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SUMÁRIO 1. Introdução ..................................................................... 3 2. Fisiopatologia .............................................................. 3 3. Dermatite de contato (DC) ..................................... 4 4. Dermatite seborreica (DS) ....................................16 5. Tratamento .................................................................21 6. Dermatite atópica (DA) ..........................................24 7. Outras dermatites ....................................................33 8. Desidrótico .................................................................34 Referências bibliográficas ........................................36 3DERMATITES ECZEMATOSAS 1. INTRODUÇÃO Os termos “dermatite” e “eczema” são frequentemente utilizados como sinônimos. Quando o termo “ecze- ma” é usado sozinho, geralmente se refere à dermatite atópica (eczema atópico). “Eczematoso” também co- nota algumas escamas, crostas ou escoriações serosas, em oposição ao mero eritema. O termo “dermatite” é normalmente utilizado com qualifi- cadores (por exemplo, “dermatite de contato”) para descrever vários dis- túrbios da pele. Dermatoses eczematosas são co- muns, representando aproxima- damente 10 a 30% das consultas dermatológicas em diferentes popu- lações e grupos étnicos. Tipos espe- cíficos de dermatite eczematosa são mais comuns em algumas faixas etá- rias. Como exemplo, a dermatite ató- pica é muito mais comum em crianças do que em adultos, enquanto eczema asteatótico e eczema numular são ti- picamente observados em adultos mais velhos. 2. FISIOPATOLOGIA A característica básica do processo do eczema é de natureza seroexsu- dativa, que acomete a epiderme e derme papilar. Na fase aguda, há, na camada de Malpighi, exocitose e ede- ma intercelular, o qual progride em horas, provocando “espongiose”, isto é, um afastamento entre si das célu- las malpighianas, cujas pontes inter- celulares se adelgaçam, de modo que os espaços se enchem de serosidade. O processo continua e assim ocor- re marcado edema intracelular, que leva à degeneração reticular. Ocorre também destruição das pontes in- tercelulares, levando à formação de vesículas intra-epidérmicas (vesícula histopatológica), que, a depender da intensidade, podem exteriorizar-se (vesículas clínicas), e que se rompen- do, liberando exsudato, que, ao se- car, forma crostas. Interiormente às vesículas pode-se encontrar linfóci- tos. Além disso, o edema intracelular altera a ceratinização normal, dando origem à formação de paraceratose (permanência de núcleos achatados nas lâminas ceratínicas mais exte- riores), cuja expressão clínica é a es- cama. No corpo papilar, ocorre vaso- dilatação e edema, o que justifica o eritema. Na fase crônica, ocorre um espessamento de todas as camadas da epiderme, fazendo com que a le- são se apresente clinicamente como liquenificação. 4DERMATITES ECZEMATOSAS 3. DERMATITE DE CONTATO (DC) Termo utilizado para denominar rea- ções agudas ou crônicas a substân- cias que entram em contato com a pele. É subclassificada ainda em: por irritante e alérgica. A mais comum é a por irritante, correspondendo a 80%. Porém, em região de face, essa pro- porção é invertida, sendo mais co- mum a alérgica, correspondendo a 80% dos casos. Dermatite de contato por irritante (DCI) A dermatite de contato por irritante (DCI) é causada por irritante químico, sendo o tipo de dermatite de contato mais comum. Ocorre após uma única exposição ao agente desencadeante (irritante primário absoluto), que é tó- xico para a pele, podendo ser subs- tâncias alcalinas ou ácidas fracas, que não tem a capacidade de provocar queimaduras e/ou necrose da pele, apenas irritação cutânea. Ocorre em todas as pessoas, dependendo da penetrabilidade e da espessura do estrato córneo da pele. Já a derma- tite de contato por irritante primário relativo, ocorre por vários contatos da substância com a pele e corresponde a 80% dos casos de dermatite de contato. Irritantes comuns incluem água, sabonetes, produtos de limpe- za, água sanitária, solventes, ácidos, álcalis, poeira, plantas, solo. A dermatite das mãos é o tipo mais comum da DCI, principalmente asso- ciado a dermatite ocupacional (profis- sionais de saúde, indústria mecânica, empregadas domésticas). Os espa- ços entre os dedos retêm substân- cias e podem ser a primeira área de envolvimento. Materiais como luvas podem induzir, além de uma dermatite de contato alérgica pelo látex (como será mos- trado posteriormente), uma DCI por atrito, bem como por acumulação re- petida de umidade sob as luvas. As manifestações agudas de DCI de- pendem do tipo de irritante, podendo cursar com eritema, edema, vesículas e bolhas e exsudação. Na manifesta- ção crônica, há predomínio de lique- nificação, hiperceratose e fissuras, como na figura abaixo. O prurido, em geral, é discreto ou ausente, sendo substituído por sensação de dor ou queimação. 5DERMATITES ECZEMATOSAS Figura 1. Dermatite de contato por irritante primário crônica. Figura 2. Dermatite de contato por irritante. Fonte: https://www.uptodate.com/contents/image?imageKey=DERM%2F59959~DERM%2F50299~DERM%- 2F116502&topicKey=DERM%2F1727&search=dermatite&rank=1~150&source=see_link 6DERMATITES ECZEMATOSAS SAIBA MAIS: A dermatite de fraldas é um tipo de dermatite de contato por irritante mais prevalente na faixa etária pediátrica. As lesões atingem a área de contato da fralda, ou seja, períneo, náde- gas, abdome inferior e coxas. Podem ocorrer pela troca infrequente da fralda (fezes e urina) ou por uso de irritantes químicos como talco, óleos, desodorante. A pomada de hidrocortisona 1% duas vezes ao dia por 5 dias pode ser utilizada como tratamento para dermatite leve Figura 3. Quadro grave de dermatite de fraldas. Fonte: http://atlasvirtualuneb.blogspot.com/2017/03/cc-2-do- encas-de-pele-te-assustam-parte-2.html Dermatite de contato alérgica (DCA) A dermatite de contato alérgica (DCA) é causada por um alérgeno que de- sencadeia uma reação de hipersensi- bilidade tipo IV (celular ou tardia). Isso ocorre devido a ligação da substância química com proteínas epidérmicas e/ ou dérmicas, originando um antígeno completo. As células de Langerhans processam o antígeno, apresenta- -o aos linfócitos T, onde ocorre pro- liferação, em linfonodos regionais, desses linfócitos sensibilizados, que penetram na corrente sanguínea, dis- seminando-se por toda a pele. Ao segundo contato com o antígeno, os linfócitos de memória já sensibi- lizados, reconhecem nos pontos de contato, liberando citocinas e culmi- nando em um processo inflamatório. 7DERMATITES ECZEMATOSAS Sensibilizadores comuns incluem metais (por exemplo, níquel em jóias), conservantes (por exemplo, formal- deído), fragrâncias (perfumes, cos- méticos), antibióticos tópicos e para- fenilenodiamina (comumente usados em tinturas de cabelo). Apresenta como características erup- ções eczematosas bem demarcadas, intensamente pruriginosa, localizada na área da pele que entra em conta- to com o alérgeno, por exemplo, cos- méticos no rosto, níquel de joias onde são usadas, botões de metal em rou- pas que estão em contato com a pele, luvas de borracha e látex. Face Cosméticos, perfumes, medicamentos tópicos, esmalte de unhas, tintura para cabelos, chapéus Pálpebras Esmalte de unhas, rímel, colírios, condicionador e tintura de cabelos Bocas e lábios Batons, pasta de dente, antisséptico oral, guardanapos, chicletes e frutas Axilas Desodorantes e antitranspirantes Linhas axilares ant. e p. Roupas Região genital Preservativo, roupas, produtos sanitários, medicamento tópico Pés Sapatos, chinelos, botas e meias Coxas e pernas Roupas, medicamentos tópicos, cadeiras Região anal Papel higiênico, supusitórios Região anal Papel higiênico, supusitórios Mãos e antebraços Substâncias ocupacionais, plantas, pós, pulseiras, medicamentos tópicos, relógio Colo Perfumes,colares, cosméticos Orelhas Aparelhos auditivos, hastes para limpeza, medicamento tópico Figura 4. Eczemas, localizações e respectivos desencadeantes. Fonte: Azulay, RD., Azulay-Abulafia, L. Dermatologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017 8DERMATITES ECZEMATOSAS Figura 5. Dermatite de contato alérgica em face. Fonte: https://www.uptodate.com/contents/image?imageKe- y=DERM%2F116461~DERM%2F67215&topicKey=- DERM%2F1727&search=dermatite&rank=1~150&- source=see_link Figura 6. Eczema de contato ao níquel. Fonte: https:// www.uptodate.com/contents/image?imageKey=DER- M%2F70264&topicKey=DERM%2F1727&search=- dermatite&rank=1~150&source=see_link Figura 7. Eczema de contato ao metal. Fonte: ht- tps://www.uptodate.com/contents/image?imageKe- y=PEDS%2F70989&topicKey=DERM%2F1727&sear- ch=dermatite&rank=1~150&source=see_link Figura 8. Eczema de contato ao látex. Fonte: https:// www.uptodate.com/contents/image?imageKey=ALLR- G%2F51951&topicKey=DERM%2F1727&search=- dermatite&rank=1~150&source=see_link 9DERMATITES ECZEMATOSAS Figura 9. Eczema de contato à borracha da bota. Fonte: Azulay A DCA, mais frequentemente induzi- da por fragrâncias, lanolina (lã), con- servantes e antibióticos tópicos, é comum em pacientes com dermatite de estase. Deve-se suspeitar de DCA em pacientes com dermatite de esta- se recalcitrante que não melhora ou piora apesar dos cuidados com a pele e da terapia tópica apropriados. SAIBA MAIS A dermatite de estase é uma dermatose inflamatória comum dos membros inferiores resultan- te de uma manifestação tardia de insuficiência venosa crônica. Frequentemente se manifesta com manchas ou placas eritematosas descamativas e eczematosas nas pernas cronicamente edematosas. O tornozelo medial geralmente está envolvido, apresentando hiperpigmentação. Figura 10. Dermatite de estase. Fonte: https://www.uptodate.com/contents/image?imageKey=DERM%- 2F70596~DERM%2F50640~DERM%2F78163~DERM%2F64878&topicKey=DERM%2F13670&search=- dermatite&source=see_link 10DERMATITES ECZEMATOSAS Diferenciação entre DCI E DCA DERMATITE DE CONTATO ALÉRGICA DERMATITE DE CONTATO POR IRRITANTE PRIMÁRIO Frequência 20% 80% Causas comuns Cosméticos: fragrâncias e conservantes Sais metálicos: níquel, cromo, cobalto, mercúrio Germicidas (formaldeído) Plantas Aditivos da borracha (tiurans) Resinas plásticas (epóxi, acrílico) Resina (colofônio) Látex Medicamentos tópicos Água Sabões Detergentes Solventes Graxas Ácidos e álcalis Poeira Fibra de vidro Concentração do agente Menor Maior Mecanismo Imunológico - Tipo IV (linfócito T) Não imunológico - Lesão direta nos queratinócitos Sensibilização Necessária Desnecessária Predisposição individual Sim Não Teste de contato Positivo Negativo Tempo de aparecimento das lesões após contato Algumas horas a dias Alguns minutos até 48 h Demarcação anatômica das lesões Menos frequente Geralmente típica Resolução clínica ± 3 semanas Após 96 h Tratamento Afastamento da causa Corticosteroide tópico/sistêmico Anti-histamínico sistêmico Afastamento da causa Corticosteroide tópico/sistêmico Anti-histamínico sistêmico Tabela 1. Principais diferenças entre as dermatites de contato alérgica e irritativa 11DERMATITES ECZEMATOSAS Diagnóstico das dermatites de contato É realizado por meio da história clíni- ca e exames clínico e histopatológico. Na história clínica busca-se por: • Início das lesões • Número de surtos • História de dermatite de contato • Atividades ocupacionais • Outras atividades habituais/hobbies • Contato com químicos. No quadro clínico, busca-se, princi- palmente por: • Presença de lesões eczematosas em qualquer fase evolutiva • Localização da lesão • Características da lesão O teste de contato (Patch-test) é utilizado para confirmar diagnósti- co e investigar o agente responsável pelo quadro de dermatite de conta- to. O teste é realizado aplicando-se a substância suspeita sobre uma região do corpo, e verificando se há indução de lesão clínica do tipo eczematoso naquele local. Os testes epicutâneos são indicados apenas na investigação de dermatite por contato alérgica, já que na DC por irritante primário, não há mecanismo imunológico envolvido. O paciente, para ser submetido aos testes de contato, deve, no momento da aplicação, apresentar sua derma- tose em fase inativa. Os testes, em geral, são aplicados no dorso dos pa- cientes, por se tratar de área que, pela sua extensão, possibilita colocação de número adequado de substâncias. Outras áreas, como coxas ou braços, podem ser, eventualmente, utilizadas. As substâncias utilizadas nas baterias de testes são sensibilizantes comuns e em concentrações suficientes para gerar sensibilização e não irritar a pele. SE LIGA! O paciente não pode estar em uso de corticosteroide tópico no local do teste e de corticosteroide sistêmico, es- pecialmente em doses imunossupres- soras por 2 semanas. Além disso, não deve molhar as fitas ou se expor ao sol. A prática de atividade física é desacon- selhada para não descolar as fitas ou molhá-las com suor. Após 48 h da aplicação, os testes são retirados e a primeira leitura é feita. A segunda leitura é feita em 96 h. Os critérios adotados para leitura são os preconizados pelo International Con- tact Dermatitis Research Group de 1981, dentre os resultados temos: • (–) negativo • (+) discreto eritema com algumas pápulas • (++) eritema, pápulas e vesículas • (+++) intenso eritema, pápulas e vesículas confluentes. 12DERMATITES ECZEMATOSAS Figura 11. Teste de contato ou patch test. Fonte: https://www.clinicavittagoiania.com.br/upload/blog/Zpe7znmSxVco- Fv0i0nnOyBQs2YmMw6J2MTjat11h.jpeg Figura 12. Bateria de testes de contato do Grupo Brasileiro de Estudos em Dermatite de Contato. Fonte: Manual de Dermatologia Clínica de Sampaio e Rivitti. 2014. SUBSTÂNCIA CONC. VEÍCULO SUBSTÂNCIA CONC. VEÍCULO Antraquinona 2% Vas. sol Neomicina 20% Vas. sol Básamo do peru 25$ Vas. sol Nitrofurazona 1% Vas. sol Benzocaína 5% Vas. sol Parabenos (2) 12% Vas. sol Bicromato de potássio 0,5% Vas. sol Pafenilenodiama 1% Vas. sol Butil fenol p-terciário 3% Vas. sol Perfume-mix (3) 8% Vas. sol Carba-mix (1) 3% Vas. sol PPD-mi (4) 0,6% Vas. sol Cloreto de cobalto 1% Vas. sol Prometazina 1% Vas. sol Colofônia 20% Vas. sol Propilenoglicol 1% Vas. sol Efilenodiamina 1% Vas. sol Quaternium 15 2% Vas. sol Formaldeído 2% Água Quinolina-mix(5) 5% Vas. sol Hidroquinona 1% Vas. sol Resina-epóxi 1% Vas. sol Irgansan 1% Vas. sol Sulfato de ríquel 5% Vas. sol Kathon CG 0,5% Vas. sol Terebintina 10% Vas. sol Lanolina 20% Vas. sol Timerosol 0,1% Vas. sol Mercaptobenzotiazol 1% Vas. sol Tiuram-mix (6) 1% 13DERMATITES ECZEMATOSAS O histopatológico não é, em geral, utilizado no diagnóstico de rotina das dermatites de contato, é mais utiliza- do como diagnóstico diferencial com dermatoses não eczematosas. Profilaxia DCI: • Evitar substâncias químicas irritan- tes ou cáusticas por meio do uso de equipamentos de proteção (i.e., óculos, aventais e luvas). • Caso ocorra contato, lavar com água ou solução neutralizante fraca. • Cremes protetores. • Na DCI ocupacional que persiste, apesar da adoção das medidas descritas anteriormente, pode ser necessário. Tratamento No tratamento, a primeira providência nessas dermatites é afastar o agente causal e priorizar o tratamento de in- fecções secundárias eventuais. DCI: Fase aguda: identificar e remover o agente etiológico. Curativos úmidos com solução de Burow (solução de acetato de alumínio, que é antissép- tica), trocados a cada duas a três ho- ras. As vesículas maiores podem ser drenadas, porém, o teto não deve ser removido. Preparações de glicocorti- coides tópicos das classes I e II. Nos casos graves, pode-se indicar o uso de glicocorticoides sistêmicos. Pred- nisona: ciclo de duas semanas, dose inicial de 60 mg, com redução gradual em 10 mg. Fase subaguda e crônica. Remo- ver o agente etiológico/patogênico. Glicocorticoidestópicos potentes (dipropionato de betametasona ou propionato de clobetasol) e lubrifica- ção adequada. Com a regressão das lesões, manter a lubrificação. O pime- crolimo e o tacrolimo, que são inibido- res tópicos da calcineurina, em geral não são potentes o suficiente para suprimir efetivamente a inflamação crônica das mãos. 14DERMATITES ECZEMATOSAS DCA Inicialmente deve-se interromper a exposição ao se identifi car o agente etiológico. Tratamento tópico: pomadas/ géis de glicocorticoides tópicos (classes I a III). As vesículas maiores podem ser drenadas, porém o teto não deve ser removido. Curativos úmidos com compressas embebidas em solução de Burow, que devem ser trocadas a cada duas a três horas. A DCA pro- pagada pelo ar pode necessitar de tratamento sistêmico. O pimecrolimo e o tacrolimo são efetivos na DCA, porém em menor grau do que os glicocorticoides. Tratamento sistêmico: os glicocor- ticoides estão indicados nos casos graves e na DCA propagada pelo ar. Prednisona em dose inicial de 70 mg (adultos), com redução gradual em 5 a 10 mg/dia, no decorrer de um pe- ríodo de uma a duas semanas. Nos casos em que pode não ser possível evitar totalmente o alérgeno respon- sável pela DCA propagada pelo ar, a imunossupressão com ciclosporina oral pode se tornar necessária. HORA DA REVISÃO Na dermatite alérgica de contato (DCA), um alérgeno induz uma resposta imune, enquanto na dermatite irritante de con- tato (DCI), a própria substância desen- cadeante danifi ca diretamente a pele. 15DERMATITES ECZEMATOSAS DERMATITE DE CONTATO 80% dos casos Concentração do agente maior Sensibilização desnecessária Causas: água, sabão, detergentes, solventes, poeira Mecanismo: não imunológico Sem teste de sensibilidade Predisposição atópica aumentada Tratamento Profi laxia • Afastar agente causal • Tratar infecções secundárias • Curativos com solução antisséptica • Glicocorticoides tópicos • Casos graves: corticoides sistêmicos • Evitar substâncias químicas irritantes ou cáusticas por meio do uso de EPIs • Caso ocorra contato, lavar com água ou solução neutralizante fraca. • Cremes protetores. DC IRRITATIVA DC ALÉRGICA 20% dos casos Concentração do agente menor Sensibilização necessária Teste de contato tardio Mecanismo: imunológico (tipo IV) Causas: cosméticos, plantas, germicidas, resina, latex Predisposição atópica diminuida Tratamento • Afastar agente causal • Tratar infecções secundárias • Curativos com solução antisséptica • Glicocorticoides tópicos • Pimecrolimo e o tacrolimo • Casos graves: corticoides sistêmicos, ciclosporina oral. 16DERMATITES ECZEMATOSAS 4. DERMATITE SEBORREICA (DS) Distúrbio cutâneo recorrente que aco- mete de 1 a 3% da população adulta. Em crianças a dermatite seborreica de couro cabeludo é frequentemente chamada de “tampa de berço”. É co- mum sua apresentação em indivídu- os com infecção pelo vírus da imuno- deficiência humana (HIV), em cerca de 80% desses indivíduos. Também comum na doença de Parkinson. Etiopatogenia Há nítida influência hormonal, pois a secreção sebácea é estimulada por hormônios androgênicos elevados no período puberal, sendo que em lacten- tes decorrem da ação de andrógenos maternos circulantes. Foi demonstra- do ainda alterações dinâmicas na epi- derme, como o aumento do índice de mitoses e do trânsito transepidérmi- co. O papel do fungo Malassezia spp. na dermatite seborreica ainda não é bem definido, mas alguns autores ar- gumentam que o seu aumento nas lesões é secundário ao aumento dos nutrientes lipídicos nas escamas, en- quanto a maioria acredita num papel importante na etiologia da doença. Quadro clínico A DS possui características distintas, dependendo da faixa etária acometi- da: na forma pediátrica é autolimitada, enquanto no adulto, a doença tem curso crônico. As lesões são placas eritematosas e escamativas, de graus variáveis de extensão e inten- sidade. As lesões são maculopapu- losas, eritematosas ou amareladas, sem brilho, delimitadas e recobertas por escamas de aspecto gorduroso, que se distribuem pelas áreas sebor- reicas (couro cabeludo, face, regiões pré-esternal, interescapular, flexu- ras axilares e anogenitais). O prurido, quando presente, é discreto, à exce- ção das lesões no couro cabeludo. Dermatite seborreica infantil A DS na infância ocorre com maior prevalência nos três primeiros meses de vida (10% em meninos e 9,5% em meninas), sendo a escamação do couro cabeludo a forma clínica mais comum (42%). Caracteriza-se, logo após o nascimento, pelo surgimento de escamas amareladas, aderentes e de extensão variável, além de lesões eritemodescamativas não prurigino- sas, sem comprometimento do estado geral. Pode também ocorrer na face e nas dobras, tais como regiões retro- auriculares, pescoço, axilas, região in- guinal e área de fraldas. A criança com DS pode apresentar uma forma rara, generalizada que, frequentemente, é associada a imunodeficiências. 17DERMATITES ECZEMATOSAS Figura 13. Dermatite seborreica, crosta láctea. Fonte: Fitzpatrick, T. B. et al. Tratado de Dermatologia. 7 ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2010. Figura 14. Dermatite seborreica acometendo área de fraldas em lactente. Fonte: Azulay, RD., Azulay-Abu- lafia, L. Dermatologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017 Dermatite seborreica do adulto A DS do adulto é uma dermatose crô- nica, de curso recidivante, que varia desde um eritema leve a moderado até lesões papulosas, exsudativas e/ ou escamativas, com períodos de exacerbação relacionados ao estres- se ou privação de sono. As áreas afetadas, localizadas em áre- as com alta densidade de glândulas sebáceas, apresentam-se com man- chas eritematosas e escamosas, como nas laterais do nariz, dobras nasola- biais, glabelas, dobras retroauricula- res e couro cabeludo. A prevalência de acometimento é de cerca de 88% em face, 70% couro cabeludo, 26% tórax, 5% as regiões de dobras e 1% MMSS. Figura 15. Topografia da dermatite seborreica. Fonte: http://www.scielo.br/pdf/abd/v86n6/v86n6a02 18DERMATITES ECZEMATOSAS A pitiríase capitis (caspa), que se apresenta como uma descamação pulvurulenta e difusa, parece ser a fase inicial da dermatite seborreica no couro cabeludo. Ela pode progre- dir gradualmente com surgimento de eritema, aumento da quantidade de escamas, bem como de sua espes- sura, até um quadro franco de DS. Pode ocorrer ainda uma transgressão da orla do couro cabeludo, com com- prometimento da pele adjacente, for- mando a chamada coroa seborreica. Figura 16. Coroa seborreica, presente na dermatite seborreica. Figura 17. Dermatite seborreica no adulto, na região da face, acometendo bochechas e bar- ba . Fonte: https://www.uptodate.com/contents/ image?imageKey=DERM%2F126095&topi- cKey=DERM%2F1727&search=dermatitis%20 eczematous&source=outline_link&selectedTitle=3~150 19DERMATITES ECZEMATOSAS Figura 18. Dermatite seborreica no adulto fronte, nas bochechas, sulcos nasolabiais, couro cabeludo e as regiões retroauriculares. Fonte: Fitzpatrick, T. B. et al. Tratado de Dermatologia. 7 ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2010. Diagnóstico O diagnóstico de dermatite seborrei- ca é feito clinicamente com base nas características e localização da lesão. A biópsia não é rotineiramente neces- sária, mas pode ser indicada quando o diagnóstico for incerto. Deve-se considerar a possibilidade de infec- ção pelo HIV nos casos mais inten- sos e abruptos ou não responsivos ao tratamento. 20DERMATITES ECZEMATOSAS SAIBA MAIS No histopatológico não existem características patognomônicas de dermatite seborreica. Em pacientes que são soronegativos para HIV, a histologia mostra paraqueratose focal na cama- da córnea da epiderme; crostas de escamas “em ombro” com neutrófilos picnóticos nos lábios dos óstios foliculares dilatados; espongiose leve a moderada; infiltrado inflamatório escasso na derme. Pacientes HIV +, a paraqueratose é mais generalizada e a epidermemostra quera- tinócitos necróticos; espongiose menos proeminente; infiltrado inflamatório mais denso. Figura 19. Microscopia à esquerda demonstrando espongiose discreta no infundíbulo, com escamocros- ta “em ombro”, no óstio folicular e formação de rolha córnea. A derme exibe infiltração inflamatória mononu- clear. Microscopia à direita demonstrando detalhe da espongiose no infundíbulo e da escamocrosta “em om- bro” no óstio folicular. Derme exibindo infiltração inflamatória mononuclear. Fonte: http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0365-05962011000600002 Diagnóstico diferencial O diagnóstico diferencial é feito com psoríase, rosácea, tinea versicolor, ptiríase rósea, sífilis secundária, lúpus eritematoso sistêmico e pênfigo fo- liáceo. Porém, sífilis, lúpus e pênfigo necessitam de confirmação labora- torial. A dermatite alérgica também pode ser considerada, principalmente quando apresentação atípica ou pru- rido significativo. 21DERMATITES ECZEMATOSAS SE LIGA! Geralmente as lesões psoriá- ticas são nitidamente demarcadas e eri- tematosas e as escamas são mais abun- dantes e branco prateado. Às vezes, as duas podem coexistir e o termo “sebop- soríase” foi atribuído aos casos em que a distinção não pode ser feita. Figura 20. Psoríase em placas. Fonte: https:// www.uptodate.com/contents/image?imageKe- y=DERM%2F115750&topicKey=DERM%- 2F13669&search=dermatite&source=see_link 5. TRATAMENTO O tratamento é feito utilizando-se corticosteroides, antifúngicos deriva- dos de imidazólicos, inibidores tópi- cos de calcineurina, anti-histamínicos sistêmicos e diversas terapias natu- rais, dependendo de cada caso. Uti- lização de: • Sabonetes: com cetaconazol à 2% e com enxofre, com ou sem ácido salicílico. • Shampoos: antiproliferativos com antimitóticos e citostáticos, dimi- nuindo a formação de escamas; com cetoconazol à 2%, com ciclo- pirox à 1% e com sulfeto de selê- nio e piritionato de zinco. • Antifúngicos tópicos: cetoconazol, bem como outros derivados imi- dazólicos e antifúngicos de outras classes, como o ciclopirox • Corticosteroides tópicos: melhora rápida dos sintomas (eritema, es- camação e prurido), porém recidi- vas frequentes. Devem ser usados em menor tempo possível devido aos efeitos colaterais de uso a lon- go prazo • Antiinflamatórios inibidores de calcineurina: tacrolimus (0,03% e 1%) e pimecrolimus (1%), como alternativa aos corticosteroides tó- picos, por possuírem efeitos seme- lhantes sem os efeitos colaterais daqueles. Podem ser usados uma ou duas vezes por dia. • Outras opções são: metronidazol 1% gel, comumente utilizado no tratamento da rosácea; tacalcitol, para tratamento de psoríase • Na face e no tronco, além dos xampus e sabões contendo as substâncias já citadas, podem-se prescrever loção ou gel de Kum- merfeld, cremes com cetocona- zol e, eventualmente, cremes com corticosteroide de baixa potência. 22DERMATITES ECZEMATOSAS • Devem ser utilizados antibióticos tópicos ou sistêmicos em casos de infecção secundária. Em casos de recidiva, antifúngicos via oral podem ser utilizados: • Cetoconazol 200mg/dia por 14dias • Itraconazol 100mg/dia por 21 dias • Terbinafi na 250mg/dia por 4 semanas HORA DA REVISÃO A dermatite seborréica é caracterizada por manchas eritematosas e escamosas no couro cabeludo, na face e no tronco superior. A caspa do couro cabeludo é uma forma leve de dermatite seborreica caracterizada por descamação com in- fl amação mínima. Dermatite seborreica grave é comum na infecção pelo vírus da imunodefi ciência humana (HIV). 23DERMATITES ECZEMATOSAS DERMATITE SEBORREICA DS infantil Autolimitada, caracterizada por lesões maculopapulosas, eritematosas ou amareladas, sem brilho, delimitadas e recobertas por escamas de aspecto gorduroso Diagnóstico diferencial Psoríase, rosácea, tinea versicolor, ptiríase rósea, sífilis secundária, lúpus eritematoso sistêmico e pênfigo foliáceo. DS adulto Dermatose crônica, de curso recidivante, que varia desde um eritema leve a moderado até lesões papulosas, exsudativas e/ ou escamativas Exacerbações relacionadas ao estresse ou privação de sono Clínica Laterais do nariz, dobras nasolabiais, glabelas, dobras retroauriculares, couro cabeludo, região pré-esternal e interescapular, flexuras axilares e anogenitais Placas eritematosas e escamativas, de graus variáveis de extensão e intensidade. As lesões são maculopapulosas, eritematosas ou amareladas, sem brilho, delimitadas e recobertas por escamas Locacometidosais mais Diagnóstico Clínico: a partir da característica e localização das lesões Etiologia Malassezia spp Influência hormonal Comum em pacientes com HIV positivo e Doença de Parkinson Tratamento Casos de recidiva Antiinflamatórios inibidores de calcineurina: tacrolimus (0,03% e 1%) e pimecrolimus (1%), Corticosteroides tópicos - melhora rápida dos sintomas, com recidivas frequentes Sabonetes: com cetaconazol à 2% e com enxofre, com ou sem ácido salicílico Shampoos: antiproliferativos com antimitóticos e citostáticos, diminuindo a formação de escamas; com cetoconazol à 2%, com ciclopirox à 1% e com sulfeto de selênio e piritionato de zinco Cetoconazol 200mg/dia por 14dias Itraconazol 100mg/dia por 21 dias Terbinafina 250mg/dia por 4 semanas 24DERMATITES ECZEMATOSAS 6. DERMATITE ATÓPICA (DA) Doença cutânea crônica, pruriginosa e inflamatória que ocorre com mais frequência em crianças, aproximada- mente 5 a 20% das crianças em todo o mundo, mas também afeta adultos. É a principal manifestação cutânea de alergia. Etiopatogenia A dermatite atópica está frequente- mente associada ao nível sérico ele- vado de imunoglobulina e a história pessoal ou familiar de atopia, que descreve um grupo de distúrbios que incluem eczema, asma e rinite alérgi- ca. A ocorrência de história familial de atopia em até 70% dos casos de DA assegura o caráter hereditário, sendo provavelmente de herança poligênica. Os níveis de AMP-cíclico (AMPc) in- tracelulares estão diminuídos nos macrófagos, basófilos e linfócitos. Os baixos níveis de AMPc podem ser responsáveis pelo aumento da libera- ção de histamina, diminuição dos lin- fócitos T supressores e aumento da produção de IgE. A antiga hipótese do bloqueio dos receptores ẞ-adre- nérgicos para justificar a diminuição dos níveis intracelulares de AMPc na DA, assim como a diminuição dos efeitos inibitórios das catecolaminas sobre a multiplicação celular, com au- mento de mitoses – o que explicaria a tendência à hiperplasia epidérmi- ca que, por sua vez, é potencializada pela coçadura – evoluiu com a cons- tatação de um defeito associado ao aumento da atividade da enzima fos- fodiesterase, degradadora de AMPc. A inflamação aguda na DA está asso- ciada a um predomínio na expressão de IL-4 e IL-13, enquanto a inflama- ção crônica na DA está associada a níveis aumentados de IL-5, do fator de estimulação de colônias granulo- cíticas e macrofágicas, da IL-12 e do interferon (IFN- gama). Por conse- guinte, a inflamação cutânea na DA exige um padrão bifásico de ativação das células T. Histopatologicamente, a dermatite atópica é caracterizada por altera- ções epidérmicas, incluindo espon- giose (edema epidérmico), com graus variados de acantose e hiperquera- tose, acompanhadas de um infiltra- do linfohistocítico na derme. Na fase aguda, a espongiose leva a um alon- gamento e eventual ruptura dos ane- xos intercelulares, com a formação de vesículas. Quadro clínico As características da DA são pele seca, prurido intenso e hiper-reati- vidade cutânea a vários estímulos ambientais. A constante escarifica- ção (arranhões) leva a um ciclo vi- cioso de prurido escarificação erupção prurido escarificação. 25DERMATITES ECZEMATOSAS A apresentação clínica varia com a idade: Bebês e crianças < 2 anos: lesão pruriginosa, eritematosa, escamosa e com crostas na superfície extensora dos membros, no tronco,face e couro cabeludo. Inicia-se em regiões mala- res e dissemina-se para regiões como couro cabeludo, pescoço, fronte, pu- nhos, face de extensão de membros e área das fraldas. Dentição, infecções, distúrbios emocionais, alterações ambientais (temperatura e umidade), imunizações e outros fatores podem agravá-la ou desencadeá-la. Acredita-se que antígenos alimen- tares como ovo, castanha, leite, soja, peixe, galinha e aditivos alimentares têm papel importante até o final des- sa fase. Observa-se que ao final do segundo ano de vida algumas crian- ças tem resolução espontânea (me- nos da metade dos casos), enquanto o restante evolui para lesões menos exsudativas, mais papulosas, que possuem tendência a liquenificação, acometendo dobras antecubitais e poplíteas, punhos, pálpebras, face e pescoço. Ocorre ainda o aumento a hipersensibilidade a inalantes (pelo de animais, pólen, penas e poeira do- miciliar – ácaros). Pode haver ainda incidência aumentada, nos atópicos, de hipersensibilidade a níquel, neo- micina, oleorresinas e lanolina. Figura 21. Dermatite atópica infantil severa, caracterizada por eritema generalizado e crostas. Fonte: https:// www.uptodate.com/contents/image?imageKey=DERM%2F116080~DERM%2F116269~ALLRG%2F77457~- DERM%2F77386~ALLRG%2F56461~DERM%2F116268~DERM%2F116270&topicKey=DERM%2F1727&se- arch=dermatite&rank=1~150&source=see_link 26DERMATITES ECZEMATOSAS Em crianças > 2 anos e adolescen- tes: as lesões tornam-se papulodes- camtivas e liquenificadas em uma distribuição flexural, principalmente na fossa anticubital e poplítea, com aspecto volar dos pulsos, tornozelos e pescoço. Tais lesões são sujeitas a agudização. Figura 22. Dermatite atópica em áreas flexoras de pernas. Fonte: https://www.uptodate.com/contents/ image?topicKey=1729&search=dermatitis%20atopic&- source=outline_link&imageKey=PC%2F52163&sp=0 Figura 23. Dermatite atópica infantil. Uma localização característica da dermatite atópica em crianças é a região ao re- dor da boca. Nesta criança, há liquenificação, fissuras e crosta. Fonte: Fitzpatrick, T. B. et al. Tratado de Dermatologia. 7 ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2010. 27DERMATITES ECZEMATOSAS Em adultos: lesão geralmente mais localizada, com liquenificação predo- minante, mas também pode ser vis- ta em formas exsudativas, eczema crônico nas mãos, dermatite facial e eczema palpebral também são fre- quentemente observados. Figura 24. Dermatite atópica do adulto. Nesta mu- lher jovem, observa-se liquenificação em flexu- ras de joelho. Fonte: https://www.uptodate.com/ contents/image?imageKey=DERM%2F64525~- DERM%2F55375~DERM%2F116286~DER- M%2F116284~DERM%2F116283&topicKey=- DERM%2F1727&search=dermatite&rank=1~150&- source=see_link Figura 25. Eczema crônico em adulto, presente na dermatite atópica. Fonte: https://www.upto- date.com/contents/image?imageKey=DERM%- 2F95889~DERM%2F116272~DERM%2F116274~- DERM%2F116273&topicKey=DERM%2F1727&sear- ch=dermatite&rank=1~150&source=see_link Figura 26. Dermatite ectópica em adulto. Obser- va-se eczema palpebral, presença de pápulas finas nas bochechas e escoriações na asa nasal. Fonte: https://www.uptodate.com/contents/image?ima- geKey=DERM%2F95889~DERM%2F116272~- DERM%2F116274~DERM%2F116273&topicKey=- DERM%2F1727&search=dermatite%20 atopic&rank=4~150&source=see_link Figura 27. Principais localizações da dermatite atópica. Fonte: Fitzpatrick, T. B. et al. Tratado de Dermatologia. 7 ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2010. 28DERMATITES ECZEMATOSAS SAIBA MAIS Indivíduos com DA pode cursar ainda com ictiose vulgar, em 10% a 15%, que corresponde a pele seca, escamosa ou espessa. A hiperlinearidade na palma das mãos e queratose pilar também podem aparecer em paciente com DA e ictiose vulgar. Figura 28. Ictiose vulgar. Fonte: https://www.sbd.org.br/ dermatologia/pele/doencas-e-problemas/ictiose/42/ Figura 29. Hiperlinearidade palmar na ictiose vulgar. Fonte https://www.uptodate.com/contents/image?ima- geKey=DERM%2F90481&topicKey=ENDO%2F7863&- search=dermatite&source=see_link Figura 30. Queratose pilar. Múltiplas pápulas eritematosas, queratóticas e foliculares são características da queratose pilar. Fonte: https://www.uptodate.com/contents/image?ima- geKey=DERM%2F90711~DERM%2F60786~DERM%- 2F68488&topicKey=DERM%2F1727&search=keratosis%20 pilaris%20pillar&source=see_link DISPONÍVEL EM: https://www.uptodate.com/contents/image?imageKey=DERM%2F90711~DERM%2F60786~- DERM%2F68488&topicKey=DERM%2F13663&search=dermatite&source=see_link 29DERMATITES ECZEMATOSAS Diagnóstico O diagnóstico de dermatite atópica é clínico, com base na história, morfolo- gia e distribuição de lesões de pele e sinais clínicos associados. O grupo de estudos do Reino Uni- do sobre dermatite atópica publicou critérios para diagnosticar dermatite atópica que incluem um obrigatório e cinco principais critérios. • Evidência de prurido na pele, in- cluindo o relato dos pais de uma criança esfregando ou coçando a pele. Além da coceira na pele, são neces- sários três ou mais dos seguintes itens para fazer o diagnóstico: • História de pregas na pele em fossa antecubital, fossa poplítea, pescoço, áreas ao redor dos olhos, frentes dos tornozelos. • História de asma ou febre do feno (ou história de doença atópica em um parente de primeiro grau para crianças menores de 4 anos). • A presença de pele seca generali- zada no último ano. • Sintomas que começam em crian- ças antes dos dois anos de idade. Este critério não é usado para fa- zer o diagnóstico em crianças com menos de quatro anos de idade. • Dermatite visível envolvendo su- perfícies fl exurais. Para crianças menores de quatro anos, esse cri- tério é observado por dermatites que afetam as bochechas, testa e extremidades. A análise do grupo de estudos do Rei- no Unido excluiu os critérios de aler- gia, conforme proposto originalmente por Hanifi n e Rajka. 30DERMATITES ECZEMATOSAS O diagnóstico baseado em Hanifin & Rajka necessita da presença de três critérios maiores e três menores. Esses critérios estão descritos na ta- bela abaixo: CRITÉRIOS MAIORES (3 OU MAIS) CRITÉRIOS MENORES (3 OU MAIS) Prurido Xerose cutânea Erupção na face e/ou superfície extensora em crian- ças menores e lactentes Prega de Dennie-Morgan (linha acentuada na pálpebra inferior) Liquenificação nas áreas flexurais em crianças maiores Escurecimento ao redor dos olhos Tendência a cronicidade ou recorrências crônicas Palidez facial História pessoal ou familiar de manifestações de atopia: asma, rinite, dermatite atópica Ptiríase alba Queratose pilar Ictiose vulgar Hiperlinearidade palmar e plantar Dermografismo branco (linha branca aparece na pele dentro de um minuto, após a pele ser friccionada com um objeto) Conjuntivite, ceratocone, catarata anterior subcapsular Elevação da IgE sérica Reatividade ao teste cutâneo imediato Quadro 1. Características da dermatite atópica. Fonte: https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/pab/4/unida- des_casos_complexos/unidade13/unidade13_ft_dermatite.pdf O diagnóstico diferencial é feito com base na dermatite por contato alérgi- ca ou por irritante, dermatite sebor- reica, psoríase e sarna (sendo que, nesse último caso, o envolvimento das dobras cutâneas e a presença de vesicopústulas nas palmas e na sola sugerem o diagnóstico de sarna. A demonstração de ácaros ou ovos por raspagem da pele, dermatoscopia ou teste de fita adesiva pode confirmar o diagnóstico). 31DERMATITES ECZEMATOSAS Tratamento O tratamento consiste em orienta- ções ao paciente e à família de cuida- dos tais como: • A hidratação da pele com hidra- tantes, especialmente óleo de amêndoas doces, vaselina ou alfa- -hidroxiácidos, associados ou não a cremes de corticosteroide de po- tência variável segundo a área, o tipo de lesão a ser tratada e a idade do paciente. A ureia – um hidratan- te clássico – deve ser evitada pelo fato de, por vezes, produzir ardor e irritação • Evitar banhos quentes e demora-dos além do suor excessivo • Se precaver do contato com gra- ma, roupas sintéticas, lã • Anti-histamínicos são indicados para controle do prurido • Corticoides tópicos são as medica- ções efetivas no tratamento, porém não devem ser usados indiscrimi- nadamente. Como alternativa aos corticosteroides tópicos, pode-se usar pastas e cremes com coaltar 2 a 4%. • Inibidores de calcineurina (pime- crolimus e tacrolimus) são imuno- moduladores de uso recente no arsenal terapêutico da dermatite atópica. Tem ação semelhante aos corticosteroides, sendo anti-infl a- matórios e inibindo a liberação de interleucinas, sem causar efeitos colaterais indesejáveis conhecidos. • Nos casos que existam lesões com infecções secundárias, o uso de antibiótico efetivo contra S. aureus é fundamental para melhora do quadro. 32DERMATITES ECZEMATOSAS DERMATITE ATÓPICA Clínica Tratamento Diagnóstico Diagnóstico Crianças > 2 anos e adolescentes: as lesões tornam-se papulodescamtivas e liquenifi cadas em uma distribuição fl exural, principalmente na fossa anticubital e poplítea, com aspecto volar dos pulsos, tornozelos e pescoço. Adultos: lesão geralmente mais localizada, com liquenifi cação predominante, mas também pode ser vista em formas exsudativas, eczema crônico nas mãos, dermatite facial e eczema palpebral também são frequentemente observados Hidratação da pele com hidratantes, especialmente óleo de amêndoas doces, vaselina ou alfa-hidroxiácidos, associados ou não a cremes de corticosteroide Lesões com infecções secundárias, o uso de antibiótico efetivo contra S. aureus é fundamental para melhora do quadro Bebês e crianças < 2 anos: lesão pruriginosa, eritematosa, escamosa e com crostas na superfície extensora dos membros, no tronco, face e couro cabeludo Ciclo vicioso de prurido escarifi cação erupção prurido escarifi cação Com base na história, morfologia e distribuição de lesões de pele e sinais clínicos associados. Dermatite por contato alérgica ou por irritante, dermatite seborreica, psoríase e sarna Etiologia Aumento de IgE Aumento de IL-4, IL-13, IL-5, IL-12, IFN-gama e outros fatores infl amatórios História familiar de atopia em 70% dos casos História familiar de atopia em 70% dos casos Evitar contato com grama, roupas sintéticas, lã Corticosteroides tópicos Inibidores de calcineurina (pimecrolimus e tacrolimus) Anti-histamínicos são indicados para controle do prurido Evitar banhos quentes e demorados além do suor excessivo 33DERMATITES ECZEMATOSAS 7. OUTRAS DERMATITES Numular Também chamado de eczema discoi- de. É uma doença infl amatória crôni- ca da pele, recorrente e recidivante, caracterizada por múltiplas lesões eczematosas pruriginosas, em forma de moeda, envolvendo as extremida- des e, menos comumente, o tronco. Ocorre com maior frequência em ho- mens acima de 50 anos. Figura 31. Eczema numular. Fonte: https://www. uptodate.com/contents/image?imageKey=DERM%- 2F58067~DERM%2F96165~DERM%2F96164~DER- M%2F66792~DERM%2F116644&topicKey=DER- M%2F1727&search=dermatite&rank=1~150&sour- ce=see_link Figura 31. Eczema numular no braço, caracte- rizado pela presença de lesões em formato de moeda. Fonte: https://www.uptodate.com/con- tents/image?imageKey=DERM%2F58067~- DERM%2F96165~DERM%2F96164~DER- M%2F66792~DERM%2F116644&topicKey=DER- M%2F1727&search=dermatite&rank=1~150&sour- ce=see_link ce=see_link 34DERMATITES ECZEMATOSAS Como manifestações clínicas ocor- rem manchas altamente pruriginosas, redondas e em forma de moedas. Na fase aguda, são avermelhadas, exsu- dativas e com crostas. Com o tempo, tornam-se secas e escamosas. Nor- malmente, os locais mais frequen- temente acometidos são pernas e extremidades superiores. Caso aco- metimento de face e pescoço, deve- -se afastar outros diagnósticos, como dermatite atópica e dermatite de contato. O diagnóstico é clínico. No entanto, um swab de pele para cultura bacte- riana pode ser realizado em pacientes com lesões exsudativas ou com cros- tas, se houver suspeita de infecção por organismos incomuns. O teste de adesivo pode ser útil em pacientes com doença recalcitrante e/ou histó- ria sugerindo dermatite alérgica de conta. A histopatologia, é indistin- guível de outras formas de eczemas por apresentar também espongio- se, infiltrado linfocitário perivascular superficial, com alguns eosinófilos e neutrófilos. O tratamento é feito reduzindo a se- cura da pele e a exposição a subs- tâncias irritantes e tratamento da inflamação da pele. A terapia farma- cológica de primeira linha é o uso de corticosteroides tópicos de alta ou ul- tra potência, aplicados uma ou duas vezes ao dia por duas a quatro sema- nas ou até a resolução das lesões. A fototerapia e a terapia sistêmica (com triancinolona ou prednisona 40mg) também pode ser pensados para pa- cientes graves ou refratários. Figura 32. Características histológicas do eczema numular. (A) Acantose irregular, espongiose e infiltrado inflamató- rio perivascular superficial. (B) Espongiose acompanhada de exocitose de células inflamatórias. Fonte: https://www. uptodate.com/contents/image?imageKey=DERM%2F97004&topicKey=DERM%2F13666&search=dermatite&sour- ce=see_link 35DERMATITES ECZEMATOSAS 8. DESIDRÓTICO Também chamado de eczema pal- moplantar agudo. É uma dermatite vesicular intensamente pruriginosa, crônica e recorrente, com etiologia desconhecida e que envolve palma das mãos, planta dos pés e regiões laterais dos dedos. As manifestações clínicas caracte- rísticas são presença de múltiplas vesículas pequenas e profundas em região de mão e pé. Podem ocorrer ainda formações bolhosas e podem ficar superinfectadas. Duram por vá- rias semanas, até que secam e des- camam, desaparecendo. O diagnóstico é clinico, raramente ne- cessitando de biópsia ou teste de pa- tch para diagnóstico diferencial (der- matite de contato). A conduta do eczema desidrótico é identificar e prevenir fatores causais ou exacerbantes, tratar a inflamação da pele (inibidores tópicos de calci- neurina, como primeira linha, ou corti- costeroides tópicos) e adotar medidas de cuidados com a pele para reduzir irritação. Figura 33. Eczema desidrótico severo, com grandes bolhas coalescentes em palmas das mãos do pa- ciente. Fonte: https://www.uptodate.com/contents/ image?imageKey=DERM%2F83007&topicKey=DER- M%2F1727&search=dermatite&rank=1~150&sour- ce=see_link Figura 34. Eczema desidrótico severo com sinais de infecção secundária associada. Fonte: https://www. uptodate.com/contents/image?imageKey=DERM%- 2F83006&topicKey=DERM%2F1727&search=- dermatite&rank=1~150&source=see_link Figura 33. Eczema desidrótico plantar. Fonte: https:// www.uptodate.com/contents/image?imageKey=DER- M%2F82782~DERM%2F116641&topicKey=DER- M%2F1727&search=dermatite&rank=1~150&sour- ce=see_link 36DERMATITES ECZEMATOSAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Manual de Dermatologia Clínica de Sampaio e Rivitti. Artes Médicas. São Paulo, 2014. Wolff, K., Johnson, R.A., Saavedra, A. P. Dermatologia de Fitzpatrick. 7. ed. 2015. Weston, W., Howe, W. Overview of dermatitis (eczema). Uptodate, 2019. Sasseville, D. Seborrheic dermatitis in adolescents and adults. Uptodate, 2018. Sampaio, A.L., et al. Dermatite seborreica. Anais Brasileiros de Dermatologia. Vol 82. Rio de Janeiro, 2011. Weston. W.L., Howe. W. Atopic dermatitis (eczema): Pathogenesis, clinical manifestations, and diagnosis. Uptodate, 2019. Zirwas, M.J. Nummular eczema. Uptodate, 2018. Adams, D.R, Marks, J.G. Acute palmoplantar eczema (dyshidrotic eczema). Uptodate, 2019. Azulay, RD., Azulay-Abulafia, L. Dermatologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. Fitzpatrick, T. B. et al. Tratado de Dermatologia. 7 ed. Rio de Janeiro: Revinter, 2010. 37DERMATITES ECZEMATOSAS 37DERMATITES ECZEMATOSAS
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