão a reforma e profissionalização do Sistema Prisional Mineiro, que consistia em reduzir o déficit de vagas do sistema; a transferência gradativa dos presos que estavam sob custodia da Policia Civil para a SUAPI e; a racionalização da gestão das unidades. (SEJUSP-MG, 2008)
Em 2016, houve novamente a mudança de gestão da pasta e nomenclatura:
No ano de 2016 a SEDS foi dividida em duas unidades administrativas, sendo elas a Secretaria de Estado de SegurançaPública – SESP, e a Secretaria de Estado de Administração Prisional – SEAP. Assim, a SUAPI foi extinta, e o Estado passou a contar com uma Secretaria destinada exclusivamente à gestão do Sistema Prisional e de tudo que lhe concerne. (PEREIRA, 2018, p. 32).
Neste aspecto, a Secretaria de Estado de Administração Prisional – SEAP, começa a ganhar traços de autonomia com essa nova política prisional. Esta Secretaria foi criada pela Lei nº 22.257 de 27 de julho de 2016 que tinha como competências: 
[...]planejar, organizar, coordenar e gerir a política prisional, assegurando a efetiva execução das decisões judiciais e privilegiando a humanização do atendimento e a inclusão social dos indivíduos em cumprimento de pena.
Parágrafo único – Integra a área de competência da SEAP, por subordinação administrativa, o Conselho Penitenciário Estadual.” (ALMG, Lei nº 22.257, 2016)
O Conselho Penitenciário Estadual – COPEN – MG, atua como um órgão fiscalizador e auxilia no cumprimento de pena dos indivíduos privados de liberdade. (SEJUSP-MG, 2020). 
Em 2019 foi extinta a SEAP e neste ano foi criada a atual Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública - SEJUSP que é responsável por diversas áreas de segurança: Polícia Militar, Polícia Civil, Departamento Penitenciário, Corpo de Bombeiro Militar e Socioeducativo. Nesta linha de raciocínio, na estrutura da SEJUSP está o Departamento Penitenciário de Minas Gerais – DEPEN – MG, o qual se subordinam as Unidades Prisionais. (ALMG, Lei nº 22.257, 2016)
Nesta perspectiva, o DEPEN “é responsável pela gestão do sistema prisional mineiro e atua de forma a promover a segurança nas unidades prisionais, a humanização do atendimento e a ressocialização dos indivíduos privados de liberdade.” (DEPEN-MG, 2020). Atualmente 194 unidades prisionais estão sob o comando deste departamento distribuídas em 19 Regiões Integradas de Segurança Pública (RISP). (DEPEN-MG, 2020).
Destas regiões, destaca-se a 7ª RISP. Nesta região, está localizado o Presídio local – Presídio de Abaeté I (Pres-ABT-I). Ainda fazem parte desta região mais 13(treze) unidades prisionais: Presídio de Pompéu I, Presídio de Dores do Indaiá I, Presídio de Bom Despacho I, Presídio de Luz I, Presídio de Bambuí I, Presídio de Arcos I, Presídio de Lagoa da Prata I, Presídio de Divinópolis I, Presídio de Itaúna I, Presídio de Nova Serrana I, Presídio de Pitangui I, Penitenciária de Formiga e Penitenciária de Pará de Minas I – Doutor Pio Canedo (Depen,2020). O Presídio de Bambuí teve suas atividades encerradas em outubro de 2021, por falta de servidores onde estes e os indivíduos privados de liberdade foram removidos dentro desta RISP.
Segundo a Lei Federal, Lei de Execução Penal (1984), os estabelecimentos prisionais classificam-se em: Penitenciária; Colônia Agrícola, Industrial ou Similar; Casa do Albergado; Centro de Observação; Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico e; Cadeia Pública. Deste modo, cada tipo de prisão é destinado a um público específico.
Em Minas Gerais, o DEPEN-MG, segue as orientações baseadas na LEP, todavia cria algumas políticas prisionais com o intuito de aprimorar os serviços prestados. De acordo com o artigo 73 da LEP, há autonomia dos Departamentos Penitenciários locais, pois, “Art. 73. A legislação local poderá criar Departamento Penitenciário ou órgão similar, com as atribuições que estabelecer.” (Lei de Execução Penal, 1984)
Nesta linha de raciocínio, no Estado de Minas Gerais possui diversas classificações de Estabelecimentos Prisionais definidos pelo Departamento Penitenciário de Minas Gerais – DEPEN-MG. De acordo com a SEJUSP (2020):
Art. 1º– As unidades prisionais que constituem o Departamento Penitenciário de Minas Gerais (DEPEN-MG) definem-se da seguinte forma, conforme sua finalidade: 
I – Unidades Prisionais Convencionais e Unidades Prisionais Operadas por Parceiro Privado: 
a) Presídio: define-se como o estabelecimento penal destinado prioritariamente à custódia de indivíduos privados de liberdade (IPLs) presos provisoriamente. 
b) Penitenciária: define-se como o estabelecimento penal destinado prioritariamente aos IPLs condenados. 
c) Complexo Penitenciário: define-se como o estabelecimento penal composto por duas ou mais unidades distintas, cuja proximidade territorial e nível de complexidade possibilite a gestão por corpo diretivo comum. 
d) Centro de Remanejamento Provisório (CERESP): define-se como o estabelecimento penal destinado prioritariamente à custódia temporária de IPLs. 
e) Casa de Albergados: define-se como o estabelecimento penal destinado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime aberto, prisões civis, da pena de limitação de fim de semana e outros por determinação judicial. 
f) Penitenciária de Segurança Máxima: define-se como o estabelecimento penal de segurança máxima destinado, prioritariamente, aos IPLs: 
1. classificados como de alta periculosidade ou cuja inclusão se justifique no interesse da Segurança Pública, ante ao risco prisional do IPL;
2 sujeitos ao regime disciplinar diferenciado, provisórios ou condenados
g) Centro de Ressocialização e Pré-Soltura: define-se como o estabelecimento penal destinado à custódia de IPLs preferencialmente do regime semiaberto, com foco no trabalho e reintegração social.
II – unidades Prisionais de Custódias Alternativas:
a) Unidade Gestora de Monitoração Eletrônica (UGME): define-se como o estabelecimento penal destinado à coordenação e execução compartilhada da política de monitoração eletrônica.
b) Centro de Reintegração Social (APAC[1]): define-se como o estabelecimento penal destinado à custódia dos IPLs com maior ênfase na sua ressocialização, com gestão compartilhada com Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público.
III – unidades Prisionais transitórias:
a) Carceragem de Fórum: define-se como o estabelecimento penal destinado à custódia transitória de IPLs, em que são realizadas as ações de recepção, registro, movimentação e encaminhamento desses IPLs nas dependências dos Fóruns do Poder Judiciário.
b) Central Integrada de Escolta e Apoio Operacional (CEAOP) define-se como o estabelecimento penal destinado à centralização:
1. da gestão de escoltas de IPLs ordinárias, emergenciais, hospitalares, judiciais, atendimento de saúde, atividade laboral e educacional, transferências e demais escoltas;
2 da gestão dos grupamentos de intervenção rápida (GIR) para apoio operacional em segurança às unidades prisionais
c) Central Integrada de Atendimento das Medidas Extra Custódia (CIAMEC): define-se como o estabelecimento penal destinado ao atendimento às decisões judiciais que determinam aplicação de penalidades diversas da custódia.
Iv – unidades Prisionais Médico Penais:
a) Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP): define-se como o estabelecimento penal próprio para custódia, cumprimento de Medida de Segurança de Internação, tratamento, realização de exames periciais de internação ou ambulatorial de indivíduos inimputáveis ou semi-imputáveis
e/ou IPLs acometidos de superveniência de doenças mentais.
b) Centro de Apoio Médico Pericial (CAMP): define-se como o estabelecimento penal próprio para custódia, tratamento, realização de exames periciais de internação ou ambulatorial de indivíduos inimputáveis ou semi-imputáveis e/ou IPLs acometidos de superveniência de problemas de saúde.
c) Centro de Referência à Gestante Privada de Liberdade (CRGPL): define-se como o estabelecimento penal destinado à custódia de mulheres gestantes e lactantes e ao acolhimento de seus filhos de até um ano de idade. (Jornal de Minas Gerais, 2020, p. 7)
Com isso, cada unidade prisional elencada se destina a um público específico. Dentre estas, é impotante destacar e analisar as unidades prisionais convencionais e as operadas por parcerias público-privadas (conhecidas como PPPs), que estão elencadas no Inciso I e, os Hospitais de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP), elencados no inciso IV. É importante destacar estas, pois, encontra-se com maior frequência assistentes sociais lotados nestas unidadesprisionais.
Nos presídios, têm se como público principal os indivíduos privados de liberdade que são considerados como provisório, ou seja, foram presos em flagrante delito ou teve sua prisão decretada temporariamente/preventivamente e que aguardam sua sentença que seja para absolvição ou condenação. (TJDFT, 2016). 
Nas penitenciárias, prioritariamente o público principal são os indivíduos privados de liberdade que receberam condenação penal transitada em julgada. Já nos complexos penitenciários, são duas unidades em um mesmo espaço físico que visa atender os dois públicos elencados acima.
Os Centros de Remanejamento Provisório, é destinado aos presos que são recém-admitidos nestes, e aguardam liberação de vagas em estabelecimento penal adequado, conforme sua condição processual e conduta carcerária. A Diretoria de Gestão de Vagas (DGV) é a responsável por essa diligência de vagas no sistema prisional mineiro. Conforme o Art. 87 do Regulamento de Normas e Procedimentos do Sistema Prisional de Minas Gerais (RENP):
A Diretoria de Gestão de Vagas, conforme o art. 79 do Decreto Estadual nº 46.647/2014, tem a finalidade de gerenciar dados relativos à distribuição dos presos, competindo-lhe:
[...]
III - promover a autorização de matrícula ou transferência de presos, conforme critérios definidos pelas características dos presos, tipos de pena e perfil das Unidades Prisionais;
IV - manter registro de informações acerca da movimentação dos indivíduos privados de liberdade; (ReNP, 2016, p. 49-50) 
Dando continuidade, tem a Casa do Albergado, que é destinada a presos que cumprem pena em regime aberto e prisões civis (Ex: Pensão alimentícia).
As Penitenciárias de Segurança Máxima é destinada para os presos classificados com grau de periculosidade alto, ou seja, para os presos considerados perigosos tais como: membros de facção criminosa e sentenciados com condenação alta que merecem atenção especial devido a sua conduta e histórico no sistema prisional mineiro/brasileiro. É necessário que estas penitenciárias possuam estrutura adequada para receber estes indivíduos privados de liberdade.
O Centro de Ressocialização e Pré-Soltura assemelha se a Colônia Agrícola, Industrial ou Similar, pois, ambos acolhem os presos do regime semiaberto e possuem o foco no trabalho, ou seja, prepara o indivíduo para o retorno a sociedade.
Em relação ao Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP), é estruturado e destinado aos presos inimputáveis e semi-inimputáveis que cumprem medida de segurança e são acometidos por doença mental. Segundo o Código Penal:
 
Art. 96. As medidas de segurança são:  (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
I - Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequado; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
II - sujeição a tratamento ambulatorial.  (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - Extinta a punibilidade, não se impõe medida de segurança nem subsiste a que tenha sido imposta.  (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)(Código Penal, 1940)
O que diferencias o HCTP do Centro de Apoio Médico Pericial (CAMP), é que neste último, não há indivíduos privados de liberdade em medida de segurança e este acolhe os presos com os mais variados tipos de problemas de saúde, pois, possuem estrutura adequada e pessoal capacitado para tal. As unidades prisionais convencionais e as operadas por parcerias público-privadas que não conseguem ofertar e promover as políticas públicas de saúde aos seus internos, direcionam ao CAMP para tratamento ambulatorial especializado.
Já no Centro de Referência à Gestante Privada de Liberdade, é estruturado para acolher as gestantes e lactantes de todo o Estado de Minas Gerais. Os filhos das reclusas até um ano de idade são acolhidos dentro deste estabelecimento penal. 
Em 21 de julho de 2021 a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública, com o intuito de preservar a integridade física da população Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Queer, Intersexo e Assexual (LGBTQIA+) e além disso, criar políticas públicas voltadas a este público, instituiu a Penitenciária de São Joaquim de Bicas I - Professor Jason Soares de Albergaria, “como Unidade de Referência Porta de Entrada para o recolhimento das pessoas LGBTQIA+ privadas de liberdade dos municípios de Belo Horizonte e daqueles que compõe a 1°, 2°, 3° e 19° Regiões Integradas de Segurança - RISP.” (Minas Gerais, 2021, p. 9). Essa medida foi tomada em razão da série de suicídio que estava ocorrendo neste Estado.
4 O SERVIÇO SOCIAL NOS PRESÍDIOS
O Serviço Social é uma profissão com formação generalista. Os assistentes sociais atuam nos diversos campos: fóruns, prefeituras, sistema prisional entre outros. O objeto deste capítulo, será o assistente social dentro do Sistema Prisional, ou seja, nas prisões.
Segundo Guindani (apud CANÊO e TORRES 2018 p. 3) “em 08 de dezembro de 1951, foi regulamentado o exercício da profissão nas unidades prisionais pela lei nº 1651, tornando-se uma das primeiras profissões a atuar dentro das prisões, em conjunto com a Psicologia e o Direito”.
A profissão Assistente Social é regulamentada pela Lei 8.662 de 7 de junho de 1993 e visa a garantia de direito dos usuários. Nas prisões, os assistentes sociais executam procedimentos de competência técnica da área conforme as legislações vigentes; as diretrizes do conselho da área (CRESS e CFESS); o Código de Ética Profissional; diretrizes contidas no ReNP (Regulamento de Normas e Procedimentos do Sistema Prisional de Minas Gerais) e; diretrizes contidas na Lei de Execução Penal. 
A Lei n 7.210 de 11 de julho de 1984, que institui a Lei de Execução Penal (LEP), é um norte de diretrizes em âmbito federal, que se estende para o âmbito estadual e tem como “objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado.” (Lei de Execução Penal, 1984). 
Cada Departamento Penitenciário Local poderá criar diretrizes específicas embasadas na LEP. Ainda neste sentido, o Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN), é o órgão responsável por definir políticas prisionais embasadas na LEP, com o intuito de ressocializar o custodiado (SILVA; COUTINHO, 2019, p.26).
 Há diversas políticas voltadas para o indivíduo privado de liberdade. Neste sentido, a Assistência Social está prevista dentro desta lei e conforme a LEP:
Da Assistência Social
Art. 22. A assistência social tem por finalidade amparar o preso e o internado e prepará-los para o retorno à liberdade.
Art. 23. Incumbe ao serviço de assistência social:
I - conhecer os resultados dos diagnósticos ou exames;
II - relatar, por escrito, ao Diretor do estabelecimento, os problemas e as dificuldades enfrentadas pelo assistido;
III - acompanhar o resultado das permissões de saídas e das saídas temporárias;
IV - promover, no estabelecimento, pelos meios disponíveis, a recreação;
V - promover a orientação do assistido, na fase final do cumprimento da pena, e do liberando, de modo a facilitar o seu retorno à liberdade;
VI - providenciar a obtenção de documentos, dos benefícios da Previdência Social e do seguro por acidente no trabalho;
VII - orientar e amparar, quando necessário, a família do preso, do internado e da vítima. (Lei de Execução Penal, 1984)
Desta forma, a LEP, através do assistente social, objetiva a ressocialização do indivíduo privado de liberdade, uma vez que o ampara com o intuito de prepará-lo ao convívio novamente com a sociedade.
Ainda de acordo com a LEP, o assistente social, realiza acompanhamento sistemático junto ao detento, acompanha alguns benefícios concedidos judicialmente (permissão de saídas e saídas temporárias), garante os seus direitos, diligencia a obtenção de documentos e realiza a ponte com o diretor do estabelecimento no intuito de buscar soluções enfrentadas pelo preso.
A LEP reforça que:
Art. 10. A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando preveniro crime e orientar o retorno à convivência em sociedade.
Parágrafo único. A assistência estende-se ao egresso.
Art. 11. A assistência será:
I - material;
II - à saúde;
III -jurídica;
IV - educacional;
V - social;
VI - religiosa
Conforme Silva e Coutinho (2019, p.26) 
[...]a assistência contida na LEP não é a mesma existente na Política de Assistência Social e prestada pelos equipamentos sociais, tais como Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) e Centros de Referência Especializados em Assistência Social (CREAS), a referida lei trata, sobretudo, de um conjunto de ações específicas a serem desenvolvidas com o discurso de reintegrar as pessoas apenadas às normas de convivência social vigente. 
Para Pires (2013, p. 362)
[...]a prática do assistente social, assim como a dos outros profissionais que atuam no sistema penitenciário, só se justifica socialmente para o cumprimento desta tarefa, o que lhe atribui uma funcionalidade aos interesses do capital. Essa funcionalidade é mais significativa no que tange à reprodução ideológica, pois, ao se buscar alcançar a finalidade ressocializadora mediante a mencionada reforma moral, a prática profissional se põe como contributo ao reforço e à reprodução da ideologia dominante e, em decorrência, da ordem burguesa.
Deste modo, Pires, afirma que apesar do assistente social contribuir para a ressocialização do indivíduo privado de liberdade, ele também contribui para a classe dominante. Pois, a reflexão da prática moral, irá estimular o preso a se tornar o sujeito da própria história e, em caso de bons resultados, este possivelmente não trará prejuízos para a sociedade.
Ainda para Silva e Coutinho (2019, p. 26), no âmbito do sistema prisional, “[...]os serviços de assistência são realizados por uma equipe multidisciplinar, em que opera o assistente social[...]” sendo que as resoluções do CFESS atuam “[...]na defesa da cidadania e nas ações de reintegração social, visando garantir ao egresso condições para retorno ao convívio social extramuros.”
Além do assistente social, de acordo com o Regulamento e Normas de Procedimento do Sistema Prisional de Minas Gerais (ReNP, 2016) é importante que haja uma equipe multidisciplinar com intuito de garantir a assistência à saúde do preso, composta por psicólogo, médicos, enfermeiro, técnicos em enfermagem, dentista, farmacêutico, analista técnico jurídico entre outros que pertencem ao Núcleo de Saúde e Atendimento Psicossocial, e obedece às diretrizes da Diretoria de Atendimento ao Preso.
4.1 Competências do Serviço Social nos Presídios de Minas Gerais
O Regulamento de Normas e Procedimentos do Sistema Prisional de Minas Gerais (ReNP) é um documento elaborado a fim de nortear os diversos profissionais do sistema prisional de Minas Gerais. Neste sentido, ele é utilizado juntamente com a Lei de Execução Penal, Código de Ética do Assistente Social de 1993, resoluções do Conselho Federal de Serviço Social e Conselho Regional de Serviço Social para dar embasamento às atribuições do assistente social.
São atribuições do Serviço Social conforme o ReNP:
I – Serviço Social, ao qual cabe:
a) exercer a função de referência técnica do núcleo psicossocial da Unidade Prisional, conforme portaria interministerial nº 1.777/03, fazendo revezamento semestral sempre que possível;
b) programar e executar, juntamente com a equipe de saúde, ações de atenção básica previstas nas legislações vigentes;
c) informar ao Diretor Geral os problemas e as dificuldades enfrentados pelo assistido de acordo com o Código de Ética profissional;
d) promover orientação e possíveis encaminhamentos ao assistido na fase final do cumprimento da pena de modo a facilitar o seu retorno à liberdade;
e) coordenar a ação relacionada à documentação do preso (RG, CPF, Certidão de Nascimento, Certidão de Casamento, Carteira de Trabalho e Previdência Social);
f) coordenar a ação de lançamento do número dos documentos do preso no sistema INFOPEN bem como anexar a sua cópia no PGPS;
g) orientar o preso quanto aos direitos e benefícios da Seguridade Social e realizar os devidos encaminhamentos;
h) participar das reuniões da Comissão Técnica de Classificação – CTC e das reuniões de Conselho Disciplinar - CD, exercendo seu direito ao voto;
i) programar e executar as indicações do Programa Individualizado de Ressocialização - PIR, acompanhando a evolução do preso;
j) realizar atendimentos de classificação, rotina e de demandas espontâneas;
l) realizar atendimento ao familiar do preso, quando avaliar a necessidade, providenciando, se for o caso, os devidos encaminhamentos à rede de saúde e socioassistencial;
m) acompanhar a visita assistida, quando houver demanda, conforme orientações do NAF – Núcleo de Assistência a Família;
n) coordenar as ações e procedimentos técnicos para visita social e íntima;
o) acompanhar e orientar o preso quanto à importância do benefício de saída temporária no processo gradativo de resgate do vínculo afetivo e familiar e demais valores, contribuindo, assim, para a reinserção social;
p) participar de reuniões de trabalho externo, capacitações internas e externas e mutirões de saúde quando convocado; e
q) executar demais procedimentos de competência técnica da área conforme as legislações vigentes, as diretrizes do conselho da área (CRESS e CFESS) e o Código de Ética Profissional. (ReNP, 2016. p. 80-81)
Associando o ReNP e a LEP, é importante ressaltas as funções do assistente social detalhadamente.
Em relação ao acompanhamento dos benefícios abordados na LEP: 
SEÇÃO III
Das Autorizações de Saída
SUBSEÇÃO I
Da Permissão de Saída
Art. 120. Os condenados que cumprem pena em regime fechado ou semi-aberto e os presos provisórios poderão obter permissão para sair do estabelecimento, mediante escolta, quando ocorrer um dos seguintes fatos:
I - falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão;
II - necessidade de tratamento médico (parágrafo único do artigo 14).
Parágrafo único. A permissão de saída será concedida pelo diretor do estabelecimento onde se encontra o preso.
Art. 121. A permanência do preso fora do estabelecimento terá a duração necessária à finalidade da saída. (Lei de Execução Penal, 1984)
Quanto a estas permissões de saída, o ReNP do sistema prisional mineiro diz que:
Art. 259. A escolta será realizada nas seguintes ocasiões:
I - transferência de presos entre Unidades da SUAPI;
II - solicitação de autoridade policial ou judicial;
III - condução de presos para atendimento de saúde rotineiro ou emergencial;
IV- acompanhamento de preso em velório de ascendentes, descendentes, irmãos e cônjuges; (somente em cemitérios ou velórios municipais);
V - acompanhamento de presos em visitas a ascendentes, descendentes, irmãos e cônjuges que estejam hospitalizados;
VI - acompanhamento de presos a cartórios e bancos; e
VII – demandas interestaduais.
§ 1º A permissão de saída será concedida pelo diretor geral da Unidade Prisional onde se encontra o preso.
§ 2º A escolta externa para velório ou sepultamento será realizada mediante apresentação do atestado de óbito e guia de sepultamento, observadas as normas de segurança, não sendo permitida escolta para velório em residência.
§ 3º Para a realização do procedimento é imprescindível que a equipe esteja de posse do formulário padrão de solicitação de escolta externa, assinado pelo Diretor Geral da Unidade Prisional ou pelo eventual interino do dia.
§ 4º Nas escoltas decorrentes de demandas interestaduais deverão ser observadas as seguintes diretrizes:
I – ao receber a requisição de outro Estado ou da SAIGV, relativamente à escolta de preso, a Unidade Prisional deverá encaminhar a referida requisição, via formulário padrão de solicitação de escoltas, à Diretoria de Segurança Externa da SSPI, para análise;
II – uma vez autorizada a escolta, a Unidade Prisional de destino deverá ser contatada pela equipe da DSE/SSPI, de modo a confirmar se está ciente de que o preso lhe será encaminhado;
III – cabe à DSE/SSPI solicitar, junto à Unidade Prisional que realizará a

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