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1 Câncer de Ovário I N TRO DU ÇÃ O ► Lesões mais comuns no ovário incluem os cistos benignos ou funcionais e tumores ► Os distúrbios neoplásicos podem ser divididos a partir das células de origem que são: ▪ Epitélio mulleriano − Tumores Epiteliais – Estromais de Superfície ▪ Células germinativas − Tumores de Células Germinativas ▪ Células estromais dos cordões sexuais − Tumores do Estroma e do Cordão Sexual ► As inflamações primárias do ovário (ooforite) não são comuns ▪ Em raras ocasiões podem ser de base autoimune ► As reações autoimunes afetam os folículos ovarianos e podem levar à infertilidade C IS TOS FU NC ION A IS E NÃ O N EO PL ÁS IC OS Cistos Foliculares e Luteínicos ► Muito comuns ► Origem: ▪ Em Folículos graafianos não rompidos ▪ Em Folículos que foram rompidos e imediatamente fechados Morfologia ► Geralmente são múltiplos ► Tamanho de até 2cm de diâmetro ▪ Cistos maiores (foliculares), as vezes, podem ser diagnosticados por palpação ou ultrassonografia, podendo gerar dor pélvica ► Preenchidos por um líquido seroso claro e revestidos por uma membrana cinza-brilhante ► Células da camada granulomatosa estarão presentes se a pressão intraluminal não tiver sido grande o suficiente para causar sua atrofia ▪ Revestem o cisto ► Células tecais podem ser proeminentes por > quantidade de citoplasma pálido (mudança conhecida como luteinização) ▪ Envolvem o cisto ▪ Quando alteração é pronunciada (hipertecose) pode estar associada a aumento na produção de estrogênio e anormalidades endometriais ► Cistos luteínicos (corpora lutea) estão presentes nos ovários normais de mulheres em idade reprodutiva ▪ São revestidos por uma borda de tecido amarelo- brilhante − Contém células da granulosa luteinizadas ▪ Ocasionalmente: sofrem ruptura e causam reação peritoneal ▪ Algumas vezes: combinação de hemorragia antiga + fibrose = dificuldade em diferenciar de cistos endometrióticos Ovários Policísticos ► A Síndrome do Ovário Policístico (SOP) é um distúrbio endócrino complexo ▪ Caracteriza-se por: − Hiperandrogenismo − Anormalidades menstruais − Ovários policísticos − Anovulação crônica − Diminuição de fertilidade ▪ Afeta, no mundo, entre 6 a 10% das mulheres em idade reprodutiva ▪ Associada a: − Obesidade − Diabetes tipo 2 − Aterosclerose prematura − Condições que podem ser indicadores de um distúrbio metabólico adjacente ▪ Etiologia ainda não toda compreendida ▪ Marcada por: − Desregulação das enzimas envolvidas na biossíntese e na produção excessiva de andrógenos − Resistência a insulina e metabolismo de tecido adiposo alterado Morfologia ► Anormalidade central: numerosos folículos císticos, ou cistos foliculares, que aumentam os ovários ▪ Entretanto, ovários policísticos são detectados em 20% a 30% de todas as mulheres, então este achado não é específico ► Mulheres com SOP tem risco de Hiperplasia endometrial e estroma ▪ Por conta de aumentos nos níveis séricos de estrona livre Hipertecose es tromal ► Também chamada de hiperplasia estromal cortical ► É um distúrbio do estroma ovariano ► Observado mais em mulheres na pós-menopausa ▪ Pode ocorrer sobreposição com a SOP nas mulheres mais jovens ► Caracterizado por ▪ Aumento uniforme do ovário (até 7cm) − Apresenta aspecto branco a marrom-claro aos cortes ▪ Envolvimento geralmente bilateral ▪ Microscopicamente exibe − Estroma hipercelular − Luteinização das células estromais 2 Visíveis como ninhos nítidos de células com citoplasma vacuolado ► Apresentação clínica ▪ Parecida com a da SOP − Virilização possa ser ainda mais notável Obs: Hiperplasia da teca luteínica da gravidez ▪ Condição fisiológica ▪ Mimetiza SOP e Hipertecose ▪ Em resposta aos hormônios da gravidez (gonadotrofinas), ocorre proliferação das células da teca + expansão da zona perifolicular ▪ Conforme os folículos regridem, a forma concêntrica pode parecer nodular ▪ Alteração não pode ser confundida com os verdadeiros luteomas da gravidez T U MOR ES O VARI A NOS ► 80% são benignos ▪ Mulheres jovens entre os 20 a 45 anos de idade ▪ Borderline com idade um pouco mais avançada ► 20% malignos ▪ Mulheres entre 45 a 65 anos ► Câncer de Ovário ▪ 3% de todos os tipos de câncer em mulheres ▪ Quinta causa mais comum de morte por Ca nos USA ▪ Por maioria detectada pós disseminação além ovariana → representam número desproporcional de mortes decorrentes de Ca do Trato Genital Feminino Classificação ► Atualmente, acredita-se que a maioria dos tumores de ovário surja, em última análise, de um dos três componentes ovarianos: ▪ Epitélio tubário/superfície e endometriose ▪ Células germinativas, que migram para o ovário a partir do saco vitelino e são pluripotenciais. ▪ Células estromais, incluindo os cordões sexuais, que são os precursores do aparato endócrino do ovário pós-natal ▪ Também há um grupo de tumores que desafiam essa classificação, e finalmente existem tumores secundários ou metastáticos para o ovário ► Tumores e seus subtipos Tumores Epiteliais ► Maioria das neoplasias ovarianas sugerm do epitélio mulleriano ► Classificação baseada na diferenciação e grau de proliferação do epitélio ► 3 tipos histológicos principais – referentes a diferenciação do epitélio: 1. Serosos 2. Mucinosos 3. Endometrioides ▪ São classificados como benignos, boderline e malignos − Benignos podem ser subclassificar com base nos componentes tumorais que podem incluir Áreas císticas (cistadenomas) Áreas císticas e fibrosas (cistadenofibromas) Áreas predominantemente fibrosas (adenofibromas) − Boderline e malignos podem apresentar componente cístico Quando maligno, podem ser chamados de cistoadenocarcinomas ► Podem ser pequenos ou preencher toda a pelve Classificação ► Estudos clinicopatológicos e moleculares têm sugerido que os carcinomas ovarianos podem ser amplamente categorizados em dois tipos diferentes, chamados tipo I e tipo II 3 ► Carcinomas Tipo I ▪ Tumores de baixo grau ▪ Frequentemente surgem em associação com tumores borderline ou endometriose ▪ Vários subtipos histológicos de baixo grau, incluindo − Serosos − Endometrioides − Mucinosos ► Carcinoma Tipo II ▪ São mais frequentes carcinomas serosos de alto grau que surgem a partir do carcinoma intraepitelial seroso Tumores Serosos ► Neoplasias císticas ► Incluem tumores malignos dos ovários mais comuns ► 40% de todos os Cas de Ovário ► Aproximadamente 70% são benignos ou borderline ▪ Mais comuns entre 20 a 45 anos ► 30% são malignos ▪ Carcinoma seroso ocorre, em média, mais tarde na vida, embora frequentemente um pouco mais cedo nos casos familiares Patogenia ► Fatores de risco ▪ Benignos e limítrofes − Pouco se sabe ▪ Tumores serosos malignos (carcinoma seroso) − Não são completamente compreendidos − Papel no desenvolvimento tumoral Nuliparidade Históricos familiar Mutações hereditárias Mutações hereditárias germinativas tanto do BRCA1 quanto do BRCA2 aumentam a suscetibilidade a câncer ovariano BRCA1 – 5% dos pacientes com menos de 70 anos BRCA1 ou BRCA2 = 20 a 60% aos 70 anos − As mulheres entre 40 e 59 anos de idade que tomaram contraceptivos orais ou realizaram ligação tubária apresentam um risco reduzido de desenvolvimento de câncer ovariano ► Carcinoma ovariano seroso ▪ Dividido em dois grupos principais: 1. Carcinoma de baixo grau (bem diferenciado) Podem surgir em associação com tumores serosos borderline Mutações nos oncogenes KRAS, BRAF e ERBB2 Geralmente têm genes TP53 do tipo selvagem 2. Carcinoma de alto grau (moderadamente a pouco diferenciado) Surgem a partir de lesões in situ nas fímbrias das tubas uterinas ou a partir de cistos de inclusão serosa no ovário Lesões: carcinomas intraepiteliais tubários serosos (CITS) – mais esporádicos Cistos: Uma hipótese alternativa recente é a de que os cistos surjam a partir da implantação de epitélio desconectado das tubas uterinas, em locais onde a ovulação rompeu a superfície do ovário Frequência alta de mutações do TP53 Sem mutação no KRAS e BRAF Desequilíbrios genômicos são comuns Amplificações de oncogenes (ex: PIK3CA) Deleções de gênese supressores de tumores (ex: RB) Mutações BRCA1/2 raras nos esporádicos Morfologia ► O tumor seroso pode se apresentar como uma lesão multicística, contendo epitélio papilar dentro de poucos cistos com paredes fibrosas (intracístico), ou como uma massa se projetando na superfície ovariana Benignos Parede cística lisa e brilhante, sem espessamento epitelial, ou com pequenas projeções papilares Borderline Maior número de projeções papilares Malignos Grandes áreas de massa tumoral sólida ou de projeções papilares, irregularidades na massa tumoral, e fixação ou modularidade da cápsula ► Bilateralidade é comum ▪ 20% dos cistadenomas serosos benignos ▪ 30% dos tumores serosos borderline ▪ 66% dos carcinomas serosos Microscopia ► Cistos são revestidos por epitélio colunar ▪ Possui cílios abundantes nos tumores benignos ► Podem ser encontradas papilas microscópicas ► Tumores serosos borderline exibem ▪ Aumento na complexidade das papilas estromais ▪ Estratificação do epitélio 4 ▪ Atipia nuclear leve ▪ Sem invasão de estroma ▪ Frequentemente cresce com padrão papilar delicado, chamado de “carcinoma micropapilar” − Se acredita ser o precursor do carcinoma seroso de baixo grau ► Carcinomas serosos de alto grau ▪ Diferenciam-se dos de baixo grau por terem − Padrão de crescimento mais complexo − Infiltração generalizada − Evidente apagamento do estroma subjacente ▪ Nos invasivos podem ser tão indiferenciados que nem é possível reconhecer ► Células tumorais individuais exibem ▪ Atipia nuclear acentuada − Pleomorfismos ▪ Figuras mitóticas atípicas ▪ Multinucleação ► Carcinomas intraepiteliais tubários serosos ▪ Células morfologicamente iguais aos de alto grau porém com ausência de invasão ► Tumores serosos ▪ Possuem propensão a disseminação para a superfície peritoneal e para o omento − Associados a presença de ascite − Disseminação fora do ovário determina o estádio ▪ Calcificações concêntricas (corpos de psamoma) caracterizam, mas não são específicas para neoplasia Prognóstico ► A taxa de sobrevida em 5 anos para os tumores borderline e malignos confinados ao ovário é, respectivamente, de 100% e 70% ► Taxa de sobrevida em 5 anos para os mesmos tumores envolvendo o peritônio é de cerca de 90% e 25%, respectivamente ► Devido à sua evolução prolongada, os tumores borderline podem recorrer após muitos anos e a sobrevida por 5 anos não é sinônimo de cura Tumores Mucinosos ► 20 a 25% de todas as neoplasias ovarianas ► Principalmente na vida adulta médias ▪ Raro antes da puberdade e após a menopausa ► Maiorias: tumores benignos ou borderline ▪ Carcinomas mucinosos ovarianos primários são raros – menos de 3% de todos os Cas de Ovário Patogenia ► Mutação do proto-oncogene KRAS na maioria ▪ 58% dos cistadenomas mucinosos benignos ▪ 75 a 86% de tumores mucinosos borderline ▪ 85% carcinomas mucinosos ovarianos Morfologia ► Diferem dos serosos por ▪ Superfície do ovário ser raramente envolvida ▪ Apenas 5% dos cistadenomas mucinosos e carcinomas mucinosos primários são bilaterais ► Tem tendência de produzir grandes massas císticas ► Características ▪ São tumores multiloculados ▪ Cheios de um fluido gelatinoso e viscoso ▪ Rico em glicoproteínas Microscopia Benignos • Revestimento de células epiteliais colunares altas com mucina apical, sem cílios • Maioria com diferenciação de tipos gástrico ou intestinal • Podem ocorrer tumores incomuns mostrando diferenciação do tipo endocervical Borderline • Diferenciados por estratificação epitelial: formam tufos celulares e/ou crescimento papilar intraglandular • Aparência similar aos adenomas tubulares ou adenomas vilosos do intestino 5 Malignos • Crescimento glandular confluente – forma de invasão “expansível” Alguns autores usam o termo “carcinomas intraepiteliais” para os tumores com atipia epitelial acentuada e que não têm características invasivas. As taxas aproximadas de sobrevida em 10 anos para os “carcinomas intraepiteliais” não invasivos em estádio I e os tumores malignos francamente invasivos são maiores do que 95% e 90%, respectivamente Os carcinomas mucinosos que se espalham para além do ovário são geralmente fatais, mas, conforme descrito anteriormente, esses tumores são incomuns, e devem ser diferenciados dos adenocarcinomas mucinosos metastáticos ► Pseudomixoma peritoneal ▪ Condição clínica referida por: − Extensa ascite mucinosa − Implantes epiteliais císticos na superfície peritoneal − Aderências − Frequente envolvimento dos ovários ▪ Se extenso: obstrução intestinal e morte ▪ Fonte como sendo extraovariana, geralmente no apêndice, na maioria dos casos ▪ Já que a maioria dos tumores mucinosos primários do ovário é unilateral, a apresentação bilateral de tumores mucinosos sempre requer a exclusão da origem não ovariana Tumores Ovarianos Endometrioides ► Carcinoma endometrioide - 10 a 15% de todos os Cas de Ovário ▪ Tumores endometrioides benignos (adenofibromas endometrioides) e Tumores endometrioides borderline são raros ▪ Podem surgir no contexto de endometriose ▪ Ocasionalmente associados a áreas de tumor borderline ► São caracterizados pela presença de glândulas tubulares semelhantes ao endométrio benigno ou maligno ► 15% a 30% dos carcinomas endometrioides de ovário são acompanhados por carcinoma do endométrio, e o prognóstico relativamente bom nesses casos sugere que os dois tumores surjam independentemente um do outro, em vez de surgirem por disseminação metastática Patogenia ► Em cerca de 15% a 20% dos casos, o carcinoma endometrioide coexiste com a endometriose ▪ O pico de incidência dos tumores associados com a endometriose ocorre 1 década mais cedo do que o pico dos carcinomas endometrioides não associados com endometriose ► Estudos moleculares têm encontrado semelhanças impressionantes com o carcinoma endometrioide endometrial ► As características compartilhadas incluem ▪ Alterações relativamente frequentes que aumentam a sinalização da via PI3K/AKT (mutações no PTEN, PIK3CA, ARID1A e KRAS) ▪ Mutações nos genes reparadores de erro de DNA e no CTNNB1 (β-catenina) ▪ As mutações no PTEN também foram encontradas na endometriose atípica, sugerindo que ela ocorre no início da patogenia do carcinoma endometrioide dos ovários, como também acontece no carcinoma endometrioide do endométrio ▪ Semelhantemente aos carcinomas endometrioides do endométrio, as mutações no TP53 são comuns em tumores mal diferenciados Morfologia ► Áreas de crescimento sólidas e císticas ► 40% cursam com bilateralidade ▪ Neoplasia se extender além do trato genital ► Tumores de baixo grau ▪ Padrões glandulares semelhantes aos de origem endometrial ► Sobrevida em 5 anos para tumores de estádio I (corresponde a 75%) Carcinoma de células claras ► Benignos e Borderline são raros + carcinomas pouco comuns ► Células epiteliais grandes com citoplasma claro abundante ▪ Aspecto semelhante ao do endométrio gestacional hipersecretor ► Às vezes ocorrem em associação com a endometriose ou carcinoma endometrioide do ovário, e se assemelham ao carcinoma de células claras do endométrio, acredita-se agora que sejam variantes do adenocarcinoma endometrioide ▪ Aberrações genéticas mais comuns (PIK3CA, ARID1A, KRAS, PTEN e TP53) são compartilhadas, com frequências um tanto diferentes ► Podem ser ▪ Sólidos − Células claras dispostas na forma de lençóis ou túbulos ▪ Císticos − Células revestem os espaços6 Cistadenofibroma ► Tumores benignos ► Variantes pouco comuns ► Ocorre proliferação pronunciada do estroma fibroso subjacente ao epitélio de revestimento colunar ► Geralmente pequenos e multiloculares ► Possuem processos papilares simples que não se tornam tão complexos e ramificados como aqueles encontrados no cistadenoma comum ► Contém epitélio mucinosos, seroso, endometrioide e transicional (Tumores de Brenner) ► Ocorrem lesões borderline com atipias celulares e, raramente, tumores com carcinoma focal, porém a disseminação metastática de qualquer um deles é extremamente rara Tumores de células transicionais ► Contém células epiteliais neoplásicas que se assemelham ao urotélio ► São geralmente benignos ► Também chamados de Tumores de Brenner ► 10% dos tumores epiteliais ovarianos ► Na maioria: detectados incidentalmente ▪ Mesmo quando grande, mantém forma benigna ▪ Ocorrem raros carcinomas de células transicionais − São considerados equivalentes aos carcinomas dos ovários de grau alto (tipo II) − Geralmente se apresentam em estágio avançado, e são tratados como os carcinomas serosos de grau alto ▪ Os tumores de Brenner malignos geralmente apresentam-se no estádio I, e para fins de prognóstico, são considerados equivalentes aos carcinomas de baixo grau (tipo I) Morfologia ► Sólidas ou císticas ► Maioria unilateral ► Variam de lesões pequenas a grandes ► Estroma fibroso ▪ Semelhante ao do estroma do ovário normal ▪ Apresenta ninhos bem demarcados de células epiteliais que lembram o epitélio do trato urinário ▪ Frequente a presença de glândulas mucinosas no centro ► Raras vezes, o estroma é composto por fibroblastos com citoplasma amplo, semelhantes às células da teca ► Podem ter atividade hormonal ► Os tumores com ninhos de Brenner benignos misturados com células tumorais malignas são denominados tumores de Brenner malignos, enquanto os tumores com mais de 50% de epitélio do tipo transicional são considerados carcinoma de células transicionais do ovário Considerações finais ► Todos os carcinomas ovarianos produzem manifestações clínicas semelhantes, mais comumente dor na parte inferior do abdome e aumento abdominal ▪ Outras queixas: − Gastrointestinais − Frequência urinária − Disúria − Pressão pélvica ► Lesões benignas ▪ Facilmente ressecadas e curadas ► Formas malignas ▪ Causam fraqueza progressiva + perda de peso + caquexia ▪ Se extensão pela cápsula do tumor + disseminação pela cavidade peritoneal = ascite significativa − Liquído ascético com células tumorais esfoliadas − Padrão peritoneal característico: todas as superfícies serosas exibem, difusamente, vários nódulos de tumor de 0,1 a 0,5 cm, os quais apenas raramente penetram profundamente no parênquima subjacente Tumores de Células Germinativas ► 15 a 20% de todos os tumores ovarianos ► A maioria é de teratomas císticos benignos, mas outros, encontrados principalmente em crianças e adultos jovens, podem mostrar comportamento maligno e dificultar o diagnóstico histológico e a terapia ► Parecidos com os tumores de células germinativas dos testículos dos homens ▪ Surgem de maneira semelhante 7 Teratomas ► Divididos em 3 categorias: maduros (benignos), imaturos (malignos) e monodérmicos ou altamente especializados Teratomas maduros (Benignos) ► Maioria é cística ► Geralmente chamados de cistos dermoides ▪ Quase sempre revestidos por estruturas parecidas com a pele ► Ocorrem mais em mulheres jovens durante a idade reprodutiva ► Podem ser descobertos por acaso ▪ Algumas vezes estão associados a síndromes paraneoplásicas clinicamente importantes, como a encefalite límbica inflamatória − Podem entrar em remissão após a remoção do tumor Morfologia ► > Unilateral ▪ Bilaterais em 10% a 15% dos casos ► Cistos uniloculares contendo pelos e material sebáceo ► Seccionamento revela uma fina parede revestida de uma epiderme opaca, branco-acinzentada e enrugada ▪ Frequentemente com pelos ▪ Interior da parede pode conter dentárias e áreas de calcificação ► Parede do cisto composta por epitélio escamoso estratificados com glândulas sebáceas subjacentes, pelos e outras estruturas de anexos cutâneos ▪ Pode-se identificar estruturas de outras camadas germinativas como cartilagem, osso, tecido tireoidiano e tecidos neurais ► Algumas vezes os cistos dermoides são incorporados na parede de um cistadenoma mucinoso ▪ Cerca de 1% dos cistos dermoides passa por uma transformação maligna, mais comumente para o carcinoma de células escamosas, mas também para outros cânceres (p. ex., carcinoma da tireoide, melanoma) ► Em raros casos, é sólido e composto inteiramente por coleções heterogêneas de aspecto benigno de tecidos e estruturas organizadas, derivadas das três camadas germinativas ▪ Esses tumores supostamente têm a mesma origem histogenética, mas não apresentam uma diferenciação preponderante em derivados ectodérmicos ▪ Pode ser difícil diferenciar essas neoplasias, na inspeção macroscópica, dos teratomas imaturos malignos ► O cariótipo de quase todos os teratomas ovarianos benignos é 46, XX ► Análises genéticas indicam que a maioria dos teratomas surge a partir de um ovócito depois da primeira divisão meiótica, enquanto uma minoria surge antes da primeira divisão Teratomas Monodérmicos ou Especializados ► Grupo de tumores raros ► Mais comuns são: struma ovarrii e o carcinoide ► Sempre unilaterais ▪ Teratoma contralateral pode ser encontrado ► Struma ovarii ▪ Inteiramente composto por tecido tireóideo maduro, que pode ser funcional e causar hipertireoidismo ► Carcinoide ovariano ▪ Aparentemente surge a partir do tecido intestinal encontrado em teratomas ▪ Pode também ser funcional − Particularmente se for grande (>7 cm) ▪ Pode produzir 5-hidroxitriptamina o suficiente para causar a síndrome carcinoide, mesmo na ausência de metástase hepática − Já que as veias dos ovários são diretamente ligadas à circulação sistêmica 8 ▪ O carcinoide ovariano primário pode ser distinto do carcinoide intestinal metastático, que é praticamente sempre bilateral ► Ainda mais raro é o carcinoide estrumatoso, uma combinação de struma ovarii e carcinoide no mesmo ovário ► Somente cerca de 2% dos carcinoides em teratomas sofrem metástase Tumores Imaturos Malignos ► Tumores raros ► Diferem do Benignos pelos tecidos lebrarem o tecido embrionário ou imaturo ► Encontrado + em adolescentes pré-púberes e mulheres jovens – idade média de 18 anos Morfologia ► Volumosos ► Superfície externa lisa ► Tendem a ter aparência sólidas aos cortes ► Podem apresentar ▪ Pelos ▪ Material sebáceo ▪ Cartilagem ▪ Osso calcificação ▪ Junto com áreas de necrose e hemorragia Microscopia ► Quantidades variáveis de elementos imaturos de neuroepitélio, cartilagem, osso, músculo e outros ► Risco importante para subsequente disseminação extraovariana ▪ Grau histológico do tumor (I a III) − Se baseia na proporção de tecido contendo neuroepitélio imaturo ► Crescem rapidamente ▪ Frequente penetração na cápsula e disseminação local ou a distância ► Tumores de estádio I (histologia de baixo grau) tem prognóstico excelente ▪ Maiores graus: tratados com quimioterapia profilática ► A maioria das recorrências se desenvolve nos primeiros 2 anos, e a ausência de doença além desse período indica uma excelente possibilidade de cura Disgerminoma ► Equivalente ovariano do seminoma dos testículos ► 2% de todos os Cas do ovário e 50% dos tumores malignos de células germinativas ovarianas ► Maioria ocorre na 2ª e 3ª década de vida ▪ Podem ocorrer na infância também ► Alguns ocorrem em pacientes com disgenesia gonadal (incluindo pseudo-hermafroditismo) ► Maioria sem função endócrina ▪ Alguns poucos produzem níveis elevados de gonadotrofina coriônica, um achado que se correlaciona com a presençade células gigantes sinciciotrofoblásticas ► Expressam ▪ OCT-3, o OCT-4 e o NANOG − Fatores de transmissão envolvidos na manutenção da pluripotencialidade − Também presentes nos seminomas ▪ Receptor tirosina-cinase KIT − 1/3 tem mutações ativadoras do gene KIT ▪ Essas proteínas são marcadores diagnósticos úteis e, no caso de KIT, também podem servir como um alvo terapêutico Morfologia ► Maioria são unilaterais de tamanhos variados ▪ De nódulos pouco visíveis até massas que preenchem todo o abdome ► Na superfície de corte ▪ Se apresentam branco-amarelados a rosa- acizentados ▪ Frequentemente macios e carnosos ► Composto por grandes células vesiculares ▪ Citoplasma claro ▪ Limites celulares bem definidos ▪ Núcleos regulares de localização central ▪ Crescem em lençóis ou cordões separados por escasso estroma fibroso − Infiltrado por linfócitos maduros e contém granulomas ocasionais ► Às vezes, pequenos nódulos de disgerminoma são encontrados na parede do que seria, de outra maneira, apenas um teratoma cístico benigno ▪ Inversamente, um tumor predominantemente disgerminomatoso pode conter um pequeno teratoma cístico 9 ► Todos são malignos ▪ Porém grau de atipia histológica é variável − Apenas 1/3 é agressivo ► Prognóstico ▪ Um tumor unilateral que não tenha ultrapassado a cápsula e se espalhado para fora do ovário apresenta um excelente prognóstico (taxa de cura de até 96%) após uma salpingo-ooforectomia simples ▪ Essas neoplasias são sensíveis à quimioterapia, e mesmo aquelas que se estenderam além do ovário frequentemente podem ser curadas ▪ Em geral, a sobrevida ultrapassa 80% Tumor do Saco Vitelino ► Também conhecido como tumor do seio endodérmico ► Raro, mas classificado como segundo tumor maligno mais comum de origem germinativa ► Derivado da diferenciação de células germinativas malignas ao longo da linhagem extraembrionária do saco vitelino ► Células tumorais produzem α-fetoproteína ▪ Semelhante ao saco vitelino normal ► Aspecto histológico ▪ Estrutura semelhante a um glomérulo − Composta por um vaso sanguíneo central Envolvido por células tumorais dentro de um espaço também revestido por células tumorais (corpo de Schiller-Duval) ► Gotículas hialinas intra e extracelulares evidentes estão presentes em todos os tumores, algumas das quais são marcadas para α-fetoproteína por técnicas de imunoperoxidase ► Maioria das pacientes é de crianças ou mulheres jovens que apresentam dor abdominal e uma massa pélvica de crescimento rápido que parece envolver um único ovário ► Em combinação com quimioterapia, há mais de 80% de chance de sobrevida, independentemente do estágio da doença Coriocarcinoma ► Mais comum de origem placentária ► Junto com o de Saco Vitelino representam exemplos de diferenciação extraembrionária de células germinativas malignas ► Considera-se, geralmente, que uma origem a partir de células germinativas só pode ser confirmada em meninas pré-púberes, porque após essa idade não é possível excluir uma origem proveniente de uma gravidez ectópica ovariana ► Maioria existe em combinação ▪ Coriocarcinomas puros são raros ► Histologia ▪ Idênticos às lesões placentárias mais comuns ▪ São agressivos ▪ Geralmente já sofreram metástases hematógena para os pulmões, fígado, ossos e outros locais, no momento do diagnóstico ► Elaboram altos níveis de gonadotrofinas coriônicas ▪ Ajuda a estabelecer diagnóstico ou detectar recorrências ► Em contraste aos coriocarcinomas derivados do tecido placentário, aqueles que se originam no ovário em geral são insensíveis à quimioterapia e frequentemente são fatais Outros ► Carcinoma embrionário ▪ Altamente maligno de elementos embrionários primitivos ▪ Histologicamente semelhante aos tumores originados nos testículos ► Poliembrioma ▪ Maligno contendo os assim chamados corpos embrioides ► Tumor de células germinativas misto ▪ Contendo várias combinações de disgerminoma, teratoma, tumor do saco vitelino e coriocarcinoma Tumores do Estroma e dos Cordões Sexuais ► O estroma do ovário é derivado dos cordões sexuais da gônada embrionário ▪ Essas neoplasias são derivadas desse estroma ► Mesênquima gonadal sem diferenciação ▪ Produz tipos específicos de células nas gônadas − De homens (Sertoli e Leydig) Secretam andrógenos - masculinizantes − De mulheres (granulosa e teca) Secretam estrógenos – tumores são feminilizantes Tumores de Células da Granulosa ► Compostos por células que lembram as células da granulosa de um folículo ovariano em desenvolvimento ► Divididos em tipo adulto e tipo juvenil 10 ▪ 2/3 ocorrem em mulheres na pós-menopausa Morfologia ► Unilaterais ► Variam de focos microscópicos a grandes massas encapsuladas, sólidas e císticas ► Quando hormonalmente ativos exibem coloração amarela nas suas superfícies de corte, devido aos lipídios intracelulares ► Vários padrões histológicos ▪ As células pequenas, cuboides a poligonais, crescem em cordões, lençóis ou faixas anastomosantes ▪ Ocasionalmente, pequenas estruturas bem nítidas, semelhantes a glândulas, preenchidas com um material acidófilo, lembram folículos imaturos (corpos de Call-Exner) − Quando essas estruturas são evidentes, o diagnóstico é simples ▪ Por vezes, há um predomínio de componente de tecoma, que consiste em grupamentos ou lençóis de células que variam de cuboides a poligonais ▪ Em alguns tumores, as células da granulosa ou da teca mostram-se mais arredondadas e apresentam um citoplasma amplo, característico de luteinização (i.e., tumores de células da teca- granulosa luteinizadas) Clínica ► Importância ▪ Elaboram grande quantidade de estrogênio ▪ Comportam-se com malignidade de baixo grau ► Tipo juvenil pode induzir ao desenvolvimento sexual precoce em meninas ► Em mulheres adultas – associados a doença proliferativa das mamas, hiperplasia endometrial e carcinoma endometrial ▪ Se desenvolvem em cerca de 10 a 15% das mulheres com tumores produtores de esteroides ► Ocasionalmente, os tumores de células da granulosa produzem andrógenos, masculinizando a paciente ► Todos são potencialmente malignos ▪ Em geral, seguem um curso indolente, no qual as recorrências locais podem ser passíveis de terapia cirúrgica ▪ Recorrências na pelve e no abdome podem aparecer 10 a 20 anos após a remoção do tumor original ▪ A taxa de sobrevida em 10 anos corresponde a aproximadamente 85% ▪ Tumores compostos predominantemente por células da teca quase nunca são malignos ► Associação com elevação de níveis séricos e tissulares de inibina (produto das células da granulosa) ▪ Marcador biológico útil na identificação e monitorização de tratamento Fibromas, Tecomas e Fibrotecomas ► Originados do estroma ovariano ► Fibromas – compostos por fibroblastos ▪ Hormonalmente inativos ► Tecomas – compostos por células fusiformes amplas com gotículas lipídicas ▪ Puros são raros ▪ Quando misto e com predomínio dessa: hormonalmente ativos ► Mistura dos dois - Fibrotecomas ► São relativamente comuns, 4% de todos tumores de ovário ► Fibromas do ovário ▪ Unilaterais (90%) ▪ Massas sólidas, esféricas ou discretamente lobuladas − Encapsuladas − Duras − Cinza-esbranquiçadas − Cobertas por serosa ovariana intacta e brilhante ▪ Compostos por fibroblastos bem diferenciados, entremeados por escasso estroma colagenoso ▪ Áreas focais de diferenciação tecal podem ser identificadas Clínica ► Massa pélvica, algumas vezes acompanhada ▪ Dor ► Síndrome de Meigs ▪ Essa combinação de achados (tumor ovariano, hidrotórax e ascite) ▪ Ascite (40% dos casos) − Tumores medem mais de 6 cm de diâmetro ▪ Hidrotórax, em geral somente no lado direito ▪ Sua gênese é desconhecida ► Síndrome de nevos de células basais ► A grande maioria dos fibromas, fibrotecomas e tecomas é benigna ► Raramente, são identificadosfibromas celulares com atividade mitótica e maior razão núcleo- citoplasma ► Uma vez que podem seguir um curso maligno, são chamados de fibrossarcomas Tumores de Células de Sertoli-Leydig ► Geralmente funcionais, e comumente produzem masculinização ou defeminilização ▪ Alguns têm efeitos estrogênicos ► Incidência máxima entre a 2ª e 3ª década de vida ► Mutações no DICER1 (gene codificante da endonuclease) 11 ▪ Essencial para o processamento correto de micro- RNAs − Mutação sugere que a gênese das células estromais com tendência a ser masculinas envolvem anormalidades da expressão genética relacionadas à desregulação de micro-RNAs ▪ Mais da metade dos casos Morfologia ► São unilaterais ► Podem lembrar, macroscopicamente, tumores de células granulosas ► Superfície de corte ▪ Sólida ▪ Varia de cinza a castanho-dourado Microscopia ► Diferentes graus de diferenciação visíveis ► Bem diferenciados ▪ Túbulos compostos por células de Sertoli ou de Leydig − Intercalados com estroma ► Formas intermediárias ▪ Esboços de túbulos imaturos ▪ Grandes células de Leydig eosinófilas ► Pouco diferenciados ▪ Padrão sarcomatoso − Disposição desordenada de cordões de células epiteliais − Células de Leydig podem estar ausentes − Presença de elementos heterólogos Glândulas mucinosas Ossos Cartilagem ► A incidência de recorrência ou metástase dos tumores de células de Sertoli-Leydig é inferior a 5% ► Essas neoplasias bloqueiam o desenvolvimento sexual feminino normal em crianças e causam defeminilização em mulheres ▪ Manifestada por atrofia das mamas, amenorreia, esterilidade e perda de cabelo ▪ A síndrome pode progredir para uma notável virilização (hirsutismo) associada à distribuição masculina dos pelos, hipertrofia do clitóris e alterações da voz Outros ► Os tumores de células do hilo (tumores de Leydig puros) ▪ Derivam de grupos de células poligonais dispostas em torno de vasos hilares ▪ Unilaterais raros ▪ Compostos por grandes células de Leydig carregadas de lipídios, com limites nítidos e estruturas citoplasmáticas características chamadas cristaloides de Reinke ▪ As mulheres geralmente apresentam-se com evidências de masculinização na forma de hirsutismo − Mais leves do que as de Sertoli-Leydig ▪ Produzem predominantemente testosterona ▪ O tratamento consiste na excisão cirúrgica ▪ Quase sempre são benignos ► O luteoma de gravidez ▪ Tumor raro que lembra bastante o corpo lúteo da gravidez ▪ Associados à virilização em pacientes grávidas e em seus respectivos bebês do sexo feminino ► O gonadoblastoma ▪ Tumor incomum composto por células germinativas e derivados do estroma do cordão sexual semelhantes a células de Sertoli e da granulosa imaturas ▪ Ocorre em indivíduos com desenvolvimento sexual anormal e em gônadas de natureza indeterminada ▪ 80% dos pacientes têm fenótipo feminino e 20% têm fenótipo masculino, com testículos criptorquídicos e órgãos secundários internos femininos ▪ Um disgerminoma coexistente ocorre em 50% dos casos ▪ O prognóstico é excelente se o tumor for completamente removido Tumores Metas táticos ► Mais comuns são derivados de tumores origem mulleriana: ▪ Útero ▪ Tuba uterina ▪ Ovário contralateral ▪ Peritônio pélvico ► Os tumores extramüllerianos metastáticos para o ovário mais comuns são os ▪ Carcinomas da mama e do trato gastrointestinal, incluindo cólon, estômago, trato biliar e pâncreas ▪ Esse grupo também inclui os raros casos de pseudomixoma peritonei, derivados de tumores do apêndice ▪ Um exemplo clássico de carcinoma gastrointestinal metastático envolvendo os ovários é chamado de tumor de Krukenberg, caracterizado por metástases bilaterais compostas por células em anel de sinete produtoras de mucina, na maioria das vezes de origem gástrica
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