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AULA 1 – CIRURGIA DO TRAUMA, PHTLS E ATLS DANIELA FRANCO 1. PRINCÍPIOS DO ATENDIMENTO INICIAL AO POLITRAUMATIZADO • Garantir a segurança dos socorristas e da vítima • Avaliar a situação para determinar a necessidade de recursos adicionais • Reconhecer a cinemática envolvida nas lesões • Reconhecer as lesões com risco à vida já no exame primário • Manter a coluna cervical estabilizada enquanto se faz o atendimento adequado das vias respiratórias • Providenciar suporte ventilatório e oferecer oxigênio para manter a saturação (SatO2 ) acima de 95% • Controlar toda a hemorragia externa significativa • Tomar as medidas iniciais para o tratamento do choque, incluindo a restauração e a manutenção da temperatura normal do organismo e a imobilização adequada nas lesões musculoesqueléticas • Quando se tratar de pacientes traumatizados graves, iniciar o transporte para o hospital apropriado mais próximo dentro de 10 minutos após a chegada ao local • A caminho do hospital, iniciar a reposição de volume com soluções aquecidas, se necessário. O tratamento de um doente vítima de trauma grave requer avaliação rápida das lesões e instituição de medidas terapêuticas de suporte de vida. Visto que o tempo é essencial, é desejável uma abordagem sistematizada, que possa ser facilmente revista e aplicada. Esse processo é denominado "avaliação inicial" e inclui: • Preparação • Triagem • Avaliação primária (ABCDE) • Reanimação • Medidas auxiliares à avaliação primária e à reanimaçao • Considerar a necessidade de transferência do doente • Avaliação secundária (da cabeça aos pés) e história • Medidas auxiliares à avaliação secundária • Reavaliação e monitoração contínuas após a . - rean1maçao • Tratamento definitivo CONCEITO: ATLS (é um protocolo em que seus princípios orientam a avaliação e a reanimação do doente traumatizado, baseando no método mnemônico ABCDE onde define as avaliações e intervenções específicas e organizadas que devem ser seguidas em todos os doentes traumatizados grave. A – via aérea e estabilização da coluna cervical B – ventilação C – circulação e hemorragia D – disfunção neurológica E – exposição e controle do ambiente com prevenção da hipotermia. - Se o paciente se encontrar instável após a realização do ABCDE, realizá-lo novamente. Os princípios do ATLS orientam a avaliação e a reanimação do doente traumatizado. É necessário o julgamento adequado para determinar quais procedimentos são necessários, pois nem todos os doentes necessitam de todos esses procedimentos. Baseia-se em seguir a sequência de atendimento inicial ao politraumatizado (ABCDE) com objetivo de: • Trata primeiro a maior ameaça a vida • A falta de diagnostico definitivo nunca deve impedir a aplicação do tratamento indicado • A historia detalhada não é essencial para iniciar a avaliação do traumatizado Assim, o método mnemônico ABCDE define as avaliações e intervenções específicas e organizadas que devem ser seguidas em todos os doentes traumatizados grave. 1º- Preparação: a. Pré – Hospitalar: os principais focos da abordagem são manutenção de via aérea pérvia, controle de hemorragia externa e choque, imobilização do paciente e transporte imediato ao hospital mais apropriado (o qual deve ser notificado antes do transporte; dados como hora do trauma, mecanismos do trauma |que irão fornecer dados da intensidade da lesão e sugerir até mesmo traumas específicos| e história do paciente). 1. Avaliar o cenário. 2. Realizar uma avaliação inicial. 3. Fazer intervenções críticas e decisão da remoção na triagem. 4. Transportar o paciente. b. Hospitalar: planejamento antecipado à chegada do paciente com preparo de materiais e da equipe. 2º- Triagem: classificar o paciente de acordo com o tratamento e recursos necessários, visando transferência para hospital capaz de atendê-lo. O tratamento prestado deve ser baseado nas prioridades ABC (Via aérea e proteção da coluna cervical, Ventilação, Circulação com controle da hemorragia) a. Múltiplas vítimas: quando o número de pacientes e a gravidade das lesões não excedem a capacidade de atendimento do hospital. Nesse caso, pacientes com maior risco de vida e/ou traumas multissistêmicos serão atendidos primeiro. b. Vítimas em massa: quando o número de pacientes e a gravidade das lesões excedem a capacidade de atendimento do hospital, pacientes com maior possibilidade de sobrevida deverão ser atendidos primeiro. Separar por cor, START A. ASPECTOS LEGAIS - Omissão de socorro O registro meticuloso com documentação cronológica de todos os eventos é muito importante. Frequentemente, vários médicos cuidam do doente. Um registro preciso é essencial para permitir avaliar suas necessidades e seu estado clínico. Durante a fase de reanimação, um registro acurado pode ser facilitado se um membro da equipe de enfermagem assumir a responsabilidade única e integral de coletar e registrar todas as informações pertinentes. Problemas médico-legais ocorrem frequentemente e um registro preciso dos fatos ajuda em todos os aspectos. Registros cronológicos através de fluxogramas facilitam tanto o médico atendente como o médico consultor na rápida identificação de alterações nas condições do doente. O consentimento deve ser conseguido, se possível, antes de se instaurar o tratamento. Nos casos com risco à vida, frequentemente não é possível obter esse consentimento prévio. Nesses casos, o tratamento deve ser iniciado primeiro e o consentimento obtido depois. Caso se suspeite que uma lesão tenha sido decorrente de atividade criminosa, a equipe de atendimento deve preservar as evidências. Todos os itens, como roupas e projéteis, devem ser guardados para a polícia. As determinações laboratoriais dos níveis sanguíneos de álcool e de outras drogas podem ser particularmente pertinentes e possuem implicações legais substanciais. É crime deixar de atender pessoas em situações de vulnerabilidade (art. 135 cód. Penal). Porém caso haja risco para o socorrista ele pode negar atendimento. A função de quem está fazendo o socorro é: 1. Contatar o serviço de atendimento emergencial. 2. Fazer o que deve ser feito no momento certo, afim de: a. Salvar uma vida b. Prevenir danos maiores 3. Manter o acidentado vivo até a chegada deste atendimento. 4. Manter a calma e a serenidade frente a situação inspirando confiança. 5. Aplicar calmamente os procedimentos de primeiros socorros ao acidentado. 6. Impedir que testemunhas removam ou manuseiem o acidentado, afastando-as do local do acidente, evitando assim causar o chamado "segundo trauma", isto é, não ocasionar outras lesões ou agravar as já existentes. 7. Ser o elo das informações para o serviço de atendimento emergencial. 8. Agir somente até o ponto de seu conhecimento e técnica de atendimento. Saber avaliar seus limites físicos e de conhecimento. Não tentar transportar um acidentado ou medicá-lo. B. SEGURANÇA É importante observar rapidamente se existem perigos para o acidentado e para quem estiver prestando o socorro nas proximidades da ocorrência. Por exemplo: fios elétricos soltos e desencapados; tráfego de veículos; andaimes; vazamento de gás; máquinas funcionando. Devem- se identificar pessoas que possam ajudar. Deve-se desligar a corrente elétrica; evitar chamas, faíscas e fagulhas; afastar pessoas desprotegidas da presença de gás; retirar vítima de afogamento da água, desde que o faça com segurança para quem está socorrendo; evacuar área em risco iminente de explosão ou desmoronamento. JAMAIS SE EXPONHA A RISCOS. Utilizar luvas descartáveis e evitar o contato direto com sangue, secreções, excreções ou outros líquidos. Existem várias doenças que são transmitidas através deste contato C. CENÁRIO Ao chegar ao local de um acidente, ou ondese encontra um acidentado, deve-se assumir o controle da situação e proceder a uma rápida e segura avaliação da ocorrência. Deve-se tentar obter o máximo de informações possíveis sobre o ocorrido. Dependendo das circunstâncias de cada acidente, é importante também: a) Evitar o pânico e procurar a colaboração de outras pessoas, dando ordens breves, claras, objetivas e concisas; b) Manter afastados os curiosos, para evitar confusão e para ter espaço em que se possa trabalhar da melhor maneira possível. Antes de qualquer procedimento, avaliar a cena do acidente e observar se ela pode oferecer riscos, para o acidentado e para você. EM HIPÓTESE NENHUMA PONHA SUA PRÓPRIA VIDA EM RISCO. Ambiente Pré Hospitalar: Equipe atende a vitima no local do acidente. É preciso comunicar sua transferenia para o hospital D. TOMADA DE DECISÕES A triagem envolve a classificação dos doentes de acordo com o tipo de tratamento necessário e os recursos disponíveis. O tratamento prestado deve ser baseado nas prioridades ABC. A triagem também se aplica à classificação dos doentes no local e à escolha do hospital para o qual o doente deverá ser transportado. Em incidentes com múltiplas vítimas, embora exista mais que uma vítima, o número de doentes e a gravidade das lesões não excedem a capacidade de atendimento do hospital. Nessa situação, os doentes com risco de vida iminente e os doentes com traumatismos multissistêmicos serão atendidos primeiro. Em eventos com vítimas em massa, o número de doentes e a gravidade das lesões excedem a capacidade de atendimento da instituição e da equipe. Nessa situação, os doentes com maiores possibilidades de sobrevida cujo atendimento implique menor gasto de tempo, de equipamentos, de recursos e de pessoa, serão atendidos primeiro. E. AVALIAÇÃO E TRATAMENTO I. AVALIAÇÃO PRIMÁRIA Uma rápida avaliação do A, B, C e D no doente traumatizado pode ser obtida quando você se apresenta, perguntando ao doente seu nome e o que aconteceu. Uma resposta apropriada sugere que não há comprometimento grave da via aérea (habilidade para falar claramente), a ventilação não está comprometida gravemente (habilidade para gerar movimento aéreo que permita falar) e não há maior diminuição do nível de consciência (alerta suficientemente para descrever o que aconteceu). A falha na resposta a essas questões sugere anormalidades no A, B ou C, que implicam avaliação e tratamento urgentes. Consiste na avaliação rápida e no tratamento do doente (reanimação), segundo prioridades, baseadas no mecanismo de trauma, nos sinais vitais e nas lesões. Durante o exame primário, a avaliação e a reanimação são simultâneas, isto é, à medida que vão sendo identificadas (avaliação), as lesões com risco de vida são corrigidas (reanimação). Avaliação e reanimação são feitas segundo as prioridades expressas nos ABCDEs. As prioridades são as mesmas para todos os doentes. OBS: As populações de doentes que necessitam de considerações especiais são as crianças, grávidas, idosos, atletas e obesos. Sinais de gravidade mais comuns no paciente traumatizado: • Via aérea inadequada ou com risco de obstrução • Frequência respiratória muito alta ou muito baixa SatO2 < 95% com O2 suplementar adequado • Dispneia Pneumotórax aberto ou tórax instável • Hemorragia externa significativa • Choque • Escala de coma de Glasgow < 13 • Crises convulsivas • Déficit motor ou sensitivo • Anisocoria • Ferimentos penetrantes em cabeça, pescoço, tórax, abdome ou região proximal dos membros. VIAS AÉREAS COM PROTEÇÃO DA COLUNA CERVICAL (AtRWAY) A manutenção da permeabilidade das vias aéreas é a maior prioridade ao avaliar o doente traumatizado e tratá-lo. Devem ser procurados sinais de obstrução de vias aéreas, que incluem a presença de corpos estranhos (prótese dentária, dentes, sangue, vômitos) ou fraturas de face, laringe ou traquéia. O doente que fala sem dificuldade e sem disfonia não tem problema de vias aéreas; se apresenta estridor, rouquidão ou qualquer ruído respiratório anormal, ou respira com dificuldade, pode ter as vias aéreas obstruídas. O doente inconsciente, em decúbito dorsal, pode ter obstrução de vias aéreas por queda da língua. Igualmente pode ter obstrução por vômitos, que podem ser seguidos de aspiração. As principais causas de obstrução das vias aéreas no traumatizado são: queda da língua, no doente inconsciente, trauma direto das vias aéreas, corpo estranho e edema de glote, provocado por queimadura ou tentativa de intubação sem sucesso. Além da monitoração clínica pode-se avaliar muito bem a oxigenação do doente com a colocação do oxímetro de pulso (95%). As manobras para garantir a permeabilidade das vias aéreas vão desde a simples aspiração de sangue ou secreções até à obtenção de via aérea definitiva, que pode ser feita por intubação orotraqueal ou nasotraqueal ou por cricotireoidostomia por punção ou cirúrgica. Em nosso país, a obtenção de via aérea definitiva só pode ser feita por médico. Define-se via aérea definitiva como a colocação na traquéia de cânula com balonete (cufj). O balonete inflado permite uma melhor ventilação e oxigenação, e evita a aspiração. O doente com comprometimento grave do nível de consciência (coma, ou seja, pontuação de 8 ou menos na escala de coma de Glasgow) necessita de via aérea definitiva, mesmo que esteja, aparentemente, respirando muito bem. Nesse doente, a via aérea está sempre em risco de obstrução, devendo providenciar-se, logo que possível, uma via aérea definitiva. Em muitos doentes, a aspiração das vias aéreas, associada a manobras manuais simples de elevação do mento (chin lift) ou tração da mandíbula (jaw thrust), permite a permeabilização das vias aéreas, elevando a base da língua (Figuras 16.3 e 16.4). Doentes inconscientes podem beneficiar-se do uso da cânula orofaríngea Guedel, que não pode ser usada no doente consciente, por induzir ao vômito, devendo, nessa situação, ser substituída pela cânula nasofaríngea. A cânula nasofaríngea é contra-indicada nos doentes com sinais clínicos de fratura de base de crânio (equimose bipalpebral, equimose na mastóide, liquorragia e hemotimpano na otoscopia). A decisão de realizar a abordagem definitiva da via aérea leva em conta os seguintes aspectos clínicos: ocorrência de apnéia, impossibilidade de permeabilizar a via aérea com outro método, risco de aspiração, comprometimento da via aérea por lesão direta, edema ou hematoma, presença de coma por trauma. Quando intubar: apneia, proteção de vias aéreas inferiores com aspiração de sangue ou conteúdo gástrico, comprometimento iminente das vias, TE necessário para hiperventilação ou incapacidade de manter ventilação adequada com ventilação por máscara. RESPIRAÇÃO E VENTILAÇÃO Uma boa ventilação exige um funcionamento adequado dos pulmões, da parede torácica e do diafragma. O pescoço e o tórax do doente devem ser expostos para avaliar adequadamente a distensão de veias jugulares, a posição da traqueia e a movimentação da parede torácica. A ausculta deve ser realizada para se confirmar o fluxo de ar nos pulmões. A inspeção visual e a palpação poderão detectar lesões da parede do tórax capazes de comprometer a ventilação. A percussão do tórax também pode identificar anormalidades, mas no ambiente barulhento da reanimação, isso pode ser difícil ou levar a resultados não confiáveis. As lesões que podem prejudicar gravemente a ventilação num curto prazo são: o pneumotórax hipertensivo, o tórax instável (retalho costal móvel) com contusão pulmonar, o hemotórax maciço e o pneumotórax aberto. O hemotórax ou o pneumotórax simples, as fraturas de arcos costais e a contusão pulmonar grau menor. CIRCULAÇÃO Os principaisfatores circulatórios a considerar são volume sanguíneo, débito cardíaco e hemorragia. Identificação e a parada da hemorragia são passos cruciais na avaliação e tratamento desses doentes. Uma vez descartado o pneumotórax hipertensivo como causa de choque, a hipotensão em doentes traumatizados deve ser considerada hipovolêmica até prova em contrário. E essencial a avaliação rápida e precisa do estado hemodinâmico do doente traumatizado. Os elementos clínicos que oferecem informações importantes dentro de poucos segundos são o nível de consciência, a cor da pele (acinzentada da face e a pele esbranquiçada das extremidades) e o pulso (Pulso rápido e filiforme é habitualmente um sinal de hipovolemia) Principais áreas hemorrágicas: tórax, abdome, retroperitônio, bacia e ossos longos. Sinais de choque: Agitação, confusão Taquicardia Taquipneia Diaforese Extremidades mosqueadas, frias Pulsos distais fracos Pressão de pulso diminuída Débito urinário diminuído Hipotensão DISFUNÇÃO NEUROLÓGICA No final da avaliação primária, realiza-se uma avaliação neurológica rápida. Esta avaliação neurológica estabelece o nível de consciência do doente, o tamanho e reatividade das pupilas, sinais de lateralização e o nível de lesão da medula espinhal. A GCS é um método rápido e simples para determinar o nível de consciência e que permite prever a evolução do doente. EXPOSIÇÃO, COM CONTROLE DO AMBIENTE Toda a roupa do doente deve ser tirada para que ele possa ser completamente examinado. Deve haver o controle da temperatura ambiente, para evitar que o doente sofra hipotermia. A reposição volêmica é também causa de hipotermia. Antes de prosseguir com o exame secundário, deve ser feita reavaliação dos ABCDEs para verificar a situação atual do doente. II. AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA A avaliação secundária só deve ser iniciada depois de completar a avaliação primária (ABCDE) e quando as medidas indicadas para a reanimação tiverem sido adotadas e o doente demonstrar tendência para normalização de suas funções vitais. A avaliação secundária é um exame do doente traumatizado da cabeça aos pés, isto é, uma história clínica e um exame físico completos, incluindo a reavaliação de todos os sinais vitais. Cada região do corpo deve ser examinada por completo. A possibilidade de passar despercebida uma lesão ou de não se dar o real valor a uma lesão é grande, principalmente em doentes que não respondem a estímulos ou que se encontram instáveis. Na avaliação secundária deve ser feito um exame neurológico completo, incluindo a determinação do escore na GCS. Durante essa avaliação, devem ser feitas as radiografias indicadas. Procedimentos especiais, como exames radiológicos específicos e estudos laboratoriais, são também providenciados durante essa fase. Uma avaliação completa do doente exige a realização de exames físicos repetidos. HISTÓRIA incluir a história do mecanismo do trauma. Usar o AMPLA: Alergia Medicamentos de uso habitual Passado médico Líquidos e alimentos ingeridos recentemente Ambiente e eventos relacionados ao trauma MECANISMO DO TRAUMA Trauma Fechado é resultado de colisões automobilísticas, quedas e outras lesões relacionadas a transporte, recreação ou trabalho. A ejeção da vítima aumenta sobremaneira as possibilidades de lesões graves. Trauma Penetrante Os fatores determinantes do tipo e da extensão da lesão e do subsequente tratamento dependerão da região do corpo que foi lesada, dos órgãos próximos ao trajeto do objeto penetrante e da velocidade do projétil. Lesões Térmicas resultante de um incêndio em automóvel, explosões, queda de fragmentos incandescentes, tentativa de fuga do fogo. As lesões por inalação ou a intoxicação por monóxido de carbono frequentemente complicam as lesões das queimaduras. Durante a avaliação secundária, o exame físico segue a sequência da cabeça, estruturas maxilofaciais, pescoço e coluna cervical, tórax, abdome, períneo/reto/vagina, sistema musculoesquelético e sistema neurológico. 2. IMOBILIZAÇÃO DA COLUNA CERVICAL A proteção da coluna cervical inclui o uso de colar cervical rígido e a manutenção da técnica de rolamento em bloco para movimentar o paciente como um todo. A proteção da coluna durante o transporte do paciente pode ser aumentada pelo uso de prancha longa, porém os pacientes devem ser removidos destes aparelhos em pouco tempo após a chegada no serviço de emergência para prevenir o desenvolvimento de feridas por pressão, que podem ocorrer dentro de curto período de tempo. A. RETIRADA CORRETA DO CAPACETE 1. O primeiro socorrista ajoelha-se atrás da cabeça do doente. Numa posição o mais estável possível, segura, com as palmas das mãos o capacete e mantém-no nessa posição, fixando as pontas dos dedos no rebordo do capacete. 2. O segundo socorrista, ajoelha-se ao lado do acidentado, no nível do tórax e desaperta ou corta se necessário, a fita de queixo do capacete. Abre a viseira do capacete se ela estiver fechada. 3. Depois de se certificar do tipo de capacete e de todas as manobras que vai ter que efetuar para retirar, o segundo socorrista segura o crânio do acidentado, colocando uma mão no occipital e a outra sobre a boca do acidentado por forma a fazer pressão com o dedo indicador e o polegar sobre os ossos que formam as maçãs do rosto. 4. Depois de ter garantida uma posição estável, o primeiro que pode começar a retirar o capacete. O tipo de manobra a fazer depende do tipo de capacete (integral, sem proteção facial, de abertura frontal). O capacete é retirado fazendo pequenos movimentos frente/traseira. Puxar com delicadeza! 5. Quando o bordo inferior do capacete (integral) atingir o nível do nariz, diminua a amplitude dos movimentos frente/traseira. Continue a retirar o capacete tendo, no entanto atenção para não levantar involuntariamente a cabeça do acidentado. Prossiga a manobra até retirar completamente o capacete. Lembre-se, no entanto que pode haver cabelos emaranhados no capacete. Se tratar de alguém com cabelos compridos, o socorrista que segura à cabeça, pode juntá-los ao crânio no momento em que coloca a mão no occipital. 6. Quando o capacete tiver sido retirado, o segundo socorrista deverá manter a cabeça na posição inicial até iniciar o alinhamento cervical, nos casos em que for indicado. 7. O primeiro socorrista coloca, então, as mãos abertas de cada um dos lados da face do paciente, por forma a que os seus dedos polegares fiquem sobre os ossos que formam as maçãs do rosto e os restantes dedos sobre o occipital, garantindo assim o alinhamento neutro e estável da coluna do paciente. 8. O segundo socorrista só abandona a posição quando é informado pelo colega que a cabeça do paciente está segura. Então, seleciona o colar cervical “MIAMI J” da medida apropriada e executa a sua aplicação. B. COLAR CERVICAL I. TAMANHOS A medida do tamanho do colar cervical: a distância entre o ombro e o queixo do paciente. Quando o paciente estiver em posição neutra cervical, use seus dedos para visualizar a distância entre o ombro e o queixo. Você pode utilizar seus dedos para escolher o tamanho do colar cervical mais adequado para o paciente. O colar cervical apresenta vários tamanhos, cujos velcros tem cores específicas, conforme Tabela (isso facilita, prontamente, a equipe a localizar o colar cervical). ▪ Neonatal–rosa; ▪ Pediátrico–lilás; ▪ Pequeno8cm–azul; ▪ Médio10cm–laranja; ▪ Grande12cm–verde; ▪ Colar regulável pediátrico–amarelo; ▪ Colar regulável adulto –azul. Uma vez colocado o colar cervical, mantenha o paciente na prancha rígida (ou em uma superfície rígida), e coloque o coxim lateral de cabeça. O colar cervical é um excelente dispositivo auxiliar na imobilização,porém não limita completamente os movimentos laterais e de flexão-extensão, devendo, portanto ser utilizado em conjunto com o imobilizador de cabeça e o dispositivo de fixação dotronco. Imobilização: Coxim Lateral de Cabeça: Se levar em consideração o dispositivo de imobilização, este deve imobilizar de tal forma que não permita movimentos para cima, baixo, direita e esquerda. Neste dispositivo a cabeça deverá estar fixada, impedindo desta forma a mobilização da coluna vertebral Avaliação radiológica se: idade > 65 anos, parestesias em extremidades, mecanismo perigoso de trauma, sobrecarga axial sobre a cabeça, colisão e incapacidade de rodar o pescoço para direita e esquerda II. TÉCNICAS Em vítima sentada: 1. Socorrista se posiciona atrás da vítima. 2. Inicia a estabilização da coluna cervical apoiando os polegares na região occipital da vítima. 3. A mandíbula é fixada com o restante das mãos. 4. Alinhe manualmente a cervical fazendo tração longitudinal leve. Esse movimento deve conduzir a cabeça da vítima até o alinhamento total anteroposterior e lateral. 5. O segundo socorrista posiciona o colar cervical por baixo da mandíbula da vítima. 6. Apoia a extremidade inferior do colar no esterno/manúbrio esternal. 7. O primeiro socorrista retira os dedos indicador e médio e vai deslizando as mãos para a região posterior enquanto o colar vai sendo posicionado. 8. Envolver totalmente o pescoço e pressionar levemente as porções laterais do colar garantindo o ajuste adequado. 9. Posicionar a tira de velcro para fixar o colar. Em vítima deitada: 1. O primeiro socorrista posiciona-se atrás da cabeça da vítima, apoiando os polegares na mandíbula e os outros dedos ao longo do crânio a partir do occipital. 2. O segundo socorrista posiciona primeiro a parte posterior do colar por trás do pescoço. 3. Trás a parte anterior do colar para a frente do pescoço e posiciona-o na linha média. 4. Posiciona o colocar, comprime levemente nas laterais e fecha o velcro. OBS: Critérios para retirada do colar cervical 1) Consciente e orientado 2) Ausência de déficits motores e sensitivos 3) Ausência de dor a palpação da coluna 4) Ausência de dor na mobilização ativa 5) RX normal/ TC/ RM C. HEAD BLOCKS Anteparos laterais que permitem uma imobilização completa do pescoço. Confeccionado em espuma revestida de um material impermeável e lavável. Sem movimentação lateral. 3. IMOBILIZAÇÃO DA COLUNA TOTAL Se levar em consideração o dispositivo de imobilização, este deve imobilizar de tal forma que não permita movimentos para cima, baixo, direita e esquerda. Neste dispositivo a cabeça, tórax e membros inferiores deverão estar fixados, impedindo desta forma a mobilização da coluna vertebral. O dispositivo mais utilizado em nosso meio é a prancha longa. A. PRANCHA RÍGIDA Dispositivo mais comum para imobilização da coluna total; usada principalmente para transporte do que imobilização com a técnica rolamento em bloco, a cavalera e pranchamento em pé. Mais de 2h de permanência na mesma, aumenta o risco por escaras de decúbito. É o equipamento indicado para a remoção de vítimas encontradas em decúbito (deitadas). Eventualmente, pode ser utilizada como suporte secundário quando outros materiais são empregados. A maioria das pranchas encontradas no mercado suporta até 150 Kg. A vítima deve ser fixada na prancha por, pelo menos, três cintos (tirantes), que devem estar posicionados nos ombros, no quadril e acima dos joelhos. Após o ajuste do tronco e das pernas, fixa-se a cabeça. Só neste momento pode- se liberar a imobilização manual. As técnicas para colocação de pacientes na prancha longa devem respeitar a estabilização da coluna vertebral, movimentando a vítima em bloco. As mais utilizadas são as manobras de rolamento em bloco, a cavaleira e pranchamento em pé. B. OUTROS DISPOSITIVOS O KED (Kendrick Extrication Device) é um dispositivo utilizado na imobilização da coluna cervical, vertebral e lombar em uma posição anatômica, permitindo que a vítima seja imobilizada, extricada e transportada na posição sentada Maca cesto (resgate em locais de difícil acesso) C. TÉCNICAS Sempre manter a cabeça em linha neutra através da imobilização manual e todas as manobras comandadas pelo socorrista LIDER, normalmente o que está imobilizando a cabeça. Vários métodos de se colocar o paciente sobre a prancha longa são descritos, o mais utilizado é o de rolar lenha. ROLAR LENHA: 1. Enquanto a imobilização em linha neutra é mantida pelo socorrista na cabeça do paciente, um colar cervical é aplicado e a prancha longa é posta ao lado do paciente e o mesmo é preparado para rolar lenha. 2. Um segundo socorrista ajoelha-se ao lado do tórax do paciente e um terceiro socorrista ajoelhase ao lado do segundo ao nível dos joelhos do paciente. Os braços são posicionados colados ao corpo do paciente e com as palmas voltadas para o paciente enquanto as pernas são trazidas juntas para o alinhamento neutro pelo terceiro socorrista. Ficam nesta etapa os joelhos dos socorristas apoiando a lateral do paciente e então estes dois socorristas irão segurar a lateral oposta do paciente, um segurando com uma mão o ombro e com a outra a mão a pélvis do paciente e a outra a coxa lateral superior e a perna lateral inferior ao joelho contralateral àquele fixado por suas pernas. O paciente fica desta forma comprimido pelos segundo e terceiro socorristas. 3. Ao comando do socorrista que está na cabeça, todos de forma sincronizada promoverão a rotação em bloco do paciente, permitindo que com a inclinação conseguida se posicione a prancha longa sob o paciente. 4. Então o paciente é rolado de volta sobre a prancha longa, também de forma sincronizada e em bloco, preservando o alinhamento em posição neutra da coluna vertebral. Todos os reposicionamentos necessários deverão ser sincronizados e ao comando do socorrista líder. OBS: Rolamento de 180 graus: É utilizada em vítimas que se encontram em decúbito ventral. O socorrista posiciona ajoelhado atrás da cabeça da vítima e estabiliza a cabeça e pescoço. A prancha é posicionada no lado para qual a vítima será rolada. Os outros dois socorristas se posicionam ajoelhados sobre a prancha, no nível dos ombros e dos quadris. Os membros devem ser alinhados. Após comando verbal, é feito meio rolamento na direção da prancha, ficando a vítima de lado. Os dois socorristas saem da prancha ficando sobre o solo. Ao novo comando, completam o rolamento, deitando a vítima sobre a prancha. Coloca-se então, o colar cervical e completa-se a imobilização. ELEVAÇÃO A CAVALEIRO Indicada em locais estreitos. Um socorrista posiciona-se a cavaleiro nível do tórax do paciente, estabilizando manualmente sua cabeça e seu pescoço. O colar cervical é aplicado por outro socorrista. Posiciona- se a prancha próximo aos pés da vítima, no sentido de orientação de seu corpo. Outro socorrista posiciona-se o cavaleiro sobre a vítima no nível do seu quadril e outro no nível dos pés. Promove então, alinhamento dos membros, no eixo do corpo e, ao comando, a pessoa é elevada em bloco, cerca de 20 cm. O socorrista próximo aos pés desliza a prancha por baixo do corpo da vítima. Mediante novo comando, o paciente é colocado sobre a prancha e devidamente fixado. IMOBILIZAÇÃO COM A VÍTIMA SENTADA com o uso de “KED” (colete de imobilização dorsal). Antes de iniciar o procedimento cria- se um acesso para se chegar atrás da vítima, onde irá promover a estabilização manual da cabeça e do pescoço. Outro socorrista se encarrega da colocação do colar cervical. O KED é colocado entre o banco e as costas da vítima. São, então, presos os tirantes médio, inferior, das coxas e, por último, o do tórax. Em seguida,fixa-se a cabeça, liberando-se a imobilização manual. Um socorrista aborda a vítima pelas pernas e pelo quadril e outro pelas alças do colete. Promovem, então, rotação, deixando a vítima de costas para a porta e com os pés sobre o banco do passageiro. A prancha longa será colocada com sua extremidade inferior sob as nádegas da vítima e a extremidade superior apoiada por outro socorrista. A vítima é, então, deitada sobre a prancha e deslizada para adaptação a esta. Os tirantes da coxa são liberados para que as pernas possam ser estendidas. Em seguida, fixa a vítima à prancha. 4. IMOBILIZAÇÃO DA PELVE OBS: A técnica de rolamento deve ser evitada a todo o custo na mobilização destas vítimas. A. INDICAÇÕES Suspeita da fratura, dor ou deformidade parente nos membros. Tem indicação principalmente para analgesia, instabilidade hemodinâmica com dor, crepitação ou sinais de instabilidade ao exame físico da bacia (palpação das cristas iliacas e sínfise púbica) • Palpar cristas ilíacas e sínfise púbica • Os membros devem ser inspecionados para verificar a presença de contusões e deformidades. • A palpação dos ossos, pesquisando dor ou movimentos anormais, ajuda na identificação de fraturas ocultas. • Fraturas pélvicas podem ser suspeitadas pela identificação de equimoses sobre as asas do ilíaco, púbis, grandes lábios ou escroto. • A dor à palpação do anel pélvico é um achado importante no doente consciente. No doente inconsciente, a mobilidade da pelve em resposta à pressão delicada anteroposterior das cristas ilíacas anteriores e da sínfise púbica com as palmas das mãos pode sugerir ruptura do anel pélvico. B. DISPOSITIVOS Talas, bandagens, ataduras, lençóis, calça pneumática inflável. C. IMOBILIZAÇÃO ANALGÉSICA X HEMOSTÁTICA Imobilização analgésica: suspeitas de fratura ou deformidade aparente (crepitações e instabilidade da pelve). Exemplos: talas próprias moldáveis e fixas, talas adaptadas, bandagens e ataduras. Talas rígidas bilateralmente posicionadas acima da crista ilíaca até o joelho ou tornozelo (preferencialmente) e uma tala moldável entre as pernas fixadas por ataduras e frita crepe ou faixa. Imobilização hemostática: para controle da hemorragia em casos de sinais de instabilidade hemodinâmica. Fechamento do anel pélvico para conter o sangramento venoso que é mais intenso na parte posterior devido a articulação sacro ilíaca. Exemplos: lençol, calça pneumática inflável, cirurgia ortopédica com fixadores externos e internos. Amarração com lençol em dupla: inserir o lençol entre a curvatura dos joelhos; cada um segurando uma ponta do lençol, fazer zigzag com o mesmo até posicioná-lo posteriormente no quadril; inverter as pontas e tracioná-lo, apertando bem; fazer uma rotação em volta do paciente e rodar mais uma vez as pontas do lençol; amarrar com fita. Se paciente deitado ou os socorristas sem possibilidade de realizar a rotação em volta do paciente, um socorrista é responsável por pegar a outra ponta do lençol e rodar Fratura do fêmur e da pelve (bacia): Imobilizar totalmente ao membros inferiores, incluindo-se a articulação do quadril; utilizar cobertores, talas rígidas grandes e bandagens triangulares ou tiras de pano para fixação; nos casos de fraturas de pelve e fêmur com grande hemorragia, deve-se prevenir o estado de choque e priorizar o transporte. 5. IMOBILIZAÇÃO DOS MEMBROS A. MEMBROS SUPERIORES / INFERIORES I. INDICAÇÕES: 1. Estanque eventuais hemorragias. 2. Não são necessários equipamentos especiais para imobilizar a vítima. Para imobilizar um membro ou parte de um membro, improvise uma tala com um pedaço de tábua, um calhamaço de jornal, uma revista grossa, um travesseiro, um galho reto de árvore ou uma parte sã do próprio corpo da vítima (por exemplo, numa fratura de uma perna, a outra pode ser amarrada à quebrada para fixá-la; um braço quebrado pode ser imobilizado contra o próprio peito). 3. Algumas fraturas podem ser imobilizadas na posição em que se encontram, desde que esta não seja forçada. 4. Qualquer que seja o local a entalar, lembrese de que imobilizar significa tirar os movimentos das juntas acima e abaixo da fratura. Por exemplo: não adianta entalar fortemente uma fratura de antebraço se os movimentos do pulso e cotovelo ficarem livres. 5. Se possível, acolchoe a tala com panos, camadas de algodão ou gaze, evitando pontos de pressão e desconforto. 6. Se a fratura que você está entalando é exposta e você já cuidou do ferimento, lembrese de proteger bem o corte com almofadas de gaze, para que o roçar da tala não prejudique ainda mais. Atenção: Aperte apenas o suficiente as bandagens que seguram a tala, deixando uma extremidade do membro atingido para fora. Se você perceber que esta extremidade. * Lesões do braço: imobilizar ombro e cotovelo; * lesões no antebraço: imobilizar cotovelo e punho. * Lesões de fêmur: imobilizar bacia e joelho; OBS: Nunca esquecer que fratura do fémur pode implicar a perda de 1 a 2 litros de sangue sendo importante a vigilância dos sinais vitais * Lesões da perna: imobilizar joelho e tornozelo. Resultam habitualmente de traumatismos diretos (acidentes de viação) podendo estar fraturados os dois ou só um dos ossos (tíbia ou perónio). São as fraturas que com maior frequência encontramos expostas, dado que a tíbia (canela) se encontra imediatamente por debaixo da pele NUNCA nos devemos esquecer de pesquisar outras fraturas associadas: fémur, colo de fémur e bacia. A imobilização deve ser feita na posição em que o membro é encontrado se não for possível fazer a sua extensão. * Usar torniquete apenas quando o sangramento oferece risco de morte ou em lesões de extremidade, devido ao risco de isquemia/necrose e, consequentemente, amputação. Obs: Situações em que é necessário fazer redução do membro lesado: - Compressão de artéria ou nervo. Deixar a vítima em posição confortável; evitar colocar o membro na posição anatômica ou reduzir a fratura, exceto em casos de má perfusão do mesmo (comprometimento vascular) ou ausência de pulso distal a lesão. Sendo assim, sempre verificar o pulso e a sensibilidade distal a lesão. - Em lesões de osso, sempre imobilizar uma articulação acima e uma abaixo da lesão. • Lesões do braço: imobilizar ombro e cotovelo; • Lesões no antebraço: imobilizar cotovelo e punho. • Lesões de fêmur: imobilizar bacia e joelho; • Lesões da perna: imobilizar joelho e tornozelo. MMII: para analgesia e hemostasia em suspeita de fratura, quando se tem desvio do membro ou deformidade aparente, edema, hematoma e crepitações. É necessário deixar a vítima em posição confortável; evitar colocar o membro na posição anatômica ou reduzir a fratura, exceto em casos de má perfusão do mesmo (comprometimento vascular) ou ausência de pulso distal a lesão. Sendo assim, sempre verificar o pulso e a sensibilidade distal a lesão. Sempre imobilizar uma articulação acima e uma abaixo da lesão. MMSS: para analgesia e hemostasia em suspeita de fratura, quando se tem desvio do membro ou deformidade aparente, edema, hematoma e crepitações. É necessário deixar a vítima em posição confortável; evitar colocar o membro na posição anatômica ou reduzir a fratura, exceto em casos de má perfusão do mesmo (comprometimento vascular) ou ausência de pulso distal a lesão. Sendo assim, sempre verificar o pulso e a sensibilidade distal a lesão. Sempre imobilizar uma articulação acima e uma abaixo da lesão. II. DISPOSITIVOS - Talas rígidas: • Dispositivos não flexíveis adaptadas a extremidade fraturada para manter sua estabilidade e imobilização. • Madeira, papelão, arame ou alumínio recoberto de material plástico. • Mãos, pés, punhos, tornozelos, antebraços e pernas.• Evitar em lesões proximais ao joelho e cotovelo. - Talas moldáveis/aramadas: • Confeccionados em alumínio recoberto por material plástico. • Necessitam ser preparadas pelo socorrista para o uso. • Tem uso muito semelhante as talas rígidas. - Talas infláveis: • Fáceis de transportar e de armazenar. • Controle de hemorragias (boa hemostasia). • Indicadas em antebraço e perna. • Desvantagem: podem vazar ou serem insufladas em excesso e causar isquemia na região imobilizada. - Talas de tração: • Fraturas diafisárias isoladas de fêmur em pacientes estáveis. • Aliviar dor e diminuir possíveis hemorragias. • Desvantagem: tempo e complexidade • São contra indicadas em fraturas de fêmur associadas a lesões no joelho, luxações coxo- femural e fraturas de pelve. Auto-imobilização: • Fixar a extremidade lesada a outra sadia. • Exemplo: membro superior fraturado preso ao tórax; extremidade inferior fraturada fixada a outra não lesada • Bem aceita em situações de improvisação. • Muito utilizada em fraturas nos dedos da mão. - Imobilização: enfaixamento, tipoias e bandagens. 6. AVALIAÇÃO RADIOLÓGICA NO TRAUMA A realização de radiografia no trauma faz parte da avaliação secundária, embora os RX de cervical, tórax e bacia são realizados como adjuvantes a avaliação primária, desde que não atrase a reanimação do doente. Nunca faz exame se o paciente estiver instável ou na sala de emergência • Ver se é o RX do paciente e o número do prontuário. • Ver se é Direito ou Esquerdo • Técnica: Penetração • Incidência (perfil PA) • Arcos, clavículas, órgãos, insuflação, líquido, derrame, atelectasia, pneumotórax A. RAIO X DE COLUNA CERVICAL Incidência AP; lateral/ perfil (deve abranger da base do crânio até a 1a vértebra torácica - visualização das 7 vértebras e a transição para T1); transoral (avaliação da articulação atlantoaxial). Pesquisa de fraturas. A) Alinhamento – linha anterior dos corpos vertebrais, linha posterior dos corpos vertebrais, linha anterior e posterior do canal medular). B) Ossos: adequação e alinhamento das vértebras (analisar linha anterior e posterior) e alinhamento dos processos espinhosos (C7); C) Cartilagens (não da pra ver) D) Discos vertebrais E) Externos – traqueia, esôfago e partes moles F) COISAS DE FORA – colar, tubo, artefatos, piercing. Obs: Deve ser feita na avaliação secundaria. B. RAIO X DE TÓRAX Incidência PA; perfil (nem faz), em casos de impossibilidade é aceitável AP (para não correr o risco) em decúbito dorsal. Avaliação de fratura de arcos costais, pneumotórax, hemotórax, contusão pulmonar, desvio das vias aéreas e anormalidades do mediastino. A) Vias aéreas - Traqueia (ver se esta alinhada) B) Respiração – Pulmão (olhar tramas vasculobrônquicas, se está do hilo até a periferia). C) Circulação – Coração (Ver tamanho, alargamento, ruptura aórtica) D) Diafragma - avaliar cúpulas diafragmáticas e seios costofrênico e cardiofrênico. E) Esqueleto (ver clavículas, arcos costais). F) Partes moles (Ver pele, tecido subcutâneo). G) Coisas Externas (dreno de tórax, eletrodo de ECG, marca-passo, cânula). C. RAIO X DE BACIA Incidência AP. (avaliação de fraturas da bacia e lesões associadas de uretra e bexiga). • Ver simetria e fratura • Sínfise púbica – se tiver mais que 2 cm de alargamento já é sinal de fratura) • Fraturas de bacia e lesões de uretra/ bexiga. CASOS 1. Uma equipe pré-hospitalar composta por um motorista de ambulância, uma enfermeira e você é solicitada ao local de uma colisão frontal entre dois veículos, na Rodovia Transbrasiliana (BR-153). Em um caminhão pouco destruído, há um motorista de 40 anos que apresenta fratura exposta na perna direita. O mesmo cheira a álcool, está agressivo e verbalmente insultante, recusando o atendimento. O carro de passeio envolvido encontra-se bastante danificado. Um homem idoso no banco do passageiro não está respirando. O motorista está bem machucado, mas consciente e ansioso com o estado dos demais. No banco de trás, há uma criança de 4 anos presa à cadeirinha, inconsciente. Diante desse cenário, responda: a. Como você lidaria com essa ocorrência de múltiplas vítimas? Peron: Avaliar os pacientes e classifica-los quanto ao risco – método START: • Verde: pacientes que andam. • Amarelo: pulso radial presente, enchimento capilar < 2 segundos e FR > 8 e < 30. • Vermelho: enchimento capilar > 2 segundos, FR < 8 ou > 30. • Preto: não respira. - Se ela não respira mesmo com a abertura da via aérea→ vítima preta; - Se respira após manobra→vermelha; - Se está dispneica → vermelha; • Zona verde→deixar o pessoal longe dos mais graves; • zona quente: onde aconteceu o acidente e tem risco de outra coisa acontecer; • zona fria: médico pode atender, bombeiro determina a zona; • zona morta: desastre com produto químico; b. Em se tratando de segurança, quais são as medidas cabíveis? Peron: O socorrista deve tratar os doentes com justiça e coerência, e não tem obrigação de se colocar em risco indevido, tem o direito de se proteger e também de proteger a possibilidade de cuidar dos outros. - Uso de EPI, sinalização do local (é 20% da velocidade do local, por ex: pista de 110 km/h sinalizar a partir de 220 m) - Afastar curiosos, chamar por ajuda (SAMU 192, bombeiro 193), sinalizar a via, retirar fios elétricos... c. Qual dessas vítimas tem maior prioridade? Criança possui prioridade. Se o idoso tivesse na mesma situação, escolheria a criança por conta da idade (mais chances de sobreviver). Obs: se o socorrista descobrir que a criança possui um CA, e que só tem 2 meses de vida, ai então tem que salvar o idoso. - Primeiro a criança, depois o idoso, depois a fratura exposta, e por ultimo o motorista de 40 anos. d. O que você diria ao pai sobre as condições dos demais? O socorrista tem obrigação de dizer a verdade, tanto para estabelecer uma relação de confiança entre profissional-paciente como também para ajudar a tomar decisões em relação aos incapacitados (consentimento), porém o profissional deve levar em conta que este paciente também pode estar ferido e traumatizado com uma capacidade diminuída em tomar decisões. Além disso, a revelação completa e verídica do resto dos acidentados, pode traumatizá-lo ainda mais. Por isso cabe ao profissional avaliar a situação e através do princípio da beneficência e não maleficência, permitir que as informações completas sejam contadas depois quando o paciente estiver em um ambiente mais estável. Obs: Poupar o pai, porém não omitir - Dizer: Não tenho informações; Ele está sendo atendido por outra equipe; Não sei. e. Como você lidaria com o motorista do caminhão? Você permitiria que ele recusasse atendimento? Como o motorista se recusou ao atendimento deve-se fazer contenção física e oxigenação (tentando tranquilizá-lo). Hipótese de agitação: ingestão de álcool, choque (hipovolemia), estresse do trauma, distúrbios da oxigenação e traumatismo craniano. Obs: não pode dar diagnostico de alcoolizado para o paciente que aparentemente está embriagado (usa-se termos hálito etílico ou odor etílico) - Se o paciente não corre risco de vida e está orientado, entregar-lhe um termo que diz que o mesmo recusou tratamento. - Se o paciente for agressivo com a equipe médica, pode fazer contenção. Caso negue atendimento e necessite do mesmo, ligar para a polícia pois a mesma deve fazer a contenção. - Pode sedar, porém pode prejudicar o exame físico caso tenha TCE. 2. Em uma manhã chuvosa sua equipe é acionada para atender um motociclista que se feriu ao cair, após escorregar no asfalto molhado e bater contra a sarjeta. Ao chegar nolocal, você encontra várias testemunhas cercando a vítima, que se encontra deitada em decúbito dorsal, com capacete, na região lateral de uma movimentada avenida. O paciente refere ser incapaz de ficar em pé ou se mover sem que sinta intensa dor na pelve e na perna esquerda, regiões estas que sofreram um grande impacto. Não houve perda de consciência. a. Quais são os princípios adotados para o correto atendimento desse paciente? Segurança, avaliar cenário, afastar curiosos, realizar o A, B, C, D, E, pedir ajuda para tirar o capacete, colar cervical semi rígido. A – Oxímetro de pulso → oferecer máscara de 02 (10-12L/min); B – Ausculta, oxímetro de pulso; C- pulso, enchimento capilar, cor da pele, reposição volêmica (500-1000ml de cristaloide); D – neurológico (Glasgow e pupila), E – exposição e controle da hipotermia b. Quais métodos adjuntos podem ser utilizados para nos auxiliar neste atendimento? MOV: Monitorização com oxímetro e cardioscópco, máscara de oxigênio de alto fluxo, acesso venoso, ausculta pulmonar, radiografia da coluna cervical (C7 a T1), tórax e bacia e lavado peritoneal (não é obrigatório), FAST (US de beira de leito, faz durante a C). Obs: jamais teremos grande choque em osso, e sim, em compartimentos, como por exemplo pelve, abdome e tórax. 3. Durante o atendimento inicial desse paciente notou-se que o mesmo apresentava pressão arterial de 96x60 mmHg, frequência cardíaca de 115 bpm, frequência respiratória de 25 ipm e pele pálida e diaforética. a. Qual a hipótese diagnóstica? Choque hipovolêmico classe III (de possível causa hemorrágica). b. O que a cinemática desse evento lhe diz referente às potenciais lesões desse doente? Hemorragia interna da pelve → fratura de membros → imobiliza. Focos de sangramento interno → tórax, abdome, pelve, ossos longos (fêmur) c. O que fazer, ainda no atendimento pré- hospitalar, para tratamento específico desse quadro? Realizar 2 acessos venosos com reposição volêmica de ringer lactato aquecido a 39° + controle da lesão (imobilização = diminuição do contingente pélvico) com lençol. - 1000 mL de solução, 500 mL em cada acesso (mais rápido). - Em crianças: 20 mL por kg. - Quando a reposição não adiantou → realizar transfusão sanguínea (coloca mais soro até chegar o sangue). - Quando a resposta é parcial → realizar reposição de mais 1000 mL. - Quando a resposta é transitória (melhora mas depois piora) → realizar reposição de mais 1000 mL. * O máximo que se dá é 2000 mL, se necessitar mais é só transfusão. Obs: na prova deve responder passo a passo, como por exemplo, não deve falar apenas repor vol. com solução cristalóide, o certo é: pegar uma veia com cateter 14 na fossa anti cubital com a reposição volêmica com solução cristalóide (ringer lactato), temperatura de 39°. Inicialmente dar 2L, ai depois reavalia e se necessário coloca mais 2L, e assim segue ate 10 L 4. Você está de plantão na emergência de um grande hospital quando lhe é trazido pela equipe pré-hospitalar um paciente com história de queda do telhado (aproximadamente 4 metros de altura), tendo aterrissado com o lado esquerdo do corpo. Houve perda de consciência momentânea. Quando perguntado sobre sintomas, dispneico responde que apresenta dor em arcos costais à esquerda e abdominal generalizada. Avaliação primária do trauma: A. Presença de colar cervical e head blocks; via aérea pérvia. B. Murmúrio vesicular presente à direita e abolido à esquerda; macicez à percussão de hemitórax esquerdo; FR: 28 ipm; saturação de oxigênio: 92% sob oxigenioterapia. C. PA: 88x50 mmHg; FC: 120 bpm; ausência de fonte externa de sangramento; presença de um acesso calibroso em cada fossa antecubital com infusão de ringer lactato aquecido. D. Escala de coma de Glasgow: 15; pupilas isocóricas e fotorreagentes. E. Sem anormalidades; paciente coberto por manta. Diante do caso, responda: a. Qual a hipótese diagnóstica? Choque hipovolêmico classe III; possível hemotórax (liquido no pulmão) a E fonte sangramento interno abdominal. b. Como estabelecer o diagnóstico? Diagnostico clinico, mas pode fazer RX, USS POC (FAST) e lavagem gástrica. c. Qual o tratamento de escolha? • Oxigênio– devido à saturação baixa e FR alta • Drenagem – devido ao hemotórax (dreno de tórax) • Reposição volêmica – Devido ao choque (hemorragia interna) • Laparotomia exploradora se FAST + (liq na barriga)→se hipotenso OBS: No trauma RX de tórax - AP, cervical – AP, perfil e transoral, pelve – AP, abodme – USG FAST (focos), TC de cranio Obs da aula: atende o ABCD em sequencia porque vai por prioridade ( resolve primeiro o que mata mais rápido) . Não passa para a próxima letra se você não resolver a primeira ANEXO: CHOQUE
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