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As situações-limite e a ética da responsabilidade

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As situações-limite e a ética da responsabilidade
causou? Então assume!
A ética é um esforço coletivo em prol da busca pela melhor convivência possível e graças a ela, conseguimos definir um orbital de condutas aceitáveis para todos aqueles que participam de um universo de convivência. Sendo assim, tudo que for pensado do ponto de vista ético deve respeitar as condições materiais concretas que estão sendo vividas e enfrentadas. 
Aristóteles define a situação-limite, onde teremos que tomar decisões importantes. “Ao buscar a definição de limite no dicionário de filosofia, Aristóteles estabelece que o limite fixa o término de uma coisa fora do qual não tem existência, mas é também começo de outra coisa diferente; o limite é, portanto, ponto de finitude e de partida” (NASCIMENTO; ERDMANN, 2009, s.p.).
A ética é sempre uma produção da vida para a vida. Isto é, sempre pensamos a melhor maneira de conviver onde estamos convivendo. Dessa forma, podemos entender que Aristóteles entende que sempre viveremos alguma tempestade e que situações excepcionais não podem comprometer a atuação ética. Se você for esperar uma vida pacífica para poder pensar em ética, você não pensará em ética nunca.
Desde o ano de 2020 o mundo vive uma pandemia causada pelo Novo Coronavírus. A COVID-19 modificou a forma de viver e ver o mundo, fazendo com que a maior parte das pessoas entenda que após a vacina, tudo voltará a ser como antes, com tranquilidade e paz na vida.
No entanto, isso não irá ocorrer. As crises e instabilidades são parte importante e constante em nossas vidas, tanto que podemos entender que a ética corresponde a arte da convivência na instabilidade. Sempre haverá um pretexto para que alguém se aproveite da instabilidade e tente triunfar os seus próprios interesses.
É importante então destacar que todos passamos por situações de urgência e importância máxima. No entanto, nesses momentos a ética não pode ser deixada de lado.
Como seres humanos, normalmente, assumimos a culpa de algo quando fomos os causadores de determinada situação. Como em uma relação de causa e efeito, nós somos responsáveis por aquilo que causamos.
É importante destacar que mesmo sem fazer nada e sem perceber, sempre estamos causando algo. Em muitos casos, nós agimos. Ao agir, o mundo poderá nos responsabilizar em função das nossas iniciativas. E nós somos responsáveis por tudo aquilo que fazemos. “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas” (Antoine de Saint-Exupéry, em ‘O Pequeno Príncipe’). 
O suicida e a gota d´água
Segundo Andrade (2017, p.18) “A ética tem se tornado um assunto muito discutido no nosso dia-a-dia, pois temos enfrentado grandes desafios neste século. Se associarmos ética ao caráter do indivíduo, afirmando que a ética é formada pelo convício e que a convivência com a família, com o compartilhamento de valores morais, balizará a conduta humana, no campo pessoal, social e profissional”.
A expressão ética advém do grego “ethike”, que em seu sentido próprio signica costume, hábito, índole” (ANDRADE, 2017, p.16). A ética da responsabilidade é entendida como uma ética do que vem depois, ou seja, é uma ética da consequência e portanto é irrelevante aquilo que você queria ou não que acontecesse.
“A ética da responsabilidade, em Arendt, não se baseia em normas, sejam de ação, sejam de restrição. Essa ética, então, não é normativa, pois não expõe as regras a serem seguidas, ou os imperativos a serem observados dedutivamente. Também não é uma ética prescritiva, pois não aponta o que deve ser feito ou evitado” (SCHIO, 2010, p.166).
Dessa forma, podemos dizer que a ética deve permanecer no nosso horizonte como um indicativo de limite às práticas com resultados perigosos ou duvidosos para a humanidade, versando sobre a responsabilidade pelo mundo. “A ética, diferente da moral, acompanha a política, pois é mais abrangente que os hábitos e comportamentos instituídos por costume e vigentes na sociedade” (SCHIO, 2010, p.165).
Muitas vezes nós damos causa a determinados acontecimentos que só acontecem por conta de uma realidade que nós não podemos controlar. Ou até mesmo pelo acontecimento de outras causas que participam daquele efeito. 
A ética da responsabilidade nos apresenta dois pontos importantes:
- Ela simplifica a complexidade do mundo;
- Apresenta a responsabilidade que precisamos assumir.
Dessa forma, podemos perceber que a ética “ é a obrigação que cada um tem pelo mundo, entendido como sendo o espaço que abrange o domínio público” (SCHIO, 2010, p. 165). É possível perceber que o tema é complexo e que preciamos assumir nossas responsabilidades, pois em caso contrário, o mundo será muito pior. 
Responsável por toda a eternidade
A resposabilidade está diretamente atrelada a dar causa a alguma coisa, ou seja, a fazer acontecer, ou seja, aquilo que não aconteceria se você estivesse agido naquele momento. E aqui podemos chegar a uma conclusão importante: não há causalidade sem responsabilidade. As coisas não acontecem apenas por um único motivo e não são mera causalidade.
“O homem, por ter se tornado aquele que mais modifica o entorno, precisa responsabilizar-se pelo que fez e faz, preocupando-se com o futuro” (SCHIO, 2010, p.167).
A responsabilidade não tem a ver com o que você quer que aconteça, mas tem relação sim com a consequência e com a causalidade. “Esta responsabilidade é individual, pois cabe a cada um refletir sobre os próprios atos e intenções; ela será coletiva enquanto preocupação política, por englobar as questões que são relevantes para todo o grupo humano (existente ou vindouro)” (SCHIO, 2010, p.167).
Nossas ações e atitudes possuem consequências e os efeitos não tem fim. Toda ação humana tem efeitos para a eternidade. “As atitudes tomadas fariam com que todos se sentissem responsáveis pelo realizado, mesmo que alguma opinião individual não fosse englobada no processo decisório e, consequentemente, na ação” (SCHIO, 2010, p.167).
E é por isso que a ética da responsabilidade precisa ser entendida e debatida. ”A verdadeira ética ocorre quando o exercício da faculdade de julgar ocorre, e ao homem é permitido recobrar a sua dignidade de humanizar o mundo” (SCHIO, 2010, p.167). Nós precisamos definir limites por nossa conta ou nos responsabilizaremos por tudo o que fizemos e seus efeitos até nossa morte. 
Atividade extra
Nome da atividade: Situação-limite
Link para assistir a atividade: https://www.youtube.com/watch?v=5ERWbnkvqxA
Referência Bibliográfica
ANDRADE, I. R. S. Ética geral e profissional. Salvador: UFBA, Faculdade de Ciências Contábeis, 2017.
GHILLYER, A. W. Ética nos negócios. 4. ed. Porto Alegre: AMGH, 2015.
MATTAR, J. Filosofia e ética. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.
NASCIMENTO, K. C.; ERDMANN, A. L.  Reflexões sobre a filosofia do limite e suas implicações para o cuidar em enfermagem. Disponível em: https://aquichan.unisabana.edu.co/index.php/aquichan/article/view/1481/1680#:~:text=Ao%20buscar%20a%20defini%C3%A7%C3%A3o%20de,e%20de%20partida%20(5). Acesso em: 09 mai. 2021.
SCHIO, S. M. A ÉTICA DA RESPONSABILIDADE EM ARENDT E JONAS. Dissertatio [32] 157 – 174 verão 2010.

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