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Pérola Guimarães Fibromialgia Pérola Guimarães Pérola Guimarães Definição: -É uma síndrome dolorosa crônica, não inflamatória -Dor difusa, com sono e transtorno de humor - Sua definição constitui motivo de controvérsia, basicamente pela ausência de substrato anatômico na sua fisiopatologia e por sintomas que se confundem com a depressão maior e a síndrome da fadiga crônica Epidemiologia/ Etiologia: -Muito prevalente (até 5% da população mundial tem), principalmente mulheres entre 25-65 anos -Existe uma predileção por doentes crônicos -Etiologia incerta. Acredita-se que sua causa seja, essencialmente, multifatorial, com aspectos genéticos e psicológicos exercendo papel sobre o desenvolvimento da doença. -Alguns fatores ainda podem funcionar como “gatilho” para a doença, especialmente em indivíduos predispostos. São eles: traumas na infância, acidentes (especialmente os que envolveram o tronco), infecções virais (ex. HCV e EBV), apneia do sono, inflamação articular crônica, eventos psicologicamente estressantes e Transtorno do Estresse Pós-Traumático. -a fibromialgia pode coexistir com outras doenças reumatológicas – artrite reumatóide, lúpus eritematoso sistêmico, espondilite anquilosante, osteoartrite, etc. Fisiopatologia: -É complexa -Um dos aspectos fundamentais é que não tem lesões em tecidos -Há um aumento da percepção dolorosa. -Alguns mecanismos fisiopatológicos da fibromialgia são postulados. Um dos mais importantes é a sensibilização central. Portadores de fibromialgia estão em um estado de centralização da dor, o que significa que eles sentem mais dor do que o esperado para certo estímulo nociceptivo. Algumas alterações do sistema nervoso central interpretam esse estímulo como sensações desagradáveis e os traduzem em dor, além de amplificá-los. -Existe uma via ascendente nociceptiva dolorosa e uma inibitória descendente. Os pacientes com fibromialgia vão ter uma desregulação dessas vias. A via ascende (que é excitatória-dolorosa) vai estar exacerbada por conta do aumento de substância P e Glutamato. Em compensação, na hora de inibir o estímulo doloroso, vai ter um déficit, porque vai ter uma diminuição de noradrenalina e serotonina. Quadro clínico: -O quadro clínico desta síndrome costuma ser polimorfo, exigindo anamnese cuidadosa e exame físico detalhado. O sintoma presente em todos os pacientes é a dor difusa e crônica, envolvendo o esqueleto axial e periférico. Em geral, os pacientes têm dificuldade para localizar a dor, muitas vezes apontando sítios peri-articulares, sem especificar se a origem é muscular, óssea ou articular. -Dor difusa crônica (o paciente fala que sente dor nos ossos e nas “carnes”) Pérola Guimarães -Sono não reparador (acorda cansado logo pela manhã) -Fadiga -Transtorno de humor (geralmente é depressivo, mas pode ter irritabilidade) -Sedentarismo (poucos fazem atividade física) -Paciente pode referir parestesia e edema de mãos (tem que perguntar onde sente esse inchaço) -Tem manifestações satélites: síndrome da fadiga crônica, dor pélvica crônica, cefaleia, ATM, síndrome das pernas inquietas e distúrbios funcionais intestinais. Pontos Dolorosos: -São 18 pontos em regiões sensíveis (não é essencial ao diagnóstico da doença) -De acordo com os critérios atuais, devem ser pesquisados os seguintes pares de pontos: Subocciptal - na inserção do músculo subocciptal; Cervical baixo - atrás do terço inferior do esternocleidomastoideo, no ligamento intertransverso C5-C6; Trapézio - ponto médio do bordo superior, numa parte firme do músculo; Supra-espinhoso - acima da escapula, próximo à borda mediai, na origem do músculo supra-espinhoso; Segunda junção costo-condral - lateral à junção, na origem do músculo grande peitoral; Epicôndilo lateral - 2 a 5 cm de distância do epicôndilo lateral; Glúteo médio - na parte média do quadrante súpero-externo na porção anterior do músculo glúteo médio; Trocantérico - posterior à proeminência do grande trocanter; Joelho - no coxim gorduroso, pouco acima da linha média do joelho. -A dígito-pressão de um examinador experiente dispensa o emprego do aparelho de pressão de superfície do tipo algômetro ou dolorímetro. O critério de resposta dolorosa em pelo menos 11 desses 18 pontos, são recomendados como proposta de classificação. Pérola Guimarães Avaliação Laboratorial: -Ver condições associadas -Afastar diagnósticos diferenciais -E não ter nenhum achado específico Diagnóstico: -Não é de exclusão -Tender points não são mais obrigatórios -Tem que estar presente pelo menos 3 meses de dor -Sem outra doença que justifique -Índice de dor generalizada (IDG) -Escala de gravidade de sintomas (EGS): leva em consideração a fadiga, sono, sintomas cognitivos e satélite. -Escala de gravidade de sintomas maior ou igual a 5 + índice de dor generalizada maior ou igual a 7 ou IDG entre 3 e 6 + EGS maior ou igual a 9. Tratamento -A fibromialgia permanece ainda voltada às manifestações clínicas, com medidas farmacológicas e não farmacológicas. -O tratamento tem como objetivos o alívio da dor, a melhora da qualidade do sono, a manutenção ou restabelecimento do equilíbrio emocional, a melhora do condicionamento físico e da fadiga e o tratamento específico de desordens associadas. Inicialmente, educar e informar o paciente e os seus familiares, proporcionando-lhes o máximo de informações sobre a síndrome e assegurando- lhes que seus sintomas são reais. A atitude do paciente é um fator determinante na evolução da doença. Por isso, procuramos fazer com que este assuma uma atitude positiva frente às propostas terapêuticas e seus sintomas. Tratamento farmacológico -Antidepressivos tricíclicos: agem alterando o metabolismo da serotonina e a noradrenalina, e nos nociceptores periféricos e mecânico-receptores, promovendo analgesia periférica e central, potencializando o efeito analgésico dos opióides endógenos, aumentando a duração da fase 4 do sono n-REM, melhorando os distúrbios de sono e diminuindo as alterações de humor destes pacientes. -Bloqueadores seletivos de receptação de serotonina: Bloqueadores seletivos de recaptação de serotonina, especialmente a fluoxetina, podem ser utilizados na síndrome. A fluoxetina, quando usada em conjunto com um derivado tricíclico, pode amplificar a ação destes últimos no alívio da dor, do sono e bem-estar global. -Benzodiazepínicos: A maioria dos benzodiazepínicos altera a estrutura do sono e diminui a duração de ondas delta durante o sono profundo. Os benzodiazepínicos não devem ser utilizados em pacientes com fibromialgia de maneira rotineira devido ao aparecimento de dependência química. Pérola Guimarães -Analgésicos: O paracetamol e a dipirona constituem alternativas para analgesia, como tratamento coadjuvante. A utilização do cloridrato de tramadol associado ao paracetamol contribui para a melhora da dor nos pacientes com fibromialgia, mas não para a redução do número de tender points. Tratamento não-farmacológico: -Os exercícios são importantes e fazem parte do tratamento desta síndrome. Os exercícios mais adequados são os aeróbicos, sem carga, sem grandes impactos para o aparelho osteoarticular, como dança, natação e hidroginástica, auxiliando tanto no relaxamento como no fortalecimento muscular, reduzindo a dor e em menor grau melhorando a qualidade do sono.
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