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VET NUTRIÇÃO ANIMAL BÁSICA

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Animal Bâsica
N97in 2.ed
Autor: Nunes, lito Jose.
Nutriçâo animal basica .
fitora Ediçâo
0
Ilto José Nunes
Nutrição
Animal
Básica
Segunda Edição Revista e Aumentada
U.F.M.G. - BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA
NÃO DANIFIQUE ESTA ETIQUETA
FEP-MVZ Editora, Belo Horizonte
1998
Nunes, Nutrição Anima} Básica
Somente quem escreveu um livro e o viu nas mãos
de outra pessoa, utilizando-o para aprender alguma
coisa ou simplesmente se divertindo com sua leitura,
sabe quanto isso é gratificante. Esta, se não for a
única, é a maior razão para alguém aventurar em se
colocar por escrito — se desnudar intelectualmente.
O livro técnico traz em si uma crítica permanente, e
eu penso que ele devesse ser periódico, isto é,
revisado, por exemplo, anual ou bienalmente. Assim
é que, a menos de três anos da primeira edição,
muita coisa teve que ser melhorada, atualizada e
mesmo ter os conceitos revistos porque, ao contrário
do que pode parecer, quem mais aprende com um
livro é o autor, ao ser obrigado a refletir, ajuntar e
desjuntar, incluir e expurgar até montar o texto que
vai para a impressão. Com isso, toda a sua vida
Apresentaçao profissional tem que ser repensada, deixando para os
mais novos um caminho mais limpo, mais direto
para o aprendizado.
Não estar satisfeito com o próprio trabalho é um
sofrimento útil, no sentido em que se procura
rrwlhorar o que se faz. Mas a insatisfação não pode
cercear o objetivo de levar aos outros o fruto da
experiência do próprio aprendizado e, é claro, chega
ao ponto em que, imperfeita ou não, a obra tem que
vir à luz, sob pena de ficar ultrapassada. É por isso
que acho que escrever um livro técnico é um
trabalho permanente, nunca acabado. E é também,
por isso, que é um trabalho agradável.
Belo Horizonte, maio de 1998.
3
Nunes. Nutricào Anima; Báslca
-3)
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
17
2. INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO DOS ALIMENTOS
ANÁLISE .... 27
MÉTODO DE VAN SOEST PARA FORRAGENS.............
... 28
ENERGIA 
..... .... ..... 
.
Coeficientes de Digestibilidade Aparente .
NUTRIENTES DIGESTÍVEIS TOTAIS (NDT) .
3. ÁGUA
PROPRIEDADES E FUNÇÕES .
ORIGEM DA ÁGUA CORPORAL..
. 
CONSUMO (GERAL.
BOVINOS DE LEITE.......
BOVINOS DE CORTE
OVINOS .
EQÜINOS......
CAPRINOS....
SUÍNOS....
A DOMÉSTICAS ......
COBAIA (Cavia spp).............
COELHO.......
CRICETO (Hamster)(Cricetus auratus)
CAMUNDONGO (Mus musculus) ............
RATO (Rattus rattus).......
CÃO......... .
ÁGUA NOS ALIMENTOS
NUTRIENTES E SUBSTÂNCIAS TÓXICAS ................
4. CARBOIDRATOS
AÇÚCAR SIMPLES, MONOSSACARÍDEO oU 
IMPORTÂNCIA DOS CARB OIDRATOS EM PARTICULAR .
MONOSSACARÍDEOS .............
DISSACARÍDEOS......
TRISSACARÍDEOS....
TETRASSACARÍDEOS ...........
POLISSACARÍDEOS
32
34
37
40
41
44
. 45
. 46
46
. 46
47
47
47
48
. 48
48
48
48
48
. 49
51
53
. 54
.. ...54
56
.... 58
58
5
0
Nunes, Nutricào Animal Básica
DISPONIBILIDADE DOS CARBOIDRATOS............... 61
62
POLISSACARÍDEOS DE RESERVA OU DE ARMAZENAMENTO............... 62
POLISSACARÍDEOS DA PAREDE CELUIAR.„.......... .... .... ................... 62
Papel da lignina na digestão da . 63
ABSORÇÃO DOS CARBOIDRATOS NO INTESTINO DELGADO. . 65
PRODUTOS FINAIS DA DIGESTÃO DOS CARBOIDRATOS NO RÚMEN.. 65
Contribuição dos AGV para os
Contribuição dos AGVpara os não ruminantes 
PARTICULARIDADES METABÓLICO-NUTRICIONAIS......„..................
RETIRANDO ENERGIA DOS ALIMENTOS ..........................„. .
. 66
67
. 68
O ATP.....„.........
Glicólise ...........„.............. . .
Ciclo do Ácido Tricarboxílico.........„... .
. 
. 69
70
......„..... 72
5. LÍPIDES
FUNÇÕES .................
ÁCIDO GRAXO
CLASSIFICAÇÃO DOS LÍPIDES
ÁCIDOS GRAXOS ESSENCIAIS
DIGESTÃO DOS LÍPIDES ...
ALIMENTAÇÃO E GORDURA .
. 
..... .... 
... . 
METABOLISMO BASAL E PESO METABÓLICO ...........
USO DA ENERGIA PELO ANIMAL - PRIORIDADES .
APLICAÇÃO DE GORDURAS NOS MISTURADORES..............
6. PROTEÍNAS
FUNÇÕES....
DEFINIÇÃO E ESTRUTURA .
AMINOÁCIDOS
Aminoácidos não
Determinação
Classificação... .
Aminoácidos
Aminoácido limitante
Antagonismo ou competição entre
Desequilíbrio ou desbalanceamento de aminoácidos
Disponibilidade dos aminoácidos....
Sintomas de deficiência de aminoácidos específicos ...
75
75
76
. 78
80
84
. 88
94
95
. 96
97
99
. 99
. 100
101
. 101
. 102
. 103
. 103
.. 105
105
. 106
. 106
108
6
Nunes, Nutrição Animal Básica
Sintomas da deficiência protéica . .
Proteína vegetal x proteína animal
Proteína verdadeira e
DIGESTÃO PROTÉICA GASTRODUODENAL ...... ..
Transporte de aminoácidos do lume à mucosa intestinal .............d...$
Excreção do nitrogênio e reabsorção renal de aminoácidos................
DIGESTÃO PROTÉICA NO RÚMEN
Manipulação da digestão protéica no rúmen...............l..
NITROGÉNIO NÃO PROTÉICO (NNP) NO RÚMEN.
NNP das silagens
7. DIGESTÃO COMPARADA
SISTEMAS DIGESTIVOS .........................„
A. GERAL....
B. SISTEMA DIGESTIVO DOS MONOGÁSTRICOS.............
I. Suínos.........„.......
2. Aves (Galinha) ..................
C. SISTEMA DIGESTIVO Dos RUMINANTES.............. .
DIGESTÃO NOS MONOGÁSTRICOS..................
A. Digestão nos
B. Digestão no leitão .
C. Digestão nas
— FISIOLOGIA DA DIGESTÃO NOS RUMINANTES..........
DESENVOLVIMENTO DOS PRÉ-ESTÔMAGOS ..........
MICROBIOTA .
TAMPONAMENTO DO RÚMEN ..........
MOVIMENTA ÇÃo DO RETÍCULO-RÚMEN E RUMINAÇÃO......
DIGESTÃO NO RÚMEN
Carboidratos..„...................
Proteínas........„
8. MINERAIS
ELEMENTOS OU MINERAIS ESSENCIAIS..........„.........
Elementos minerais possivelmente essenciais......................... .. .
Elementos minerais não essenciais..................
Elementos minerais potencialmente tóxicos.....................................
FUNÇÕES GERAIS DOS MINERAIS ..............
ABSORÇÃO.........
BIODISPONIBILIDADE .........„.
909
. 110
111
112
113
. 113
. 114
. 115
. 119
121
. 121
. 121
. 122
122
. 125
. 126
. 130
. 131
140
. 141
. 142
. 142
. 143
147
. 148
. 149
. 149
. 150
. 151
.„... 153
. 155
. .. ... 157
157
. 157
. 158
. 159
. 160
MINERAIS X DOENÇAS ........ . . ... .. ......... 163
7
0
Nunes, Nutrição Animai Básica
ELEMENTOS QUÍMICOS .
ARSÉNIO 
BÁRIO....
BORO.... 
....... ..
... ..
BROMO.... .............................
CÁDMIO .................„................
CÁLCIO .................. ............
Funções do cálcio. ..
Cálcio e fósforo nos alimentos....
CHUMBO....
CLORETO DE SÓDIO (Sal
Funções do Sódio.
Funções do 
Sintomas da deficiência de
Efeito do excesso de sal................
o COBALTO.... ..................
Análogos da 1312
Confinamento e Antibióticos
Suplementação...
Diagnóstico da deficiência de 
COBRE................................................................
Funções metabólicas do . 
Metabolismo do
Sintomas de deficiência de cobre. .. .. ... .
Inter-relação .
Inter-relação cobre-molibdênio-sulfato. ....
Toxidez do cobre .............................„.............
Cobre como estimulante do ..
CROMO .... ...................................................
ENXOFRE....
Importância do enxofre.... .............„............
Requisitos nutricionais de enxofre ..........„.........,........
Sintomas de deficiência de
ESTANHO
ESTRÔNCIO ......................
FERRO........
Funções metabólicas do
. 167
. 167
. 167
.. 16 A
16
. 169
169
170
170
. 174
. 176
.... 177
....... 179
........ 179
179
. 180
181
. 181
. 183
. 183
. 183
184
. 185
. 185
186
. 186
. 187
. 187
188
188
189
. 189
190
191
191
. 191
191
. 192
. 192
.. 193
8
Nunes, Nutrição Animal Básica
Absorção do ferro
Metabolismo do ferro..........„...................... ..
Anemia ferropriva dos leitões
Requisitos nutricionais de ferro
Suplementos de
FLÚOR....................„
FÓSFORO............. ...
Funções do fósforo. ..
Metabolismo do
Fósforo e microrganismos ruminais .. . 
Absorção do
Funções do .. .
Requisitos nutricionais de
Sintomas de deficiência de iodo..................
Excesso de iodo.. . 
Áreas deficientes em
Suplementos de iodo.......... ......
MAGNÉSIO....................
Funções do .
Sintomas de deficiênciade 
Requisitos de
193
. 193
.. 196
. 197
.. 198
.. 199
. 200
.. ......„........... 200
.. ................ 201
.. 201
202
202
. ......... 202
....... 203
204
204
................... 205
.205
. . 206
.. ........... 206
&MANGANÊS............ ....... ..................................... 206
Funções metabólicas do manganês....„...... .
Deficiência de manganês ........................
.. 209
MOLIBDÉNIO .. 209
Funções metabólicas do . . ... .. ................209
Sintomas de deficiência do ....... ......... 209
Toxidezdo molibdéniô . .. 209
NÍQUEL............................................ . .. . 210
. 210
Funções do ... .. ... . ... 211
Sintomas de deficiência de ................ 211
PRATA... . . .... .. ... ... .... ... 
. 
Inter-relação selênio-vitamina E .
Funções fisiológicas do selénio. . .. 
Efeito do excesso de
Suplementação de selênio ... ... .. . 
212
212
. 213
214
214
216
9
0 0
Nunes, Nutrição Animal Básica
SILÍCIO...............„.. ..
SÓDIO.................„ .
TITÂNIO........
TUNGSTÊNfO
URÂNIO..„
VOLFRÂMIO
ZINCO.....„
. 217
...... 217
217
............ 217
217
.. 218
. 218
. 219
Funções metabólicas do zinco ......................„... .. ........ 219
Sintomas de deficiência de . . . 220
Causas da deficiência de zinco ......................................„.............................. 221
Intoxicação.................. ...s... . 221
9. VITAMINAS .
SUPLEMENTAÇÃO . .....................„.. 234
VITAMINA A........................... ... ..
BETACAROTENO..................„................... .
RETINOL .
Homeostase da vitamina A.....„......... .. .„............
Múltiplas funções da vitamina ..
VISÃO ...
vrrAMINA
Síntese da vitamina D3 e seus metabólitos 
Controle da síntese da vitamina
Àção biológica da vitamina . ... ... .
Absorção intestinal do .
Absorção intestinal do fósforo 
Conclusões...................................................
. 256
............ 257
.. 259
. 267
....... 269
. 272
275
. . 277
.. 278
. 280
. 281
.. 282
284
VITAMINA E .................................................................................................... 285
Radicais livres e atividade antioxidante .................. .... 286
Vitamina E e selênio ........ 288
Vitamina E e ácidos graxos „ ........... 289
Outras funções da vitamina E............ ... • 289
Efeitos da Deficiência de Vitamina E ..............„....................... . 289
Vitamina E e estresse ............................„.......................... .. .. 290
Requisitos e recomendações nutricionais de vitamina E ...............„.............. 292
VITAMINA K...
Funções
Algumas observações da
Deficiência de vitamina
Fontes de vitamina
10
.293
294
.. .. .......... 296
296
. 297
o 0
Nunes. Nutrição Anima\ Básica
98
TIAMINA .
Fontes 8
Metabolismo
Polioencefalomalacia dos ruminantes e tiamina . .............„... 300
MACINA...„....... 303
Fontes......... 303
Metabolismo......... . 303
CETOSE E .. . 305
RIBOFLAVINA........... 308
Fontes............. ...... 308
Metabolismo........„.. . 308
PIRIDOXINA . .... 309
Fontes............ . ....... . 309
Metabolismo..........„.. . .. ..........................„. 309
ÁCIDO FÓLICO (ÁCIDO VEROLGLUTÂMICO) .......... .. 310
..........-.-„.... 310
Metabolismo...................... . . ...s.... 310
. 311
..... 311
Metabolismo.................. . 312
COBALAMINA (VITAMINA B 12) ..........„....... 312
Fontes............„........ 312
Metabolismo..„.......... . 313
ÁCIDO PANTOTÊNICO ........... .. ..... ...„... 314
.. 315
..... ............... 315
INOSITOL............. 315
Fontes........-........„..... ... ............ 316
316
Síndrome da vaca gorda . 317
318
.. ... 319
Metabolismo....................„................ . 319
Outrasfunções .. 319
VITAMINA C.......... . 320
Fontes...........„............ 321
Metabolismo...................., 321
Suplementação......... .. ..... 323
Biodisponibilidade ............ .. .. 324
VITAMINA U (ANTI-ÚLCERA).............. . . 325
10. ADITIVOS DE ALIMENTOS. 333
11
Nunes, Nutricño Animal Básica
CLASSIFICAÇÃO . .... ...................... 335
ADITIVOS NÃO .... ..... 336
1. LIGANTES .................... .. ... ... ..... .............. 338
2. AGENTES QUE AFETAM O SABOR, ODOR, COR E APARÊNCIA DO
. 339
3. ENZIMAS E PROCESSOS ENZIMÁTICOS ... .... ..... ..... ......... 341
4. ANTIOXIDANTES, ESTABILIZANTES E EMULSIFICANTES .............. 341
5. ANTIFÚNGICOS E ANTIPARASITÁRIOS......... .
6. CAROTENÓIDES E OUTROS PIGMENTANTES ........:.
7. ANTIESTRESSANTES E TRANQÚILIZANTES
8. PROMOTORES DO CRESCIMENTO
8.] Antibióticos, arsenicais, nitrofuranos e ergotrópicos..... 
. 345
349
. 350
350
8.2 Probióticos.................„.. .
8.3 Sais de
8.4 Ácidos orgânicos....
8.5 Zeólitas................ ..
8.6 Hormônios............... .. ..
9. MANIPULAÇÃO
9.1 ANTIBIÓTICOS IONOFÓRICOS.........„.
9.2 ISOÁCIDOS.....
9.3 SARSAPONINA................
10. REPARTIDORES DE NUTRIENTES .............
10.1 BETAGOMSTAS.......
11. ANEXOS.
. 352
.. 354
. ................. 356
.. 356
........ 357
.. 364
. 364
............................. 366
. 367
. 367
.. 367
371
11.1 TOLERÂNCIA DOS ANIMAIS À TOXICIDADE DOS ELEMENTOS
QUÍMICOS. .............„............ .... 371
11.2 NOMES TÉCNICOS E COMUNS DE VITAMINAS, E SUBSTÂNCIAS
RELACIONADAS........... ... .... ..... .... .... ..... ...... 375
11.3 CÓDIGO DOS ADITIVOS (ALIMENTOS 390
12
Nunes, Nutrição Animal Básica
LISTA DE TABELAS
Tabela I Esquema da análise proximal dos alimentos com especificação dos
componentes químicos das fiações. .......... 25
Tabela 2 Partição da energia no . 30
Tabela 3 Equações utilizadas para o cálculo de .
30
Tabela 4 Produção de água metabólica.
Tabela 5 Água necessária para o consumo de 100 kcal fornecidas pelo leite........ 42
Tabela 6 Consumo de água pelo gado leiteiro nas condições do Brasil Central. .. 45
Tabela 7 Digestibilidade da fibra para várias espécies animais.
Tabela 8 Ácidos graxos de 12 a 24 carbonos comuns em lipídeos de alimentos. .... 77
Tabela 9 Fontes industriais de ácidos .. ... .... ... .... 92
Tabela IO Classificação nutricional dos aminoácidos para a galinha..........„. . 104
Tabela IO Secreções
Tabela I Principais enzimas digestivas.
Tabela 12 Hormônios e peptídios similares a hormônios que agem no trato
gastrointestinal e pâncreas.
Tabela 13 Peso (g) de dissacarídeos hidrolisados por quilograma de peso
vivo, por hora, pelas enzimas intestinais de leitões. ..
Tabela 14 Percentagem do tecido estomacal bovino, por compartimento
e idade pós-natal. . 
. 134
. 135
.. 136
.. 140
143
Tabela 15 Exemplos de algumas espécies de bactérias ruminais, classificadas
de acordo com o produto final da fermentação in vitro. ...................„.......... • 145
Tabela 16 Abundáncia dos elementos químicos na crosta terrestre, em peso. ..... 153
Tabela 17 Elementos minerais essenciais à vida..
Tabela 18 Composição elementar média da maioria dos animais. 
Tabela 19 Macro e microelementos essenciais. ...................„............
Tabela 20 Composição dos .
Tabela 21 Absorção dos elementos minerais.
. 154
155
. 156
. 158
. 160
Tabela 22 Biodisponibilidade relativa do fósforo de alimentos para suínos........ 162
Tabela 23 Exemplos de doenças e lesões típicas por deficiência ou excesso
. 163de minerais.
Tabela 24 Ação de minerais essenciais sobre a resposta imunológica.. . 164
Tabela 25 Níveis tóxicos de alguns compostos minerais. ............ . .. 164
Tabela 26 Requisitos de cálcio (porcentagem da dieta). ........... ...... . ................. 176
Tabela 27 Teores de cálcio e fósforo de alguns alimentos volumosos verdes,
na base de matéria natural..
Tabela 28 Suplementos de cálcio e fósforo, fórmula química e teores dos
elementos.................
Tabela 29 Requisitos nutricionais de cobre. .......„...........
Tabela 30 Suplementos minerais de .
178
. 178
. 186
. 189
13
Nunes, Nutricâo 
Tabela 31 Recomendações dietéticas de ferro (mg/kg da dieta):
Tabela 32 Suplementos minerais de
Tabela 33 Clássificação proposta peloNRC para as lesões dentárias na
fluorose. . 
Básica
. 196
196
198
Tabela 34 Níveis dietéticos recomendados de iodo . .............. 203
Tabela 35 Suplementos minerais de . ...............„........ 205
Tabela 36 Suplementos minerais de
Tabela 37 Requisitos nutricionais de manganês...
Tabela 38 Sintomas da deficiência de manganês. .........................„........
Tabela 39 Requisitos nutricionais de potássio...
Tabela 40 Doenças e sintomas da deficiência de selênio
Tabela 41 Suplementos minerais de
Tabela 42 Requisitos nutricionais de • . • 
Tabela 43 Suplementos minerais de zinco. .. .
Tabelo 44 Vitaminas sintetizadas nos tecidos animais. . 
Tabela 45 Diferenças entre vitaminas lipo e 
Tabela 46 Nomenclatura antiga das vitaminas....................
.
.. 206
207
. 208
.. 211
. 213
. 216
222
222
. 226
227
229
Tabela 47 Nomenclatura recomendada para as principais vitaminas....„............ 230
Tabela 48 Vitaminas adicionadas comuntente a rações 240
Tabela 49 Propriedades físicas das vitaminas. .............................„. ........„....... 240
Tabela 50 Fontes de vitaminas para suplementação alimentar. 242
Tabela 51 Sumário das principais desordens nas deficiências vitantínicas
dos animais. .......„... ..........„ 243
Tabela 52 Toxicidade das vitaminas para pessoas. 250
Tabela 53 Sumário das principais ações das vitaminas. 251
Tabela 54 Proteínas de ligação de retinóides......„.. . 261
Tabela 55 Função das células da 274
Tabela 56 Condições patológicas associadas à deficiência de vitamina E,
com envolvimento ou não de selênio elou ácidos graxos polinsaturados. 291
Tabela 57 Enzimas estimuladas pelo ascorbato. . 322
Tabela 59 Proposta de classificação dos microingredientes--...--......................... 336
Tabela 60 Principais micotoxinas presentes em 345
Tabela 61 Alguns carotenóides e seus usos. ................„.........,. ............ 348
Tabela 62 Efeito dos hormônios sobre o metabolismo, especialmente a síntese
protéica nos músculos. ..................................„........ .... 358
Tabela 63 Classificação dos hormônios sexuais anabólicos, ... ... 359
Tabela 64 Segurança relativa do Monesin (monesina sódica) .. 365
0
Nunes, Nutricáo Animai Básica
LISTA DE FIGURAS
Figura I Fluxograma simplificado da análise proximal de alimentos. 24
Figura 2 Esquema simplificado do método de Van Soest para forragens. .... . ... ..... 28
Figura 3 Classificação esquemática dos 52
Figura 4 Polímeros da parede celular vegetal e suas análises . ._ 63
Figura 5 Produtos finais da fermentação ruminal dos carboidratos e seu destino
ao metabolismo animal. . 66
Figura 6 Metabolismo paralelo dos ácidos linoléico e 81
Figura 7 Função essencial do ácido araquidônico................ 83
Figura 8 Representação esquemática do trato digestivo do porco, da galinha
e de ruminantes. ..... .................... 123
Figura 9 Fórmula geral de um composto de coordenação com elemento mineral
.. 160
Figura IO Posição metabólica do cálcio no processo de coagulação
sangüínea. ................................................................„... ....... ..................... 175
Figura II Participação da B12 na síntese da glicose a partir do propionato....... 182
Figura 12 Desdobramento de P-caroteno a retinol e síntese de palmitato de
retinil........„.......... .259
Figura 13 Transporte, armazenamento e função epigenética da vitamina A 263
Figura 14 Diagrama da estrutura dofígado.„. .. . ....„.......... 265
Figura 15 Reações que desencadeiam a visão em todos os animais. ..............„... 274
Figura 16 Representação esquemática do metabolismo da vitamina 1)3. 276
Figura 17 Identificação dos fatores da coagulação com realce para aqueles
dependentes da vitamina K.. 294
Figura 18 Coagulação sangüínea (esquemática e 295
Figura 19 Sínteses "extríseca" e "intrínseca" da protrombinase........................ 295
Figura 20 Absorção da vitamina B12 ................... 313
Figura 21 Síntese de ácido ascórbico (vitamina . 320
15
0
Nunes. Nutrição Animai Básica
1. INTRODUÇÃO
A Vida é definida por nutrição, natureza e tempo. A nutrição é a parte dos
componentes químicos da natureza tomada pelo indivíduo, o que inclui nutrientes e
não nutrientes, e compreende aspectos intra c interorganismos. Nenhum indivíduo
vive isoladamente. Cada um se inter-relaciona com os ocupantes contemporâneos do
seu habitat e tem uma expressiva relação filogenética com os ocupantes anteriores: a
estrutura básica dos organismos vivos foi estabelecida pelo primeiro indivíduo que
exibiu continuidade genética. Alterações qualitativas de nutrientes ocorreram poucas
vezes durante a evolução e, por isso, Apdos os organismos vivos necessitam
qualitativamente dos mesmos nutrientes e os principais mecanismos metabólicos são
similares em todos eles.
Nutrientes são substâncias utilizáveis pelo organismo, e aqueles essenciais atendem
a uma necessidade específica do indivíduo, não sintetizáveis por ele numa taxa
compatível com a saúde ou funções ótimas fisiológicas, psicológicas e sociais. A
experiência evolutiva dos organismos é que definiu os nutrientes essenciais para uns
e para outros não. Quanto mais essencial um nutriente, maior a soma dos efeitos
adversos de sua ausência.
Alimento é todo material tomado intencionalmente pelo indivíduo para atender às
funções vitais. Entretanto, toda substância que entra no organismo — por ingestão,
inalação ou contato (inunção) — afeta as células. Como o organismo é uma unidade
integrada, todos os seus componentes, inclusiyg.a inter-relação com outros
organismos, influenciam a utilização de um nutriente. Bas(á lembrar as complexas
relpções_cpm os microrganismos do trato alimentar, compreendendo parasitismo
(infecções), comensalismo (intestino grosso) e mutualismo (rúmen): a nutrição
desses habitantes pode incluir mais células do que as do próprio hospedeiro. Dessa
forma, Nutrição é uma ciência universal e Nutrição Animal é um simples ramo
daquela, por apresentar objetivos c! aramente econômicos.
A Nutrição, como ciência independente, está fazendo 100 anos, pois o termo
nutrição, usado para designá-la, raramente aparece na literatura antes de 1898.
Cronologicamente, entretanto, considera-se que tenha começado com os
17
I Introduçao
pesquisadores do séc. XVIII: Reaumur (1752) e Spallanzani (1780) demonstraram
que na digestão de várias espécies ocorriam alterações químicas. Mas é Lavoisier
quem os historiadores consideram o pai da nutrição, por haver demonstrado,
juntamente com Laplace, em 1783, que a respiração é uma função química
(combustão) que pode ser medida, introduzindo, assim, a pesquisa quantitiva em
Nutrição.
Desde Hipócrates (c. 46()-377 a.C.), considerava-se que todo e qualquer alimento
continha um único e idêntico princípio nutriti vo vital, denominado alimento simples,
conceito que perdurou até princípios do séc. XIX. Em 1824, Prout revisou os
conhecimentos existentes até então, classificando as frações nutritivas em proteínas,
gorduras e carboidratos, poucos anos depois acrescidas dos minerais e, neste
século, das vitaminas.
No século atual, com a evolução da bioquímica, fisiologia, física e outros ramos da
ciência, e com o aprimoramento das técnicas experimentais e de análise, mais de 60
nutrientes são reconhecidos, bem como muitas interaçóes entre eles. Entretanto,
pode ser considerada o grande avanço a descoberta das vitaminas, dos aminoácidos,
de vários microminerais e dos potenciadores ou aditivos. Merecem um destaque à
parte a elucidação do metabolismo de inúmeros nutrientes e suas interações, a
identificação de centenas de antinutrientes e substâncias tóxicas, além do enorme
progresso no processamento de alimentos.
Também devem ser mencionadas as alterações conceituais surgidas, por um lado, do
progresso tecnológico ocorrido neste século e, por outro, de novas posturas
filosóficas surgidas nas ciências em geral, particularmente as biológicas e sociais.
Do progresso tecnológico, surgiu, por exemplo, o conhecimento do metabolismo
intermediário — impossível de ser realizado sem a descobertados marcadores
radioativos. Das novas posturas filosóficas surgiram, por exemplo, o conceito da
unicidade biológica do planeta, o qual, por sua vez, levou à preocupação com o meio
ambiente, ao estudo das inter-relações animal-microrganismos, animal-ambiente,
nutrição e bem-estar animal e muitas outras. Esses novos conceitos produziram
grande alteração na maneira de estudar Nutrição e na responsabilidade social do
nutricionista.
De um ponto de vista prático, a meta central da Nutrição Animal é produzir
tanto em quantidade e qualidade quanto a custos cada vez
menores. Outras metas são conseqüentes ou correlatas daquela: produção de
agasalhos (lã, peles), trabalho (animais de tração, animais de serviço), lazer (animais
de estirnação, animais de competição) e preservação (animais de zoológicos, de
parques e resenws naturais). Indiretamente, o nutricionista procura aumentar a
disponibilidade de alimentos para o homem, seja eliminando a concorrência dos
18
Nunes, Nutrição Animal Básica
animais por alimentos de uso comum seja, mediante processos adequados,
destinando alimentos para uso humano antes somente usados para animais.
Ante os processos de fermentação e os vegetais, os animais são péssimos
—conversores de alimentos; mas os de origem anmal são considerados
nobres e é dispensável enfatizar a sua importância na alimentação humana.
Entretanto, alguns dados merecem destaque:
psprodutos animais são mais difíceis de consegui! e, por isso mesmo, mais
caros, embora de valor nutricional mais elevado, particularmente a proteína, do
que os de vegetais ou de microrganismos, se tomados isoladamente;
pode-se dividir o mundo em dois grupos de nações: desenvolvidas e não
desenvolvidas; a base da alimentação protéica daquelas é de origem animal,
destas, geralmente é vegetal;
além de a proteína consumida ser mais rica, a população dos países
desenvolvidos ingere 1/2 a 2/3 mais proteína por dia do que as populações
menos desenvolvidas;
mesmo sem se considerar a qualidade do alimento, a maioria das populações
subdesenvolvidas não dispõe de quantidade suficiente de alimento/pessoajdia, o
que significa fome crônica ou.aguga•,
pelo menos dez mil pessoas morrem diariamente de fome ou de doenças ligadas
à subnutrição, sendo 94% delas de países subdesenvolvidos;
a malnutrição influi sobre a saúde, o estado físiçg, o_tamanhp do corpo, o
desenvolvimento mental e a duração da vida: um país de subnutridos é cada vez
mais dependente, já que sua população é progressivamente mais débilfísica e
mentalmente.
Vários levantamentos feitos pela FAO/OMS e outros organismos internacionais
indicam que o suprimento de alimentos existentes é inadequado para a população
atual, mesmo se fosse amplamente distribuído por todo o mundo. Conclusivamente,
todos os levantamentos feitos dizem que a tecnologia hoje existente poderia triplicar
ou mesmo quadruplicar a produção atual de alimentos; entretanto, isso esbarra em
falta de capital, recursos humanos e administração, armazenagem e distribuição
inadequadas, ganância das nações produtoras e ignorância das nações famintas.
Cerca de 80% das terras produtivas agricultáveis do mundo estão em uso, os
restantes 20% são de baixa qualidade. Uma dáSchaves para aumentar o suprimento
de alimentos, em termos mundiais, está na aplicação da tecnologia existente para
melhorar a produtividade (sem esquecer, é óbvio, os demais entraves de ordem
administrativa, burocrática ou política).
19
I Introduçao
No Brasil, onde está situada a maior parte daqueles 20%, ainda há chances de
alargar fronteiras agrícolas, aumentando a produção. Entretanto, isto somente pode
ocorrer longe dos grandes centros consumidores, e é nestes centros e na sua periferia
que ocorrem os maiores déficits alimentares. Assim, basicamente o problema
continua sendo o aumento da produtividade.
Ao lado de outros itens como doenças, potencial genético e manejo, o maior entrave
ao aumento da produtividade dos rebanhos nacionais é a descontinuidade da
produção de alimentos, em virtude de um período chuvoso e um de seca. No
de chuvas há excesso de produção de forragens e no de seca há escassez dê
produção. Embora haja inúmeras alternativas técnicas para contornar o problema, a
mudança de atitude do produtor tem sido muito lenta neste setor.
A produção de animais que nãp pastejam (aves p.ex.) também sofre com a
estacionalidade, em decorrência da maior ou menor oferta de grãos no mercado, q
que altera profundamenv a oferta e-opreço dos produtos animais. Para estas
criações, a alimentação representa cerca de 70% dos custos de produção, sendo os
produtores mais sensíveis às variações de mercado e, por isso mesmo, mais
receptivos a informações que levam à melhoria da produtividade.
 Nutrição Animal está em constante evolução pois muito ainda é ignorado, por
exemplo:
determinação das necessidades nutricionais para todas as espécies, sob a
maioria das condições de meio;
adequação de experimentos de alimentação de curta duração para toda a
vida produtiva dos animais;
determinação do valor nutritivo dos alimentos, principalmente nos países
tropicais;
• adequação de novos alimentos ou de alimentos não convencionais para uso
animal, que não sejam competitivos com as necessidades humanas;
aprimoramento ou invenção de novos processos que aumentem a qualidade
dos alimentos;
determinação da provável existência de outros nutrientes essenciais,
particularmente de animais silvestres cuja nutrição é muito pouco
conhecida; e
verificação constante do impacto da nutrição animal sobre o meio ambiente,
particularmente nos países tropicais.
20
Nunes, Nutrlçào Animal Básica
Existe a perspectiva — não muito longínqua — de que os produtos animais, com a
provável exceção de leite, ovos e mel, sejam todos substituídos por produtos
vegetais e de fermentação. Nessas circunstâncias, a Nutrição Animal perderia a
função de produzir alimentos. Entretanto; o seu estudo não perderá em importância
social, dado que a manutenção dos animais será muito mais uma responsabilidade
ética do homem.
Ao limitar o espaço dos animais e as chances de encontrarem seus alimentos
naturais, o homem deve se encarregar de os fornecer de maneira correta para cada
espécie. Além disso, deve possibilitar-lhes todas as condições de conforto e saúde
para sua plena manutenção e sobrevivência, o que só pode ser conseguido com
nutrição adequada.
LUCKEY, T.D. Comparative nutrition. In: CRC Handbook Series in Nutrition and Food. p.3-19.
MAYNARD, LA.; LOOSLI, J.K.; HINTZ, H.F. ; et ai. Animal New York: McGraw-Hi11 ,
1979: Cap. I : The expanding field ofnutrition. p.l-8.
SALES, A.M. O papel das novxs tecnologias na produção de alimentos. Ciênc. Cult. v.39, n. IO, p.936-
943, 1987.
TODHUNTER, E.N. Historical landmarks in nutrition. In: Nutrition Review's Present Knowledge in
Nutrition. 4.ed. New York: Nutrition Foundation, 1976. Cap. 52, p.547-556.
Van HORN, H.H., NEWTON, G.L, KUNKLE, W.E. Ruminant nutrition from an environmental
FrsFctive: factors affecting whole-farm nutrient balance. J. Anim Sci., v.74, p. 3082-3102, 1996.
21
Nunes, Nutricào Animat Básica
2. INTRODUÇÃO À AVALIAÇÃO DOS ALIMENTOS
Para o adequado estudo da Nutrição, é necessário ter conhecimento de quatro
grandes campos: l) dos alimentos, 2) dos nutrientes, 3) das necessidades
nutricionais dos animais e 4) das técnicas utilizadas para, conhecend(Fse os três
anteriores, bem nutrir os animais. Nesta seção são fornecidas algumas informaçõés
básicas que ajudarão o leitor a entender os capítulos seguintes. Aprofundamentos
subseqüentes poderão ser obtidos na bibliografia citada.
Nutriente, segundo Morrison (1959), é definido corno gualgugr_çonstitu inte .do
alimento, ou grupo de ggrpl, que
auxilia na manutenção do_animal. Outra definição:
principio alimentar que participe do metabolismo-eelular.e_cgnçgrra para-avida-do
organismq. Pela pnmeira definição, energia não é nutriente; pela segunda, energia é
nutriente.
Alimento, tal como definido por Harris (1970), é um termo geral significando todo
gpatgrial comestívelconsumido pelo homem e outros animais, fornecendo energia
elou nutrientes para sua dieta. Esta definição não leva em conta a alimentação
parenteral, nem o aspecto da ingestão voluntária, que distingue um alimento o ser
para dada espécie e para outra não.
Neste livro são estudados os nutrientes, pressupondo-se algum conhecimento prévio,
pois se destina a estudantes das áreas de medicina veterinária, agronomia e
zootecnia, principalmente: Para se entender bem a linguagem do nutricionista, há
necessidade de que os termos usados sejam bem compreendidos. Quase todos esses
termos, específicos da área, provêm, direta ou indiretamente, da análise de
alimentos. Dessa forma, uma revisão tem que ser feita — não das análises em si, mas
do que elas significam e como devem ser interpretadas.
23
AvaEação cics Alfr-tentcs
Análise Proximal
Mais de 40 nutrientes essenciais são atualmente conhecidos e a análise de todos eles
em cada amostra de alimento seria demorada, extremamente cara, pouco prática,
além de desnecessária nas condições de rotina. Para se ter uma idéia, poucas vezes
se usa balañéear mais de seis a dez nutrientes numa ração.
No século passado (1864), pesquisadores da Estaçãó Experimental de Weende, na
Alemanha, propuseram um sistema de análise química simplificado, relativamente
rápido e barate, que atende, ainda hoje, à maioria das situações cotidianas de
formulação de rações. O pgocesso usado _emula a digestão dos alimentos nos
monogástricos e talvezpor isso tenha permanecido tanto tempo: a não ser para a
determinação de proteína, praticamente é o mesmo proposto há mais de um século.
Este sistema recebe várias denominações, na realidade sinônimas: método.de
Weendet análise de rotina, análise.l)roximal, análise aproximada... O sistema vem
senQ% aperfeiçoado tanto na exatidão quanto na automação. Contém muitos senões,
o mais simples deles é não informar se a amostra analisada pode ser aproveitada ou
não pelo animal.
UMIDADE E MATÉRIA SECA - Na análise, a amostra é em estufa até peso
a quantidade de 'umidade' evaporada; p
matéria seca. Todas as demais determinações são feitas na
matéria seca da amostra. A partir desta determinação simples, aparecem os termos
matéria natural e corno analisado, isto é, o alimento como ele é na natureza ou como
chegou ao laboratóno. AlgumáS Vezes pode aparecer o termo como ingerido,
geralmente retirado de textos de experimentos.
Umidade = 100 - Matéria Secá
Matéria Seca = 100 — Umidade
AMOSTRA
1
EXTRATO ETÉREO
Figura 1 Fluxograma simplificado da análise proximal de alimentos.
24
) 00)
Nunes, Nutrição Amma\ Básica
lokmatéria seca restante pode ser subdividida em duas grandes parcelas: matéria
orgânica (que desaparece ao ser queimada) e cinzas (matéria inorgânica que não
desaparece ao ser queimada). Nas cinzas estão presentes todos os minerais da
amostra (inclusive contaminações por poeira e minerais dos recipientes usados),
com exceção daqueles voláteis (principalmente sódio, cloro e flúor). Mas podem
estar acrescidas de carbonatos formados durante a ignição - o carbono e o oxigênio
são considerados 'elementos orgânicos'. Análises especiais para os diversos
elementos minerais podem ser providenciadas, principalmente cálcio e fósforo, mas
não pertencem à análise proximal.
Da matéria orgânica, são obtidas as frações proteína bruta, extrato etéreo, fibra bruta
e extrato (ou extrativo) não nitrogenado.
21 Tabela I Esquema da análise proximal dos alimentos, com especificação dos
componentes químicos das frações.
FRA AO
UMIDADE
PROTE ABRUTA
o (N x 6,25)
EXTRATO REO
o EXTRATO NAO
-2 NITROGENADO
FIBRA BRUTA
CINZAS
COMPONENTE
gua livre e de cristalização; ácidos e bases voláteis
(quando presentes); alguns elementos minerais voláteis
a, Cl,
Proteínas, aminoácidos, aminas, nitratos, glicosídeos
nitrogenados glicolípides, vitaminas do complexo B,
ácidos nucléicos e outras substâncias nitro enadas.
Gorduras, ólepsv ceras, ácidos orgânicos, pigmentos,
esteróis,_yitaminas lipossolúveis (A, D, E, K) e qualquer
substância solúvel em éter.
Açúcares, amidos, pectinas, frutosanas, resinas, taninos,
pigmentos, al ugnas_yitaminas hidrossolúveis; traços de
celulose emicelulose
Celulose, hemicelulose, lignina, proteínas desnaturadas
pelo calor.
Todos osslçmentos minerais presentes, mais carbonatos
formados durante a ignição da amostra.
PROTEíNA BRUTA (PB) - Todas as proteínas contêm nitrogênio. Se tomadas em
conjunto, apresentarão em média 16g de nitrogênio para 100g de proteína.
Identificar cada proteína seria extremamente trabalhoso e mesmo desnecessário -
interessa, numa primeira avaliação, saber quanto de proteína um alimento contém.
Em avaliações posteriores, pode ser de interesse saber qual proteína o alimento
contém. Por isso, na análise proximal, determina-se o teor de nitrogênio da amostra
25
2 Avaiiaçáo dos Alimentos
(e não o teor de proteína), por ser mais fácil. _Sabendo-se proteína
contêm 16g de nitrogénio, a regra-de-três fica assim:
16N = 100P, logo, 100/16N= P ou 6,25 - P
a; Fica implícito que toda substânciacontendo nitrogênio,-presente no alinu_10,
aparecerá no resultado da análisecomo proteína, mesmo não o sendo daí a
denominação de proteína bruta. Existem métodos para se determinar a proteína
verdadeira de um alimento, mas são refinamentos que não pertencem à análise
proximal.
O teor de nitrogênio da proteína bruta de alguns alimentos é conhecido (p.ex., soja,
ovo, milho, leite etc.); assim, quando esses alimentos são analisados
individualmente, o fator de multiplicação pode não ser 6,25, mas outro próprio para
cada um deles. Os laboratórios de Nutrição possuem os fatores adequados e
costumam indicar o fator que usaram para calcular a proteína bruta.
EXTRATO ETÉREO (EE) - Tudo que estiver na amostra e for solúvel em éter de
petróleo aparecerá nesta fiação. Basicamente, é constituída dê gorduras e óleos, mas
aparece uma miscelânea indefinida de compostos. Duas são as principais
importâncias dessa fração: a primeira, estão aqui as substâneias•que.mais fornecem
nos alimentos; segunda, parasedeterminar a. fibrg_
bruta, há necessidade de se retirar estas substâncias, dade.qyg_intçrferem-na
determinação.
RYRA BUITA(FB) - Uma parte da amostra, seca e desengordurada, é digerida
primeiro por uma solução ácida diluída (ácido sulfúrico a 1,25%) e depois, por uma
solução alcalina diluída (hidróxido de sódio a 1,25%). Filtra-se, e o resíduo que
permariece no cadinho de filtrar é determinado por diferença de peso, antes e após a
queima em tilúfla.fl-,ógo, fibra alimento resistente ao tratamento
sucessivo com ácido e principalmente M?orção-fibrosa do
aliiñ@nto vegetal: celulose? hemicelulose e lignina.
CINZAS ou MATÉRIA MINERAL é o resíduo que se obtém após a ignição da amostra
(entre 500 e 6000 C), durante quatro horas ou até a Combustão total da matéria
orgânica. Esta determinação fornece apenas uma da amostra
em minerais. As cinzas de alguns alimentos (farinhá de osso, de carne, de peixe ou
de ostra, p.ex.) podem indicar sua riqueza em cálcio e fósforo; entretanto, quando se
trata de produtos vegetais, particularmente de forragens, a determinação tem pouco
valor, dado que os componentes minerais desses alimentos são muito variáveis.
são rnuito ricas em sflica, resultando em teor elevado de cinzas,
massem nenhum benefício nutricional. Embora de pouco valor por si mesma, a
determinação das cinzas é necessária para sç estimar o conteúdo de carboidratos da
amostra, que é feita por diferença.
26
Nunas. Nutrição Animal Básica
EXTRATO NÃO NITROGENADO (ENNEEstirnadas as frações acima, pressupõe-se que
o restante é constituído por De fato, quando se analisam alimentos para
aves e suínos, isto é verdade, pois sêus alimentos são basicamente grãos. Nas
análises de alimentos humanos, esta fração aparece como carboidratos pelo mesmo
motivo. Mas, para forragens, embora os carboidratos sejam a maior parte desta
fração, não se pode dar este nome sem incorrer em erro (Tab. I). A determinação do
extrato não nitrogenado é necessária para a obtenção dosnutrientesdigestíyeis_totais(NDT), corno.se verá mais à frente.
ENN= 100 - (Umidade + PB + EE + FB + Cinzas) ou
ENN = MS - (PB + EE + FB + Cinzas)
Método de Van Soest para Forragens
Uma das falhas da análise proximal éfiião indicar o quanto de um alimento será
aproveitado pelo animal, isto é, a suaüjigestibiIidade3 A digestibilidade está
estreitamente relacionada com o teor de fibra bruta, ou mais precisamente, com o
tipo de fibra presente no alimento, e esta informação não é dada naquela análise. Em
1965, Van Soest e colaboradores propuseram um novo sistema de análise, aplicável
somente para f01Tagens, que permite maior fracionamento da fibra bruta de Weende
é, até certo ponto, predizer a digestibilidade desta fração para os animais.
A célula vegetal apresenta dupla parede: uma, a parede celular propriamente dita e,
outra, uma parede secundária, constituída de celulose, hemicelulose, lignina e salica.
O método de Van Soest consiste, inicialmente, em Separar o conteúdo celular da
cor@do no det@ente, enquanto a parede celular não, podendo
ser separada fror filtragem. As duas frações são denominadas, respectivamente,
-solúveis em détefgéiite neutro e fibra detergente neutro (FDN). Oconteúdo-gelular é
integralmente digerível por todos os animais.
A parede celular deverá ser desdobrada em outras análises, para identificação de
seus constituintes. Isto é feito aquecendo-se parte da amostra em@etergente ácido: ã
celulose e a hemicelulose solubilizam-se no detergente, enquanto a lignina ligada
celuloSe-(IignoceIuIose) e sílica não,. podendo ser separadas por filtragem. As duas
fraçóes são denominadas, respectivamente, Solúveis em detergente ácido e fibra
detergente ácido (FDA). A porção solúvel é integralmente aproveitada por
ruminantes e outros herbívoro', e parcialmente utilizada por monogástricos não her-
bívoros. A fibra detergente ácido não é aproveitada por qualquer animal.
Outras análises podem ser feitas para a determinação do conteúdo de celulose,
lignina e sflica. A celulose e a lignina respondem por 97% da fibra bruta de Weende
enquanto a primeira é plenamente aproveitável pelos herbívoros, a segunda não o é.
Além dç disso, interfere com a digestibilidade de outras fraçõcs do alimento, o que
27
2 Cos Ai$mentcs
também ocorre com a sílica. A hemicelulose, também plenamente aproveitável,
pode ser estimada pela diferença entre EDN e EDA.
Sintetizando: pelo método de Van Soest, a estimativa da digestibilidade das
forragens é possível, sabendo-se que:
o conteúdo celular é _integralmente digerível por todos os animais;
os solúveis em detergente ácido, da parede celular, são integralmente digeríveis
por ruminantes e outros herbívoros, e parcialmente digeríveis por
monogástricos não herbívoros;
a lignocelulose ou fibra detergente ácido não é digerível por nenhuma espécie
animal.
CONTEÚDO CELULAR
(Solúveis em detergente neutro)
FORRAGEM Solúveis em detergente ácido
PAREDE CELULAR
(Fibra em Detergente Neutro — FDN)
Fibra em Detergente Ácido (FDA)
(Lignocelulose + sílica)
Figura 2 Esquema simplificado do método de Van Soest para forragens.
ergia
od ser vivo necessita de energia. As plantas a obtêm do sol, após a germinação.
Antes disso, têm que retirá-la das reservas contidas na semente para poderem
germinar. Durante todo o ciclo vegetativo, as plantas captam a energia solar e,
) através da fotossíntese, armazenam essa energia em compostos químicos. Os
animais, ingerindo as plantas, devem desdobrar esses compostos para obterem a
energia de que necessitam. Ao comerem animais ou produtos animais, nada mais
faiem do que alongar essa cadeia alimentar. Entretanto, em última análise, toda
energia utilizada pelos seres vivos provém do sol.
eoricamente, toda substância contendo carbono e hidrogênio pode ser oxidada no
organismo fornecendo energia3 evidente que isto esbarra numa série de fatores
metabólicos que limitam a quantidade de nutrientes. Dentre os constituintes dos
alimentos,ps carboidratos, as gorduras, os óleos e as proteínas são os grandes
fornecedores de energia para o organismo animaÜAs vitaminas outras substâncias
também podem fornecê-la, mas a quantidade é desprezível.
energia contida nos alimentos é química (ou potencial), ou seja, é a energia que
une os átomos das moléculas orgâñicas. Essa energia não pode ser medida
diretamente, mas pode ser estimada a partir da oxida ão completa do alimento, em
28
Nunes, Nutàoão Anima; Básica
aparelhos denominados calorímetros7Nestes aparelhos, uma pequena amostra do
alimento é colocada sobre uma resistencia elétrica, num recipiente imerso em água.
O conjunto é calibrado de tal forma que ambos, recipiente e água, fiquem na mesma
_vempçratura. Ao passar uma corrente elétrica na resistência, a amostra é oxidada
(queimada), desprende calor e aquece a água. A diferença de temperatura antes e
depois da oxidação permite calcular quanto de energia desprendeu-se do alimento.
Esta energia desprendida da queima total do alimento é denominada energia bruta
(EB), pois não há qualquer indicação de quanto o animal pode dela aproveitar, ou
mesmo se pode aproveitá-la... Mas é o ponto de partida para a determinação de toda
a energia utilizada pelos animais e para a avaliação nutricional dos alimentos.
Todos os sistemas atuais, utilizados para avaliar o potencial de produção dos
alimentos, baseiam-se em dois princípios gerais:
I. definição da digestibilidade da energia e dos nutrientes:
2. distinção entre as espécies animais e dos tipos de produção.
Medidas calorimétricas elou análises químicas do alimento e das fezes são
necessárias para se determinar a digestibilidade. Levando-se em conta outras
medidas — energia da urina, energia dos gases produzidos (e perdidos), composição
das descamações epiteliais do trato gastrointestinal etc. —, as estimativas vão ficando
mais precisas e mais próximas do que realmente o alimento pode fornecer e o
animal, realmente utilizar e produzir (Tab. 2). A quantidade de energia do alimento,
disponível para o animal, pode ser estimada pelas equações do modelo da Tab. 3.
PNERGIA DIGESTÍVEL (ED) é a energia do alimento ingerido menos a energia das
fezes3s fezes são compostas pela porção não digerida e não absorvida do alimento,
mais microrganismos e descamações, enzimas e muco do trato gastrointestinal,
principalmente. Este material dá um valor energético às fezes, valor este que se
perde. Por outro lado, boa parte do conteúdo das fezes não provém do alimento, mas
do próprio organismo animal - portanto, de origem endógena -, e não deveria ser
computado, pois mascara a verdadeira digestibilidade da energia do alimento. Nem
sempre é fácil medir esta "fração endógena"; quando é feito, tem-se a energia
maioria das vezes, o que se tem é ED aparente] embora
somente seja usado o termo "energia digestível".
29
Tabela 2 Partição da energia no organismo.
ENERGIA BRUTA
INGERIDA
ENERGIA DIGESTÍVEL
ENERGIA
METABOLIZÁVEL
ENERGIA LÍQUIDA
ENERGIA PRODUTIVA
(— ) Energia fecal
) Energia urinária
) Energia dos gases da
digestão
) Incremento de calor
) Energia de mantença
Energia estocada
Energia para o trabalho
3 Água
(de origem alimentar)
(de origem endógena)
(de origem alimentar)
(de origem endógena)
(calor produzido nas fermentações)
(calor produzido no metabolismo dos
nutrientes)
(para o metabolismo basal)
(para a atividade voluntária)
(para manter o corpo quente, no frio)
(para manter o corpo frio, no calor)
(no feto, anexos fetais e na gestante)
(no sêmen)
(no crescirnento = acréscimo de
tecidos)
(na engorda acréscimo de gordura)
(no leite ou nos ovos)
(na lá, pêlos e peles ou penas)
(parte da qual é Frdida como calor)
Tabela 3 Equações utilizadas para o cálculo de energia.
ENERGIA BRUTA; EB, é a energia desprendida dá oxidação iotal@ie urna amostra.
• EB ingerida Quantidade ingerida dé MS de alimento .x, ER dó alimento por unidade de MS;
EB das fezes = Quantidade excietnda dé MS de fezes x EB das fezes por unidade de MS.
ENERGIA DIGESTíVEL, ED = EB do alimento EB fezes, ou
ED (Quáhtidade ingerida de.MS alimento, xT.B do alimento)—(Quantidade excretada de-MS das fezes k
EB das fezes);
Cocficientg de digestão da EB ingerida = ED CEB k 100.
ENERGIA METABOLIZÁVEL, EM = ED - EB da urina EB dos. gases; ou
EM.— EB ingerida —EB das fezesF,EB da uriua= EB dos gases
ENERGIA LÍQUIDA, EL = EM -Incremento de calor.
ENERGIA PRODUTIVA, EP = EL— Energia de mantença.
30
Nunes, Nutrição Animal Básica
GASES DA DIGESTÃO - Incluem os gases combustíveis produzidos no trato
gastrointestinal e resultantes das fermentações microbianas)A EB destes gases é
medida por meio de calorímetros especiais, que recolhem e medem a quantidade
excretada na respiração ou pelo ânus.p metano é o principal gásà mas há outros
produzidos em quantidades bem menores (hidrogênio, monóxido de carbono,
acetona, etano e sulfeto de hidrogênio).o perda de energia pelos gases somente tem
significância nos ruminantes
As duas medidas de e EM, são utilizadas para ruminantes, porcos,
cavalos, coelhos e outros mamífero•o caso das aves, a separação de fezes e urina
é complicada (porque são excretadas juntas), e somente é usada a energia
metabolizável.
ENERGIA LÍQUIDA (EL) é a energia efetivamente utilizada pelo organismo, seja para
sua própria manutenção, seja para produçãÜEm outras palavras, energia
metabolizável menos o incremento calóric&O alimento ingerido exige certo esforço
do organismo para ser digerido e metabolizado. Isto provoca um aumento na
produção de calor, que é acompanhado por pequena elevação da temperatura
corporal - a este fenómeno se dá o nome de "termogênese induzida pelo alimento"
ou "termogênese dietética". Como a termogênese é acompanhada por uma
aceleração metabólica, ela não pode ser separada do metabolismo basal, e tem que
ser estimada juntamente com ele.
Ao conjunto termogênese dietética e metabolismo basal se denomina "incremento
calórico" ou "incremento de calor", atribuível à ingestão de alimentos. O incremento
de calor pode ser indiretamente expresso pela equação I ou pela eficiência parcial de
utilização da EM, simbolizada por k (equação 2):
1) IC = EM - EL
Usualmente é aceita a linearidade de k dentro de uma determinada margem de
produção animal:
3) EL = EM x k
O IC e o valor de k são dependentes do tjpp de produção animal e, tanto para a
estimação do valor energético dos alimentos quanto para se estimar os requisitos de
energia dos animais, esses vários tipos de produção deverão ser considerados, p.ex.,
mantença, lactação, produção de ovos, reprodução, ganho de peso ou crescimento,
deposição de gordura ou de proteína etc.
Sumariando, a energia metabolizável mostra-se o termo mais universal para definir o
potencial de produção dos alimentos para as várias espécies e dentro dos vários
sistemas de produção. Também, a energia metabolizável é, atualmente, a base para
31
2 AvaEaçáo dos
todos os sistemas de avaliação de alimentos e expressão dos requisitos nutricionais
dos animais.
Unidades - As unidades utilizadas na medição da energia consumida (dos
alimentos) ou produzida pelo animal são expressas em termos de concentração de
energia por unidade de peso: caloria por grama (cal/g), kcallg, kcalJkg, Mcal/kg -
todas medidas de calor, isto é, somente uma forma de energia—Em vista disso, tem-
se preconizado o uso do joule (J):
J = 0,239 cal ou cal 4,18 J.
Atualmente, o J é mais usado nas publicações européias, onde é a unidade oficial,
mas a grande maioria das publicações e das tabelas ainda aceita a caloria como
unidade. Embora exista alguma.resistência ao uso do joule, parece que a situação é
irreversível, dado que a tendência é• utilizar somente o Sistema Internacional de
Unidades (SI).
Coeficientes de Digestibilidade Aparente
A análise proximal, ou de Weende, fornece a composição dos alimentos quanto a
proteína, gordura e carboidratos; outras análises podem fornecer a composição em
minerais e vitaminas - entretanto, somente experimentos com animais podem
realmente fornecer o valor nutritivo dos alimentos. Isto, porque esses nutrientes
encontram-se nos alimentos sob várias formas químicas ou protegidos, não sendo
completamente disponíveis para os animais.
Há muito poucas informações sobre a disponibilidade da maioria das vitaminas e
minerais nos alimentos, mas, quanto a proteínas, gorduras e carboidratos, sabe-se
que a razão principal é a sua incompleta digestão pelos animais. A célula vegetal
está protegida pela celulose e lignina da parede secundária e, a célula animal, por uny
tipo especial de proteína, todas, substâncias bastante resistentes à quebra enzimática
que ocorre na digestão. Nos dois casos, a célula tem que ser rompida para que seu
conteúdo .com os nutrientes) seja digerido e absorvido.
Em princípio, a determinação das frações digestíveis de um alimento é muito
simples: se 100 unidades de uma fração contida no alimento são iggeridas e 25
unidades desta fração são recuperadas nas fezes, assume-se que 75dunidades da
fração foram digeridas e absorvidas, ou seja, que esta fração apresenta 75% de
digestibilidade ou, ainda, que O coeficiente de digestão é de 75%:
Quantidade ingerida Coeficiente — Quantidade excretada nas fezes
de digestão x 100
Quantidade ingerida
32
0
Nunes. Nutrição Animal Básica
A digestibilidade aparente não é determinada para aqueles nutrientes ou frações do
alimento que, após absorção, normalmente são excretados nas fezes. Na prática, isto
significa que a digestibilidade é determinada somente para:
Matéria Seca (total do alimento)
Energia Bruta (total do alimento)
Proteína Bruta
Extrato Etéreo
Extrato Náo Nitrogenado
Carboidratos
Fibra Bruta
Celulose
Hemicelulose
Lignina
Talvez, por isso, não seja hábito do nutricionista referir-se a "digestibilidade do
cálcio" ou "da tiamina" e sima " disponibilidade do cálcio" , "da tiamina" ou "de
aminoácidos" porque, para tais compostos, as técnicas usadas são mais refinadas.
Se o princípio para a determinação da digestibilidade é simples, a quantificação das
fezes provenientes do alimento já não é. Várias técnicas e procedimentos são usados
para contornar o problema. A mais simples consiste em colorir as fezes com um
pigmento (marcador) fornecido junto com o alimento, durante o período de teste. As
fezes coloridas indicarão que provêm do alimento fornecido e, quando voltam à cor
normal, indicam o final do teste. Este procedimento pode ser usado satisfatoriamente
em-animais monogástricos não herbívoros, porque não ocorre muita mistura das
fezes de diferentes tomadas de alimento.
Para ruminantes e outros herbívoros, nos quais os alimentos ingeridos permanecem
por muito mais tempo nos compartimentos gastrointestinais, são usados
" indicadores" (substâncias facilmente determináveis, como óxido crômico) que se
misturam uniformemente na digesta e são excretados, também de forma uniforme,
nas fezes.
Na determinação anterior, somente um alimento foi fornecido ao animal; entretanto,
poucos alimentos podem se constituir numa dieta, pelo menos por tempo mais
prolongado. Assim, para a maioria dos alimentos, é necessário fornecer uma dieta
básica (ou basal), à qual é adicionado o alimento-teste. Dois ou mais experimentos
de digestão deverão ser executados: primeiro, determina-se a digestibilidade dos
nutrientes da dieta basal e, segundo, por diferença, estima-se a digestibilidade dos
nutrientes do alimen!o-teste. Por exemplo (todos os dados estão em base de matéria
seca):
Experimento I: De 600g da dieta basal (MS), são recolhidos 30g de fezes (MS).
Experimento 2: De 600g da dieta basal + 100g de melaço, são recolhidos 32g de
fezes.
Se 30g de fezes provieram da dieta basal, então os 2g adicionais provieram do
melaço; logo, a digestibilidade dos 100g de melaço será:
33
0)
2 Avaliação cios Alimen±s
100 -2
CD x 100 0,98 ou 98%.
100
Este exemplo é somente uma ilustração, muitos detalhes técnicos estão envolvidos e
não foram considerados aqui. Para maiores detalhes, cf. Lloyd et al. (1978) ou
Maynard et al. (1979).
A digestibilidade das fraçóes de um mesmo alimento varia pouco entre animais da
mesma espécie e tipo. Mesmo assim, existe uma variação,e tais experimentos não
podem ser conduzidos num único animal. Segundo dados de Lloyd et al. (1978), os
desvios padrão para os CD da matéria seca de diferentes alimentos são: para
pessoas, 1%; ratos, 0,85%; e suínos, 0,5%.
Nutrientes Digestíveis Totais (NDT)
O sistema NDT, desenvolvido há mais de um século e ainda muito uSado nos EUA e
no Brasil, õescreve o valor energético dos alimentos tomando por base a
digestibiliãade de cada fiação da análise proximalIAssim, para se_determinar os
nutrientes digestíveis totais, como o próprio nome Indica, primeiro, é necessária a
análise proximal do alimento e, segundo, são obtidos os coeficientes de
digestibilidade de cada fração, em experimentos de digestibilidade. Embora pouco
prático na sua sistema NDT é o que mais possui dados do Valor
energético dos alimentos e, por isso, tem sido usado para a estimativa de outros
sistemas atualmente propostos]
O sistema originou-se de outro anterior, proposto para o homem, e que tinha como
princípio que a energia metabolizável das proteínas, carboidratos e gorduras é,
respectivamente, 4, 4 e 9 kcal/g, para uma dieta típica do povo americano. O sistema
NDT tomou a igualdade do valor energético da proteína e carboidratos, mas em
termos dc energia digestível, e a do extrato etéreo, como sendo 2,25 vezes (9/4 =
2,25) mais elevado. Tomou também a fibra bruta como sendo carboidratos e de igual
valor energético. Corno as cinzas não fornecem energia no metabolismo, os nutri-
entes digestíveis totais de qualquer alimento são determinados pela fórmula:
NDT = PBD + FBD + ENND + (2,25 x EED),
.onde PBD, FBD, ENND e EED significam digestível, fibra bruta
digestível, extrato não nitrogenado digestível e extrato etéreo digestível.
A grande vantagem do sistema NDT é a determinação em valores de porcentagem
ou em kg por 100 kg de alimento, mais compreensíveis do que calorias ou joules. É
unais fácil explicar ao produtor que, de 100 kg de determinado alimento, tantos kg
serão utilizados pelo animal, do que explicar a mesma coisa em termos de calorias.
34
Nunes, Nutrição Animal Básica
Entretanto, as falhas inerentes ao sistema são inaceitáveis para determinações mais
precisas, entre elas, são citadas a utilização mista de valores de energia digestível e
metabolizável e, a principal,fião levar em conta as perdas pelo calor de fermentaçãoü
Estas perdas, no caso de alimentos vk)lüíi6'oÇÑdern chegar a 12-15% da energia
total ingerida. O erro daí decorrente é grande e pode comprometer resultados mais
ÑêCiSos. O sistema NDT também não leva em consideração o valor associativo dos
alimentos, considerando que o valor nutricional de uma dieta mista é tão-somente a
média dos valores de seus componentes.
Dadas as dificuldades de determinação do NDT e pela proximidade dos resultados,
tem-se usado cada vez mais os valores de nuztéria orgânica digestível (MOD) em
substituição ao NDT tradicional. De forma geral, as duas determinações são
equivalentes.
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000000
35
Nunes, Nutrição Anima'
3. ÁGUA
Tendo em vista a grande variedade de suas funções e a magnitude de seus requisitos,
a água pode ser considerada 9 nutriente essencial mais importante para os animais
(depois do oxigênio). A água é o maior constituinte do corpo de todos os animais, e
a manutenção estável de sua quantidade é rigidamente controlada nos mamíferos e
aves. O corpo humano pode perder praticamente toda a gordura e acima da metade
da proteína e sobreviver, enquanto a perda de um décimo da água pode resultar em
morte (Observação clássica de Rubnert ). O mesmo ocorre com os animais
domésticos, variando entre as espécies a capacidade de perdê-la. O jumento, prova-
velmente, está entre os mais resistentes, pois sobrevive a perdas hídricas acima de
30% do seu peso (Yousef, 1985).
Para se entender bem a homeostase da água (ou balanço hídrico) é necessário
conhecer a distribuição quantitativa da água nos vários tecidos do corpo animal.
Tomando-se uma pessoa adulta de 70 kg de peso como exemplo, a água representa
60% do seu peso ou 42 litros. Aproximadamente, 65% desses 42 litros (27 litros) são
intracelulares; os restantes 15 litros (35%) são extracelulares. Uma parte menor
destes 15 litros está contida dentro dos vasos (plasma) e a outra, maior, é
extravascular ou intersticial. Como o plasma está em constante equillbrio com o
fluido intersticial, a composição de ambos permanece similar em praticamente todas
as situações. Assim, as concentrações de várias substâncias medidas no plasma,
podem ser consideradas como as do fluido extracelular em geral.
As composições em solutos dos fluidos intra e extracelulares são nitidamente
diferentes, primariamente porque a maioria das membranas celulares possui sistemas
de transporte que acumulam ou expelem determinados solutos. Entretanto, como as
membranas celulares são amplamente permeáveis à água, a quantidade total de
solutos é muito semelhante nos dois compartimentos. A medida dessa quantidade
total (usualmente feita peladeterminaçáo do ponto de congelamento do fluido) é
expressa em osmolaridade, que deve ser diferenciada da 'osmolaridade efetiva', i.é,
Max Rubner, higienista e bioquímico berlinense, 1854-1932.
37
3 Água
da concentração de solutos que irão criar urna 'força osmótica'. A osmolaridade
efetiva de um compartimento depende da concentração das substâncias que estão
restritas a esse compartimento. Por exemplo, sódio é o principal determinante da
osmolaridade dos fluidos extracelulares, porque a sua quantidade nesses fluidos é
maior_do que a de outros solutos e, também, porque não entra facilmente nas células.
Por outro lado, substâncias que passam livremente das células pargo fluido
extracelular e vice-versa, como a uréia, não exercem força osmótica em nenhum dos
compartimentos, mesmo quando em concentrações elevadas.
O fluido extracelular permanece em constantes trocas com o meio ambiente; como
resultado disso, seu conteúdo em água e eletrólitos está sujeito a contínuas
modificações, que poderiam alterar sua osmolaridade também continuamente. Como
as células são predominantemente permeáveis à água, o volume celular também
ficaria sujeito a essas modificações, e muitos tipos de células não toleram alterações
de volume. Logo, a manutenção osmolaridade do fluido extracelular é de capital
importância para a mañUtenção das funções biológicas normais.
A osmolaridadc do fluido extracelular no homem e outros animais é mantida
mediante a precisa regulação da sede e da secreção hipofisária do hormônio
antidiurético (vasopressina). Um aumento da osmolaridade extracelular estimula a
de vasopressina, o que leva à tomada de água e ao decréscimo da
sua perda pela urina. O aumento da água no fluido extracelular prontamente restaura
a osmolaridade anterior. De modo oposto, o excesso de hidratação decresce a
osmolaridade do plasma e do líquido intersticial e suprime a secreção de
vasoprcssina. Corno resultado, urina diluída é excretada e a osmolaridade retorna
ao normal.
Outra importante conseqüência da osmorregulação é que a quantidade absoluta de
água no compartimentoextracelular, e dessa forma o seu volume, é determinada
pelo seu conteúdo em sódio. Assim, quando sódio é adicionado ao fluido
extracelular, a osmolaridade aumenta e resulta em ingestão de água e redução das
perdas pela micção, com a osmolaridade voltando ao normal, mas aumentando 0
volume. Inversamente, se o nível de sódio abaixa, o animal excreta água livre de
solutos, restaurando a osmolaridade, mas reduzindo o volume extracelular.
Conquanto a manutenção da osmolaridade extracelular seja importante para a
sobrevivência das células, manter o volume plasmático é importante para o
funcionamento normal do sistema circulatório, perfusão dos tecidos, recebimento de
oxigênio e excreção dos resíduos metabólicos. Assim, modificações da pressão elou
volume sangüíneos alteram a secreção de vasopressina. Estas alterações
hemodinâmicas são percebidas por 'receptores de distensão', situados no átrio
cardíaco, arco aórtico e seios carotídeos, que emitem estímulos neurais à hipófise.
Desde que, sob condições normais, a água total do organismo raramente varia mais
38
Nunes. Animai Básica
do que 1-2% - variação insuficiente para alterar a secreção de vasopressina -, as
alterações hemodinâmicas têm pouco ou nenhum papel no controle normal do
balanço hídrico.
Outras numerosas condições fisiológicas e patplógicas, assim como muitas drogas,
epodem influenciar"á - mesmo sabendo que têm pouco
significado nas condições normais, elas podem ser responsáveis por resultados
duvidosos na clínica e na pesquisa.
SEDE. Em conjunto com o hormônio antidiurético, a sede exerce um papel muito
"importante na homeostase da água. A sede tem sido definida como um desejo
_ consciente de beber e deve ser distinguida do ato de beber em si, pois este pode
ocorrer por outras razões que não a sede - tais como hábitos sociais e associação
com as refeições. A função do mecanismo da sede é assegurar que a água seja
reposta prontamente, quando ocorre uma deficiência. A expressão 'ingestão
voluntária de água', se bem que pouco precisa, é usada em contraste com a ingestão
'involuntária' da água contida nos alimentos.
Praticamente os mesmos fatores que influenciam a secreção de vasopressina também
dão origem à sede — osmolaridade, volume plasmático, conteúdo de sódio. Uma 2
notável exceção é a glicose, que não promove secreção mas é um fraco dipsógen0 ,
em pessoas. O mecanismo pelo qual a osmolaridade causa sede, provavelmente,
envolve osmorrcceptores localizados np hipotálamo anterior, próximos, porém,
provavelmente, separados dos osmorreceptores para liberação da vasopressina. Do
mesmo modo, hipovolemia deve influenciar o aparecimento da sede mediante os
mesmos receptores de distensão situados no coração e grandes vasos sangüíneos.
Outro aspecto da regulação da sede é o da saciedade. Cães desidratados repõem
corretamente o déficit de água em cinco minutos; ratos nefrectomizados,
perfundidos com solução salina hipertônica, ingerem justamente a quantidade de
água necessária para restaurar a osmolaridade plasmática ao nível basal. Jumentos
deprivados de água bebem o suficiente para recompor 17-20% do seu peso inicial,
em apenas 5 minutos, sem aparente dano à saúde. Ao que parece, a água ingerida
-_rapidamente não é absorvida senão aos poucos, havendo pequena alteração da
concentração sangüínea. O mesmo não ocorre com cavalos, pessoas e muitos outros
animais - sujeitos a cólicas ou à 'intoxicação pela água'.
Sabe-se alguma coisa sobre a origem dos sinais de saciedade. Trasher et ai. (1981)
demonstraram que, em cães desidratados, sinais orofaringeanos medeiam a
saciedade de curto prazo, que faz o animal parar de beber antes de ser a água
absorvida ou a osmolaridade plasmática corrigida. Já, a saciedade de longo prazo é
2 Agente produtor de sede.
39
3 Água
bem provável que envolva osmorreceptores hipotalâmicos, desde que requer plena
restauração da osmolaridade.
PROPRIEDADES E FUNÇÕES
É um constituinte ativo e estrutural e não meramente urn solvente das
substâncias presentes no corpo.
É o componente corporal com maior taxa de reciclagem ('turnover').
Compreende cerca de 70% da carcaça desengordurada dos animais adultos,
variando pouco entre os mamíferos; no mesmo indivíduo, varia de 85%,
enquanto embrião, até próximo de 65%, no adulto, dependendo do grau de
obesidade, pois tem uma relação inversa altamente previsível com a gordura do
corpo.
Veículo dos nutrientes na digestão, absorção, transporte para as células e
excreção.
É o dispersante ideal, devido ao seu poder ionizante, o que facilita as reações
tissulares.
Por causa do seu alto calor específico, é capaz de absorver o calor produzido
nas reações com um mínimo de elevação da temperatura corporal, dissipando-o
para a pele, pulmões e luz intestinal.
O esforço muscular continuado por 20 minutos seria suficiente para desnaturar a proteína
dos músculos, se o calor produzido não fosse cissipado na água.
O calor latente de evaporação (540 cal/g) exerce importante papel na regulação
da temperatura corporal.
A alta tensão superficial auxilia na coesão das células e a manutenção das
articulações. Além disso, permite que a água se mantenha fortemente ligada à
superfície de outras substâncias, sem, contudo, umedecer as apolares (como os
lipídeos da membrana celular), permitindo o confinamento e o equilíbrio do
conteúdo celular.
É o material com maior constante dielétrica (80) e é a razão de ser a água um
solvenge universal: quando colocados em solução aquosa, os íons que compõem
as moléculas de uma substância se dissociam, pois as forças elétricas entre eles
não são mais suficientes para mantê-los unidos.
Na água, a energia necessária para separar duas partículas de cargas opostas é
1/80 daquela necessária para separá-las no vácuo. Logo, a água reduz as forças
. eletrostáticas que estabilizam os compostos iônicos, com as soluç6es aquosas
resultantes sendo boas condutoras de eletricidade - o que é importante,
particularmente na transmissão neural.
Na solubilização, há formação de hidratos, o que facilita as reações químicas
por dispor os íons em contato mais íntimo uns com os outros. Admitindo-se, por
exemplo, o cloreto de sódio dissolvido na água:
40
Nunes, Nutrição Anima} Básica
Na•cr (sólido) + xyH20 (líquido) = (solução) + (solução)
Como a molécula da água pode ser considerada ionizada, o hidrato resultante é
neutro, e isto facilita a aproximação de moléculas de cargas iguais.
As propriedades de solvente, dispersante e dielétrica são ajudadas pela baixa
viscosidade — menor que qualquer outro líquido comum —, o que_permitc a sua
passagem, e a das substancias nela dissolvidas, pelos mais finos çapilares do
organismo, sem muito atrito e, portanto, baixa exigência do coração.
As reações enzimáticas que ocorrem na digestão e no metabolismo, em grande
parte, implicam em adição (hidrólise) ou subtração de moléculas de água ao
substrato.
Somente como lembrete, a água é constituinte principal de líquidos orgânicos
particulares: sinóvia, humor.aquoso, cefalorraquidiano, perilinfa e amniótico,
onde exerce ação lubrificante e de proteção.
A água pode ser estimada no animal vivo, mediante técnicas de diluição. As
substâncias mais usadas são antipirina e seus análogos, além de deutério (H2) e trício
ORIGEM DA ÁGUA CORPORAL
Ingerida 'in natura' (água livre).
Ingerida como parte dos alimentos.
• Água produzida nas reações tissulares (água metabólica), na oxidação de
substâncias contendo hidrogênio:
C6H1206 + 202 = 6H20 + 6C02 + energia
glicose: PM = 180, Água: PM = 18 x 6 = 108; logo, 108 = de 180.
Quanto mais complexo o carboidrato, menos água fornece: sacarose 57,9%
e amido 55,5%, por exemplo.
A grande quantidade de água produzida na oxidação das gorduras é reflexo
do excesso de hidrogênios em relação aos oxigénios da molécula. Havendo
hidrogênio, o oxigênio é suprido pela respiração.
Tabela 4 Produção de água metabólica.
=N utriente Agua metabólica - Valor energético Agua/100 kcal (g)
Carboidrato
Proteína
Gordura
média)
60%
42%
> 100%
(média
15,0
4 kcal/g10,5
9 kcal/g 11,1
41
3 Ágt-:a
Outras fontes de água metabólica: aquela liberada nas reaçôes de
polimerização, tais como na condensação de aminoácidos para a formação
de peptídeos, e água preformada associada aos tecidos e liberada durante
um balanço energético negativo. A importância relativa de cada uma dessas
fontes varia na diferentes espécies animais.
• A água metabólica responde somente por 5 a 10% das necessidades diárias
de mantença dos animais.
• O produto final do metabolismo das proteínas, na maior parte dos
mamíferos, é uréia, e se gasta mais água para dilui-la e excretá-la do que a
protéico. Nasaves, o produto final é o ácido
Árico, menos tóxico, e a urina pode ser semi-sólida.
Animais que hibernam metabolizam gorduras e carboidratos de reserva para
fornecimento de energia, e isso produz suficiente água metabólica para a sua
mantença. O mesmo parece não ocorrer com animais de ambiente desértico: a baixa
umidade relativa do ar provoca uma evaporação pulmonar superior à água produzidano metabolismo, e a economia de água torna-se negativa. Esses animais, entretanto,
dispõem de hábitos alimentares e de mecanismos fisiológicos que lhes proporcionamuma economia positiva. Os principais parecem estar situados na menor reciclagemda água, no consumo elevado de carboidratos e na excreção elevada de nitrogênio
pelo suor, como ocorre com o jumento.
CONSUMO (GERAL
Um homem adulto, sedentário, necessita de I cm3 de água para cada kcal de energiametabolizável ingerida. Isto pode ser estendido aos animais de todas as espécies
domésticas, numa dieta de mantença. Tomando-se como média que de matéria
seca de alimento contém 4 kcal de energia metabolizável, para uma dieta típica emista, pode-se estabelecer que um animal necessita quatro vezes mais água do quealimento, peso a peso. Exercício, lactação, temperatura-ambientee_umidade-relativa
alteragn essa relação; sem falar em condições patológicas como
febre, vômito constante ou diarréia. Animais lactentes ou em dietas com alto
conteúdo de leite necessitam de mais água, cerca de 1,5 cm3 por kcal de energia
metabolizável ingerida.
Tabela 5 Água necessária para o consumo de 100 kcal fornecidas pelo leite.
Água metabólica
Água de dissipação de
Águaparne*creçao.dos pmdtitos finais
'125
50,0 gr
133,0 g
Nunes, Arrima\ Eásica
O requisito mínimo de qualquer animal é a soma das perdas de água pelo corpo mais
uma parcela imputada ao crescimento, nos animais jovens. A água é perdida pela
excreção na urina, fezes e suor; na evaporação pelos pulmões e pele (perda
insensível); nas secreções e em produtos, como leite e ovos. A lactação pode
aumentar 50 a 70% (ou mais ainda nas grandes produtoras) as necessidades de água
para mantença. Nos cavalos, o trabalho pode aumentar as necessidades entre 20 e
300% (Nutrient, 1989). As perdas podem ser resumidas da seguinte forma:
Ar expirado
Evaporação pela pele,
peida insensível ou
perspiração
Sudorese ou transpiração
perda constante em todos os animais;
Constante em todos os animais; BIEUOTECA
Descontínua; alguns animais não suam (cão, por exemplo).
O 'ranking' dos mamíferos domésticos quanto à
transpiração é:
cavalo > iumento > boi > búfalo > cabra > carneiro > porco.
Baba
Urina
Fezes
•
Descontínua (boi, cachorro).
Periódica.
Periódicas.
As perdas estão relacionadas com o tamanho do corpo e influenciadas pelos
processo metabólicos, tipo de dieta, produtos finais de excreção e outros
fatores externos (principalmente temperatura e umidade do ar). As perdas
pelo trato gastrointestinal variam com a natureza da dieta:
Aumentam com a ingestão de alimentos volumosos e com alimentos ricos
em substâncias pécticas (alimentos com propriedades laxantes).
Em geral, quanto maior a proporção de material indigerido, maior a perda
deigua.pelas fezes. Fezes de bovinos podem conter 80% de água — com a
mesma dieta, as fezes de caprinos e ovinos são muito mais secas.
Em todas as espécies, as perdas pelo trato gastrointestinal são muito
pequenas se comparadas com a quantidade de água secretada nos sucos
digestivos — o volume destes é várias vezes maior do que o volume
plasmático. Ern condições normais, quase toda água excretada para o trato
gastrointestinal é reabsorvida.
Os rins secretam mais e menos água, dependendo da água ingerida (pura ou
com os alimentos) e da quantidade de catabólitos, particularmente minerais
e produtos nitrogenados. Existem grandes diferenças entre as espécies na
capacidade de reabsorção renal. A urina de animais de habitat desértico é
muito mais concentrada — um dós mecanismos para conservação de água
43
3 Água
por eles utilizados. Aves, cobras e insctos excretam uma quantidade
mínima de água e, por isso, sobrevivem melhor à deprivaçáo do que os
mamíferos. Alguns insetos nunca bebem água - a traça caseira, por
exemplo.
Bovinos de raças européias necessitam de mais água que bovinos de raças
indianas.
Aves necessitam menos água que mamíferos, em razão do metabólito final
do metabolismo das proteínas ser uratos — menos tóxicos que a uréia e
não precisar de diluição para ser excretado e, ainda, porque o catabolismo
até ácido úrico fornece mais água metabólica.
Além do teor de proteínas, a quantidade de sais da dieta influencia a
quantidade de água a ser consumida, particularmente para a excreção renal.
Cloretos e carbonatos necessitam praticamente da mesma quantidade de
água para sua excreção - o efeito é aditivo.
Uréia exige menos água do que sais - 0 efeito de ambos não é aditivo.
A quantidade de água nos alimentos influencia negativamente a ingestão
diária de água.
PARTICULARIDADES DAS DIFERENTES ESPÉCIES
BOVINOS DE LEITE
Dos animais Q.vaca-leiteira.&quemaissofrecom uma deprivação_de
grande_excreçáo no leite.. O corpo contém, em média, de
55 a 65% de água; vacas muito gordas somente 50% e muito magras, 70%. Em
temperatura elevada, recusam alimento a partir do quarto dia de deprivaçáo e a perda
de peso pode chegar aos 16%.
in estão de água apresenta corrçlasãcEppsitivq_çom a ingestão de.rnatériaseca—O
pastejo e capins-clêbáiiá qualidade de áreas tropicais resulta em baixa ingestão de
água porque a ingestão de MS é baixa. Em consumos idênticos, as diçtgs com maior
- de fibrp indigestíyel promovem maiores perdas de água nas fezes, o que
_aumenta a ingestão de água. Vacas maiores ingerem mais água porque consomem
maiS matériá seca. Bezerros em dietas líquidas ingerem mais águafkg de matéria
seca do que animais mais velhos, recebendo dieta seca.
aumento da temperatura ambiente aumentanconsurno de água, _ç@vn 27-300C
sen o a aixa em que ocorre diferença marcante do consumot O aumento da
—umidade-ambiente-reduwo-consump&égyp (conseqüentemente, o de matéria seca
de cprporal. &limentos com altos teores de
umidade, de NaCl, de biçarbonato dc sódio ou de protüna-autn€ritarn o conSi.ññO de
de NaCl ao alimentcj-aumenta o consumq_gm mais de 50g de água
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Nunes, Nutrição Animai âá$ica
para cada Ig adicionado. "Fez-se a observação, teleologicamente 
não esperada, de
que em sal exibem sintomas de sede intensa e de 
poliúria
(Whitlock et ai.., 1973)".
Tabela 6 Consumo de água pelo gado leiteiro nas condições do Brasil 
Central.
Consumo' 
Categoria ' litros/cab/dia
Vacas em lactação
e novilhas,nófinal dá gestação
Vacas secas e novilhas gestantes
Novilhas em idadede inseminação
Fêmeas desmamadas até inseminação
Bezerros lactentes (em baias)
Bezerros lactentes (a pasto)
62¯5
5019
45,0
48,R
29,8
10
11,2
Desvio Padrão
15,6
12,9
7,2
3,0
Fonte: Benedetti et (1987).
Água oferecida continuamente, à vontade, é melhor do que o oferecimento
infrequente: a produção de leite é maior. O consumo, entre —17 e 270C, 
situa-se entre
3,5 e 5,5 kg de água]kg de matéria seca ingerida (alimentos de clima 
temperado).
Bezerros até os 21 dias de idade consomem de 1,0 a 1,5 kg de água/dia, corn água 
à
disposição. Observou-se maior consumo de alimento seco, com conseqüente 
maior
ganho de peso. Não há evidências de que o oferecimento e consumo de água 
limpa,
fresca e potável

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