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AN02FREV001/REV 4.0 65 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE FATURAMENTO Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 66 CURSO DE FATURAMENTO MÓDULO III Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 67 MÓDULO III 7 AS ATIVIDADES PÓS-FATURAMENTO 7.1 CONTAS A PAGAR A atividade de Contas a Pagar é muito importante para a perfeita gestão da empresa e também para o processo de faturamento, visto que possui função direta com o faturamento, pois os produtos que necessitam ser entregues ao cliente durante o processo de vendas e de faturamento, necessitam ser comprados e estocados pela empresa até o momento da venda e faturamento. Assim sendo, a relação com os fornecedores deve ser mantida por meio do perfeito cumprimento das obrigações financeiras da empresa com os mesmos, ou seja, do perfeito pagamento dos valores referentes às compras efetuadas pela empresa. Essa é a tarefa principal e primordial do setor, que fica incumbido de realizar todas as etapas e tarefas para que a empresa cumpra todas as suas obrigações de forma correta, seja na pontualidade dos pagamentos, seja na perfeita execução dos mesmos, nos valores corretos, e com a devida comprovação dos pagamentos para que o processo seja concluído. Assim sendo, o setor Contas a Pagar deve desempenhar algumas atividades e tarefas que são de extrema responsabilidade dos executores dessa função, como por exemplo, manter os registros de programação de pagamentos atualizados, evitando surpresas desagradáveis, entre outras. De acordo com o SEBRAE (2000), o controle das contas a pagar serve para avaliar as melhores oportunidades de assumir novos compromissos, de maneira a não centralizar muitos pagamentos em determinadas datas. O controle deve ser preenchido de acordo com o vencimento, sendo que o ideal é que a organização dos compromissos seja feita mês a mês, ou seja, compras com vencimento em janeiro AN02FREV001/REV 4.0 68 devem ser registradas em um controle, compras de fevereiro em outro, e assim, respectivamente. Este controle possibilita que o empresário fique permanentemente informado sobre o vencimento dos compromissos, como estabelecer prioridades de pagamento e o montante dos valores a pagar. Assim sendo, para que as atividades da função Contas a Pagar possam ser perfeitamente executadas, torna-se fundamental que algumas tarefas sejam planejadas e realizadas, conforme é exposto na Figura 8: a) Programação de Pagamentos de Contas Fixas Mensais. b) Alinhamento com o Planejamento Estratégico. c) Programação de Contas a Pagar por meio das Compras. FIGURA 8 – OS ASPECTOS DA ATIVIDADE DE CONTAS A PAGAR NAS ORGANIZAÇÕES FONTE: Arquivo do autor. AN02FREV001/REV 4.0 69 7.1.1 Programação de pagamentos de contas fixas mensais O processo de Contas a Pagar necessita ser iniciado com a correta programação dos pagamentos, para que a empresa possa ter o devido controle dessa atividade. Assim, torna-se necessário que a organização possua algum tipo de programação de pagamentos a serem realizados, como forma de gerenciar os mesmos. Esse controle, ou programação pode ser feito com o auxilio de softwares de gestão, os chamados ERPs, que possuem a função de Contas a Pagar em seu portfólio, já totalmente integrado com as demais funções, como Compras, Estoques, Financeiro e Vendas – assim que um desses setores dispara alguma ordem no sistema geral, já é criado o devido lançamento no Contas a Pagar. Dessa forma, o gestor apenas faz o acompanhamento dos pagamentos a serem realizados, por meio de relatórios específicos emitidos pelo sistema ERP. Esse processo auxilia muito na tomada de decisão e o gerenciamento do processo de Contas a Pagar. No entanto, não são todas as empresas e organizações que possuem um sistema desse tipo e podem utilizar essas ferramentas, visto que a utilização exige certo conhecimento técnico, treinamentos específicos para os funcionários utilizarem a plataforma de forma correta, além de um desembolso financeiro considerável, que deve ser pago inicialmente, na aquisição do programa, e mensalmente são devem ser pagas tarifas pelo uso da licença do fabricante. O investimento nesse tipo de ferramenta, na maioria das vezes, traz o retorno esperado para a empresa, pois automatiza grandes centros de processamento de informações e fornecem grandes modelos de relatórios gerenciais que auxiliam na rápida tomada de decisão. No entanto, muitas empresas não podem, ou não desejam, utilizar essas ferramentas, seja pelo investimento financeiro necessário, seja pela complexidade de funções, operações e atividades que o software possibilita e que não conseguem ser utilizados pela empresa. Assim, outras empresas optam por fazer esse controle de Contas a Pagar por outros métodos e ferramentas, como por exemplo, a construção de ferramentas em Planilhas Eletrônicas, usando o MS OFFICE – MS EXCELR ou programas semelhantes. Esse controle também pode ser executado em AN02FREV001/REV 4.0 70 livros caixas, facilmente adquiridos em papelarias, ou até mesmo em cadernos ou outro tipo de impresso. A empresa, após determinar a forma de fazer o controle de suas contas a serem pagas, deve determinar a rotina desses pagamentos e como ocorrerão, para que ocorra a devida programação de pagamentos em fluxo contínuo. As empresas utilizam diversas formas de programação, sendo que algumas optam por realizar pagamentos diários, outras optam por pagamentos semanais e assim por diante. O importante é que a empresa determine um prazo adequado para que possa realizar os pagamentos de forma correta, sem atraso e com a perfeita realização desse processo. Assim, um método prático seria determinar, por exemplo, que os pagamentos sejam realizados a cada quinze dias, sempre nos dias 15 e 30 de cada mês, por exemplo. Pode-se modificar as datas, em função da programação, como por exemplo, nos dias 10, 20 e 30, ou nos dias 05, 15 e 25, etc. Dessa forma, a empresa inicia a sua programação de pagamentos obedecendo sempre essa data limite e essa informação deve ser passada para todos os setores da empresa e para todos os fornecedores, pois todos necessitam identificar que os pagamentos somente ocorrerão nessas datas em específico. Após essa definição, se a programação for feita por meio de planilhas eletrônicas, deve-se construí-las em separado para cada período de pagamento, ou seja, uma planilha para o dia 15 e outra para o dia 30, por exemplo. Assim, todos os compromissos de pagamentos que a empresa possui serão lançados nessas duas planilhas, que deverão ser abastecidas diariamente. Um detalhe importante dessa programação é que deve aparecer nessa planilha, os valores totais a serem pagos, podendo ser ainda, separados os valores totais por fornecedor, por exemplo. Outro pormenor importante é que a planilha deve ser “fechada” um ou dois dias antes da data prevista para pagamento, como forma de realizar as demais atividades após essa programação, como por exemplo, o preenchimento de cheques, ou liberação de ordens de pagamentos, etc. Dessa forma, a pessoa responsável pelos lançamentos das contas produzidas pela empresa, seja pelo setor de Compras, ou por outro, deve fazê-lo nesta programação, efetuando os lançamentos por meio dos documentosque são entregues à empresa, como notas fiscais de vendas, duplicatas, boletos e outros que possam ser utilizados. AN02FREV001/REV 4.0 71 Desse modo a pessoa responsável deve inserir nessa programação algumas importantes informações, como o nome do fornecedor que será feito o pagamento, a identificação da nota fiscal de venda, o título correspondente, a forma de pagamento, a data de vencimento original (pois podem ocorrer datas diferentes do programado), o CNPJ da empresa fornecedora, entre outros. Esses lançamentos devem ser realizados diariamente e deve-se ao final do dia emitir um parecer sobre os valores totais que deverão ser pagos em cada período, pois o processo é contínuo e dinâmico, no qual no momento do lançamento, a pessoa responsável faz o mesmo para documentos que serão pagos no dia 15, mas também para aqueles que serão pagos no dia 30, por exemplo, e também, no dia 15 do mês seguinte, dia 30 do mês seguinte e assim por diante. Como o sistema é dinâmico, a empresa está a todo o tempo realizando compras, negociando com os seus fornecedores, parcelando pagamentos, etc. Todas essas informações devem ser compiladas nessa programação. Após os lançamentos terem sido realizados, a pessoa responsável emite um relatório com os totais a serem pagos para os gestores, os quais farão algumas análises, como a integração dessas contas com o orçamento financeiro anual, a fonte de recursos para que se possa realizar esses pagamentos, etc. Ao final do período, ou um dia antes, ou mais, dependendo da empresa, o responsável pelo setor faz o fechamento dos valores totais a serem pagos e envia para o setor financeiro, o qual deverá ter os recursos financeiros à disposição para a concretização dos mesmos. A partir daí deverão ser processados os documentos necessários para o devido pagamento, sejam cheques, ou boletos, ou ordens de pagamentos, bem como recibos, etc. que estarão disponíveis no momento do pagamento aos fornecedores e que se tornarão documentos oficiais para a elaboração dos processos contábeis, e como comprovantes de que aqueles pagamentos foram realizados, no caso de algum questionamento dos fornecedores. Além disso, a empresa necessita realizar as programações que são fixas, ou seja, que existirão todos os meses. São obrigações que durante todo o ano a empresa deverá cumprir, é importante que o perfeito processo de pagamento deverá ser realizado. AN02FREV001/REV 4.0 72 Entre esses custos estão os relacionados com o trabalho das pessoas que estão na empresa, como o pagamento de salários, encargos, impostos sobre os salários, além de pagamentos de férias, décimo terceiro salário, comissões, gratificações, etc. Esses pagamentos são de extrema importância para a empresa, visto que são os rendimentos de seus funcionários. Qualquer erro, atraso, ou outra forma de empecilho nesses recebimentos pelos funcionários, se transformará em insatisfação dos mesmos perante a empresa, e essa insatisfação repercutirá no desempenho operacional, o que pode diminuir o comprometimento, aumentando, de certa forma, os custos para a empresa. Desse modo, se a empresa opta pela programação quinzenal, sempre nos lançamentos da programação do dia 30 devem estar incluídos os valores relacionados à folha de pagamentos, de forma completa, incluindo os valores de salários, encargos, impostos, comissões, férias, horas extras, etc. Mesmo que esses pagamentos não possuam algum comprovante, como as notas fiscais de compra, o seu lançamento no processo de programação deve ser realizado, pois os funcionários têm o desejo de receber os seus salários no início do mês seguinte. 7.1.2 Alinhamento com o planejamento estratégico Nessa etapa, a função Contas a Pagar necessita estar totalmente integrada com o planejamento estratégico, basicamente com o Orçamento Financeiro desenvolvido no planejamento, visto que é por meio do orçamento que a organização consegue visualizar todos os seus gastos financeiros previstos para o referido ano fiscal. É necessário que os pagamentos que serão realizados estejam previstos no orçamento, como forma de desenvolver o controle com o planejamento. Assim, a empresa demonstra que está seguindo o que fora planejado. Assim, a incidência de imprevistos financeiros, ou situações de emergência, podem ser evitadas, preservando os recursos da empresa e evitando a busca por empréstimos e financiamentos não previstos, que podem interferir no alcance dos objetivos empresariais e financeiros da organização. AN02FREV001/REV 4.0 73 7.1.3 Programação de contas a pagar por meio das compras Esta etapa é de fundamental importância no processo, visto que tudo o que for comprado necessita ser inserido na programação de pagamentos, como fora descrito anteriormente. Assim, todos os documentos que forem emitidos e utilizados no processo de compra, como notas fiscais, faturas, títulos, entre outros, devem ser direcionados ao setor de Contas a Pagar para serem inseridos na programação de pagamentos, como forma de se evitar o não pagamento dos mesmos, por falta de programação e conhecimento de seus vencimentos. Um detalhe importante nessa etapa é o que ocorre após o pagamento ter sido realizado, quando a empresa necessita ter um processo organizado de arquivamento de recibos, comprovantes de pagamentos, duplicatas pagas, etc., como forma de se prevenir de cobranças inadequadas feitas por seus fornecedores e como atendimento aos setores contábil e fiscal, para o perfeito desenrolar de suas atividades junto ao Governo. 7.2 CONTAS A RECEBER As ações do setor de Contas a Receber, da mesma forma que os demais setores, ou funções que constituem o processo de Faturamento, desempenham importantes atividades para que a organização atinja seus objetivos organizacionais. A grande importância dessa atividade é que é por meio dela que a empresa recebe os recursos financeiros produzidos no faturamento. Com esses recursos a empresa pode cumprir as suas obrigações com fornecedores, funcionários, governo, e obter o lucro, que é o objetivo principal. Além disso, é possível utilizar esses recursos para outras finalidades, como investimentos estratégicos e operacionais. AN02FREV001/REV 4.0 74 FIGURA 9 – OS ASPECTOS DA ATIVIDADE DE CONTAS A RECEBER NAS ORGANIZAÇÕES Pagamentos A Prazo Alinhamento com o Planejamento Estratégico Pagamentos À Vista Direta Conferência e Arquivo de Documentos Contas a Receber Recebimento em Dinheiro Recebimentos em Cheques Depósitos Bancários Controles dos Pagamentos dos Clientes Cobrança Descontos Bancários Títulos Diretos Análise de Faturamento Utilização dos Recursos Indireta Judicial Vendedor Telefone FONTE: Arquivo do autor. Analisando a Figura 9, é possível perceber que os recebimentos que a empresa tem direito podem ser realizados nas formas à vista ou a prazo. Os pagamentos à vista os imediatos, ou seja, assim que acontece o faturamento já é feito o pagamento pelo consumidor, que pode optar por pagar em dinheiro em espécie ou cheques. A destinação desses recursos será feita pelo setor Contas a Receber, geralmente por meio de depósitos bancários. O maior trabalho do setor diz respeito aos pagamentos que são realizados na forma a prazo, pois nesse tipo diversas ações necessitam ser realizadas. Assim sendo, no momento do faturamento, são emitidos os títulos correspondentes à compra efetuada pelo cliente e com as diversas informações relacionadas a este processo, como data de vencimentos, por exemplo. O setor necessita estar acompanhando esse processo e realizar a devida programação de recebimentos, como é feito pelo setor de Contas a Pagar. AN02FREV001/REV 4.0 75 Dessa maneira, além de ter o controle desses recebimentos, a empresa alinha essa atividade como planejamento estratégico, no qual as informações irão constituir as receitas que foram estimadas no orçamento planejado inicial para o ano fiscal em questão. Dessa maneira, o setor necessita estar acompanhando os diversos vencimentos desses títulos, como forma de estar recebendo de seus clientes no respectivo vencimento, podendo usufruir desses recursos, bem como estar em contato com o cliente em caso do mesmo não haver feito o devido pagamento na data de vencimento por razões de falta de planejamento ou esquecimento, por exemplo. Também é necessário ter esse controle no caso do cliente desejar antecipar o pagamento. Dessa forma, é necessário conceder descontos pela antecipação. Outra técnica utilizada pelo setor é o desconto de duplicatas por meio de bancos que concedem esse serviço. Essa atitude é tomada quando a empresa entrega as suas duplicatas com os devidos aceites pelos clientes, ao banco, que realiza o pagamento das mesmas à empresa, no momento em que as duplicatas são entregues. Dessa forma, a empresa consegue obter liquidez desses títulos, visto que não precisa aguardar o seu vencimento para obter o recurso. O setor de Contas a Receber também necessita desempenhar uma tarefa, que em muitos casos se torna onerosa: a cobrança. Muitas vezes, o cliente antecipa os seus pagamentos, ou se dirige à mesma, ou aos bancos, para realizar os pagamentos, não trazendo nenhum dano à empresa. Porém, em alguns casos, os pagamentos não são realizados e o setor necessita estar entrando em contato com o cliente para efetuar a cobrança. As cobranças podem ser feitas de duas formas: a) Direta: quando a empresa utiliza seus próprios meios e estratégias para fazer as cobranças, como por exemplo, por meio do vendedor que atendeu aquele cliente, o qual faz o contato e organiza os procedimentos para que o pagamento aconteça, como visitar o cliente para buscar cheques, dinheiro, etc. Outra forma é utilizar-se de contato telefônico, bem como de recursos da internet, como e-mails, para efetuar a cobrança. Na grande maioria dos casos, com essas ações de cobrança os pagamentos são realizados. AN02FREV001/REV 4.0 76 b) Indireta: essa é talvez a forma que causa maiores desgastes na empresa e nas pessoas que estão envolvidas. Essa forma, geralmente é consequência da forma direta de cobrança, em que a empresa não consegue obter o pagamento pelo seu cliente e necessita recorrer a mecanismos judiciais para que o mesmo seja realizado. Na grande maioria das vezes, a empresa possui um departamento jurídico que fica encarregado dessa cobrança, no qual os respectivos títulos são protestados em juízo por meio de procedimentos judiciais e o cliente é comunicado por oficial de justiça. Em muitos casos, somente com o aviso judicial, o pagamento é feito. Em outros, são necessários procedimentos de maior profundidade. Essa forma acarreta grandes desgastes emocionais, físicos e financeiros ao cliente e à empresa, podendo gerar o fim do relacionamento entre as partes. Por fim, a empresa necessita realizar o controle dos pagamentos recebidos pelos seus clientes, com a adequada destinação dos documentos que comprovem o pagamento, que devem ser entregues aos clientes, bem como o arquivamento dos documentos relacionados, com vistas a servirem de subsídios para os departamentos contábil e fiscal. 7.3 ANÁLISES FINANCEIRAS Para concluir todo esse complexo processo, a empresa necessita realizar algumas análises financeiras, para poder estudar a viabilidade econômica e financeira do negócio, podendo traçar ações de melhoria ou de correção das ações para conseguir atingir os objetivos empresariais determinados pelo planejamento estratégico. As atividades de análises financeiras dos negócios da empresa e do processo de faturamento estão demonstradas na Figura 10. AN02FREV001/REV 4.0 77 FIGURA 10 – OS ASPECTOS DA ATIVIDADE DE ANÁLISES FINANCEIRAS NAS ORGANIZAÇÕES Pagamentos Recebidos Custos e Despesas Resultados de Vendas Análises Financeiras FaturamentoEstoques FLUXO DE CAIXA Valor Presente Líquido Taxa Interna de Retorno Índice de Lucratividade Líquido Breakeven Taxa Mínima de Atratividade FONTE: Arquivo do autor. As análises financeiras iniciam-se com o estudo de todos os procedimentos que ocorreram no processo de faturamento, ou seja, as informações relacionadas às vendas, ao recebimento de recursos financeiros feitos à vista, aos que foram faturados a prazo e pagos na data de vencimento, aqueles que irão ser pagos por meio de títulos de crédito e boletos, as informações dos estoques, dos custos e despesas que a empresa possui. Além dos respectivos pagamentos a fornecedores, funcionários, entre outros, e os impostos a serem recolhidos e os já pagos. Todas essas informações são agrupadas em uma ferramenta chamada Fluxo de Caixa, que demonstra todas as movimentações financeiras ocorridas em determinado período na empresa (Figura 11). AN02FREV001/REV 4.0 78 FIGURA 11 – EXEMPLO DE FLUXO DE CAIXA Descrição 15/10/2012 30/10/2012 Saldo Inicial R$ 350,00 R$ 12.490,00 Entradas R$ 38.250,00 R$ 46.350,00 Saídas R$ 26.110,00 R$ 12.788,00 Saldo do Período R$ 12.490,00 R$ 46.052,00 Necessidade de Empréstimos R$ R$ FONTE: Arquivo do autor. Após a empresa ter construído o seu respectivo fluxo de caixa, e estar com ele atualizado, é possível realizar algumas análises financeiras, como: a) Taxa Mínima de Atratividade do investimento (TMA): é a taxa mínima para que o negócio da empresa seja considerado rentável. Nesta análise, os acionistas definem qual o valor desta taxa, ou seja, qual o percentual de ganho mínimo que desejam alcançar no investimento. b) Valor Presente Líquido (VPL): O VPL, segundo Abreu Filho et al (2007), é simplesmente a diferença entre o valor presente do negócio da empresa, ou do seu saldo financeiro obtido pelo fluxo de caixa, e o custo da atividade na data atual. Bordeaux-Rego et al (2007) afirma que a análise pelo VPL pode ser resumida assim: VPL maior que 0 (Zero): o capital investido pela empresa no negócio é recuperado, com a remuneração do investimento superando a TMA e gerando riqueza, que é representado pelo valor do VPL; VPL igual a 0 (Zero): o capital investido é recuperado com a mesma TMA e a empresa não obtêm ganho de riqueza; VPL menor que 0 (Zero): o capital investido não é recuperado, sendo a remuneração do capital menor que a TMA, produzindo diminuição da riqueza. AN02FREV001/REV 4.0 79 c) Taxa Interna de Retorno (TIR): segundo Abreu Filho et al (2007), a Taxa Interna de Retorno é a taxa pela qual o VPL de um negócio é zero, sendo que para se investir em qualquer atividade, a TIR deve ser, no mínimo, igual à Taxa Mínima de Atratividade (TMA). d) Índice de Lucratividade Líquido (ILL). O ILL, segundo Abreu Filho et al (2007), é o índice que mede a relação entre o valor recebido e o custo do investimento, sendo uma medida do custo/beneficio. Para que a atividade empresarial seja rentável, o valor do ILL deve ser maior ou igual a um. Bordeaux- Rego et al (2007) afirma que a análise pelo ILL pode ser descrita da seguinte forma: ILL maior que 1 (Um): pois o capital investido é recuperado, a remuneração do investimento supera a TMA e o projeto gera um ganho de riqueza; ILL igual a1 (Um): o capital investido é recuperado com a mesma TMA, e a empresa não obtém ganho de riqueza; ILL menor que 1 (Um): o capital investido não é recuperado, sendo a remuneração do capital menor que a TMA e produzindo perda de riqueza pela empresa. e) Breakeven: O breakeven, ou ponto de equilíbrio, visa determinar a quantidade mínima que deve ser produzida e vendida a fim de equilibrar as receitas e despesas. Segundo Abreu Filho et al (2007), a quantidade quecoloca o negócio de uma empresa em ponto de equilíbrio ou breakeven é aquela que deve ser produzida a fim de que o faturamento seja igual aos custos e, nesta condição, o projeto não produz lucro ou prejuízo. AN02FREV001/REV 4.0 80 8 O FATURAMENTO E A TRIBUTAÇÃO FIGURA 12 - TRIBUTOS FONTE: Disponível em: <http://blogdojadir.com.br/2012/01/chuva-de-impostos/>. Acesso em: 06/01/2012. De acordo com o Código Tributário Nacional (Livro Primeiro, Título Um, Art. 3º): “Tributo é toda contribuição pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. Dessa forma, tributo é todo valor pago ao Estado pelos contribuintes, que podem ser pessoas físicas, ou empresas, tanto no âmbito federal, estadual ou municipal, por meio de legislação própria que o regulamente. Com esses recursos, os Governos Federal, Estaduais e Municipais tentam cumprir a sua função em relação à sociedade. Os tributos podem ser classificados de diversas maneiras: a) Impostos: é um tributo cobrado de forma geral, a todos os contribuintes; os recursos são destinados a toda a sociedade. Os impostos de maior relevância são: ICMS, IPI, PIS, COFINS, IRPF, IRPJ, ISS entre outros. b) Taxas: são tributos cobrados pelo Estado em troca de algum serviço ou benefício prestado ao contribuinte, como as taxas de coleta de lixo, taxa de iluminação pública, entre outras. AN02FREV001/REV 4.0 81 c) Contribuições de melhoria: são aquelas usadas pelo governo para a realização de alguma obra específica. Assim sendo, de acordo com Martins (2011a), existem alguns elementos que fazem parte do processo de tributação: Obrigação Tributária: é por meio dessa relação jurídica que o Estado tem o direito de exigir do contribuinte o pagamento de determinado tributo. Legislação Tributária: Compreende todas as leis que determinam o processo de coleta, recolhimento e cobrança de tributos. Fato Gerador: é o fato, ou ocorrência, que se torna necessário acontecer para que gere o recolhimento de determinado tributo. Por exemplo, o ICMS tem como fato gerador a emissão da nota fiscal de venda ao consumidor. Sujeito Ativo: é a personalidade que tem o direito de exigir a execução da obrigação tributária. Sujeito Passivo: é o contribuinte, que tem o dever de pagar os tributos. De acordo com Veloso (2003), o governo pode cobrar tributos por meio de algumas formas principais: a. Tributos sobre o Consumo: são aqueles que são cobrados por meio das compras de mercadorias pelos consumidores, em que incidem o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), o ISSQN (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza), o II (Imposto sobre Importação), além de COFINS, PIS, entre outros. b. Tributos sobre a Propriedade: são aqueles que existem em função do patrimônio. Os principais são IPTU (Imposto Predial Territorial e Urbano), ITR (Imposto sobre a Propriedade Rural), ITBI (Imposto sobre Transmissão Inter Vivos), IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores) e o ITCMD (Imposto sobre Transmissão de Heranças e Doações). AN02FREV001/REV 4.0 82 c. Tributos sobre a Renda: são todos aqueles que incidem sobre a renda gerada pelos contribuintes. Entre eles estão IR (Imposto de Renda) e CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido). d. Contribuições sobre a mão de obra: além dos citados acima, ainda existem os tributos que são incidentes sobre o trabalho das pessoas, como o INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social). Os tributos são classificados de acordo com a esfera governamental que o regulamenta e para a qual os recursos são destinados. Assim sendo, na esfera do Governo Federal, os principais tributos são: a) IRPJ (Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas): é o imposto recolhido sobre a renda das empresas, principalmente, para a Receita Federal e as informações pertinentes a esse tributo, como base de cálculo, por exemplo, dependem do regime de tributação a qual a empresa optou. Sobre esse tema, descreveremos mais adiante. b) CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido): segue os formatos para o IRPJ, sendo baseado na opção de tributação das empresas e é recolhido pela Receita Federal. As alíquotas oscilam entre 9% para as empresas que optam pelo lucro real e 12% para as empresas do lucro presumido. c) PIS (Programas de Integração Social): é apurado sobre o valor do faturamento mensal de empresas, com alíquota variando entre 0,65% a 1,65%, dependendo da forma de tributação das empresas. d) COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social): é um tributo que incide sobre o faturamento das empresas, com alíquota de 3% a 7,6%. e) INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social): são recolhidos sobre a folha de pagamentos dos funcionários das empresas. As aliquotas chegam a 28,80%. f) IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados): é um tributo que incide sobre a industrialização de bens, em que a alíquota varia de acordo com o produto. AN02FREV001/REV 4.0 83 Da mesma maneira que os tributos federais existem também os tributos estaduais. Merecem destaque: a) ICMS (Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Serviços): é o principal imposto estadual e o de maior arrecadação. Incide sobre operações relacionadas à circulação de mercadorias, de serviços de transporte e de comunicações. As alíquotas variam de estado para estado, mas como exemplo, no estado de São Paulo a alíquota é de 18% e no Rio Grande do Sul é de 12%. Parte da arrecadação com esse tributo é destinado aos municípios. Do mesmo modo, existem os impostos municipais, com destaque para o ISS (Imposto sobre Serviços). Assim sendo, para que aconteça o recolhimento dos impostos e outros tributos, é necessária a devida legislação correspondente, além da obrigação tributária e o fato gerador que o constitui. Dessa forma, como exemplo, temos o ICMS, que é um imposto estadual que possui legislação própria, tendo como obrigação tributária a legislação sobre a circulação de mercadorias e serviços, e como fato gerador a emissão da nota fiscal de venda, ou a execução da função faturamento. Dessa forma, toda vez que ocorrer o faturamento, com a emissão de nota fiscal, na mesma nota fiscal haverá especificado o valor correspondente ao ICMS, que deve ser recolhido ao governo em datas estabelecidas. Um fato que ocorre é a chamada não cumulatividade dos impostos, em que o pagamento do ICMS na compra com o fornecedor não acumula com o recolhimento na venda, pois a empresa recolhe apenas o valor a que se refere a não cumulatividade. De acordo com (MARTINS, 2011a, p.12): (...) entre o fato gerador e a declaração do sujeito passivo, estão compreendidas as obrigações acessórias, tais como emissão de documentos fiscais, escrituração de livros, elaboração de arquivos magnéticos, sendo justamente sobre os documentos produzidos em cumprimento às obrigações acessórias que recai a atividade fiscalizadora do Estado. AN02FREV001/REV 4.0 84 Dessa forma, além do contribuinte, seja pessoa física ou empresa, ter que recolher os impostos ao governo, ainda necessita arcar com os custos relacionados aos procedimentos para esse fim, como o preenchimento de guias, carnês, declarações, entre outros, que também oneram o processo empresarial. 8.1 CARGA TRIBUTÁRIA NO BRASIL E MUNDO A tributação é tida pelas empresas como sendo a porção representativa que gera o maior passivo financeiro para as mesmas (BORGES, 2007). A elevada carga tributária gera grandes custos para as empresas e para o consumidor, visto que além do pagamento dos impostos propriamente dito,existem ainda as atividades acessórias, como o preenchimento de guias, declarações, etc. que oneram ainda mais as empresas. E, o pior é que o retorno do governo às empresas e à sociedade como um todo é muito pequeno. A carga tributária é a relação existente entre a arrecadação anual com tributos e o valor total da riqueza produzida no país, por meio dos valores do Produto Interno Bruto (PIB). Por exemplo, no Brasil, no ano de 2010, foram arrecadados em impostos R$ 1,291 trilhões e o valor total do PIB foi de R$ 3,675 trilhões, o que gera o valor da carga tributária em 35,13% (OLENIKE et al, 2012). A carga tributária brasileira é considerada muito alta, sendo o Brasil um dos países que mais arrecadam impostos no mundo. A evolução da carga tributária foi crescente, considerando os diversos governos e períodos históricos. AN02FREV001/REV 4.0 85 FIGURA 13 – A CARGA TRIBUTÁRIA NO BRASIL NO PERÍODO DE 1964-1973 (DITADURA MILITAR) FONTE: Carga Tributária Total – Brasil: evolução da arrecadação de impostos entre 1964 e 2010. Ao analisar-se a Figura 13, percebe-se que durante o primeiro período do governo militar, entre 1964 e 1973, a carga tributária em 1964 foi de 17% do PIB, já tendo um crescimento alto no período, chegando a 1973 com arrecadação em torno de 25% do PIB, ou seja, um crescimento de 8,0 pontos percentuais somente nesse governo. FIGURA 14 – A CARGA TRIBUTÁRIA NO BRASIL NO PERÍODO DE 1985-1989 (GOVERNO SARNEY) FONTE: Carga Tributária Total – Brasil: evolução da arrecadação de impostos entre 1964 e 2010. http://brasilfatosedados.files.wordpress.com/2011/06/7-9e.png AN02FREV001/REV 4.0 86 Se observar-se o Governo Sarney, entre 1985 e 1989 através da Figura 14, pode-se dizer que a carga tributária nesse período se manteve estável, visto que em 1985 a arrecadação foi de 24% do PIB e o governo terminou o seu período em 1989, com a carga tributária em 24,10% do PIB, tendo uma curva de projeção constante. Porém, a carga tributária nesse período obteve um momento de elevação e outro momento de queda e, em 1986, a carga tributária chegou a 26,2% do PIB e em 1988 ela foi a menor deste governo, chegando a 22,40% do PIB. FIGURA 15 – A CARGA TRIBUTÁRIA NO BRASIL NO PERÍODO DE 1990-1992 (GOVERNO COLLOR) FONTE: Carga Tributária Total – Brasil: evolução da arrecadação de impostos entre 1964 e 2010. FIGURA 16 – A CARGA TRIBUTÁRIA NO BRASIL NO PERÍODO DE 1993-1994 (GOVERNO ITAMAR) FONTE: Carga Tributária Total – Brasil: evolução da arrecadação de impostos entre 1964 e 2010. http://brasilfatosedados.files.wordpress.com/2011/06/7-9h.png http://brasilfatosedados.files.wordpress.com/2011/06/7-9i.png AN02FREV001/REV 4.0 87 Ao analisar-se o período do Governo Collor, entre 1990 e 1992, conforme demonstrado pela Figura 15, pode-se perceber que a carga tributária no Brasil, no início deste governo atingia o patamar de 28,80% do PIB, sofrendo quedas ao longo dos demais períodos, encerrando o governo em 25,0% do PIB arrecadados com os tributos naquele ano. O governo seguinte, que foi executado pelo presidente Itamar Franco, demonstrado pela Figura 16 elevou novamente a arrecadação tributária, partindo de 26,0% do PIB em 1992 e atingindo o índice de 29,8% do PIB arrecadados em forma de tributos no ano de 1994. FIGURA 17 – A CARGA TRIBUTÁRIA NO BRASIL NO PERÍODO DE 1995-2001 (GOVERNO FHC) FONTE: Carga Tributária Total – Brasil: evolução da arrecadação de impostos entre 1964 e 2010. No período entre 1995 e 2002, com o governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC) como pode ser visto pela Figura 17, os níveis da carga tributária se mantiveram em um constante crescimento, em que o governo iniciou-se em 1995 com carga tributária em redor de 26% do PIB, com elevações constantes ao longo dos anos e terminando o seu mandato em 2002, com a carga tributária ao redor de 32%, a mais alta taxa de arrecadação vivida pela população brasileira. http://brasilfatosedados.files.wordpress.com/2011/06/7-9j.png AN02FREV001/REV 4.0 88 FIGURA 18 – A CARGA TRIBUTÁRIA NO BRASIL NO PERÍODO DE 2002-2010 (GOVERNO LULA) FONTE: Carga Tributária Total – Brasil: evolução da arrecadação de impostos entre 1964 e 2010. Por fim, o governo Lula, no período compreendido entre 2003 e 2010, conforme demonstrado pela Figura 18, alcançou índices crescentes nos valores da carga tributária, tendo o valor de 31,4% do PIB no ano de 2003 e atingindo o percentual de 34,6% do PIB em 2010, sendo considerado um alto valor arrecadado pelo governo em tributos, prejudicando a população e as empresas do país, impondo um altíssimo esforço pela sociedade como um todo, para se atingir esse elevado valor em arrecadação de impostos. O grande diferencial dessa análise, é que as porcentagens dos índices alcançados nos valores da carga tributária foram sendo crescentes e estabilizaram- se ao redor de 33% do PIB, na média dos governos. Mas isso é um detalhe que não é o pior de todos. O que vimos ao longo dos anos foi o vertiginoso crescimento da riqueza produzida no país, com grande aumento nos valores do PIB. Isso produziu, por consequência, volumes altíssimos de recursos financeiros para os cofres públicos, tirando da sociedade esses valores e transferindo para o Estado. Uma análise considerada para se perceber como ocorre o retorno para a sociedade dos tributos recolhidos diz respeito ao chamado IDH. Segundo Olenike et al (2012), o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é um índice que considera a http://brasilfatosedados.files.wordpress.com/2011/06/7-9k.png AN02FREV001/REV 4.0 89 riqueza, alfabetização, educação, esperança de vida, entre outros fatores, como forma de avaliar e medir o bem-estar da população nos diversos países do mundo, sendo calculado com base em dados econômicos e sociais. Os valores oscilam entre 0 (Zero) e 1 (Um), com os valores próximos a 1 (Um) como sendo os de melhor desenvolvimento humano. Juntamente com o IDH, outro índice merece destaque nessa discussão, que é o IRBES (Índice de Retorno de Bem-Estar à Sociedade), que é obtido pela utilização dos valores e índices da carga tributária e do IDH, chegando-se ao valor deste fator. A importância desses dois índices demonstra o quanto os valores arrecadados com tributos nos países são aplicados na sociedade, em aspectos com políticas públicas para a saúde, educação, segurança, transporte, investimentos, entre outros aspectos. Assim sendo, tem-se a Tabela 1 que mostra os índices dos trinta países com maiores valores do índice IRBES. TABELA 1 – O IRBES EM 30 PAÍSES PESQUISADOS – 2011 RANKING DOS 30 PAÍSES PESQUISADOS SEGUNDO O IRBES PAÍSES ANO 2010 ANO 2011 IRBES POSIÇÃO CARGA TRIBUTÁRIA IDH Austrália 25,90% 0,929 164,18 1º Estados Unidos 24,80% 0,91 163,83 2º Coreia do Sul 25,10% 0,897 162,38 3º Japão 26,90% 0,901 160,65 4º Irlanda 28,00% 0,908 159,98 5º Suíça 29,80% 0,903 157,49 6º Canadá 31,00% 0,908 156,53 7º Nova Zelândia 31,30% 0,908 156,19 8º Grécia 30,00% 0,861 153,69 9º Eslováquia 28,40% 0,834 153,23 10º Israel 32,40% 0,888 153,22 11º Espanha 31,70% 0,878 153,18 12º Uruguai 27,18% 0,783 150,3 13º Alemanha 36,70% 0,905 149,72 14º Islândia 36,30% 0,898 149,59 15º Argentina 29,00% 0,797 149,4 16º República Tcheca 34,90% 0,865 148,39 17º Reino Unido 36,00% 0,863 146,96 18º Eslovênia 37,70% 0,884 146,79 19º Luxemburgo 36,70% 0,867 146,49 20º Noruega 42,80% 0,943 145,94 21º Áustria 42,00% 0,885 141,93 22º Finlândia 42,10% 0,882 141,56 23º AN02FREV001/REV 4.0 90 Suécia 44,08% 0,904 141,15 24º Dinamarca 44,06% 0,895 140,41 25º França 43,15% 0,884 140,52 26º Hungria 38,25% 0,816 140,37 27º Bélgica 43,80% 0,886 139,94 28º Itália 43,00% 0,874 139,84 29º Brasil 35,13% 0,718 135,83 30º FONTE: Olenike et al (2012).Pode-se perceber que a Austrália ocupa a posição nº 01 no índice IRBES (164,18 pontos) e IDH (0,929) para o período 2010 e 2011, seguido pelos EUA (com índice IRBES de 163,83 pontos e IDH de 0,910) e Coreia do Sul (com índice IRBES de 162,38 pontos e IDH de 0,897). O fato interessante é que os índices da carga tributária são menores que muitos outros países, sendo respectivamente, 25,90%, 24,80% e 25,10% do PIB. O Brasil ocupa o 30º lugar nesse ranking, com índices de IDH ao redor de 0,718 e IRBES com 135,83 pontos. Outra ferramenta importante no Brasil é o chamado Impostômetro, que é um “relógio” desenvolvido por alguns órgãos empresariais do Brasil, como a FIESP, e que mostra, em tempo real, os valores arrecadados em tributos a cada dia do ano. Essa ferramenta é disponibilizada em site próprio (http://www.impostometro.com.br/) e pode ser visualizada a arrecadação de impostos de várias formas. Além do valor total de impostos arrecadados, que é mostrado na tela principal (Figura 19), outros valores podem ser obtidos, como a arrecadação por categoria de impostos e por habitantes, por exemplo (Figura 19). No período entre 01/01/2012 à 18/11/2012, o país havia arrecadado cerca de R$1,322 Trilhão com impostos. FIGURA 19 – IMAGEM DO IMPOSTÔMETRO MOSTRANDO A ARRECADAÇÃO DE TRIBUTOS BRASILEIRA EM 2012 FONTE: Disponível em: <http://www.impostometro.com.br/>. Acesso em: 18 nov. 2012. AN02FREV001/REV 4.0 91 FIGURA 20 – IMAGEM DO IMPOSTÔMETRO MOSTRANDO A ARRECADAÇÃO DE TRIBUTOS BRASILEIRA EM 2012 POR HABITANTE. FONTE: Disponível em: <http://www.impostometro.com.br/>. Acesso em: 18 nov. 2012. 8.2 REGIMES DE TRIBUTAÇÃO A legislação tributária brasileira possibilita que as empresas façam a opção por qual forma de tributação será aplicada em seus negócios, existindo para tal, três possibilidades. As empresas podem optar por qual sistema utilizar para se fazer todos os procedimentos para a correta arrecadação tributária que será paga pela empresa e recolhido aos cofres públicos. A opção pode ser feita pelo sistema chamado de Lucro Real, Lucro Presumido ou o Simples Nacional. De acordo com Martins (2011c) a opção feita pela empresa é definitiva para todo o referido ano fiscal, não podendo ser alterada no decorrer do período. Dessa forma, a empresa necessita ter o devido conhecimento da execução de tais sistemas para poder optar por aquele que lhe traga melhores retornos. No sistema chamado de “Simples Nacional”, os impostos federais foram agrupados e são recolhidos de forma unificada, de acordo com uma tabela específica para tal finalidade. Porém, para esse Sistema só podem se beneficiar as micro e pequenas empresas, cujo faturamento anual não ultrapasse os R$ 2,4 milhões. O simples nacional é incidente sobre o faturamento anual da empresa, ou seja, sobre a quantidade total que a empresa obteve de “Receitas de Vendas”. As alíquotas são demonstradas pela Tabela 2. AN02FREV001/REV 4.0 92 TABELA 2 – ALÍQUOTAS SOBRE O FATURAMENTO PARA SISTEMA DE TRIBUTAÇÃO SIMPLES NACIONAL – 2009 Faturamento Anual Comércio Indústria Serviços Até R$ 60.000 3,0% 3,5% 5,25% De R$ 60.000,01 a R$ 90.000 4,0% 4,5% 6,75% De R$ 90.000,01 a R$ 120.000 5,0% 5,5% 8,25% De R$ 120.000,01 a R$ 240.000 5,4% 5,9% 8, 85% De R$ 240.000,01 a R$ 360.000 5,8% 6,3% 9,45% De R$ 360.000,01 a R$ 480.000 6,2% 6,7% 10,05% De R$ 480.000,01 a R$ 600.000 6,6% 7,1% 10,65% De R$ 600.000,01 a R$ 720.000 7,0% 7,5% 11,25% De R$ 720.000,01 a R$ 840.000 7,4% 7,9% 11,85% De R$ 840.000,01 a R$ 960.000 7,8% 8,3% 12,45% De R$ 960.000,01 a R$ 1.080.000 8,2% 8,7% 13,05% De R$ 1.080.000,01 a R$ 1.200.000 8,6% 9,1% 13,65% De R$ 1.200.000,01 a R$ 1.320.000 9,0% 9,5% 14,25% De R$ 1.320.000,01 a R$ 1.440.000 9,4% 9,9% 14,85% De R$ 1.440.000,01 a R$ 1.560.000 9,8% 10,30% 15,45% De R$ 1.560.000,01 a R$ 1.680.000 10,20% 10,70% 16,05% De R$ 1.680.000,01 a R$ 1.800.000 10,60% 11,10% 16,65% De R$ 1.800.000,01 a R$ 1.920.000 11,00% 11,50% 17,25% De R$ 1.920.000,01 a R$ 2.040.000 11,40% 11,90% 17,85% De R$ 2.040.000,01 a R$ 2.160.000 11,80% 12,30% 18,45% De R$ 2.160.000,01 a R$ 2.280.000 12,20% 12,70% 19,05% De R$ 2.280.000,01 a R$ 2.400.000 12,60% 13,10% 19,65% FONTE: Disponível em: <http://antigo.sp.sebrae.com.br/principal/melhorando%20seu%20neg%C3%B3cio/orienta%C3%A7% C3%B5es/finan%C3%A7as/legislacao/impostos.aspx>. Acesso em:06/01/2012. Segundo Martins (2011c, p.): (...) estão obrigadas a optar pela tributação com base no Lucro Real as pessoas jurídicas que estiverem enquadradas nas seguintes condições: I - cuja receita total, no ano-calendário anterior seja superior ao limite de R$ 48.000.000,00 (quarenta e oito milhões de reais); II - cujas atividades sejam de bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desenvolvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamento e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades corretoras de títulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil, cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capitalização e entidades de previdência privada aberta; III - que explorem as atividades de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológica, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a receber, compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring). AN02FREV001/REV 4.0 93 Para todas as demais empresas, existe a opção entre o Lucro Real e o Lucro Presumido. Lucro real é o lucro líquido obtido pela empresa em determinado período, apurado depois de realizados os cálculos do lucro operacional, dos resultados não operacionais, adicionados os custos, despesas, encargos, etc.; e subtraídas as exclusões e compensações, como os prejuízos acumulados, por exemplo (MARTINS, 2011c). No caso do Lucro Presumido, todas as empresas que alcancem receitas totais, ou faturamento total, de até R$ 48 milhões podem adotar o sistema, no qual se aplica um percentual sobre essa receita bruta para se construir a base de cálculo dos impostos, sendo esse percentual entre 1,6% e 32%, de acordo com tabelas específicas feitas pelo Governo Federal. TABELA 3 – ALÍQUOTAS SOBRE O FATURAMENTO PARA SISTEMA DE TRIBUTAÇÃO LUCRO REAL – 2009 Tipo de Imposto Tipo de Atividades Alíquota Base de Cálculo Observação IR Comércio, Indústria e Serviços 15% Lucro Líquido Se o lucro líquido for superior a R$ 20.000 por mês, haverá um adicional de 10% sobre o excedente. CSLL Comércio, Indústria e Serviços 9% Lucro Líquido PIS Comércio, Indústria e Serviços 1,65% Valor da Venda O imposto sobre a venda deverá ser compensado com o imposto sobre a compra. COFINS Comércio, Indústria e Serviços 7,6% Valor da Venda O imposto sobre a venda deverá ser compensado com o imposto sobre a compra. IPI Indústria Variável Valor da Venda O imposto sobre a venda deverá ser compensado com o imposto sobre a compra. II Importação Variável Valor da Importação ICMS Indústria e Comércio De 0% a 25% Valor da Venda O imposto sobre a venda deverá ser compensado com o imposto sobre a compra. ISS Serviços De 2% a 5% Valor da Venda FONTE: Disponível em: <http://antigo.sp.sebrae.com.br/principal/melhorando%20seu%20neg%C3%B3cio/orienta%C3%A7% C3%B5es/finan%C3%A7as/legislacao/impostos.aspx>. Acesso em: 06/01/2012. AN02FREV001/REV 4.0 94 É possível perceber pela análise da Tabela 3 algumas peculiaridades dos sistemas de tributação pelo lucro real e pelo lucro presumido. No caso do lucro real, existe a chamada execução da “não cumulatividade dos impostos federais”, em que os impostos que as empresas pagam aos fornecedoresnão podem ser cobrados novamente no momento da venda. Assim sendo, quando a empresa efetua uma compra, e recolhe impostos relacionados a ela, a mesma obtém “Créditos” de impostos, que serão utilizados pela empresa como forma de reduzir o recolhimento dos mesmos. No momento da venda de seus produtos ao cliente final, a empresa deverá recolher os valores relacionados aos impostos, em que, pelo princípio da não cumulatividade, os mesmos necessitam ser compensados. Essa técnica se aplica aos impostos: PIS, COFINS, IPI E ICMS, que usam como base de cálculo do imposto os respectivos valores de venda, ou seja, esses impostos são apurados no exato momento do faturamento, que é o objeto desse trabalho. No caso específico do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), a regra no lucro real corresponde à incidência de alíquota de 15% sobre o lucro líquido, desde que o mesmo seja até o valor de R$ 20.000,00. Se o lucro ultrapassar esse valor, há um adicional de 10% sobre esse valor excedente. Outro aspecto interessante diz respeito ao pagamento da CSLL, que possui alíquota fixa de 9% sobre o lucro líquido obtido. TABELA 4 – ALÍQUOTAS SOBRE O FATURAMENTO PARA SISTEMA DE TRIBUTAÇÃO LUCRO PRESUMIDO – 2009 Tipo de Imposto Tipo de Atividades Alíquota Base de Cálculo Observação IR Comércio, Indústria e Serviços 1,2% Valor da Venda CSLL Comércio, Indústria e Serviços 1,08% Valor da Venda PIS Comércio, Indústria e Serviços 0,65% Valor da Venda COFINS Comércio, Indústria e Serviços 3,0% Valor da Venda IPI Indústria Variável Valor da Venda O imposto sobre a venda deverá ser compensado com o imposto sobre a compra. II Importação Variável Valor da Importação AN02FREV001/REV 4.0 95 ICMS Indústria e Comércio De 0% a 25% Valor da Venda O imposto sobre a venda deverá ser compensado com o imposto sobre a compra. ISS Serviços De 2% a 5% Valor da Venda FONTE: Disponível em: <http://antigo.sp.sebrae.com.br/principal/melhorando%20seu%20neg%C3%B3cio/orienta%C3%A7% C3%B5es/finan%C3%A7as/legislacao/impostos.aspx>. Acesso em: 06/01/2012. Da mesma maneira, para o sistema de tributação Lucro Presumido (Tabela 4), os impostos são aplicados em alíquotas específicas, tendo como base de cálculo o valor da venda, ou seja, o faturamento. Novamente, é demonstrada a relação entre o processo de faturamento, a função faturamento propriamente dita, e a tributação, pois esses impostos são apurados no momento em que se realiza a função faturamento. Para os impostos ICMS e IPI, haverá a compensação sobre a compra, como forma de não cumulatividade dos mesmos, conforme descrito anteriormente. Após o exposto, preparamos um exemplo fictício para analisarmos a influência da tributação nos rendimentos das empresas e dos trabalhadores, conforme demonstram as Tabelas 5 e 6. TABELA 5 – EXEMPLO FICTÍCIO SOBRE A INFLUÊNCIA DOS IMPOSTOS PARA AS EMPRESAS Empresa com faturamento de R$ 5 milhões por mês Faturamento R$ 5.000.000 Folha de pagamento R$ 1.500.000 Outros custos e despesas R$ 605.500,00 Tributos sobre o faturamento: Alíquotas Valores COFINS 3% R$ 150.000 PIS 0,65% R$ 32.500 ICMS 14% R$ 700.000 IPI 4% R$ 200.000 Subtotal R$ 1.082.500 Tributos sobre a folha de pagamento: Alíquotas Valores INSS 28% R$ 300.000 Salário-educação 2,50% R$ 37.500 AN02FREV001/REV 4.0 96 Seguro acidente de trabalho 1,50% R$ 22.500 FGTS 8% R$ 120.000 Serviços sociais (Sesc/Sesi/Senac etc.) 1% R$ 15.000 Subtotal R$ 495.000 Lucro bruto R$ 1.317.000,00 Tributos sobre o lucro: Alíquotas Valores IRPJ 15% R$ 197.550 CSLL 9% R$ 118.530 Subtotal R$ 316.080 Lucro líquido R$ 1.000.920,00 SOMA DE TODOS OS IMPOSTOS R$ 1.893.580 PERCENTUAL DOS IMPOSTOS SOBRE O FATURAMENTO 37,87% PERCENTUAL DO LUCRO LÍQUIDO SOBRE O FATURAMENTO 20,02% FONTE: Arquivo do autor. No caso do demonstrado na Tabela 5, relacionado com uma empresa que obtém um faturamento bruto de R$ 5 milhões mensais, também se considera que a folha de pagamento da empresa, ou seja, todos os custos que são pagos pelo trabalho das pessoas, ou funcionários, seja de R$ 1,5 milhão e que a empresa possua outros custos e despesas na ordem de R$ 605.500,00 mensais. Assim sendo, ao aplicarmos o recolhimento dos principais impostos, como PIS, CONFINS, ICMS e IPI, que incidem sobre o faturamento da empresa, ou seja, são recolhidas as devidas alíquotas relativas ao total de receitas brutas que a empresa obteve por meio de suas vendas, apontadas no momento em que a função faturamento é realizada. Dessa forma, percebe-se que a empresa deverá recolher aos cofres públicos o valor de R$ 1.082.500,00. Além disso, ainda existem outros tributos que incidem sobre a folha de pagamento e que devem ser recolhidos em função do pagamento de remunerações aos funcionários. Como demonstrado, a empresa irá recolher a esse respeito o valor total de R$ 495.000,00. Logo, pode-se extrair o lucro bruto que a mesma obteve no período por meio da subtração dos impostos recolhidos sobre o faturamento e sobre a remuneração, além do valor da folha de pagamento e dos outros custos e despesas, do total de receitas brutas, ou faturamento, obtido no mês. AN02FREV001/REV 4.0 97 Desse modo, vê-se que do faturamento inicial de R$ 5 milhões, o lucro bruto é de R$ 1.317.000,00. No entanto, sobre esse lucro bruto ainda incidem outros impostos, relacionado à renda, como o IRPJ e a CSLL, que impactam a empresa em R$ 316.080,00, deixando um lucro líquido de R$ 1.000.920,00. Dessa maneira, ao analisarmos essa situação hipotética, percebe-se que o total de tributos foi de R$ 1.893.580,00, o que significa um percentual de 37,87% sobre a receita bruta, ou faturamento da empresa, ou seja, mais de 1/3 do valor que a empresa obteve com as vendas e faturamento de seus produtos é direcionado ao pagamento de tributos. Se analisarmos o lucro líquido, ou seja, o ganho efetivo que a empresa obteve no período, sobre o total das vendas, percebe-se que ele representa apenas 20,02% do faturamento bruto, ou seja, a empresa pagou mais impostos do que o valor que obteve de ganhos. TABELA 6 – EXEMPLO FICTÍCIO SOBRE A INFLUÊNCIA DOS IMPOSTOS PARA OS TRABALHADORES Trabalhador com remuneração bruta de R$ 1.500 por mês Remuneração bruta R$ 1.500 Tributos sobre a Remuneração Alíquotas Valores INSS 11% R$ 165 IRPF 15,00% R$ 45 IMPOSTOS INDIRETOS SOBRE O CONSUMO 23,00% R$ 345 Subtotal R$ 555 Lucro líquido R$ 945,00 SOMA DE TODOS OS IMPOSTOS R$ 555 PERCENTUAL DOS IMPOSTOS SOBRE O FATURAMENTO 37,00% PERCENTUAL DO LUCRO LÍQUIDO SOBRE O FATURAMENTO 63,00% FONTE: Arquivo do autor. Comparativamente, para um trabalhador, pode-se fazer a mesma análise, observando que o impacto dos tributos nos seus rendimentos também é alto. Na Tabela 6, pode-se perceber que um funcionário que percebe uma remuneração AN02FREV001/REV 4.0 98 bruta de R$ 1.500,00 mensais, sofre a incidência de impostos na própria folha de pagamento, ou na fonte, como é tecnicamente denominado, pois é recolhido o INSS e o IRPF, que após os respectivos cálculos, deduzem-se os valores de R$ 165,00 e R$ 45,00 respectivamente. Além disso, é estimado que o trabalhador faça o pagamento de impostos indiretos sobre o consumo da ordem média de 23%, ou seja, são os impostos “embutidos” nos produtos de consumo. Assim sendo, vê-se que do seu rendimento bruto “sobra-lhe” o valor de R$ 945,00 mensais. Pode-se afirmar que cerca de 37% da remuneração obtida pelo funcionário são destinados aos cofres públicos pelo recolhimento dos tributos. 8.3 PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO Neste momento iremos demonstrar uma ferramenta de essencial importância para as empresas no tocante às altas percentagens tributáriasa que estão expostas e aos altos valores que estas são obrigadas a recolher ao Governo, nas diversas esferas. Essa ferramenta, chamada de Planejamento Tributário consta de uma série de ideias, planos e outros procedimentos que visam à anulação, redução ou ao adiamento do pagamento dos tributos, conseguindo-se assim, alguma minimização da carga tributária incidente sobre o negócio da empresa, melhorando os seus resultados financeiros (BORGES, 2007). Essa prática consiste em buscar estratégias para que, em determinados momentos, as operações da empresa não configurem fatos geradores de tributos, ou encontrar outros meios para que as obrigações tributárias fiquem menos onerosas (MARTINS, 2011b). Dessa maneira, Greco (2004) expõe que é possível realizar a redução no total de impostos recolhidos ao Estado de três formas, a saber: a) Condutas ilícitas: como fraudes e sonegação fiscal, que são considerados comportamentos ilícitos e não devem ser utilizados. A evasão, como é conhecido esse processo, é utilizado como sinônimo de sonegação, ou seja, toda AN02FREV001/REV 4.0 99 postura da empresa, ou do consumidor, utilizada para fraudar o sistema tributário, deixando de recolher os devidos tributos (MARTINS et al, 2008). Assim sendo, é comum a utilização de venda de produtos e serviços sem a emissão da respectiva nota fiscal, ou seja, o processo de faturamento não é realizado formalmente, ou não é realizado. Dessa forma, todos os tributos que são incidentes sobre o faturamento, ou sobre as vendas, são sonegados, ou seja, a empresa se apropria desses valores cobrados do consumidor, mas não os repassa ao Estado. b) Condutas Desejadas: como os programas de incentivos fiscais, os quais as empresas obtêm dos diversos governos, determinados ganhos tributários, ou isenções, para a prática de suas atividades em determinada região geográfica, ou outro aspecto. Assim sendo, a empresa consegue desempenhar suas atividades empresariais com o pagamento mínimo de tributos, ou com a isenção total dos mesmos (mesmo que seja por apenas algum período de tempo). c) Condutas positivas: como as opções tributárias, mediante análises da melhor opção para a empresa em cada ano, sendo possível optar pelo Lucro Real ou Lucro Presumido, ao analisar-se qual tipo de tributação oferece menor incidência de impostos para a empresa. Outra forma de reduzir a incidência dos impostos é postergando-se a ocorrência do fato gerador, ou seja, a empresa pode planejar gerar o fato gerador em um determinado momento em que suporte o pagamento dos impostos, de acordo com o planejamento financeiro. De acordo com Martins (2011d) para se construir o planejamento tributário são necessárias algumas etapas: a) Levantamento de Dados: que compreende o levantamento de informações com os diversos profissionais responsáveis pelas atividades empresariais desenvolvidas pelos diversos departamentos para poder ter dados suficientes da empresa sobre como se construir o planejamento tributário, ou seja, buscar informações para verificar onde e como se pode obter ganhos, ou reduzir a incidência da carga tributária nos negócios da empresa. AN02FREV001/REV 4.0 100 b) Análise das informações obtidas: esta etapa consiste em analisar as informações obtidas no levantamento e verificar em que momento as mesmas podem ser usadas, bem como se serão utilizadas para a construção do planejamento tributário, além de demonstrar quais informações são relevantes para esse processo e quais não têm importância. c) Construção do planejamento tributário preliminar: é realizado um esboço do planejamento tributário, com a organização das informações relevantes e pertinentes ao objetivo, que é a redução do ônus tributário. d) Avaliação dos Impactos: consiste na avaliação do planejamento preliminar, utilizando-se as informações obtidas e aplicando-as na realidade da empresa, como forma de verificar o impacto que essas ações causam no contexto empresarial dos negócios da empresa. e) Conclusão: são obtidas as conclusões sobre a avaliação dos impactos, e realizadas as possíveis correções que forem necessárias. Pode-se, nesta fase, efetuar novas avaliações dos impactos com as novas correções, até se encontrar o planejamento adequado aos negócios da empresa. f) Implantação: é o momento em que se decide implantar o planejamento construído ao longo das etapas anteriores, realizando todos os procedimentos exigidos para se alcançar os objetivos. FIM DO MÓDULO III