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M a r i a L u i z a F e r n a n d e s – L I D E R M – S í n d r o m e s E c z e m a t o s a s – P á g i n a | 1 DERMATITES ECZEMATOSAS I Os eczemas são dermatites caracterizadas pela presença de eritema, edema, vesiculação, secreção, formação de crostas, escamas e liquenificação. Essas lesões se sucedem ou se associam, formando os aspectos multiformes dos eczemas, e são acompanhadas do prurido, um sintoma constante, que pode ser mínimo, moderado ou intenso. I A síndrome eczematosa pode ser classificada em aguda, subaguda ou crônica, de acordo com o aspecto que apresenta. I Quando ocorre eritema, edema, vesiculação e secreção, o eczema é AGUDO; se o eritema e o edema são menos intensos e predominam as manifestações de secreção com formação de crostas, tem-se o SUBAGUDO. O eczema de evolução prolongada, com liquenificação, é a forma CRÔNICA. I A síndrome eczematosa é das mais frequentes afecções cutâneas, sendo causada por agentes exógenos (contactantes) ou endógenos (endotantes), que atuam com mecanismos patogenéticos diversos. I Por critério clínico e etiopatogênico, podem-se agrupar as seguintes formas de eczemas ou dermatites eczematosas: 1. Eczema ou dermatite eczematosa de contato. 2. Eczema ou dermatite eczematosa atópica. 3. Eczema ou dermatite numular. 4. Eczema ou dermatite de estase. 5. Eczema disidrótico ou disidrose. 6. Eczema microbiano ou dermatite eczematoide infecciosa. ECZEMA DE CONTATO I Trata-se de uma dermatose causada por substâncias do meio ambiente que entram em contato com a pele e, por isso, é considerada de ORIGEM EXÓGENA. Na grande maioria dos casos, a dermatite de contato se apresenta como um eczema em sua fase aguda, subaguda ou crônica, localizado na região do corpo do indivíduo com a qual entrou em contato o agente desencadeante. Os elementos responsáveis pela dermatite de contato podem estar relacionados ao trabalho do paciente, caracterizando, assim, dermatose ocupacional, ou a medicamentos, cosméticos e outras substâncias com as quais o paciente entrou em contato. I Com relação à etiopatogenia, a dermatite de contato é classificada em: dermatite de contato por irritante primário (DCIP); dermatite de contato alérgica (DCA); dermatite de contato fototóxica; e dermatite de contato fotoalérgica. DERMATITE DE CONTATO POR IRRITANTE PRIMÁRIO (DCIP) I A DCIP é causada pela exposição a agentes com propriedades de provocar dano tecidual, sendo que não existe mecanismo imunológico na formação da reação inflamatória. I São irritantes comuns sabões, detergentes, desinfetantes, xampus, limpadores industriais, solventes, álcalis, ácidos, óleos de corte, solventes orgânicos, agentes oxidantes, plantas, pesticidas, secreção de animais. De acordo com o tipo de irritante, a DCIP é dividida em vários subtipos: DERMATITE DE CONTATO POR IRRITANTE PRIMÁRIO ABSOLUTO: I Em geral, esse tipo de DCIP é desencadeado por contato acidental com ácidos e substâncias alcalinas. O dano tecidual é tão intenso, que, imediatamente após o contato, o paciente refere sintomas de tipo ARDOR E QUEIMAÇÃO. Surge ERITEMA LOCAL ACOMPANHADO OU NÃO DA FORMAÇÃO DE BOLHAS. O quadro clínico é de QUEIMADURA POR AGENTE QUÍMICO. DERMATITE DE CONTATO POR IRRITANTE PRIMÁRIO ABSOLUTO DE EFEITO RETARDADO: I A ação cáustica da substância manifesta-se cerca de 12 a 24 horas após o contato com a pele. Algumas substâncias utilizadas para tratamento de dermatoses têm esse mecanismo de ação, como a podofilina e a antralina. Não será comentado na apresentação Síndromes Eczematosas M a r i a L u i z a F e r n a n d e s – L I D E R M – S í n d r o m e s E c z e m a t o s a s – P á g i n a | 2 DERMATITE DE CONTATO POR IRRITANTE PRIMÁRIO RELATIVO: I Trata-se da forma mais frequente de dermatite de contato por irritante, tanto na infância como na adolescência e vida adulta. A substância desencadeante necessita de vários contatos com a pele para agir como um irritante. Assim, pode surgir após DIAS, SEMANAS, MESES OU ANOS DE EXPOSIÇÃO ao agente causador, dependendo do tempo e da periodicidade. Na clínica, observa-se um quadro compatível com ECZEMA CRÔNICO, com predomínio de LIQUENIFICAÇÃO SOBRE O ERITEMA. I A orientação dada ao paciente para EVITAR O CONTATO com o agente não leva à cura imediata porque, na grande maioria das vezes, outros agentes, como a água, mantêm a dermatite. O desaparecimento do quadro clínico ocorre de forma LENTA E PROGRESSIVA. I Cerca de 80% das dermatites das MÃOS, como o eczema do lar (“ECZEMA DA DONA DE CASA”) e outros eczemas ocupacionais, são desencadeadas por irritação primária relativa. Na FACE, ocorre uma proporção inversa, sendo 80% dermatites de contato alérgicas e 20% por irritante primário relativo. É importante ressaltar que, nos ECZEMAS POR IRRITAÇÃO PRIMÁRIA, os testes de contato são inúteis, já que não existe processo imunológico de sensibilização. A única maneira de investigar é a exclusão do agente suspeito, com a melhora do quadro e a recidiva pela reexposição. I A urina e as fezes são irritantes primários relativos. A DERMATITE DAS FRALDAS é exemplo de dermatite de contato, desde o simples eritema até quadros graves. DERMATITE DAS FRALDAS: I Também chamada dermatite amoniacal, é causada pelo CONTATO DA PELE COM A URINA E FEZES RETIDAS PELAS FRALDAS E PLÁSTICOS. Há irritação na pele, com maceração e retenção sudoral. Surge infecção secundária por cândida ou por bactérias como Bacillus faecallis, Proteus, Pseudomonas, estafilococos e estreptococos. O quadro é frequentemente AGRAVADO pelo uso de pós, óleos, sabões e pomadas irritantes. Fatores que se associam a ela ou a predispõem são dermatite seborreica e atópica (Figura 10.11). I . Não sei se será comentado na apresentação. o REAÇÃO IRRITANTE: Semelhante à dermatite descrita, mas, COM O TEMPO, A DERMATOSE DESAPARECE, por adaptação da própria pele do indivíduo. É frequentemente descrita em cabeleireiros que, no início da carreira, apresentam dermatite de contato desencadeada por xampus e, com o tempo, se adaptam, graças a um aumento da espessura da camada córnea (hardening), favorecendo o desaparecimento da irritação. o XEROSE DE PELE/ECZEMÁTIDE: ocorre em pacientes com tendência à xerose de pele (secura da pele ou dos olhos), como nos atópicos, nos idosos e naqueles com hábito de tomar banho várias vezes ao dia com água quente e sabonete e esfregar a pele com buchas ou esponjas. A diminuição do manto lipídico, localizado sobre a camada córnea, aumenta a perda de água transepidérmica, favorecendo a xerose e, por consequência, o aparecimento de áreas tipo eczemátide. o DERMATITE DE CONTATO IRRITATIVA TRAUMÁTICA: além da substância irritante, está presente um fator traumático. Exemplo típico é a DERMATITE DE FRALDAS; além da oclusão, o contato de pele com a urina e a fricção da fralda leva a um quadro eczematoso nas áreas de maior atrito. o DERMATITE DE CONTATO IRRITATIVA OBSTRUTIVA, ACNEIFORME E PUSTULOSA: M a r i a L u i z a F e r n a n d e s – L I D E R M – S í n d r o m e s E c z e m a t o s a s – P á g i n a | 3 desencadeada por substâncias que levam à OCLUSÃO DOS FOLÍCULOS, como graxas, óleos de corte, substâncias oleosas, fibra de vidro, metais etc. o DERMATITE DE CONTATO SENSORIAL OU SUBJETIVA: PELE SENSÍVEL: caracteriza-se pela sensação de ARDOR, PRURIDO E/OU QUEIMAÇÃO quando em contato com certas substâncias. Ocorre principalmente em face, em cerca de 10% de usuários de cosméticos, sendo mais comum em pacientes com dermatose preexistente, como DERMATITE ATÓPICA, ROSÁCEA E SEBORREICA. Na maioria dos casos, o paciente apresenta apenas os sintomas ditos anteriormente ACOMPANHADOS OU NÃO DE ERITEMA NO LOCAL. As principais substâncias que provocam a pele sensível são ácido benzoico, bronopol, ácido cinâmico, ácido lático, emulsificantes não iônicos,Dowicil™ 200, formaldeído, propilenoglicol, laurilssulfato de sódio, ureia, Quaternium-15 e ácido sórbico. DERMATITE DE CONTATO ALÉRGICA (DCA) : I A DCA ocorre devido ao aparecimento de sensibilidade à substância em contato com a pele, sendo uma reação do tipo celular- mediada. I Na dermatite de contato alérgica, a substância química (hapteno) liga-se a proteínas epidérmicas e/ou dérmicas, originando um antígeno completo. As células de Langerhans processam esse antígeno apresentando-o aos linfócitos T, nos linfonodos regionais, onde ocorre proliferação desses linfócitos sensibilizados, que entram na circulação, disseminando-se por toda a pele (fase aferente). I Quando o indivíduo entra em contato com o antígeno, os linfócitos T de memória, previamente sensibilizados, reconhecem o antígeno nos pontos de contato, liberando múltiplas citoquinas, que levarão ao processo inflamatório que constitui a dermatite eczematosa (fase de elicitação). I Na fase de resolução, são liberadas citoquinas inibidoras das reações imunológicas, particularmente a IL-10, determinando o término da reação inflamatória. DERMATITE DE CONTATO FOTOTÓXICA: I A dermatite de contato fototóxica tem o mesmo mecanismo etiopatogênico que a dermatite de contato por irritante primário, com a DIFERENÇA DE QUE A SUBSTÂNCIA SE TORNA IRRITANTE QUANDO SUA ESTRUTURA QUÍMICA É MODIFICADA PELO SOL. Exemplo típico é a FITOFOTODERMATOSE provocada por furocoumarinas (são toxinas produzidas por plantas em resposta ao estresse) existentes no limão. I Essa reação pode ser desenvolvida por qualquer indivíduo, desde que esteja exposto à quantidade suficiente de luz e de substância. Para que uma reação fototóxica possa ocorrer, é necessário que a ENERGIA RADIANTE SEJA ABSORVIDA POR UMA MOLÉCULA DENOMINADA CROMÓFORO (p. ex.: DNA, melanina). Uma vez que esse quadro não é mediado por processos imunes, a reação pode surgir minutos ou horas após a exposição solar e não requer o contato prévio com o agente causador. DERMATITE DE CONTATO FOTOALÉRGICA: I O mecanismo etiopatogênico da dermatite de contato fotoalérgica é o mesmo da dermatite de contato alérgica. A substância adquire PROPRIEDADES ANTIGÊNICAS quando apresenta modificações estruturais desencadeada pela LUZ SOLAR. A formação da reação imunológica do tipo IV necessita da presença concomitante da RADIAÇÃO APROPRIADA E DO FOTOALERGÊNIO. Uma vez que o antígeno é formado, o mecanismo que se segue é o mesmo da DCA. I Um exemplo comum no meio dermatológico é a dermatite de contato desencadeada por ANTI- HISTAMÍNICOS DE USO TÓPICO. Outras substâncias fotoalérgicas de uso tópico são os PERFUMES, anti-inflamatórios não esteroides, antimicóticos tópicos. A dermatose localiza-se em áreas expostas e, por se tratar de um quadro de sensibilização, pode comprometer áreas não expostas por contiguidade. M a r i a L u i z a F e r n a n d e s – L I D E R M – S í n d r o m e s E c z e m a t o s a s – P á g i n a | 4 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DAS DERMATITES ECZEMATOSAS DE CONTATO I O quadro clínico da dermatite de contato pode, em fase aguda, subaguda ou crônica, apresentar-se sob forma eritematosa (Figura 10.3) ou várias modalidades eritematovesiculosas (Figura 10.4), eritêmato-vésico-secretantes (Figura 10.5) e eritêmato-secretante-infiltrativa- liquenificadas. O prurido, como já foi dito, é um sintoma constante. A delimitação e a localização do processo eruptivo são elementos importantes na diagnose dessa forma eczematosa (Figuras 10.6 a 10.8). I Enquanto o ECZEMA ATÓPICO tem localizações preferenciais, como as áreas de dobras, e o numular distribui-se irregularmente pelo tegumento, o ECZEMA DE CONTATO situa-se M a r i a L u i z a F e r n a n d e s – L I D E R M – S í n d r o m e s E c z e m a t o s a s – P á g i n a | 5 REGIONALMENTE. Por se tratar de uma dermatite exógena, as principais localizações são as correspondentes às partes do corpo com maior exposição aos materiais componentes do ambiente: em primeiro lugar, as MÃOS, seguidas da FACE, PESCOÇO, PÉS E TRONCO. O local envolvido corresponde àquele da exposição principal ao contactante. Entretanto, na DERMATITE ALÉRGICA E FOTOALÉRGICA de contato, as lesões podem ULTRAPASSAR O LOCAL DO CONTATO e até se estenderem a áreas distantes (pelo fenômeno de autossensibilização). As dermatites de CONTATO FOTOTÓXICA E FOTOALÉRGICA localizam-se nas áreas expostas à substância e às radiações ultravioletas. I O local do eczema é de grande importância, particularmente no INÍCIO DA ERUPÇÃO, quando está LIMITADA À ÁREA DE CONTATO COM O AGENTE. Assim, a dermatite nas mãos está geralmente relacionada com fatores ocupacionais; na face, com cosméticos; e, nos pés, com produtos usados para calçados. Com o ENVOLVER DO PROCESSO, pode haver COMPROMETIMENTO DE OUTRAS ÁREAS, particularmente nos casos de longa duração ou por tratamentos intempestivos. Infecção secundária pode complicar o quadro, ocorrendo tanto na fase aguda como na crônica. I Nos casos CRÔNICOS LIQUENIFICADOS de longa duração ou recidivantes, com a evolução do processo, desenvolve-se uma SENSIBILIDADE A MÚLTIPLOS AGENTES, ao mesmo tempo em que ocorre, provavelmente, uma AUTOECZEMATIZAÇÃO causada pelo círculo vicioso: COÇADURA-LIQUENIFICAÇÃO- COÇADURA. Nesses casos, a despeito da retirada do agente responsável, o quadro se mantém e, inclusive, pode agravar-se. Excepcionalmente, com a exposição contínua, desenvolve-se TOLERÂNCIA AO CONTACTANTE. DIAGNOSE DAS DERMATITES ECZEMATOSAS DE CONTATO I A diagnose da dermatite de contato se faz pela história clínica e por exames clínico e histopatológico. Na dermatite de contato alérgica e na dermatite de contato DEPfotalérgica, respectivamente, os testes de contato e o fototeste de contato confirmam o diagnóstico e determinam o agente responsável pelo quadro eczematoso. 1. HISTÓRIA CLÍNICA: início das lesões, número de surtos apresentados, história de dermatite de contato, atividades ocupacionais, outras atividades habituais e hobbies e contato com químicos. 2. QUADRO CLÍNICO: presença de lesão eczematosa em qualquer fase evolutiva. A localização da lesão, na maioria das vezes, fornece os agentes suspeitos como desencadeantes da dermatite de contato. H ISTOPATOLOGIA I A histopatologia não é, em geral, utilizada na diagnose de rotina das dermatites eczematosas de contato, já que o quadro é similar em todas as erupções eczematosas. Está indicada para AUXILIAR NO DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE DERMATOSES NÃO ECZEMATOSAS. TESTES DE CONTATO (PATCH -TEST) I Os testes de contato são utilizados para confirmar o diagnóstico e investigar a causa da dermatite de contato. Seu mecanismo é o mesmo da dermatite de contato alérgica. A APLICAÇÃO DE SUBSTÂNCIA SUSPEITA, em uma parte do corpo, induz lesão clínica do tipo eczematoso naquele local. Os testes epicutâneos são indicados UNICAMENTE NA INVESTIGAÇÃO DE DERMATITE DE CONTATO ALÉRGICA. Na dermatite de contato por irritante primário, como referido, não existe mecanismo imunológico. BATERIAS DE TESTES DE CONTATO I As substâncias utilizadas nas baterias de testes são sensibilizantes comuns. As concentrações e os veículos utilizados para diluição das substâncias têm o objetivo de sensibilizar, e não irritar a pele. As substâncias a serem testadas devem ser diluídas em veículo adequado e em concentrações já padronizadas. Recomenda-se a utilização de uma bateria de testes- padrão para pesquisa da dermatite de contato, como neomicina, parabenos, benzocaína e etc. I De acordo com a profissão do paciente e a localização da dermatose, muitas vezes é necessário realizar testes adicionais com elementos relacionados com tal ocupação, como no caso de dentistas, cabeleireiros, trabalhadores em hospital, indústrias de calçados, de cosméticos e outras. TÉCNICA DOS TESTES DE CONTATO I O paciente,para ser submetido aos testes de contato, deve, no momento da aplicação, apresentar sua DERMATOSE EM FASE INATIVA. Os testes, em geral, são APLICADOS NO DORSO dos pacientes, por se tratar de área que, pela sua extensão, possibilita colocação de número adequado de substâncias. Outras áreas, como coxas ou braços, podem ser, eventualmente, utilizadas. I Após 48 HORAS DE COLOCAÇÃO, os testes são retirados e a primeira leitura é realizada. A segunda é feita depois de 96 HORAS. Os critérios adotados para leitura são (Figura 10.9): M a r i a L u i z a F e r n a n d e s – L I D E R M – S í n d r o m e s E c z e m a t o s a s – P á g i n a | 6 I (-) negativo; I (+) discreto eritema com algumas pápulas; I (++) eritema, pápulas e vesículas; I (+++) intenso eritema, pápulas e vesículas confluentes. TRATAMENTO DAS DERMATITES ECZEMAOSAS DE CONTATO I O principal tratamento de dermatite de contato é EVITAR O CONTATO. Na DERMATITE DE CONTATO POR IRRITANTE PRIMÁRIO ABSOLUTO, IMEDIATAMENTE após a retirada da substância irritante, dá-se início ao processo de cura. Na DERMATITE DE CONTATO POR IRRITANTE PRIMÁRIO RELATIVO, o controle do quadro clínico é MAIS LENTO, porque vários agentes mantêm o processo, como o contínuo contato com a água, sabões e detergentes, principalmente nos casos de dermatite de contato em mãos. I A DERMATITE DE CONTATO ALÉRGICA tem os TESTES DE CONTATO como método complementar para se determinar o seu agente etiológico. I Além da orientação para evitar o contato com as substâncias responsáveis pela dermatose, o tratamento da dermatite de contato deve ser orientado em relação à FASE DO QUADRO ECZEMATOSO: agudo; subagudo; e crônico. No eczema AGUDO, utilizam-se compressas úmidas com água boricada, solução de Burow ou água de Alibour 1/10 ou 1/20, com a função de adstringência (reduz secreções). I Associam-se medicamentos que atuam na reação inflamatória. Existem similaridades na reação inflamatória tanto de dermatite de contato irritativa como da dermatite de contato alérgica. I Os principais medicamentos atuantes na INFLAMAÇÃO da dermatite de contato são CORTICOSTEROIDES, PIMECROLIMO E TACROLIMO. Excepcionalmente, podem ser empregadas outras terapias como METOTREXATO, CICLOSPORINA E FOTOTERAPIA. CORTICOESTEROIDES: I Principais anti-inflamatórios utilizados para os casos de dermatite de contato com pouco tempo de evolução. I Podem ser utilizados VIA TÓPICA, nos casos LEVES E MODERADOS. Na FASE AGUDA do eczema, são utilizados em forma de CREMES. I No ECZEMA SUBAGUDO, são indicados CREMES DE CORTICOSTEROIDES. Corticosteroides sistêmicos são empregados apenas nos casos extensos. No ECZEMA CRÔNICO, a preferência é pelos CORTICOSTEROIDES EM FORMA DE POMADA OU UNGUENTO. Nesses casos, não se pode deixar de considerar os EFEITOS ADVERSOS dessa droga, utilizados por período prolongado, como por exemplo, atrofia de pele, a indução de telangiectasias e sua ação sistêmica sobre o eixo hipotálamo- hipófise-suprarrenal. PIMECROLINO E TACROLIMO : I São novas drogas imunomoduladoras que podem substituir os corticosteroides, principalmente nos casos de ECZEMA CRÔNICO, já que seu uso prolongado não leva à atrofia de pele, como no caso dos corticosteroides tópicos, e seus efeitos colaterais são mínimos. I Estão indicados no tratamento de dermatites crônicas, como eczema de mãos e em dermatites localizadas em áreas mais suscetíveis aos efeitos colaterais dos corticoides, como face, dobras e região genital. O TACROLIMO tem maior efetividade, bem como maior número de efeitos sistêmicos pelo seu uso tópico, quando comparado ao uso do PIMECROLIMO. FOTOTERAPIA: I A ação imunossupressora e anti-inflamatória da fototerapia, realizada por PUVA ou UVB, contribui para o controle do eczema crônico. A escolha do tipo de fototerapia está de acordo com a intensidade da reação inflamatória. I O PUVA sistêmico está indicado em casos intensos de eczema de contato. Aponta-se como uma alternativa aos corticosteroides para o tratamento dos casos graves. Em pacientes córtico-dependentes, indica-se PUVA para diminuição progressiva e retirada do corticoide sistêmico. I A dose recomendada de psoralênico é de 0,4 a 0,6 mg/kg/dose de 8-metoxi-psoralem, uma a duas horas antes da sessão de fototerapia. I A fototerapia por UVB deve ser realizada duas vezes por semana. M a r i a L u i z a F e r n a n d e s – L I D E R M – S í n d r o m e s E c z e m a t o s a s – P á g i n a | 7 ECZEMA ATÓPICA I É uma manifestação eczematosa peculiar, frequentemente associado à asma e/ou rinite alérgica e, eventualmente, à urticária. Caracteriza-se pelo curso crônico, com períodos de crises e de acalmia, de surtos de eczema, manifestando-se isolada ou simultaneamente ou intercalando- se com as crises de asma ou rinite. I O paciente que apresenta eczema atópico deve ser compreendido como indivíduo cujo limiar de reatividade é anômalo, motivo pelo qual reage anormalmente a inúmeros estímulos – contactantes, ingestantes, inalantes e injetantes. Os mecanismos responsáveis por essa reatividade alterada não são completamente conhecidos, sabendo-se, porém, que participam na patogênese da DA fatores genéticos, mecanismos imunológicos e não imunológicos. DISFUNÇÃO MIELOIDE NA DERMATITE ATÓPICA I Na DA, há alterações na quimiotaxia de monócitos, macrófagos e neutrófilos. Além disso, os neutrófilosmostram diminuição de sua capacidade fagocitária. Esses fenômenos favorecem extremamente a colonização cutânea pelos estafilococos. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS CLÁSSICAS DA DERMATITE ATÓPICA I O estudo das manifestações clínicas da dermatite atópica compreende três períodos evolutivos: na infância; no período pré- puberal; e na idade adulta. Em qualquer uma dessas fases, ocorrem manifestações que representam critérios considerados absolutos para a diagnose da dermatite e os chamados critérios menores que compreendem várias manifestações cutâneas que costumam ocorrer com frequência nos atópicos. São critérios absolutos: I PRURIDO: constante em todas as fases. I MORFOTOPOGRAFIA: localizações típicas. o CRIANÇA: face com lesões eczematosas agudas e subagudas na fronte e regiões malares, poupando o maciço centro- facial. o ADULTO: é característica a liquenificação nas áreas flexurais, dobras antecubitais, poplíteas e região do pescoço. I TENDÊNCIA À CRONICIDADE E/OU RECIDIVAS FREQUENTES: além dessas manifestações, praticamente constantes, podem estar presentes alterações que constituem os critérios menores de diagnose da dermatite atópica: história pessoal ou familiar de manifestações atópicas; positividade aos testes cutâneos imediatos; dermografismo branco ou vasoconstrição prolongada induzida por agentes colinérgicos; xerose; ictiose associada; exagero das linhas palmares; pitiríase alba; queratose pilar; palidez centro-facial com escurecimento orbitário e etc. ECZEMA ATÓPICO INFANTIL I . Surge, em regra, a partir do terceiro mês de vida, manifestando-se como lesões vésico- secretantes-crostosas, localizadas nas regiões malares (Figura 10.12). I Pode permanecer localizado nessa área ou estender-se, atingindo toda a face, couro cabeludo, nuca, dobras antecubitais e poplíteas e, nos casos mais graves, generalizar-se (Figura 10.13). I O prurido é variável, podendo, às vezes, ser intenso e determinar estado de agitação na criança, pela coçadura quase contínua. A complicação mais frequente é a infecção secundária, devendo-se notar que, mesmo a despeito da intensa coçadura, nunca surge a liquenificação. Complicação grave do eczema infantil é a infecção pelo contato com o M a r i a L u i z a F e r n a n d e s – L I D E R M – S í n d r o m e s E c z e m a t o s a s – P á g i n a | 8 vírus do herpes simples ou da vacina, que determinam o quadro da erupção variceliforme de Kaposi (eczema herpético– eczema vacinal). A criança desenvolve um quadro febril, com sinais de toxemia, ao mesmo tempo em que surgem lesões vesicopustulosas disseminadas, particularmente nas áreas eczematosas. ECZEMA ATÓPICO PRÉ-PUBERAL I . Pode se manifestar como uma continuação do eczema infantil ou surgir alguns anos após o desaparecimento deste. Nas formas mais comuns, são comprometidas as regiões de dobras como poplítea, pré-cubital e regiões como face, punhos e dorso das mãos e dos pés. O quadro clínico é de áreas de liquenificação com escoriações, isto é, de uma dermatite crônica (Figura 10.14). Há, entretanto, fases de agudização com eritema, vesiculação e secreção, podendo, inclusive, ocorrer generalização do quadro. O prurido é variável, às vezes intenso e contínuo, porém, a despeito da coçadura, raramente há infecção secundária. O quadro evolui por surtos e pode se agravar ou desaparecer. ECZEMA ATÓPICO DO ADULTO I O quadro de eczema atópico do adulto atinge preferencialmente as áreas de flexão como pescoço, antecubital, poplítea (Figura 10.15) e a face, particularmente a região periorbital. Caracteriza-se por liquenificação e escoriações, sendo o prurido variável. I A pele é seca e ligeiramente descamativa, apresentando o chamado dermografismo branco. A evolução se dá por surtos, com períodos de melhora e de agudização, e o quadro pode, eventualmente, generalizar-se (Figura 10.16), chegando à síndrome eritrodérmica. DIAGNOSE DA DERMATITE ATÓPICA I A diagnose é clínica, por meio de anamnese, morfotopografia das lesões, presença de prurido, cronicidade e, eventualmente, pode ser demonstrado, em particular nos casos em que a dermatite atópica se associa a manifestações atópicas respiratórias, aumento de IgE. I Na diagnose diferencial, devem ser consideradas outras dermatites eczematosas; na infância, particularmente dermatite seborreica; nos adultos, dermatite seborreica, dermatites de contato e líquen simples crônico. I Além das dermatites eczematosas, pode ser necessária a diagnose diferencial com psoríase, eritrodermia ictiosiforme, dermatofitoses, candidoses, pitiríase rósea, líquen plano, histiocitose X, síndrome de Netherton, acrodermatite enteropática e síndrome da hiper-IgE, na qual ocorrem manifestações cutâneas pruriginosas idênticas à dermatite atópica e há grande produção de IgE e deficiência da imunidade celular, determinando infecões cutâneas repetidas por estafilococos, infecções pulmonares recorrentes e candidose. TRATAMENTO DA DERMATITE ATÓPICA I A DA é afecção crônica, recidivante. Por não existir nenhum recurso para sua cura M a r i a L u i z a F e r n a n d e s – L I D E R M – S í n d r o m e s E c z e m a t o s a s – P á g i n a | 9 definitiva, o objetivo do tratamento deve ser o controle da afecção, enquanto se aguarda por uma possível involução espontânea da dermatose, que pode ocorrer. I BANHOS – devem ser feitos em água morna, não demorando mais de 3 a 5 minutos. Os sabonetes utilizados precisam ser suaves ou os chamados neutros, que, na realidade, têm o mesmo pH alcalino dos demais, com a única vantagem de não terem fragrância. I Como a pele do atópico é desidratada, sem gordura, os sabões devem ser usados o menos possível, no máximo uma vez por dia, ou a cada 2 a 3 dias, eventualmente só nas áreas das dobras. Nunca friccionar a pele com esponjas ou similares. Após o banho, com a pele ainda úmida, passar emolientes, para a umectação da pele e prevenir a perda de água do estrato córneo. Os corticoides são mais absorvidos após o banho. O banho de mar é preferível ao banho de piscina para o atópico. I HIDRATAÇÃO E LUBRIFICAÇÃO – a pele do atópico é seca, devendo sempre ser usadas substâncias emolientes ou lubrificantes que evitem a desidratação. Os mais ativos são à base de vaselina líquida ou óleo de amêndoas, que fundamenta os chamados cold creams. I VESTUÁRIO – as roupas que entram em contato com a pele devem ser de algodão e folgadas, para permitir ventilação corporal adequada. O suor é um fator importante no desencadeamento do prurido. I ANTIBIÓTICOS TÓPICOS – quando houver infecção secundária, utilizar a mupirocina a 2%, que não deve ser empregada em áreas maiores que 20% da superfície corpórea, pelo risco de nefrotoxicidade. MEDICAMENTOS S ISTÊMICOS I CORTICOIDES – o uso sistêmico de corticoides deve ser evitado pela necessidade da administração contínua e possibilidade de rebote, quando retirado. Entretanto, em pacientes que não respondem a outros tratamentos, com prurido intenso ou eritrodermia sem infecção, o emprego pode ser imperativo. A droga de escolha é a prednisona 1 a 2 mg/kg/dia no início, procurando reduzir a dose gradualmente de acordo com a melhora. I ANTIBIÓTICOS – a pele do atópico tem colonização de S. aureus, cujo desenvolvimento é favorecido pela xerose, pelo prurido e pela liquenificação. Quando ocorrer infecção, é preciso recorrer a antibióticos via sistêmica, de preferência após antibiograma, ou empregar a eritromicina, cefalosporina ou dicloxacilina por um período de dez dias. ECZEMA/DERMATITE NUMULAR I A dermatite numular é um quadro eczematoso de causa desconhecida, provavelmente multifatorial, e no qual frequentemente existe um componente de infecção bacteriana. I Ocorre em ambos os sexos, surge em qualquer idade, sendo, porém, mais frequente em adultos e pessoas idosas. Tende a piorar no inverno e a melhorar no verão. Frequentemente, é associado à pele seca e agravado ou desencadeado pelo uso excessivo de sabão e água. MANIFESTAÇÕES CL ÍNICAS DA DERMATITE NUMULAR I Esse tipo de dermatite caracteriza-se por placas papulovesiculosas, ovais ou redondas, cujas dimensões variam de um a vários centímetros. Com o dessecamento das secreções, formam-se crostas, muitas vezes melicéricas, pela infecção secundária. Em algumas lesões, há tendência para involução central, com progressão lenta na periferia, dando lugar a eflorescências anulares ou circinadas. As lesões são múltiplas e podem surgir em qualquer área, todavia são mais comuns nas extremidades, particularmente antebraços, pernas, dorso das mãos e pés (Figura 10.17). Não são necessariamente simétricas. As lesões desaparecem sem deixar cicatriz e as recidivas podem surgir no mesmo local ou em outras regiões. DIAGNOSE I A diagnose diferencial deve considerar a dermatofitose, que apresenta lesões circulares, com centro claro, bordas papulodescamativas e que pode ser excluída pelo exame micológico; algumas erupções medicamentosas, que podem ser excluídas pela história; e, em crianças, o impetigo, no M a r i a L u i z a F e r n a n d e s – L I D E R M – S í n d r o m e s E c z e m a t o s a s – P á g i n a | 10 qual há sempre lesões pustulosas iniciais. A exsudação e a vesiculação permitem excluir psoríase e parapsoríase, porém, em caso de dúvida, deve-se fazer o exame histopatológico. TRATAMENTO I Deve-se evitar o uso de sabões, detergentes e antissépticos nas áreas afetadas e proteger a pele, evitando o contato com lã e tecidos sintéticos, preferindo-se roupas interiores de algodão. I A terapia tópica é feita com creme ou pomada de corticoide fluorado ou com derivado de quinolina, eventualmente, em curativos oclusivos. I O prurido pode ser tratado com anti- histamínicos ou sedativos. Em casos extensos e resistentes à terapia tópica, pode ser administrado corticoide sistêmico, inicialmente com dose entre 60 e 40 mg de prednisona ou equivalente, por dia, gradualmente reduzida, sendo frequentes as reações de rebote. Em lesões localizadas, infiltrações intralesionais de corticoide, usando-se a triancinolona diluída em soro fisiológico, 3 a 4 mg/mL, cada 7 a 15 dias. ECZEMA DE ESTASE I O eczema ou dermatite de estase, eczema varicoso ou hipostático, é uma doença crônica das pernas, decorrente da estase venosa nesta região. Ocorre em adultos, sendomais frequente em mulheres, principalmente no período pós-parto. A causa mais comum de estase são varizes, por insuficiência valvular ou tromboflebites. Outros fatores que também podem determiná- la são obesidade, lesões tróficas musculares, artrites deformantes ou fraturas nos membros inferiores e pés valgos-planos. Entre os sinais prodrômicos da afecção, estão o edema e a dermatite ocre, caracterizada por manchas vermelho- acastanhadas decorrentes da pigmentação hemossiderótica residual após púrpura de estase. MANIFESTAÇÕES CL ÍNICAS I Localização inicial no terço inferior da perna, iniciando-se geralmente no tornozelo e estendendo-se gradualmente. Quadro eczematoso, eritematoso e vésico-secretante na fase aguda e liquenificação no período crônico (Figura 10.18). I Há, frequentemente, infecção bacteriana associada (celulite) que pode evoluir para erisipela. Após intervalo de tempo variável e por ausência de tratamento adequado, pode ocorrer disseminação do quadro eczematoso por mecanismo de sensibilização. O mesmo quadro pode acontecer em virtude do emprego local de drogas, particularmente fotossensibilizantes como sulfas e prometazina. I Ulcerações podem se desenvolver, constituindo as úlceras da perna ou de estase (Figura 10.19). O complexo eczema- úlcera-erisipela no curso evolutivo pode conduzir à dermatoesclerose e à elefantíase. DIAGNOSE I Na diagnose diferencial, cumpre excluir a possibilidade de dermatofitose associada e o papel de contactantes, particularmente medicamentos, como agravantes. A realização de testes de contato pode ser indicada. Tam bém é relativamente fácil a diagnose diferencial com a I púrpura hipostática e dermatite ocre e as púrpuras pigmentosas, pela ausência do M a r i a L u i z a F e r n a n d e s – L I D E R M – S í n d r o m e s E c z e m a t o s a s – P á g i n a | 11 quadro eczematoso. Na dermatite de estase, pode haver lesões tipo atrofia branca, porém não ocorrem lesões purpúricas, necrose e úlceras, permitindo facilmente a diferenciação com a vasculopatia livedoide. Havendo edema persistente, deve-se excluir componente venoso, solicitando ultrassonografia doppler color para veias dos membros inferiores. TRATAMENTO I O tratamento local depende da fase da erupção. Na forma aguda, realizam-se banhos ou compressas de permanganato de potássio a 1:25.000 ou de líquido de Burow diluído em água a 1:30 e faz-se uso de cremes de corticoides. I Na crônica, empregam-se apósitos oclusivos com corticoides ou pomada de pimecrolimo ou tacrolimo. Também se administram corticoide via sistêmica, de acordo com a intensidade do quadro, em doses iniciais equivalentes a 20 a 40 mg de prednisona, reduzidas gradualmente, e antibióticos de largo espectro, conjuntamente. Repouso e elevação da perna são indispensáveis na forma aguda. Na fase crônica, além da elevação da perna pode ser útil o uso da meia elástica ou, eventualmente, da bota de Unna, se houver ulceração. Melhorado o quadro, deve-se tratar a causa responsável pela estase. ECZEMA DISIDRÓTICO OU DISIDROSE I Trata-se de quadro de lesões vesiculosas nas palmas e plantas, de caráter recidivante, considerado como reação eczematosa de aspecto peculiar pelas características anatômicas das áreas comprometidas. Entre seus principais fatores etiológicos, relacionam-se: I INFECÇÃO FÚNGICA E MÍCIDES – dermatofitose em fase inflamatória aguda pode causar aparecimento da erupção vesiculosa nas mãos e/ou nos pés. São as ides-reações (tricofítides, microsporides, epidermofítides), em que há ausência de fungos, e que ocorrem em virtude da absorção de antígenos fúngicos. Um quadro frequente é uma dermatofitose aguda, inflamatória, nos pés (com o exame direto positivo para dermatófito) ser responsável pelo aparecimento da erupção desidrótica nas mãos (nas quais o exame micológico é negativo). I ENDOTANTES – drogas como a penicilina, outros antibióticos e anti-inflamatórios podem desencadear erupção disidrótica. MANIFESTAÇÕES CL ÍNICAS I Quadro de aparecimento súbito, agudo, recorrente, caracterizado por lesões vesiculosas, estritamente limitado às palmas das mãos e/ou às plantas dos pés (Figura 10.20). É bastante característica a falta de eritema, sendo que as vesículas são numerosas, isoladas ou confluentes, e, eventualmente, encontram-se bolhas. Em alguns dias, por infecção secundária, podem tornar-se purulentas e ocorrer eritema inflamatório. A evolução do quadro é, em média, de três semanas. DIAGNOSE I A diagnose diferencial se dá com a pustulose palmoplantar que se admite ser uma forma de psoríase pustulosa. TRATAMENTO I Na fase inicial, empregam-se banhos ou compressas de solução aquosa de permanganato de potássio a 1:25.000 e cremes de corticoides associados com antibióticos, se necessário. Nos quadros graves, deve-se administrar corticoides via sistêmica. Quando ocorre infecção secundária, usam-se antibióticos de largo espectro, como as tetraciclinas ou macrolídios. Penicilina deve ser evitada pela tendência a reações alérgicas disidróticas. Anti-histamínicos e benzodiazepínicos podem ser úteis como coadjuvantes. É preciso investigar e eliminar a causa, fazer os testes de contato, quando necessários
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