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[GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes PROBLEMA 08 – “UMA DOR LANCINANTE” – LOCOMOÇÃO ANATOMIA DA ARTICULAÇÃO DO JOELHO - Sistema osteoligamentar muito complexo e pouco elástico; - Maior e mais superficial articulação do corpo, composta pelo fêmur, tíbia e patela; - O sistema ósseo do joelho determina o alinhamento e a absorção da carga axial, uma vez que o fêmur e a tíbia apresentam as corticais anterior, medial e lateral, próximas ao joelho, muito delgadas, envolvendo uma grande massa de osso esponjoso (estrutura eficiente em absorver e distribuir a carga); - Angulação do fêmur – o terço distal do fêmur se angula em valgo, buscando alinhar a cabeça femoral com o centro da articulação do joelho ao respeitar a angulação formada pelo colo femoral, de modo a determinar o eixo mecânico do membro inferior; - Angulação da tíbia – o terço proximal da tíbia tem angulação em varo, devido ao comportamento de barra fixa nas duas extremidades que são submetidas a uma compressão axial, deformando-se proximal e distalmente; [GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes **a articulação femorotibial deve ser paralela ao solo, assim os desvios axiais estruturais quando ocorrem acentuam o valgo do fêmur ou o varo da tíbia** - É uma articulação sinovial do tipo gínglimo, que realiza movimento de flexão e extensão, associados às rotações externa e interna; - Seus movimentos de dobradiça são associados ao deslizamento, ao rolamento e à rotação em torno de um eixo vertical; - Costuma ser comprometida na hiperextensão; - Faces articulares – apresentam grandes dimensões e formatos complexos e incongruentes; - Composição da articulação do joelho: 2 articulações femorotibiais (lateral e medial – entre os côndilos laterais e mediais do fêmur e da tíbia) + articulação femoropatelar (intermediária entre a patela e o fêmur); - A incongruência das suas faces articulares faz com que a articulação do joelho seja considerada, do ponto de vista mecânico, fraca e instável; - Fatores que determinam a estabilidade da articulação do joelho: força e ação dos músculos adjacentes e dos seus tendões; e ligamentos que unem o fêmur e a tíbia; **o treinamento e condicionamento físico apropriado dos músculos garantem maior estabilidade ao joelho e diminuem as chances de lesões** - Compartimento Medial – resulta da articulação do côndilo femoral medial em forma convexa com o côndilo tibial medial em forma côncava; - Compartimento Lateral – resulta da articulação do côndilo femoral lateral em forma de esfera com o côndilo tibial lateral em forma convexa; - O movimento ocorre pela estabilização do complexo medial, que funciona como eixo do movimento rotacional e pela extrema mobilidade do côndilo femoral lateral esférico, que percorre o côndilo tibial lateral convexo; - Patela – osso que apresenta 2/3 de sua área como superfície articular multifacetada (existem até 7 facetas, permitindo a excursão em vários ângulos) e 1/3 apenas para inserções musculares (responsáveis por esforços de tração); - O conjunto articular do joelho recebe várias inserções musculares próximas ao fulcro do movimento (interlinha articular) e diversos ligamentos; - Os ligamentos são separados em centrais (ligamentos cruzados) e periféricos; - Músculo Quadríceps Femoral – músculo mais importante na estabilidade da articulação do joelho, permitindo, quando bem condicionado, o funcionamento da articulação do joelho após a distensão do ligamento; - Posição mais estável do joelho –> posição ereta e estendida – nesta posição as faces articulares são mais congruentes, os ligamentos colaterais e cruzados encontram-se tensos e os tendões que circundam a articulação proporcionam um efeito de imobilização; - Complexo Medial – composição: folheto superficial (mais delgado e elástico) e folheto profundo (mais espesso – dividido em menisco femoral e menisco tibial) – é reforçado na região do canto posteromedial pela inserção do músculo semimembranoso, que forma o ligamento oblíquo posterior; - Complexo Lateral – é o principal restritor secundário da estabilização anterior e posterior do joelho (58% da estabilidade anterior e 64% da estabilidade posterior) - composição: espessamento da cápsula articular, reforçada pela fáscia lata e por um forte complexo ligamentar posterolateral (ligamento colateral lateral + tendão do músculo poplíteo + ligamento arqueado -> é um estabilizador lateral, limitando a rotação externa da tíbia em relação ao fêmur); 1. CÁPSULA ARTICULAR DO JOELHO - Composição: camada fibrosa + membrana sinovial interna – estrutura típica; - Cavidade articular – contém líquido sinovial; a. CAMADA FIBROSA - Espessura – é fina em sua maior parte, apresentando algumas partes espessas que formam ligamentos intrínsecos e algumas partes incompletas; - Parte superior – fixa-se ao fêmur, de forma proximal às margens articulares dos côndilos; - Parte posterior – envolve os côndilos e a fossa intercondilar – apresenta uma abertura posterior ao côndilo lateral da tíbia para permitir a saída o tendão do músculo poplíteo da cápsula articular, para fixação na tíbia; - Parte inferior – fixa-se na margem da face articular superior da tíbia (platô tibial), exceto no lugar em que o tendão do músculo poplíteo cruza a tíbia; - Parte anterior – é substituída pelo tendão do músculo quadríceps femoral, patela e o ligamento da patela, de modo que a camada fibrosa seja contínua com as margens lateral e medial dessas estruturas; b. MEMBRANA SINOVIAL - É extensa, revestindo todas as faces internas das superfícies que limitam a cavidade articular e não são recobertas por cartilagem articular; - Estruturas revestidas: periferia da cartilagem articular que cobre os côndilos do fêmur e da tíbia, face posterior da patela, e discos fibrocartilagíneos entre as faces articulares da tíbia e do fêmur, presentes nas margens dos meniscos; - Reveste a face interna da camada fibrosa lateral e medialmente e separa-se da camada fibrosa na parte central; - Prega Sinovial Infrapatelar Mediana – prega vertical da membrana sinovial que se aproxima da face posterior da patela, ocupando praticamente toda a região intercondilar (exceto a parte mais anterior), de modo a subdividir a cavidade articular em cavidades femorotibiais direita e esquerda – formação: a membrana sinovial, a partir da face posterior da articulação, reflete-se anteriormente para a região intercondilar, de modo a cobrir e excluir os ligamentos cruzados e o corpo adiposo infrapatelar da cavidade articular; - Pregas Alares Laterais e Mediais – estruturas preenchidas por gordura, que cobrem a face interna dos corpos adiposos presentes no espaço de cada ligamento da patela, internamente à camada fibrosa; [GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes - Bolsa Suprapatelar – extensão profunda da cavidade articular do joelho no músculo vasto intermédio, superiormente à patela, estendendo-se cerca de 5 cm acima (pode se estender até a metade da face anterior do fêmur) – seu revestimento sinovial é contínuo com a membrana sinovial da cápsula articular; - O músculo articular do joelho, formado pelas alças musculares situadas profundamente ao músculo vasto intermédio, fixa-se à membrana sinovial e retrai a bolsa durante a extensão do joelho; 2. LIGAMENTOS EXTRACAPSULARES E CAPSULARES DA ARTICULAÇÃO DO JOELHO – LIGAMENTOS PERIFÉRICOS/EXTERNOS - São responsáveis pela estabilidade medial, lateral e rotacional, atuando de forma auxiliar na estabilização anteroposterior; - Ligamentos Colaterais do Joelho – na posição de extensão completa do joelho encontram-se tensos, de modo a contribuir para a estabilidade na posição de pé, enquanto durante a flexão tornam-se cada vez mais frouxos, de modo a permitir e limitar a rotação no joelho; a. LIGAMENTO DA PATELA / LIGAMENTO ANTERIOR DO JOELHO - Faixa fibrosa espessa e forte, correspondentea parte distal do tendão do quadríceps femoral; - Segue do ápice e das margens adjacentes da patela até a tuberosidade da tíbia; - Estruturas conectadas lateralmente: retináculos medial e lateral da patela, expansões aponeuróticas dos músculos vastos medial e lateral e fáscia muscular sobrejacente; **retináculos – estruturas que formam a cápsula articular do joelho de cada lado da patela – auxilia na manutenção do alinhamento da patela em relação à face articular patelar do fêmur** - Ângulo Q – posicionamento oblíquo do fêmur e/ou linha de tração do músculo quadríceps femoral em relação ao eixo do tendão patelar e da tíbia, que favorece o deslocamento lateral da patela; b. LIGAMENTO COLATERAL FIBULAR / LIGAMENTO COLATERAL LATERAL (LCF/LCL) - Dimensões: 5 a7 cm de comprimento; - Ligamento extracapsular forte, semelhante a um cordão, dominante no compartimento lateral; - Segue inferiormente a partir do epicôndilo lateral do fêmur, em direção oblíqua caudal, até a face lateral da cabeça da fíbula; - É separado do menisco lateral pelo tendão do poplíteo que passa profundamente ao LCF; - Divide o tendão do bíceps femoral em duas partes; - Função: estabiliza lateralmente o joelho (impede a abertura lateral do espaço articular), bloqueia a rotação medial e impede o deslocamento anterior em flexão de 90° com a tíbia rodada medialmente; **trato iliotibial – parte da fáscia lata sobre o vasto lateral, que apresenta um sistema de fibras que se ramifica em três partes ao nível do joelho** - É o principal estabilizador estático contra o estresse em varo do joelho; [GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes c. LIGAMENTO COLATERAL TIBIAL / LIGAMENTO COLATERAL MEDIAL (LCT/LCM) - Dimensões: 9 a 11 cm de comprimento; - Faixa forte, plana e intrínseca (capsular); - Segue do epicôndilo medial do fêmur à parte superior da face medial da tíbia; - Suas fibras profundas fixam-se, no ponto médio, no menisco medial; - Fixa-se anteriormente ao retináculo medial da patela; - Suas fibras posteriores se misturam ao ligamento poplíteo oblíquo e a cápsula póstero-medial; - É mais fraco que o ligamento colateral fibular, apresentando lesões mais comumente – rompe-se com frequência durante a prática de esportes de contato; - É a estrutura ligamentar dominante no compartimento medial; - Função: estabilizar o joelho contra forças produtoras de rotação lateral e contra forças que provocam o valgismo em extensão e em flexão; - É o estabilizador primário da face medial do joelho – proporciona 57% da estabilidade em valgo com 5° de flexão e 78% da estabilidade com 25° de flexão; d. LIGAMENTO POPLÍTEO OBLÍQUO - Expansão do tendão semimembranáceo; - Reforça a cápsula articular posteriormente quando transpõe a fossa intracondilar; - Segue da região posterior do côndilo medial da tíbia, em sentido superolateral, até o côndilo lateral do fêmur, fundindo-se com a parte central da face posterior da cápsula articular; e. LIGAMENTO POPLÍTEO ARQUEADO - Segue da face posterior da cabeça da fíbula, em sentido superomedial sobre o tendão do poplíteo, sobre a face posterior da articulação do joelho; - Seu desenvolvimento encontra-se inversamente relacionado com a presença e o tamanho de uma fabela na fixação proximal da cabeça lateral do músculo gastrocnêmio, que também contribui para a estabilidade posterolateral do joelho; - Fortalece a parte posterolateral da cápsula articular, contribuindo para a estabilidade posterolateral do joelho; 3. LIGAMENTOS INTRA-ARTICULARES / CENTRAIS DO JOELHO - Engloba os ligamentos cruzados, os meniscos e parte do tendão poplíteo durante sua trajetória; a. LIGAMENTOS CRUZADOS - Ligamentos localizados no centro da articulação, cruzando-se obliquamente (como a letra X) dentro da cápsula articular, mas fora da cavidade sinovial; - Mantêm contato com as faces articulares do fêmur e da tíbia durante a flexão do joelho; [GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes - Quiasma – ponto de cruzamento dos ligamentos cruzados, que funciona como eixo para os movimentos giratórios do joelho; - A orientação oblíqua dos ligamentos cruzados faz com que em todas as posições parte de um ou de ambos os ligamentos cruzados se mantenha tenso; - São os principais responsáveis pela estabilização no sentido anteroposterior; - Auxiliam na estabilização medial e lateral; - Rotação Medial da Tíbia sobre o Fêmur – os ligamentos cruzados se espiralam ao redor um do outro, limitando a rotação medial a cerca de 10°; - Rotação Lateral da Tíbia sobre o Fêmur com Joelho – os ligamentos cruzados se desenrolam, permitindo realizar 60° de rotação lateral com o joelho fletido em 90° - movimento limitado pelo ligamento colateral tibial (LCT); Ligamento Cruzado Anterior (LCA) - Dimensões: 38 mm de comprimento e 11 mm de largura; - Ligamento mais fraco entre os ligamentos cruzados; - Responsável por 85% da estabilização anterior do joelho; - Segue da área intercondilar anterior da tíbia, emergindo da região posterior à fixação do menisco medial, em sentido superior, posterior e lateral para se fixar na parte posterior da face medial do côndilo lateral do fêmur; - Banda Ântero-medial – estrutura mais longa, que fica tensa em flexão; - Banda Póstero-lateral – estrutura mais espessa e curta, que fica tensa em extensão; - Tem vascularização relativamente pequena, que acontece principalmente pela artéria genicular média; - É inervada por um ramo do nervo tibial; - É um restritor primário do joelho; - Restringe a rotação tibial ao limitar a rolagem posterior dos côndilos do fêmur sobre o platô tibial durante a flexão, convertendo-o em rotação (sem sair do lugar); - Restringe o movimento de varo-valgo durante a extensão do joelho (não ocorre em flexão); - Impede o deslocamento posterior do fêmur sobre a tíbia e a hiperextensão da articulação do joelho; - Garante a estabilização da tíbia, impedindo a tração anterior da tíbia (ex: puxar em gaveta) quando a articulação é fletida - garante 80% da estabilização anterior da tíbia em relação ao fêmur com o joelho, principalmente em ângulo de 30°; **restritores secundários da translação tibial anterior: ligamento colateral medial, trato liotibial, ligamento colateral lateral e as cápsulas medial e lateral – contribuem com a estabilização em menos de 10%, quando o LCA encontra-se intacto** - Não restringe a translação posterior da tíbia; Ligamento Cruzado Posterior (LCP) - Dimensões: 38 mm de comprimento e 13 mm de largura; - Ligamento mais forte entre os ligamentos cruzados; - Segue da área intercondilar posterior da tíbia, em sentido superior e anterior a face medial do ligamento cruzado anterior, para se fixar à parte anterior da face lateral do côndilo medial do fêmur; - Bandas: banda ântero-lateral (tensiona em flexão) e banda póstero-medial (tensiona em extensão); - É irrigado pela artéria genicular média do joelho; - Limita a rolagem anterior do fêmur sobre o platô tibial durante a extensão, convertendo-a em rotação; - Impede o deslocamento anterior do fêmur sobre a tíbia ou o deslocamento posterior da tíbia sobre o fêmur – principalmente a 90° de flexão; [GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes - Responsável por 95% da estabilização posterior do joelho; - Desempenha importante papel nos mecanismos desacelerador e frenador estático do joelho, sendo essa uma função sinérgica à função do quadríceps (desacelerador e frenador dinâmico do joelho); - Evita a hiperflexão da articulação do joelho; - Restringe o desvio em varo-valgo e a rotação externa da tíbia; - Principal fator estabilizador do fêmur no joelho fletido com sustentação de peso – ex: caminhar em um declive; 4. MENISCOS - São lâminas semicirculares de fibrocartilagem, formadas por tecido conjuntivo, na face articular da tíbia, entre os côndilos femorais e o planalto tibial; - Une asestruturas ligamentares, ajusta e auxilia a distribuir a carga das estruturas ósseas; - São mais espessos e suas margens externas e se afilam até formarem margens finas e livres (não são fixadas no interior da articulação), em sua porção central; - Sua borda periférica espessa e convexa adere-se intimamente à cápsula articular, fixando suas extremidades na área intercondilar da tíbia e nas margens externas da cápsula articular do joelho; - Composição: células típicas / fibrocondrócitos + matriz extracelular produzida por essas células e composta por água (70%), fibras colágenas (60 a 70% da matriz seca – distribuem-se circunferencialmente ou de forma radial por todo menisco), proteoglicanos (dispostos entre as fibras, mas sem uma função estabelecida), glicoproteínas e elastina (0,6% da matriz seca); - Irrigação: durante a vida pré-natal os meniscos são ricamente vascularizados, após o nascimento a vascularização diminui progressivamente do centro para a periferia e após a maturidade esquelética a irrigação atinge 10 a 30% da largura do menisco medial e 10 a 25% da largura do menisco lateral; - Aumenta cerca de duas vezes a superfície de contato entre o côndilo da extremidade distal do fêmur (superfície esferóide) e o planalto tibial (superfície plana), que normalmente só entram em contato no ponto de tangência - os meniscos ocupam o volume entre a esfera e o plano, apresentando sua superfície proximal côncava (em contato com os côndilos femorais), a distal plana (em contato com o planalto tibial) e a periférica cilíndrica; **a diminuição em 50% da área de contato dos meniscos aumenta a pressão por unidade de área, resultando em lesão da cartilagem e degeneração articular** - Atuam na transmissão de forças na articulação do joelho, absorvendo o choque da superfície articular – o menisco medial transmite 50% da carga no lado medial e o menisco lateral suporta uma porcentagem maior que 50%; - Contribuem para a estabilidade secundária do joelho, principalmente o corno posterior do menisco medial; - Atuam na nutrição da cartilagem, uma vez que absorvem a carga e a transmite para a cartilagem de maneira mais fisiológica, distribuindo-a em toda a área de contato, enquanto com a remoção do menisco a carga se concentra na área central do compartimento, de modo a privar a área periférica dos estímulos provocados pela ação da carga sobre a cartilagem e aumentar a pressão na área de contato – a ausência de forças compressivas e o excesso delas comprometem a nutrição da cartilagem articular, levando a sua degeneração; - Ocupa o espaço que seria preenchido pelo líquido sinovial, ocasionando uma melhor distribuição deste, de modo a melhorar a lubrificação e a nutrição cartilagínea; - Plexo Capilar Perimeniscal – plexo formado pelos vasos sanguíneos originados das artérias geniculares medial e lateral e de seus respectivos ramos, superior e inferior – é circunferencial com ramos radiais de orientação centrípeta, responsáveis por irrigar o terço externo do menisco; - Parte Central do Menisco – os 2/3 centrais do menisco são compostos de tecido sem vascularização, inervação ou vasos linfáticos; - Periferia do Menisco – parte ricamente vascularizada, diretamente relacionada com as reparações e cicatrizações das lesões periféricas do menisco que são tratadas de forma conservadora; [GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes - Ligamentos Coronários – partes da cápsula articular que se estendem entre as margens dos meniscos e a maior parte da periferia dos côndilos da tíbia; - Ligamento Transverso do Joelho – faixa fibrosa delgada que se une às margens anteriores dos meniscos, cruzando a área intercondilar anterior e se fixando os meniscos um ao outro durante os movimentos; - Os meniscos são independentes, mas funcionam de maneira harmônica; a. MENISCO MEDIAL - Presente no compartimento medial da articulação; - Apresenta formato de C que é mais largo na parte posterior do que na anterior; - Dimensões: 3,5 cm de comprimento, sendo mais largo na região posterior; - É mais estável e menos móvel; - Extremidade / Corno Anterior – fixa-se à área intercondilar anterior da tíbia, anteriormente à fixação do ligamento cruzado anterior (LCA); - Ligamento Transverso – funde-se as fibras mais posteriores da fixação tibial do corno anterior, sendo responsável por unir os cornos anteriores dos 2 meniscos; - Extremidade / Corno Posterior – fixa-se à área intercondilar posterior, anteriormente à fixação do ligamento cruzado posterior; - Ligamento Coronário – parte tibial da fixação da região periférica do menisco medial na cápsula articular; - Ligamento Colateral Tibial – parte medial mais espessada do ligamento coronário, juntamente com expansões meniscossinoviais e meniscofemorais; - Adere-se firmemente à face profunda do ligamento colateral tibial na área intercondilar tibial e medial, por fixações amplas laterais, fazendo com que o menisco medial apresente menor mobilidade sobre o platô tibial do que o menisco lateral; - É o mais lesado, uma vez que é mais fixo que o lateral e acompanha a tíbia durante os movimentos do joelho; b. MENISCO LATERAL - Presente no compartimento lateral da articulação; - Apresenta formato quase circular, com mesma largura em toda sua extensão; - É menor e apresenta maior mobilidade do que o menisco medial; - Corno Anterior – localizado a uma distância média de 7,9 mm da superfície articular anterior da tíbia e seu aspecto posterior termina em 80% dos casos no ponto médio do ligamento cruzado anterior; - Corno Posterior – sua fixação localiza-se a uma distância média de 8,6 mm da superfície articular posterior da tíbia (mais anteriormente quando comparada ao do corno posterior do medial) – fixa-se ao côndilo femoral medial a partir dos ligamentos menisco-femorais de Humphry (anterior) e de Wrisberg (posterior); - Sua periferia encontra-se aderida à cápsula articular; - Ligamentos Coronários - parte tibial da fixação da região periférica do menisco lateral na cápsula articular – são maiores que no menisco medial; - Relação com o tendão do músculo poplíteo – uma parte do tendão do músculo poplíteo se fixa no epicôndilo lateral do fêmur e segue entre o menisco lateral e a parte inferior da face epicondilar lateral do fêmur e do ligamento colateral fibular (separa o menisco lateral da cápsula articular), enquanto a outra parte mais medial do tendão do músculo poplíteo fixa-se no ramo posterior do menisco lateral; - Ligamento Meniscofemoral Posterior - alça tendínea forte que une o menisco lateral ao ligamento cruzado posterior e ao côndilo medial do fêmur; - É menos suscetível a lesões por ser mais móvel e acompanhar o fêmur durante a rotação, a partir dos ligamentos menisco femorais; 5. MOVIMENTOS ARTICULARES DO JOELHO - Tipos de Movimentos: translação ântero-posterior, translação médio-lateral, translação cefalocaudal, rotação em flexo-extensão, rotação em varo-valgo e rotação interna-externa; - Mecanismo de Aparafusamento – travamento passivo do joelho quando este está completamente estendido, com o pé apoiado no solo, devido à rotação medial dos côndilos do fêmur sobre o platô tibial – torna o membro inferior uma sólida coluna adaptada para a sustentação de peso; - Destravar o joelho – o músculo poplíteo se contrai, girando o fêmur lateralmente cerca de 5° sobre o platô tibial, de modo a permitir a flexão do joelho; a. MOVIMENTOS DOS MENISCOS - Os meniscos devem ser capazes de migrar sobre o platô tibial quando os pontos de contato entre o fêmur e a tíbia se modificam; - O movimento de rolamento dos côndilos do fêmur durante a flexão e a extensão é limitado pelos ligamentos cruzados, mas ainda ocorre algum rolamento, uma vez que o ponto de contato entre o fêmur e a tíbia se movem posteriormente com a flexão e retorna anteriormente com a extensão; - Movimentação durante a rotação do joelho – um côndilo femoral move-seanteriormente sobre o côndilo da tíbia correspondente, enquanto o outro côndilo do fêmur move-se posteriormente, girando em torno dos ligamentos cruzados; [GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes 6. VASCULARIZAÇÃO DA ARTICULAÇÃO DO JOELHO - Rede Articular do Joelho: ramos geniculares dos ramos femoral, poplíteo e recorrentes anterior e posterior das artérias recorrente tibial anterior e circunflexa flibular – suprem a articulação do joelho; - Ramos Geniculares Médios da Artéria Poplítea – penetram a camada fibrosa da cartilagem articular, para suprir os ligamentos cruzados, a membrana sinovial e as margens periféricas dos meniscos; 7. INERVAÇÃO DA ARTICULAÇÃO DO JOELHO - Os nervos que suprem os músculos que cruzam a articulação do joelho, também suprem a articulação; - Os ramos articulares do nervo femoral suprem a face anterior; - Os ramos articulares do nervo tibial suprem a face posterior; - Os ramos articulares do nervo fibular suprem a face lateral; - Os nervos obturatório e safeno (cutâneo) enviam ramos articulares para sua face medial; 8. BOLSAS AO REDOR DA ARTICULAÇÃO DO JOELHO - Devido ao trajeto paralelo da maioria dos tendões em relação aos ossos e à tração da articulação no sentido longitudinal durante os movimentos do joelho formam-se bolsas ao redor da articulação do joelho (no mínimo 12 bolsas); - Bolsas Subcutâneas Pré-patelar e Infrapatelar – presentes na face convexa da articulação, permitindo que a pele seja capaz de se movimentar livremente durante os movimentos do joelho; - Bolsas que se comunicam com a cavidade sinovial da articulação do joelho: bolsa suprapatelar, bolsa do poplíteo (profundamente à parte distal do músculo quadríceps femoral), bolsa anserina (profundamente às fixações tendíneas distais dos músculos sartório, grácil e semitendíneo) e bolsa do músculo gastrocnêmico; - Bolsa Suprapatelar – é continua com a articulação do joelho de modo que infecções nessa bolsa podem se disseminar para a cavidade articular do joelho; LESÕES TRAUMÁTICAS DO JOELHO - Representam 80% das patologias do joelho; - São causadas por traumas diretos e indiretos de aceleração; [GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes - Principais meios de lesão: acidentes automobilísticos e esportivos; - O exame clínico inicial pode fornecer resultados duvidosos, devendo ser comparado com os resultados de um outro exame clínico realizado cerca de 4 a 5 dias após o trauma inicial; - Característica clínica comum nas lesões ligamentares - dor de início imediato precedida de ruído, sendo que as lesões graves costumam doer pouco após o trauma inicial, devido ao estravasamento de líquido da articulação; - Atitude pós-trauma – as lesões intrínsecas são caracterizadas por atitude em flexão, devido ao espasmo muscular; - Palpação – identifica os pontos dolorosos (demonstram geograficamente o sítio da lesão, mas são pouco específicos quanto ao diagnóstico etiológico da dor) e a presença de derrame articular; - Avaliação vascular – a luxação pode aprisionar ou lesionar artérias e veias poplíteas, devendo realizar no exame físico a triagem para lesão vascular (inspeção, palpação dos pulsos distais [pulso pedioso e pulso tibial] e índice tornozelo-braquial), buscando identificar sinais expressivos de isquemia (indicam exploração vascular imediata) - Manobras de Estresse – testam os ligamentos e a superfície articular, sendo mais sensível no momento imediato do trauma inicial ou dois a três dias após, pois nas primeiras horas após a lesão ocorre espasmo muscular, que dificulta a avaliação; **os sinais negativos nos testes de estresse não excluem a presença de lesão ligamentar** - Exame Radiográfico – incidências: ântero-posterior (AP), perfil e axial de Hughston (posição axial da patela em 45°) - deve ser feito inicialmente buscando evidenciar fraturas ou arrancamentos ósseos, que podem estar associados a graves lesões ligamentares – ex: fratura de Second: pequenos arrancamentos ósseos marginais ao planalto lateral que evidenciam graves lesões ligamentares anterolaterais; **as radiografias em estresse anterior/posterior ou lateral/medial podem evidenciar afundamentos centrais do planalto tibial e fraturas osteocondrais não visíveis, responsáveis por evidenciar as instabilidades ligamentares, porém essas avaliações são muito doloridas nos momentos recentes do trauma** - Ressonância Magnética – padrão ouro no diagnóstico de lesões ligamentares e meniscais, fraturas osteocondrais, fundamento do planalto tibial e fraturas ocultas ao raio X; - Tríade Infeliz do Joelho – lesão do LCA, do LCT/LCM e do menisco medial – mecanismo de trauma: torção do joelho fletido-> devido à firme fixação do LCT no menisco medial, a ruptura desses pode ocorrer de forma concomitante, sendo prosseguida pela ruptura do LCA que é tensionado durante a flexão do movimento giratório; - Fatores que determinam a evolução de uma lesão ligamentar para uma instabilidade do joelho: atividade física, índice intercondilar menor (divisão do espaço intercondiliano pela largura bicondilar) e desvio do eixo (ex: varismo); - Classificação das Lesões Ligamentares: grau I (estiramento sem rotura ou instabilidade – entorse de joelho), grau II (rotura parcial, com instabilidade parcial) e grau III (rotura completa com instabilidade total); - Tratamento Entorse de Joelho, Sem Hemartrose, Sem Sinal Clínico de Instabilidade e Com Exame Radiográfico Normal – protocolo PRICE, por 16 a 21 dias: proteção (uso de muletas), repouso (ausência de esforço sobre a articulação), ice (3 a 4 sessões de 20 minutos por 3 a 4 dias de bolsas de gelo, sem contato direto com a pele – função analgésica e anti-inflamatória), compressão (indicada em caso de pequenos derrames ou edemas articulares por 2 a 3 dias) e exercícios (iniciados imediatamente após o trauma para manutenção do tônus muscular); - Tratamento Entorse de Joelho, Com Hemartrose, Sem Sinal Clínico de Instabilidade e Com Exame Radiográfico Normal – a hemartrose indica lesão do LCA em 75% dos casos, associando-se a lesão meniscal ou osteocondral na metade dos casos – conduta inicial é o protocolo PRICE, podendo esse em casos selecionados ser procedido de tratamento cirúrgico; - Tratamento Entorse de Joelho, Sem Hemartrose, Com Sinal Clínico de Instabilidade Medial ou Lateral e Com Exame Radiográfico Normal – deve-se a lesão parcial dos ligamentos periféricos, sem comprometimento dos componentes centrais – deve-se empregar o protocolo PRICE por 21 dias; [GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes - Tratamento Entorse de Joelho, Com Hemartrose, Com Sinal Clínico de Instabilidade Anterior e Com Exame Radiográfico Normal – deve-se a lesão do LCA – deve-se empregar o protocolo PRICE por 21 dias, com posterior técnica cirúrgica de reconstrução do LCA: - Tratamento Entorse de Joelho, Com ou Sem Hemartrose, Com Sinal Clínico de Instabilidade Posterior e Com Exame Radiográfico Normal ou Com Sinais de Arrancamento do LCP – PRICE + observação, uma vez que quando ocorre posteriorização passiva faz-se necessário técnica cirúrgica de reconstrução do LCP; - Tratamento Lesões Ligamentares Complexas do Joelho – ocorre comprometimento dos complexos ligamentares periféricos, associado à lesão de um ou dois ligamentos centrais – deve-se reconstruir todas as estruturas comprometidas com recursos cirúrgicos; 1. LESÕES LIGAMENTARES - A grande flexibilidade e a pouca estabilidade do joelho faz com que essa articulação seja extremamente dependente das estruturas musculares e ligamentares que a compõe; - Devido à localização anatômica e à complexidade articular o joelho é a articulação mais vulnerável ao trauma; - Acontecem principalmente nas atividades físicas com alto nível de competitividade, nas mais variadas modalidades esportivas; a. LIGAMENTO CRUZADO ANTERIOR (LCA) Epidemiologia - São mais frequentes na 2ªe na 3ª década de vida; - Predominam no sexo masculino, mas vêm aumentando na população feminina, uma vez que as mulheres em uma mesma modalidade esportiva praticada pelos homens apresentam um risco duas a quatro vezes maior de romper o LCA; Mecanismo de Trauma - Ocorre principalmente em práticas desportivas que exigem mudanças rápidas de direção associadas ao contato corporal; - Traumas rotacionais -> o entorse é referido como mecanismo de trauma, podendo ser acompanhado pela audição ou sensação de estalido; Quadro Clínico - Durante as primeiras horas ocorre derrame intra-articular; - Limitação dolorosa dos movimentos do joelho; - Sensação de falseio; - Hemartrose – derrame imediato por sangramento que ocorre em 75% das lesões do LCA, que em 50% dos casos de associa às lesões meniscais ou às lesões osteocondrais; - Instabilidade anterior: após a recuperação do episódio agudo (2 a 4 semanas), observa-se falseios e entorses em movimentos menores; Lesões Associadas - Cerca de 70% das rupturas do LCA ocorrem em associação com outras lesões intra-articulares, como as lesões do corno posterior do menisco medial e do ligamento colateral medial; Instabilidade Ântero-Medial - Rotação tibial externa associada à translação anterior, ocasionada pela lesão do ligamento colateral medial (LCM), do ligamento oblíquo posterior e do LCA; - É a lesão combinada mais comum associada à lesão do LCA; - Manifestação: subluxação do platô tibial medial ântero-medialmente ao côndilo femoral medial; - Evidências no Exame Físico: teste de estresse em abdução a 30° de flexão do joelho, teste da gaveta anterior e teste de Lachman são positivos; - Fatores de Risco para Evolução da Instabilidade: atividade esportiva, intercôndilo estreito (índice intercondilar de Souryat < 0,2), varismo do joelho; Diagnóstico Exame Físico - Deve ser realizado nos dois joelhos comparativamente; - Inspeção Móvel – observa-se a marcha, o alinhamento do joelho, a rotação tibial, a rotação do pé e tornozelo e os déficits na musculatura da coxa enquanto o paciente entra no consultório + avalia a movimentação ativa e passiva dos membros inferiores; - Palpação Sistematizada – avalia a presença de derrame articular, pontos dolorosos, sinais intra-articulares (crepitação, cliques) e cicatrizes; - Avalia-se a articulação femoropatelar; - Para avaliação da integridade do LCA emprega-se inúmeros testes que evidenciam a instabilidade articular gerada pelo rompimento deste ligamento; [GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes o Teste de Lachman - teste mais sensível para avaliar a integridade do LCA; - técnica: examinador promove pressão anterior da tíbia proximal, buscando anteriorizar a tíbia, enquanto o joelho é mantido em uma flexão aproximada de 20 a 30° - realizada comparativamente; - compara-se o deslocamento anterior e o end point (ponto final) com o joelho controlateral ao acometido; - teste positivo para lesão do LCA: qualquer alteração em comparação ao membro contralateral; - possíveis fatores dificultadores: membros volumosos e mão pequenas do examinador; **pesquisas mostram que apenas 40% dos pacientes com lesão do LCA apresentam sinal de Lachman positivo** o Teste da Gaveta Anterior - técnica: paciente em decúbito dorsal horizontal, com 90° de flexão do joelho e 45° de flexão do quadril (posição que relaxa os isquiotibiais), observa-se a anteriorização da tíbia em relação ao fêmur; - deve ser realizado nas rotações neutra, interna e externa da perna; - instabilidade rotatória ântero-medial – avalia a instabilidade com a perna rodada externamente; - instabilidade rotatória póstero-lateral – avalia a instabilidade com a perna rodada medialmente; **pesquisas mostram que apenas 26% dos pacientes com lesão do LCA apresentam sinal da gaveta anterior** o Teste de Pivot Shift - avalia a subluxação ântero-lateral e a redução da tíbia durante a flexo-extensão do joelho; - é dependente da integridade do ligamento colateral medial e do trato iliotibial para a correta interpretação; - técnica: iniciada com joelho em extensão, realizando força em valgo e rotação medial da perna, enquanto se inicia a flexão, de modo que em torno de 30 a 50° ocorre a redução da subluxação; o Teste de Estresse em Varo e Valgo - técnica: avaliação com extensão total da perna e com 30° de flexão do joelho; - a abertura em valgo/varo em 30 °, sem abertura em extensão, demonstra lesão moderada do compartimento examinado; - alterações que indicam lesão do ligamento cruzado – frouxidão importante com extensão total do joelho; - positividade do sinal em extensão – demonstra lesão grave de todo o complexo analisado, com provável lesão do LCP; - alterações que indicam lesão do ligamento colateral medial ou lateral - frouxidão presente apenas em 30° de flexão; - a presença de dor no ângulo da articulação (compartimento oposto ao testado) pode indicar fratura ou lesão meniscal; o Teste de Loose - modificação do teste de pivot shift; - técnica: paciente em decúbito dorsal horizontal, com discreta rotação externa da tíbia, iniciando-se a manobra com 45° de flexão do joelho (tíbia reduzida nessa posição) e em sequencia realiza-se a extensão do joelho, enquanto se aplica estresse em valgo com rotação interna e empurra a cabeça da fíbula anteriormente com o polegar; - teste positivo: a tíbia sofre subluxação anterior à medida que o joelho é estendido; [GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes o Jerk Test / Sinal do Solavanco - técnica: com o paciente deitado em decúbito dorsal horizontal, o examinador segura a perna em rotação interna e em posição de flexão do joelho, estendendo a perna com uma mão, enquanto apóia a outra no joelho, mantendo a anteriorização da tíbia em relação ao fêmur; - teste positivo: ressalto ao final da extensão; - difícil de ser pesquisado na fase aguda; Exame Complementares o Radiografias - Normalmente são solicitadas nas incidências ântero-posterior e perfil; - As radiografias só evidenciam alterações quando associado à lesão do LCA, ocorre arrancamentos ósseos – ex: fratura-avulsão lateral proximal da tíbia ou fratura por avulsão do tubérculo intercondilar medial; - Avaliação de possíveis lesões associadas do ligamento colateral medial e do ligamento colateral lateral - incidências cinemáticas e de estresse em varo e valgo; o Ressonância Magnética - Método não invasivo de excelente precisão no diagnóstico da lesões ligamentares, meniscais e condrais – 90 a 95% de sensibilidade e 90 a 98% de especificidade; - Diagnostica a lesão do LCA e as possíveis lesões associadas; - Falha Recorrente – não identificação do rompimento proximal do LCA, devido à sua cicatrização junto à sinovial do ligamento cruzado posterior, dando a falsa impressão de integridade; o Avaliação Artrométrica Instrumentada / Punção Articular do Joelho - Pode ser indicada como alívio e auxílio diagnóstico, de forma ambulatorial; - A translação tibial anterior maior que 3 mm em uma artrometria é altamente sugestiva de lesão de LCA; - Quando evidencia hemartrose pós-traumática em 80% casos associa-se à lesão do LCA: Tratamento - Fatores que o influenciam: sexo, idade, ocupação, nível de participação esportiva, lesões intra-articulares associadas, grau de frouxidão do joelho e expectativas para o futuro; - Apresenta tendência atual de ser mais intervencionista; Tratamento Conservador + Programa de Reabilitação - Podem garantir um nível de função satisfatório, sem prejuízo nas atividades de vida diárias do paciente que não pretende retornar à prática de atividade física; Cirurgia de Reconstrução do LCA - O tratamento da lesão aguda do LCA é fundamentado na sua substituição por enxerto tendinoso, visto que a sutura ou reinserção do LCA não gera resultados satisfatórios;- Fatores que favorecem a realização do tratamento cirúrgico: o LCA se não reconstruído pode ao longo do tempo trazer alterações degenerativas para a articulação devido à instabilidade (prejudica os meniscos e a cartilagem articular); resultados cirúrgicos excelentes em decorrência do aperfeiçoamento do diagnóstico, da melhoria das técnicas operatórias e da reabilitação pós-operatória; - Idade – deixou de ser fator decisivo na sua indicação, devido à prática esportiva amadora ou competitiva estendendo-se a todas as idades; - Nos indivíduos em fase de crescimento (fise aberta) deve-se retardar o tratamento cirúrgico até o fechamento da cartilagem epifisária - Planejamento: escolha do enxerto, do local de incisão, da técnica utilizada; o Enxertos - Sua escolha deve levar em consideração as qualidades biomecânicas e biológicas de cada material, as vantagens e as desvantagens de cada opção; [GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes - Autoenxertos - ligamento da patela, tendão do calcâneo, isquiotibiais, quadríceps e fáscia lata; - Aloenxertos - tibial anterior + idêntico aos autoenxertos; - Terço Central do Ligamento da Patela – autoenxerto mais utilizado, sendo realizado 15 a 21 dias após o trauma para evitar a artrofibrose – a fixação é feita utilizando parafusos de interferência entre a parede do túnel ósseo do fêmur e o fragmento ósseo do enxerto e utilizando a amarria do fragmento ósseo a um parafuso na tíbia - vantagens: pronta disponibilidade, forte fixação inicial, rápida consolidação osso-osso, permitindo reabilitação precoce e agressiva – indicação: cirurgias primárias para pacientes do sexo masculino abaixo dos 40 anos; - Tendão do Semitendíneo/Grácil Duplos (STGD) – vantagens: pronta disponibilidade, tamanho do enxerto, resistência, menores complicações, menor morbidade do sítio doador e possibilidade de tensionamento recíproco das faixas do enxerto durante a flexo-extensão, podendo simular de forma mais próxima o comportamento do LCA nativo – desvantagens: incorporação mais lenta ao enxerto de tecidos moles no túnel ósseo, resistência inicial da fixação e possível enfraquecimento da musculatura dos isquiotibiais – indicação: pacientes do sexo feminino, homens acima dos 40 anos e pacientes com a fise aberta; o Técnicas e Métodos de Fixação - Vias: aberta ou artroscópica; - Insere o enxerto tendinoso nos túneis ósseos perfurados nos pontos de inserção do LCA na tíbia e no fêmur; - Deve manter a isometria nas reconstruções com banda única; - A reconstrução com duas bandas (ântero-medial e pósterolateral) vem sendo difundida, uma vez que reproduz anatomicamente o LCA, mantendo as propriedades biomecânicas do joelho; - Fixação do terço central do ligamento da patela - parafuso de interferência no fêmur e na tíbia; - Enxerto do tendão semitendíneo - parafuso transcondilar no fêmur, associado ao parafuso de interferência absorvível mais o agrafe na tíbia; - O dreno deve ser mantido em todos os pacientes por um período de 48 horas; o Cuidados Pós-Operatórios - Internação hospitalar – acontece em média por dois dias; - Autoriza-se a marcha imediata amparada por muletas; - A partir da alta libera-se carga parcial e se estabelece um protocolo específico de reabilitação fisioterápica; - Tratamento Fisioterápico – inclui o movimento passivo contínuo e a terapia de compressão fria, iniciado precocemente ainda em ambiente hospitalar; - Exercícios – são liberados a partir da terceira semana, sendo voltados ao reestabelecimento dos graus de movimento e da força muscular nos primeiros 3 meses, de modo que quando reestabelecidos inicia-se os exercícios de coordenação muscular; - Período médio de reabilitação: 6 meses; o Possíveis Complicações - Problemas relacionados à diminuição do movimento - causas: fisioterapia inadequada, formação de ciclope e aderências, problemas técnicos; - Lesão do ramo infrapatelar do nervo safeno; - Hemartrose; - Trombose venosa profunda; - Síndrome compartimental; b. LIGAMENTO CRUZADO POSTERIOR (LCP) Epidemiologia - Representam cerca de 3 a 20% de todas as lesões ligamentares do joelho -> são menos comuns que as lesões do ligamento cruzado anterior; - Incidência – varia de 1 a 44% em todas as lesões agudas do joelho; - Apresenta maior incidência em esportes de contato; - 30% dessas lesões ocorrem de forma isolada; - 70% dessas lesões ocorrem associadas a lesões de outras estruturas ligamentares; - 94% dessas lesões ocorrem em acidentes automobilísticos; [GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes Mecanismo de Trauma - Mecanismo mais comum - trauma direto de alta energia na tuberosidade anterior da tíbia, com o joelho fletido a 90° -> queda de joelho; - Lesão do Painel – posteriorização da tíbia em relação ao fêmur; - Força direcionada de cima para baixo sobre o fêmur, estando o joelho hiperflexionado –> trauma direto anterior com joelho fletido - ex: atividade esportiva após um salto; - Força em varo ou valgo associada a hiperextensão do joelho; Quadro Clínico - As lesões isoladas frequentemente não causam limitação funcional imediata, sendo diagnosticadas por outros problemas ou quando se tornarem sintomáticas, com quadro clínico semelhante a osteoartrite; - Podem ser assintomáticas, sendo diagnosticadas tardiamente ou não recebendo diagnóstico; - Instabilidade posterior – quando sintomática pode se manifestar com a posteriorização da tíbia em relação ao fêmur, com subluxação constante e repetida no sentido posterior; - Evolução das lesões do LCP não diagnosticadas – ocorre processo de frouxidão progressiva dos restritores secundários, resultando em dor, derrame articular e instabilidade -> induz à artrite degenerativa; - Tempo para desenvolvimento da artrite degenerativa – surge entre 2 e 4 anos após a lesão do LCP, atingindo graus mais avançados em cerca de 15 a 20 anos; - A lesão aguda normalmente é acompanhada de derrame articular leve ou moderado e hipersensibilidade; Lesões Associadas - Podem ocorrer de forma associada com as lesões meniscais e condrais, ocorrendo majoritariamente associadas com a lesão do canto póstero-lateral; - Manifestações clínicas: edema e sensibilidade medial ou lateral; - Evidências de lesões combinadas no exame físico: aumento de todos os graus de flexão nos testes realizados; Instabilidade Póstero-Lateral - Ocorre rotação do platô tibial lateral posterior ao côndilo femoral lateral; - Causa: associação da lesão do LCP, do ligamento arqueado, do tendão poplíteo, do ligamento colateral fibular (LCF) e do tendão do bíceps; - Inspeção Dinâmica – desvio lateral (flambagem) durante a marcha; - Exame Físico: teste da gaveta posterior – o aumento da translação posterior e da rotação externa a 90° e a normalidade a 30° indica lesão do LCP; o aumento da translação posterior a 30° e a normalidade a 90° indica lesão do canto póstero-lateral; e o aumento da translação posterior a 30° e o aumento a 90° indica lesão do LCP associada ao canto póstero-lateral; Diagnóstico Exame Físico o Teste da Gaveta Posterior - técnica: joelho flexionado em 30 e 90°, enquanto o examinador promove a posteriorização da tíbia, com essa rodada interna (avalia lesões dos cantos póstero-medial) e externamente (avalia lesões dos cantos póstero-lateral), buscando posteriorizar a tíbia em relação ao fêmur; - teste positivo: ocorre a posteriorização da tíbia no exame, havendo translação posterior máxima em 90° de flexão e uma menor translação posterior em 30° de flexão do joelho; o Teste de Lachman Posterior - técnica: examinador promove pressão posterior da tíbia proximal, tentando posteriorizar a tíbia, enquanto o joelho é mantido em uma flexão aproximada de 30° - realizada comparativamente; - teste positivo para lesão do LCP: posteriorização da tíbia; o Teste de Pivot Shift Reverso - técnica: com joelhoem flexão, aplica-se uma força de abdução e rotação externa na tíbia - teste positivo: a tíbia se desloca para trás sobre o côndilo femoral lateral, caracterizando a subluxação e evidenciando a instabilidade póstero-lateral; **a subluxação é reduzida com a extensão lenta do joelho** [GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes o Teste de Rotação Externa Pronada - técnica: com paciente em decúbito ventral horizontal, com o joelho a 30 e 90° de flexão, realiza-se a rotação externa forçada nos pés do paciente – a rotação externa é então mensurada para comparação do eixo da borda medial do pé com o fêmur; - o teste positivo indica a instabilidade póstero-lateral; o Teste do Abaulamento Posterior / Teste de Godfrey - técnica: paciente posicionado em decúbito dorsal horizontal com quadris e joelhos fletidos a 90° e tornozelos apoiados pelas mãos do examinador; - teste positivo: tíbia faz um abaulamento posterior sob a influência da gravidade em virtude da subluxação posterior; - testes de estresse em varo e valgo – devem ser realizados para avaliar lesões dos ligamentos colaterais associadas à lesão do LCP; Exames Complementares - Seus critérios de emprego são os mesmos utilizados na investigação da lesão do LCA; - Radiografia – realizada em posição ântero-posterior e perfil – avalia a presença de fraturas ou avulsões ósseas; - Ressonância Magnética – exame de escolha para avaliar as lesões do LCP e as possíveis lesões associadas; Tratamento - Fatores que influenciam na escolha do tratamento: natureza e tempo da lesão, lesão isolada ou combinada, queixa do paciente, ocupação e expectativas do paciente com relação às atividades de vida diária e esportiva; Tratamento Conservador - Indicação – pacientes com lesão isolada do LCP de grau I (deslocamento posterior da tíbia menor que 5 mm) ou de grau II (deslocamento posterior da tíbia de 5 a 10 mm) e pacientes sem posteriorização passiva da tíbia em relação ao fêmur; - Apresenta bons resultados no tratamento de lesões isoladas de LCP; - Gera resultado funcional ruim em lesões combinadas de LCP; - Inclui: ganho de amplitude articular, reabilitação orientada para fortalecimento do quadríceps; - Retorno às atividades esportivas – é possibilitado quando se atinge a mobilidade articular total e 90% da força muscular do quadríceps e isquiotibiai (comparativamente ao lado oposto); Tratamento Cirúrgico - Indicação: lesões combinadas, lesões sintomáticas grau III(deslocamento posterior da tíbia maior que 10 mm), fraturas-avulsões e lesões crônicas que cursam com incapacidade e degeneração progressiva evidenciada por exames de imagem; **lesão isolada grau III – seu tratamento é contraverso, sendo a abordagem cirúrgica justificada pelo estresse importante aplicado aos restritores secundários (ex: complexo arqueado), e à cartilagem articular, podendo gerar uma artrose progressiva** - Não deve ser realizado em casos agudos com fragmento ósseo; - Reconstrução simultânea do LCA e do LCP – associa técnicas com tendão patelar e tendões flexores; o Enxerto - Opções: ligamentos da patela, enxerto homólogo (tendão do calcâneo, ligamento da patela), tendões isquiotibiais e tendão do quadríceps; - A fixação depende do enxerto escolhido; - Tendão patelar – enxerto clássico que segue os princípios de reconstrução do LCA; - Tendões flexores – utiliza-se 2 tendões flexores, formando uma conformação quádrupla que se fixa por amarria no fêmur e na tíbia; o Técnicas - Túnel Único – busca reconstruir o feixe ântero-lateral no ponto isométrico; - Duplo Túnel – busca reconstruir o LCP com o intuito de manter as propriedades anatômicas e biomecânicas do LCP original; - Técnica Preferencial – reconstrói as duas bandas do LCP com tendões flexores e tensiona os feixes individualmente, tensionando a banda ântero-lateral em flexão e a póstero-medial em extensão, buscando atingir a biomecânica original; - Presença de fragmento ósseo – reinserção com material de síntese a partir da via de acesso posterior que aborde a cápsula posterior entre as cabeças medial e lateral do músculo gastrocnêmio; - Lesão do LCP na substância – a reconstrução segue os moldes do LCA para reconstrução de tendões; [GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes o Cuidados Pós-Operatórios - Imobilizador – não é necessário em reconstruções isoladas, mas sim em lesões combinadas como na lesão do LCP combinada a lesão do canto póstero-lateral – o imobilizador é utilizado por um período de 3 a 6 semanas, buscando evitar a posteriorização da tíbia, de modo que só deve ser retirado para o tratamento fisioterápico; - Tratamento Fisioterápico – deve ser iniciado precocemente, incluindo o movimento passivo contínuo e a terapia de compressão fria; o Possíveis Complicações - Lesões do feixe vasculonervoso na região poplítea – pode ocorrer durante a preparação do túnel tibial e da tíbia posterior, exigindo extrema atenção no ato operatório; - Neuropraxia – complicação imediata mais comum, normalmente ocasionada pelo tempo prolongado do torniquete; - Síndrome compartimental; - Trombose venosa profunda; - Limitações de movimento, principalmente da flexão; c. LESÕES DOS LIGAMENTOS COLATERAIS DO JOELHO - Camadas dos compartimentos medial e lateral: superficial, intermediária e profunda; Ligamento Colateral Tibial / Ligamento Colateral Médio (LCT ou LCM) - Estrutura ligamentar dominante no compartimento medial; - Mecanismo de Lesão – trauma direto, indireto ou combinado que gera estresse em valgo com rotação interna do fêmur e da tíbia fixada ao solo, em torno de 30° flexão ou mais; - Localização da Lesão: 65% no lado femoral (cicatrizam melhor), 25% no lado tibial e 10% na linha articular; - Quadro Clínico – desconforto do joelho, formação de edema (leve ou difuso) na face medial, dor à palpação no local de ruptura; - Exame Físico: teste de estresse em valgo com joelho de 0° a 30° de flexão – detecta a integridade do LCM, cápsula póstero-medial e canto póstero-medial; **o teste de estresse em valgo com o joelho em ângulo de 30° de flexão com a tíbia rodada externamente (relaxa os ligamentos cruzados) avalia apenas o LCM, enquanto quando realizada com o joelho em completa extensão avalia-se o LCM e o canto póstero-medial** - Exames Complementares: radiografias (nas incidências ântero-posterior, perfil com 30° de flexão do joelho, axial da patela e incidências sob estresse em valgo – documentam avulsões ósseas, fraturas osteocondrais e abertura maior que 5 mm em relação ao lado contralateral) e ressonância magnética (avalia e quantifica as lesões do LCM); - Lesão Grau I – abertura medial entre 0 e 5 mm; - Lesão Grau II – abertura medial entre 5 e 10 mm; - Lesão Grau III – abertura entre 10 e 15 mm; - Lesão Aguda – ocorreu em tempo inferior a 3 semanas; - Lesão Crônica – ocorreu em tempo superior a 4 semanas; - Gravidade da Lesão – avaliada por meio de testes de abdução (estresse em valgo) em 0 e 30° de flexão do joelho; - Deve-se avaliar a presença ou não de lesões associadas com meniscos e demais ligamentos; - Fatores que influenciam na escolha do tratamento: tempo, gravidade da lesão e presença ou não de lesões associadas; Tratamento Conservador - A grande chance de cicatrização faz com que poucos casos necessitem de intervenção cirúrgica; - Indicação: lesões isoladas graus I, II e III, sem instabilidade rotatória e sem lesões associadas - Tratamento Lesão Grau III – utilização de imobilizador cruromaleolar entre 30 e 45° de flexão por duas semanas, sendo retirado apenas para reabilitação fisioterápica, com descarga precoce de peso com auxílio de muletas entre 6 e 8 semanas; - Inicia-se movimentação precoce protegida, com descarga parcial de peso com auxílio de muletas e exercícios controlados, evitando a flexo- extensão extrema; Tratamento Cirúrgico - Indicação: lesão doLCM grau III, associada a lesões meniscais, dos ligamentos cruzados anterior e posterior, ou seja, lesões que geram instabilidade rotatória; - Suas incisões de abordagem devem ser paralelas ao eixo da perna, evitando a secção de estruturas íntegras; - Métodos de reconstrução: sutura simples (repara a lesão com pontos separados, evitando encurtar os tecidos suturados) ou por reinserção óssea (utiliza fios de Kirsschner para fixar o osso na cápsula dsinserida); - Avanço do Ligamento Obliquo Posterior – aumenta a estabilidade dinâmica em lesões crônicas; - Reconstrução do Compartimento Medial - reforço ântero-medial com tendões sartório, grácil e semitendíneo e uso de uma tira do músculo adutor; Ligamento Colateral Fibular / Ligamento Colateral Lateral (LCF / LCL) - Estrutura ligamentar dominante no compartimento lateral; - Sua lesão ocorre frequentemente em acidentes automobilísticos e atividades esportivas com contato corporal; [GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes - Mecanismo de Lesão – trauma direto sobre a face medial do joelho em extensão, ocasionando uma instabilidade uniplanar; ou trauma indireto gerado por uma força em varo em associação ao movimento rotacional e à moderada flexão do joelho, ocasionando uma instabilidade rotatória; - Quadro Clínico – formação de edema, dificuldade para deambulação, dor no trajeto do ligamento; - Exame Físico – teste de estresse em adução realizado a 0 e 30° de flexão do joelho, em comparação com o joelho contralateral para graduar a frouxidão; **o teste de estresse em abdução com o joelho em ângulo de 30° de flexão avalia apenas o LCF, enquanto quando realizada com o joelho em completa extensão avalia-se o LCF e o canto póstero-lateral** - As lesões isoladas de LCF são raras; - Instabilidade Ântero-Lateral – manifestação: rotação tibial interna excessiva + subluxação anterior – causa: lesão do ligamento colateral fibular (LCF), do complexo arqueado, do LCA e da banda iliotibial – diagnóstico no exame clínico: testes de estresse em adução a 30° de flexão, gaveta anterior, Lachman e pivot shift são positivos – diagnóstico no exame de imagem: fratura de Segons (fratura –avulsão do LCF) associada a lesão do LCA; - Exame Complementares: radiografias (nas incidências ântero-posterior, lateral com 30° de flexão do joelho e incidências sob estresse em varo – documentam avulsões ósseas e fraturas osteocondrais) e ressonância magnética (avalia e quantifica as lesões do LCF); Tratamento Conservador - Indicação: lesões isoladas do LCF, instabilidades uniplanares laterais com abertura menor que 10 mm no teste de estresse com 30° de flexão; Tratamento Cirúrgico - Indicação: instabilidades rotatórias sintomáticas, avulsões ósseas, abertura lateral maior que 10 mm no teste de estresse em varo a 30° de flexão, deformidade em varo, dificuldade na fase de apoio da marcha e instabilidade após o tratamento conservador; 2. LESÕES MENISCAIS a. EPIDEMIOLOGIA - Incidência de 16 a 28%; - As lesões mais comuns são as longitudinais do corno anterior do menisco lateral; - São mais frequentes em indivíduos jovens, estando relacionadas a episódios traumáticos; - Ocorrem em pacientes com idade mais avançada, entre 50 e 60 anos, durante pequenos movimentos torcionais realizados nas atividades de vida diárias; - Raramente ocorrem de forma isolada, geralmente se associando a algum grau de lesão ligamentar; b. MECANISMO DE TRAUMA - Traumas rotacionais ou associação de traumas rotacionais e axiais; - Joelho em posição flexionada ou parcialmente flexionada é submetido a uma força rotacional de grande magnitude -> comprime o menisco entre o fêmur e a tíbia, ocasionando a lesão; Menisco Medial - É o mais lesado, uma vez que é mais fixo que o lateral e acompanha a tíbia durante os movimentos do joelho; - Nas lesões crônicas do LCA é o mais acometido, devido aos repetidos episódios de translação anterior da tíbia, que aumentam a pressão sobre o corno posterior do menisco medial; Menisco Lateral - É menos suscetível a lesões por ser mais móvel e acompanhar o fêmur durante a rotação, a partir dos ligamentos menisco femorais; - Nas lesões agudas do LCA é o mais lesado, devido às grandes forças rotatórias criadas; c. CLASSIFICAÇÃO Localização Relacionada à Vascularização - Região vermelha-vermelha – terço periférico do menisco; - Região branca-branca – 2/3 internos avasculares; - Zona de transição vermelha-branca – entre a região vermelha-vermelha e a região branca-branca; Padrão de Lesão - Verticais – subdividem-se em longitudinais, radiais e oblíquas; - Horizontais; - Complexas – associa diversos tipos em pacientes jovens ou apresenta aspecto degenerativo em pacientes idosos; Tipo de Lesão Relacionado à Faixa Etária - Padrão Traumático / 1º Grupo – lesões verticais longitudinais que formam as lesões radiais e as lesões em alça de balde (se encontram interpostas entre o côndilo femoral e tibial); - Padrão Degenerativo / 2º Grupo – lesões horizontais, oblíquas e complexas; [GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes d. QUADRO CLÍNICO - Dor, acompanhada ou não de derrame articular e bloqueio da articulação do joelho (da flexão ou da extensão, quando uma parte do menisco lesado se dirige para o centro da articulação, de modo a limitar os movimentos); - Atitude em flexo; - Hemartrose – derrame imediato por sangramento que ocorre em 75% dos casos de lesões meniscais associadas à lesão do LCA; Derrame Articular - Acometimento da Zona Periférica Vascular do Menisco – gera derrame articular por sangramento; - Acometimento da Zona Avascular do Menisco – irrita a membrana sinovial, provocando sinovite e derrame por aumento na produção do líquido sinovial; e. DIAGNÓSTICO - História de trauma torcional do joelho + quadro clínico característico; Exame Físico - Quando realizado de forma precoce é de difícil execução, devido à atitude antálgica que impede os movimentos de flexão associados à rotação; - Inspeção estática – busca-se derrame articular e hipotrofia da musculatura da coxa (torna-se mais evidente em lesões crônicas, devido ao desuso do membro acometido); - Sinal Clínico Mais Importante – dor à palpação da interlinha articular do lado acometido; - Inspeção dinâmica – a mobilidade articular ativa e passivamente -> pode se apresentar normal quando não houver bloqueio pela lesão de menisco ou limitação por derrame; Teste de McMurray - técnica: paciente em posição supina, com quadril e joelhos fletidos a 90°, com examinador no lado ipsilateral ao joelho avaliado, posicionando a mão esquerda no joelho e a direita no pé do paciente, para promover os movimentos de rotação interna e externa da tíbia sobre o fêmur; - teste positivo: o examinador sente em seus dedos um estalido na linha interlinha articular; - sugere presença de lesões meniscais ou osteocondrais no compartimento contrário ao sentido de rotação da tíbia; - pode ser modificado ao realizá-lo em vários ângulos de flexão do joelho, em varo (pesquisa o menisco medial) e em valgo (pesquisa o menisco lateral); Exame de Imagem Radiografia Simples - Indicação: paciente com história de lesão de menisco; - Permite diagnosticar lesões associadas como fraturas ou a presença de artrose; Ressonância Magnética - Indicação: se após o exame físico ainda existirem dúvidas quanto ao diagnóstico; - Apresenta maior eficácia diagnóstica e permite avaliar a integridade das demais estruturas articulares que também podem estar comprometidas; f. TRATAMENTO - Todos os esforços devem ser feitos buscando manter a integridade da unidade meniscal; - Protocolo PRICE – deve ser utilizado no início até realizar a avaliação clínica para nortear a terapêutica; Tratamento Conservador - Indicação: lesões pequenas (de até 5 mm em lesões completas ou de até 10 mm em lesões incompletas) e estáveis (desviode até 3 mm) ou lesões degenerativas em pacientes idosos; Tratamento Cirúrgico - Realizado pela meniscectomia artroscópica ou sutura da lesão; Sutura de Lesão de Menisco - Sempre que haja boas chances de cicatrização deve ser o tratamento de eleição; - Indicação: lesões periféricas, do tipo vertical longitudinal, localizadas na zona vascular, de pacientes até 40 anos, com traumatismo recente (até 2 meses) e com estabilidade ligamentar; **os critérios de inclusão estão sendo ampliados devido às vantagens de manutenção do menisco, podendo incluir lesões crônicas, horizontais ou radiais e na zona avascular** - Apresenta índice de sucesso de 85 a 90% - ausência de sintomas mesmo que haja apenas cicatrização parcial localmente; - A inserção do fio de Kirschner é conduzida pela artroscopia; [GABRIELA BARBOSA] Turma 74 – Medicina Unimontes - Técnica: passa-se fios de dentro da articulação para fora dela e fios de fora para dentro da articulação ou coloca-se fios totalmente dentro sem a incisão adicional de pele – os pontos são posicionados na superfície superior e inferior do menisco, vertical ou horizontalmente, distando 5 mm entre eles; **preferencialmente usa-se o método de dentro para fora** - Sua estabilidade é superior à realizada com implantes; Meniscectomia - Pode ser parcial, subtotal ou total; - Possíveis consequências - o paciente com o passar dos anos, dependendo da quantidade de menisco retirado, pode apresentar alterações degenerativas, características da artrose articular, como: diminuição do espaço articular, formação de osteófitos marginais e aplainamento do côndilo femoral; - Pode ser sucedida pelo transplante de menisco; Transplante de Menisco - Autólogo – utiliza tecido do próprio paciente, como: fáscia lata e gordura infrapatelar – esse sofre processo de metaplasia tecidual, de modo a adquirir características semelhantes ao menisco original; - Artificial – utiliza prótese de colágeno, que funciona como arcabouço para crescimento de tecido meniscal; - Homólogo – menisco verdadeiro, com características biomecânicas superiores ao autólogo e o artificial e com menor risco de reação por parte do receptor; REFERÊNCIAS - MOORE. Anatomia orientada para Clínica. 7 ed. 2014. Cap. 5.Pg 760 a 771; - SOCIEDADE BRASILEIRA DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA (SBOT). Tratado de Ortopedia. 2007. Caps. 54 e 55. Pg 401 a 415; - SIZÍNIO. K. Hebert. Ortopedia e Traumatologia: Princípios e Práticas. 5ª Edição. Cap 63. Pg 1392 a 1404.