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Biomecânica e Cinesiologia

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Biomecânica e Cinesiologia 
#CURRÍCULO LATTES# 
 
Professor Me. Gustavo Henrique de Oliveira 
 
● Doutorando em Educação Física (Universidade Estadual de Maringá). 
● Mestre em Educação Física (Universidade Estadual de Maringá). 
● Licenciado em Educação Física (Universidade Estadual de Maringá). 
● Bacharel em Educação Física (Universidade Estadual de Maringá).. 
 
 Link do Currículo na Plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/2195965410223306 
 
Ampla experiência com pesquisa acadêmica e treinamento esportivo aeróbio e 
populações especiais, com ênfase na biomecânica do esporte e alterações 
cardiovasculares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://lattes.cnpq.br/2195965410223306
APRESENTAÇÃO DA APOSTILA 
 
Prezado(a) aluno(a), 
 
 Elaborei esse material a respeito da disciplina de biomecânica e cinesiologia para 
que você possa aprender como realizar uma análise de movimento em um aluno ou 
atleta para melhorar o seu desempenho e prevenir lesões. 
 Na Unidade I vamos aprender os conceitos e como contextualizar a biomecânica 
e cinesiologia, esses termos iniciais irão te dar base para facilitar a sua aprendizagem 
nas unidades seguintes. Você também compreenderá a evolução histórica da 
biomecânica e cinesiologia, como as descobertas no campo da física e anatomia 
auxiliaram na criação de conceitos utilizados até hoje. Nesta unidade também será 
estabelecida a importância da aplicação prática da biomecânica e cinesiologia no 
ambiente profissional da Educação Física por meio de estudos científicos da área. 
 Já na Unidade II você irá saber mais sobre o corpo humano, posição anatômica e 
planos e eixos, nesse tema você aprenderá os termos corretos para se referir a estruturas 
do corpo humano. Os planos e eixos determinam quais tipos de movimentos uma 
articulação pode realizar e para cada tipo de movimento temos terminologias específicas. 
Biomecânica é a aplicação de variáveis da física no movimento humano, aqui alguns 
princípios básicos serão apresentados para você. 
 Na sequência, na Unidade III falaremos a respeito dos conceitos e definições da 
biomecânica do sistema locomotor. Também abordarei como a biomecânica atua nos 
ossos, articulações e músculos. Após conhecer com mais detalhes algumas estruturas 
anatômicas e como as forças físicas podem afetá-las, serão apresentados dois tipos de 
análise do movimento: a análise quantitativa e a análise qualitativa, para cada tipo de 
avaliação será apresentada a metodologia adequada para realização de cada análise. 
 Em nossa Unidade IV vamos finalizar o conteúdo dessa disciplina com a análise 
do movimento humano na Educação Física escolar, você irá observar que aplicar os 
conceitos da biomecânica em conjunto com os outros assuntos da Educação Física pode 
enriquecer uma aula e motivar o aluno. Você também terá exemplos a respeito de 
análises do movimento humano no esporte e em diferentes frentes do exercício físico e 
perceberá como a biomecânica pode melhorar o desempenho de uma pessoa praticante 
de exercícios físicos. 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE I 
CONHECENDO A BIOMECÂNICA E CINESIOLOGIA 
Professor Mestre Gustavo Henrique de Oliveira 
 
 
Plano de Estudo: 
• Conceitos e definições da biomecânica e cinesiologia: distanciamentos e aproximações 
de conceitos; 
• Aspectos históricos da biomecânica e cinesiologia; 
• Campos de atuação da biomecânica e cinesiologia. 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
• Conceituar e contextualizar a biomecânica e cinesiologia 
• Compreender a evolução histórica da biomecânica e cinesiologia 
• Estabelecer a importância da aplicação prática da biomecânica e cinesiologia no 
ambiente profissional da Educação Física. 
 
INTRODUÇÃO 
 
Prezado(a) aluno(a), nesta unidade vamos iniciar nossos estudos sobre 
biomecânica e cinesiologia. Aprenderemos os conceitos básicos e definições. Fique 
atento(a) a esses conceitos, pois eles serão aplicados nas unidades sequentes, então 
anote eles e, caso tenham dúvidas, revise! Para facilitar esse processo ao longo da 
apostila serão apresentadas tabelas resumindo os principais tópicos, anote elas em um 
caderno e tente sempre fazer relações entre os conceitos. 
Compreender os fundamentos técnicos para realizar análises do movimento 
humano é fundamental durante a formação em Educação Física, com esse 
conhecimento será possível melhorar a sua forma de ensino, processos pedagógicos e 
correção de movimentos, sendo eles de uma prática esportiva, dança, lutas ou alguma 
atividade do dia a dia. 
Para que você possa compreender melhor esses processos, é fundamental 
entender o processo histórico dos cientistas para formulação dos conceitos e teorias que 
são utilizados até hoje na biomecânica e cinesiologia. O que cada pensador descobriu 
ao longo da história? Como as suas descobertas influenciam até hoje os processos de 
análise do movimento? 
Por fim, serão apresentados para você alguns campos de atuação em 
biomecânica e cinesiologia. Optei por apresentar aplicações práticas em estudos 
científicos, pois refletem com mais fidedignidade a aplicação dos métodos para análise 
de movimentos e os principais equipamentos utilizados. É importante refletir que os 
métodos avaliativos são aplicados a partir da definição de um problema e, dividindo essa 
ação em partes menores, é possível estabelecer critérios metodológicos para resolver 
esse problema. 
Quer entender como esses processos avaliativos funcionam? Vamos começar 
pelos conceitos iniciais, processos históricos e aplicações práticas, aqui na Unidade I. 
 
 
 
 
1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES DA BIOMECÂNICA E CINESIOLOGIA: 
DISTANCIAMENTOS E APROXIMAÇÕES DE CONCEITOS 
 
Imagem capa do tópico 1: SHUTTER: 767393449 
 
1.1 Conceito de Cinesiologia 
 
Cinesiologia é o campo científico do estudo do movimento humano, é aplicado de 
forma multidisciplinar através de diferentes formas de avaliação do movimento como 
anatomia, fisiologia, psicologia e mecânica (Figura 1), tendo como finalidade 
compreender as forças que atuam sobre o corpo humano e como elas influenciam o 
movimento no espaço (KNUDSON, 2007; PORTELA, 2016). 
 
Figura 1 - Diferentes áreas que compõem a cinesiologia 
 
Fonte: adaptado de Knudson (2007). 
 
Atualmente, nas universidades, as aulas de cinesiologia têm o foco na anatomia 
funcional enfatizando o sistema musculoesquelético e a sua relação com o desempenho 
do movimento através da análise das articulações, músculos e tendões que são os 
componentes do corpo necessário para realização de um movimento (HAMILL; 
KNUTZEN; DERRICK, 2016). Contudo, a cinesiologia engloba todas as áreas de análise 
do movimento, sendo confundido com o conceito de biomecânica, contudo a 
biomecânica está dentro do campo de estudo da cinesiologia. 
 O movimento dentro da cinesiologia tem ênfase na análise qualitativa, ou seja, 
observação do movimento, sendo necessário dividir o movimento em fases para 
identificar a ativação muscular e articular em cada fase para que se possa corrigir e 
melhorar o desempenho do movimento como um todo (HAMILL; KNUTZEN; DERRICK, 
2016). Como exemplo de aplicação prática para corrigir um movimento de agachamento, 
é necessário dividir essa ação em 3 fases: 1ª fase - flexão de joelhos com ativação de 
isquiotibiais; 2ª fase - um breve momento de isometria; 3ª fase - extensão de quadris e 
extensão de joelhos com principal ativação do grupamento muscular dos quadríceps. É 
importante destacar que, em cada etapa, é necessário verificar a postura do avaliado(a) 
para evitar lesões e para que a ativação muscular aconteça de maneira correta. 
 
1.2 Conceito de Biomecânica 
 
 Biomecânica, segundo a definição da Sociedade Europeia de Biomecânica (), é 
“o estudo das forças atuantes e geradas no interior do corpo e dos efeitos dessas forças 
nos tecidos, fluidos ou materiais utilizados no diagnóstico, tratamento ou pesquisa”. 
Analisa-se a estruturae funções dos sistemas biológicos por meio de métodos da 
mecânica, que é uma área da física que investiga e quantifica os efeitos das forças 
incidentes sobre um objeto e o estudo do movimento que pode ser dividido em estático 
e dinâmico (HAMILL; KNUTZEN; DERRICK, 2016). O estudo de sistemas estáticos pode 
ser aplicado a movimentos em velocidade constante ou em situações de repouso, sem 
movimento, já os movimentos dinâmicos são abordados em sistemas que incluem 
aceleração (HALL, 2016). 
Existem duas formas de abordar análises biomecânicas, a primeira é por meio da 
avaliação qualitativa (cinemática), através da análise observacional do movimento e a 
descrição de suas características como sequenciamento de cada etapa do movimento, 
contudo sem levar em consideração as forças que incidem sobre esse corpo, como 
resultado desta avaliação podemos analisar a forma e a técnica que o movimento é 
realizado (HALL, 2016). Para realizar essa avaliação utilizamos principalmente o recurso 
visual e, para se ter mais precisão na análise, utilizamos imagens gravadas por vídeo 
para posterior análise, possibilitando o uso de recursos como câmera lenta e marcação 
de pontos no espaço. As variáveis que conseguimos obter são informações sobre 
posição do corpo ou objeto no espaço, velocidade, aceleração e ângulos articulares. 
A segunda forma é a análise quantitativa (cinética) que pode ser avaliada através 
de equipamentos de dinamometria que mensuram as forças que incidem sobre o corpo 
ou objeto, como plataforma de força, dinamômetro de mão, isocinéticos, de tração lombar 
ou escapular. As principais variáveis que podem refletir esses fatores é o torque articular 
e forças internas e externas. O efeito das forças internas que são produzidas pelos 
músculos, como a força gerada pela contração do bíceps braquial e dos efeitos das 
forças externas que atuam sobre o corpo como o efeito da gravidade (HALL, 2016). A 
descrição das análises cinesiológicas e biomecânicas estão apresentadas na Figura 2. 
 
Figura 2 - O movimento pode ser analisado basicamente de 3 formas: utilização do 
sistema musculoesquelético para a execução de um movimento (anatomia funcional), 
descrição do movimento (cinemática) e o efeito das forças envolvidas (cinética) 
 
Fonte: Hamill, Knutzen e Derrick (2016). 
 
 Outros métodos para realização de análises quantitativas em biomecânica é o uso 
da eletromiografia e a antropometria. A eletromiografia tem o objetivo de mensurar a 
ativação muscular de um determinado músculo, para isso é necessário colocar um 
eletrodo de forma não invasiva sobre o ventre muscular da região que será analisada. A 
partir do momento de uma contração muscular é gerado um sinal em milivolts que será 
convertido em dados e analisado por um software específico (KNUDSON, 2007; NIGG; 
HERZOG, 1994). 
 A antropometria estuda as medidas e dimensões do corpo humano com o auxílio 
de fitas métricas, balanças, paquímetros, posturógrafo e equipamentos de 
bioimpedância. A partir dessas avaliações são obtidas informações sobre altura, massa 
corporal, composição corporal e comprimento de membros. Saber de forma clara e exata 
se um corpo humano auxilia em outros processos de análises biomecânicas, como 
análises por vídeo, em que é necessário ter informações sobre comprimento de membros 
para calcular ângulos. No campo da cinética, saber a massa corporal é de suma 
importância para cálculos de força. E medidas completas do corpo humano são utilizadas 
no campo da ergonomia, aplicada principalmente em ambientes de trabalho para 
mensurar altura adequada. 
 
Atenção: Caro(a) aluno(a), ao longo de cada unidade da disciplina de Biomecânica e 
Cinesiologia alguns conceitos são fundamentais e devem ser revisados com frequência, 
pois serão utilizados ao longo do curso. Para facilitar a sua aprendizagem, seguem 
alguns conceitos: 
 
Quadro 1 - Conceitos básicos Unidade I 
Cinesiologia Estudo do movimento humano 
Biomecânica Aplicação dos princípios mecânicos no estudo dos 
organismos vivos 
Mecânica Ramo da física que analisa as ações de forças sobre 
sistemas mecânicos 
Estática Ramo da mecânica que lida com sistemas em estado 
constante de movimento 
Dinâmica Ramo da mecânica que lida com sistemas sujeitos a 
aceleração. 
Cinemática Estudo da descrição do movimento, considerando espaço e 
tempo. 
Cinética Estudo da ação das forças 
Eletromiografia Análise da ativação muscular 
Antropometria Medidas do corpo humano 
Quantitativo Está relacionado com o uso de números 
Qualitativo Descrição sobre a qualidade de uma ação 
Fonte: adaptado de Hall (2016) e Hamill, Knutzen e Derrick (2016). 
 
2 ASPECTOS HISTÓRICOS DA BIOMECÂNICA E CINESIOLOGIA 
 
Imagem capa do tópico 2: SHUTTER: 1677490351 
 
Para iniciar a discussão sobre os aspectos históricos da biomecânica e 
cinesiologia é necessário comentar sobre o Discóbolo de Míron, símbolo da Educação 
Física (imagem capa do tópico 2). A escultura representa vigor, energia e vitalidade, 
características necessárias em atletas e evidência de um corpo forte em movimento. 
Essa obra foi escolhida pelo Conselho Federal de Educação Física, em 2002, para 
representar a Educação Física no Brasil (Resolução CONFEF º49/2002). 
 
2.1 História da Biomecânica e Cinesiologia 
 
Conforme já apresentado no tópico 1, a biomecânica é contida dentro da 
cinesiologia, portanto, para fins didáticos, vamos adotar apenas o termo cinesiologia para 
verificar a sua construção histórica, já que o termo “biomecânica” começou a ser usado, 
apenas em meados dos anos 70, para descrever a análise mecânica dos seres 
biológicos (NIGG; HERZOG, 1994). Cinesiologia é derivada de dois termos do grego, 
kinesis = movimento e logos = estudo, “estudo do movimento”, utilizando de bases 
anatômicas e fisiológicas para descrever os movimentos realizados. 
 
2.2 História da Biomecânica e Cinesiologia – Antiguidade (650 a.C. a 200 d.C.) 
 
Aristóteles (384 – 322 a.C.), grego, foi considerado o pai da cinesiologia. Com 
base na ciência, ele buscava explicar a natureza utilizando a matemática como 
instrumento. Relatos indicam que ele realizou a primeira descrição científica da função e 
ação dos músculos, ossos e do movimento em sua obra Sobre o Movimento dos 
Animais”. Nessa obra, já antecipa algumas descobertas de Newton, como a lei da 
reação, descrevendo que, para alguém ou algo se movimentar, era necessário aplicar 
uma força para baixo e só então ocorreria o deslocamento para alguma direção. Todo 
movimento depende da ação de um agente em movimento e o movimento é resultado 
das ações deste agente (NIGG; HERZOG, 1994; PORTELA, 2016). 
Posteriormente, Arquimedes (287 – 212 a.C.), grego, revelou grandes avanços no 
estudo da hidrostática, utilizados para explicar a movimentação em meio líquido, como 
a natação. Outro campo de estudos explorado pelo autor foi as leis da alavanca, 
analisando o deslocamento de massas através da manipulação do seu centro de 
gravidade. Desse pesquisador ficou conhecido a famosa frase “Dá-me um ponto de apoio 
que levantarei o mundo” (NIGG; HERZOG, 1994; PORTELA, 2016). 
Galeno (129 – 201 d.C.), grego, é considerado o pai da medicina esportiva. Foi 
médico do Colégio dos Gladiadores em Roma, neste trabalho realizou vários 
procedimentos médicos adquirindo experiência e conhecimento sobre o corpo humano 
e seu movimento. Escreveu dois tratados de medicina que foram amplamente utilizados 
como referência: De Usu Partium (O uso das partes) e De Moto Musculorum (O 
movimento dos músculos). Nessas obras foram abordadas com profundidade a forma e 
a função das partes do corpo humano e da sua função em movimento a respeito dos 
músculos, caracterizando e informando os principais músculos agonistas e antagonistas, 
nervos motores, sensoriais e termos da artrologia (estudo das articulações). Além disso, 
foi o primeiro a propor que a contração muscular ocorre após um sinalde um nervo motor. 
Outro ponto sobre o pesquisador, Galeno não era favorável à dissecação de cadáveres 
humanos, tendo boa parte das suas conclusões a partir de animais (NIGG; HERZOG, 
1994; PORTELA, 2016). 
 
2.3 História da Biomecânica e Cinesiologia – Renascimento (1450 - 1600) 
 
 O movimento renascentista surgiu na Itália, após conflitos políticos do século XV, 
quando houve a substituição da teoria teocêntrica para a antropocêntrica. O ser humano 
volta a ser o centro das atenções e de estudos, retornando a cultura e civilizações 
clássicas, também as teorias estabelecidas pelos gregos na idade antiga. 
 Dentre os autores renascentistas, Leonardo Da Vinci (1452 – 1519) foi o que mais 
contribuiu a respeito da anatomia e do movimento humano. Em oposição ao grego 
Galeno, Da Vinci acreditava que a verificação e a realização de experimentos eram de 
enorme importância para conclusões em seu estudo, sendo favorável, então, à 
dissecação de cadáveres humanos. A partir de seus estudos, foi possível estabelecer as 
estruturas anatômicas com mais exatidão e a influência da mecânica, além de expor 
seus achados através da união entre arte e ciência (Figura 3), descrevendo a origem e 
inserção dos músculos (NIGG; HERZOG, 1994). Descreveu também os primeiros relatos 
do corpo na posição ereta e a primeira análise da marcha humana com o objetivo de 
demonstrar a variedade dos músculos utilizados durante esse exercício, porém os seus 
achados foram divulgados apenas 300 anos após a sua morte (PORTELA, 2016). Outro 
nome importante durante o período do renascimento foi Vesalius (1450 – 1600 d.C.), que 
se contradiz aos estudos de Galeno, pois sua anatomia se baseava em animais. Vesalius 
estabeleceu os fundamentos da anatomia moderna (NIGG; HERZOG, 1994). 
 
Figura 3 - O Homem Vitruviano de Leonardo da Vinci, representa o equilíbrio e proporção 
adequada do corpo humano 
 
SHUTTER: 1510980131 
 
2.3 História da Biomecânica e Cinesiologia – Revolução Científica (1600 - 1730) 
 
 Galileu Galilei (1564 – 1642) buscava explicar os fenômenos da natureza através 
da matemática e da ciência, em sua obra De Animaliam Motibus, descreveu de forma 
detalhada o salto humano e a passada de cavalos e insetos. Desenvolveu o método de 
avaliação da balança hidrostática a partir dos conceitos elaborados por Arquimedes 
(NIGG; HERZOG, 1994). Apresentou fundamentos da mecânica clássica que, 
posteriormente, seriam utilizados para as formulações das leis de Newton, como a sua 
teoria de movimento uniforme, balística e quantidade de movimento. Propôs também 
que, no vácuo, quando dois corpos caem, a aceleração do corpo em queda livre não é 
proporcional ao seu peso, apenas pela duração em tempo da queda (PORTELA, 2016). 
 Giovanni Borelli (1608 - 1679) foi um matemático e médico e tinha como objetivo 
integrar as ciências fisiológicas com a física. A sua principal obra foi denominada De 
Motu Animalium, que utilizava de métodos matemáticos para analisar movimentos 
complexos, como corrida, salto, natação e contração muscular; os ossos são alavancas 
e os músculos funcionam através de padrões matemáticos (NIGG; HERZOG, 1994). 
 Isaac Newton (1642 – 1727) físico e matemático publicou, em sua obra 
Philosophiae Naturalis Principia Mathematica, as suas três leis da mecânica, que regem 
os fundamentos para qualquer análise cinemática ou de cinética em qualquer sistema 
mecânico. 
• Lei da Inércia: “um corpo permanecerá em repouso será movido em 
velocidade constante e uniforme, se não houver forças externas aplicadas 
sobre ele”, ou seja, um corpo em movimento tende a permanecer em 
movimento. Exemplo: caso uma pessoa esteja em pé em um ônibus e, de 
repente, ele pare de forma abrupta, a pessoa será lançada em direção ao 
movimento anterior do ônibus. 
• Lei da Aceleração: “a aceleração de um corpo influenciado por forças 
exteriores é proporcional à sua força sobre ele aplicada e inversamente 
proporcional a sua massa Força = Massa x Aceleração”, ou seja, quanto 
maior massa e quanto maior a aceleração imposta, maior será a força 
resultante. 
• Lei da Ação e Reação: “Quando dois corpos exercem forças entre si, e 
essas forças têm a mesma linha de ação, uma força é aplicada em igual 
magnitude em sentidos opostos” (NIGG; HERZOG, 1994). 
 
2.3 História da Biomecânica e Cinesiologia – Séculos XIX e XX (1800 – 2000) 
 
 Nesse período mais recente da história, tivemos vários cientistas que fizeram 
descobertas específicas, que auxiliaram na construção do conhecimento em 
cinesiologia. As informações a seguir foram extraídas de Nigg e Herzog (1994). 
 Marey (1830 - 1904) propôs instrumentos para análise do movimento da marcha 
através de métodos de fotogrametria (analisar um vídeo quadro a quadro). Muybridge 
(1860 - 1904) descobriu novas formas de análise de movimento através de fotos e 
descobriu que durante a corrida dos cavalos eles possuem uma fase aérea. Braune 
(1831 - 1892) e Fischer (1861 - 1917) propuseram a análise 3D da marcha e 
determinaram o centro de massa dos principais segmentos anatômicos do corpo humano 
utilizando cadáveres congelados. Wolf (1836 - 1902) apresentou a lei da adaptação 
óssea e descobriu que o osso é um material vivo e que é influenciado pelas leis físicas 
em seu crescimento. 
 
2.4 História da Biomecânica e Cinesiologia – Brasil 
 
 Em 1989, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, tivemos o primeiro 
encontro de professores de Cinesiologia e Biomecânica, o evento contou com cerca de 
100 participantes e o tema do encontro foi a aplicação da biomecânica no ensino e na 
pesquisa. A partir desta data foi realizado um Congresso Nacional de Biomecânica por 
ano, até 1992, e foi fundada a Sociedade Brasileira de Biomecânica e o evento passou 
a ser chamado Congresso Brasileiro de Biomecânica, sendo realizado a cada dois anos, 
em sua maioria. Cada vez que o evento ocorre, ele é realizado em uma região diferente 
do Brasil, reunindo os principais pesquisadores do assunto para discutir os avanços da 
Biomecânica e também apresentação das novas tecnologias para análises quantitativas 
e qualitativas. 
3. CAMPOS DE ATUAÇÃO DA BIOMECÂNICA E CINESIOLOGIA 
 
Imagem capa do tópico 2: SHUTTER: 1881922690 
 
 Para entender os campos de atuação da Biomecânica e Cinesiologia é necessário 
compreender os principais métodos de avaliação tanto qualitativo, com os processos de 
análise por vídeo, e quantitativo, através de equipamentos de medição, como a 
plataforma de força, dinamometria, antropometria e eletromiografia. Os detalhes a 
respeito de cada metodologia veremos na Unidade III. 
 
3.1 Análise do Equilíbrio e Risco de Queda em Idosos 
 
Com o desenvolvimento do processo de envelhecimento, ocorre o aumento da 
instabilidade do equilíbrio postural em idosos, aumentando os riscos de quedas nessa 
população (GILL et al., 2001; MEIZER; BENJUVA; KAPLANSKI, 2014). Queda em idosos 
é uma das principais causas de morbidade e mortalidade nessa população (GROSSMAN 
et al., 2018). No mundo, 30% dos idosos com 65 anos ou mais tem uma ocorrência de 
queda no ano, e aos 85 anos aumenta em 40% o risco de o idoso cair pelo menos uma 
vez no ano (HILL; SCHWARZ, 2004). 
Os danos causados pela queda podem reduzir os níveis de aptidão física, como 
perda de força, potência, agilidade e equilíbrio (MOREIRA et al., 2018). Entretanto o 
exercício físico é um fator protetor para quedas, por desenvolver ou realizar a 
manutenção da aptidão física, como ganho de força e coordenação (DURAY; GENÇ, 
2017). O principal fator que pode influenciar no risco de queda é a amplitude de 
movimento do tronco, estratégias de treinamento que limitam o movimento do tronco são 
benéficas para aumentar a estabilidade em idosos (HALL, 2016). Por meio de uma 
plataforma de força, podemos medir o equilíbrio de um idoso e acompanhar a melhora 
após períodos de intervenção de treinamento físico (DUARTE; FREITAS,2010). 
 
Figura 3 - A prática de exercícios físicos melhora o equilíbrio de idosos 
 
SHUTTER: 1660019572 
 
3.2 Avaliação da Força e Potência de Membros Inferiores para o Esporte 
 
A análise da força e potência muscular são realizadas através dos testes de salto 
Counter Movement Jump e Squat Jump (Figura 4). Esses testes são realizados por meio 
de uma plataforma de força e podemos obter informações de potência e força 
(MARKOVIC et al., 2004; NUZZO et al., 2008). Diferentes esportes que necessitam de 
potência em saltos utilizam esses métodos de avaliação, principalmente para avaliar o 
estado atual do atleta e avaliar a sua performance com os treinos. No vôlei, um estudo 
avaliou o efeito das diferentes superfícies de impacto rígidas e em areia, buscando 
compreender as diferentes forças geradas pelo atleta em cada ambiente, em um 
ambiente com solo em areia ocorre mais dispersão de energia e a altura do salto é menor 
em comparação a um ambiente rígido (GIATSIS et al., 2004). No futebol esses testes 
também são utilizados para avaliar o desempenho dos jogadores com sua capacidade 
tática (BORGES et al., 2017). Protocolos de treinamento combinado (Treino resistido + 
treino aeróbio) também utilizam essa avaliação para quantificar os efeitos do treinamento 
(TERZIS et al., 2016). 
 
Figura 4 - Ilustração dos movimentos Squat Jump (SJ) e Counter Movement Jump 
(CMJ) 
 
Fonte: Padulo et al. (2013). 
 
3.3 Eletromiografia 
 
 No voleibol é recorrente lesões nos músculos isquiotibiais, principalmente no 
bíceps femoral (BF), um estudo com 12 jogadores de voleibol verificou a ativação 
muscular do BF durante a execução de dois movimentos de salto: Counter Movement 
Jump (CMJ) e Squat Jump (SJ) e identificou que o CMJ possui uma ativação reduzida 
do BF devido a contribuição de dos tecidos elásticos durante as fases concêntricas e 
excêntricas do movimento (PADULO et al., 2013). Recentemente o método de 
treinamento por eletromioestimulação (Figura 5) vem se tornando cada vez mais usual 
em clínicas especializadas. Esse treinamento consiste no uso de um equipamento que 
estimula os músculos por meio de um sinal elétrico; dez semanas deste treinamento 
melhorou a força e potência de salto, CMJ e SJ, de indivíduos destreinados (BERGER 
et al., 2020). 
 Na musculação, o estudo de Silva et al. (2014) avaliou a ativação muscular do 
peitoral maior – três ângulos diferentes de execução do supino reto –, com esses 
resultados é possível identificar qual é o ângulo de execução do movimento que 
proporciona maior ativação de um músculo específico. O uso da eletromiografia em 
programas de reabilitação física como recuperação de lesão no ligamento cruzado 
anterior é utilizado para determinar a eficiência dos exercícios em programas de 
treinamento, tornando o processo de reabilitação mais eficaz (ZEBIS et al., 2019). 
 
Figura 5 - Treinamento de eletroestimulação 
 
Fonte: Berger et al. (2020). 
 
3.4 Dinamometria 
 
 A dinamometria engloba os métodos de análise de força muscular, essas 
avaliações são necessárias para determinar casos de sarcopenia, por exemplo. A 
sarcopenia é conhecida por seus efeitos na funcionalidade muscular, causando uma 
diminuição acentuada da mobilidade, capacidade de transferência e, consequentemente, 
prejudicando a capacidade de realizar sozinho e com eficácia as atividades da vida diária 
(CRUZ-JENTOFT et al., 2019). Para definir um quadro de sarcopenia uma série de testes 
são necessários, dentre eles testes com dinamômetros para avaliar a força são 
utilizados, como o dinamômetro de mão que analisa a força de pressão manual e o 
dinamômetro isocinético que tem como principal função analisar a força de membros 
inferiores (CRUZ-JENTOFT et al., 2019). 
 Após 8 semanas de treinamento de força com kettebells foi suficiente para 
aumentar a força de preensão manual e indicadores de sarcopenia em mulheres idosas 
(CHEN et al., 2018). Tosselli et al. (2020) aplicaram 6 meses de treinamento de força em 
mulheres obesas e encontraram maiores ganhos de força de pressão manual nas 
mulheres que treinavam três vezes por semana em relação às que treinavam uma vez 
por semana. Em homens idosos com sarcopenia, verificou-se que 8 a 12 semanas de 
treinamento de força em alta intensidade foi capaz de gerar ganhos de massa muscular 
e de força de pressão manual (LICHTENBERG et al., 2019). 
 
Figura 6 - Avaliação de pressão manual com dinamômetro de mão 
 
Fonte: Reis e Arantes (2011). 
 
3.5 Cinemática 
 
 A análise realizada por vídeo auxilia no processo de adaptação e eficiência de 
órteses e próteses, buscando aproximar o uso desses equipamentos ao movimento 
humano da melhor forma possível. Foi comprovado que o uso de órteses alivia as dores 
em indivíduos com osteoartrite patelofemoral (TAN et al., 2020). Indivíduos com alguma 
patologia tendem a andar mais devagar e alguns fatores biomecânicos podem afetar 
essas pessoas. Para isso, foram analisadas diferentes velocidades de marcha e os seus 
padrões em diferentes populações a fim de compreender melhor os parâmetros espaço-
temporais e cinemáticos principalmente para evitar possíveis lesões nessa população 
(FUKUCHI; FUKUCHI; DUARTE, 2019). 
 Algumas lesões em corredores acontecem após um período de pausa sem treino, 
sendo por alguma lesão ou outra atividade que os impeça de treinar, no período de 
retreinamento, algumas lesões podem ocorrer principalmente por uma abdução elevada 
de joelho ou aumento de eversão plantar, possivelmente pela perda de massa muscular 
específica para essas regiões. Além disso, corredores que passam por um período de 
retreinamento adotam um estilo de corrida diferente do original. Neste exemplo é 
fundamental um conhecimento técnico biomecânico de qualidade para que o praticante 
de corrida possa voltar aos treinos com o risco reduzido de lesões (DUNN et al., 2018). 
 
Figura 7 - Ciclo da marcha 
 
SHUTTER: 1046319301 
 
3.6 Ergonomia 
 
 Essa análise busca ajustar o ambiente ou atividade profissional ao corpo do 
trabalhador, de forma que gerem menos impactos posturais e dispêndio energético 
desnecessário. Estudos indicam que dores na lombar nem sempre podem estar 
relacionadas diretamente com o transporte de cargas pesadas, mas sim, que o principal 
agravante é o fator postural e movimentos repentinos que podem ocasionar em dores 
(HALL, 2016). Realizar, pelo menos uma vez na semana, exercícios físicos laborais pode 
ajudar a reduzir dores nas costas em profissionais da saúde (JAHROMI et al., 2012). 
Através de medidas antropométricas é possível determinar medidas adequadas para 
atividades de trabalho, podendo reduzir algumas dores oriundas dessa atividade. Por 
exemplo, um trabalho que exija sentar em uma cadeira e ficar de frente para um 
computador: deve-se ter um apoio lombar na cadeira, as pernas devem tocar o chão e 
cabeça deve estar alinhada com o monitor (BRASIL, 2017). 
 
Figura 8 - Postura adequada para pegar pesos no solo 
 
Fonte: Hall (2016). 
 
SAIBA MAIS 
Porque Usain Bolt é o homem mais rápido do mundo? Em provas de 100m Bolt consegue 
atingir a incrível marca de 45 km/h, enquanto um corredor amador para fazer essa prova 
precisa dar 50 a 55 passos, Bolt espera eles na linha de chegada com 41 passos. Bolt 
consegue otimizar a sua potência anaeróbia e manter elevado tanto a frequência quanto 
a cadência da passada, além disso o ponto mais importante é que ele desacelera menos 
que outros atletas, Bolt consegue chegar na sua velocidade máxima e o tempo de 
redução da velocidade é menor (GÓMEZ et al., 2013). O que está por trás de seu 
desempenho extraordinário é que ele consegue extrair o máximo do corpo dele, a cada 
prova que ele participa ele identifica os erros e corrige os seus pontos fracos, além disso 
muitas análises biomecânicas são realizadas para maximizar o seu desempenho 
melhorando a sua corrida. 
 Observou comoé incrível um bom trabalho de análise do movimento? 
 
Fonte: Rhodes (2015). 
#SAIBA MAIS# 
 
REFLITA 
“Eu treinei 4 anos para correr apenas 9 segundos, tem gente que não vê resultado em 2 
meses e desiste” (Usain Bolt). 
#REFLITA# 
 
 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 Com o término desta unidade, você aprendeu as diferenças conceituais entre 
biomecânica e cinesiologia e as suas formas de avaliação. A partir dos conceitos básicos, 
agora você tem noções de como é realizado um processo de avaliação e a sua 
importância para o estudo do movimento humano e a sua relação com a mecânica. A 
partir de agora, tente pensar criticamente toda vez que for necessário corrigir um 
movimento, qual é a melhor forma de correção e quais problemas uma execução errada 
pode causar ao corpo do praticante, sendo uma lesão ou redução do desempenho. 
 A partir da evolução histórica das pesquisas envolvendo biomecânica e 
cinesiologia podemos perceber que o conhecimento foi desenvolvido de forma gradual, 
em que cada pesquisador mais antigo influenciou na pesquisa de pesquisadores mais 
atuais, concordando com os seus achados ou refutando-os. De qualquer maneira, é 
importante compreender que o conhecimento não é produzido por uma única fonte e sim 
discutido e construído por várias fontes de pesquisa. Tenha sempre a base do 
conhecimento a respeito da biomecânica e cinesiologia e a partir dela tente resolver 
problemas de formas criativas, quem sabe você não se torna mais um importante 
profissional a contribuir com o estudo do movimento humano. 
 Apresentamos estudos recentes em diferentes campos de atuação em 
biomecânica e cinesiologia com seus métodos e aplicações, veremos o processo 
metodológico de algumas avaliações com mais detalhes nas próximas unidades. O mais 
importante é que você, aluno(a), visualize a aplicação prática desses procedimentos e a 
sua aplicação na Educação Física. Nesse momento é importante que você faça o 
seguinte exercício mental: 1. Pensar em um movimento humano, seja um movimento 
esportivo ou alguma tarefa do dia a dia; 2. Dividir o movimento em fases e pensar 
processos de correção; 3. Decidir quais avaliações seriam mais adequadas para avaliar 
o movimento escolhido. 
 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
O estudo de Fukuchi e Duarte (2008) compara o movimento da corrida durante a 
fase de apoio e diferencia a sua relação entre homens adultos e idosos, leia o resumo 
do artigo dos autores, caso surja mais interesse sobre o assunto no final da leitura 
complementar o estudo estará disponível na íntegra. 
“A prática regular de atividade física ajuda a prevenir ou postergar o aparecimento 
de disfunções importantes que acometem os idosos como a osteoporose, diabetes 
melito, hipertensão arterial e outras doenças cardiovasculares. A corrida de rua é uma 
das atividades que mais despertou adeptos dessa faixa etária. Apesar dos benefícios da 
prática de atividade física em geral, e da corrida em particular, o aumento da prática 
desta última tem levado ao consequente aumento no número de lesões. Anualmente, 
cerca de 50% dos corredores americanos são acometidos por alguma lesão que é 
suficiente para causar alteração do desempenho. Ambos os indivíduos, jovens e mais 
velhos, são frequentemente expostos a lesões, com incidência anual entre 37% e 56%, 
respectivamente. O maior acometimento dos idosos por lesões pode ser devido às 
modificações teciduais resultantes do processo de envelhecimento biológico e por 
eventuais mudanças nos padrões de movimento utilizados na corrida. Os movimentos 
excessivos da região do tornozelo têm sido associados às lesões musculoesqueléticas 
em corredores. Os achados da literatura sugerem que idosos são mais susceptíveis às 
lesões relacionadas à corrida do que adultos. Contudo, ainda é desconhecido se as 
alterações teciduais trazidas pelo envelhecimento realmente contribuem para esses 
resultados. O objetivo do presente estudo foi comparar a cinemática da fase de apoio da 
corrida em adultos e idosos. Foram analisados 17 adultos (31±5 anos) e 17 idosos (69±2 
anos) recrutados voluntariamente. Os sujeitos correram em uma esteira ergométrica a 
11 km/h, enquanto eram filmados por quatro câmeras de vídeo com frequência de 120Hz. 
Os ângulos do retropé e do joelho durante a fase de apoio da corrida foram mensurados. 
Os idosos apresentaram menor excursão de movimentos de flexão do joelho e de 
rotação medial da tíbia. Aparentemente os idosos apresentaram maior assincronia entre 
os movimentos do retropé e do joelho em relação aos adultos. Esses resultados sugerem 
que os idosos adotam padrões de movimentos diferentes dos adultos durante a fase de 
apoio da corrida. A prescrição de exercícios e as estratégias de prevenção de lesões em 
idosos corredores devem considerar essas diferenças.” 
Fonte: Fukuchi e Duarte (2008). 
 
LIVRO 
 
• Título: Biomecânica Básica 
• Autor: Susan J. Hall 
• Editora: Guanabara Koogan 
• Sinopse: “A sétima de Biomecânica Básica apresenta uma abordagem balanceada das 
estruturas anatômicas, da biomecânica e de suas aplicações, fornecendo um ótimo ponto 
de partida para o estudo destes conceitos. Inúmeras aplicações práticas (tanto 
qualitativas como quantitativas) no esporte, no trabalho, na medicina e no dia a dia 
ajudam a demonstrar a relevância dos princípios biomecânicos não apenas para o 
desempenho de atletas de elite, como também para a realização de atividades 
cotidianas. Os aspectos quantitativos são apresentados de uma maneira simples e 
progressiva, e um apêndice sobre matemática ajuda a tornar o material acessível a todos 
os estudantes, seja qual for seu nível de habilidade nessa área. Obra de referência nas 
áreas de educação física, fisioterapia, medicina esportiva e ortopedia, este livro é 
fundamental também para professores e profissionais interessados em aperfeiçoar seus 
conhecimentos.” 
FILME/VÍDEO 
 
• Título: Eu sou Bolt 
• Ano: 2016 
• Sinopse: “Uma das estrelas das Olimpíadas Rio 2016 que já brilhava há muito tempo. 
Este é Usain Bolt, o homem mais veloz do mundo e o único atleta na história do atletismo 
a ser tricampeão em três modalidades de pista em Jogos Olímpicos consecutivamente. 
A lista de vitórias na carreira é extensa, mas a vida de Bolt não se resume a isto. Agora, 
o velocista jamaicano abre as portas para um universo que vai além das pistas de corrida. 
Ele se apresenta como o Bolt amigo, filho, com muitos sonhos e desafios” 
WEB 
 
Explicação científica do porquê Usain Bolt é mais veloz que os outros atletas 
• Link do site: https://www.youtube.com/watch?v=YTj4zl1Vgwc 
REFERÊNCIAS 
 
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Electromyostimulation Training Program on Specific Sport Performance Parameters. J. 
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https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/08/150830_usain_bolt_segredo_sucesso_rb
 
UNIDADE II 
ESTUDO DA BIOMECÂNICA E CINESIOLOGIA 
Professor Mestre Gustavo Henrique de Oliveira 
 
 
Plano de Estudo: 
• Corpo humano, posição anatômica e planos e eixos; 
• Movimento, planos e eixos; 
• Descrição de movimentos e suas terminologias; 
• Princípios básicos da biomecânica. 
 
 
Objetivos de Aprendizagem: 
• Compreender conceitos sobre corpo humano, posição anatômica; 
• Conceituar os tipos de movimento e princípios básicos da biomecânica; 
• Descrever os diferentes tipos de movimentos e suas terminologias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
Caro(a) aluno(a), nesta unidade vamos conhecer um pouco mais sobre o corpo 
humano através dos conceitos de posição anatômica, planos e eixos. Com esse 
conhecimento será mais fácil descrever um movimento de forma mais técnica, 
compreender de melhor forma a linguagem dos livros e também facilitar o ensino e 
correção de movimentos. Depois deste tópico, para facilitar o processo de ensino e 
aprendizagem sempre será utilizado os termos técnicos de planos e eixos para facilitar 
a descrição dos movimentos, pode parecer um pouco complicado de início, mas será 
natural o uso destes termos com a prática. 
Aprenderemos também os diferentes tipos de movimento, como pensar e analisar 
movimentos realizados de forma linear ou angular. Exemplo, pense em um jogador de 
futebol, ele conduz uma bola em um campo quando se aproxima do gol, o seu padrão 
de movimento muda ele apoia o pé de apoio do lado da bola e estende a outra perna 
para trás, gira o quadril e o tronco e com toda força chuta a bola, aqui podemos analisar 
e corrigir os movimentos do jogador, porém a bola irá sair do pé do jogador e irá se 
deslocar em direção ao gol, a trajetória do seu movimento também deve ser analisada, 
com essas informações você terá um maior acervo de dados para melhorar a eficiência 
de um jogador de futebol. Viu como a biomecânica é totalmente aplicável? 
Continuando nesse mesmo exemplo do jogador de futebol, quais outras variáveis 
físicas podem influenciar no movimento de chute do jogador? Podemos pensar em como 
o movimento foi realizado, qual foi a posição das pernas, pés e troncos durante o 
movimento, em qual plano ou eixo cada fase do movimento ocorreu. Também podemos 
quantificar com quanta força ele realizou o chute, qual foi o torque gerado nas 
articulações, seria possível ter mais potência e velocidade nesse chute? 
Veremos também nesta unidade alguns princípios básicos da física aplicados na 
biomecânica, irei trazer para vocês os conceitos, terminologias, e exemplos de aplicação 
prática. 
 
 
1. CORPO HUMANO, POSIÇÃO ANATÔMICA E PLANOS E EIXOS 
 
 
Imagem do Tópico: SHUTTER: 390360016 
 
Na imagem da capa desta unidade vemos um homem correndo e temos a visão 
lateral desse movimento. Com essa visão lateral podemos descrever alguns movimentos 
que estão acontecendo como a inclinação do tronco para frente que proporciona o 
deslocamento do centro de gravidadepara frente então temos um movimento em alguma 
direção e identificamos também flexão de joelhos e cotovelos. Essas informações só 
podem ser obtidas porque o corredor está em uma perspectiva lateral e nos proporciona 
essa visualização. Entretanto, seria possível realizar essa mesma análise olhando o 
corredor pela frente ou por cima? Já adianto a resposta que não. 
 Se visualizarmos uma pessoa correndo de forma frontal teremos outra perspectiva 
como a visualização da rotação do tronco, mas não movimentos de flexão e extensão de 
cotovelo e joelho, claro que será possível identificar o movimento de ida e volta, porém 
 
não será possível analisar de uma forma mais eficiente e precisa. A partir dessas ideias 
vamos iniciar o estudo dos termos anatômicos essenciais e planos e eixos, esse assunto 
é extremamente necessário e irá compor toda a base de análise de movimento. 
 
Referências anatômicas 
 
 Inicialmente para que seja possível explicar as posições, os movimentos 
articulares e planos e eixos, temos que utilizar uma posição de referência para que todos 
os movimentos partam a princípio dela, chamaremos simplesmente de posição 
anatômica (HAMILL; KNUTZEN; DERRICK, 2016). Nesta posição o sujeito deverá 
permanecer em pé e ereto, com os pés afastados e com dedos para frente, as palmas 
da mão devem estar voltadas para frente, os braços devem ficar estendidos, mas 
levemente posicionados a frente do tronco, a cabeça deve permanecer estática com o 
olhar para frente (Figura 1.1). 
 A partir da explicação do parágrafo anterior sobre a posição anatômica padrão é 
importante que você leia essa descrição e tente se posicionar da mesma forma que a 
figura 1.1, lembre-se também de descrever mentalmente cada posição e segmento 
corporal para si mesmo. Esse exercício é importante para fixação desse termo, ao longo 
da unidade toda vez que for mencionado um movimento sem nenhuma especificação de 
posição, tenha a figura 1.1 como base. 
Alguns termos são utilizados para facilitar a descrição e localização das posições 
anatômicas, utilizaremos essas nomenclaturas ao longo do nosso curso na descrição 
dos movimentos. Lembre-se de utilizar a posição anatômica padrão (Figura 1.1) para 
compreender a posição dos termos e seus exemplos (Tabela 1.1) e a sua representação 
(Figura 1.2). Utilizaremos a abordagem dos autores Hamill; Knutzen; Derrick (2016). 
 
Figura 1.1. Posição anatômica padrão 
 
Fonte: SHUTTER: 1398691874. 
 
Tabela 1.1. Termos e posições anatômicas 
Termo Posição Exemplo 
Superior Mais próximo da cabeça O pescoço está superior ao esterno 
Inferior Mais afastado da cabeça As pernas estão inferiores ao quadril 
Anterior Está mais à frente O coração está anterior à coluna torácica 
Posterior Está mais atrás A articulação do joelho está posterior à rótula. 
Medial Mais próximo do meio O hálux está medial aos outros dedos do pé 
Lateral Mais afastado do meio O polegar está lateral ao tronco 
Proximal Mais próximo do tronco O joelho está proximal ao tornozelo 
Distal Mais afastado do tronco A palma da mão está distal ao cotovelo 
Fonte: Adaptado de Hamill; Knutzen; Derrick (2016). 
 
Figura 1.2. Termos anatômicos para descrição de posições 
 
Fonte: HAMILL; KNUTZEN; DERRICK, 2016. 
 
Planos e Eixos 
 
Para compreender o movimento humano utilizamos três planos de referência, 
estes planos imaginários dividem o corpo de três formas separando-o em partes 
proporcionais, os planos serão descritos de acordo com as nomenclaturas adotadas por 
Hall (2016) (Figura 1.3). O plano sagital ou plano anteroposterior divide o corpo de forma 
vertical em duas partes, direita e esquerda. O plano frontal ou coronal divide o corpo 
verticalmente em parte anterior (frente) ou posterior (atrás). O plano transverso separa o 
corpo de forma horizontal em partes superior (em cima) ou inferior (embaixo). 
 Os movimentos que acontecem no plano sagital são caracterizados por ações de 
deslocamento para frente e para trás, como por exemplo a corrida, descrita no início 
dessa unidade e o andar de bicicleta. O plano coronal é utilizado em movimentos que 
geram deslocamentos laterais como o polichinelo e saltos laterais, para visualizar de 
forma mais clara os movimentos possíveis nesse plano, imagine uma parede atrás de 
uma pessoa, ela deverá ficar encostada nessa parede, a única opção de deslocamento 
que ela terá será para os lados se ela continuar encostada totalmente na parede. No 
 
plano transverso está contido os movimentos que envolvem giros como uma cambalhota 
de um ginástica olímpico ou um giro da patinação no gelo. 
 
Figura 1.3. Diferentes tipos de planos de corte do corpo humano 
 
 
 
Fonte: SHUTTER: 1645354666. 
 
 Apesar do movimento humano ocorrer em três dimensões simultaneamente 
utilizamos as três referências de planos: sagital, coronal e transversal para facilitar a 
descrição dos movimentos e dos processos mecânicos que estão relacionados ao 
movimento humano. Os planos são utilizados para visualização do movimento, porém o 
que permite a execução de uma ação e o que indicará em qual direção a articulação 
poderá trabalhar são os eixos, cada eixo está inserido de forma perpendicular ao seu 
respectivo plano (Figura 1.4). 
 No plano sagital temos o eixo mediolateral, para compreender de forma didática 
a ação deste eixo vamos utilizar a analogia da parede, tente fazer em sua casa também, 
de forma lateral e em pé, apoie o seu ombro e cotovelo direito na parede de maneira que 
você fique totalmente de lado, qual será a única opção de movimento que você irá 
conseguir fazer? Flexão e extensão de cotovelo ou de joelho, se você permanecer o 
 
máximo possível encostado na parede desta forma essa será a única opção de ação de 
movimento das articulações que será permitido. 
 No plano frontal ou coronal temos o eixo anteroposterior que irá permitir a 
realização de movimentos laterais como o polichinelo e passadas laterais, para 
compreender melhor, apoie totalmente as costas, cotovelo e a parte de trás das mãos 
na parede, faça o movimento do polichinelo apenas com as mãos do quadril até em cima 
da cabeça fazendo um “círculo”. Observe também que esse será o único movimento que 
você irá conseguir realizar, fazemos nesse eixo os movimentos de adução e abdução. 
No plano transversal temos o eixo longitudinal para visualizar este eixo, imagine 
um peão ele tem uma parte maior em cima de madeira e uma parte fina de metal que 
toca o chão, imagine que tem uma linha vertical no meio deste pião e o coloque para 
girar, ele irá girar em torno do próprio eixo, no corpo humano imagine essa mesma linha 
imaginária perpendicular da cabeça aos pés de uma pessoa e peça para ela fazer um 
giro, ela também irá girar em torno de si, ou seja, irá girar em torno do seu próprio eixo, 
então os movimentos que são possíveis nesse planos são rotações internas e externas. 
 
Figura 1.4. Planos e eixos do corpo humano 
 
Fonte: HAMILL; KNUTZEN; DERRICK, 2016. 
 
Centro de Gravidade 
 
 O ponto de intersecção entre os planos sagital, coronal e transversal é 
denominado de centro de gravidade (figura 1.5), nesse ponto está concentrado todo o 
peso corporal e está relacionado ao centro de equilíbrio de uma pessoa (PORTELA, 
2016). Para que uma pessoa possa realizar um deslocamento para alguma direção como 
uma caminhada, é necessário deslocar primeiro o centro de gravidade para frente 
proporcionando uma situação de desequilíbrio, como resposta do corpo para voltar ao 
equilíbrio temos um primeiro passo à frente e assim por diante em um sistema de 
desequilíbrio e equilíbrio temos o movimento da marcha. A localização do centro de 
gravidade é diferente entre os sexos, em homens o centro de gravidade é geralmente 
um pouco mais alto que os das mulheres, para localizar o centro de gravidade temos um 
 
método simples, porém não totalmente preciso, em algumas situações ele é encontradoem torno de quatro centímetros na frente da primeira vértebra sacral (PORTELA, 2016). 
 O centro de gravidade é responsável pelo equilíbrio do corpo humano, vocês 
viram que para acontecer o movimento da marcha é necessário que ocorra o 
deslocamento do centro de gravidade. Em outros esportes o centro de gravidade também 
é fundamental, como no judô que tem como objetivo desequilibrar o adversário através 
de técnicas e projetá-lo em direção ao solo. Outra importante observação é que objetos 
também apresentam os seus respectivos centros de gravidade, como em uma bola de 
sinuca, de golfe ou tênis de mesa, elas são diretamente influenciáveis pela posição que 
a força é aplicada nelas. 
 
Figura 1.5. Centro de gravidade 
 
Fonte: SHUTTER: 50342761. 
 
Tabela 1.2. Termos e definições do tópico 1 
Termos Definição 
Posição anatômica padrão Posição de referência para descrição de movimentos 
Plano sagital Visão lateral do movimento 
Plano coronal Visão frontal do movimento 
Plano transversal Visão superior / inferior do movimento 
Eixo mediolateral Movimentos no plano sagital 
Eixo anteroposterior Movimentos no plano coronal 
Eixo longitudinal Movimentos no plano transversal 
 
Centro de gravidade Ponto de equilíbrio 
Fonte: Adaptado de Hall (2016). 
 
 
2. MOVIMENTO, PLANOS E EIXOS 
 
 
Fonte: SHUTTER: 594340445. 
 
Tipos de movimentos 
 
 O movimento é caracterizado como a mudança de um corpo no espaço, 
deslocando algum segmento corporal em um ponto do espaço para outro (HAMILL; 
KNUTZEN; DERRICK, 2016). A maioria dos movimentos humanos são obtidos a partir 
de uma combinação de movimentos lineares e angulares, entretanto nem todo 
movimento pode ser simplesmente dividido em apenas linear e angular, tudo depende 
da complexidade do movimento analisado (HALL, 2016). 
 
 
 
 
 
Movimento Linear 
 
O movimento linear também é chamado de translação e é caracterizado pelo 
deslocamento uniforme do corpo ou de um objeto no espaço, ou seja, quando o corpo 
está nesse estado de movimento linear não é apenas um segmento corporal que se 
move e sim todo o corpo (HALL, 2016). Esse tipo de movimento pode ser dividido em 
outros dois, retilíneo e curvilíneo. O movimento é retilíneo quando ele acontece ao longo 
de uma reta, podemos utilizar o exemplo de um corredor que corre em uma direção fixa 
se deslocando para frente ou uma pessoa realizando uma barra fixa (Figura 2.1) 
ocasionando um movimento para cima. Um movimento curvilíneo acontece quando uma 
curva é realizada, imagine o mesmo corredor, contudo surge um obstáculo em sua frente, 
quando o corredor saltar (Figura 2.2) para transpor esse objeto ele sairá da trajetória 
linear e entrará em uma trajetória de curva. 
 
Figura 2.1. Movimento linear retilíneo: barra fixa 
 
. 
Fonte: SHUTTER: 1642300411. 
 
Figura 2.2. Movimento linear curvilíneo: salto frontal 
 
 
Fonte: SHUTTER: 1138734545. 
 
Movimento Angular 
 
 Para que você possa compreender o movimento angular vamos voltar a descrição 
do plano transverso, em seu exemplo nesse plano ocorre movimentos de rotações que 
são guiados por uma linha imaginária e o movimento ocorre através dessa linha, iremos 
chamar esse movimento de eixo de rotação (HALL, 2016). Os movimentos angulares ou 
de rotação são os principais movimentos que acontecem no corpo humano com foco nas 
articulações. Uma articulação se move sempre através de uma rotação que irá tracionar 
pelo menos dois segmentos paralelos como resultado temos um movimento. Como 
exemplos de movimentos angulares de rotação temos o giro da patinação artística, onde 
o corpo gira em torno do seu próprio eixo, uma tacada do golf (figura 2.3) ou parte de 
uma das fases de movimento de um chute no futebol com o giro do quadril que auxiliará 
no aumento da força. 
 Um ponto importante que merece destaque é que as articulações geram 
movimentos rotacionais como já explicado e essas rotações acontecem de forma 
perpendicular no plano em que o movimento está inserido (HALL, 2016). Movimentos 
não são exclusivos de um plano, porém para estudarmos e termos parâmetros de 
classificação denominamos certos movimentos em um plano específico. 
 
Figura 2.3. Movimento angular: tacada do golf 
 
 
Fonte: HAMILL; KNUTZEN; DERRICK, 2016. 
 
 É importante que você tenha ciência que descrever um movimento como linear ou 
angular é apenas o início de uma análise de movimento, a partir desta colocação temos 
que observar a relação com a posição anatômica padrão, os termos anatômicos e iniciar 
a descrição de cada movimento, essa parte você irá estudar no tópico a seguir. 
 
Tabela 2.1. Termos e definições do tópico 2 
Termos Definição 
Movimento em geral Combinação de movimentos lineares e angulares 
Movimento Linear Pode ser realizado em linha reta ou em curva 
Retilíneo Movimento em linha reta 
Curvilíneo Movimento em curva 
Movimento angular Movimentos que envolvem rotações em volta do 
eixo do próprio segmento 
Eixo de rotação Linha imaginária e perpendicular para rotação no 
próprio eixo 
Fonte: Adaptado de Hall (2016). 
 
 
 
 
 
3. DESCRIÇÃO DE MOVIMENTOS E SUAS TERMINOLOGIAS 
 
SHUTTER: 1445167352 
 
Movimentos realizados no Plano Sagital 
 
 Os principais movimentos que acontecem nesse plano são chamados de flexão, 
extensão e hiperextensão. A flexão é o movimento acontece quando ocorre a diminuição 
de um ângulo articular, como envolve articulações também é um movimento que implica 
uma rotação no plano sagital (PORTELA, 2016; HALL, 2016). A extensão é aumento do 
ângulo articular que irá retornar um segmento anatômico flexionado para a sua posição 
anatômica padrão e em alguns casos pode ocorrer o movimento de hiperextensão que 
é a ampliação do movimento de extensão (PORTELA, 2016; HALL, 2016). 
 Utilizamos os termos flexão e extensão quando envolvemos principalmente as 
articulações do joelho e cotovelo para flexionarmos pernas e braços (Figura 3.1). Para a 
articulação do tornozelo nomeamos os movimentos de flexão plantar e dorsiflexão dos 
pés (Figura 3.2). E no movimento da articulação do punho utilizamos os termos flexão 
dorsal e flexão palmar (Figura 3.4). 
 
Figura 3.1. Flexão e extensão 
 
 
Fonte: SHUTTER: 673813480. 
 
Figura 3.2. Flexão plantar e dorsiflexão dos pés 
 
Fonte: SHUTTER: 1149562340. 
 
Figura 3.4. Flexão dorsal e flexão palmar da mão 
 
Fonte: SHUTTER: 673813480. 
 
 
Movimentos realizados no Plano Coronal 
 
 No plano coronal temos como principais movimentos a abdução e a adução. A 
abdução também é um movimento que aumenta o ângulo articular e está fortemente 
presente nos braços (Figura 3.5) e nas pernas (Figura 3.6), a abdução ocorre 
lateralmente distanciando o segmento da linha média do corpo, ou seja, braços e pernas 
para longe do corpo de forma lateral (PORTELA, 2016; HALL, 2016). A adução é o 
movimento contrário a abdução, ela aproxima o segmento da linha média e reduz 
ângulos articulares. 
 Outros movimentos nesse plano também são destacados, porém com menor uso. 
No tronco temos o movimento de flexão lateral (Figura 3.7), tanto para a direita quanto 
para a esquerda. Os movimentos laterais que a articulação do punho realiza nesse plano 
é o desvio ulnar e desvio radial (Figura 3.8). Já o tornozelo realiza os movimentos laterais 
de inversão e eversão (Figura 3.9), torções são comuns nessa articulação principalmente 
nesses dois movimentos, inversão é quando o pé se aproxima da linha medial e o 
tornozelo gira para fora, e eversão é quando o tornozelo gira para dentro e o pé se afasta 
da linha medial. 
 
Figura 3.5. Abdução e adução de braços 
 
 
Fonte: SHUTTER: 673813480. 
 
Figura 3.6. Abdução de pernas 
 
Fonte: SHUTTER: 1149562340. 
 
Figura 3.7. Flexão lateral de tronco 
 
Fonte: SHUTTER: 1717714696. 
 
Figura 3.8. Desvio ulnar e desvio radial 
 
Fonte: SHUTTER: 673813480. 
 
Figura 3.9. Inversão e eversão 
 
Fonte:SHUTTER: 228843235. 
 
 Movimentos em geral são ações complexas, a cada passo que uma pessoa 
realiza durante uma caminhada vários processos ocorrem no corpo humano, quando o 
pé toca ao solo ele pode se comportar de três formas: pronado, supinado ou neutro 
(Figura 3.10). A pronação é a combinação dos movimentos de eversão, abdução e 
dorsiflexão, já a supinação é composta pela inversão, adução e flexão plantar (HALL, 
2016). 
 
Figura 3.10. Pronação, posição neutra e supinação 
 
Fonte: SHUTTER: 1603298884. 
 
Movimentos realizados no Plano Transverso 
 
 Os movimentos realizados no plano transversal em sua maioria acontecem por 
rotações realizadas ao redor do seu próprio eixo, podendo ser rotações internas 
(mediais) ou externas (laterais) (HAMILL; KNUTZEN; DERRICK, 2016). Naturalmente a 
cabeça (Figura 3.11) e o tronco (Figura 3.12) realizam movimentos de rotação para 
direita ou para a esquerda. Outro movimento rotacional frequente é a supinação e 
pronação realizadas pelo antebraço (Figura 3.13), na posição de supinação a palma na 
mão fica em voltada em direção anterior e na pronação a palma da mão se localiza em 
uma posição posterior. Nas articulações do ombro, quadril, vértebras e joelhos também 
está presente os movimentos de rotação. 
Movimentos rotacionais são realizados pelas articulações devido a contração dos 
músculos adjacentes aos ossos das articulações. Como resultado dessa contração 
teremos a geração de torque articular (conceito que será discutido mais à frente nesta 
 
unidade) que irá gerar a força necessária para execução de algum movimento. Quando 
um jogador se prepara para chutar uma bola, ele posiciona o pé de apoio contrário a 
perna de chute próximo a bola e então é realizada uma rotação do quadril e tronco para 
aumentar a força do chute. Para arremessar uma bola de beisebol é necessário realizar 
uma rotação de tronco para melhorar a qualidade e força do movimento. 
 
Figura 3.11. Rotação da cabeça para direita e esquerda 
 
 
Fonte: SHUTTER: 11495623400. 
 
Figura 3.12. Rotação do tronco para direita e esquerda 
 
Fonte: SHUTTER: 1790962307. 
 
Figura 3.13. Supinação e pronação 
 
Fonte: SHUTTER: 147943883. 
 
 
Tabela 3.1 Termos e definições do tópico 3 
Termos Principais movimentos 
Movimentos no plano sagital Flexão e extensão 
Movimentos no plano coronal Abdução e adução 
Movimentos no plano transversal Rotações 
Fonte: Adaptado de Hamill; Knutzen; Derrick (2016). 
 
4. PRINCÍPIOS BÁSICOS DA BIOMECÂNICA 
 
SHUTTER: 731486308 
 
Sistemas de Referência 
 
Adotamos o plano de cartesiano como medidas de referência do movimento, nele 
podemos analisar de forma quantitativa as ações realizadas nos planos sagital, coronal 
e transversal, porém ficamos limitados a análises bidimensionais do movimento em uma 
direção única como demonstrado na figura 4.1, onde está representado as coordenadas 
do quadril durante o movimento (HALL, 2016). Para identificarmos as posições dos 
segmentos em um plano cartesiano no sistema bidimensional utilizamos pontos que 
podem estar localizados de forma horizontal no eixo x ou verticalmente no eixo y, além 
disso cada coordenada em um plano cartesiano pode ser medida de forma positiva ou 
negativa (Figura 4.2) (HALL, 2016). 
 
Figura 4.1. Sistema de coordenadas cartesianas para os eixos x e y do quadril 
 
 
 
Fonte: HALL, 2016. 
 
Figura 4.2. Cada ponto em um sistema de coordenadas pode ser positivo e/ou negativo 
 
Fonte: SHUTTER: 1059316625. 
 
 
Ângulo Absoluto: 
 
 É o ângulo aplicado a algum segmento corporal com base a uma referência fixa 
no espaço, em geral a referência parte de uma linha na horizontal e à direita do segmento 
corporal analisado (Figura 4.3) 
 
Figura 4.3. Ângulos absolutos durante a corrida 
 
Fonte: WILL AMARO apud ALBUQUERQUE, 2020. 
 
Ângulo Relativo 
 
 Compreende aos ângulos articulares, onde o ângulo é sempre relativo a uma 
articulação e a dois segmentos adjacentes, esse ângulo não descreve a posição do 
segmento no espaço e sim por exemplo os movimentos de flexão e extensão das pernas 
durante a execução de um movimento de agachamento (Figura 4.4) 
 
Figura 4.4. Ângulos relativos da perna durante o movimento do agachamento 
 
Fonte: WILL AMARO apud ALBUQUERQUE, 2020. 
 
 
Inércia (1º Lei de Newton) 
 A inércia traz a resistência de um corpo ou objeto a resistir contra uma mudança 
de estado, ou seja, um corpo ou um objeto parado tende a permanecer parado ou se 
estiver em movimento tende a continuar em movimento, esses fatores também estão 
relacionados com a massa de um objeto quanto maior ele for maior será a tendência de 
permanecer estático (HALL, 2016). Uma anilha de 10kg se estiver no chão, ficará lá até 
alguém a remover ou um objeto em um sistema em movimento tende a continuar em 
movimento mesmo se o sistema parar (Figura 4.5). 
 
Figura 4.5. Exemplificação do conceito de inércia 
 
Fonte: SHUTTER: 1091469026. 
 
Massa 
 
 A massa é a quantidade total de matéria contida em um corpo, por exemplo, será 
somado a quantidade de massa muscular, gordura, massa óssea e água para poder ser 
quantificado em quilogramas (kg) a massa de uma pessoa (HALL, 2016) 
 
Força (2º Lei de Newton) 
 
 
 A força (F) pode ser uma ação de puxar ou empurrar um corpo ou objeto no 
espaço, existem dois tipos de forças: interna e externa (HALL, 2016). A força interna é 
gerada pela contração dos músculos que irá possibilitar pegar um peso do chão. Força 
externa são as forças que têm apresentam alguma relação com o corpo ou objeto, temos 
como exemplo a gravidade, resistência do ar ou influência de um outro corpo ou objeto 
sobre outro (ALBUQUERQUE, 2020). A unidade de medida clássica para indicar força é 
em Newton (N) e para calcular a força devemos multiplicar a massa (m) de um corpo ou 
objeto pela sua aceleração (a): F = M x A (HALL, 2016). 
 
Peso 
 
 Peso é a multiplicação da massa pela gravidade, ou seja, apresenta os efeitos da 
força gravitacional sobre um corpo, utilizamos o termo força peso (HALL. 2016). Não 
confunda massa com peso! Massa é a quantidade de matéria em um corpo, para termos 
o peso é necessário multiplicar a massa em kg de uma pessoa ou objeto e multiplicar 
pela força da gravidade que arredondada é em torno de 9,8 m/s (HAMILL; KNUTZEN; 
DERRICK, 2016). 
 
Volume 
 
 O volume indica a qualidade de espaço que um corpo ou objeto ocupa em um 
ambiente, sendo calculado em comprimento, largura e altura (HALL, 2016), utilizamos 
como unidades métricas valores elevados ao cubo por indicar às três dimensões, como 
metros cúbicos (m³) ou litros cúbicos (l³). 
 
Torque 
 
 Torque é um dos conceitos mais importantes em biomecânica, basicamente para 
que qualquer movimento ocorra é necessário que seja realizado torque nas articulações. 
Torque se resume em produzir força por meio de movimentos rotacionais em uma 
 
articulação, para que uma quantidade determinada de torque seja gerada em uma 
articulação é necessário a contração dos músculos adjacentes da articulação, sendo pela 
equação T = F x r, onde T é o torque, F é a força gerada pelos músculos e r é chamado 
de braço de momento, indicado pela distância entre o ponto de resistência onde uma 
força é aplicado até a articulação (HAMILL; KNUTZEN; DERRICK, 2016). No movimento 
da rosca direta o bíceps tem que se contrair e gerar uma força que será direcionada para 
a articulação do cotovelo, a partir da distância do ponto de apoio dos pesos que no caso 
é a mão até a articulação do cotovelo, poderemos calcular os valores de torque. 
 
Sistema de alavancas 
 
 Para que seja possível compreender a força gerada pelo torque, temos que 
compreender o sistema de alavancas, onde a força aplicada em uma determinada porção 
de um objeto e com o auxílio de um eixo ou fulcro é possível levantar altas cargas (Figura 
4.6), no corpo humano os ossos funcionam comoestrutura rígida que a partir de uma 
força aplicada sobre eles pelos músculos irão ativar um eixo ou fulcro que no caso são 
as articulações e o que irá determinar a força necessária a ser aplicada será a massa do 
objeto e a distância entre ele e a articulação ativada (HALL, 2016). 
 
Figura 4.6. Diferentes aplicações do sistema de alavancas. 
 
 
Fonte: SHUTTER: 1689123712. 
 
 
Vetores (3º Lei de Newton 
 
 Os vetores são representados por setas e indicam o efeito de forças e o 
deslocamento de um determinado objeto ou segmento corporal, a magnitude desse 
efeito pode ser representada pelo comprimento da seta, enquanto a ponta da seta irá 
indicar a direção, podemos aumentar ou reduzir a largura da seta para indicar 
intensidade da força aplicada e vetores também podem ser somados, caso ambos 
apontarem para mesma direção a seta ficará maior (HAMILL; KNUTZEN; DERRICK, 2016; 
HALL, 2016). (Figura 4.3). 
Em caso de somas de vetores em direções opostas, podemos deduzir que temos 
uma força sendo aplicada em uma direção e outra força em uma direção oposta, aqui 
temos a 3º Lei de Newton, ação e reação, se as forças forem de igual magnitude ou de 
igual intensidade as duas forças se anulam e os objetos permaneceram parados, porém 
se uma dessas forças for superior em magnitude ou intensidade, esse vetor mais forte 
prevalecerá, porém perderá intensidade, sendo subtraído o vetor oposto em 
comprimento e intensidade (HALL, 2016). 
 
 
Figura 4.3. Diferentes vetores e operações vetoriais 
 
 
Fonte: HAMILL; KNUTZEN; DERRICK, 2016. 
 
Resumo dos termos da unidade 
 
Tabela 4.1. Termos e definições do tópico 4. 
Termos Definição 
Sistema de referência Posições de coordenadas em um plano cartesiano 
Ângulo absoluto Ângulo com base em um sistema de referência fixo 
Ângulo relativo Ângulos articulares relativos aos segmentos 
adjacentes 
Inércia Um corpo tende a manter o seu estado 
Massa Matéria contida em um corpo 
Força Massa x Aceleração F = m x a 
Peso Massa x força da gravidade 
Volume Quantidade de massa em um espaço 
Torque Força angular produzida pelas articulações 
Sistema de Alavancas Força aplicada através de um eixo para elevar 
cargas mais pesadas 
Vetor Seta que indica comprimento e intensidade de uma 
força 
 
Fonte: Adaptado de Hall (2016). 
 
 
SAIBA MAIS 
 
A aplicação das forças é a base para criar estímulos no corpo humano, para isso 
é fundamental compreender quais são as forças que atuam sobre o corpo humano e 
como as forças externas e internas interferem nos movimentos. Apesar de não ser 
possível observar todas essas forças durante o exercício, elas sempre estarão atuantes 
e responsáveis pelas adaptações em nosso corpo. Um profissional da saúde tem que 
conhecer e saber aplicar de maneira estratégica essas forças, bem como conhecer o 
corpo humano e as respostas neuromusculares e articulares que cada estímulo emite, 
quando conseguir fazer isso irá aplicar a biomecânica no exercício. 
 
Fonte: Albuquerque (2020). 
 
#SAIBA MAIS# 
 
REFLITA 
 
“Inteligência é a capacidade de se adaptar à mudança”. 
 
Fonte: Stephen Hawking. 
 
#REFLITA# 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Chegamos ao fim de mais uma unidade e com ela seus conhecimentos em 
biomecânica estão sendo ampliados, lembre-se sempre de fazer relações com cada 
novo conceito aprendido com o que já sabia. Como verificamos no início da nossa 
unidade, você aprendeu as nomenclaturas e termos básicos em anatomia humana para 
poder descrever os movimentos desde os mais simples até compreender que alguns 
movimentos são tão complexos que envolvem diversos planos e eixos. 
Em cada plano podemos realizar movimentos específicos e estes movimentos em 
cada plano será permitido pelo seu eixo relacionado, aprendemos que os movimentos 
podem acontecer de forma linear através de movimentos de reta e curvas e movimentos 
angulares também são exigidos em movimentos mais complexos como arremessar uma 
bola de beisebol ou chutar uma bola de futebol em direção ao gol. 
Com os conceitos básicos em anatomia e utilizando a posição anatômica padrão 
foi possível descrever os principais movimentos que acontecem em cada plano como 
flexão e extensão para o plano sagital, abdução e adução para o plano coronal ou frontal 
e rotações para o plano transversal. Além disso, temos algumas peculiaridades com 
nomes diferentes para a execução de certos movimentos na mão e no tornozelo, foque 
nesse assunto, caso não saiba nomear de forma adequada os movimentos terá 
dificuldade quando analisar uma ação como um todo. 
A biomecânica está diretamente relacionada aos conceitos da mecânica e da 
física. Você aprendeu o básico sobre os sistemas de referência através dos planos 
cartesianos, na unidade III e IV estes tópicos serão abordados com mais detalhes para 
que você possa realizar análises através dos métodos da cinemática (por vídeo ou 
imagem). Aprendemos o conceito de massa e a sua diferença em relação ao peso e às 
influências do torque e do sistema de alavancas no corpo humano. 
 
 
 
 
 
 
LEITURA COMPLEMENTAR 
 
A ação da biomecânica 
 
 O movimento angular é o que acontece, por exemplo, quando atletas da ginástica 
giram o corpo em uma barra. Contudo, o tipo de movimento angular mais estudado pela 
biomecânica é o que possibilita um deslocamento linear. Toda ação linear dos seres 
humanos ocorre como consequência de contribuições angulares. 
 A concepção básica de movimento linear é o que acontece ao longo de uma via, 
seja ela curva ou reta. Exemplos claros de ação exclusiva do movimento linear no esporte 
são a trajetória de uma bola de beisebol ou o movimento da barra de um supino. Durante 
um movimento linear – o deslocamento de um velocista, por exemplo -, o centro da 
massa do corpo é um dos pontos fundamentais para a análise biomecânica. O centro da 
massa (ou centro de gravidade) é o ponto sobre o qual toda a massa do objeto fica 
equilibrada e representa o local em que a gravidade age sobre o corpo de forma 
completa. 
 A gravidade puxa para baixo todo ponto de massa que constitui esse corpo. É 
uma força externa que age sobre a Terra, e o equilíbrio diante dessa força só acontece 
com a indução de uma segunda força. 
 
Considerações musculares sobre o movimento 
 
 Os principais produtores do movimento humano são os músculos e a força da 
gravidade. A gravidade, como já foi descrito, é uma força que puxa para baixa todo ponto 
de massa do corpo. Os músculos são fundamentais para a manutenção de um estado, 
para a desacelerar um movimento ou para desempenhar qualquer ação no corpo 
humano. Para a estática, a tensão dos músculos contribui aplicando compressão nas 
articulações e aumentando a estabilidade. Em algumas articulações, essa tensão pode 
agir tracionando os segmentos de forma a separá-los e o efeito é contrário. 
 
Forças que atuam nos movimentos 
 
 A partir dos conceitos da mecânica, pode-se definir a força como qualquer tração 
ou empurrão sobre um corpo. Trata-se de uma entidade que tende a produzir movimento, 
definida a partir de quatro características: direção, sentido, quantidade de tração e valor 
absoluto. As forças mais comuns envolvidas com a biomecânica são a força muscular, a 
gravidade, a inércia, a força de flutuação e a força de contato. Cada uma delas tem uma 
característica diferente e age de maneira distinta para que o corpo humano possa 
desempenhar um movimento ou se manter estático. 
 Nos músculos, a força produzida depende da velocidade de contração do músculo 
e de seu comprimento. A força gravitacional é gerada pela massa de um objeto, o 
conceito de inércia é o que impede alterações no corpo durante o repouso ou em um 
deslocamento uniforme e a força de flutuação é a que resiste à gravidade, aparecendo 
de forma mais contundente em esportes aquáticos. 
 
 Fonte: Noções básicas sobre a atuação da biomecânica. Disponível em: 
https://universidadedofutebol.com.br/2007/07/26/nocoes-basicas-sobre-a-atuacao-da-

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