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PROVA FBDG 2021.1 RESPOSTAS (TIREI 9,7)

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FACULDADE BAIANA DE DIREITO 
PROVA DE DIREITO CONSTITUCIONAL – I 
1ª AVALIAÇÃO – TURMA ÚNICA 
2021.1 
ALUNA: MARIA LUIZA ANDRADE DE CASTRO
 
 
QUESTÕES 
 
 
Questão 1. 
A assertiva acima está incorreta, pois há a existência, segundo historiadores, de uma constituição material, não sendo formal ou escrita, mas sim que em razão das crenças e costumes que uma determinada sociedade política desenvolve, é tido assim princípios fundamentais da organização da própria sociedade. E estes princípios é tarefa das constituições, mesmo não sendo visíveis. Como em um regime teocrático do povo Hebreu, por exemplo. Além de que existe na contemporaneidade constituições não escritas, como a Inglaterra.
Houve uma construção histórica para o surgimento do Direito Constitucional, um movimento chamado Constitucionalismo, sendo o resultado de junção de ideias e fases. Este movimento consiste em ser de caráter filosófico (representou conjunto de ideais e diversos filósofos contribuíram, como Aristóteles), político e social que almejou na formação de um modelo constitucional de organização política da sociedade, baseado fundamentalmente dos pilares, de dois grandes fundamentos: a limitação do poder autoritário e a proteção das liberdades fundamentais do ser humano. A origem histórica do Constitucionalismo houve algumas fases: Constitucionalismo antigo (até o século V), dividido em dois momentos, Grécia antiga e na Roma antiga. Em cidades-estados gregas, como em Atenas, havia a forte presença do Constitucionalismo em razão do sistema político em que se encontravam, de democracia direta, onde o povo se auto governava. Já em Roma, quando se formou a república romana, se estabeleceu na organização política um sistema de controle, de freios e contrapesos, onde revela que o poder não é absoluto, mas sim fracionado e no qual se controlam entre sim; Constitucionalismo medieval (século V até o fim do império romano do oriente, com a queda de Constantinopla, no século XV) , na idade média, onde o constitucionalismo se fez presente, e a principal manifestação do movimento histórico foi a Magna Carta, uma carta de direitos, com o objetivo de limitar o poder do rei; Constitucionalismo moderno(1453-1789- revolução francesa) , onde o movimento histórico mais se firmou nas sociedades. Havendo por conta das ideias constitucionalistas, o surgimento das revoluções liberais, que foram de suma importância. O Constitucionalismo na modernidade pode ser dividido em três: Constitucionalismo na Inglaterra, norte americano e o francês. Primeiramente, a Revolução liberal inglesa foi importante para o alcance de liberdades públicas e este movimento histórico do Constitucionalismo na Inglaterra na modernidade, ele se firmou intensamente a partir de documentos históricos, como a Petition of Rights de 1628, Habeas Corpus Act de 1679 e o Bill of Rights de 1689. Desse modo, o constitucionalismo da modernidade inglesa, foi a partir, sobretudo, da Glorious Revolution de 1688 e da hegemonia do parlamento e a consolidação da monarquia constitucional. Segundamente, os Estados Unidos da América (hoje em dia), houve uma importante Revolução de independência com a coroa britânica, pela ruptura com a mesma, garantindo a liberdade das colônias. Nesse viés, após a ruptura, os Founder Fathers se reuniram na convenção constituinte da Philadelphia e decidiram unir a partir de um pacto indissolúvel, formando os EUA, surgindo o primeiro modelo de estado federal do mundo e constituição escrita. Terceiramente, a França também houve uma revolução liberal (Francesa), com menção a importantes acontecimentos, como a queda da bastilha, pois vivia em uma monarquia absolutista antes da revolução e havia indignação por parte do povo com a nobreza. Assim, foi um grande passo para a formação de um estado de direito e a segunda constituição escrita no mundo, em 1791; e por fim, a Constituição Contemporânea ou Neoconstitucionalismo (1789 até os dias atuais), onde houveram 3 marcos: Marco histórico, o surgimento dos Estado de direito; Marco filosófico, foi um conjunto de ideias filosóficas que passaram a caracterizar o Pós- positivismo (que busca a restauração de valores humanos), que superou o antigo positivismo; e o Marco teórico, afim de identificar as consequências e transformações dessas ideias, como o reconhecimento das constituições como documentos jurídicos e a ampliação da proteção de Direitos Humanos.
 Questão 2. 
Na primeira alternativa, o sentido sociológico está presente, com base no seu defensor Ferdinand Lassalle, que defendeu a legitimidade da Constituição se representasse o efetivo poder social e que caso não ocorresse, seria ilegítima, como uma “folha de papel”. Na segunda alternativa, o sentido político está presente, com base no seu defensor Carl Schmitt. Conforme José Afonso da Silva, citando o pensamento de Carl, “se refere a decisão política fundamental (estrutura e órgãos do Estado, direitos individuais, vida democrática, etc.) ” Por fim, na terceira alternativa, o sentido jurídico está presente. No sentido jurídico, sendo seu defensor Hans Kelsen, onde coloca a constituição na ideia do dever-ser e não do ser, sendo a vontade racional do homem e não, das leis naturais, se contrapondo a ideia defendida por Ferdinand Lassalle.
 
 
Questão 3. 
Sobre os artigos da Constituição acima, podemos classifica-la quanto ao conteúdo: podendo ser em sentido material como formal, contudo na respectiva Constituição seriam materialmente constitucional, pois contém as normas fundamentais e estruturais do Estado e os direitos e garantias fundamentais, podendo ser observado nos artigos acima; quanto à forma: podem ser escritas (instrumental) ou costumeiras (não escritas), no caso acima, a Constituição deste determinado país seria escrita, onde existe um conjunto de regras em um documento especifico, como a de Portugal; quanto a estabilidade: existem as rígidas, flexíveis e semirrígidas. Os artigos apresentam uma Constituição semirrígida, que em alguns casos não exigem um processo de mudança difícil para a alteração das leis, com base no Art. 64; quanto a extensão: podem ser sintéticas ou analíticas. A Constituição acima se adequa a analítica, pois a partir do Art. 289, pode-se afirmar que aborda assuntos que os representantes entendem fundamentais; quanto a função: são classificadas provisórias ou definitivas. De acordo com Jorge Miranda: “ Constituição provisória são conjuntos de normas com a dupla finalidade de definição do regime de elaboração e aprovação da Constituição formal...” Desse modo, é a vertente que se conecta mais com os artigos acima, pois se observa no Art. 63, uma visão de uma possível mudança no futuro, contrariando a Constituição definitiva, a qual pretende ser a Constituição final; quanto a ideologia: existe a ortodoxa e a eclética, prevalecendo a eclética nesse caso, pois ao analisar os artigos, notamos mais de uma ideologia, que é o contrário da ortodoxa, como a Constituição da Índia de 1949; por fim, quanto ao modo de elaboração, poderão ser dogmáticas ou históricas, sendo o caso acima dogmática, por ser conjunto de dogmas estruturais e fundamentais do estado e não históricas, onde se reúnem história e tradições de uma sociedade, como por exemplo, a Constituição inglesa. 
 
Questão 4. 
 
a) O Poder Constituinte Reformador pode modificar a Constituição Federal, de natureza jurídica. O Poder Reformador pode se verificar através das Emendas Constitucionais. Ademais, existe limitações expressas, como as materiais- art. 60, § 4º (Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais.) Estes limites materiais tem a ver com o item da reforma. Assim, existem matérias que são imutáveis e não devem sofrer alteração, chamadas cláusulas pétreas. 
b) O poder Constituinte Derivado foi criado pelo Poder Constituinte Originário e deve obedecer a ele, além de ser limitado pelo mesmo. É divididoem três: Poder Constituinte Derivado Reformador, Decorrente e Revisor. O primeiro pode ser visto acima. O Decorrente tem natureza jurídica como o Reformador e cabe a ele estruturar a Constituição dos Estados- Membros e se necessário, modifica-la. Por fim, o Revisor, também sendo vinculado ao originário, cabe a adaptar a Constituição em uma realidade necessária para a sociedade.

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