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O produtor pergunta, a Embrapa responde. Organizadores Coleção 500 Perguntas 500 Respostas Luiz Pinto Medeiros Eneide Santiago GirãoRaimundo Nonato Girão José Alcimar Leal C oleção 500 Perguntas 500 R espostas C a p r in o s O produtor pergunta, a Embrapa responde. Organizadores Coleção 500 Perguntas 500 Respostas MINISTÉRIO DA AGRICULTURA E DO ABASTECIMENTO Trabalhando em todo o Brasil GOVERNO FEDERAL Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Meio-Norte Embrapa Caprinos Luiz Pinto Medeiros Eneide Santiago GirãoRaimundo Nonato Girão José Alcimar Leal Embrapa Meio-Norte, em parceria com a Embrapa Caprinos, coloca à disposição dos produtores de caprinos, extensionistas, técnicos da assistência técnica privada, estudantes, professores e _consumidores o livro Caprinos 500 Perguntas, 500 Respostas. As perguntas originaram-se das constantes indagações recebidas do público interessado na exploração de caprinos e as respostas foram baseadas nos resultados de pesquisa obtidos no período de 1977 a 1998 pela Embrapa Meio-Norte e pela Embrapa Caprinos, nas diversas áreas pesquisadas como: raças nativas e exóticas, sanidade, instalações, manejo alimentar, manejo reprodutivo, manejo de cabras leiteiras e melhoramento genético. Esta publicação não aponta apenas as alternativas viáveis para o desenvolvimento sustentado da caprinocultura, mas propiciará uma maior parceria da Embrapa com os criadores e com a sociedade. Coleção ♦ 500 Perguntas ♦ 500 Respostas O produtor pergunta, a Embrapa responde. República Federativa do Brasil Presidente Fernando Henrique Cardoso Ministério da Agricultura e do Abastecimento Ministro Marcus Vinicius Pratini de Moraes Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Diretor-Presidente Alberto Duque Portugal Diretores-Executivos Elza Angela Battaggia Brito da Cunha Dante Daniel Giacomelli Scolari José Roberto Rodrigues Peres Embrapa Meio-Norte Chefe-Geral Maria Pinheiro Fernandes Corrêa Chefe-Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento Hoston Tomás Santos do Nascimento Chefe-Adjunto de Comunicação e Negócios Cândido Athayde Sobrinho Chefe-Adjunto de Administração João Erivaldo Saraiva Serpa Embrapa Caprinos Chefe-Geral Luiz Antônio de Araújo Lima Chefe-Adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento Eneas Reis Leite Chefe-Adjunto de Apoio Técnico Arlindo Luiz da Costa Chefe-Adjunto de Administração Antônio Auderly de Oliveira Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia Gerente-Geral Lucio Brunale Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia Brasília 2000 O produtor pergunta, a Embrapa responde. Organizadores: Luiz Pinto Medeiros Raimundo Nonato Girão Eneide Santiago Girão José Alcimar Leal Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa Meio-Norte Embrapa Caprinos Ministério da Agricultura e do Abastecimento Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na: Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia Parque Estação Biológica – PqEB, Av. W3 Norte (final) Caixa Postal 040315 CEP 70770-901 Brasília, DF Fone: (61) 448-4155/448-4433 Fax: (61) 340-2753 vendas@spi.embrapa.br www.spi.embrapa.br Embrapa Meio-Norte Av. Duque de Caxias, 5650 Bairro Buenos Aires Caixa Postal 01 CEP 64006-220 Teresina, PI Fone: (86) 225-1141 / 214-3000 Fax: (86) 225-1142 cpamn@cpamn.embrapa.br www.cpamn.embrapa.br Embrapa Caprinos Estrada Sobral–Groaíras, Km 04 Fazenda Três Lagoas Caixa Postal D-10 CEP 62011-970 Sobral, CE Fone: (88) 614-3077 Fax: (88) 614-3132 postmaster@cnpc.embrapa.br www.cnpc.embrapa.br 1a edição 1a impressão (2000): 3.000 exemplares Todos os direitos reservados. A reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação do Copyright © (Lei no 9.610) CIP-Brasil. Catalogação-na-publicação. Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia. CDD 636.39 © Embrapa 2000 Caprinos: o produtor pergunta, a Embrapa responde / organizado por Luiz Pinto Medeiros; Raimundo Nonato Girão; Eneide Santiago Girão; José Alcimar Leal. – Brasília : Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia ; Teresina : Embrapa Meio-Norte ; Sobral : Embrapa Caprinos, 2000. 170p. ; (Coleção 500 Perguntas 500 Respostas). Inclui índice remissivo de assunto. ISBN 85-7383-083-2 1. Caprino - Sanidade. 2. Caprino - Alimentação. 3. Caprino - Reprodução. 4. Caprino - Raça. 5. Caprino - Manejo. I. Medeiros, Luiz Pinto, org. II. Girão, Raimundo Nonato, org. III. Girão, Eneide Santiago, org. IV. Leal, José Alcimar, org. V. Série. CAPRINOS 500 Perguntas, 500 Respostas (O produtor pergunta, a Embrapa responde) Elaboração Embrapa Meio-Norte Embrapa Caprinos Coordenação Editorial Embrapa Comunicação para Transferência de Tecnologia Editor Responsável Carlos M. Andreotti Copidesque, Revisão e Tratamento Editorial Raquel Siqueira de Lemos Programação Visual Mayara Rosa Carneiro Arte-final da Capa Carlos Eduardo Felice Barbeiro Editoração Eletrônica José Batista Dantas Ilustrações de Texto Edilson Gonçalves da Silva Foto da Capa Arquivo da Embrapa Meio-Norte 6 Colaboradores Embrapa Meio-Norte Eneide Santiago Girão Hoston Tomás Santos do Nascimento José Alcimar Leal Luiz Pinto Medeiros José Herculano de Carvalho Maria do Perpétuo Socorro Cortez Bona do Nascimento Raimundo Nonato Girão Colaboradores Embrapa Caprinos Antônio Cézar Rocha Cavalcante Elizabete Rodrigues da Silva Francisco Beni de Sousa Francisco Luiz Ribeiro da Silva Francisco Selmo Fernandes Alves João Ambrósio de Araújo Filho Luiz da Silva Vieira Nelson Nogueira Barros Nilzemary Lima da Silva Ronaldo Ponte Dias Vania Rodrigues Vasconcelos Revisão Técnica Lígia Maria Rolim Bandeira 7 Apresentação Mesmo sendo considerada uma atividade de elevada importância sócio-econômica para o Nordeste, a caprinocultura tem, no pouco uso de tecnologias, o grande entrave ao seu aprimoramento produtivo e econômico. Muitas são as dúvidas quanto ao melhor sistema de criação e, como as informações tecnológicas encontram-se dispersas, tornam-se pouco acessí- veis aos produtores. Portanto, é com imensa satisfação que a Embrapa, por intermédio da Embrapa Meio-Norte, em parceria com a Embrapa Caprinos, coloca à dis- posição dos produtores de caprinos a publicação Caprinos: 500 Perguntas, 500 Respostas – O produtor pergunta, a Embrapa responde. Ao longo dos anos, os pesquisadores desses centros de pesquisa fo- ram acumulando perguntas, que chegavam de produtores e técnicos, pelos mais diversos meios de comunicação, originando a necessidade de se ela- borar uma publicação nestes moldes. Produto do esforço conjunto de uma equipe de pesquisadores dessas duas unidades, esperamos que esta obra venha contribuir para dirimir dúvidas de cunho prático e tecnológico e tor- nar a caprinocultura uma atividade atraente e lucrativa. Maria Pinheiro Fernandes Corrêa Chefe-Geral da Embrapa Meio-Norte 8 9 Sumário INTRODUÇÃO 11 ASPECTOS GERAIS DA CAPRINOCULTURA 13 RAÇAS 17 SANIDADE 23 INSTALAÇÕES 57 MANEJO 67 MANEJO ALIMENTAR 93 MANEJO REPRODUTIVO 115 MANEJO DE CABRAS LEITEIRAS 133 MELHORAMENTO GENÉTICO 141 ÍNDICE REMISSIVO 149 10 11 Introdução A caprinocultura, para consolidar-se como atividade competitiva no cenário nacional, requer o uso de modelos mais eficientes que possam promo- ver ganhos de produtividade e qualidade, ao tempo em que exige alternativas viáveis para o manejo racional dos recursos naturais. As tecnologias atualmente disponíveis nas áreas de alimentação e ma- nejo animal permitem utilizar sistemas de produção competitivos, envolvendo forrageiras com elevada produção de matériaseca e capazes de atender, na maioria dos casos, as exigências nutricionais dos animais. As práticas avançadas que envolvem tanto a higiene da produção como o controle de agentes patogênicos são tecnologias disponíveis para muitas atividades na produção animal, incluindo a caprinocultura, que se apresenta como alternativa competitiva sobretudo para as regiões semi-áridas. A caprinocultura desenvolvida na Região Nordeste do Brasil tem eleva- da importância social e econômica para as populações rurais e para a própria ecologia da região. Porém, o desempenho produtivo desses animais não é con- siderado satisfatório, em decorrência, principalmente, da utilização de baixos níveis de tecnologia relacionados com alimentação, manejo e sanidade. A maioria dos produtores ainda utiliza os sistemas tradicionais de cria- ção, nos quais a pastagem nativa é, praticamente, a única fonte de alimentação disponível para os animais, durante o ano todo. Essa pastagem apresenta alta disponibilidade e bom valor nutritivo na época das chuvas, mas a quantidade e a qualidade diminuem bastante na época seca, comprometendo o desempenho dos animais. Entretanto, em algumas áreas localizadas, a caprinocultura já começa a ser vista, por alguns produtores, como uma atividade produtiva, e não mais como uma atividade de subsistência. Diante dessa mudança, faz-se necessário indicar meios para que essa atividade se torne um negócio competitivo. A disponibilidade de tecnologias e o seu uso por uma parcela significativa de produtores são ferramentas de grande importância nesse processo. O atual cenário político e econômico mostra que os caprinocultores alcançam êxito na atividade quando atuam de forma profissional, lançando mão de seus conhecimentos, utilizando de forma coerente as tecnologias dispo- níveis. Nesse contexto, as informações técnicas contidas neste trabalho contri- buem para divulgar, a produtores de caprinos e técnicos ligados ao setor, as tecnologias geradas por órgãos de pesquisa, acelerando o crescimento da caprinocultura e tornando os sistemas de produção mais eficientes. 14 Aspectos Gerais da Caprinocultura Por que a criação de cabras é importante? A criação de cabras é uma atividade econômica de grande impor- tância para o produtor rural e tem como objetivo gerar receita com a venda de leite e animais para abate, bem como de matrizes e reprodutores sele- cionados. Existem diferenças na exploração de caprinos entre as diversas regiões do Brasil? Sim. Na Região Nordeste a caprinocultura é explorada com baixo nível de tecnologia e visa basicamente à produção de carne e pele. Nas regiões Sudeste e Sul, a caprinocultura adota níveis elevados de tecnologia e sua exploração destina-se à produção de leite e derivados e à venda de matrizes e reprodutores de alta linhagem. Muitos afirmam que os caprinos são rústicos e outros dizem o contrário. Qual a opinião correta? Os caprinos são animais rústicos e capazes de sobreviver em áreas de pastagens de baixo valor nutritivo, impróprias para outras espécies e para a exploração agrícola. No entanto, nessas condições, sua produtivida- de é baixa, e isso significa que os animais precisam também de condições adequadas de instalações, manejo e alimentação para responderem com aumento de produção. A exploração de caprinos para corte é uma atividade eco- nomicamente importante no Nordeste? Sim. O consumo per capita de carne caprina no Nordeste é relativa- mente alto. Isso gera um mercado importante para o produtor que necessita de tecnologias para tornar sua atividade mais produtiva e mais econômica. Que tipo de caprino é criado no Nordeste? A população caprina do Nordeste é constituída, em sua maioria, de animais mestiços das raças exóticas com o tipo sem raça definida (SRD). 1 2 3 4 5 15 Aspectos Gerais da Caprinocultura Onde se concentra a maior população de caprinos no Brasil? No Brasil, a caprinocultura é explorada em todas as regiões. No entanto, cerca de 92% da população caprina nacional está distribuída nos estados do Nordeste, sendo os maiores produtores os estados da Bahia, Piauí, Pernambuco e Ceará. Por que o leite de cabra, sabidamente um alimento de alto valor nutritivo, é pouco consumido no Brasil? Há diversos aspectos que limitam o consumo do leite de cabra. Nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, geralmente o leite é consumido por uma população de alto poder aquisitivo, em virtude de seu alto preço de merca- do, que chega a atingir duas a três vezes o preço do leite de vaca. Esse preço elevado justifica-se em razão de o produto ser consumido como me- dicamento e não como alimento. Em alguns estados do Nordeste, o leite de cabra é consumido, principalmente, pela população rural de menor poder aquisitivo. Entretanto, em segmentos diferenciados da população de todas as regiões do país, sua aceitação é limitada por força de idéias preconceituosas segundo as quais o leite de cabra tem cheiro desagradá- vel e transmite doenças. O que deve ser feito para incentivar o consumo de leite de cabra? Promover maior conscientização da população sobre o alto valor nutritivo do leite de cabra e melhor organização dos produtores, bem como uma oferta constante de leite e melhor qualidade do produto. 6 7 8 Por que o mercado de lei- te de cabra e de seus deri- vados é ainda muito pe- queno? Porque não existe organização dos produtores visando aumentar a pro- 9 dução diária e manter constante a oferta de leite. Não existe divulgação sobre a importância do produto e seus derivados nem rigor na utilização de tecnologias eficientes na fabricação de derivados. Como o leite de cabra é utilizado na alimentação humana? Em decorrência de sua composição química, o leite de cabra é lar- gamente usado na alimentação humana em várias partes do mundo, tanto na forma natural quanto na forma industrializada, principalmente nos países mais desenvolvidos. É um produto de grande digestibilidade, alcançando preço duas a três vezes mais elevado que o leite de vaca. Crianças alérgicas ao leite de vaca podem consumir o leite de cabra? Sim. Para algumas crianças, cujo organismo não aceita o leite de vaca, recomenda-se sua substituição pelo leite de cabra. Quais as vantagens do leite de cabra em relação ao leite de vaca? O leite de cabra tem composição semelhante à do leite humano. Comparado com o leite de vaca, é mais digestível para as crianças, idosos e doentes, usado na prevenção e tratamento de algumas doenças, mais rico em minerais, vitaminas e proteínas. É utilizado na fabricação dos mais fa- mosos e saborosos queijos do mundo, com melhor rendimento na fabrica- ção de queijos. 12 11 10 18 Raças Qual a melhor raça de caprinos? Em qualquer exploração de caprinos para produção de carne, de leite ou de dupla aptidão (carne e leite), a melhor raça é aquela que apresenta melhor resposta produtiva às condições da região e ao nível tecnológico utilizado. Por isso, a melhor raça depende do tipo de exploração desejada. Há alguma vantagem na criação de raças puras de caprinos? As raças puras exóticas, por serem especializadas na produção de carne ou de leite, embora mais exigentes em sistemas de criação que ga- rantam recursos nutricionais e de manejo em geral, podem apresentar mai- or retorno econômico à atividade. Para fins de registro genealógico, quais as raças de caprinos reconhecidas pela Associação Brasileira de Criadores de Caprinos – ABCC? • Raças nacionais: Moxotó, Mambrina, Jamnapari e Bhuj. • Raças importadas: Anglonubiana, Saanen, Toggenburg, Alpina, Al- pina Britânica, Alpina Americana e Angorá. • As raças Murciana e Boer estão em processo de homologação ra- cial no Ministério da Agricultura. Recomenda-se a criação de caprinos leiteiros de raças pu- ras em regime extensivo? Não. Os caprinos de raças leiteiras purasnão se adaptam facilmente aos sistemas extensivos de pastejo. Por isso, recomenda-se mantê-los, du- rante o período seco, em regime intensivo e, durante a época chuvosa, em regime semi-intensivo. Os caprinos da raça Alpina podem se adaptar às condições da região Nordeste do Brasil? Sim, desde que seja implantado um manejo animal adequado e que as instalações permitam conforto aos animais. 13 14 15 16 17 19 Raças Por que os caprinos nativos devem ser preservados? Porque as raças nativas estão adaptadas às condições climáticas do Nordeste, são menos exigentes que as raças exóticas e respondem bem aos sistemas de produção com baixo nível de tecnologia. Quando cruzadas com caprinos exóticos, produzem animais de bom valor zootécnico. São também importantes para a manutenção da biodiversidade. Que raças de caprinos produtoras de leite são recomenda- das para o Nordeste? Para a Região Nordeste, desde que o sistema de produção utilizado atenda às exigências do animal, as raças caprinas produtoras de leite mais recomendadas são a Alpina, Saanen, Anglonubiana e Toggenburg. Como se deu a formação da raça Marota? A raça ou tipo de caprinos Marota é nativa do Nordeste brasileiro e descende das raças trazidas pelos colonizadores. Sua formação deu-se por um processo de seleção natural, ao longo dos anos, em condições ambientais adversas, originando, assim, um animal de pequeno porte e de baixo poten- cial leiteiro, porém de grande rusticidade e adaptabilidade às condições do Semi-Árido. Quais as raças caprinas nativas do Nordeste com caracterís- ticas definidas? As raças ou tipos de caprinos nativos do Nordeste que apresentam características raciais definidas são: Moxotó, Marota, Canindé, Repartida, Cabra Azul e Gurguéia. Essas raças constituem material genético de gran- de importância para a Região, mas acham-se, em sua maioria, em processo progressivo de extinção. Por que as raças nativas de caprinos formadas no Nordeste estão em processo de extinção? Esse processo de extinção é conseqüência do sistema extensivo de exploração ainda existente na Região, que permite a ocorrência de cruza- 18 19 20 21 22 20 Raças mentos não controlados entre animais de raças nativas diferentes e destas com as diversas raças exóticas introduzidas mais recentemente, dando ori- gem a animais sem raça definida (SRD). Como se originou a raça Gurguéia? Apesar de não se dispor de descrição oficial dos caprinos da raça Gurguéia, há registros segundo os quais sua formação se deu por um pro- cesso de seleção natural ao longo dos anos, em condições ambientais ad- versas, tendo como possível berço de formação a região do Vale do Gurguéia, no Estado do Piauí. Existe alguma raça de aptidão mista (produção de leite e carne) recomendada para o Nordeste? A raça Anglonubiana, considerada de aptidão mista, é uma boa op- ção por ser composta de animais rústicos e, de certa forma, resistentes às condições climáticas da região, apresentando produção satisfatória de car- ne e leite. As raças caprinas importadas têm contribuído para melho- rar a caprinocultura no Nordeste? Sim. A introdução de raças exóticas como a Anglonubiana e as Alpi- nas tem contribuído significativamente para o melhoramento genético dos caprinos no Nordeste. No entanto, os sistemas de produção em uso para a exploração desses animais têm levado, às vezes, à sua inviabilidade eco- nômica. Quais as limitações no desempenho de raças exóticas nas regiões semi-áridas do Nordeste do Brasil? As raças oriundas de regiões de clima frio não se adaptam ao clima quente. Como os sistemas de criação de caprinos, na região semi-árida, são extensivos, em sua grande maioria, e os animais mantidos à base de pasto nativo, precisando percorrer longas distâncias à procura de alimentos para sua manutenção, principalmente na época seca, as raças exóticas, por se- 23 24 25 26 21 Raças rem mais exigentes em relação à alimentação e pouco tolerantes ao calor, têm seus índices produtivos reduzidos. Por que alguns produtores do Nordeste preferem criar caprinos nativos? Porque as raças nativas têm-se mostrado mais rústicas, mais prolíferas do que as raças exóticas e, conseqüentemente, com menores índices de mortalidade. Apesar de produzirem carcaças pequenas e pouco leite, estão adaptadas às condições da região, podem utilizar bem as espécies forrageiras disponíveis, inclusive as de baixa qualidade. Qual o rendimento de carcaça das principais raças caprinas criadas no Nordeste do Brasil? Estudos preliminares indicam um rendimento de carcaça quente em torno de 41% para raças nativas, de aproximadamente 37% para o tipo sem raça definida (SRD) e de 44% para a raça Anglonubiana. Esses resultados podem ser alterados futuramente, de acordo com a coleta de novos dados de pesquisa. No Brasil, existe raça caprina especializada na produção de carne? A raça Anglonubiana foi introduzida no Estado da Bahia em 1932 e tem mostrado grande aptidão para a produção de animais com melhor apro- veitamento de carcaça. Recentemente, introduziu-se a raça Boer, de ori- gem africana, que apresenta excelente conformação tipo carne, mas cujo comportamento produtivo precisa ser melhor estudado em nosso país. 28 29 27 24 Sanidade Embora os caprinos possam ser vacinados contra várias doenças, a vacinação do rebanho depende do aparecimento de surtos de determina- da enfermidade na região ou do apa- recimento de condições de alto risco, como exposições e feiras agrope- Caprinos doentes podem ficar com o rebanho, no aprisco? Não. Em qualquer exploração ocorrem casos de doenças infecto-con- tagiosas em animais, que necessitam ser isolados do rebanho. Nesse caso, recomenda-se a construção de um isolamento (área coberta) na proprieda- de, distante do aprisco, com capacidade proporcional ao tamanho do reba- nho e que ofereça boas condições aos animais doentes. Existe doença cuja vacinação seja obrigatória nos caprinos? Sim. De acordo com as normas das instituições responsáveis pela sa- nidade animal, a aftosa é uma doença de vacinação obrigatória em caprinos destinados à reprodução e que participam de leilões e exposições agrope- cuárias. Quais os procedimentos utilizados na prevenção de doen- ças de caprinos? Não incorporar animais de fora ao rebanho, sem antes submetê-los a um processo de quarentena (observação do animal por um determinado período); utilizar testes auxiliares de laboratório para diagnosticar precoce- mente as doenças de caprinos; isolar os animais doentes e submetê-los a tratamentos adequados; eliminar os animais portadores de doenças infec- ciosas, abatendo-os e, em seguida, enterrando-os ou incinerando-os; desin- fetar as instalações e combater insetos que possam transmitir doenças aos animais; vacinar sistematicamente os animais quando da ocorrência de fo- cos de doenças em outros animais da região. Quais as vacinas recomendadas para caprinos? 30 31 32 33 25 Sanidade cuárias, transporte, etc. Em todos os casos, o médico veterinário deve ava- liar os riscos e optar pelo uso ou não de determinada vacina. As seguintes doenças podem ser prevenidas pelo uso de vacinas: carbúnculo sintomáti- co, febre aftosa, ectima contagioso, enterotoxemia, leptospirose, raiva e o complexo colibacilose-pasteurelose-salmonelose. Que cuidados devem ser observados no manuseio de vaci- nas para que não percam sua eficácia? Deve-se manter o frasco das vacinas à temperatura de 2oC a 6oC. No caso de transporte da vacina, acondicioná-la em caixa de isopor contendo gelo. No momento da aplicação, evitar a exposição da vacina aos raios solares. A aplicação de vacinas pode provocar aborto? Os abortos que ocorrem após a vacinação não são decorrentes da aplicação de vacinas, estando relacionados ao manejo por ocasião da va- cinação,resultando em traumatismo, estresse, etc. Que doenças podem provocar sintomatologia nervosa? As doenças do sistema nervoso de caprinos podem ser agrupadas em: 1 – doenças nutricionais e metabólicas (toxemia da prenhez, hipocalcemia, hipoglicemia, encefalopatia hepática, uremia, choque cardíaco, desequilíbrio ácido básico e hipoxia); 2 – doenças bacterianas (listeriose, tétano); 3 – doenças causadas por vírus (raiva, artrite encefalite caprina); 4 – doenças provocadas por fungos (criptococose). Quais as doenças mais freqüentes observadas em caprinos? O aparecimento de determinada patologia está condicionado ao tipo de manejo do rebanho, à presença de outras espécies animais e às condi- ções climáticas da região. Embora exista grande número de patologias que pode acometer os caprinos, os fatores acima descritos condicionam a maior ou menor freqüência de aparecimento de uma em particular. De modo ge- ral, podem estar presentes em um rebanho caprino a linfadenite caseosa, as broncopneumonias, a pododermatite, a artrite encefalite caprina a vírus 37 36 35 34 26 Sanidade Que são helmintos ou vermes e quais os de ocorrência mais comum em caprinos? Helmintos são parasitas, isto é, seres que dependem de outros para poder viver. Os helmintos de ocorrência mais comum em caprinos perten- cem aos gêneros: Haemonchus, Trichostrongylus, Oesophagostomum e Strongyloides. Esses helmintos são os principais responsáveis pelos prejuí- zos causados aos rebanhos. Quais os locais de predileção dos helmintos dentro do cor- po do animal? Os helmintos que mais parasitam os caprinos são os gastrintestinais. Eles se localizam, principalmente, no abomaso, também conhecido por coalheira, e nos intestinos delgado e grosso. Qual o ciclo de vida dos helmintos gastrintestinais? Os helmintos gastrintestinais, de acordo com seu ciclo evolutivo, passam uma fase de sua vida nas pastagens (fase de vida livre) e uma fase adulta no estô- mago ou intestinos dos caprinos (fase pa- rasitária). Como evitar a umbigueira? Para evitar a umbigueira, corta-se o cordão umbilical do cabrito com tesoura esterilizada, deixando um toco (pedaço) de mais ou menos 2 cm, e aplicar solu- ção de iodo a 10% durante três dias. (AEC), as verminoses, as ectoparasitoses (sarnas, miíases e pediculoses), ceratoconjuntivites, entre outras. 38 39 40 41 27 Sanidade Existem helmintos mais patogênicos que outros? Sim. De todos os helmintos encontrados parasitando caprinos no Nor- deste, o mais patogênico é o Haemonchus, que parasita o abomaso ou coalheira dos animais. É um verme hematófago (alimenta-se de sangue), que causa anemia, desidratação geral e morte de animais, principalmente dos jovens. Em que época do ano os caprinos são mais atacados pelos vermes? Embora os caprinos apresentem verminose durante todo o ano, são mais atacados durante a época chuvosa, em conseqüência do aumento do número de larvas no pasto. Quais os sintomas da verminose gastrintestinal? Os sintomas são anemia, edema na região submandibular (papeira), diarréia, desidratação, pêlos arrepiados e sem brilho, perda de peso, dimi- nuição da produção de leite e desenvolvimento lento. A verminose pode ser transmitida pela pastagem, entre caprinos? Sim. Noventa e cinco por cento da contaminação da verminose é feita pela pastagem. Os caprinos com verminose eliminam ovos dos helmintos junto com as fezes. Após cinco a sete dias no solo, em condições ambientais favoráveis, os ovos se desenvolvem e dão origem às larvas infectantes, que contaminam as pastagens. Os caprinos são contaminados ao ingerirem lar- vas infectantes juntamente com as pastagens. Uma vez ingeridas, as larvas se transformam em vermes adultos em três ou quatro semanas. 43 44 45 42 28 Sanidade É possível combater vermes gastrintestinais em caprinos com suplementação mineral? Não. A suplementação mineral ajuda a reduzir os efeitos nocivos das verminoses, melhorando a resistência dos animais ou repondo parte daquilo que foi espoliado pelos parasitas, mas não atua diretamente sobre os parasitas. É fácil saber se o animal morreu por verminose? No caso de verminose gastrintestinal, sim. Basta abrir o cadáver e verificar a existência de vermes no abomaso (coalheira) e nos intestinos. Quais as recomendações de vermifugação em propriedades que adotam a estação de monta? Recomenda-se vermifugar as cabras duas a três semanas antes da estação de monta, um mês antes e dez a quinze dias após a parição. Por que vermifugar as cabras dez a quinze dias após a parição? A partir de que idade deve-se vermifugar os cabritos? Os cabritos devem ser vermifugados um mês após sua saída para o pasto e ao desmame (quando estão com três a quatro meses). Após esse período, seguir as épocas de vermifugação recomendadas para o rebanho. Porque as cabras lactantes pro- movem maior disseminação de ovos de helmintos nas pastagens, ocasio- nando contaminação dos animais jo- vens. 46 47 48 49 50 29 Sanidade Quais os sintomas causados pela teníase? No caso de grandes infecções, os caprinos enfraquecem e perdem peso rapidamente. Freqüentemente observa-se a presença de tênias (proglotes) nas fezes dos animais. Quais os anti-helmínticos que têm atividade contra tênias? São os benzimidazóis de amplo espectro (fenbendazole, oxfendazole, albendazole), em dose dupla. O que são vermifugações estratégicas? São vermifugações preventivas utilizadas antes do período de maior ocorrência dos vermes (período das chuvas), para reduzir infecções que comprometem os índices produtivos do rebanho. Os animais podem ir ao pasto imediatamente após a vermifugação? Não. Os animais devem permanecer nas instalações por um período mínimo de 12 horas após a vermifugação. Isso evitará que os ovos de ver- mes expelidos logo após a vermifugação (que não sofreram o efeito do anti- helmíntico) contaminem as pastagens. 55 54 53 52 O que é tênia? Tênia é um cestódeo do gênero Moniezia, mede de 1 a 5 m de comprimento por 1,5 cm de largura. Vive no intestino del- gado dos caprinos. 51 30 Sanidade Como deve ser feito o controle da verminose de caprinos na região semi-árida do Nordeste do Brasil? O controle da verminose dos caprinos deve ser realizado pela aplicação de medicamen- tos para vermes associada a prá- ticas de manejo que ajudem a di- minuir o número de larvas no pasto. A aplicação dos vermí- fugos (vermifugação estratégica) deve ser feita quatro vezes por ano, distribuída da seguinte forma: no início, no meio, no final da época seca e em meados do período chuvoso. Em outras regiões do Nordeste não incluídas no Semi-Árido, é neces- sário uma quinta aplicação no início do período das chuvas. Além da vermifugação estratégica, que medidas profilá- ticas são recomendadas para auxiliar no controle da vermi- nose? Além da vermifugação estratégica, as seguintes medidas adicionais são recomendadas para auxiliar no controle da verminose: • Manter as instalações limpas e desinfetadas. • Manter as fezes em locais distantes do rebanho e, se possível, cons- truir esterqueiras na propriedade. • Não utilizar fezes frescas para adubar capineiras, pastagens culti- vadas e outras culturas. As fezes devem primeiro passar por um pro- cesso de curtimento em esterqueiras ou empilhadas e cobertas com plástico ou lona, por um período de, no mínimo, 30 dias, antes de serem utilizadas. • Evitar aglomeração de animais. • Separar os animais por faixa etária (formar grupos de mesma idade). • Vermifugar o rebanho ao trocar de área. • Animais adquiridos em outras propriedades só devem ser incorpora- dos ao rebanho após terem sido vermifugados. • Manter os animais no aprisco até, no mínimo, 12 horas após a vermifugação. 56 57 31 Sanidade As cabras prenhespodem ser vermifugadas? As cabras não devem ser vermifugadas até 45 dias de prenhez, uma vez que alguns vermífugos utilizados comprometem a formação do feto, podendo provocar o nascimento de alguns animais malformados (aleijados, etc.). Por que os caprinos devem ser vermifugados maior número de vezes na época seca? As vermifugações no período seco visam controlar os nematódeos em seus respectivos hospedeiros, visto que nesse período, as condições de tem- peratura e umidade não permitem o desenvolvimento e a sobrevivência de ovos e larvas no pasto. Dessa forma, a vermifugação nessa época reduz a infecção dos animais e, conseqüentemente, a contaminação da pastagem na estação chuvosa vindoura. Qual o método mais utilizado para avaliar o grau de infec- ção por vermes no rebanho caprino? O método mais utilizado para avaliar o nível de infecção por vermes é a contagem do número de ovos por grama de fezes (OPG). Em regiões onde não é possível adotar o esquema de vermifugação estratégica, em conseqüência da irregularidade das chuvas, recomenda-se vermifugar os caprinos quando o OPG médio de uma amostragem for igual ou superior a 700. Como se faz a coleta de fe- zes para os exames parasito- lógicos? As fezes devem ser coletadas dire- tamente do reto dos animais e colocadas em sacos de plástico ou em vidros de boca larga, totalmente limpos. O número de animais a ser coletado deve ser equivalente a 10% do rebanho. Quando se tratar de pequenos criatórios com um número inferior a 20 ani- mais, recomenda-se coletar amostras de todos os animais. 58 59 60 61 32 Sanidade Como enviar fezes para o laboratório? Após a coleta, as amostras de fezes devem ser devidamente identificadas com os seguintes dados: nome do proprietário, nome da fazen- da, categoria dos animais (fêmeas adultas, jovens, reprodutores, etc.) e o número do brinco do animal; em seguida, devem ser colocadas em isopor contendo gelo e enviadas ao laboratório. Que vermífugos são recomendados para caprinos? Recomenda-se utilizar vermífugos de amplo espectro, por via oral, cujo princípio ativo seja à base de albendazole, oxfendazole, fenbenda- zole, levamisole e avermectina. As instruções do fabricante, especialmente quanto à dosificação, devem ser rigorosamente observadas. Quais as medidas recomendadas para evitar o aparecimen- to de resistência dos vermes aos vermífugos? A resistência aos vermífugos é uma conseqüência da vermifugação e não pode ser evitada. A resistência surge mais rapidamente em proprieda- des onde os vermífugos não são utilizados corretamente. Algumas medidas devem ser adotadas, visando retardar seu aparecimento, de forma a não comprometer a eficácia da vermifugação estratégica. Dessa forma, reco- menda-se utilizar os vermífugos na dose correta, evitando o uso de subdoses; verificar se a pistola dosificadora está em bom estado de funcionamento, 62 63 64 33 Sanidade calibrando-a corretamente; no período de um ano, utilizar apenas vermífugo pertencente a um único grupo químico, alternando no ano seguinte, e evi- tando vermifugações desnecessárias. Quais são os principais danos causados pelos vermes ao re- banho caprino? Os vermes gastrintestinais são res- ponsáveis por atraso no crescimento, perda de peso, diminuição da produção de leite e aumento das taxas de morta- lidade de animais, principalmente dos jovens. O que é coccidiose ou eimeriose? Coccidiose ou eimeriose é uma doença parasitária que provoca alte- rações intestinais nos caprinos, sendo causada por várias espécies de protozoários do gênero Eimeria. É uma enfermidade comum em animais criados em regime de confinamento, por isso é muito freqüente em reba- nhos leiteiros. Atinge principalmente os animais jovens, até seis meses de idade, podendo ser adquirida logo após o nascimento. Quais são os principais sintomas apresentados pelo animal com eimeriose? Os animais com eimeriose apresentam diarréia de coloração escura, às vezes com presença de sangue e muco, desidratação, pêlos arrepiados, falta de apetite, perda de peso, debilidade orgânica generalizada e, às ve- zes, morte. Além disso, a resistência do animal com eimeriose fica compro- metida, propiciando a instalação de outras doenças como pneumonia. Como os caprinos adquirem a eimeriose? Os caprinos adquirem essa doença pela ingestão de água e alimentos contaminados com o parasito. 66 65 67 68 34 Sanidade Como distinguir a eimeriose da verminose? Não é fácil distinguir a eimeriose da verminose apenas pela observa- ção dos animais doentes, uma vez que os sintomas das duas parasitoses são semelhantes. Entretanto, deve-se considerar a idade dos animais, visto que a eimeriose clínica é mais comum em cabritos na faixa etária de um a três meses de idade. O diagnóstico definitivo deve ser realizado pelo exame de fezes. Como é feito o tratamento da eimeriose? Os produtos recomendados para o tratamento preventivo são os antibióti- cos ionóforos. Entre os antibióticos ionóforos, a salinomicina na dose de 2 mg/kg, administrada no leite, apresenta bons resultados. Os animais com sintomatologia clínica devem receber tratamento curativo à base de toltrazuril durante três dias consecutivos. Além do toltrazuril, medicamentos à base de amprólio e sulfas são também recomendados para o tratamento curativo. Os animais doentes devem ser isolados do rebanho e, além do medicamen- to para eimeriose, devem receber tratamento sintomático para controlar a desidratação e, quando necessário, antibióticos específicos, para combater as infecções secundárias. Nenhuma droga é capaz de con- trolar a eimeriose depois que os sinais clínicos da doença tenham aparecido. O tratamento preventivo, pela adminis- tração de medicamentos na água, leite ou ração, é recomendado para rebanhos criados em regime de confinamento. A medicação preventiva deve ser inicia- da entre uma e duas semanas de vida. Quais as medidas preventivas recomendadas para o contro- le da eimeriose? As medidas sanitárias e de manejo são as mais importantes no contro- le da doença. Elas visam impedir ou diminuir a ingestão de formas infectivas do parasito, pelos animais, que devem permanecer em instalações limpas e 69 70 71 35 Sanidade secas. Os bebedouros e comedouros devem ser localizados do lado de fora do aprisco, de forma a evitar sua contaminação pelas fezes. Após a limpeza das instalações, por varredura e lavagem, de preferência com água sob pressão, as mesmas devem ser desinfetadas com creosol a 5% e lança- chamas (vassoura-de-fogo). Os animais adultos são portadores de várias espécies de Eimeria, e funcionam como fonte de contaminação para o meio ambiente. Por isso, devem ser separados dos jovens. Como medidas adicio- nais, recomenda-se evitar o estresse e a aglomeração de animais. Quais as principais doenças de pele dos caprinos causadas por parasitos? Entre as doenças de pele provocadas por parasitos as mais im- portantes são as causadas por piolhos (pediculoses), sarnas e bicheiras ou miíases. O que é sarna? Que tipos acometem os caprinos? psoróptica ou auricular, os animais apresentam prurido intenso no pa- vilhão auditivo e na parte mais interna do pavilhão auricular, presença de crostas quebradiças, sendo o ácaro encontrado nas lesões mais recentes. Na sarna sarcóptica os animais apresentam prurido intenso, for- mação de pápulas avermelhadas contendo líquido seroso, que forma , pos- teriormente, crostas amareladas localizadas na cabeça, principal- mente ao redor dos olhos e narinas. A sarna demodécica, também conhe- cida como bexiga, é caracterizada pelo aparecimento de nódulos na pele contendo, em seu interior, ácaros em diferentes estágios de desenvol- vimento. Sarna é uma ectopara- sitose causada por várias es- pécies de ácaros. Os ca- prinos são acometidos pelas sarnas psoróptica, sarcópticae demodécica. Na sarna 72 73 36 Sanidade Qual o tratamento recomendado para a sarna? Os animais doentes devem ser separados do rebanho e tratados com sarnicidas de uso tópico ou geral (banhos com carrapaticidas). Na sarna da orelha (psoróptica), recomenda-se primeiramente a limpeza do local afeta- do, com retirada das crostas e a utilização de acaricidas em solução oleosa na proporção de 1:3, repetindo o tratamento a intervalos de três dias. O tratamento da sarna sarcóptica é realizado por meio de banhos de imersão ou aspersão com produtos fosforados e piretroídes, repetindo-se o tratamen- to após dez dias. No caso da sarna nodular (bexiga), administrar ivermectin por via subcutânea na dosagem de 0,2 mg/kg de peso vivo, em dose única. O que é miíase ou bicheira? É uma doença causada por larvas de moscas conhecidas como vare- jeiras. A miíase instala-se a partir da oviposição das moscas em orifícios naturais ou ferimentos dos animais. Esses ferimentos podem ser provocados acidentalmente ou decorrentes de práticas de manejo como descorna, assinalação, brincagem. Quais os danos ocasionados pelas miíases? Após instalarem-se nas feridas, as larvas destroem os tecidos do ani- mal, causando complicações sérias como destruição do úbere, testículo, perfuração do rúmen, otites, além de provocar infecções secundárias diver- sas. Como tratar e evitar as miíases nos animais? O tratamento é realizado por meio de aplicação de produtos conhecidos como mata-bicheiras, após a limpeza das feridas e retirada das larvas. Esses produtos, além de matarem as larvas, são cicatrizantes e repelentes, evitando novas posturas. Alguns animais reque- rem antibioticoterapia complementar. 75 74 76 77 37 Sanidade Os piolhos são prejudiciais aos caprinos? Sim, os piolhos são os ectoparasitos que ocorrem com maior freqüên- cia em caprinos, causando irritação e prurido. O animal esfrega o corpo em postes e cercas o que, muitas vezes, leva ao aparecimento de ferimentos que podem se agravar pela invasão de larvas de moscas e bactérias. Com isso observa-se redução no ganho de peso e na produção de leite, afetando a produtividade dos animais. Além disso, devem ser considerados os preju- ízos na indústria coureira, decorrentes da baixa qualidade das peles. Quando os animais são mais atacados por piolhos? Como controlar os piolhos? Para o tratamento da pediculose (infestação de piolhos) recomenda- se banhos de aspersão e imersão, com produtos à base de fosforados e piretróides, que devem ser repetidos após sete a dez dias. Além dos produtos químicos, pode-se controlar os piolhos com plantas? Como fazer o tra- tamento? Na Embrapa Meio-Norte vem sendo testado com algum sucesso o melão-de-são-caetano (Momordica charantia), na dose de 1 kg de folhas verdes para dez litros de água. As folhas são Os piolhos podem ser encon- trados parasitando os animais duran- te todo o ano, sendo a época seca o período de maior infestação. Qual- quer caprino pode ser infestado por piolho, porém os desnutridos e os manejados em instalações com pre- cárias condições de higiene apre- sentam maior susceptibilidade. 78 79 80 81 38 Sanidade maceradas e misturadas com água. Em seguida, todo o corpo do animal é banhado com essa mistura, repetindo o tratamento após dez dias. O que se recomenda para controlar os ectoparasitos de caprinos (sarnas, piolhos e bicheiras)? Para evitar a propagação dessas parasitoses no rebanho, reco- menda-se: • Inspecionar periodicamente o rebanho. • Evitar a introdução na propriedade de animais infestados com pio- lhos ou sarnas. • Isolar os animais doentes. • Tratar adequadamente todas as feridas, e evitar a deposição de ovos das varejeiras (moscas). • Proceder à higiene rigorosa das instalações, evitando, assim, a pro- pagação das moscas. • Ao realizar práticas de manejo que causem traumatismo (assinalação, castração, corte do umbigo, brincagem e descorna), usar repelentes e, quando possível, realizar essas práticas de manejo no período seco. • Realizar a desinfecção do umbigo com tintura de iodo a 10%. O que é ectima contagioso ou boqueira? É uma doença dos caprinos causada por vírus, sendo mais fre- qüente nos animais jovens. Até os seis meses, os caprinos são susceptí- veis a essa doença, que pode manifestar-se a partir da quarta semana de vida. 83 82 84 Quais os sintomas apresentados pelos animais com ectima con- tagioso? Os sintomas iniciais são a formação de lesões que se espalham em forma de crostas pelos lábios, gengivas e narinas. O úbere, a vulva e os espaços interdigitais dos cascos dos animais adultos podem ser afetados. 39 Sanidade Os animais geralmente têm pouco apetite. Nos casos de lesões extensas na boca e outros órgãos digestivos, os animais ficam impossibilitados de ali- mentar-se. Qual o tratamento para os animais com ectima contagioso? Indica-se, como tratamen- to, o isolamento dos animais do- entes, a aplicação diária, no lo- cal das lesões, de uma solução de iodo a 10% mais glicerina, na proporção de 1:1, ou violeta de genciana a 3%. Nas cabras com lesões no úbere, utiliza-se a mes- ma solução de iodo, porém na proporção de 1:3. O que é Artrite Encefalite Caprina (AEC) e como se mani- festa? É uma doença causada por vírus da subfamília Lentivirinae, que aco- mete caprinos de todas as idades, sendo as raças leiteiras as mais afetadas. Apresenta-se na forma nervosa em animais entre dois e quatro meses, ca- racterizada por paralisia nos membros posteriores progredindo, na maioria dos casos, para a morte. A forma articular se caracteriza por artrite não purulenta, uni ou bilateral, afetando a articulação do joelho (carpo- metacarpiana), ocorrendo com freqüência em animais adultos. Na forma mamária, observa-se o endurecimento geral da glândula, diminuição na produção total de leite e mastite não purulenta. Um quadro de pneumonia fibrótica é desencadeado nos animais portadores dessa enfermidade. Que outros nomes são usados para a AEC? Os mais usados são: Leucoencefalomielite Artrítica Viral, Encefalite Caprina, Leucoencefalomielite Infecciosa, Artrite Crônica Caprina, Encefalite Granulomatosa, Visna Caprina, Artrite Encefalítica Caprina e Encefalite Ar- trite Caprina. 85 86 87 40 Sanidade Como se faz o diagnóstico da AEC e qual o teste sorológico recomen- dado? O diagnóstico baseia-se no histórico dos animais, em sinais clínicos, no exame sorológico ou no isolamento do vírus. O teste mais utilizado é o de Imunodifusão em Gel de Agarose (IDGA). É um teste simples, e serve para avaliar um re- banho. 88 De que maneira pode-se controlar a AEC? Uma vez detectada a doença no rebanho, implantar de imediato as seguintes medidas de controle: • Separar o cabrito imediatamente após o parto, não deixando que a cabra o lamba. • Fornecer colostro termizado (56oC por 60 minutos), ou leite de vaca pasteurizado. • Separar animais com sorologia positiva em aprisco à parte. • Evitar adquirir animais com sintomas de artrite. • Realizar exame sorológico de rotina a cada seis meses ou, depen- dendo das medidas implantadas, eliminar animais doentes, na me- dida do possível. Existe tratamento para a AEC? Não. Uma vez detectada a doença em um rebanho, necessita-se de medidas de prevenção e controle. De que maneira ocorre a transmissão da AEC? Pela ingestão de colostro e leite contaminados. Outras formas de trans- missão ocorrem por meio de secreções, sangue, agulhas, aparelhos de tatu- agem ou outros objetos contaminados. Existe possibilidade de transmissão 89 90 91 41 Sanidade quando se utiliza um reprodutor infectado pelo vírus da AEC com ferimentos no sistema reprodutivo. A carne oriunda dos animais infectados com o vírus da AEC pode ser consumida? Sim, porque o vírus da AECé próprio da espécie caprina, não infecta humanos, e é sensível a altas temperaturas, não suportando fervura. No en- tanto, como é uma doença crônica debilitante, o estado geral da carcaça pode determinar sua condenação. O que é pododermatite ou frieira? É uma doença que aco- mete os caprinos de qualquer idade, caracterizada por uma inflamação localizada na jun- ção da pele com o casco, pre- judicando a locomoção dos animais, também conhecida como podridão-do-pé, mal- do-casco e manqueira. O agente causador da frieira é Bacteroides nodosus, podendo haver associação com outras bactérias como Fusobacterium necrophorum e Corynebacterium pyogenes. Qual a época de maior ocorrência de frieira no rebanho? Essa enfermidade ocorre com maior freqüência na época chuvosa, em locais onde as pastagens estão alagadas, úmidas e mal drenadas, asso- ciando-se a isso o pisoteio dos animais nesses locais formando lamaceiros, que reúnem condições favoráveis ao aparecimento da doença. Quais os sintomas observados num animal com frieira? O sintoma mais comum é a manqueira, geralmente seguida de infla- mação, supuração e dor na coroa dos cascos. O animal não acompanha o rebanho, isola-se, caminha com dificuldade, não se alimenta, passando gran- 92 93 94 95 42 Sanidade de parte do tempo deitado ou apoiado nos joelhos. Se não for tratado, pode emagrecer progressivamente e morrer por inanição. Como tratar os animais que apresentam frieira? Para o tratamento, recomenda-se transferir os animais para um local lim- po e seco, isolar os doentes, proceder ao corte dos cascos e fazer uma limpe- za com água e sabão das patas afeta- das, retirando as áreas necrosadas. Em seguida, aplica-se solução desinfetan- te de sulfato de cobre a 10%, formol a 2% a 5%. Nos casos mais graves com infecções secundárias, é necessário fazer curativo a cada dois ou três dias. O uso de antibióticos é recomenda- do quando houver sinais de comprometimento orgânico e nos casos de pododermatite contagiosa. Que medidas devem ser adotadas para reduzir os casos de frieira no rebanho? Caso seja realizada a identificação do agente responsável pela insta- lação da doença no rebanho, a medida profilática mais eficaz é a aplicação de vacinas. No entanto, o uso de vacinas não invalida a adoção das medi- das profiláticas, por apresentarem resultados eficazes na redução da inci- dência da doença. São elas: • Colocar os animais em locais limpos e secos. • Proceder ao corte e à limpeza dos cascos duas vezes ao ano (início da época seca e antes da época chuvosa). • Iniciar a passagem dos animais pelo pedilúvio antes da época chu- vosa. • Isolar os animais doentes. • Evitar o acesso e a permanência dos animais em pastos encharcados, pisos excessivamente úmidos e escorregadios. O que é linfadenite caseosa ou mal-do-caroço? É uma doença infecto-contagiosa, crônica, causada pela bactéria Corynebacterium pseudotuberculosis, que se manifesta pela presença de 96 97 98 43 Sanidade abscessos ou caroços nos gânglios superficiais e, em menor escala, nos gânglios internos e órgãos como pulmão, fígado e baço. Como ocorre a transmissão da linfadenite caseosa e onde se localizam os abscessos? Ocorre por contato do ma- terial purulento com ferimentos e arranhões na pele dos caprinos. Após a penetração, a bactéria alo- ja-se nos gânglios mais próximos, desencadeando a formação dos abscessos. Os gânglios mais afe- tados são os da região da mandí- bula (parotídeos), escapulares e crurais. Que medidas devem ser adotadas no caso de reaparecimento da linfadenite caseosa em um animal que já foi tratado ci- rurgicamente? Nesses casos, deve-se realizar o descarte do animal, evitando assim a propagação da doença no rebanho. De que maneira a linfadenite caseosa pode ser evitada? Ao realizar a compra de novos animais, evitar adquiri-los em propri- edades onde a doença esteja presen- te. Antes de introduzir novos animais no rebanho, submetê-los a um perío- do de quarentena; fazer inspeção ro- tineira do rebanho; isolar os caprinos com abscessos antes que se rompam espontaneamente no meio ambiente; fazer higienização periódica das ins- talações. 99 100 101 44 Sanidade Existe vacina para prevenir a linfadenite caseosa? Sim. Existe uma vacina disponível, fabricada pela Empresa Baiana de Desenvolvimento Agropecuário (EBDA). Entretanto, essa vacina não apre- senta poder de imunidade satisfatório. Estudos continuam sendo desenvol- vidos em busca da obtenção de uma vacina eficiente. Qual o tratamento indicado para a linfadenite caseosa e quais as medidas de controle dessa doença? A aplicação de quimioterápicos e antibióticos, além de ser pouco econômica, não produz efeito satisfatório. Nesse caso, são recomendadas medidas profiláticas que visam apenas reduzir a incidência da doença no rebanho como inspeção periódica do rebanho; isolamento dos animais com abscessos e incisão cirúrgica antes que os abscessos se rompam espon- taneamente no meio ambiente. Antes da abertura do abscesso, deve-se pro- ceder à retirada do pêlo da região (tricotomia) e à desinfecção do local com solução de álcool iodado. A abertura do abscesso deve ser ampla no sen- tido vertical, permitindo a retirada de todo o conteúdo purulento, seguida de lavagem e desinfecção com iodo a 10%; o tratamento deve ser reali- zado fora das instalações, o material retirado do abscesso deve ser queima- do e os instrumentos desinfetados; os animais só devem retornar ao rebanho após completa cicatrização; evitar a compra de animais clinicamente doentes. Quais as perdas econômicas causadas pela linfadenite caseosa? Os abscessos externos danificam a pele e, por isso, são fontes poten- ciais de perdas econômicas para os criadores. Entretanto, não existe base científica indicando que essa forma de doença esteja associada à bai- xa produtividade do animal. A forma interna, no entanto, é freqüentemente associada à perda de peso corporal, diminuição da produção de leite (depende da localização do abscesso), morbidez e baixa eficiência reprodutiva. A localização de abscessos em órgãos vitais pode levar o ani- mal à morte. 102 103 104 45 Sanidade O que é broncopneumonia e quais as principais causas e sintomas? É uma inflamação que acomete os pulmões, causada por bactérias, vírus e parasitas, podendo ainda ser desencadeada por fatores do meio am- biente (químicos, físicos). Caracteriza-se por tosse, febre, corrimento nasal, dificuldade respiratória, falta de apetite e enfraquecimento. Qual o tratamento recomendado para os animais acometi- dos de broncopneumonia? Observar em que estado se en- contra o animal; isolá-lo em ambi- ente seco e higiênico; administrar antibióticos de largo espectro como penicilinas, tetraciclinas e medica- ção de suporte, entre outros; ofere- cer água e alimento no cocho. Quais as medidas de prevenção da broncopneumonia? Fazer a higiene das instalações, conservando-as sempre limpas; evi- tar umidade nas instalações; evitar superlotação; abrigar os animais das correntes de ar (utilizando cortinas) e da chuva; inspecionar o rebanho no aprisco para observar animais com tosse ou secreção nasal, isolando-os; evitar a entrada de animais enfermos. Que é ceratoconjuntivite ou oftalmia contagiosa? Ceratoconjuntivite é uma doença infecciosa e contagiosa que ataca os olhos dos animais, podendo comprometer seu desempenho produtivo se não tratada a tempo. Ocorre com maior freqüência em épocas e locais onde existem moscas que se alimentam das secreções nasal e ocular dos ani- mais. A doença é causada por vários microrganismos e os sinais clínicos apresentados são semelhantes. O agente infeccioso chega a outros animais, transportado pelas moscas, mas também por contato direto, isto é, de ani- mal para animal, e transportado por pessoas e poeira contaminadas.106 107 105 108 46 Sanidade Quais os sintomas da ceratoconjuntivite? Inicialmente, os animais apre- sentam lacrimejamento abundante, olhos congestos (vermelhão), diminui- ção do apetite, febre moderada e, de- pendendo do agente causal, uma pe- quena mancha branca na parte cen- tral do olho afetado. Em dois ou três dias, essa mancha pode progredir para todo o olho, que adquire coloração branco-azulada. Observam-se peque- nas e múltiplas úlceras, que se tornam maiores nos dias seguintes, quase sempre evoluindo para a cegueira. Qual o tratamento para a ceratoconjuntivite? Pomadas ou colírios à base de cloranfenicol, penicilina e nitrofurazona podem ser utilizados. As aplicações devem ser feitas, no mínimo, duas ve- zes ao dia, até dois a três dias após o desaparecimento dos sintomas. O tra- tamento também pode ser feito por via parenteral (injeção) utilizando-se a oxitetraciclina de ação prolongada, em dias alternados, até 72 horas após o desaparecimento dos sintomas. Como evitar a ceratoconjuntivite? A prevenção pode ser feita com a introdução de medidas higiênicas, de medidas que evitem traumatismos nos olhos dos animais e com o uso de vacina específica em rebanhos com incidência freqüente da doença. O que é mastite? Mastite, ou mamite, é o processo inflamatório da glândula mamária, sendo caracterizada por alterações do úbere e, conseqüentemente, do lei- te. Duas formas da doença são reconhecidas: a forma clínica e a forma subclínica. 110 109 111 112 47 Sanidade Como os animais contraem a mastite? Em conseqüência do grande número de agentes causadores da doença, não existe um tratamen- to padrão a ser recomendado para todos os casos de mastite. Desse modo, no campo, onde não seja pos- sível o isolamento do agente mi- crobiano, produtos que tenham ação sobre várias espécies devem ser preferidos. A via para a aplicação dos antimastíticos é a intramamária, devendo o tratamento ser repetido Os micróbios penetram no úbere através de feridas ou do ori- fício das tetas. O piso e os utensíli- os de ordenha, bem como o cabri- to ao mamar ou a mão do ordenha- dor, atuam como veículos de trans- missão dos germes causadores da enfermidade, de animais doentes para os sadios. Quais os principais sintomas da mastite? Na mastite clínica, observa-se leite visivelmente alterado, diminui- ção na quantidade de leite produzida, úbere quente, inchado e dolorido à palpação e, dependendo do microrganismo presente, o animal pode apre- sentar febre, perda do apetite e apatia. O endurecimento total ou parcial do úbere está presente na mastite crônica. Na mastite subclínica, nenhuma alteração visível é observada no leite e úbere, pois essa forma da doença só é detectada por testes laboratoriais, mas a redução na produção de leite é perceptível. Que tratamento é recomendado para a mastite? 113 114 115 48 Sanidade por três a cinco dias. A aplicação de produtos por via sistêmica (injeção) é recomendada apenas para os casos em que o animal apresenta aumento da temperatura corporal, diminuição do apetite e apatia (sinais indicativos do comprometimento orgânico). O leite de animais mastíticos e em tratamento deve ser descartado, respeitando-se o período de carência recomendado pelo fabricante do produto. Como evitar que um animal tenha mastite? Em rebanhos leiteiros é necessária a introdução de um programa de prevenção da mastite, baseado em medidas higiênicas antes, durante e após a ordenha. Desse modo, deve-se manter as instalações sempre limpas, la- var o úbere antes da ordenha com solução anti-séptica ou com água cor- rente, secando em seguida com toalhas individuais; após a ordenha, colo- car as tetas dentro de um recipiente contendo solução iodada (0,5% a 1%) com glicerina; eliminar animais com mastite crônica. O ordenhador deve manter unhas aparadas e mãos limpas. Como é feito o diagnóstico de cabras com mastite? Pode-se diagnosticar a mastite, em sua fase inicial, usando-se caneca de fundo es- curo ou caneca telada. Nesse teste, os primeiros jatos de leite de cada teta são recolhidos e observados para detectar altera- ções de cor, consistência ou pre- sença de grumos. Em estágio mais adiantado, a mastite pode ser detectada pela palpação da glândula mamária, após a ordenha, onde ficam evidentes os sinais de inflamação. Quais os prejuízos ocasionados pela mastite? Na forma clínica, os prejuízos econômicos são devidos principalmen- te ao descarte do leite, aos custos com medicamentos e à substituição de 116 117 118 49 Sanidade matrizes. Na mastite subclínica, os prejuízos são devidos à perda progressi- va da produção de leite. Em rebanhos, cuja finalidade é a produção de carne, a mortalidade de filhotes de fêmeas mastíticas, o menor percentual de ganho de peso e o descarte ou morte de matrizes representam sensíveis perdas econômicas. Quais as principais causas de aborto em cabras? Várias são as causas de aborto em fêmeas caprinas, estando envolvi- dos na etiologia fatores de ordem nutricional e infecciosos. Estão incluídas como causas infecciosas a brucelose, a micoplasmose, a toxoplasmose, a listeriose, entre outras. Além desses fatores, o estresse funciona como im- portante fator no desencadeamento do aborto caprino. As cabras que abortam devem ser retiradas do rebanho? A eliminação de uma fêmea com histórico de aborto depende da sus- peita da causa do aborto que, sempre que possível, deve ser confirmada por meio de exames laboratoriais. Em casos de aborto infeccioso, a fêmea deve ser retirada do rebanho o mais rápido possível; fêmeas com abortos de ori- gem não infecciosa devem ser adequadamente manejadas de acordo com a causa. Que cuidados sanitários devem ser observados no confina- mento de cabras? A introdução de medidas higiênicas é o fator mais importante para animais em confinamento: os animais devem ser alocados em ambiente confortável, limpo e arejado. A higienização diária do ambiente minimiza o aparecimento de grande número de doenças, particularmente da mastite, em se tratando de animais leiteiros. Medidas sanitárias específicas, como vacinações, devem ser introduzidas de acordo com a ocorrência de deter- minada doença no rebanho ou na região. O que é micoplasmose e quais os principais sintomas? É uma doença causada por microrganismo do gênero Mycoplasma, que acomete caprinos de todas as idades e raças. Caracteriza-se por sinto- 119 120 121 122 50 Sanidade mas articulares (aumento de volume da articulação), pulmonares (febre, tosse, dificuldade respiratória e, às vezes, corrimento nasal), mastite (con- sistência dura à palpação) e oculares (inflamação da córnea, membranas do olho e lacrimejamento). Como a micoplasmose é transmitida e qual a forma de trata- mento? É transmitida pelo contato direto com secreções nasais, oculares, leite e com líquidos articulares entre animais doentes e sadios. As crias se infectam mamando o colostro ou o leite das cabras infectadas. O trata- mento à base de antibióticos melhora o estado clínico (sintomas e lesões), mas nenhum deles tem efeito micoplasmicida in vivo. Alguns dos antibióti- cos usados são: tilosina, eritromicina, tetraciclina, gentamicina, linco- micina, espectromicina e espiramicina. No entanto, mesmo após o trata- mento, apesar de não apresentar sintomas, o animal é considerado um por- tador. Quais os procedimentos para o controle e a prevenção da micoplasmose? Os procedimentos de controle variam com a doença e a espécie ani- mal afetada. Em caprinos, deve-se identificar os animais por meio de teste sorológico; isolar animais positivos em aprisco à parte; o manejo das crias deve seguir os critérios orientadores do controle e prevenção da AEC. Os fatores básicos de prevenção são: evitar a compra de animais oriundos de rebanhos infectados; adquirir animaistestados sorologicamente e adotar padrões de higienização das instalações. O que são zoonoses e como ocorre sua transmissão? São doenças naturalmente transmissíveis entre as diversas espécies animais e o homem. A transmissão pode ocorrer por contato direto com o animal enfermo, ou por meios indiretos (aerossóis, líquidos corporais, ingestão de carne ou leite de animais doentes). 123 124 125 51 Sanidade Quais as principais doenças dos caprinos que podem ser con- sideradas zoonoses? A brucelose, a leptospirose (rara), a linfadenite caseosa (rara), o ectima contagioso, a raiva, a febre aftosa (rara), a criptosporidiose, a hidatidose e a toxoplasmose. O que são clostridioses e quais os principais tipos que aco- metem os caprinos? Clostridioses são doenças causadas por bactérias do gênero Clostridium, que se caracterizam por toxiinfecções ou intoxicações nos animais. De acor- do com sua localização, podem causar enterotoxemias, alterações nervo- sas e musculares. Em caprinos, a forma mais comum é a enterotoxêmica, causada pelo Clostridium perfringens tipos C e D, que comumente são en- contrados no solo e no intestino do animal. Geralmente essa forma da doen- ça é fatal, afetando caprinos de todas as idades, ocorrendo com maior fre- qüência em animais de 3 a 12 semanas de idade. Quais os sintomas observados nos caprinos com a forma enterotoxêmica? Os animais doentes apresentam fortes dores abdominais, mantêm a cabeça repousada sobre o costado, entram em coma e morrem, quase sem- pre, em curto período. Os cabritos deixam de comer, ficam tristes, deitam- se e morrem muito rapidamente, por vezes, num intervalo de uma hora. Em animais adultos, observam-se perturbações intestinais acompanhadas de uma diarréia escura, de odor fétido. Outras vezes, ocorrem perturbações nervosas características como convulsões. Não existe tratamento satisfatório. 126 127 128 O que é febre aftosa, quais os sintomas e como os caprinos a ad- quirem? É uma doença infecto-conta- giosa causada por vírus, caracteriza- 129 52 Sanidade da por febre, depressão, manqueira, salivação, formação de vesículas (bo- lhas) nos lábios, nas mucosas da boca, língua, espaço interdigital e úbere. O vírus é transmitido por contato direto, por aerossóis e por produtos de secre- ções e excreções de animais infectados (saliva, lágrima, urina, fezes, leite, sêmen e membranas de feto). Qual o tratamento recomendado para a febre aftosa? Não existe tratamento específico para a febre aftosa. Entretanto, as práticas de manejo adequado (higiene das instalações, isolamento de ani- mal enfermo, etc.) e o tratamento das infecções bacterianas secundárias reduzem as perdas. O tratamento sintomático das lesões dos cascos é feito com sulfato de cobre a 10%, o das lesões da boca, com soluções bactericidas, e o do úbere, para evitar ou diminuir as infecções secundárias, além da assepsia com água e sabão neutro, com aplicação de pomadas tópicas cicratizantes. Quais os exames recomendados quando da aquisição de novos animais? Deve-se exigir, por ocasião da compra, atestados negativos para a brucelose (particularmente na importação de outros países) e para a Artrite Encefalite Caprina (AEC) e atestado de vacinação contra a febre aftosa, principalmente na existência da doença na região de origem do animal. Em todos os casos, no entanto, todo animal proveniente de outro rebanho deve ser colocado em quarentena para observação de quaisquer sintomas suges- tivos de enfermidade contagiosa. Após o período de quarentena, o animal pode ser incorporado ao rebanho, caso não tenha sido observada nenhuma patologia. 130 132 Qual o método de preven- ção da febre aftosa? Ao importar caprinos de regiões onde ocorre a doença em outras espécies animais, verificar se o lote a ser adquirido foi vacinado; vacinar os caprinos de seis em seis meses em áreas endêmicas, a partir dos quatro meses de idade. 131 53 Sanidade O que é timpanismo? O timpanismo, ou meteorismo, é uma doença provocada pelo acúmulo de gases no rúmen (pança) e retículo, determinando um aumento exagera- do do volume abdominal. Dependendo da causa tem-se o timpanismo primário, determinado pela ingestão de alimentos (dieta rica em grãos, leguminosas, silagens estragadas) e o timpanismo secundário, causado, mais freqüentemente, por obstruções esofágicas. Quando ocorre o timpanismo? O timpanismo ocorre quando o mecanismo de eructação (eliminação de gases) é falho, e impede a expulsão desses gases. Quais os sintomas mais comuns do timpanismo? Os animais apresentam súbito aumento do volume abdominal, ausên- cia de apetite e afastam-se do rebanho. Se não forem socorridos prontamen- te, a doença evolui e determina a morte do animal por deficiência respirató- ria, pois o aumento do volume abdominal comprime os pulmões, diminuin- do a área respiratória do animal afetado. Qual o tratamento para o timpanismo? O tratamento do timpanismo de origem alimentar é feito com substân- cias que facilitem a expulsão dos gases retidos (substâncias antiespumantes), devendo-se retirar o alimento causador do problema da dieta alimentar até sua recuperação. O tratamento para os casos de timpanismo causado pela obstrução esofágica é feito retirando-se o agente obstrutor. Na presença de perigo de morte do animal por insuficiência respiratória, a punção do rúmen (flanco esquerdo) deve ser realizada, utilizando-se trocarte ou material cor- tante. Nesses casos, deve-se solicitar a presença de um médico veterinário. No caso do timpanismo moderado, deve-se fazer pressão sobre os flancos ou forçar o animal a caminhar. 133 134 135 136 54 Sanidade Como evitar o timpanismo? A adição de volumosos, não causadores de timpania, à dieta do reba- nho é uma medida que diminui o aparecimento do timpanismo primário. Para o timpanismo secundário, mesmo sendo pouco freqüente em pequenos ruminantes, evitar o acesso dos animais a corpos estranhos que possam causar obstrução do esôfago. Qual a causa da obstrução urinária em caprinos? A etiologia da obstrução urinária ou urolitíase obstrutiva é complexa e multifatorial. Influências geográficas, bem como fatores dietéticos (desequilíbrio nutricional), ambientais, hormonais e doenças infecciosas do trato urinário, têm sido comprovados como responsáveis pela formação de cálculos urinários. Quais os sintomas da obstrução urinária? A obstrução da uretra por cálculos causa dor abdominal, marcha ar- rastando os membros posteriores, contrações repetidas do pênis, esforços para urinar, conseguindo o animal apenas eliminar gotas de urina tingida de sangue. A ruptura da uretra ou bexiga pode ocorrer observando-se, nesses casos, apatia, ausência de apetite, desidratação e decúbito. Qual o tratamento da obstrução urinária? Existem várias opções de tratamento da urolitíase obstrutiva em pe- quenos ruminantes. Entretanto, em decorrência da localização dos cálculos nessas espécies animais, a maioria dos procedimentos é utilizada apenas para salvaguardar a vida do animal até o momento do abate. Quais as medidas de prevenção da obstrução urinária? O fornecimento de alimentação equilibrada, aumento do consumo de água e da área por animal em confinamento são os procedimentos mais adequados para prevenir a urolitíase obstrutiva, especialmente após terem sido identificados o problema e a natureza dos cálculos. 137 138 139 140 141 55 Sanidade Os caprinos podem contrair tétano? Sim. O tétano afeta as diversas faixas etárias de caprinos, porém é mais freqüente em animais jovens. Geralmente, os animais se contaminam por ferimentos com perfuração profunda. Os micróbios (Clostridium tetani) estão comumente presentes nas fezes dos animais e no solo contaminado por fezes (principalmente de eqüinos). 142 58 Instalações Que instalaçõessão necessárias na exploração de caprinos? As instalações devem ser planejadas levando-se em conta a finalida- de da exploração. Em caprinocultura, a instalação mais importante é o cen- tro de manejo que, nos sistemas tecnificados destinados à produção de car- ne, é constituído por apriscos suspensos de piso ripado, apriscos de chão batido (chiqueiros), currais de manejo, brete, balança, pedilúvio, comedouros, bebedouros, saleiros, área de isolamento e cercas externas e divisórias. Na exploração de caprinos leiteiros deve-se dispor, também, de sala de ordenha, sala de leite e queijaria. Nos dois tipos de exploração, necessi- tam-se de instalações complementares como galpões, depósitos e esterqueira. As instalações para caprinos devem ser padronizadas? Não. Cada produtor constrói suas instalações conforme o material exis- tente, o clima, o tipo de exploração e, principalmente, seu poder aquisitivo. As instalações devem ser construídas de modo a se tornarem funcionais, a fim de facilitar o manejo dos animais e para que os fatores climáticos não afetem a fisiologia do animal e, conseqüentemente, sua produtividade. O que é um centro de manejo e onde deve localizar-se? É o local onde está situado o conjunto de instalações destinadas à execução das práticas de manejo utilizadas com o rebanho. Uma função básica é abrigar e proteger os animais das intempéries ambientais, pois, normalmente, os caprinos são recolhidos, diariamente, para pernoite no centro de manejo. Deve ser planejado em função do tamanho do rebanho e da finalida- de da exploração (carne ou leite) e construído em local estratégico da pro- priedade, em terreno plano, firme e bem drenado. Quais são as vantagens do uso de instalações adequadas na criação de caprinos? O uso de instalações adequadas permite a execução, com eficiência, das práticas de manejo do rebanho como separação dos animais por cate- goria, desmame das crias, identificação dos animais, controle de endo e ectoparasitas, castração, vacinação, pesagem e suplementação alimentar. 143 144 145 146 59 Instalações Quais as especificações técnicas utilizadas na construção de um aprisco? Na construção do aprisco, deve-se obedecer às seguintes recomen- dações: 1 – dispor de uma área coberta de 0,80 m2 a 1,00 m2 por animal; 2 – altura mínima do pé-direito de 2,30 m; 3 – piso ripado suspenso a um metro do solo, com espaçamento entre ripas de um centímetro; 4 – coberta de telhas ou palhas, de acordo com o poder aquisitivo do produtor e da disponibilidade dos materiais na região; 5 – dividido em baias para as diver- sas categorias de animais; 6 – a área interna deve ser bem iluminada, posicionada de forma que o sol faça seu percurso em todo o comprimento do aprisco, para reduzir a umidade e favorecer o bem-estar dos animais. Por que os apriscos de piso ripado suspenso são mais reco- mendados? Os apriscos de piso ripado suspenso são recomendados porque evi- tam o contato dos caprinos com as fezes depositadas no chão, reduzindo a umidade freqüentemente encontrada nos chiqueiros de chão batido e nos currais. Os apriscos suspensos contribuem para reduzir as infecções por parasitas gastrintestinais e outras doenças que acometem o rebanho. Pode ser recomendado o uso de aprisco de chão batido (chi- queiro)? Sim. Nas regiões onde a temperatura é alta, a precipitação pluvial e a umidade relativa do ar são baixas, pode ser recomendado esse tipo de aprisco. Nesse caso, recomenda-se o uso de cama à base de palha de arroz ou similar para diminuir a umidade. Sua troca deve ser feita duas a três vezes por mês, porém, as partes úmidas e as fezes devem ser removidas diariamente. Quais os produtos mais indicados na desinfecção das insta- lações? Podem ser usados qualquer um dos seguintes produtos: formol comer- cial a 5%, soda cáustica a 1%, iodophos a 1%, os desinfetantes à base de fenol a 5% e de enezóis a 5%. 147 148 149 150 60 Instalações O que é sala de ordenha e qual sua localização adequada no centro de manejo? Sala de ordenha é o local onde as fêmeas em lactação são ordenha- das. Deve ser construída anexa ao aprisco, de modo a facilitar o acesso dos animais e do tratador ao local e permitir uma higienização adequada dos equipamentos e das instalações. Esse tipo de instalação é recomendado em sistemas de produção que mantêm um número expressivo de cabras em lactação. Para rebanhos pe- quenos indica-se o uso da plataforma individual de ordenha. Como deve ser feita a hi- gienização do local de orde- nha? O local de ordenha deve ser lava- do com água e sabão, diariamente, e de- sinfetado a cada semana, com produtos como iodophos a 1% ou formol comer- cial a 5%. Não se deve utilizar desinfe- tante à base de cresóis, pois deixam odor no leite. Em uma exploração de caprinos é necessária a existência de galpões e de depósitos? Galpões e depósitos são instalações complementares e devem ser construídos com fins específicos. O número de galpões e de depósitos de- pende, evidentemente, do dimensionamento da exploração. Em geral, são utilizados com as seguintes finalidades: • Galpão para implementos agrícolas. • Galpão ou depósito para armazenagem de suprimentos alimentares (ração, feno, etc.). • Depósito para guarda de medicamentos e equipamentos veterinári- os (farmácia). 151 152 153 61 Instalações O que é pedilúvio? É um tanque construído na entrada dos currais, apriscos ou chiqueiros, medindo 2,0 m de comprimento por 0,10 m de pro- fundidade e largura correspon- dente à da porteira, com proteção lateral feita com cerca de arame liso ou ripas, com 1,40 m de altura. Qual a finalidade do pedilúvio? Fazer a desinfecção dos cascos dos animais. Essa desinfecção pode ser feita com solução de formol comercial a 10% ou sulfato de cobre a 10%. Na ausência desses produtos químicos, a cal virgem diluída em água (40%) funciona como um bom desinfetante. O que é quarentenário? É uma área de isolamento de animais oriundos de outros rebanhos ou de outras regiões. Essa área deve ser localizada distante do centro de ma- nejo e constar de um pequeno espaço coberto, divisões internas e área de pastejo. No quarentenário, os animais devem ser observados por um deter- minado período (quarentena) antes de serem incorporados ao rebanho. Du- rante esse período devem ser realizados exames clínicos e de laboratório, para identificação de possíveis enfermidades, especialmente as infecto-con- tagiosas. O que é esterqueira? É uma área previamente cons- truída para servir de depósito de es- terco. Tem como objetivo melhorar as condições higiênicas da criação e di- minuir a ocorrência de doenças, além 157 156 155 154 62 Instalações de contribuir para reduzir a poluição ambiental e melhorar o aproveitamen- to do esterco, como fertilizante para lavouras ou pastagens. Qual a localização ideal e como é feita a esterqueira? A esterqueira deve ser localizada a uma distância mínima de 50 m do centro de manejo, para não comprometer a sanidade do rebanho. A esterqueira deve ser construída, de preferência, em terreno inclinado, de forma semi-enterrada, visando facilitar o carregamento e a descarga do esterco. O piso deve ser de concreto simples, com 0,10 m de espessura e as paredes de alvenaria (tijolo maciço). Outra opção é o uso de pilares pré- fabricados nos quais são encaixadas placas de concreto também pré- fabricadas. Onde e como devem ser construídos os currais de manejo? Devem ser construídos em áreas altas da propriedade para assegurar uma boa drenagem e com dimensões variando de acordo com o tamanho do rebanho. O uso de 2 a 3 m2 por animal adulto é uma boa recomendação. Tais currais devem ter comunicação entre si e com cada baia para facilitar o manejo dos animais e reduzir a mão-de-obra na execução dos trabalhos. Para que serve o brete e quais
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