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Criados a Imagem de Deus para O representarmos na Terra

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Criados a Imagem de Deus 
para O representarmos na Terra. 
 
 
 
Gn 1.26,27 – “Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, 
conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, 
sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e 
sobre todos os répteis que rastejam pela terra. Criou Deus, pois, o homem à 
sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. 
 
“O homem não apenas porta ou tem a imagem de Deus, mas ele é a imagem 
de Deus, e que a imagem de Deus estende-se ao homem em sua inteireza1”. 
 
“Ele [o homem] não seria homem se não fosse a imagem de Deus. Ele é a 
imagem de Deus pelo fato de que ele é homem2”. 
 
A imagem de Deus no homem não é algo acidental. Ele não pode 
perder essa imagem e continuar sendo homem. A imagem de Deus no 
homem é essencial à sua própria existência. 
 
Observemos a palavra imagem no hebraico: ּמצל, tselem: imagem, 
semelhança, aspecto. A ideia principal é a de semelhança. O homem 
originalmente criado era semelhante a Deus, ou seja, seria um espelho na 
Terra. 
 
																																																								
1 Herman Bavinck 
2 Karl Barth, Church Dogmatics, III/1 (Edimburgo: T. & T. Clark, 1958), pág.184 
 
 
1. Espelhando Deus: O homem deve ser como um espelho na Terra 
refletindo para todos a glória de Deus. Quando alguém olha para o homem, 
deve ver o reflexo de quem é Deus. 
 
“Em outras palavras, no homem Deus deve tornar-se visível na terra. Sem 
dúvida, outras criaturas e até mesmo os céus declaram a glória de Deus, mas 
somente no homem Deus se torna visível. Os teólogos reformados falam da 
revelação geral de Deus, na qual revela sua presença, poder e divindade 
pelas obras das suas mãos. Mas, na criação do homem, Deus revelou-se a si 
mesmo de um modo singular, fazendo alguém que era uma espécie de 
imagem de si mesmo refletida no espelho. Honra maior não poderia ter sido 
dada ao homem do que o privilégio de ser uma imagem do Deus que o fez”3. 
 
“Este fato está relacionado à proibição de fazer imagens, encontrada no se- 
gundo mandamento do Decálogo: “Não farás para ti imagem de escultura” 
(Êx 20.4). Deus não quer que suas criaturas façam imagens dele, visto que 
ele já criou uma imagem de si mesmo: uma imagem viva, capaz de andar e 
falar. Se você deseja ver com que me pareço, diz Deus, olhe para a minha 
criatura mais nobre: o homem. Isso significa que quando o homem é o que 
deveria ser, quem o olha deveria ser capaz de ver algo de Deus nele: algo do 
amor de Deus, da bondade de Deus e da benevolência de Deus4”. 
 
2. Representante de Deus: Para compreendermos este ponto devemos 
lembrar dos antigos reis. Ao conquistarem um território, eles colocavam uma 
imagem sua. Essa imagem representava o domínio daquele rei, mesmo não 
estando presente. Deus é representado pelo homem. Para onde o homem 
for, o caminho que trilhar, as falas que pronunciar, os gestos que manifestar – 
devem representar a forma que Deus é. 
 
Podemos observar o rei Nabucodonosor, ao colocar uma imagem que 
representava a si mesmo. O texto não diz claramente que se tratava de uma 
imagem do próprio rei, porém, podemos entender que a imagem o 
representava: 
 
Dn 3.1,2, “O rei Nabucodonosor fez uma imagem de ouro que tinha sessenta 
côvados de altura e seis de largura; levantou-a no campo de Dura, na 
província da Babilônia. Então, o rei Nabucodonosor mandou ajuntar os 
sátrapas, os prefeitos, os governadores, os juízes, os tesoureiros, os 
magistrados, os conselheiros e todos os oficiais das províncias, para que 
viessem à consagração da imagem que o rei Nabucodonosor tinha 
levantado”. 
 
O homem como imagem de Deus naquilo que ele é e 
naquilo que ele faz 
 
A imagem de Deus no homem deve incluir tanto a sua estrutura como 
a sua atividade. Ninguém pode agir sem uma estrutura que lhe dê condições 
																																																								
3 Anthony Hoekema, Criados à imagem de Deus. Cultura Cristã. São Paulo.2010 
4 idem 
para exercer uma certa atividade. Pássaros podem voar, porém apenas se 
tiverem asas, ou seja, uma estrutura adequada. No homem esta o mesmo 
sentido, para que seja um representante de Deus na Terra, este homem 
recebeu uma estrutura, seu corpo, sendo também a imagem de Deus para o 
exercício desta função. 
 
“O corpo do homem também pertence à imagem de Deus... O corpo não é 
uma tumba, mas uma maravilhosa obra-prima de Deus, constituindo-se a 
essência do homem tão plenamente quanto a alma... pertence tão 
essencialmente ao homem que, embora pelo pecado seja violentamente 
removida da alma [na morte], é, no entanto, novamente unido à alma na 
ressurreição5” 
 
O homem é a semelhança de Deus e deve exercer suas funções com 
suas faculdades intelectuais e racionais: 
 
ü Senso moral do homem (capacidade de distinguir entre o certo e o 
errado) e sua consciência. 
ü Capacidade para o culto religioso (sendo de divindade) 
ü Responsabilidade: Capacidade humana de responder perante Deus e 
seus semelhantes e o ser considerado responsável pelo modo como 
dá essas respostas. 
ü Faculdade volitiva: O homem é capaz de tomar decisões segundo sua 
vontade. 
ü Senso estético do homem: Ele pode apreciar a beleza criada por Deus 
na sua criação, ou também, criar algo que seja belo, através de dons 
artísticos (pintura, escultura, poesias e música). Há também a 
capacidade de falar e cantar de forma criativa e bela. 
 
Em suma, pois, podemos dizer que por imagem de Deus no sentido lato 
ou estrutural entendemos o conjunto de dons e capacidades dados ao 
homem e que o habilitam a agir como tal em seus diversos relacionamentos e 
vocações. Assim o homem deve exercer tudo o que é e faz segundo a 
imagem do seu Criador. 
 
O pecado: Não tirou do homem a essência de ser criado a imagem de 
Deus. O pecado obscureceu a verdadeira criação. Seria como colocar um 
pano preto por cima de um espelho. O espelho está ali, porém o lençol negro 
o deixa sem sua verdadeira função que é refletir de maneira clara o Criador. 
Só Jesus pôde retirar o pano preto e nos dar novamente o brilho através da 
redenção. 
 
O homem original em sua tríplice relação (breve resumo) 
 
Gênesis 1.26-28, “Também disse Deus: Façamos o homem à nossa 
imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes 
do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a 
																																																								
5 Dogmatiek, 2:601(citado pelo autor em tradução própria para o inglês). Cf. Berkouwer, Man, págs. 75-77,229-232 
	
terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra. Criou Deus, pois, o 
homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. 
E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a 
terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e 
sobre todo animal que rasteja pela terra”. 
 
1. O homem e Deus 
 
As referências à criação do homem por Deus, à bênção de Deus sobre o 
homem e ao mandato que lhe foi dado por Deus indicam a primeira e 
fundamental relação em que o homem se encontra: seu relacionamento com 
Deus. 
 
2. O homem e seu semelhante 
 
A relação do homem com o seu semelhante é indicado nas palavras “homem 
e mulher os criou” 
 
3. O homem e a natureza. 
 
A nossa relação com a natureza é referida no fato de Deus nos dar domínio 
sobre a Terra. 
 
A imagem pervertida (caída) 
 
O homem original foi criado para este propósito tríplice de relação 
refletindo a Deus. Com o pecado, o homem perdeu de glorificar a Deus 
através desta ordem. O homem ainda o faz, porém de maneira escrava do 
pecado. Após a queda do homem em pecado, a imagem de Deus não foi 
aniquilada, mas pervertida. A imagem no seu sentido estrutural permaneceu 
– os dons, talentos e habilidades humanas não foram destruídas pela Queda, 
mas o homem passou, a partir de então, a usar esses dons de modo 
contrário à vontade de Deus. O que mudou, em outras palavras,não foi a 
estrutura do homem, mas a sua maneira de agir e o rumo de sua vida. 
 
1. O homem (caído) e Deus 
 
Mas o homem decaído, em vez de adorar o Deus verdadeiro, adora os 
ídolos. No primeiro capítulo de Romanos, Paulo aponta a indesculpabilidade 
dessa perversão da relação do homem com Deus: 
 
“Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como 
também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o 
princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram 
criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis; porquanto, tendo 
conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram 
graças, antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, 
obscurescendo-se-lhes o coração insensato. Inculcando-se por sábios, 
tornaram-se loucos e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança 
da imagem de homem corrup- tível, bem como de aves, quadrúpedes e 
répteis (vs.20-23)”. 
 
Enquanto o homem primitivo fazia ídolos de madeira e pedra, o 
homem moderno, procurando alguma coisa para adorar, faz ídolos de um tipo 
mais sutil: a si mesmo, a sociedade humana, o estado, dinheiro, fama, bens 
ou prazer. Tais idolatrias são perversões da capacidade do homem de adorar 
a Deus. 
Poderíamos acrescentar que, em vez de usar sua razão como um 
meio de louvar a Deus, o homem decaído a usa, agora, como um meio de 
louvar-se a si mesmo ou às realizações humanas. O senso moral com o qual 
o homem foi dotado ele agora usa de maneira pervertida, chamando o certo 
de errado e o errado de certo. O dom de falar é usado para amaldiçoar a 
Deus em vez de louvá-lo. Em vez de viver em obediência a Deus, ele é agora 
“homem em rebeldia”, vivendo em desafio a Deus e às leis de Deus. 
 
2. O homem (caído) e seu semelhante. 
 
Em vez de usar sua capacidade para comunhão que enriquece a vida 
dos outros, o homem decaído agora usa esse dom para manipular os outros 
como meios para seus propósitos egoístas. Ele usa o dom de falar para dizer 
mentiras em lugar da verdade, para ferir seu próximo em vez de ajudá-lo. 
Talentos artísticos são frequentemente prostituídos a serviço da luxúria e os 
atributos sexuais dados por Deus são usados com objetivos deturpados e 
corruptos. A pornografia e as drogas tornaram-se grande negócios; o 
propósito deles não é ajudar os outros, mas explorá-los. O lema de muitas 
pessoas no mundo de hoje parece ser o seguinte: “Cada um por si e o diabo 
fique com o resto”. O homem está ainda inescapavelmente relacionado aos 
outros, mas, em vez de amar aos outros, está inclinado a odiá-los 
 
3. O homem (caído) e a natureza. 
 
Em vez de dominar a terra em obediência a Deus, o homem, agora, 
usa a terra e seus recursos para os seus próprios propósitos egoístas. 
Esquecendo-se que lhe foi dado domínio sobre a terra a fim de glorificar a 
Deus e beneficiar os seus semelhantes, o homem, agora, exerce esse 
domínio de for- mas pecaminosas. Explora os recursos naturais sem 
preocupar-se com o futuro: derruba florestas sem reflorestamento, planta 
sem o rodízio de culturas, deixa de tomar medidas para evitar a erosão do 
solo. Suas fábricas poluem rios e lagos, suas chaminés poluem o ar – e 
ninguém parece se preocupar. Sua descoberta do segredo da fissão nuclear, 
em vez de ser um benefício para a humanidade, tornou-se uma ameaça 
estarrecedora que paira sobre nossas cabeças como a espada de Damocles. 
E em suas realizações culturais – sua literatura, sua arte, sua ciência, 
sua tecnologia, a meta do homem é engrandecer-se a si mesmo em vez de 
louvar a Deus. 
 
 
 
Cristo como a verdadeira imagem de Deus 
 
Cl 1.15, “Este é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a 
criação”. 
 
Se queremos, portanto, realmente saber como é a imagem de Deus no 
homem, devemos primeiro olhar para Cristo. Isso significa, entre outras 
coisas, que o fundamental na imagem de Deus não são qualidades tais como 
razão ou inteligência; mas, pelo contrário, o amor, pois, mais do que tudo, o 
que se destaca na vida de Cristo é o seu maravilhoso amor. Em Cristo, 
portanto, vemos de forma clara o que está escondido em Gênesis 1, a saber: 
a imagem perfeita de Deus que o homem deveria ser. 
 
1. Cristo é inteiramente voltado para Deus. 
 
No começo de seu ministério, embora extremamente tentado pelo 
diabo, Jesus resistiu à tentação, em obediência ao Pai. Ele costumava passar 
noites inteiras em oração ao Pai. Ele disse, uma vez: “A minha comida 
consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 
4.34). Ao final de sua vida terrena, quando defrontava-se com o terrível 
sofrimento que haveria de suportar como Salva- dor de seu povo, ele orou: 
“Meu Pai, se possível, passa de mim esse cálice! Todavia, não seja como eu 
quero, e sim como tu queres” (Mt 26.39). 
 
2. Cristo é inteiramente voltado para o próximo. 
 
Quando as pessoas lhe apresentavam suas necessidades, fossem 
elas de cura, de alimento ou perdão, ele estava sempre pronto a socorrê-las. 
Quando, exausto de uma longa jornada, Jesus descansava junto a um poço, 
esqueceu-se prontamente de sua própria fadiga para evangelizar uma mulher 
samaritana. A Zaqueu, Jesus disse: “Porque o Filho do Homem veio buscar e 
salvar o perdido” (Lc 19.10). Noutra ocasião, Jesus disse aos seus discípulos: 
“Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e 
dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc 10.45). Certa vez, Jesus indicou 
qual é o maior amor que alguém pode demonstrar a outro: “Ninguém tem 
maior amor do que este: de dar a sua própria vida em favor dos seus amigos” 
(Jo 15.13). Esse é aquele amor que Jesus mesmo revelou: ele deu a sua vida 
por seus amigos. 
 
3. Cristo domina a natureza. 
 
Com uma ordem, Jesus acalmou a tempestade que ameaçava a vida 
dos seus discípulos no lago da Galiléia. Mais tarde, andou sobre as águas 
para mostrar o seu domínio sobre a natureza. Foi também capaz de 
proporcionar uma pesca maravilhosa. Multiplicou os pães e transformou água 
em vinho. Curou muitas doenças, expulsou muitos demônios, fez os surdos 
ouvirem, os cegos verem, os paralíticos andarem e, até mesmo, ressuscitou 
mortos. 
 
O homem restaurado em Cristo em sua tríplice relação 
 
Cl 3.5-11, “Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, 
impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria; por 
estas coisas é que vem a ira de Deus [sobre os filhos da desobediência]. Ora, 
nessas mesmas coisas andastes vós também, noutro tempo, quando vivíeis 
nelas. Agora, porém, despojai-vos, igualmente, de tudo isto: ira, indignação, 
maldade, maledicência, linguagem obscena do vosso falar. Não mintais uns 
aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos e 
vos revestistes do novo homem que se refaz para o pleno conhecimento, 
segundo a imagem daquele que o criou; no qual não pode haver grego nem 
judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém 
Cristo é tudo em todos”. 
 
Ef 4.20-24, “Mas não foi assim que aprendestes a Cristo, se é que, de fato, o 
tendes ouvido e nele fostes instruídos, segundo é a verdade em Jesus, no 
sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que 
se corrompe segundo as concupiscências do engano, e vos renoveis no 
espírito do vosso entendimento, e vos revistais do novo homem, criado 
segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade”. 
 
1. Ser um ser humano é estar voltado para Deus. 
 
O homem é uma criatura que deve sua existência a Deus, que é 
completamente dependente de Deus e responsável, acima de tudo, perante 
Deus. Esta é a sua primeira e mais importante relação. Todas as outras 
relações do homem devem ser vistas como subordinadas e regidas por esta 
primeira. 
Ser um ser humano no sentido mais verdadeiro, portanto, significa 
amar a Deus sobre todas as coisas, confiar nele e obedecer a ele, orar a ele 
e lhe agradecer. Visto que estar relacionado com Deus é sua relação 
fundamental,a sua vida inteira é para ser vivida coram Deo – como diante da 
face de Deus. O homem está preso a Deus como um peixe está preso à 
água. Quando um peixe procura se libertar da água, ele perde ao mesmo 
tempo sua liberdade e sua vida. Quando nós procuramos nos “libertar” de 
Deus, tornamo-nos escravos do pecado. 
 
“Tu [Deus] nos fizeste para ti mesmo, e nossos corações não descansam até 
encontrarem o seu repouso em ti6” 
 
“Todos os homens nascem para viver com o fim de que possam conhecer 
Deus7” 
“A Escritura está preocupada com o homem em sua relação com Deus, na 
qual ele nunca deve ser visto como homem- em-si-mesmo8” 
 
 
																																																								
6 Agostinho 
7 Calvino 
8 G. C. Berkouwer 
	
2. Ser um ser humano é ser voltado para seus semelhantes. 
 
Estamos, outra vez, em Gênesis 1. Observe a justaposição, no 
versículo 27, de “à imagem de Deus o criou” e “homem e mulher os criou”. 
Trata-se, aqui, de algo mais do que diferenciação sexual, visto que isso é 
encontrado também nos animais e a Bíblia não diz que os animais foram 
criados à imagem de Deus. O que se diz nesse versículo é que a pessoa 
humana não é um ser isolado que é completo em si mesmo, mas que é um 
ser que necessita do companheirismo de outros, que não é completo 
separado dos outros. 
Esse aspecto fica ainda mais nítido em Gênesis 2, que descreve a 
criação de Eva: “Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o homem 
esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea” (v.18). A expressão 
hebraica traduzida como “uma auxiliadora que lhe seja idônea” ‘ezer 
kenegdo. Neged (a palavra traduzida como “lhe seja idônea”) significa 
“correspondente a” ou “que responde a”. Literalmente, portanto, a expressão 
significa “uma ajuda que responda a ele”. O significado das palavras é que a 
mulher complementa o homem, suplementa-o, completa-o, é forte onde ele 
pode ser fraco, supre suas deficiências e preenche suas necessidades. O 
homem é, portanto, incompleto sem a mulher. Isso é válido tanto para a 
mulher como para o homem. A mulher também é incompleta sem o homem; 
o homem suplementa a mulher, complementa-a, preenche suas 
necessidades, é forte onde ela é fraca. 
O fato de que só podemos ser seres humanos completos mediante 
encontros com outros seres humanos também é verdadeiro sob outros 
aspectos. É somente por meio de contatos com outros que descobrimos 
quem somos e quais são as nossas forças e fraquezas. É somente na 
comunhão com outros que crescemos e nos tornamos maduros. É somente 
em parceria com outros que podemos desenvolver plenamente nossas 
potencialidades. Isso é válido para todos os relacionamentos humanos em 
que nos encontramos: família, escola, igreja, vocação ou profissão, 
organizações recreativas, etc. 
Enriquecemo-nos uns aos outros. Isso é verdadeiro inclusive no 
sentido coletivo. Somos enriquecidos pelas pessoas de outras raças, de 
várias origens, de diversos níveis e tipos de educação, de diferentes 
vocações e profissões, além das nossas próprias. Não é bom para uma 
pessoa ter relacionamento social somente com outros “de seu próprio tipo”. 
A relação do homem com outros significa que nenhum ser humano 
deveria ver os seus dons e talentos como uma avenida para o 
desenvolvimento pessoal, mas como um meio pelo qual pode enriquecer a 
vida de outros. Significa que deveríamos estar sequiosos de ajudar os outros, 
curar suas feridas, suprir suas necessidades, levar os seus fardos e 
compartilhar suas alegrias. Significa que deveríamos amar aos outros como a 
nós mesmos. Significa que cada ser humano tem o direito de ser aceito por 
outros, de relacionar-se com outros e de ser amado por outros. Significa que 
aceitação e amor recíprocos são um aspecto essencial de sua humanidade. 
 
 
 
3. O homem e a natureza. 
 
A maioria dos intérpretes, contudo, tem crido, corretamente, que o fato 
de o homem ter domínio sobre a terra é um aspecto essencial da imagem de 
Deus. Como Deus é revelado no primeiro capítulo de Gênesis regendo toda 
a criação, assim o homem é descrito, nos versículos em questão, como uma 
espécie de vice-regente de Deus, que domina a natureza como um 
representante de Deus. Ter domínio sobre a terra, portanto, é essencial à 
existência do homem. O homem não deve ser concebido à parte desse 
domínio assim como não deve ser concebido à parte do seu relacionamento 
com Deus ou com seus semelhantes, os outros seres humanos. 
 
Duas palavras são empregadas em Gênesis 1.28 para descrever esse 
relacionamento do homem com a natureza: subjugar e ter domínio. O verbo 
traduzido como subjugar está numa forma do hebraico kabash, que significa 
“subjugar” ou “escravizar”. Este verbo nos diz que o homem deve explorar os 
recursos da terra, cultivar o solo e escavar os seus tesouros enterrados. Não 
devemos, porém, pensar simplesmente na terra, nas plantas e nos animais; 
de- vemos também pensar na existência humana visto que ela é um aspecto 
da boa criação de Deus. O homem é chamado por Deus para desenvolver 
todas as potencialidades encontradas na natureza e na humanidade como 
um todo. Cabe-lhe desenvolver não somente a agricultura, a horticultura e a 
criação de animais, mas também a ciência, a tecnologia e a arte. Em outras 
palavras, temos aqui o que frequentemente se chama de o mandato cultural: 
o mandamento de desenvolver uma cultura que glorifica a Deus. Embora 
essas palavras ocorram como parte da bênção de Deus ao homem, a bênção 
encerra um mandato. 
A outra palavra usada em Gênesis 1.28 para descrever esta relação, 
traduzida como “ter domínio”, é uma forma do verbo hebraico radah, que 
significa “governar” ou “dominar”. É dito especificamente que a humanidade 
terá domínio sobre os animais. Observe também, nesse mesmo contexto, 
Gênesis 9.2, onde Deus diz a Noé, como representante da humanidade pós-
dilúvio, “pavor e medo de vós virão sobre todos os animais da terra e sobre 
todas as aves dos céus; tudo o que se move sobre a terra e todos os peixes 
do mar nas vossas mãos serão entregues”. O salmo 8 não somente ecoa 
como expande esse pensamento: 
 
“Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória e de 
honra o coroaste. Deste-lhe domínio sobre as obras da tua mão e sob os 
seus pés tudo lhe puseste (vs.5,6)”. 
 
É importante, portanto, observar que a relação própria do homem com 
a natureza não é simplesmente a de governá-la. Passando de Gênesis 1 
para Gênesis 2, vemos que Adão recebeu uma tarefa específica para 
realizar: cultivar (‘abad) e guardar (shamar) o jardim do Éden onde Deus o 
havia colocado (v.15). A palavra hebraica ‘abad literalmente significa “servir”. 
A palavra shamar significa “guardar, vigiar, preservar ou cuidar de”. 
Adão, em outras palavras, não somente recebeu o mandamento de dominar 
a natureza; foi-lhe dito para cultivar e guardar aquele pedaço de terra onde 
havia sido colocado. Se os seres humanos tivessem recebido apenas o 
mandamento de dominar a terra, esse mandamento poderia facilmente ser 
erroneamente interpretado como um convite aberto à exploração 
irresponsável dos recursos da terra. Mas a ordem de trabalhar e cuidar do 
jardim do Éden subentende que devemos servir e preservar a terra tanto 
quanto dominá-la. 
Esta terceira relação em que o homem foi colocado por Deus significa 
que o homem, embora estando abaixo de Deus, está acima da natureza 
como seu senhor, como aquele que é convocado a admirar as suas belezas, 
descobrir os seus segredos e explorar os seus recursos. Mas o homem – isto 
é, nós mesmos –, deve dominar a natureza de tal modo que seja também seu 
servo. Devemos preservar os recursos naturais e fazer o melhor uso possível 
deles. Devemos evitar a erosão do solo, a destruição temerária das florestas, 
o uso irresponsável da energia, a poluição dos rios e dos lagos e a poluição 
do ar que respiramos. Devemos ser mordomos da terra e de tudo o que há 
nela e promover tudo o que venha a preservar a sua utilidade e beleza para a 
glória deDeus. 
 
 
 
 
 
Palavra Ministrada no dia 21 de Maio de 2017. Pr Ronaldo 
José Vicente. Igreja PorTuaCasa. Blog: 
www.lagrimasportuacausa.blogspot.com.br 
 
O conteúdo foi retirado de forma resumida do livro Anthony 
Hoekema, Criados à imagem de Deus. Cultura Cristã. São 
Paulo.2010.

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