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Endometriose e Infertilidade A endometriose é um distúrbio ginecológico benigno definido pela presença de glândulas e estroma endometriais fora do sítio normal, ou seja, a cavidade uterina. Esse tecido endometrial é histologicamente igual ao do endométrio e responde assim como ele a ação hormonal. Pode ocorrer em qualquer parte do corpo, sendo os principais sítios de implantação o peritônio pélvico, ovários, septo retovaginal e ureter. A endometriose é uma doença estrógeno-dependente, ou seja, o crescimento das lesões se altera dependendo do grau de atividade estrogênica da paciente. Por isso é encontrada sobretudo nas mulheres em idade reprodutiva. A clínica dessa doença é variada, entretanto, quando a paciente apresenta sintomas, a maioria se queixa de dor pélvica e infertilidade. Vale lembrar que a endometriose tem prevalência em torno de 20 a 50% em mulheres inférteis, e 40 a 50% em mulheres com dor pélvica. Além disso, tem mais diagnóstico em mulheres brancas e nulíparas. Muitas vezes os sintomas se relacionam a proliferação, sangramento e reação inflamatória local do tecido endometrial nos diferentes sítios, estimulado pelos esteroides ovarianos. O principal método de diagnóstico é a laparoscopia, com ou sem biópsia para diagnóstico histológico, sendo a maioria dos exames de imagem pouco sensíveis para essa doença. Embora as mulheres com endometriose possam ser assintomáticas, os sintomas são comuns e costumam incluir dor pélvica crônica (DPC) e infertilidade. A dor pélvica nas mulheres afetadas pode variar bastante, podendo ser cíclica ou crônica. Normalmente, a dismenorreia associada à endometriose precede as menstruações em 24 a 48 horas e é menos responsiva aos medicamentos anti-inflamatórios e ac orais combinados (COCs). A dispareunia associada à endometriose na maioria das vezes está relacionada com doença localizada no septo retovaginal ou no ligamento uterossacral e menos associada a envolvimento ovariano. Durante a relação sexual, a tensão sobre os ligamentos uterossacrais comprometidos pode precipitar a dor. Existem uma série de fatores que podem ser relacionados ao surgimento da endometriose. Aparentemente, a endometriose é uma doença poligênica e multifatorial, resultante da interação genética com fatores ambientais envolvidos. Os principais fatores de risco são: história familiar materna; malformações uterinas; menarca precoce; ciclos menstruais curtos; duração do fluxo menstrual aumentada; fluxo menstrual aumentado; estenoses cervicais; baixos índices de massa corporal; gestação tardia; nuliparidade; raça branca e asiática; e consumo exagerado de café e álcool. A causa da endometriose ainda não é totalmente esclarecida. No entanto, existem várias teorias que tentam explicar os mecanismos dessa doença. Contudo, nenhuma dessas teorias isoladamente conseguem explicar adequadamente a presença de endometriose em todos os locais já descritos. Por isso, é possível que as diferentes formas de endometriose tenham origens distintas. ✓ Teoria da Menstruação Retrógrada: esta teoria propõe que o efluente menstrual contém células endometriais viáveis que podem ser transplantadas e aderir em sítios ectópicos. Assim, a regurgitação transtubária durante a menstruação promove a disseminação de células endometriais viáveis na cavidade peritoneal. É admissível concluir que alterações anatômicas da pelve, que aumentam o refluxo menstrual transtubário, devem aumentar a chance de uma mulher desenvolver endometriose. Evidências que suportam este raciocínio derivam da observação de uma maior incidência de endometriose em meninas com obstrução do trato genital. Esta obstrução impossibilita o total escoamento do efluente menstrual pela vagina e, consequentemente, aumenta a probabilidade de refluxo tubário. No entanto, como a menstruação retrógrada é um evento fisiológico, comum em mais de 90% das mulheres, e sua incidência é similar em mulheres com endometriose e em mulheres sem a doença, o desenvolvimento da doença deve estar relacionado a fatores adicionais. A quantidade de tecido endometrial que atinge a cavidade peritoneal e/ou a capacidade do sistema imune de eliminar o tecido menstrual ectópico devem contribuir no processamento da doença. Assim, esta teoria não esclarece por que apenas parte das mulheres com refluxo menstrual desenvolve endometriose e falha em explicar os implantes endometriais extrapélvicos (1 a 2% dos casos). ✓ Propagação Linfática ou Vascular: a disseminação de células endometriais, por meio de linfáticos, pode explicar a rara presença de endometriose em sítios distantes da pelve. Essa teoria explica a presença de endometriose umbilical em pacientes sem laparotomia (cesariana) prévia. A região retroperitoneal tem circulação linfática abundante. Por isso, os casos em que não se encontram implantes peritoneais, mas apenas lesões retroperitoneais isoladas, sugerem propagação linfática. Além disso, a tendência do adenocarcinoma endometrial de propagar-se por via linfática indica a facilidade com que o endométrio pode ser transportado por esse método. ✓ Metaplasia Celômica: o mesotélio celômico é totipotencial, enquanto o peritônio deriva do epitélio celômico. Assim, em um contexto mais amplo, foi sugerida a ocorrência de uma metaplasia in situ do mesotélio seroso, capaz de originar a endometriose na pelve e no peritônio. Em outras palavras, esta teoria baseia-se na capacidade de o epitélio peritoneal originar outros tipos de tecido, tais como: endométrio, miométrio, tuba uterina e endocérvice. No caso da endometriose, corresponderia à transformação das células celômicas totipotenciais em endométrio. Entretanto, esta teoria não foi sustentada por dados experimentais ou clínicos. Em contrapartida, ela poderia explicar a presença raríssima de endometriose em mulheres que nunca menstruaram, em meninas pré-púberes ou mesmo em homens que ingeriram altas doses de estrogênio (tratamento de câncer de próstata). ✓ Teoria da Indução: a princípio, corresponde a uma extensão da metaplasia celômica. Propõe que um fator bioquímico endógeno pode induzir o desenvolvimento das células indiferenciadas em tecido endometrial. Dessa forma, esta teoria suscita a necessidade da existência de um fator indutor que, em contato com o epitélio celômico, daria início à metaplasia. Portanto, essa teoria propõe que algum(ns) fator(es) hormonal(is) ou biológico(s) possa(m) induzir a diferenciação de células indiferenciadas em tecido endometrial. Sendo que essas substâncias poderiam ser exógenas ou liberadas diretamente do endométrio. ✓ Teoria Imunológica: em pacientes com endometriose, as células endometriais/fragmentos escapariam de ser eliminados pela resposta imune/inflamatória, devido a uma alteração da imunidade humoral e da imunidade celular. Uma grande variedade de anormalidades imunológicas foi descrita em mulheres com endometriose. O fluido peritoneal das pacientes acometidas contém um grande número de células imunes (macrófagos e leucócitos). No entanto, ao invés de agirem eficientemente na remoção das células endometriais da cavidade peritoneal, essas células de defesa parecem estimular a doença pela secreção de uma grande variedade de citocinas e de fatores de crescimento que estimulam a adesão e proliferação do endométrio ectópico e a angiogênese local. É provável que esta teoria funcione de forma complementar à teoria da implantação. Em conjunto com as teorias de surgimento da endometriose, existem alterações nos sistemas hormonais e imunes que atuam no favorecimento dessa doença. ✓ Fatores Hormonais: o desenvolvimento e o crescimento da endometriose são estrogênio-dependentes. Atualmente, existe evidência substancial que tanto a produção quanto o metabolismo de estrogênio estão alterados na endometriose, atuando na promoção dadoença. A aromatase, enzima que converte androgênios em estrogênios, é expressa de forma anormal no endométrio de mulheres com endometriose moderada e severa. Normalmente, não há atividade detectável da aromatase endometrial. Por conseguinte, mulheres com endometriose podem apresentar uma anormalidade genética que promove uma produção de estrogênio endometrial. Além disso, endometriomas e implantes peritoneais exibem níveis extremamente altos de atividade da aromatase. Por outro lado, o estrogênio endometrial pode estimular a atividade local da ciclo-oxigenase tipo 2 (COX-2) que produz a prostaglandina E2 (PG E2). A PG E2 é um potente estimulador da aromatase e, consequentemente, desencadeia um feedback positivo para a produção contínua de estrogênio pelo endométrio. A estrona e o estradiol são convertidos pela ação da enzima 17-beta-hidroxiesteroide desidrogenase (17βHSD), que existe em duas formas: tipo 1 (converte estrona em estradiol) e tipo 2 (converte estradiol em estrona). No tecido endometrial a 17βHSD tipo 1 é expressa normalmente, mas a 17βHSD tipo 2 é totalmente ausente. Em resumo, os focos de endometriose exibem alterações moleculares relacionadas à produção e ao metabolismo estrogênico. A atividade da aromatase anormal é potencializada pela PG E2, que estimula a produção contínua de estrogênio no endométrio. A ausência da enzima 17βHSD tipo 2 endometrial, combinada com altas concentrações de estrogênio, pode ajudar a estabelecer e a estimular a doença. ✓ Fatores Imunológicos: Existem evidências de que alterações na imunidade humoral e da imunidade celular estão implicadas na patogênese da endometriose. As prováveis modificações imunológicas envolvidas na patogênese da doença, tanto localmente na cavidade peritoneal quanto sistematicamente na circulação, são: o Uma deficiência na imunidade celular que resultaria em uma inabilidade de reconhecer a presença de tecido endometrial em localizações atípicas. o A atividade das células natural killer pode estar reduzida, o que acarreta uma diminuição da citotoxicidade ao endométrio autólogo. Assim, não ocorre destruição do tecido endometrial ectópico antes de sua implantação. o Um aumento na concentração de leucócitos e macrófagos na cavidade peritoneal e no endométrio ectópico. Estas células secretam citocinas (interleucina 1, 6 e 8; fator de necrose tumoral e RANTES = Regulated on Activation, Normal T-Expressed and Secreted) e fatores de crescimento no fluido peritoneal de mulheres com endometriose. o Na patogenia da endometriose, uma das hipóteses plausíveis corresponde à secreção de várias citocinas pelos implantes endometrióticos. Por outro lado, células inflamatórias na cavidade peritoneal levariam à proliferação de implantes, à angiogênese (pelo fator de crescimento vascular endotelial) e à quimioatração de leucócitos neste foco de inflamação peritoneal. O estresse oxidativo também poderia ser um outro componente da reação inflamatória. Em resumo, uma grande variedade de anormalidades imunológicas foi descrita em mulheres com endometriose. O fluido peritoneal das pacientes acometidas contém um grande número de células imunes (macrófagos e leucócitos). Contudo, ao invés de agirem eficientemente na remoção das células endometriais da cavidade peritoneal, essas células de defesa parecem estimular a doença pela secreção de uma grande variedade de citocinas e de fatores de crescimento que estimulam a adesão e proliferação do endométrio ectópico e a angiogênese local. Assim, as citocinas e os fatores de crescimento modulam o aumento e comportamento inflamatório dos implantes endometriais. Acarretam a proliferação endometrial, invasão e recrutamento de capilares e posterior quimioatração de leucócitos para o local da reação inflamatória. No entanto, vale ressaltar que ainda não está definido se estas anormalidades imunológicas representam a causa ou a consequência da doença. Todavia, elas certamente desempenham um importante papel na patogênese da endometriose. O diagnóstico de endometriose suspeitado com base na história, sinais e sintomas. Em seguida, esse diagnóstico é corroborado pelo exame físico e técnicas de imagem. Isto torna o diagnóstico difícil, pois o exame físico geralmente tem limitada capacidade diagnóstica na endometriose, mesmo na presença de endometrioma. Dentre os exames de imagem destacam-se: ✓ Ultrassonografia Transvaginal (USG TV): é um exame simples, barato e amplamente difundido. Contudo, dificilmente encontra pequenos focos de endometriose e focos com pouca atividade. Porém, na presença de um grande endometrioma fica fácil fechar o diagnóstico, pois eles se apresentam como massas bem delimitadas. Além disso, a USG TV consegue identificar aderências pélvicas e acometimento por endometriose profunda. Ressonância Magnética (RM): é pouco disponível em nosso meio e não deve ser solicitada de rotina em qualquer suspeita de endometriose. Entretanto, é o exame que apresenta melhores taxas de sensibilidade e especificidade na avaliação da paciente com endometrioma e endometriose profunda. ✓ Tomografia Computadorizada (TC): essa exame é mais utilizado para diagnosticar e avaliar a extensão da endometriose intestinal, determinando a presença e a profundidade de lesões endometrióticas intestinais. ✓ Histeroscopia: na presença de infertilidade, sangramento e dismenorreia pode-se realizar a histeroscopia, para afastar outras doenças que cursem com os mesmos sintomas. ✓ Colonoscopia: pode ser indicada nas lesões múltiplas que acometem a mucosa intestinal e para afastar outras doenças que causem sangramento e dor. ✓ Cistoscopia: tem indicação na suspeita de endometriose vesical próxima aos óstios ureterais. ✓ Laparoscopia: o diagnóstico final da endometriose é realizado por laparoscopia. A laparoscopia com biópsia do tecido é o exame padrão- ouro no diagnóstico da endometriose. A laparoscopia permite tanto o diagnóstico como o tratamento da paciente, pois permite a visualização e a descrição das lesões. Vale lembrar que a laparoscopia só deve ser realizada se não for possível obter o diagnóstico e tratamento de maneiras menos invasivas e após ter sido feita toda a avaliação por meio dos métodos de imagem. O tratamento da endometriose pode ser dividido em clínico, expectante ou farmacológico, cirúrgico ou a combinação de ambos. A escolha vai depender dos sintomas específicos, sua gravidade, localização das lesões endometrióticas, objetivos do tratamento e desejo de conservar a fertilidade da paciente. ✓ Tratamento Clínico: em relação ao tratamento clínico, nas pacientes assintomáticas, com diagnóstico acidental de endometriose, pode-se adotar uma conduta expectante. Nas pacientes sintomáticas, como o tecido endometriótico tem resposta hormonal, pode-se utilizar medicações que levam a um período com ausência de menstruação ou amenorreia. Dentre os medicamentos estão os análogos do GnRH que simulam a menopausa, o gestrinona ou danazol que levam a amenorreia ou os anticoncepcionais orais e progestágenos. Todos esses tratamentos são não invasivos, todavia, têm a desvantagem para a mulher que quer engravidar. 1. Análogos do GnRH: levam a diminuição de gonadotrofinas e hipoestrogenismo. Dessa forma, ocorre amenorreia e redução da atividade dos focos de endometriose. Os efeitos adversos são decorrentes da diminuição dos níveis de estrogênio (fogachos, ressecamento vaginal, diminuição da libido, alteração de humor, cefaleia e depleção óssea). O tratamento por mais de seis meses deve ser associado à reposição hormonal para diminuir os efeitos do hipoestrogenismo. 2. Anticoncepcional Oral (ACO): alivia a dismenorreia e pode ser utilizados de forma cíclica ou contínua. Eles causam inibição da ovulação com diminuição dos níveis de gonadotrofinas, diminuição do fluxo menstruale decidualização dos focos de endometriose. 3. Progestágenos: esses medicamentos provocam decidualização e atrofia dos focos de endometriose. Apresentam como efeitos adversos mais frequentes sangramento irregular, ganho de peso, acne e edema. Pode ser utilizados em comprimidos, formas injetáveis, implantes e dispositivos intrauterinos (DIU). 4. Danazol e Gestrinona: o danazol é um androgênio oral que inibe o LH e a esteroidogênese, e eleva os níveis de testosterona livre. Os efeitos adversos mais comuns incluem hirsutismo, acne e alteração de voz. A gestrinona é um antiprogestágeno e produz inibição da esteroidogênese ovariana. Os efeitos adversos são decorrentes dos efeitos androgênicos e antiestrogênicos. ✓ Tratamento Cirúrgico: o tratamento cirúrgico pode ser realizado por meio de laparoscopia ou laparotomia. Tendo como objetivo a retirada do tecido endometriótico. O tratamento cirúrgico consiste na cauterização dos focos de endometriose associada à lise de aderências, procurando restabelecer a anatomia normal da pelve. Além disso, pode-se retirar áreas de fibrose via laparoscopia, desfazer endometrioma, e reposicionar as trompas, para facilitar uma possível gestação. Endometriomas devem ser manejadas cirurgicamente. O tratamento medicamentoso pode levar à redução temporária do tamanho do cisto, mas não consegue eliminá-lo. Eles podem ser somente drenados ou ter sua cápsula cauterizada. Além disso, pode- se fazer a cistectomia, com retirada completa da lesão. Sendo que essa última opção possui melhores taxas de redução dos sintomas. Porém, nesses casos também há maior dano ao parênquima ovariano, podendo alterar a reserva ovariana. A histerectomia total associada à anexectomia bilateral é reservada a pacientes com doença extensa e que não desejam ter filhos. Outra abordagem inclui a neurectomia pré- sacral, que tem demonstrado diminuir dispareunia e dismenorreia. Em alguns casos de endometriose, pode ser necessário a ressecção vesical parcial, reimplante ureteral, ressecção digestiva, colostomia, a depender da extensão da doença. Vale lembrar que mesmo com intervenção cirúrgica, a paciente precisa ser trata da clinicamente. Não adianta fazer cirurgias sem tratar clinicamente, pois pouco tempo depois, as alterações, como endometriomas e aderências, podem retornar. Por isso, toda paciente que é tratada cirurgicamente, obrigatoriamente, tem que fazer o tratamento combinado para evitar que a doença volte. As pacientes inférteis parecem ter maior incidência de endometriose do que as mulheres férteis do grupo-controle. Além da prevalencia de estágios mais graves de endometriose nessas mulheres. As aderências causadas pela endometriose talvez impeçam a captura e o transporte do oócito pela tuba uterina. Além do impedimento mecânico da ovulação e da fertilização, outras falhas sutis também parecem estar envolvidas na patogênese da infertilidade nas mulheres com endometriose. Essas falhas incluem alterações nas funções ovariana e imune, bem como na implantação. Na endometriose moderada a grave (estágio III a IV), a anatomia tubária e ovariana, em geral, encontra-se distorcida. Como resultado, pode-se esperar deficiência na fertilidade. Alguns pesquisadores sugeriram que a foliculogênese seria deficiente nas mulheres com endometriose. Observou-se taxa maior de interrupções no desenvolvimento embrionário no grupo com endometriose, sugerindo possível redução da competência de desenvolvimento dos oócitos de mulheres com endometriose. Definida como a dificuldade de um casal obter gravidez no período de 12 meses tendo relações sexuais sem uso de qualquer forma de anticoncepção. Na prática: ✓ 1 ano (mulheres < 35 anos) ✓ 6 meses (mulheres > 35 anos) A infertilidade pode advir de causas femininas, masculinas, uma junção de ambas as causas ou ser uma ISCA (infertilidade sem causa aparente). Dentre todas as causas, as de maior prevalência são: fatores ovarianos. ✓ Fatores ovarianos: síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), tireoidopatias (principalmente o hipotireoidismo), hiperprolactinemia e baixa reserva funcional ovariana. A SOP é a principal causa de anovulação crônica, sendo responsável por 80% dos casos de infertilidade. Como podemos investigar a ocorrência de ovulação? • Dosagem de FSH/LH no terceiro dia do ciclo. • Dosagem de progesterona na 2ª fase do ciclo menstrual. Após a ovulação, a presença do corpo lúteo vai gerar a produção de progesterona. • TSH/TL4 • Dosagem de HAM - reserva ovariana. • USG para contagem de folículos antrais. ✓ Fatores tubo peritoneais: envolvem patologias modificadoras da tuba uterina, impedindo o encontro entre óvulo e espermatozóide. Das causas mais comuns pode-se citar a DIP - infecção do trato genital feminino superior (acima do orifício interno do colo do útero). ✓ Fatores uterinos: a síndrome de Asherman, mioma submucoso, pólipos endometriais e anomalias congênitas como alterações mullerianas, como útero septado, útero bicorno, útero unicorno, útero didelfo e agenesia uterina. ✓ Fator masculino: distúrbios endócrinos e sistêmicos (relacionados ao hipogonadismo secundário – hipogonadotrófico), defeitos testiculares na espermatogênese, distúrbios no transporte do espermatozoide, infertilidade masculina idiopática. Além da anamnese e exame físico, o exame complementar inicial utilizado é o espermograma. ✓ Diagnóstico: identificação de comorbidades e/ou hábitos de vida que interferem na fertilidade do casal. 1. Fatores de risco controláveis: HAS, DM2, epilepsias etc 2. Fatores de risco modificáveis: obesidade, sedentarismo, tabagismo, alcoolismo. Anamnese completa, exame físico (geral e genital), exames complementares (sorologias, hemograma, glicemia de jejum, função tireoideana, citologia oncótica, espermograma). Troca de medicações de uso contínuo + suplementação de ácido fólico. ✓ Tratamento: 1. Histerossalpingografia 2. Laboratoriais: FSH, LH, prolactina, TSH 3. USTV 4. Espermograma 5. Tratamento de baixa complexidade: - coito programado: controle da ovulação por USTV → definir melhor dia para ter relação sexual - inseminação intrauterina (IIU): seleção dos melhores espermatozóides que serão injetados dentro do útero. 6. Tratamento de alta complexidade: - fertilização in vitro (FIV): embrião já formado Indicações: doenças tubárias graves, espermograma ruim, doenças genéticas e falhas com outras técnicas. - injeção intracitoplasmática de espermatozóide (ICSI) • Hoffman, Barbara L. et al. Ginecologia de WILLIAMS. 2 ed. Porto Alegre. Artmed. 2014. • SOUZA, Carlos Augusto Bastos de et al. Endometriose. In: FREITAS, Fernando et al. Rotinas em Ginecologia. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2011. Cap. 10. p. 144-157. • FIGUEIREDO, Francisco de Assis. Portaria Nº 879: Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Endometriose. Ministério da Saúde. Brasília, p. 1-16. 12 jul. 2016. • KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul K.; ASTER, Jon C. Robbins patologia básica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. • Ginecologia ambulatorial: baseada em evidências cientificas/ Aroldo Fernando Camargo et. al. - 2° ed- Belo horizonte: Coopemed, 2008. • Supermaterial Endometriose – SanarFlix – Ginecologia. • Resumos da Med: https://www.passeidireto.com/arquivo/96313466/endometriose-e- infertilidade https://www.passeidireto.com/arquivo/96313466/endometriose-e-infertilidade https://www.passeidireto.com/arquivo/96313466/endometriose-e-infertilidade
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