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_____________________________________________________________________________________ FACULDADE DE TECNOLOGIA DE SOROCABA PROCESSOS DE PRODUÇÃO APOSTILA DE SISTEMAS HIDRÁULICOS E PNEUMÁTICOS APLICAÇÃO DA MECÂNICA DOS FLUÍDOS NOS SISTEMAS DE AUTOMAÇÃO HIDRÁULICA E PNEUMÁTICA AUTOR: LAURO CARVALHO DE OLIVEIRA SOROCABA - FEVEREIRO 2010. 2 Aplicação da mecânica dos fluidos nos sistemas de automação hidráulica e pneumática. 1. Conhecimentos fundamentais da mecânica dos fluidos. O primeiro conceito ou definição que devemos ter é a definição de fluido, a Mecânica dos Fluidos estuda o comportamento destes corpos em repouso ou movimento: “fluido é a substância que se deforma continuamente sob a ação de um esforço (tensão) tangencial, não importando o quão diminuto seja esse esforço” (Bastos). Entende-se por fluido os líquidos e os gases (ou vapores), estados físicos em que a matéria existe naturalmente. Porque o fluido se movimenta continuamente sob a ação de um esforço tangencial, podemos defini-lo, alternativamente, como substância incapaz de se manter em repouso quando submetido a esforços. O conhecimento e a compreensão dos princípios básicos da mecânica dos fluidos são essenciais para poder-se analisar qualquer sistema no qual um fluido é o meio produtor de trabalho, especialmente os sistemas hidráulicos e pneumáticos. Os conhecimentos fundamentais sobre os acontecimentos físicos da mecânica dos fluidos, que estão ocorrendo em um sistema hidráulico ou pneumático, são importantíssimos para o seu entendimento, para projeto, construção e manutenção de circuitos, não se pode prescindir destes conhecimentos. São conhecimentos que podem modificar o resultado quanto ao desempenho e qualidades esperadas de um sistema. A transmissão de conhecimento sobre um determinado assunto não deve acontecer de forma empírica, pelo conhecimento de senso comum, aquele expresso pelo conhecimento adquirido nas experiências cotidianas, sendo espontâneo e focalista, por tentativa e erro, é importante, mas considerado incompleto, sem objetividade. O conhecimento deve ser obtido de maneira programada, sistemática e controlada, ao ser transmitido através de treinamentos constantes para que se possa extrair dele melhor aproveitamento. Projetos de todos os tipos de máquinas de fluxos, especialmente bombas e compressores, aplicados a sistemas de automação de máquinas 3 equipamentos e dispositivos, exigem os conhecimentos básicos da Mecânica dos Fluidos. Deve-se ter em mente princípios fundamentais como: A vazão disponível em um sistema é responsável pela velocidade de atuação do mesmo (vazão = velocidade x área), isto está intimamente ligado, não só a um ótimo dimensionamento do “sistema de geração”, como também aos sistemas de controle, transmissão e atuação. Afirmações como “o sistema está muito lento, é preciso aumentar a pressão”, é errônea, velocidade depende da vazão do fluído e não da pressão do sistema, e o problema técnico pode estar localizado em outra parte do sistema, não devidamente dimensionado, como perda de carga por exemplo. O aumento da pressão está ligado à força resultante no “sistema de atuação” da máquina ou equipamento (força = pressão x área), e não a velocidade de atuação. O bom dimensionamento do “sistema de geração” volta a ser fundamental, a pressão pode ser aumentada dentro de limites estabelecidos pela cavalagem do motor instalado, em caso de sistemas hidráulicos, ou pelo dimensionamento do compressor, em caso de sistemas pneumáticos. Pode-se dizer que os sistemas apresentados na Figura 1.II estão intimamente ligados e todos merecem cuidados especiais e devem ser bem dimensionados em todos os aspectos levando-se em consideração os conhecimentos fundamentais em física para que sejam evitados problemas como perda de carga, aquecimento do sistema, condensação, etc. Situações que podem causar diminuição da vida útil do sistema e comprometer a qualidade e o desempenho de um sistema hidráulico ou pneumático (geração, transmissão, controle e atuação) em uma instalação, ou a qualidade e desempenho de uma máquina ou equipamento específico. Deve-se ressaltar que há, na Mecânica dos Fluidos, muitos problemas que sendo aparentemente simples, não podem ser resolvidos por via analítica, nesses casos deve-se recorrer aos ensaios, às observações experimentais, às tabelas, ábacos, a literatura específica editada por pesquisadores ou por fabricantes de peças e equipamentos que deverão ser utilizados, pois os mesmos podem deter pesquisas sobre essa determinada aplicação, que podem facilitar a decisão na hora da utilização do componente. 4 Figura 1.II. Representação Esquemática de um Sistema Hidráulico ou Pneumático. 2. Principais propriedades físicas dos fluidos. SISTEMAS DE GERAÇÃO CONJUNTOS DE COMPRESSORES CONJUNTOS DE RESERVATÓRIOS MOTO/BOMBAS SISTEMAS DE CONDICINAMENTO DE FLUIDO: FILTROS, TROCADORES DE CALOR, AQUECEDORES, MANÔMETROS, SENSORES DE TEMPERATURA, ACUMULADORES DE PRESÃO. ETC SISTEMAS DE TRANSMISSÃO TUBOS, MANGUEIRAS, CONEXÕES, BLOCOS DE DERIVAÇÃO SISTEMAS DE CONTROLE VÁLVULAS DE CONTROLE DIRECIONAL; VÁLVULAS DE CONTROLE DE PRESSÃO; VÁLVULAS DE CONTROLE DE VAZÃO SISTEMAS DE TRANSMISSÃO TUBOS, MANGUEIRAS, CONEXÕES, BLOCOS DE DERIVAÇÃO, ETC. SISTEMAS DE ATUAÇÃO ATUADORES LINEARES; ATUADORES ROTATIVOS; ATUADORES OSCILATÓRIOS INPUT CLP CONROLADORES LÓGICOS PROGRAMÁVEIS SENSORES OUTPUT 5 Sabe-se que a matéria apresenta-se no estado sólido ou no estado fluido, este estado fluido engloba os estados líquidos e gasosos. Quem determina esse estado é o espaçamento e a atividade intermolecular, maiores nos gases, menores nos líquidos e muito reduzidas nos sólidos. Como já abordado, é muito importante o conceito de “partícula fluida” que é a quantidade de fluido contida em um volume infinitesimal, porem com as mesmas propriedades do referido fluido. Para facilitar o estudo do comportamento do fluido, desprezam-se o espaçamento e a atividade intermolecular e considera-se o mesmo como “meio contínuo”, que pode ser dividido em partículas entre as quais se supõe não haver vazios, esta “hipótese do contínuo”, facilita e atende aos problemas usuais da Mecânica dos Fluidos. 2.1. Equações básicas. 2.1.1. Massa específica. Massa específica, também conhecida como “densidade absoluta”, é a quantidade de matéria contida na unidade de volume de uma substância qualquer, sendo: m = quantidade do fluido; V = volume do fluido; = massa específica. = V m 42 /. msN S.I. 2.1.2. Densidade relativa. É a razão entre a massa específica de uma substância e a massa específica 1 de outra substância, tomada como referência: = 1 [número admensional] Obs.: Geralmente 1 é a massa específica da água, para líquidos ou do ar atmosférico nos gases. 2.1.3. Peso específico. É o peso da unidade de volume da substância: 6 W = peso da substância; V = volume da substância; = peso específico. = V W A equação de Newton dá a relação entre o peso W , a massa m e a aceleração g da gravidade: W = m.g = V m g Sendo = V m = . g [N.m-3] S.I. 2.1.4. Volume específico. = V W V = W toma-se a unidade de peso da substância W = 1, define-se o volume específico Vs: Vs = 1 [ m3/N] [S.I]. 2.1.5. Variação das propriedades do fluido com a temperatura Supondo constante a massa (m) de um fluido, seu volume (V) cresce quando há um aumento de temperatura, portanto: A massa específica diminui quando a temperatura aumenta. A densidade relativa = 1 , também diminui com a temperatura, pois diminui e 1 permanece constante para uma determinada temperatura. O peso específico = . g também diminui pois diminui. 7 Volume específico Vs = 1 aumenta pois diminui com o aumento da temperatura. 2.1.6. Transformações Isotérmicas nos gases perfeitos. Isotérmicas são as transformações nas quais a temperatura é mantida constante. Pela equação de Clapeyron P. Vs = R.T P = pressão absoluta [ kgf/m2 ou N/m2] Vs = volume específico [ m 3/kgf ou m3 / N] R = constante específica do gás [ m/ K] T = temperatura em “Kelvin”[K] (T = 273 + t 0C) Sendo P = R.T = R.T P [N/m-3] Que é o peso específico dos gases nas transformações isotérmicas. Podemos definir volume através dessa formulação. Sendo n = número de moles; Vs = volume específico = volume da unidade de peso de gás V = volume total de gás. V = Vs . n Vs = V/n Se P.Vs = R.T temos p . V/n = R.T Ou P.V = n. R.T V = n. R.T/P. [m3/N] 2.1.7. Processos de compressão do ar. Muita energia é gasta no trabalho de comprimir o ar. Parte dessa energia aparece na forma de calor e não se presta para fim algum. Muitas vezes instalações caras são necessárias para remover esse calor, o restante da energia está disponível em forma de energia potencial. O ar comprimido é gerado, transportado por tubos, mangueiras, conexões, etc, controlado, transportado novamente até onde será efetivamente 8 utilizado para realizar um trabalho, seja por expansão ou por aplicação direta de força, em seguida é expulso para a atmosfera. Para sua utilização é preciso sua produção, que é regida pelos processos de compressão do ar. São cinco os processos conhecidos industrialmente para compressão do ar, sendo os três últimos os mais utilizados. Processo isobárico; Processo isométrico; Processo isotérmico; Processo adiabático; Processo politrópico. 2.1.7.1. Processo Isobárico: Processa-se à pressão constante.Para alterar o ar de um estado para outro, o sistema deve receber calor e a temperatura é diretamente proporcional ao volume. Figura 2.II. Compressão isobárica. .(Catálogo Schrader&Bellows) 2.1.7.2. Processo Isométrico: processa-se com volume constante. Para alterar o ar de um estado para outro, o sistema deve receber calor e a pressão é proporcional à temperatura. 9 Figura 3.II. Compressão isométrica. .(Catálogo Schrader&Bellows) 2.1.7.3. Processo Isotérmico: compressão ma qual a temperatura é mantida constante por um rígido sistema de troca de calor, ou seja, para alterar o ar de um estado para outro,todo calor deve ser retirado. Seria o processo ideal de compressão, mas na prática é impossível a eliminação total do calor gerado no processo. Figura 4.II. Compressão isotérmica. .(Catálogo Schrader&Bellows) 2.1.7.4. Processo Adiabático: compressão na qual nenhuma energia sob forma de calor é trocada com o meio ambiente, causando sempre elevação da temperatura . O ar para ser comprimido nesse processo,requer 1,4 vezes mais energia do que aquela consumida em um processo isotérmico, necessita-se de uma maior potência para efetuar a compressão. 10 Figura 5.II.Compressão adiabática e isotérmica. .(Catálogo Schrader&Bellows) 2.1.7.5. Processo Politrópico: Este processo de compressão, tanto pode receber como ceder calor para o exterior sendo o mais interessante o caso onde exista o fornecimento de energia para o exterior, devido à economia de energia. O processo de compressão real está situado entre as condições adiabáticas ( ausência de troca de calor) e isotérmicas( temperatura constante) estando mais próxima das condições adiabáticas. 11 Figura 6.II. Compressão poliotrópica e análise dos processos de compressão.(Catálogo Schrader&Bellows) Cabe citar os compressores utilizados para o processo de compressão serão diferenciados dois tipos básicos de compressores: a. O primeiro se trata de um tipo baseado no princípio de redução de volume. Consegue-se a compressão fazendo-se a sucção do ar para um recipiente fechado, e diminuindo-se o tamanho desse ambiente, são os chamados compressores de êmbolo ou pistão de movimento linear. b. O segundo tipo de construção funciona segundo o princípio de fluxo, sucção do ar de um lado e compressão do outro por aceleração da massa(turbina). 12 Figura 7.II. Tipos de compressores. (Catálogo Festo Didactic) 2.1.8. Módulo de elasticidade volumétrico. Sob a ação de uma força F , seja V o volume de um fluido, à pressão unitária P E = - dp/ dV/V dP = acréscimo de pressão; dV/V = variação relativa de volume. Ao aumento de força dF, a pressão aumentará de dp e o volume diminuirá de dV. A variação relativa de volume é dV/ V. Conclui-se que ao aumento de pressão, corresponderá uma diminuição de volume (sinal negativo da expressão). Por ser módulo E = dp/dV/V Tipos de compressores Compressor de embolo-curso linear Compressor rotativo Turbo compressor Compressor de embolo Compressor de membrana Turbo compressor axial Turbo compressor radial Compressor multicelular de palhetas Compressor de parafusos helicoidais Compressor Roots 13 Figura 8.II. Elasticidade do fluido (ar). .(Catálogo Schrader&Bellows) O atuador e o “pistão”( conjunto embolo e haste) sendo perfeitamente rígido (inelástico) e contendo um volume V1 de um fluido elástico. A aplicação de uma força F sobre o “pistão” aumentará a pressão. P, no fluido, o que acarretará uma diminuição de volume. Em casos práticos temos que manter a pressão e a força resultante do sistema constante para que se possa não causar efeitos negativos ao sistema. 2.1.9. Coeficiente de compressibilidade. O coeficiente de compressibilidade é o inverso do módulo de elasticidade: C = E 1 ou C = dP dV/V Todo fluido possui um coeficiente de compressibilidade, quanto maior o coeficiente de elasticidade volumétrico, menor é o coeficiente de compressibilidade. No caso dos gases esse efeito da compressibilidade é mais sentido e os efeitos de uma força agindo em um atuador pode trazer problemas indesejados em certas situações de trabalho. Como exemplo temos que, devido à compressibilidade do ar comprimido, pode-se “atrasar” ou “causar parada” de movimento em um atuador, quando solicitado à pressão máxima de trabalho (trepidação, imprecisão em paradas, riscos em peças usinadas, etc). 14 Figura 9.II. Compressibilidade do fluido(ar) .(Catálogo Schrader&Bellows) 3. Fundamentos de fluidostática. Dos fundamentos da fluidostática, tem-se o conceito de “transmissão da pressão”. As experiências comprovam que “a pressão exercida sobre a superfície da massa fluida é transmitida ao seu interior, integralmente em todas as direções”, Princípio de Pascal, que encontra inúmeras aplicações, industriais, em máquinas, equipamentos, dispositivos, na indústria automobilística, aeroespacial, ferrovias, etc. Figura 10.II. Princípio de Pascal. (Catálogo Rexroth Hidráulica) 15 A 0 3.1. Lei de Pascal. Blaise Pascal, cientista e pesquisador, que dedicou seus estudos a hidráulica define o que foi denominada Lei de Pascal: “ No interior de um fluido em repouso a pressão é constante em cada ponto”. Deve-se definir, para o entendimento do assunto colocado o que são esforços de superfície; são forças que se desenvolvem pelo contato físico entre as partículas fluídicas ou entre essas e as paredes dos recipientes que os contém. São também conhecidos como “força de contato” e se dividem em: tração, compressão e cisalhamento. Nos fluido, a tração é extremamente pequena, podendo ser desprezadas,a compressão é reduzida nos líquidos embora seja grande nos gases. A força resultante dos esforços de superfície pode ser decomposta segundo duas direções, uma componente normal à superfície N (esforço de compressão), e uma componente tangencial à superfície T (esforço de cisalhamento), No fluido em repouso não há esforços tangenciais, logo T=0, portanto F = N (fluídos em repouso). A pressão em um ponto (pressão unitária) é, por definição P = lim (N/A) que representa a derivada do esforço N em relação à superfície A: P = dN/dA A pressão é uma grandeza vetorial, mas, pela “Lei de Pascal”, não se consideram a direção e o sentido; então, a pressão é tomada como grandeza escalar: p = dN/dA ou dN = p x dA onde: P = pressão dN = esforço de compressão dA = área da superfície Também definido por Blaise Pascal o “Princípio Fundamental da Hidráulica” o conceito mais significativo afirma que: “toda pressão aplicada sobre um fluído confinado a um recipiente, age igualmente em todas as 16 direções dentro da massa fluídica e perpendicularmente as paredes do recipiente que o contém. Esse princípio dá subsídios para que se possa entender as relações entre força e pressão em um sistema hidráulico e ou pneumático. Define-se força:” todo agente capaz de alterar o módulo ou a direção da velocidade de um corpo; todo agente capaz de atribuir aceleração a um corpo, ou esforço necessário para se realizar um determinado trabalho”. Define-se como pressão à razão entre a força e a superfície em que se está aplicando essa determinada força. Imagine um atuador hidráulico linear. Coloca-se pressão em seu interior. Pelo Princípio Fundamental da Hidráulica e pela Lei de Pascal pode-se definir de maneira simplificada os acontecimentos físicos que estão ocorrendo no momento que aplicamos essa pressão no sistema. Com o aumento de pressão no interior do atuador, a mesma atua em todas as paredes do compartimento interno, perpendicular a essas paredes. A pressão atua sobre o embolo do atuador, e se não houver uma carga que contraponha a força criada pela razão entre área e pressão e sendo uma peça móvel, haverá um movimento, com velocidade proporcional a vazão fornecida. Quando encontrar uma carga que se contraponha a força resultante haverá a realização do trabalho, que será proporcional a razão entre área e pressão, isto é, proporcional a força resultante idealizada em projeto. 17 A Figura 11.II. Representação esquemática simplificada das forças atuantes no interior de um atuador devido à pressão a que está submetido – Lei de Pascal. Como abordado em módulo de elasticidade volumétrico ,deve-se ter em mente que todos os fluidos podem ser comprimidos pela aplicação de pressão, acumulando-se energia elástica no processo; supondo que haja conversão de energia perfeita, estes volumes comprimidos retornarão às dimensões originais quando a pressão aplicada for removida. Portanto, os fluidos são meios elásticos, e costuma-se em engenharia caracterizar esta propriedade definindo- se um módulo de elasticidade, que é definido em função do volume ocupado, sendo denominado módulo volumétrico. Que é muito importante no dimensionamento do volume a ser preenchido pela vazão da bomba, ou compressor, em um cilindro já sob pressão máxima de trabalho, para preenchimento do mesmo, mantendo-se a velocidade e a força de atuação. P F 18 Figura 12.II. Mecânica da compressão elástica de um fluido em um atuador. O atuador e o “pistão” sendo perfeitamente rígido (inelástico) e contendo um volume V1 de um fluido elástico. A aplicação de uma força F sobre o “pistão” aumentará a pressão. P, no fluido, o que acarretará uma diminuição de volume. 3.2. Fórmulas empíricas para cálculo de força resultante e vazão em atuadores lineares. Baseadas em fórmulas racionais, as fórmulas a seguir são consideradas empíricas, usadas para cálculo de força resultante, e vazão necessária para realização de um projeto de circuito hidráulico e pneumático. V1 V P F A 19 3.2.1. Cálculo de força resultante. Força resultante em um atuador hidráulico e ou pneumático quando submetido a uma pressão através de um fluido (líquido ou gás). Imaginando-se um atuador linear de dupla ação: Pelo exemplo pode-se observar a aplicação da Lei de Pascal desprezando-se as forças de tração e cisalhamento e pelo Princípio Fundamental da Hidráulica onde “toda pressão aplicada sobre um fluído confinado a um recipiente, age igualmente em todas as direções dentro da massa fluídica e perpendicularmente as paredes do recipiente que o contém”. Tem-se: P = pressão regulada no fluido [Kgf/cm2]; Fa = força resultante de avanço [kgf]; Fr = força resultante de retorno [kgf]; Ap = área do pistão [cm2]; Ah = área da haste [cm2] Ac = área da coroa circular (Ac = Ap – Ah) [cm2] A fórmula da área do atuador hidráulico linear; A= x D2/4 Obs.: as unidades de medida adotadas pelo sistema métrico internacional Pode-se definir que: Ah Ac Ap P= pressão entrada R = exaustão Sentido do movimento 20 a. Cálculo da força de avanço em atuador linear de dupla ação. Força de avanço Fa = P x Ap b. Cálculo da força de retorno em um atuador linear de dupla ação. Força de retorno – Fr = P x (Ap – Ah) ou Fr = P x Ac [Kgf] 3.3. Equação da continuidade. Na Cinemática dos Fluidos ( estuda o escoamento dos líquidos e gases, sem considerar suas causas) é conceituado o que seria “Fluido Ideal.”( fluido ideal ou perfeito estabelece que: a pressão e a velocidade não variam com o tempo; viscosidade é nula, a pressão atua na direção normal a superfície, nenhum trabalho é requerido para modificar sua forma) Imagine-se um fluido ideal em “escoamento permanente”, através de um tubo Figura 13.II. A1 = área da seção transversal do tubo; 1 = massa específica do fluido; Ah Ac Ap P= pressão entrada R = saída do fluido Sentido do movimento Ah Ac Ap P= pressão entrada R = saída do fluido Sentido do movimento 21 Entrada Saída A2 U1 = velocidade média das partículas. Decorrida certa unidade de tempo, tem-se na saída do tubo: A2, 2 e U2 que são os novos valores das grandezas levadas em consideração. Figura 13.II. Escoamento do fluido ideal em regime permanente. 3.3.1. Equação da Continuidade dos fluidos ideais. 1. A1 . U1 = 2. A2 . U2 = constante Que é a Equação da Continuidade para os Fluidos Ideais. Conclui-se que “ no escoamento permanente, é constante o produto . A . U, considerando a unidade de tempo”. Nos gases variação de é pequena ( em relação às demais grandezas) pode-se desconsiderar essa variação., nos líquidos é usual para facilidade de cálculos considerar constante. Para fluidos ideais tem-se a seguinte expressão: 1 = 2 = . A1 . U1 = . A2 . U2 e como 0 A1 . U1 = A2 . U2 = constante Que é a forma simplificada da “Equação da Continuidade” para fluídos ideais. “No escoamento permanente é constante o produto de cada seção transversal (A) do tubo pela respectiva velocidade(U) da s partículas”, isto é, em cada escoamento aumentando-se a velocidade U diminui-se a seção A e vice-versa. U1 A1 U2 22 3.4. Conceito de vazão. Aplicando-se as equações dimensionais ao produto A x U, temos: [A x U] = L2 x L/T = L3/T que representa o volume por unidade de tempo. Ao volume que atravessa determinada seção transversal na unidade de tempo é denominada “vazão”. Portanto Q = A x U Q = vazão; A = área da seção transversal; U = velocidade média das partículas. Pode-se concluir de forma simples que: “no escoamento permanente,em qualquer seção transversal do tubo de corrente, a vazão é constante”. Figura 14.II. Vazão é uma constante com a variação da seção transversal. Se um fluido flui por um tubo com vários diâmetros, o volume que passa em uma unidade de tempo é o mesmo, independente da seção. A1 x U1 = A2 x U2 portanto Q1 = Q2 3.4.1. Fórmulas empíricas usadas para cálculo de diâmetro de tubulações. Para cálculo do diâmetro de tubulação em projetos pode-se utilizar as fórmulas empíricas, com já abordado no tópico anterior: 23 Sendo: Vazão Q = V/t Volume V = A x s portanto vazão Q = A x s/t Velocidade v = s/t substituindo-se temos Q = A x v Portanto d2 = 4Q/IIv Onde : Q = vazão [l/min ou cm3/min] V = volume em litros [l] ou [cm3] t = tempo [min] v = velocidade do fluido [cm/min] Obs.: U (velocidade média das partículas) é substituído por v ( velocidade do fluido) s = curso (comprimento) [cm] A = área da seção transversal [cm2] As fórmulas podem ser utilizadas para cálculo de diâmetro de tubulação, levando-se em consideração a perda de carga. 3.4.2. Fórmulas empíricas para cálculo da vazão necessária para se atingir as velocidades de atuação dimensionadas em projeto. Para a velocidade de atuação, que está diretamente ligada à vazão gerada no sistema de atuação, pode-se considerar as mesmas definições de área do pistão, área da coroa, área da haste. Imagine novamente um atuador hidráulico linear, sendo a vazão o produto da velocidade de atuação desejada pela área usada, pode-se calcular de maneira simplificada a vazão necessária para atingirmos a velocidade de atuação desejada nesse atuador linear. Para simplificação dos cálculos não levaremos em consideração os atritos internos, forças atuantes sobre o fluido. Cálculo de vazão necessária para satisfazer as velocidades de avanço e de retorno em um atuador linear. 24 a. Cálculo da vazão de avanço. Vazão de avanço: : Qa = V x Ap Onde: Qa = vazão de entrada necessária no atuador[ cm 3 /min] V = velocidade de deslocamento do atuador (velocidade de trabalho dimensionada) [cm/mim] A = área do pistão do atuador [cm2] b. Cálculo da vazão de retorno. Vazão de retorno: Qr = V x ( Ap – Ah) ou Qr = V x Ac Conclui-se que a vazão necessária para o retorno do atuador, mantida a velocidade constante, é menor que a vazão de avanço por causa da diferença entre a área do pistão usada no avanço e a área da coroa circular usada no retorno (Ac = Ap – Ah), ou que a velocidade de retorno é maior que a velocidade de avanço, mantida a vazão constante, pela mesma razão. Em casos especiais tem-se a aplicação de atuadores de dupla haste, os de retorno ou avanço por efeito mola e os atuadores sem haste(aplicação pneumática) Para os atuadores de dupla haste tem-se: Para força resultante: Fa = Fr = Ac x P onde Ac = Ap - Ah Ah Ac Ap Q = vazão entrada Q = vazão de saída Sentido do movimento Ah Ac Ap Q= vazão entrada Q = vazão de saída Sentido do movimento 25 Para vazão: Qa =Qr = Ac x V onde Ac = Ap - Ah 3.4.3. Fórmulas empíricas para casos de atuadores lineares especiais: a. Para atuadores com retorno ou avanço por mola. a. Cálculo de força: Retorno por mola com mola do lado da haste: Fa = Ap x P Retorno por mola com mola do lado do embolo: Fr = Ac x P Obs.: deve-se considerar para cálculo da pressão a força resultante da mola. b. Cálculo de vazão: Retorno por mola, com mola do lado da haste: Qa = Ap x V Retorno por mola, com mola do lado do embolo: Qr = Ac x V b. Para atuadores sem haste. (pneumáticos) Fórmula simplificada: a. Cálculo de força: Fa = Fr = Ap x P b. Cálculo de vazão: Qa = Qr = Ap x V 26 4. Descrição e classificação dos movimentos dos fluidos. Fox (1988) classifica os movimentos de acordo com a Mecânica Geral dos Fluidos, baseada nas características observáveis nos campos de escoamento. Como há muita superposição dos tipos de campos de escoamento encontrados, não existe esquema de classificação universalmente aceito, uma das possíveis classificações está mostrada na figura. Figura 15.II. Classificação dos movimentos dos fluidos. MECÂNICA DOS FLUIDOS NÃO VISCOSOS = 0 VISCOSOS LAMINAR TURBULENTO COMPRESSÍVEL INCOMPRESSÍVEL INTERNO EXTERNO 27 4.1. Escoamento de fluidos viscosos e não viscosos. A principal subdivisão, segundo Fox (1988), é a de escoamento de fluidos não-viscosos e viscosos. No deslocamento de fluidos não-viscosos, a viscosidade,, do fluido é supostamente nula; tal fluido não existe, Com tudo há vários problemas nos quais a hipótese de = 0 simplifica a análise, e ao mesmo tempo conduz a resultados satisfatórios. Como todos os fluidos possuem viscosidade, o estudo de escoamento de fluidos viscosos é de grande importância no estudo de mecânica dos fluidos dos meios contínuos. 4.2. Escoamentos laminares e turbulentos. Os escoamentos de fluidos viscosos se classificam em laminares e turbulentos, tal seja a respectiva estrutura interna. No regime laminar, a estrutura do escoamento é caracterizada pelo suave movimento do fluido em laminas ou camadas. O regime turbulento caracteriza-se pelo escoamento tridimensional das partículas fluidas cujos movimentos caóticos superpõem ao movimento médio. Pode-se obter informações de caracter quantitativo a respeito da diferença entre os escoamentos laminares e turbulentos pela observação do mostrador de um medidor sensível de velocidade, imerso no escoamento de uma tubulação, segundo eixo x. Para o escoamento permanente laminar, a velocidade em um ponto permanece constante com o passar do tempo. Para o escoamento turbulento, o gráfico indica flutuações aleatórias da velocidade instantânea, em torno da velocidade média. 28 Figura 16.II. Gráficos: escoamento laminar e turbulento. u u ü t t escoamento laminar escoamento turbulento u = velocidade ü = velocidade média t = tempo Figura 17.II. Escoamento laminar 29 Figura 18.II. Escoamento turbulento.(Catálogo Rexroth) 4.3. Escoamentos de fluidos compressíveis e incompressíveis Os escoamentos nos quais as variações dos fluidos são desprezíveis denominam-se “incompressíveis”. Quando estas variações não são desprezíveis os escoamentos são ditos compressíveis. Considerando-se na definição os dois estados da matéria, o líquido e o gasoso, fica-se tentado a afirmar que, de um modo geral, todos os escoamentos líquidos são incompressíveis e que todos os escoamentos de gases são compressíveis. Em muitos casos práticos a primeira parte da afirmação é correta, pois a maioria dos escoamentos líquidos é incompressível. Entretanto o golpe de aríete e a cavitação constituem exemplos importantes dos efeitos da compressibilidade nos escoamentos líquidos. Os gases podem também se comportar como fluidos incompressíveis desde que as velocidades dos escoamentos sejam pequenas em relação à velocidade do som. A razão da velocidade, V, para a velocidade local, c, do som, no caso dos gases, é denominada “mach”, M = V/c. Para valores M 0,3 as variações das densidades são menores do que 5%. Assim, para escoamentos com M 0,3, os gases podem ser tratados como fluidos incompressíveis. Para M = 0,3 estando o ar nas condições padrão, a velocidade é de, aproximadamente, 100 m/s. Os escoamentos de fluidos compressíveis ocorrem freqüentemente nas aplicações da Engenharia. Constituem exemplos os escoamentos de nos sistemas de ar comprimidos destinados a acionar máquinas e ferramentas, transmissão de gases em dutos sob pressão, controle pneumático ou fluídicoe sistemas sensores. 30 4.4. Escoamentos internos e externos. Os escoamentos completamente limitados por superfícies sólidas são denominados escoamentos internos. Os escoamentos internos incluem os escoamentos em tubos, dutos, difusores, blocos de distribuição, válvulas, conexões, etc. Estes escoamentos podem ser laminares ou turbulentos, compressíveis ou incompressíveis. Nos escoamentos internos, aplicados na área de projetos de sistemas óleo-hidráulicos e pneumáticos, sistemas de lubrificação, processos químicos de escoamento, etc, o regime de escoamento, laminar ou turbulento, é determinado pelo valor do parâmetro admensional, o denominado número de Reynolds, parâmetro já definido anteriormente. As experiências mostram que nos condutos forçados Os escoamentos externos ocorrem em corpos imersos em massas fluidas ilimitadas, o assunto não será abordado. O número de Reynolds tem por objetivo classificar os regimes(laminar ou turbulento). As experiências mostram que nos condutos forçados (tubos, mangueiras, etc): a. Se Re 2000, o regime é laminar, isto é, as partículas percorrem trajetórias paralelas. Ocorre raramente na prática, como por exemplo, com os óleos pesados e outros líquidos muito viscosos. b. Se 2000 Re 4000, o escoamento é instável ou de transição. c. Se Re 4000, o regime é turbulento, isto é, as trajetórias das partículas são irregulares. O número de Reynolds é aplicado para cálculos de perda de carga em tubulações e em válvulas, podendo dar parâmetros de dimensionamento de tubulações, mangueiras, etc. Salienta-se que esses parâmetros são de fundamental importância para o dimensionamento do sistema que se está projetando, perdas de carga se transformam em queda da potência transmitida em tubulações. Sabe-se que tudo que não é transforma em trabalho é transformado em outro tipo de energia, nesse caso específico irá se transformar em calor, fator altamente prejudicial ao funcionamento, quer de sistemas hidráulicos ou pneumáticos. 31 Exemplo: U = velocidade média do escoamento; l = dimensão característica do conduto( diâmetro, perímetro) = massa específica do fluido; = viscosidade dinâmica; = viscosidade cinemática No estudo da Análise Dimensional, definir-se-á o “número de Reynolds (Re)” como sendo o parâmetro admensional Re = l U/ Que se exprime em função da viscosidade dinâmica(). Considerando que = / / = 1/ temos Re = I U/ Que é o mesmo “número de Reynolds”, agora em função da viscosidade cinemática (). Em um tubo(conduto forçado de seção circular) a dimensão característica” l” é o diâmetro do tubo (l = D), de onde: Re = D U / ou Re = DU/ Qualquer destas expressões .representa o “número de Reynolds para tubos 5. Equação de Bernoulli para os fluidos reais. 5.1. Conceito inicial da perda de carga. A Equação de Bernoulli para fluidos ideais diz: “ é constante a energia em um ponto qualquer da massa fluida em escoamento permanente”, essa afirmação , para fluidos ideais, não leva em consideração as resistências causadas pela viscosidade e o atrito do fluido com as paredes da tubulação que o conduz. A experiência mostra que, no escoamento dos fluidos reais, uma parte de sua energia se dissipa em forma de calor e nos turbilhões que se formam na corrente fluida. Essa pare de energia é consumida pelo fluido real ao vencer diversas resistências, que não foram levadas em conta ao tratarmos do fluido ideal. . Uma das resistências é causada pela viscosidade do fluido real; outra é 32 N B C M2 M1 D Reservatório provocada pelo contato do fluido com a parede interna do conduto. Várias resistências são causadas na tubulação, mangueiras, conexões, etc. Assim, a carga no fluido real não é mais aquele valor visto na equação de Bernoulli para os fluidos ideais, pois parte da carga ficou perdida no fluido real, é “perda de carga”. Figura 19.II. Sistema estático, não há perda de carga. Na Figura 19.II (Bastos) , estando fechado o registro R, não há escoamento líquido. Supondo alimentação constante no reservatório à esquerda, o nível (N) da superfície livre (S.L) é o mesmo, no reservatório e nos tubos B,C e D. Isto ocorre porque não havendo escoamento, adota-se o princípio dos vasos comunicantes, ou seja, o líquido se acha em equilíbrio estático. Não há movimento do fluido e, portanto, não há perda de carga. Ao contrário, quando se abre o registro R o fluido se escoa Figura 20.II(Bastos), agora os níveis (N) das superfícies livres são diferentes no reservatório e nos tubos B, C e D. As diferenças entre os níveis das superfícies livres, no reservatório e nos tubos são as suas respectivas “perdas de carga”. O segmento M1 e M2 representa a “linha de carga” para o fluido real proposto. LINHA DE PERDA DE CARGA Registro fechado 33 N B C M2 M1 D Reservatório Figura 20.II. Sistema dinâmico, existência de perda de carga. Portanto a equação de Bernoulli para fluidos reais é estabelecida pela relação entre a velocidades v e U, identificada pela letra . Na entrada A1 e A2 do tubo de corrente, temos, então, os coeficientes 1 e 2, que vão afetar as cargas cinéticas nas duas seções. Assim, na equação de Bernoulli para fluidos reais, em vez de: U21 /2g e U 2 2 /2g, ocorrem os termos, onde: v = velocidade no ponto B. U = velocidade média do escoamento na seção passando por B. g = gravidade. = massa específica. = peso específico. = coeficiente dado pela relação entre velocidades v e U. z = cota do ponto B. p = pressão unitária em B. 1 . U 2 1/2g e 2 . U 2 2 /2g Lembrando a Equação de Bernoulli para fluidos ideais: z + p/ + U2/2g = H A equação pode ser aplicada a todos os pontos da corrente, pode-se escrever: Superfície Livre LINHA DE PERDA DE CARGA Registro aberto – fluxo de fluido 34 z1 + p/ + U 2 1/2g = z2 + p/ + U 2 2/2g Para fluidos reais temos a inclusão os índices 1 e 2 temos: z1 + p/ + 1 . U 2 1/2g = z2 + P/ + 2 . U 2 2/2g Sendo hp perda de carga, representando a diferença de energia entre os pontos 1 e 2 tem-se a equação que fornece a perda de carga entre as seções 1 e 2 de um fluido real hp = (Z1 + P1/ + 1 . U 2 1/2g) – (Z2 + P2/ + 2 . U 2 2/2g) ou seja: A primeira soma entre parênteses representa a energia por unidade de peso de fluido na seção 1. A segunda é também a energia, porém, na seção 2. Assim hp representa a diferença ou perda de energia, experimentada pela unidade de peso do fluido, ao ser transportada de uma para outra seção do conduto. A equação de Bernoulli permite relacionar carga e energia, por isto, hp é conhecida como “perda de carga de um fluido real”. (z1 + p1/ + 1 . U 2 1/2g) – (z2 + p2/ + 2 . U 2 2/2g) +‟ hp que é a Equação de Bernoulli para fluidos reais. Supõe-se que o fluido real escoe do ponto 1 para o ponto 2, neste último haverá a perda de carga. 35 U 2 2/2g H = Constante Linha piezométrica Linha de carga M’1 z1 M’2 M2 2 1 Plano de referência z2 p2/ p1/ U 2 1/2g M Figura 21.II. Representação gráfica da Equação de Bernoulli. Do gráfico acima se tem que no prolongamento da cota z1, toma-se o segmento desde (1) até M1, representando a carga piezométrica p1//. Da mesma forma, no prolongamento de z2, marca-se o segmento vertical entre (2) e M2, representando a carga piezométrica p2/. Obtém-se assim, a linha piezométrica M1M2. Em seguida, traça-se os respectivos segmentos, que correspondem „as cargas cinéticas U21/2g e U22/2g. Pelos pontos externos, traçamos a linha de carga M’1M’2 do fluido real. O segmento restante M’2M é a perda de carga contínua hp, pois varia,continuamente, de (1) até (2). Para o ponto (1), tem-se a carga total H: H= z1 + p1/ = U21/2g Para o ponto (2), a carga total ainda é H (H é constante em cada situação): H = z2 + p2/ + U22/2g + hp Portanto tem-se: hp 36 Hp = (z1 + p1/ + U21/2g) – (z2 + p2/ + U22/2g) Que fornece a perda de carga entre as seções (1) e (2) de um fluido real. A primeira soma entre parênteses representa a energia por unidade de peso de fluido na seção (1). A Segunda é também energia, porem, na seção (2). Assim hp representa a diferença ou perda de energia, experimentada pela unidade de peso do fluido, ao ser transportada de uma para outra seção do conduto. Como a equação de Bernoulli permite relacionar carga e energia, pode-se denominar hp como “perda de carga de um fluido real. 5.2. Perda de carga em condutos de seção constante 5.2.1. Condutos forçados. Condutos são dispositivos para o transporte dos fluidos em geral. Em hidráulica e pneumática trata-se apenas de “condutos forçados”, ou seja condutos nos quais o fluido ocupa, completamente, a sua seção transversal e escoa sob pressão e apresenta as seguintes características: o perímetro é sempre fechado; o fluido pode escoar no sentido descendente (por gravidade) ou no ascendente(linhas de recalque de bombas ou compressores. Em sistemas hidráulicos e pneumáticos geralmente a seção dos condutos são da forma circular constante, são tubos, conexões, mangueiras, que formam as tubulações de distribuição, aqui denominados “sistemas de distribuição”. 5.2.2. Definição de “perímetro molhado” e “raio hidráulico”. “Perímetro molhado M” é a linha de contorno do tubo que está em contato com o fluido 37 Raio hidráulico(molhado) R = A/M Seja A área da seção transversal do tubo, em contato com o fluido. Por definição “raio hidráulico” do tubo é razão entre a seção A e o perímetro molhado M: R = A/M O “raio hidráulico” é a principal característica geométrica do tubo. Figura 22.II. Definição de “perímetro molhado” e raio hidráulico”. 5.3. Perda de carga unitária. Por definição , é a razão entre a perda de carga contínua hp e comprimento L do tubo: J = hp/L Sendo que J representa a razão entre o trabalho resistente hp e a distância L, é a força resistente para 1 kgf de fluido que percorre a distância L de um tubo. Deve-se lembrar que a parede do tubo oferece resistência ao escoamento do fluido, que é dada pela formulas: 0 = RJ onde: 0 = resistência específica(resistência por unidade de área da parede); é a tensão máxima de cisalhamento; Perímetro molhado M A Raio hidráulico (molhado) de tubos de seção circular R = D/4 38 = peso específico do fluido; R = raio hidráulico do tubo; hp = perda de carga contínua, entre 2 seções consideradas; L = distância entre as 2 seções; J = perda de carga unitária. Deve-se observar que como se trata de tubos com seção circular, o diâmetro D será sempre constante( em tese) portanto a velocidade média U será sempre a mesma ao longo do tubo. 5.4. Fórmula Universal para cálculo de perda de carga. Em tubulações tem-se: L = distância entre duas seções transversais; R = raio hidráulico do conduto de seção constante; (R = D/4) por definição “raio hidráulico” do duto é a razão de seção A e o perímetro molhado M. U = velocidade média do fluido; g = aceleração da gravidade; f1 = parâmetro que depende da viscosidade do fluido, das características do duto (tubo, mangueira), da velocidade média, etc. Deduz-se que a perda de carga contínua hp, no trecho L, é obtida pela “lei geral da perda de carga”, tem-se a fórmula universal: hp = f1 . L/R . U 2/2g No caso particular de tubos, seção transversal circular de diâmetro D deduz-se a fórmula de Darcy-Weisbach: hp = f . L/R . U2/2g que permite calcular a perda de carga contínua hp quando se conhece o parâmetro f, denominado de “coeficiente de atrito”, ”coeficiente de resistência” ou “coeficiente de perda de carga”. A fórmula de Darcy-Weisbach também pode representar a perda de carga unitária J: J = f/D . U2/2g, expressa em função da vazão Q tem-se: hp = K1 . L . Q 2/D5 ou J = K1 . Q 2/D5 onde K1 = 8f/ 2g J = hp/L 39 Exemplo: Uma tabela técnica indica o coeficiente de atrito f = 0,019 para o tubo de ferro fundido, cimentado internamente, com 2000 mm de diâmetro. Para a vazão de 51 litros de água por segundo, calcular a velocidade média e as perdas de carga unitária e contínua para uma tubulação de 500 metros. Solução: U = 4Q/D2 U = 4 x 0,051/ X 0,22 U = 1,62 m/s J = f/D . U2/2g J = 0,019/0,2 x 91,62)2/20 J = 0,00125 m/m Como hp = J.L hp = 0,,125 x 500 hp = 6,25m 5.5. Número de Reynolds Pode-se calcular o número de Reynolds, que um parâmetro admensional como: Re = l U/ que se exprime em função da viscosidade dinâmica(). Considerando que: = / / = 1/ Tem-se Re = l U/ que é o número de Reynolds agora em função de viscosidade cinemática (). Em um tubo, seção transversal circular, a dimensão característica l é o diâmetro do tubo (l = D), tem-se: Re = DU/ ou Re = DU/ Qualquer destas expressões representa o número de Reynolds para tubos. Salienta-se que os valores para a viscosidade dinâmica (), a viscosidade cinemática (), o coeficiente de atrito (f) e outros parâmetros aqui citados podem ser encontrados em tabelas, assim como os cálculos podem ser orientados por ábacos encontrados em livros de mecânica dos fluidos, ou em casos específicos, são fornecidos em tabelas ou programas de computador, elaborados pelos fabricantes dos equipamentos que serão utilizados em um determinado circuito hidráulico ou pneumático. É muito importante contudo, que 40 se utilize de ferramentas que possam ajudar na escolha e no dimensionamento de circuitos. 5.6. Fórmula empíricas para cálculo de perda de carga. É interessante relacionar a perda de carga unitária J'a velocidade média U e ao diâmetro D e portanto a vazão Q. para vários pesquisadores apresentaram suas fórmulas empíricas, que foram sintetizadas na equação geral: J = 4/D . (U) Onde (U) é uma função, definida em cada fórmula empírica. Pode-se mostrar que o raio hidráulico R tem as dimensões de um comprimento, qualquer que seja a seção transversal do tubo e que representa ¼ do seu diâmetro: A área da seção transversal do tubo tem dimensão L2. Por outro lado, o perímetro molhado M tem a dimensão L, por ser uma linha, portanto tem-se: [R] = L2/L = L isso mostra que o raio hidráulico R tem as dimensões de um comprimento, qualquer que seja a dimensão representada da seção transversal do conduto. No caso de encanamentos, sua seção transversal é circular, com diâmetro interno D, tem-se: A = D2/4 (seção transversal) M = D (perímetro molhado) R = A/M Substituindo-se, tem-se: R = D2/4/ D R = D/4 Mostrando que no caso de tubos de seção circular, usado na maioria absoluta dos sistemas hidráulicos e pneumáticos, o raio hidráulico R é a Quarta parte do diâmetro interno D. 41 6. Manometria. Medição de pressão. Manometria é “a medida das pressões”, fator importante para o controle de potência, força final desenvolvida, dimensionamento de sistemas de geração quanto à “cavalagem” a ser aplicada, no dimensionamento de componentes (válvulas) de tubulações e mangueiras, etc. 6.1. Atmosfera Normal. Pressão atmosférica. O primeiro conceito é o de atmosfera normal, que é o valor da pressão atmosférica medida ao nível do mar. É produzida pelo peso da camada de ar que envolve a Terra e depende da densidade e da altitude, não tem valor constante. P0 = 1,033 kgf/cm2. É a atmosfera física ou normal (AN), que equilibra uma coluna de mercúrio com 760 mm de altura. Pode-sedizer que: 1 AN = 1,033 kgfd/cm2 = 760 mmHg Pode-se ainda afirmar para efeito de cálculos que: 1 atm = 1 kgf/cm2 = 10 mca 0,968 AN = 736 mmHg onde atm = atmosfera; mca = metros de coluna de água; AN = atmosfera normal; mmHg = coluna de mercúrio em [mm] Sabe-se por experiência que a pressão atmosférica varia com o aumento da altitude. 6.2. Pressão efetiva. A pressão efetiva é também conhecida como “pressão manométrica”, pelo fato de se efetuar a medida através de manômetros. A pressão efetiva pode ser: a) positiva quando é maior que P0 (pressão atmosférica); 42 b) nula: quando é igual a P0; c) negativa: quando inferior a P0 (vácuo parcial). 6.3. Pressão absoluta. A pressão absoluta é aquela pressão que se mede, ou se calcula a partir do “zero absoluto”(vácuo perfeito total). Como a pressão nula corresponde ao vácuo total, à pressão absoluta é sempre positiva. A norma DIN determina uma pressão de referência: a pressão atmosférica absoluta ao nível do mar é de 1013 mbar = 1013 hPa = 760 Torricelli. 6.4. Definições em manometria. a) manômetro: é um instrumento para medir pressão efetiva. b) Vacuômetro: é um manômetro que indica as “pressões efetivas negativas”, bem como as positivas e nulas. c) Piezômetro: também chamado de “tubo piezométrico”, é a mais simples forma de manômetro. d) Barômetro: mede o valor absoluto da pressão atmosférica. e) Altímetro : é o barômetro construído especialmente para a obtenção de altitudes. Obs.: Em sistemas hidráulicos e pneumáticos limita-se aplicação aos manômetros e vacuômetros. 6.5. Classificação dos manômetros. Em geral, existe duas grandes classes de manômetros: a) manômetros de líquidos; b) manômetros metálicos. a) os manômetros de líquidos: São constituídos de tubos transparentes e recurvados, estes tubos contêm o líquido manométrico ( líquido destinado a medir a pressão do fluido). 43 Pode-se usar o mercúrio (Hg) ou líquidos de pequena densidade para medir pequenas pressões. Esse tipo de manômetro não é utilizado para medição de pressão em sistemas hidráulicos e pneumáticos onde as pressões de trabalho são altas, portanto não indicadas para esse tipo de aparelhos. b) manômetros metálicos: São dispositivos mecânicos padronizados para mediadas de pressões relativas (manométricas), são os mais utilizados nas indústrias, devido ao uso de pressões elevadas. O mais conhecido e empregado é o chamado de medidor de pressão Bourdon mede a pressão de fluidos através da deformação de um tubo metálico recurvado. Nesse medidor um tubo curvo (A) de seção reta elíptico é ligado rigidamente em (B) e em seu terminal livre é ligado a um ponteiro (C) através de um braço (D). Quando se admite pressão no tubo, sua seção transversal tende a se tornar circular, fazendo com que o tubo se encolha e o ponteiro se mova sobre a escala graduada. Se este tipo de manômetro estiver bem calibrado, o ponteiro aponta para zero da escala quando o manômetro estiver desconectado ,nestas circunstâncias , a pressão dentro e fora do tubo será a mesma, não existindo nenhuma tendência para que tubo se deforme. Como usualmente existe pressão atmosférica fora do tubo, é evidente que este tipo de manômetro acusa a diferença entre a pressão interna e externa do tubo. Deste modo, na medida de pressões relativas, ou manométricas, a pressão atmosférica local é que fornece o zero de pressão. c) Os tipos mais usuais de manômetros são: Manômetros de mola tubular ( tubo de Bourdon); Colar figura de manômetro Bourdon Manômetro de diafragma ondulado; Manômetro de embolo com mola. Pode escrever a seguinte expressão relacionando pressão absoluta com pressão manométrica: Pressão absoluta = pressão atmosférica – Vácuo + Pressão manométrica; o que permite a conversão de um sistema para o outro. Uma imagem melhor destas relações pode ser conseguida pelo diagrama da Figura 23.II. (Vennard). 1978), no qual duas pressões típicas são 44 B VÁCUO B PRESSÃO ABSOLUTA B PRESSÃO ATMOSFÉRICA LOCAL (VARIA COM O TEMPO E ALTITUDE) PRESSÃO ABSOLUTA A A REFERÊNCIA MÓVEL REFERÊNCIA FIXA P P representadas, A e B, uma superior e outra inferior a uma atmosfera, com todas as relações indicadas graficamente. Figura 23.II. Relações entre pressões. Na prática podemos fazer a seguintes comparações entre pressão absoluta e pressão relativa, como mostra o gráfico: MANOMÉTRICA 0 ABSOLUTA 0 45 Figura 24.II. Faixa de pressão e pontos de referência. Definições de pressão. 0 = zero absoluto da pressão. 1 = pressão atmosférica. 2 = pressão absoluta pa. 3 = pressão relativa positiva + pe 4 = pressão relativa negativa - pe 4 = depressão (vácuo) Por definição pe = pa – 1 bar. Exemplo: pa = 2,5 bar (pressão absoluta) pe = 1,5 bar (pressão relativa) Usando o zero absoluto como ponto de referência os dados de pressão se definem como pressão absoluta. Usando a pressão atmosférica como ponto de referência considerada a zero, os dados de pressão se definem como pressão relativa. 2 p 3 1 4 0 46 Referências Bibliográficas FIALHO, Arivelto Bustamante. Automação Hidráulica – Projetos Dimensionamento e análise de circuitos. São Paulo, Editora Érica. 5ª Edição. 2007 ISBN 8571948925 FIALHO, Arivelto Bustamante. Automação pneumática – Projetos Dimensionamento e análise de circuitos. São Paulo, Editora Érica. 6ª Edição. 2008 ISBN 8571949611. OLIVEIRA, Lauro Carvalho de. Automação de Baixo Custo – Hidráulica, Pneumática, Controladores Lógicos e Sensores. Apostila de Curso de Graduação. 2009. PAZOS, Fernando. Automação de sistemas e robótica. São Paulo. Editora Axcel, 2002. NIC, Norman S. Engenharia de sistemas de controle. 5º edição. São Paulo. Editora LTC, 2009. 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