Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
P6 - doenças exantemáticas da infância 1 🤒 P6 - doenças exantemáticas da infância Descrever as principais doenças exantemáticas pediátricas Sarampo Descrição Doença viral, infecciosa aguda, potencialmente grave, transmissível, extremamente contagiosa e bastante comum na infância. A viremia provoca uma vasculite generalizada, responsável pelo aparecimento das diversas manifestações clínicas. Agente etiológico RNA vírus pertencente ao gênero Morbillivirus, família Paramyxoviridae. Modo de transmissão Ocorre de forma direta, por meio de secreções nasofaringes expelida ao tossir, espirrar, falar ou respirar. Por isso, a elevada contagiosidade da doença. Também tem sido descrito o contágio por dispersão de aerossóis com partículas virais no ar, em ambientes fechados, como escolas, creches e clínicas. P6 - doenças exantemáticas da infância 2 Período de incubação Geralmente de 10 dias, podendo variar entre 7 e 18 dias, desde a data da exposição até o aparecimento da febre, e cerca de 14 dias até o início do exantema. Período de transmissibilidade Inicia-se de 4 a 6 dias antes do exantema e dura até 4 dias após seu aparecimento. O período de maior transmissibilidade ocorre entre os 2 dias antes e os 2 dias após o início do exantema. O vírus vacinal não é transmissível. Epidemiologia O Brasil, desde fevereiro de 2018, enfrenta um surto de sarampo (genótipo D8, circulante na Venezuela desde 2017), contabilizando até o início de julho mais de três mil casos suspeitos e 527 casos confirmados da doença (317 no estado do Amazonas, 200 no estado de Roraima, dois no Rio de Janeiro, um no Estado de São Paulo, um em Rondônia e seis casos no Rio Grande do Sul), incluindo duas mortes em Roraima (crianças venezuelanas do município de Boa Vista) e uma morte no Amazonas (um lactente de sete meses, não vacinado). conduta clínica sinais e sintomas Caracteriza-se por febre alta, acima de 38,5°C, exantema máculo- papular generalizado, tosse, coriza, conjuntivite e manchas de Koplik. De forma simplificada, as manifestações clínicas do sarampo são divididas em três períodos. • Período de infecção – dura cerca de 7 dias, iniciando-se com período prodrômico, quando surge a febre, acompanhada de tosse produtiva, coriza, conjuntivite e fotofobia. Do 2º ao 4º dia desse período, surge o exantema, quando se acentuam os sintomas iniciais. O paciente apresenta prostração e lesões características de sarampo (exantema cutâneo máculo-papular de coloração vermelha, iniciando na região retroauricular). • Período toxêmico – a ocorrência de superinfecção viral ou bacteriana é facilitada pelo comprometimento da resistência do hospedeiro à doença. São frequentes as complicações, principalmente nas crianças até os 2 P6 - doenças exantemáticas da infância 3 anos de idade, especialmente as desnutridas e os adultos jovens. • Remissão – caracteriza-se pela diminuição dos sintomas, com declínio da febre. O exantema torna-se escurecido e, em alguns casos, surge descamação fina, lembrando farinha, daí o nome de furfurácea. É durante o exantêmico que, geralmente, se instalam as complicações sistêmicas, embora a encefalite possa aparecer após o 20º dia. exames complementares Realizado mediante detecção de anticorpos IgM no sangue, na fase aguda da doença, desde os primeiros dias até 4 semanas após o aparecimento do exantema. Os anticorpos específicos da classe IgG podem, eventualmente, aparecer na fase aguda da doença e costumam ser detectados muitos anos após a infecção. O teste de IgM com resultado reagente ou inconclusivo, independentemente da suspeita, deve ser notificado imediatamente para a continuidade da investigação e coleta da segunda amostra de sangue (S2), que é obrigatória para a classificação final dos casos. Ela deverá ser realizada entre 20 e 25 dias após a data da primeira coleta. diagnóstico diferencial O diagnóstico diferencial do sarampo deve ser realizado para as doenças exantemáticas febris agudas, entre as quais se destacam rubéola, exantema súbito (Roséola Infantum), dengue, enteroviroses, eritema infeccioso (Parvovírus B19) e riquetsiose. abordagem terapêutica Não existe tratamento específico para a infecção por sarampo. O tratamento profilático com antibiótico é contraindicado. Recomenda-se a administração da vitamina A em todas as crianças acometidas pela doença, para reduzir a ocorrência de casos graves e fatais, no mesmo dia do diagnóstico do sarampo, nas dosagens indicadas a seguir. • Crianças menores de 6 meses de idade – 50.000UI, sendo uma dose em aerossol, no dia do diagnóstico, e outra dose no dia seguinte. • Crianças entre 6 e 12 meses de idade – 100.000UI, sendo uma dose em aerossol, no dia do diagnóstico, e outra dose no dia seguinte. • Crianças maiores de 12 meses de idade – 200.000UI, sendo uma dose P6 - doenças exantemáticas da infância 4 em aerossol ou cápsula, no dia do diagnóstico, e outra dose no dia seguinte. Para os casos sem complicação, deve-se manter a hidratação e o suporte nutricional, e diminuir a hipertermia. Muitas crianças necessitam de 4 a 8 semanas para recuperar o estado nutricional. Rubéola Descrição Doença exantemática aguda, de etiologia viral, que apresenta alta contagiosidade e acomete principalmente crianças. Sua importância epidemiológica está relacionada ao risco de abortos, natimortos e malformações congênitas, como cardiopatias, catarata e surdez. Quando a infecção ocorre durante a gestação, o recém-nascido poderá apresentar a síndrome da rubéola congênita (SRC). Agente etiológico Vírus RNA, do gênero Rubivírus e da família Togaviridae. Modo de transmissão Ocorre por meio de contato com secreções nasofaríngeas de pessoas infectadas. O vírus é disseminado por gotículas ou pelo contato direto com pacientes infectados. A transmissão indireta, que é pouco frequente, ocorre mediante contato com objetos contaminados com secreções nasofaríngeas, sangue e urina. Período de incubação Em geral, varia de 14 a 21 dias, com média de 17 dias. A variação máxima observada é de 12 a 23 dias. Período de transmissibilidade Aproximadamente de 5 a 7 dias antes do início do exantema e de 5 a 7 dias após. conduta clínica sinais e sintomas P6 - doenças exantemáticas da infância 5 O quadro clínico é caracterizado por exantema máculo-papular, com início na face, couro cabeludo e pescoço, espalhando-se posteriormente para o tronco e membros. Febre baixa e linfoadenopatia retroauricular, occipital e cervical posterior também são possíveis de ocorrer. Geralmente, antecedem o exantema no período de 5 a 10 dias e podem perdurar por algumas semanas. exames complementares O diagnóstico laboratorial é realizado mediante detecção de anticorpos IgM no sangue na fase aguda da doença, desde os primeiros dias até 4 semanas após o aparecimento do exantema. Os anticorpos específicos da classe IgG podem, eventualmente, aparecer na fase aguda da doença e costumam ser detectados muitos anos após a infecção. diagnóstico diferencial Deve ser feito com sarampo, escarlatina, dengue, exantema súbito que ocorre principalmente em crianças menores de 2 anos, eritema infeccioso, enteroviroses. abordagem terapêutica Não há tratamento específico para a rubéola. Apenas os sinais e sintomas são tratados Varicela Descrição Infecção viral altamente contagiosa que causa uma irritação cutânea com bolhas na pele. A varicela é altamente contagiosa para quem ainda não teve a doença ou não foi vacinado contra ela. O sintoma mais característico é uma irritação cutânea com bolhas na pele. É possível prevenir a varicela por meio de vacina. O tratamento geralmente envolve aliviar os sintomas, embora grupos de alto risco possam receber medicamentos antivirais. Agente etiológico O vírus varicela-zóster (VZV). É um herpes-vírus humano neurotrópico que tem semelhanças com o vírus herpes simples, que também é um "-herpes- vírus. Esses vírus são encapsulados com genomas de DNA de dupla fita queP6 - doenças exantemáticas da infância 6 codificam mais de 70 proteínas, incluindo as proteínas que são alvos das imunidades celular e humoral. Modo de transmissão Os vírus são transmitidos por secreções orais e genitais, o que pode ocorrer mesmo quando os indivíduos estão assintomáticos. Como são instáveis no meio ambiente, os vírus necessitam de contato entre mucosas e/ou pele. Esse contato íntimo normalmente ocorre por meio do beijo ou de relações sexuais. conduta clínica sinais e sintomas Em geral, a enfermidade inicia-se 14-16 dias após a exposição, embora o período de incubação possa variar de 10-21 dias. A varicela subclínica é rara; quase todas as crianças suscetíveis expostas apresentam erupção. Os sintomas prodrômicos podem estar presentes, particularmente em crianças mais velhas e adultos. Febre, mal-estar, anorexia, cefaleia e, ocasionalmente, dor abdominal leve podem ocorrer 24-48 horas antes de a erupção aparecer. Em geral, a elevação da temperatura é moderada, geralmente de 38-39 °C, mas pode ser alta (até 41 °C). A febre e outros sintomas sistêmicos podem persistir durante os 2-4 primeiros dias após o início da erupção. As lesões da varicela frequentemente aparecem primeiro no couro cabeludo, face ou tronco. A distribuição da erupção é predominantemente central ou centrípeta, ao contrário da varíola, em que a erupção é proeminente na face e nas porções distais dos membros. Lesões ulcerativas envolvendo a orofaringe e a vagina também são comuns; muitas crianças apresentam lesões vesiculares nas pálpebras e conjuntivas, mas o envolvimento da córnea e a ocorrência de doença ocular grave são raros. exames complementares o quadro típico costuma dispensar o recurso laboratorial, pode se detectar VVZ por PCR no liquido das vesículas, ou utilizar reações sorológicas IgM ou IgG. diagnóstico diferencial P6 - doenças exantemáticas da infância 7 O diagnóstico diferencial da varicela inclui as erupções vesiculares causadas por outros agentes infecciosos, como vírus herpes simples, enterovírus, vírus da varíola do macaco, varíola por riquétsiavou Staphylococcus aureus, reações medicamentosas, dermatite de contato e picadas de inseto. A varicela grave era a enfermidade que mais comumente se confundia com a varíola antes da erradicação desta. abordagem terapêutica Aciclovir. O tratamento antiviral modifica o curso, tanto da varicela quanto do herpes-zóster. A resistência aos medicamentos antivirais é rara, mas foi relatada em crianças com infecção pelo HIV que foram tratadas com aciclovir por longos períodos de tempo. O foscarnet é o único medicamento disponível atualmente para tratamento de infecções pelo VZV resistentes ao aciclovir. Tratamento do prurido com soluções e creme tópicos, antialérgicos orais, cuidados de higiene para reduzir risco de infecções cutâneas secundárias e antibióticos. Antivirais sistêmicos podem ser utilizados nos casos de maior risco de complicação, ou na presença de doença mais grave. A vacina para varicela previne a ocorrência de casos. Exantema súbito (roséola) Descrição A roséola infantil é uma infecção viral contagiosa que afeta os bebês e as crianças jovens e causa febre alta seguida de uma erupção cutânea. A roséola infantil ocorre durante o ano todo e, com mais frequência, nos meses da primavera e outono. Algumas vezes ocorrem surtos locais de pequeno porte. A causa comum é o herpesvírus 6, um dos muitos herpesvírus humanos. A maioria das crianças que desenvolvem roséola infantil encontra-se entre os seis meses e os três anos de idade. Agente etiológico O HHV-6 e o HHV-7 são os únicos integrantes do gênero Roseolovirus na subfamília Betaherpesvirinae dos herpes-vírus humanos. Modo de Transmissão A transmissão ocorre de uma criança para outra através da saliva e seu período de incubação varia de 5 a 15 dias. P6 - doenças exantemáticas da infância 8 conduta clínica sinais e sintomas O quadro prodrômico gripal é ausente, e surge apenas febre súbita de 40 graus celsius, sem comprometimento sistêmico. Somente 15% desenvolvem convulsão febril. A resolução da febre é praticamente imediata com o surgimento do rash morbiliforme, que se inicia no pescoço e evolui para o tronco. É também visto enantema puntiforme no palato, denominado manchas de Nagayama. O exantema permanece por horas, ou, no máximo, por 2 dias. exames complementares Os achados laboratoriais mais característicos observados em crianças com infecção primária por HHV-6 são menor número de leucócitos (8.900/mm3), linfócitos (3.400/mm3) e neutrófilos (4.500/ mm3) do que o encontrado em crianças febris sem infecção primária por HHV-6. Achados hematológicos semelhantes foram relatados durante a infecção primária por HHV-7. Trombocitopenia, valores elevados de transaminase sérica e linfócitos atípicos também foram esporadicamente observados em crianças com infecção primária por HHV-6. Os resultados das análises de LCR de pacientes com encefalite, que acreditava-se ser devida ao HHV-6, foram normais ou apresentaram pleocitose leve com pouca elevação de proteínas. Durante a RM, foram encontradas áreas de sinal hiperintenso nas imagens em T2 e FLAIR (recuperação de inversão atenuada de fluidos) do hipocampo, úncus e tonsila, bem como aumento do metabolismo dentro do hipocampo durante a tomografia por emissão de pósitrons (PET). diagnóstico diferencial A infecção primária por HHV-6 e HHV-7 geralmente provoca doença febril não diferenciada, que pode ser difícil de ser distinguida de outras doenças virais comuns da infância. Essa dificuldade também se aplica aos estágios iniciais da roséola, antes do surgimento das erupções. Quando as erupções se fazem presentes, a roséola pode ser confundida com outras doenças exantemáticas da infância, principalmente sarampo e rubéola. Crianças com rubéola geralmente apresentam um período prodrômico caracterizado por doença leve com febre baixa, dor de garganta, artralgia e queixas gastrointestinais, diferentemente das P6 - doenças exantemáticas da infância 9 crianças com roséola. Durante o exame físico, os linfonodos suboccipital e auricular posterior ficam proeminentes, uma semana antes de a erupção da rubéola tornar-se evidente e persistir durante a fase exantemática. Além disso, a erupção da rubéola geralmente começa no rosto e espalha-se para o peito, como no sarampo. Os sintomas associados à infecção pelo vírus do sarampo incluem tosse, coriza e conjuntivite, com febre alta coincidente com o surgimento de erupções, diferentemente da roséola. A roséola também pode ser confundida com a escarlatina, embora esta seja rara em crianças <2 anos de idade e provoque erupção característica parecida com uma lixa e febre. A roséola pode ser confundida com infecções por enterovírus, principalmente nos meses de verão e outono. As reações de hipersensibilidade a medicamentos também podem dificultar a diferenciação da roséola. Os antibióticos geralmente são prescritos para crianças com roséola durante a fase febril, antes do início das erupções. A criança que tende a apresentar erupções antes do desaparecimento da febre pode ser erroneamente diagnosticada como tendo alergia a medicamento. abordagem terapêutica Geralmente, tudo o que se precisa para lactentes com roséola é de assistência médica de apoio. Eritema infeccioso Descrição O Eritema Infeccioso é uma doença exantemática (doença que cursa com erupção de pele) benigna, própria da infância. Também chamado de Quinta Doença. Agente etiológico parvovírus humano B19. Modo de transmissão via aérea, por perdigotos. tempo de incubação P6 - doenças exantemáticas da infância 10 4 a 14 dias. tempo de contágio desconhecido. conduta clínica sinais e sintomas Em geral, não há pródromos. O primeiro sinal costuma ser o exantema, que se inicia na face como maculopápulas que confluem, tornando-se uma placa vermelho-rubra, concentrada, principalmente, na região das bochechas. Poupa a região perioral,a testa e o nariz, conferindo um aspecto de “asa de borboleta”, semelhante ao observado no lúpus eritematoso. Dá às crianças aspecto de “cara esbofeteada” exames complementares Sorologia para parvovírus humano B19. O hemograma é normal ou com discreta leucocitose e eosinofilia. Apesar de, na maioria dos casos, ter evolução benigna, nos adolescentes e nos adultos os sintomas são mais proeminentes, principalmente o comprometimento articular. Dentre as complicações conhecidas, a mais grave é a morte fetal, quando o vírus acomete mulheres grávidas. tratamento Não há tratamento específico ou vacina. Escarlatina Descrição A escarlatina é uma doença infecciosa aguda, causada por uma bactéria chamada estreptococo beta hemolítico do grupo A. Os estreptococos são, também, agentes causadores de infecções da garganta (amigdalites) e da pele (impetigo, erisipela). O aparecimento da escarlatina não depende de uma ação direta do estreptococo, mas de uma reação de hipersensibilidade (alergia) às substâncias que a bactéria produz (toxinas). Assim, a mesma bactéria pode provocar doenças diferentes em cada indivíduo que infecta. P6 - doenças exantemáticas da infância 11 Agente etiológico Estreptococo beta hemolítico do grupo A Modo de transmissão Atransmissão da escarlatina faz-se de pessoa para pessoa, através de gotículas de saliva ou secreções infectadas, provenientes de doentes ou de portadores são, que são aquelas pessoas saudáveis que transportam a bactéria na garganta ou no nariz sem apresentarem sintomas (portadores sãos ou saudáveis). Período de incubação O tempo que decorre entre o contato com um indivíduo infectado e o aparecimento de sintomas (período de incubação) é, em geral, de dois a quatro dias, podendo, no entanto, variar de um a sete dias. conduta clínica sinais e sintomas A escarlatina é uma doença em que aparecem associadas uma infecção na garganta, febre e uma erupção típica na pele. O seu início é súbito com febre, mal estar, dores de garganta, por vezes vômitos, dor de barriga e prostração. A febre, elevada nos dois ou três primeiros dias, diminui progressivamente a partir daí, mas pode manter- se durante uma semana. A erupção da escarlatina aparece por volta do segundo dia de doença, com início no escoço e no tronco, progredindo em direção à face e membros. É constituída por pequenas manchas do tamanho de uma cabeça de alfinete, cor vermelho vivo e que são mais intensas na face, nas axilas e nas virilhas, poupando a região em volta da boca que se apresenta pálida, e as palmas das mãos e plantas dos pés. Estas alterações atingem também a língua, que se apresenta branca e saburrosa no início, ficando depois com aspecto de framboesa (língua em framboesa), devido ao aumento das papilas que adquirem um tom vermelho arroxeado nos bordos e na ponta da língua. A erupção da escarlatina, que confere à pele um toque áspero, desaparece ao fim de seis dias , acompanhando-se de uma descamação fina durante alguns dias. Nas mãos e nos pés a descamação pode ser em lâminas. P6 - doenças exantemáticas da infância 12 exames complementares Embora o diagnóstico de escarlatina seja feito com base na observação clínica (associação de febre, inflamação da garganta e erupção puntiforme de cor vermelho vivo e de distribuição típica), deve ser confirmado através da pesquisa do estreptococo num esfregaço colhido por swab (cotonete próprio para uso laboratorial) da garganta (coleta-se a secreção (exsudado) da garganta na região chamada nasofaríngea). Aconfirmação da doença também pode ser feita após a cura através de exames de sangue(testes sorológicos). abordagem terapêutica O tratamento de escolha para a escarlatina é a penicilina que elimina os estreptococos, evita as complicações da fase aguda, previne a febre reumática e diminui a possibilidade de aparecimento de glomerulonefrite (lesão renal). Nos doentes alérgicos à penicilina o medicamento habitualmente utilizado é a eritromicina. Doença de Kawasaki Descrição A doença de Kawasaki (DK), anteriormente conhecida como síndrome de linfonodos mucocutâneo e poliarterite nodosa infantil, é uma doença febril aguda da infância, sendo observada em todas as populações, com maior incidência em crianças da Ásia. A DK consiste em uma vasculite com predileção por artérias coronarinas, sendo que aproximadamente 20-25% dos pacientes não tratados apresentam anormalidades das artérias coronárias, incluindo aneurismas. Etiologia A causa da doença permanece desconhecida, mas determinadas características clínicas e epidemiológicas apoiam uma origem infecciosa. conduta clínica sinais e sintomas P6 - doenças exantemáticas da infância 13 A febre é habitualmente alta (≥ 39 °C), remitente e não responde aos antibióticos. A duração da febre, em geral, é de 1 a 2 semanas sem tratamento, mas pode persistir por 3 a 4 semanas. Além da febre, os cinco critérios clínicos principais da doença DK são congestão conjuntival bulbar bilateral, geralmente sem exsudato; eritema da mucosa oral e faríngea com língua “em morango” e lábios secos e fissurados; eritema e edema das mãos e dos pés; várias formas de erupção (maculopapular, eritema multiforme ou escarlatiniforme) com acentuação na área da virilha; e linfadenopatia cervical não supurativa, geralmente unilateral, com linfonodos de maiores de 1,5 cm. Outros sintomas associados, além dos critérios clínicos, são comuns nos 10 dias antes do diagnóstico de DK. Sintomas gastrointestinais (vômitos, diarreia ou dor abdominal) ocorrem em aproximadamente 65% dos pacientes e os sintomas respiratórios (infiltrado intersticial, derrame) ocorrem em 30%. Outras constatações clínicas incluem irritabilidade significativa, que é especialmente proeminente em lactentes, provavelmente devido à meningite asséptica, hepatite leve, hidropsia da vesícula biliar, uretrite e meatite com piúria estéril e artrite. A artrite pode ocorrer prococemente na doença ou pode se desenvolver na segunda ou terceira semana. Articulações pequenas ou grandes podem ser afetadas, sendo que as artralgias podem persistir por várias semanas. exames complementares Não existe teste de diagnóstico para a DK, mas os pacientes usualmente apresentam achados laboratoriais característicos. A leucometria é normal ou elevada, com predominância de neutrófilos e formas imaturas. Anemia normocítica normocrômica é comum. A contagem de plaquetas em geral é normal na primeira semana e rapidamente aumenta por volta da segunda a terceira semana de doença, algumas vezes excedendo 1.000.000/mm3. Está presente universalmente na fase aguda da doença velocidade de hemossedimentação elevada e/ou valor elevado de proteína C reativa. A VHS pode permanecer elevada por semanas. Piúria estéril, discreta elevação das transaminases hepáticas, hiperbilirrubinemia e pleocitose do líquido cefalorraquidiano podem estar presentes. diagnóstico diferencial P6 - doenças exantemáticas da infância 14 Adenovírus, sarampo e escarlatina lideram a lista de infecções infantis comuns que imitam a DK. abordagem terapêutica Pacientes com doença de Kawasaki aguda devem ser tratados com 2 g/kg de imunoglobulina intravenosa (IGIV) e altas doses de ácido acetilsalicílico (80-100 mg/kg/dia, divididos a cada 6 horas) assim que possível após o diagnóstico e preferencialmente nos primeiros 10 dias de doença. referências LOPEZ, Fabio Ancona; CAMPOS JÚNIOR, Dioclécio. Tratado de pediatria. In: Tratado de pediatria. 2010. p. [1407]-[1407]. VAUGHAN, Victor C.; MCKAY, R. James; BEHRMAN, Richard E. Nelson: tratado de Pediatría. In: Nelson: tratado de pediatria. 1983. p. 2028-2028. VERONESI, Ricardo; FOCACCIA, Roberto. Tratado de Infectologia. v. 1. In: Tratado de infectologia. v. 1. 2009. p. 1351-1351. Compreender as lesões de pele das principais doenças exantemáticas. Exantema maculopapular: manifestação cutânea mais comum nas doenças infecciosas sistêmicas. Mais comumente associado a vírus, porém tambémobservado em várias doenças de etiologia bacteriana, parasitária, riquetsioses, micoplasmose e intoxicações medicamentosas ou alimentares. Pode ser caracterizado em diversos tipos: • Morbiliforme: pequenas maculo-pápulas eritematosas (3 a 10 mm), avermelhadas, lenticulares ou numulares, permeadas por pele sã, podendo confluir. É o exantema típico do sarampo, porém pode estar presente na rubéola, exantema súbito, nas enteroviroses, riquetsioses, dengue, leptospirose, toxoplasmose, hepatite viral, mononucleose, síndrome de Kawazaki e reações medicamentosas. • Escarlatiniforme: eritema difuso, puntiforme, vermelho vivo, sem solução de continuidade, poupando a região perioral e áspero (sensação de lixa). Pode ser P6 - doenças exantemáticas da infância 15 denominado micropapular. É a erupção típica da escarlatina; porém, pode ser observada na rubéola, síndrome de Kawazaki, reações medicamentosas, miliária e em queimaduras solares. • Rubeoliforme: semelhante ao morbiliforme, porém de coloração rósea, com pápulas um pouco menores. É o exantema presente na rubéola, enteroviroses, viroses respiratórias e micoplasma. • Urticariforme: erupção papuloeritematosa de contornos irregulares. É mais típico em algumas reações medicamentosas, alergias alimentares e em certas coxsackioses, mononucleose e malária. Exantema papulovesicular: presença de pápulas e de lesões elementares de conteúdo líquido (vesicular). É comum a transformação sucessiva de maculo- pápulas em vesículas, vesico-pústulas, pústulas e crostras. Pode ser localizado (ex. herpes simples e zoster) ou generalizado (ex. varicela, varíola, impetigo, estrófulo, enteroviroses, dermatite herpetiforme, molusco contagioso, brucelose, tuberculose, fungos, candidíase sistêmica). Exantema petequial ou purpúrico: alterações vasculares com ou sem distúrbios de plaquetas e de coagulação. Pode estar associado a infecções graves como meningococcemia, septicemias bacterianas, febre purpúrica brasileira e febre maculosa. Presente também em outras infecções como citomegalovirose, rubéola, enteroviroses, sífilis, dengue e em reações por drogas.
Compartilhar