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Pâncreas e Metabolismo da Glicose

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1 
 
AVALIAÇÃO LABORATORIAL DO PÂNCREAS E METABOLISMO DA GLICOSE 
O pâncreas é um órgão composto por ambas as funções: exócrina (epitélio glandular que forma os 
lóbulos acinares, 80%) e endócrina (ilhotas de Langerhans). 
1. Pâncreas exócrino 
A função primordial do pâncreas exócrino é sintetizar e secretar as enzimas digestivas, como: 
 proenzimas inativas – tripsinogênio, quimiotripsina, proelastase e procarboxipeptidase 
 lipase – hidrolisa lipídios 
 amilase – hidrolisa amidos 
As proenzimas inativas tornam-se ativas pela clivagem enzimática realizada por um peptídio de 
ativação. 
Normalmente, o tripsinogênio é clivado para formar a tripsina e o peptídio de ativação do 
tripsinogênio (PAT); a tripsina, então, ativa as demais proenzimas. A amilase e a lipase são 
secretadas nas suas formas ativas. 
Distúrbios do pâncreas exócrino 
a) Pancreatite 
A inflamação pode ser resultado da ativação prematura e vazamento das enzimas pancreáticas no 
interstício pancreático, na cavidade peritoneal e na vasculatura. Ocorre mais comumente em cães 
e gatos, podendo manifestar-se aguda ou cronicamente. 
A liberação intraperitoneal de enzimas pancreáticas causa lesões teciduais nas áreas adjacentes 
ao pâncreas, aumentando, assim, a gravidade e a extensão da lesão. O aumento subsequente de 
mediadores inflamatórios pode resultar em uma resposta inflamatória sistêmica 
b) Insuficiência pancreática exócrina (IPE) 
Distúrbio que resulta em insuficiente produção e secreção das enzimas pancreáticas. 
Ocorre devido à perda de células acinares pancreáticas, causando má digestão. Os sinais clínicos 
são similares aos dos distúrbios intestinais que resultam em má absorção, mesmo diante de 
adequada digestão dos nutrientes. 
Detecção da lesão 
O diagnóstico de pancreatite pode ser extremamente difícil de ser estabelecido, especialmente nos 
casos crônicos ou leves. Cães com pancreatite aguda apresentam vômito e dor abdominal, sinais 
menos frequentes nos gatos – que parecem desenvolver mais frequentemente pancreatite crônica 
do que a doença aguda. 
Fatores de risco 
 Cães: obesidade, dietas ricas em gorduras, uma ampla variedade de medicamentos, 
intoxicação por zinco, hipercalcemia, trauma, isquemia, obstrução do trato biliar, neoplasia 
e agentes infecciosos. 
 Gatos: doenças inflamatórias intestinais (DII) e do trato biliar (triadite), trematódeos no fígado 
e pâncreas (Platynosomum illiciens), e os já descritos para cães. 
 
 
2 
 
Testes laboratoriais 
 Imunorreatividade da lipase pancreática – imunoensaios espécie-específicos que utilizam 
anticorpos para mensurar as concentrações de lipase originadas especificamente no 
pâncreas. 
 Imunorreatividade semelhante à tripsina sérica – utiliza anticorpos espécie-específicos para 
detectar tripsinogênio e tripsina no soro (por isso, imunorreatividade semelhante à tripsina). 
 Atividade sérica da lipase – detectam tanto a lipase oriunda do pâncreas quanto de outros 
tecidos. 
 Atividade sérica da amilase – detectam a amilase produzida por uma ampla variedade de 
tecidos além do pâncreas. 
 Atividades da amilase e da lipase no líquido peritoneal – o líquido peritoneal pode ser obtido 
de animais com suspeita ou portadores de lesão pancreática e as mensurações das 
atividades da amilase e da lipase podem ser úteis ao diagnóstico. 
Hemograma e perfil bioquímico não servem para diagnóstico de lesão pancreática. Alguns casos 
de pancreatite, particularmente a pancreatite crônica felina, podem apresentar resultados normais 
de hemograma e perfil bioquímico. 
2. Pâncreas endócrino 
As células do pâncreas endócrino estão contidas nas ilhotas de Langerhans, onde há uma 
variedade de células especializadas do sistema endócrino, incluindo: 
 células α – secretam glucagon 
 células δ – secretam somatostatina 
 células PP – secretoras do polipeptídio pancreático. 
 células β – produção de insulina. 
A deficiência ou o excesso da produção de insulina podem resultar em importantes anormalidades 
no metabolismo da glicose – hipoglicemia ou hiperglicemia. 
Metabolismo da glicose 
Fontes da glicose sanguínea 
 Absorção intestinal – carboidratos da dieta são quebrados e absorvidos no intestino. 
o Em animais monogástricos essa absorção pode aumentar a concentração de glicose 
no sangue de 2 a 4h após a alimentação. 
 Produção hepática – pela gliconeogênese e glicogenólise. 
o Gliconeogênese – formação de glicose a partir de não carboidratos. 
 Monogástricos – essencialmente de aminoácidos (das proteínas) e de glicerol (da 
gordura). 
 Ruminantes – absorvem os ácidos graxos voláteis em vez de carboidratos, sendo a 
gliconeogênese a partir do ácido propiônico a maior fonte de glicose sanguínea 
o Glicogenólise – hidrólise do glicogênio em glicose 
 Produção renal – o fígado é a fonte primária, mas a gliconeogênese também já foi 
documentada nas células epiteliais renais 
Regulação da concentração de glicose sanguínea 
As concentrações sanguíneas da glicose dependem da interação de múltiplos fatores, como tempo 
decorrido desde a última refeição, influências hormonais e o uso da glicose pelos tecidos periféricos 
(músculo esquelético). 
3 
 
Os hormônios afetam a concentração de glicose sanguínea por intermédio da regulação da 
produção hepática e uso periférico da glicose. 
 
INSULINA – reduz a concentração sanguínea de glicose por: 
 causar aumento da absorção da glicose pelo fígado, musculatura esquelética e tecido 
adiposo 
 inibir a gliconeogênese hepática 
 promover a formação e estocagem de glicogênio no fígado 
A absorção da glicose nos miócitos e adipócitos é facilitada pela proteína transportadora de glicose 
chamada GLUT-4. 
GLUCAGON – aumenta as concentrações sanguíneas de glicose por: 
 estimular gliconeogênese e a glicogenólise hepática 
 inibir a síntese hepática de glicogênio 
GLICOCORTICOIDES – aumentam a concentração sanguínea de glicose por: 
 promover a liberação de glucagon, a gliconeogênese hepática induzindo um estado de 
resistência insulínica (por afetar a capacidade das proteínas de membrana – como GLUT-4 
– em transportar a glicose para o interior das células). 
 efeito final dessas ações = redução do uso periférico da glicose e o aumento da síntese 
hepática de glicose 
CATECOLAMINAS (epinefrina e norepinefrina) – aumentam as concentrações de glicose por: 
 aumentarem a glicogenólise hepática 
 inibirem a secreção de insulina 
 estimularem a liberação do hormônio de crescimento, culminando em redução do uso 
periférico de glicose e aumento da síntese hepática e liberação de glicose. 
 
4 
 
HORMÔNIO DO CRESCIMENTO – aumenta as concentrações de glicose por: 
 inibir a captação de glicose mediada pela insulina nos hepatócitos, células musculares e 
adipócitos 
 aumentar a produção de glicose hepática 
 exercer um efeito pós-receptor no interior das células capaz de inibir a ação da insulina 
sobre o metabolismo da glicose. 
 efeito final dessas ações = redução do uso periférico de glicose, aumento da síntese 
hepática e liberação de glicose. 
Atividades físicas extenuantes podem resultar na redução da concentração sanguínea da glicose 
devido ao aumento do consumo pelos tecidos e musculatura esquelética. Em animais normais, a 
influência hormonal mantém as concentrações sanguíneas de glicose estáveis durante a maior 
parte das atividades físicas. 
Causas de hipoglicemia 
 Medicamentos 
 Esforço intenso 
 Doenças do armazenamento do glicogênio 
 Hipoadrenocorticismo 
 Hipopituitarismo 
 Hipoglicemia juvenil e neonatal 
 Hipoglicemia lactacional 
 Hipoglicemia gestacional 
 Se 
 Inanição ou má absorção 
 Intoxicação por xilitol 
Causas de hiperglicemia 
 Medicamentos ou toxinas 
 Fisiológicas – diestro, esforço/excitação/dor, pós prandial (monogástricos), estresse 
(corticosteroides) 
 Patológicas – DM, hiperamonemia (equinos e bovinos), síndrome metabólica(equinos), 
pancreatite, obstrução duodenal proximal (bovinos) 
Avaliação laboratorial do metabolismo da glicose 
Mensuração da concentração da glicose sanguínea 
 estágio inicial para a avaliação do metabolismo da glicose 
 detecta hiperglicemia ou hipoglicemia 
 em geral, faz parte do perfil bioquímico padrão 
 são necessárias amostras de soro ou de plasma e elas devem ser separadas dos eritrócitos 
em no máximo 30 min após a coleta do sangue 
 o anticoagulante fluoreto de sódio inibe a glicólise e deve ser usado se o soro ou plasma não 
puderem ser rapidamente separados das células 
Diferenças entre espécies 
Devido à concentração de glicose sanguínea em animais monogástricos elevar-se durante 2 a 4 h 
após a alimentação (pós-prandial), ela deve ser mensurada após período de jejum. 
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 Cães e gatos devem ser mantidos em jejum por 12 h antes da coleta para evitar influências 
pós-prandiais. 
 Animais potencialmente hipoglicêmicos não devem ser mantidos em jejum antes da coleta, 
pois isso pode resultar em grave hipoglicemia. 
 Cavalos geralmente não são mantidos em jejum antes da coleta de sangue para avaliação 
da glicose; contudo, deve-se atentar, pois a concentração de glicose sanguínea pode 
aumentar durante 2 a 4 h após a ingestão de suplementos altamente energéticos. 
 Não é necessário manter ruminantes em jejum antes da avalição da glicemia, pois eles 
absorvem principalmente os ácidos graxos voláteis em vez da glicose no trato gastrintestinal. 
Glicose urinária 
 a glicosúria ocorre quando a glicose sanguínea excede o limiar renal, o que varia 
dependendo da espécie – entre 180 e 220 mg/dℓ em cães, 200 e 300 mg/dℓ em gatos, 180 
e 200 mg/dℓ em equinos, 100 mg/dℓ em bovinos. 
 a mensuração concomitante da glicose sanguínea é importante para a interpretação da 
glicosúria; animais diabéticos tipicamente têm hiperglicemia e glicosúria persistentes. 
 glicosúria pode ocorrer na ausência de hiperglicemia quando a capacidade de reabsorção 
renal da glicose estiver diminuída, o que em geral é resultado de anormalidades tubulares 
proximais, as quais podem ser adquiridas ou congênitas. 
 as anormalidades adquiridas incluem aquelas causadas por isquemia, nefrotoxinas e 
amiloidose, enquanto os distúrbios congênitos incluem glicosúria renal primária e síndrome 
de Fanconi. 
Insulina sérica 
 os níveis de insulina podem ser determinados no soro ou plasma heparinizado. 
 são em geral imunoensaios que utilizam anticorpos desenvolvidos para detectar insulina 
suína ou humana, mas que têm boa correlação com a insulina canina. 
 a insulina sérica permanece estável durante 1 semana, se mantida refrigerada, e por muitos 
meses se congelada. 
Frutosamina 
 “Frutosamina” é um termo geral que se refere a qualquer proteína glicosilada (ou seja, 
proteína ligada a um carboidrato) 
 é formada quando a glicose se liga irreversivelmente com grupos amina da albumina e outras 
proteínas no sangue. 
 a concentração de frutosamina sérica é um indicador da concentração da glicose nas 2 a 3 
semanas anteriores (com base na meia-vida das proteínas envolvidas nesse complexo). 
 a longo prazo, a frutosamina fornece informações mais fidedignas a respeito do metabolismo 
da glicose do que a concentração de glicose sanguínea, a qual pode estar transitoriamente 
elevada em algumas situações. 
 a frutosamina, portanto, tem potencial de estabelecer o diagnóstico de diabetes melito e 
monitorar a terapia de diabéticos. 
 a reduçao na concentração de frutosamina são esperadas em hipoglicemias persistentes 
(Insulinoma). 
Hemoglobina glicada 
 a HbA1c é formada dentro dos eritrócitos por meio de uma reação irreversível entre 
carboidratos (especialmente a glicose) e hemoglobina, sendo formada continuamente 
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durante a vida dos eritrócitos; portanto, eritrócitos velhos em geral contêm mais HbA1c se 
comparados com eritrócitos jovens. 
 a quantidade de HbA1c formada é proporcional à concentração de glicose sanguínea 
durante a vida média dos eritrócitos. 
 a concentração de HbA1c no sangue reflete o estado glicêmico durante um período superior 
ao obtido pela concentração de frutosamina, devido ao fato de o tempo de vida dos eritrócitos 
ser relativamente maior (aproximadamente 110 dias nos cães, 70 dias nos gatos e 150 dias 
nos bovinos e equinos). 
 aumentos na concentração de HbA1c não retornam imediatamente ao normal após o 
restabelecimento da concentração normal de glicose sanguínea, pois isso requer a remoção 
dos eritrócitos senescentes com elevadas concentrações de HbA1c. Dessa maneira, a 
redução na concentração de HbA1c pode ser adiada por várias semanas. 
 a hemoglobina glicada pode ser usada nas mesmas situações que a frutosamina, todavia, 
as concentrações de frutosamina são alteradas mais rapidamente quando ocorrem 
mudanças na glicemia, o que pode ser vantajoso em várias situações. 
 a hemoglobina glicada é mensurada no sangue total acrescido do anticoagulante EDTA, 
mantendo-se estável por 7 dias sob refrigeração. 
 estará reduzida em animais anêmicos – devido à diminuição da concentração de 
hemoglobina e/ou ao aumento do número de reticulócitos no caso de uma resposta 
regenerativa. 
 estará aumentada em animais policitêmicos. 
Além desses, faz-se também a curva glicêmica, monitoramento continuo da glicose, teste de 
intolerância à lactose.

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