Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Infecções das vias aéreas superiores (IVASs) O QUE É? • Infecções respiratórias agudas (IRAS) são divididas em: o Doenças de vias aéreas superiores o Doenças de vias aéreas inferiores • O ponto que faz essa subdivisão é a carina da traqueia • Maior frequência de agentes virais (rinovírus o principal !!!, adenovírus,influenza, parainfluenza, vírus sincicial respiratório) e depois bacterianos (strep. Pyogenes, strep. Pneumoniae, hemophilus influenzae, staphylo. Aureus e moraxella catarrhalis). • As IVASs em sua maioria compreende doen;as de curso benigno e autolimitado • Engloba as seguintes doenças: o Rinofaringite aguda (resfriado comum) o Faringite o Laringotraqueobronquite o Rinossinusite aguda o Otites agudas RAZÕES DA PREVALÊNCIA NA FAIXA PEDIÁTRICA • Uma criança apresenta em média: 8-10 episódios por ano • Maior frequência devido: o Primeiro contato com o agente o Falta de imunidade (maior transmissão e maior tempo) o Via aérea de menos calibre (desconforto respiratório e insuficiência respiratória o Maior contato social e mais íntimo. FATORES DE RISCO • Prematuridade • Baixo peso ao nascer • Baixo nível socioeconômico • Desmame precoce • Baixa cobertura vacinal • Desnutrição energético proteica • Aglomerações • Dificuldade de acesso a saúde. RINOFARINGITE AGUDA (RESFRIADO COMUM) O QUE É? • É a mais comum das IVASs • Síndrome clínica benigna e autolimitada • Ocorre inflamação aguda da mucosa do nariz, seios paranasais e faringe EPIDEMIOLOGIA • Mais prevalente <5 anos • Sazonalidade: início do outono e final da primavera TRANSMISSÃO • Contato direto • Partículas aerossolizadas e gotículas ETIOLOGIA • Rinovírus é o mais frequente. FISIOPATOLOGIA • Invasão do epitélio das vias aéreas superiores à lesão celular subsequente • Estimulação colinérgica à aumenta produção de muco à coriza e tosse • Liberação de mediadores inflamatórios à aumento da permeabilidade vascular à edema e congestão nasal QUADRO CLÍNICO Inicia com 1 a 3 dias após infecção. • Coriza (predominante!) – mudança da cor não necessariamente indica infecção bacteriana. • Espirros • Obstrução nasal • Febre baixa • Odinofagia (melhora rápido) • Mal-estar e mialgia (leves) • Tosse seca Exame físico: • Congestão e hiperemia das mucosas nasal, faríngea, membranas timpânicas e da conjuntiva ocular. • Geralmente bom estado geral Sintomas costumam melhorar com 5-7 dias • Tosse seca pode persistir por até 3 semanas • Sintomas podem persistirem por 14 dias. DIAGNÓSTICO • Diagnóstico clínico • Se houver persistência ou recorrência à suspeitar de complicações bacterianas ou alergias. TRATAMENTO • Lavagem nasal com SF 0,9% • Inalação com soro fisiológico • Antitérmico ou analgésicos: 6 em 6 horas o Paracetamol (10-15 mg/kg/dose) o Dipirona (20-25 mg/kg/dose) o Ibuprofeno (10 mg/kg/dose • Aumentar ingesta hídrica • Elevar cabeceira da cama INFLUENZA (SÍNDROME GRIPAL) O QUE É? • Gripe é uma síndrome causada principalmente pelos vírus influenza A e B. • Diferencia do resfriado comum por ter maior repercussão sistêmica e acometimento mais extenso da árvore respiratória ETIOLOGIA • Vírus influenza – RNA o Alta capacidade mutagênica o Existem 4 tipos sorológicos: A, B, (principais) C (sintomas leves) e D (sem evidências de infecção em humanos) o Os principais subtipos são: § Tipo A: H1N1 e H3N2 § Tipo B: linhagens victória e yamagata EPIDEMIOLOGIA • Em crianças acomete principalmente pré-escolares e escolares • No Brasil sua sazonalidade ocorre nos meses de outono e inverno. TRANSMISSÃO • Gotículas • Contato direto • Período de incubação de 1-4 dias • Maior transmissão em 24-72 horas antes do início dos sintomas • Por volta de 5º dia após início dos sintomas a excreção viral se torna indetectável. FISIOPATOLOGIA • Tropismo por células ciliadas do epitélio respiratório à pode estender desde via superior até inferior. • A extensão e gravidade vai depender da virulência da cepa e da resposta do hospedeiro. QUADRO CLÍNICO Geralmente benigna, autolimitada e bom prognóstico. Aqui ocorre um predomínio das manifestações sistêmicas sobre as respiratórias. Podem apresentar: • Febre alta abrupta • Sintomas de via superior: coriza hialina, obstrução nasal, tosse, odinofagia, linfodenopatia cervical • Sintomas gastrointestinas (anorexia, náuseas e vômitos) – pode ter nas crianças menores. • Cefaleia, mal-estar, mialgia, adinamia e fadiga (crianças maiores) Sintomas melhoram ao longo de 3 a 5 dias • Tosse e mal-estar podem persistir por até 2 semanas Pode evoluir para complicações como Síndrome respiratório aguda grave (SRAG), caracterizada: • Presença de dispneia ou parâmetros a seguir: o SatO2 abaixo de 95% em AA. o Sinais de desconforto respiratório o Piora das condições clínicas, se presença de doença de base o Hipotensão. o Desidratação o Cianose DIAGNÓSTICO • Realizado por critérios clínicos e epidemiológicos • Importante diferenciar da rinofaringite. TRATAMENTO • Síndrome gripal: mesmo tratamento sintomático da rinofaringite • Síndrome respiratória aguda grave ou presença de fatores de risco: pode fazer uso de drogas antivirais como oseltamivir (inibe a neuramidase) o Mas qualquer um com síndrome gripal também pode fazer uso o Importante iniciar o tratamento nas primeira 48h do quadro. COMPLICAÇÕES • Otite média aguda • Penumonia bacteriana • Miosite (principalmente pelo tipo B) • Síndromes neurológicas o Doença de Guillain-Barrré o Meningite asséptica o Mielite transversa o Encefalite pós-infecciosa PREVENÇÃO • Vacinação anual: o Público: trivalente à dois subtipos do tipo A (H1N1 e H3N2) e subtipo do tipo B. o Privado: quadrivalente o Vírus inativado (não causa doença) o Pode ser usada após 6 meses de vida: § 6 meses a 2 anos: 2 doses (0,25ml) com intervalo mínimo de 4 semanas § 3-8 anos: 2 doses (0,5 ml) com intervalo mínimo de 4 semanas § A partir de 9: dose única (0,5 ml) anual. o Grupos prioritários: § Trabalhador da saúde § Grávidas e puérperas (até 45 após parto) § Professores § Povos indígenas § Idade igual ou maior de 60 anos § População privadas de liberdade e funcionários do sistema prisional § Portadores de doenças crônicas FARINGOAMIGDALITES AGUDAS O QUE É? • Infecção da faringe, amigdalas e tecidos adjacentes, causada por diversos agentes ETIOLOGIA • Vírus são os principais agentes (influenza, parainfluenza, adenovírus / Coxsackievírus, echovírus e vírus Epstein-Barr (VEB) à mononucleose • O Strep. Pyogenes (estrep. Beta-hemolítico do grupo A) é a causa mais comum bacteriana. Outras: mycoplasma, chlamydia e gonococo) • A prevalência de etiologia bacteriana em menores de 3 anos é muito pequena (IgG maternos). QUADRO CLÍNICO Bacteriana • Febre • Início súbito da odinofagia • Hiperemia • Hipertrofia das amigdalas e exsudato • Petéquias em palato • Linfodenopatia cervical e submandibular dolorosa Pode apresentar também: • Cefaleia • Náuseas • Exantemas escalartiniforme • Dor abdominal Não bacteriana • Febre baixa • Início gradual da odinofagia • Rubor de faringe com ou sem secreção esbranquiçada. Pode apresentar... • Tosse irritativa • Rouquidão • Coriza • Conjuntivite • Diarreia Algumas infecções virais possuem sinais característicos: • Adenovírus: Eritema e exsudato + febre e conjuntivite • Influenza: febre alta, cefaleia, tosse e mialgia. • Herpes simples: lesões ulceradas em mucosa da faringe e oral • EBV: mononucleose infecciosa (mal-estar, astenia, temperatura normal ou elevada, linfadenopatia cervical posterior, odinofagia, hipertrofia de amígdalas com ou sem exsudato, hepatomegalia, esplenomegalia) DIAGNÓSTICO • Quadro clínico não sugestivo de bacteriano à tratamento sintomático (considerar covid e realizar testagem) • Quando nãoconseguimos diferenciar clinicamente a sua provável etiologia, é possível realizar teste para detecção do strep. Pyogenes. o Teste rápido de antígeno: § Positivo: tratar com antibioticoterapia § Negativo: Cultura de swab de orofaringe o Cultura de swab de orofaringe: padrão-ouro, mas tem como desvantagem o tempo para o resultado. • Em casos de comprometimento do estado geral pode solicitar exames laboratoriais como hemograma: o Mononucleose: leucocitose, linfocitose e com 20- 40% de atipia de linfócitos. OBS: não precisa solicitar ASLO e proteína C na fase aguda por infecção do estrep. TRATAMENTO • Viral? o Tratamento sintomático: analgésico e antitérmicos • Bacteriana? o Primeira escolha é a antibioticoterapia com Penicilina ou amoxicilina: COMPLICAÇÕES • Supurativas: o Abscesso retrofaríngeo o Abscesso periamigdaliano • Não supurativas: o Glomerulonefrite difusa aguda pós- estreptocócica o Febre reumática. OTITE MÉDIA AGUDA O QUE É? • Inflamação do ouvido médio e de seus anexos, decorrente de infecção das vias aéreas superiores. CLASSIFICAÇÃO • Aguda ou supurativa: abaulamento moderado a grave da membrana timpânica ou novo quadro de otorreia que não é atribuído a otite externa + sinais e sintomas de inflamação do ouvido médio. • Recorrente: 3 ou mais episódios de OMA em 6 meses ou 4 ou mais em 12 meses. • Secretora ou efusional: É a inflamação da orelha média em que há uma coleção líquida no seu espaço e a membrana timpânica está intacta. Não há sinais ou sintomas de infecção aguda. FATORES DE RISCO • Primeiros anos de vida (2 anos) – pico a 6 a 12 meses • Sexo masculino • Tabagismo passivo • DRGE • Baixa condição socioeconômica • Rinite alérgica • Inverno (maior incidência de IVAS) • Disfunções anatômicas (tuba auditiva, fenda palatina) PATOGÊNESE • Relacionada principalmente com a obstrução da tuba auditiva, responsável pela ventilação, proteção e limpeza do ouvido médio • O que pode levar a essa obstrução: o IVAS (principal) o Hipertrofia de adenoide o Tumor • Resposta inflamatória à Obstrução à compromete transporte mucociliar à efusão líquida na cavidade timpânica à propiciando infecção bacteriana (provenientes da nasofaringe) à secreção purulenta, abaulamento da membrana timpânica e otalgia OBS: lactentes possuem tuba auditiva menor e mais horizontal à contribui para refluxo de secreção da nasofaringe OBS: Se houver perfuração da membrana timpânica à otorreia e melhora imedita da dor (reduz pressão intra- auricular) ETIOLOGIA • OMA com etiologia viral: o VSR; o Adenovírus; o Rinovírus; o Enterovírus; o Parainfluenza; o Influenza A e B; • OMA com etiologia bacteriana: o Streptococcus pneumoniae; o Haemophilus influenzae (não tipável); o Moraxella catarrhalis; o S. aureus; o Gram negativos. QUADRO CLÍNICO • Geral: inespecíficos o Febre baixa (maioria das vezes) o Irritabilidade o Cefaleia o Anorexia o Vômitos o Diarreia • Otalgia • Otorreia • Otoscopia: o Membrana opaca (branca ou amarelada) o Com ou sem hiperemia o Abaulamento da membrana Sugestivo de: • Viral: membrana levemente opaca, hiperemia difusa leve ou moderada e ausência de abaulamento. • Bacteriana: membrana opaca, hiperemia intensa e presença de abaulamento com diminuição de mobilidade. o Aparecimento súbito o Febre acima de 39ª o Vômitos ou diarreia <2 anos o Otorreia com história de otalgia intensa <48 horas. DIAGNÓSTICO • Clínico pela história e exame físico, mas só a otoscopia fornece o diagnóstico definitivo através dos achados acima citados. OBS: Membrana timpânica normal: É transparente, em posição neutra, de cor pérola-acinzentada, podendo ficar hiperemiada com o choro da criança; TRATAMENTO • Costuma ter cura espontânea, não havendo a necessidade de antibioticoterapia em todos os casos. • Sintomáticos: indicados para todos (paracetamol, dipirona ou ibuprofeno) • Antibioticoterapia: o Indicada: § < 6 meses (mesmo na suspeita, sem diagnóstico de certeza); § 6 meses - 2 anos com diagnóstico definitivo ou na doença grave com diagnóstico duvidoso; § 2 anos ou mais apresentando doença grave § Crianças com piora ou não melhora dos sinais e sintomas em 48-72 horas de observação. o Primeira opção: Amoxicilina (45 ou 90 mg/kg/dia) 10 dias o Segunda opção: Amoxicilina + Clavulanato (uso de betalactâmico nos últimos 30 dias, conjuntivite purulenta associada e história de otite recorrente com pouca resposta a amoxicilina). o Nos casos com alergia à Penicilina, escolher uma das opções: Cefuroxima, Clindamicina, Azitromicina, Claritromicina ou Ceftriaxona (em caso de tratamento hospitalar). RINOSSINUSITE AGUDA O QUE É? • Resultante de infecção de um ou mais seios paranasais, causada por agentes virais ou bacterianos. DESENVOLVIMENTO DOS SEIOS PARANASAIS • Seios etmoidais são os únicos presentes ao nascimento que são aerados; • Seios maxilares estão presentes ao nascimento, mas só são aerados aos quatro anos de idade; • Seios esfenoidais estão presentes a partir de cinco anos de idade; • Seios frontais desenvolvem-se por volta de sete a oito anos de idade e só acabam seu desenvolvimento na adolescência. ETIOLOGIA • Maioria de origem viral (rinovísrus, adenovísrus, vírus sincicial respiratório, parainfluenza) – consequência diretas das rinofaringites virais • Bacterianas os principais agentes sáo os aeróbicos que colonizam a cavidade nasal: Strep. Penumonae, haemophilus influenzae não topável e Moraxella catarrhalis. CLASSÍFICAÇÃO • Aguda: até 12 semanas • Crônica: > 12 semanas • Recorrentes: mais de 6 episódios agudos por ano. PATOGÊNESE • Rinossinusite viral à edema e inflamação local à obstrução da drenagem dos seios da face à acúmulo de líquidos e secreções à favorece proliferação de bactérias. FATORES DE RISCO • IVASs de repetição • Obstrução mecânica (hipertrofia de adenoides, defeito septal) • Renite alérgica • Diabete • Exposição a agentes irritantes OBS: a vacinação contra pneumococo diminui a incidência. QUADRO CLÍNICO • Geralmente um resfriado comum leva ao quadro de rinossinusite viral e autolimitada • Apresenta geralmente um quadro de sintomas nasais persistentes (coriza, obstrução e congestão) >14 dias. • Pode apresentar: o Cefaleia o Dor ou pressão facial o Congestão nasal o Secreção nasal ou pós nasal (purulenta ou não) o Hiposmia e anosmia o Febre o Edema periorbital o Otalgia e pressão no ouvido o Tosse DIAGNÓSTICO • Clínico e deve ser suspeitado quando: o Coriza nasal persistente e/ou tosse diurna sem melhora de com duração maior ou igual a 10 dias. o Piora da coriza nasal, tosse diurna ou febre após melhora inicial. o Febre maior ou igual 39ºC e secreção nasal purulenta por pelo menos 3 dias e/ou toxemia. • Exames complementares: o Tomografia computadorizada de seios da face: Está indicada nas sinusites crônicas ou recorrentes, nas complicações de sinusites agudas ou quando há indicação de cirurgia, preferencialmente após tratamento clínico. o Avaliação microbiológica: Deve ser realizada em crianças toxêmicas, com complicações orbitárias ou intracranianas, imunossuprimidas, com sinusites bacterianas recorrentes ou com falha terapêutica. O material deve ser obtido através de aspiração do seio nasal (realizado por especialista) e encaminhado para coloração de gram e culturas aeróbicas e anaeróbicas. TRATAMENTO • O tratamento deve ser ambulatorial, exceto se o paciente tiver importante fator de risco, complicações intracraniana e orbitais, bem como toxemia, de modo que necessite internação hospitalar. • Suspeita de etiologia viral: realizar tratamento de suporte (analgésicos/antitérmicos e lavagem nasal) • Suspeita de etiologia bacteriana: o Casos persistentes escolher iniciar a antibioticoterapia ou observar por mais 3 dias. o Casos levese moderados: Amoxicilina 45 mg/kg/dia (máximo de 2 g/dose) VO de 12/12 horas, por 14 dias o Em lactentes, crianças que frequentam creche ou receberam antibiótico no último mês, prescrever Amoxicilina + Clavulanato 45 mg/kg/dia VO de 12/12 horas (dose máxima diária de 2 g/dia), por 10 a 14 dias. o O ideal é poder reavaliar o paciente em 48-72 horas em relação à evolução dos sintomas. o Casos de hospitalização: bactrim, levofloxacino, ceftriaxone, cefotaxime.
Compartilhar