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1 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 Dermatologia DISCROMIAS Introdução: As discromias são alterações na cor da pele, resultantes de diminuição da melanina (leucodermias) ou de aumento da melanina (melanodermias), ou ainda da deposição, na derme, de pigmentos ou substâncias endógenas ou exógenas (hipercromias). Leucodermias: As leucodermias são classificadas em congênitas e adquiridas. As principais leucodermias congênitas são o albinismo e o nevo acrômico. As principais leucodermias adquiridas são o vitiligo, o nevo halo, a ptiríase alba, a ptiríase versicolor e a leucodermia gutata. Albinismo: O albinismo ou albinismo cutâneo-ocular caracteriza-se por acromia ou hipocromia resultante de ausência total ou quase total de melanina na pele, nos cabelos e nos olhos. O albinismo cutâneo-ocular caracteriza-se por cor branca da pele, cabelos branco- amarelados, íris translúcida e rósea, nistagmo, diminuição da acuidade visual, fotofobia e fundo de olho hipopigmentado. Quando limitado apenas aos olhos, a doença é denominada albinismo ocular. O albinismo é uma genodermatose autossômica recessiva caracterizada por defeito genético na síntese de melanina, devido à deficiência da enzima tirosinase. O número de melanócitos presentes na epiderme geralmente é normal, entretanto a produção de melanina está ausente. Há 7 genes envolvidos na fisiopatologia do albinismo e cada um dos genes pode apresentar várias mutações diferentes, resultando em grande variabilidade de manifestações clínicas do albinismo. O albinismo cutâneo-ocular tipo I é causado por presença de alelo recessivo de gene que codifica a enzima tirosinase, localizado no cromossomo 11, sendo caracterizado por ausência completa da produção de melanina, com pele e cabelos totalmente brancos e graves alterações oculares. O albinismo cutâneo-ocular tipo II representa a forma mais frequente de albinismo presente no Brasil e caracteriza-se por deficiência parcial da produção de melanina, resultando em pele e cabelos brancos, mas com algum grau de pigmentação. Imagem: Albinismo oculocutâneo tipo I. Imagem: Albinismo oculocutâneo tipo II. O diagnóstico do albinismo cutâneo-ocular é clínico e o tratamento baseia-se em uso de fotoprotetores, pois a falta de melanina torna os pacientes albinos extremamente sensíveis às exposições solares que, mesmo durante curtos intervalos de tempo, provocam queimaduras solares. A ação cumulativa da exposição à radiação ultravioleta aumenta o risco de fotodano, como lesões ceratósicas e tumores malignos. Como os pacientes albinos devem evitar a exposição solar, recomenda-se a suplementação de vitamina D. Atualmente, estão em estudo drogas que aumentariam a formação da enzima tirosinase, responsável por produção de melanina. Nevo Acrômico: O nevo acrômico, que também pode ser denominado nevo hipocrômico, é uma leucodermia congênita que caracteriza-se por mancha hipocrômica de forma e tamanho variáveis, muitas vezes imperceptível, pois é mais evidenciada quando a pele ao seu redor 2 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 torna-se mais pigmentada. À digitopressão, a lesão permanece hipocrômica. O diagnóstico diferencial deve ser realizado com vitiligo e nevo anêmico. Vitiligo: O vitiligo é uma leucodermia adquirida que acomete aproximadamente 1% da população e caracteriza-se por lesões acrômicas secundárias à destruição de melanócitos. A causa não é totalmente conhecida. Entretanto, sabe-se que há predisposição genética ao desenvolvimento de vitiligo, pois em 30% das vezes há vários casos da doença na mesma família. O vitiligo apresenta etiologia multifatorial e há 3 teorias que buscam explicar o desenvolvimento da doença: imunológica, citotóxica e neural. A teoria mais aceita atualmente é a imunológica, que defende que a destruição dos melanócitos resulta de seu ataque por autoanticorpos, sugerindo que o vitiligo seja de etiologia autoimune. Um ponto que reforça esta teoria é a de que o vitiligo, muitas vezes, ocorre em associação a outras doenças autoimunes, como Tireoidite de Hashimoto, Doença de Graves, DM tipo 1, artrite reumatoide, psoríase, alopécia areata, etc. Aproximadamente 20% dos pacientes com vitiligo apresentam doença autoimune da tireoide associada. A teoria citotóxica defende que a destruição dos melanócitos resultaria do ataque de células natural killers (NK). A teoria neural defende que as terminações nervosas localizadas próximas aos melanócitos secretariam mediadores neuroquímicos que são citotóxicos aos melanócitos, resultando em sua destruição. O vitiligo pode iniciar o seu desenvolvimento ou evoluir em resposta a determinados fatores desencadeantes (gatilhos), como estresse, queimaduras solares, traumas cutâneos e gestação. Quanto à apresentação clínica do vitiligo, inicialmente há manchas hipocrômicas que, posteriormente, tornam-se acrômicas, apresentando limites bem definidos, geralmente com bordas hiperpigmentadas, com forma e extensão variáveis, não pruriginosas. As lesões apresentam tendência à distribuição simétrica e localizam-se mais frequentemente em face, pescoço, punhos, dorso das mãos e dos dedos, axilas, face anterolateral das pernas e genitália, além de áreas periorificiais, como região perioral e periorbitária. No couro cabeludo, há poliose (branqueamento dos fios de cabelo). As lesões raramente acometem palmas e plantas. Em aproximadamente 7% dos pacientes com vitiligo, pode haver quadro de uveíte subclínica. Imagem: Vitiligo generalizado. O vitiligo pode ser classificado em segmentar e não segmentar. O vitiligo segmentar respeita os limites do dermátomo. O vitiligo não segmentar caracteriza-se por acometimento acrofacial (face e dorso das mãos e dos pés), generalizado (múltiplas lesões em diferentes regiões do corpo) ou universal (acromia/hipocromia que se estende por continuidade). O vitiligo acrofacial representa a forma clínica mais comum de apresentação da doença. Imagem: Vitiligo acral. Os pacientes com vitiligo podem apresentar o Fenômeno de Koebner, no qual o trauma cutâneo atua como gatilho para o desenvolvimento de vitiligo exatamente no local do trauma. Além do acometimento cutâneo resultante da destruição dos melanócitos da pele, os melanócitos dos olhos, ouvidos e 3 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 leptomeninges também podem ser atingidos no vitiligo. Assim, pode haver despigmentação do epitélio da retina, mas sem alteração da acuidade visual. O diagnóstico de vitiligo é clínico, podendo ser utilizada a lâmpada de Wood, que torna as lesões mais evidentes e permite avaliar a extensão da doença, além de excluir diagnósticos diferenciais. Às vezes, quando há dúvida diagnóstica, pode-se realizar biópsia e estudo histopatológico da lesão, que indica ausência de melanócitos nas áreas despigmentadas. Os principais diagnósticos diferenciais de vitiligo são ptiríase alba, que cursa com lesões hipocrômicas em face, membros superiores e dorso, nevo acrômico, nevo anêmico, nevo halo, acromias de contato (contato com substâncias que causam despigmentação da pele), hipocromia residual da ptiríase versicolor ou da psoríase e hanseníase, que apresenta lesões hipocrômicas associadas a alterações de sensibilidade. A presença de > 5 nevos halos associa-se a aumento do risco de vitiligo. Na avaliação diagnóstica de vitiligo, deve-se solicitar exames para investigar a presença de outras doenças autoimunes associadas. Os principais exames são: - Glicemia de jejum: DM tipo I. - Hemograma: anemia autoimune. - TSH: Doença de Graves e Tireoidite de Hashimoto. Na presença de algum dos exames iniciais alterado, deve-se realizar investigação diagnóstica adicional. A evolução do vitiligo é imprevisível, podendo progredir, estacionar ou regredir. A regressão da doença não é rara e caracteriza-se por repigmentação espontânea das manchas acrômicas/hipocrômicas.A repigmentação pode iniciar a partir do centro da lesão ou de suas bordas e deve-se à ativação e à migração de melanócitos dos folículos pilosos para a camada basal da epiderme despigmentada. Entretanto, áreas da pele com poucos folículos pilosos, como mãos e pés, geralmente não apresentam repigmentação. O tratamento do vitiligo depende da gravidade da doença, que classifica-se em: - Doença com lesões rapidamente progressivas: → Corticoterapia oral com o objetivo de estabilizar a doença. → Recomenda-se prednisona 5-10 mg/dia para crianças e prednisona 10-20 mg/dia para adultos por, no máximo, 14 dias. → O tratamento pode ser repetido após 4-6 semanas. → Além da corticoterapia oral, pode-se realizar fototerapia UVB. - Doença acometendo < 10% da superfície corporal: → Lesões localizadas e vitiligo segmentar: corticoides tópicos de média ou alta potência por 1-3 meses, exceto em face e/ou áreas com maior risco de atrofia da pele, nas quais utiliza-se inibidores tópicos da calcineurina. → O uso de inibidores tópicos da calcineurina (tacrolimus e pimecrolimus) também é uma alternativa aos casos nos quais há necessidade de uso crônico de corticoides tópicos, atuando como drogas poupadoras de corticoides, pois não causam efeitos adversos associados à droga. → O uso crônico de corticoides tópicos associa-se a efeitos adversos como atrofia da pele, estrias e telangiectasias. → Se não houver resposta ao tratamento com corticoides tópicos ou inibidores tópicos da calcineurina no vitiligo segmentar, recomenda-se fototerapia UVB 2 vezes/semana. → Se ainda assim não houver resposta, indica-se tratamento cirúrgico. O tratamento cirúrgico pode ser realizado desde que a doença esteja estável e baseia-se em técnicas como enxertos e transplante de melanócitos. → Lesões disseminadas e vitiligo generalizado: fototerapia UVB 2-3 vezes/semana. → A repigmentação das lesões de vitiligo geralmente inicia após 8-12 semanas de tratamento com corticoides ou imunomoduladores tópicos ou após 15-20 sessões de fototerapia UVB. 4 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 - Doença acometendo > 10% da superfície corporal: → Fototerapia UVB 2-3 vezes/semana. → A repigmentação da pele inicia após 15- 20 sessões. Se houver boa resposta à fototerapia UVB, recomenda-se a manutenção do tratamento por 9-12 meses. → Além da fototerapia UVB, pode-se associar cursos de tratamento com corticoides ou imunomoduladores tópicos. - Doença acometendo > 40% da superfície corporal: → O tratamento é o mesmo da doença acometendo > 10% da superfície corporal, ou seja, fototerapia UVB 2-3 vezes/semana. → Se não houver resposta à fototerapia UVB ou se o paciente não estiver disposto a realizar o tratamento de repigmentação da pele, pode-se realizar a despigmentação definitiva das regiões pigmentadas da pele, geralmente com o uso de hidroquinona. O uso de fotoprotetores é fundamental em pacientes com vitiligo, pois a exposição solar pode facilmente causar queimaduras das lesões de vitiligo, além de aumentar o contraste devido à pigmentação da pele normal ao redor das lesões. A exposição solar em dose suberitematosa é útil para estimular os melanócitos, já a exposição solar em dose supraeritematosa é lesiva e pode aumentar ou desencadear novas lesões de vitiligo por causar dano aos melanócitos. Nevo Halo: O nevo halo é definido como a presença de halo despigmentado ao redor de nevo melanocítico. As lesões geralmente são múltiplas e apresentam-se em diferentes estágios, ou seja, halo hipocrômico com nevo melanocítico, halo acrômico com regressão parcial do nevo melanocítico ou área acrômica com desaparecimento completo ou quase completo do nevo melanocítico. A lesão geralmente desenvolve-se em adolescentes e pode estar associada ao vitiligo. O nevo halo resulta de reação imunológica que causa destruição dos melanócitos névicos e dos melanócitos da pele normal ao seu redor. O nevo halo não necessita de tratamento. Com a destruição progressiva dos melanócitos, o halo acrômico/hipocrômico desaparece gradualmente. A exérese cirúrgica da lesão pode ser realizada por motivos estéticos. Imagem: Nevo halo. Ptiríase Alba: A ptiríase alba é comum principalmente em crianças e adolescentes e caracteriza-se por mancha hipocrômica, levemente descamativa, localizada na face, na região superior do dorso e na face lateral dos braços. As lesões são assintomáticas e desenvolvem-se principalmente após exposição solar no verão. A ptiríase alba está associada à atopia, podendo ser manifestação clínica da dermatite atópica. A ptiríase alba não está associada à dermatite seborreica. Imagem: Ptiríase alba. Os principais diagnósticos diferenciais são vitiligo, que diferentemente da ptiríase alba, manifesta-se com manchas acrômicas, e ptiríase versicolor, principalmente nos casos de lesões na região superior do dorso, havendo, às vezes, necessidade de exame micológico para realizar o diagnóstico diferencial. Não há necessidade de tratamento específico para a ptiríase alba, exceto uso de creme hidratante e fotoproteção. 5 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 Ptiríase Versicolor: A ptiríase versicolor é uma infecção cutânea (camada córnea) causada pelo fungo Malassezia furfur, que está presente na microbiota normal da pele, mas em determinadas situações prolifera-se em grande quantidade, causando as lesões. Os principais fatores desencadeantes da ptiríase versicolor são: - Calor. - Umidade. - Aumento de oleosidade ou uso de óleos de banho. - Sudorese. - Imunodepressão. - Uso de corticoides. A ptiríase versicolor é mais comum em regiões de clima tropical, acomete igualmente ambos os sexos, sendo mais frequente em adolescentes e adultos jovens, pois o fungo necessita de secreção sebácea para se proliferar. Imagem: Ptiríase versicolor. A ptiríase versicolor apresenta-se clinicamente como manchas hipocrômicas ou hipercrômicas com leve descamação, principalmente em pescoço, axilas e tronco. As lesões geralmente são assintomáticas. O diagnóstico baseia-se em exame clínico e exame micológico. O tratamento geralmente baseia-se em uso de antifúngicos tópicos. Leucodermia Gutata: A leucodermia gutata caracteriza-se por manchas hipocrômicas ou acrômicas, gotadas, de 2-5 mm de diâmetro, com atrofia discreta, localizada em áreas fotoexpostas, principalmente de braços e pernas. A leucodermia gutata deve-se à ação cumulativa da radiação ultravioleta resultante de exposição solar prolongada. Imagem: Leucodermia gutata. Leucodermia pós-traumas físicos e/ou químicos: As queimaduras podem causar destruição dos melanócitos, resultando em cicatrizes acrômicas. Os compostos fenólicos (ex. hidroquinona) podem inibir a enzima tirosinase, resultando em diminuição da produção de melanina e, consequentemente, em hipocromia da pele. Algumas medicações (ex. cloroquina) também podem causar despigmentação da pele, havendo recuperação da lesão após a suspensão da droga. Melanodermias: As melanodermias são classificadas em congênitas/hereditárias e adquiridas. Efélides: As efélides ou sardas são manchas castanhas, claras ou escuras, de 2-4 mm de diâmetro, que desenvolvem-se entre 6 e 18 anos de idade, após exposição solar, sendo geneticamente determinadas e resultando de aumento da atividade dos melanócitos. As efélides acometem principalmente indivíduos de pele clara (fototipos I e II), de cabelo loiro ou ruivo. A distribuição das lesões é simétrica, atingindo principalmente face, braços, antebraços, ombros e região superior do 6 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 tronco. As lesões acentuam-se no verão com a exposição solar e melhoram no inverno. O tratamento baseia-se em fotoproteção adequada. Síndrome de Peutz-Jeghers: Doença autossômica dominante que caracteriza-se por machas semelhantes a efélides na pele, especialmenteem dorso das mãos, região perioral, região periorbital, lábios e mucosa oral, associadas à polipose intestinal. Os pacientes portadores da Síndrome de Peutz-Jeghers apresentam risco aumentado de câncer gastrointestinal e não gastrointestinal (mama, útero, ovário e pulmão). Imagem: Síndrome de Peutz-Jeghers. O diagnóstico clínico de Síndrome de Peutz- Jeghers baseia-se na presença de 2 dos 3 critérios a seguir: - Hiperpigmentação mucocutânea da boca, dos lábios, do nariz, dos olhos, dos dedos ou da genitália. - Presença de ≥ 2 pólipos intestinais. - História familiar de Síndrome de Peutz- Jeghers. Os pacientes que preenchem os critérios clínicos devem realizar teste genético com pesquisa da mutação do gene STK11. Manchas Melânicas: As manchas melânicas, também denominadas manchas café com leite, são manchas de coloração que varia de castanho-clara à castanho-escura, com diâmetro de 2-10 cm, resultantes de aumento da atividade dos melanócitos, apresentando base genética/hereditária. A presença de múltiplas manchas café com leite, principalmente em crianças, deve levantar a suspeita clínica de neurofibromatose. Imagem: Mancha café com leite. Neurofibromatose: A neurofibromatose ou Doença de Von Recklinghausen é uma doença autossômica dominante causada por mutação do gene NF1, que codifica a proteína neurofibromina, presente no baço, nos rins, nas glândulas adrenais e no SNC. A doença caracteriza-se clinicamente por alterações da pele, do sistema nervoso, dos ossos e das glândulas endócrinas. Os principais achados clínicos da neurofibromatose são manchas café com leite, efélides, principalmente na região axilar, neurofibromas (nódulos que desenvolvem-se na pele, no tecido celular subcutâneo ou em outros órgãos), nódulos de Lisch (hamartomas pigmentados da íris), feocromocitoma (tumor secretor de catecolaminas, resultando em HAS) e tumores de SNC, como astrocitoma, meningioma, glioma óptico e neuroma acústico. Imagem: Neurofibromatose. Lentigo Solar ou Melanose Solar: O lentigo solar ou melanose solar caracteriza-se por máculas ou manchas de cor castanho-clara à castanho-escura e diâmetro de até 1,5 cm, localizadas em áreas fotoexpostas, como face, dorso das mãos, punhos e antebraços. As lesões resultam de 7 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 ação cumulativa da radiação ultravioleta sobre a pele, sendo secundárias à exposição solar crônica. O lentigo solar inicia o seu desenvolvimento a partir de 30-40 anos de idade e aumenta cada vez mais com a idade. O tratamento baseia-se em fotoproteção e, às vezes, crioterapia para a remoção das lesões. Imagem: Melanose solar. Melasma: O melasma é uma melanodermia de acometimento facial que caracteriza-se por manchas hipercrômicas de cor que varia de castanho-clara à castanho-escura resultantes de hiperatividade dos melanócitos, sendo mais comum em mulheres jovens (média de 25 anos de idade), após a gestação ou durante o uso de terapia hormonal com estrogênios e progestogênios. Os principais fatores associados ao desenvolvimento do melasma são: - Predisposição genética/familiar. - Gestação, devido ao estímulo à melanogênese. - Uso de estrogênios e/ou progestogênios. - Exposição solar (fator mais importante). - Uso de cosméticos. Imagem: Melasma. O melasma apresenta 3 padrões de distribuição das manchas: centro-facial, malar e mandibular. O diagnóstico é clínico e o tratamento baseia-se em fotoproteção e em uso de hidroquinona, isolada ou em combinação com outras drogas como tretinoína e corticoesteroide, com resposta variável ao tratamento. Doença de Addison: A Doença de Addison ou insuficiência adrenal primária cursa com hiperpigmentação cutânea. A insuficiência de cortisol, típica da Doença de Addison, causa aumento da secreção de ACTH e também de MSH (hormônio estimulador de melanócitos), resultando em aumento da atividade melanocítica e, consequentemente, em hiperpigmentação de pele e mucosas. Alterações pigmentares na gestação: A gestação caracteriza-se por aumento dos níveis plasmáticos de estrogênio, progesterona e também MSH, causando hiperatividade dos melanócitos e, consequentemente, hiperpigmentação das aréolas mamárias, formação de linha nigra, formação de nevos melanocíticos e melasma. Imagem: Linha nigra. Hipercromias Não Melanocíticas: As hipercromias não melanocíticas caracterizam-se por lesões cutâneas hipercrômicas secundárias à deposição de diferentes pigmentos e/ou substâncias na derme. Os principais exemplos de hipercromias não melanocíticas são a dermatite ocre, a icterícia, a deposição de amiodarona e a tatuagem. Dermatite Ocre: A dermatite ocre caracteriza-se por hiperpigmentação cutânea de cor amarelo- acastanhada secundária à deposição de hemossiderina na pele das pernas e dos 8 Bruno Herberts Sehnem – ATM 2023/2 tornozelos em pacientes que apresentam insuficiência venosa periférica. Imagem: Dermatite ocre. A insuficiência venosa periférica causa edema de membros inferiores e extravasamento de hemácias que, ao serem degradadas, transformam-se em hemossiderina que se deposita na derme, causando hiperpigmentação da pele das pernas e dos tornozelos. Não há indicação de tratamento, entretanto recomenda-se a elevação dos membros inferiores e o uso de meias elásticas para prevenir o agravamento do quadro. Icterícia: A icterícia caracteriza-se por pele e mucosas de coloração amarela secundária à hiperbilirrubinemia, que causa deposição de pigmentos biliares na derme. Amiodarona: A deposição de amiodarona, droga antiarrítmica muito utilizada na cardiologia, na derme resulta na formação de um pigmento denominado lipofusina, que causa hiperpigmentação de cor azul-acinzentada da pele. Imagem: Hiperpigmentação cutânea induzida por amiodarona.
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