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APOSTILA-ORIENTAÇÃO-ESCOLAR (5)

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1 
 
CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ORIENTAÇÃO ESCOLAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUARULHOS – SP 
 
2 
 
SUMÁRIO 
1 BREVE HISTÓRICO DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL ........................... 5 
1.1 O Orientador Educacional. ................................................................... 14 
1.2 O papel do orientador educacional. ..................................................... 15 
2 PRINCÍPIOS DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL ...................................... 18 
2.1 Objetivos da orientação educacional ................................................... 21 
2.2 O papel do orientador educacional ...................................................... 24 
3 A RELAÇÃO PROFESSOR–ALUNO NA PERSPECTIVA DA 
APRENDIZAGEM ........................................................................................................... 29 
3.1 A relação professor–aluno nos pensamentos liberal e progressista .... 29 
3.1.1 Pedagogia liberal ................................................................................ 30 
3.1.2 Pedagogia progressista ...................................................................... 31 
3.2 A relação professor–aluno em diferentes momentos da educação 
escolar............ ............................................................................................................ 31 
3.2.1 Tendências pedagógicas liberais ........................................................ 32 
3.2.2 Tendências pedagógicas progressistas .............................................. 34 
4 GESTÃO DE CONFLITOS NA ESCOLA .................................................... 35 
4.1 Clima escolar e cultura da escola ........................................................ 35 
4.2 A gestão de conflitos no cotidiano escolar ........................................... 40 
4.2.1 Bullying ............................................................................................... 43 
4.3 Ações de enfrentamento de conflitos na escola ................................... 44 
5 AS FUNÇÕES E A COMPOSIÇÃO DOS CONSELHOS ESCOLARES ..... 49 
5.1 As funções do Conselho Escolar ......................................................... 49 
5.2 A composição do Conselho Escolar ..................................................... 54 
5.3 Conselhos Escolares: relações democráticas em suas funções .......... 58 
 
3 
 
6 CONSELHO DE PROFESSORES E ORIENTAÇÃO EM COLEGIADO DOS 
ALUNOS DA CLASSE AOS CICLOS ............................................................................. 63 
6.1 O trabalho doente: prática reflexiva, práxis, competências, habitus .... 64 
6.2 Da intimidade da sala de aula ao trabalho coletivo nos ciclos de 
aprendizagem ............................................................................................................. 66 
6.3 O trabalho coletivo nos ciclos de aprendizagem .................................. 68 
6.4 O conselho de professores: questões em torno de um conceito e mal-
entendidos em torno de um dispositivo ...................................................................... 70 
6.5 Uma circular para formalizar o trabalho ............................................... 70 
6.6 A interpretação polifônica das prescrições ........................................... 72 
6.7 Obstáculos epistemológicos e transformação do habitus .................... 75 
7 ORIENTAÇÃO SEXUAL ............................................................................. 79 
7.1 Orientação sexual na escola ................................................................ 80 
7.1.1 Corpo humano .................................................................................... 82 
7.1.2 Relações de gênero ............................................................................ 82 
7.1.3 Prevenção às doenças sexualmente transmissíveis ........................... 83 
7.2 Educação e orientação sexual ............................................................. 84 
7.2.1 Conhecimento sobre o corpo humano na educação........................... 85 
7.2.2 Relações de gênero ............................................................................ 87 
7.2.3 Prevenção às infecções sexualmente transmissíveis ......................... 90 
7.3 A orientação sexual em um contexto multidisciplinar ........................... 91 
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. .......................................................... 95 
 
 
 
 
 
4 
 
 
Prezado aluno! 
 
O grupo educacional Faveni, esclarece que o material virtual é semelhante ao da 
sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se 
levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que 
seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a 
pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, 
é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao 
protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância 
exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um 
horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A 
vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A 
organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos 
definidos para as atividades. 
 
 
Bons estudos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
1 BREVE HISTÓRICO DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL 
Para entender o que é o orientador educacional, é preciso fazer uma breve 
retrospectiva histórica, pois há diversas vertentes ao longo de seu desenvolvimento. 
Transferindo o conceito original de Orientação, para o conceito metafórico de 
Orientação Educacional, este pode ser definido como “uma ação consciente de 
situar o educando no campo educacional, segundo os pontos básicos do 
processo educacional”. (VITORIANO, 1973, apud SILVA, 2015, p. 17). 
O conceito de orientação significa ação ou efeito de orientar. Orientar é um 
processo humano de colocar pessoas ou coisas na direção do oriente como ponto de 
referência. 
Mostrou-se válida na ordenação de sociedade brasileira em mudança na década 
de 1940 e incluía a ajuda ao adolescente em suas escolas profissionais. A autora 
mostra que a primeira menção a cargos de orientador nas escolas estaduais se 
deu pelo Decreto n. 17.698 de 1947, referente às Escolas Técnicas e industriais. 
(PASCOAL; HONORATO E ALBUQUERQUE, 2008, apud SILVA, 2015, p. 17). 
A Orientação Educacional no Brasil surge no início da década de 20, na capital 
paulista. Ela foi introduzida pelo professor e engenheiro suíço Roberto Mange, cujos 
trabalhos iniciais foram realizados na área de orientação profissional. (SAVIANI, 2007) A 
essa época, o país atravessava um período de instabilidade econômica. 
No campo educacional, as oportunidades eram reservadas para as classes 
dominantes, enquanto que as classes menos favorecidas não podiam alcançar melhores 
condições de vida, ou seja, a escola reproduzia as desigualdades sociais. 
 
 
6 
 
 
Fonte: SAGAH (2020). 
No ano de 1908, na cidade de Boston (EUA), em meio a tantos avanços 
tecnológicos, Frank Parsons criou um sistema de orientação para adolescentes que ainda 
não haviam optado por uma carreira – foi o início da Orientação Profissional. 
Logo em seguida, no mesmo país, a Orientação Profissional ganhou seu espaço 
dentro das escolas, que hoje é conhecido como Orientação Vocacional. A proposta era 
de orientar os alunos na área que escolheria para inserção no mercado de trabalho. A 
preocupação era voltada para a formação profissional e não para o desenvolvimento do 
aluno. 
Depois de muitos anos, a orientação começa a ganhar espaço no país e é 
mencionada na legislação federal brasileira. É trazida nas Leis Orgânicas do ensino, que 
foram criadas para dar definição a cada áreade ensino e suas diversas atribuições. A Lei 
Orgânica do ensino Industrial em 1942 trouxe, pela primeira vez, algo sobre Orientação 
Educacional. 
O seu papel seria trabalhar com a ascensão das qualidades morais do indivíduo, 
desvendando assim, suas aptidões naturais, o que ajudaria na escolha da carreira 
profissional. Em seguida seu papel recebe caráter disciplinatório, alunos que saíam dos 
moldes desejados eram encaminhados ao SOE (Serviço de Orientação Educacional). 
Sua função era voltada para ajustamento e falta de disciplina, pouco ou nada voltada 
para a autonomia do aluno. As pessoas eram rotuladas em mais capazes e menos 
 
7 
 
capazes, àqueles que exerceriam funções subordinadas e àqueles que exerceriam 
funções de chefia ou direção (FERREIRA, 2010). 
Nesse contexto, percebe-se uma ação discriminatória, onde, caso necessário, os 
indisciplinados eram postos em classes especiais e os vistos como mais capazes tinham 
as habilidades treinadas para que mais tarde ocupassem os melhores postos de trabalho. 
Como já exposto, o histórico da Orientação perpassa por diversas fases e papéis 
exercidos por esse profissional, em diferentes contextos históricos e políticos. O campo 
de atuação era voltado para “desajustes” escolares, hoje o papel desempenhado por 
esse profissional é outro: 
[...] a orientação, hoje, está mobilizada com outros fatores que não apenas e 
unicamente cuidar e ajudar os „alunos com problemas‟. Há, portanto, 
necessidade de nos inserirmos em uma nova abordagem de Orientação, voltada 
para a „construção‟ de um cidadão que esteja mais comprometido com seu 
tempo e sua gente. Desloca-se, significativamente, o “aonde chegar, neste 
momento da Orientação Educacional, em termos do trabalho com os alunos”. 
Pretende-se trabalhar com o aluno no desenvolvimento do seu processo de 
cidadania, trabalhando a subjetividade e a intersubjetividade, obtido através do 
diálogo nas relações estabelecidas. (GRINSPUN, 1994, apud SILVA, 2015, p. 
19). 
Segundo Grinspun (2003), antes o orientador era visto como uma figura “neutra” 
no processo educacional, para “guiar os jovens em sua formação cívica, moral e 
religiosa”, hoje, espera-se um profissional comprometido com sua área, com a história de 
seu tempo e com a formação do cidadão. 
O orientador deve fortalecer o contato entre escola e comunidade, já que é tão 
importante para o aluno o entendimento da sua história real vivida. Com isso, o orientador 
consegue exercer um de seus papeis, que é atuar na construção do indivíduo, fazendo 
com que ele tenha compromisso com sua comunidade, desenvolvendo assim, a 
cidadania. 
O principal papel da Orientação será ajudar o aluno na formação de uma 
cidadania crítica, e a escola, na organização e realização de seu projeto 
pedagógico. Isso significa ajudar nosso aluno ‘por inteiro’ (grifo da autora): com 
utopias, desejos e paixões. (...) a Orientação trabalha na escola em favor da 
cidadania, não criando um serviço de orientação (grifo da autora) para atender 
aos excluídos (...), mas para entendê-lo, através das relações que ocorrem (...) 
na instituição Escola. (GRINSPUN, 2002, apud SILVA, 2015, p. 19). 
 
8 
 
O que mostra que seu papel vai além dos portões da escola. Ele deve auxiliar o 
trabalho do professor, fazer a ponte entre família e escola, dar apoio para o aluno no 
processo educacional, realizar projetos para atender as necessidades de seus alunos, 
entre outras diversas atribuições que lhe são dadas. 
O orientador educacional tem um papel fundamental na vida do aluno, da família 
e até mesmo dos professores. É ele o responsável pela mediação entre todos os 
envolvidos no processo educacional. É um papel desafiador, que foi ganhando, com o 
passar dos anos, suma importância no âmbito escolar. 
Infelizmente, seu papel ainda não está muito bem definido dentro das escolas, e 
ele acaba por realizar as atribuições de outros profissionais. Sua figura muitas vezes é 
confundida com a do psicólogo, coordenador, professor. No final, ele realiza todas essas 
tarefas, mas o seu real papel precisa ser bem desenhado, para que ele consiga realizar 
seu trabalho com excelência e sem sobrecarga. 
Seu trabalho apresenta um olhar voltado para o educando, centrado na 
responsabilidade de formar cidadãos, de fazer valer o caráter democrático da educação, 
ou seja, dar o suporte necessário para o indivíduo atuar no meio social, fazendo com que 
desenvolvam senso crítico. 
Auxiliá-los através de uma prática pedagógica que estimule sua participação, 
desenvolvendo sua capacidade de criticar e fundamentar sua crítica, de optar e 
assumir a responsabilidade da execução e da avaliação do trabalho pedagógico. 
...O orientador trabalha o aluno para o seu desenvolvimento pessoal, visando à 
participação dele na realidade social. (GRISPUN, 2003, apud SILVA, 2015, p. 
20). 
É uma tarefa que vai se aprimorando com o passar dos anos, se ganha 
experiência no dia a dia. Ele está disposto no espaço escolar para orientar o aluno, 
ajudando a solucionar problemas que vão surgindo durante a caminhada escolar e na 
vida pessoal. É ele quem faz a mediação escola/família, aluno/professor, aluno/família, 
aluno/comunidade, comunidade/aluno família/professor e mediações/prevenções ligadas 
a drogas, violência e sexo, mostrando os caminhos e escolhas que o educando pode 
seguir. Seu papel ultrapassa os muros da escola. 
 
9 
 
Atualmente, a sala da orientação educacional é o local que o aluno vai, não só 
para ser orientado sobre seus comportamentos e atitudes, mas para se sentir acolhido, 
ouvir e ser ouvido, entender que ele tem o seu espaço no colégio e no mundo. 
Orientador e professor devem caminhar juntos. Ele auxilia o professor a 
compreender o comportamento dos educandos, a lidar com as dificuldades de 
aprendizagem e mediar conflitos entre alunos, professor e comunidade. O orientador 
educacional diferencia-se do coordenador pedagógico, do professor e do diretor. O 
diretor ou gestor administra a escola como um todo; o professor cuida da especificidade 
de sua área do conhecimento; o coordenador fornece condições para que o docente 
realize a sua função da maneira mais adequada possível e o orientador educacional cuida 
da formação de seu aluno, para a escola e para a vida. 
 É necessário que os docentes conheçam e reflitam sobre o verdadeiro 
significado da existência da escola e sua função social. Seu trabalho volta-se para a 
constante reflexão crítica da prática pedagógica. A relação é baseada em auxílio e troca 
de informações, onde o professor relata o que acontece, diariamente dentro da sala de 
aula, e o orientador utiliza a informação para agir na vida do educando. Na maioria das 
vezes o comportamento que o aluno tem dentro de sala de aula é reflexo do que acontece 
dentro de casa, e que nem sempre ele se sente a vontade para contar a seus professores, 
enviam apenas sinais, ele capta e transfere para o orientador. É preciso ressaltar que na 
promoção das reflexões e discussões, o Orientador Educacional deve conhecer a ciência 
da educação incluindo as teorias da aprendizagem, as psicológicas, as ciências sociais, 
ou seja, possuir competência técnica. 
Outros conhecimentos devem fundamentar a prática do orientador educacional, 
tais como a: Psicologia, Sociologia, História da Educação e História do Brasil (até 
nossos dias), além de outros, oriundos da Antropologia, Ciências Políticas, 
Metodologia e Pesquisa em uma abordagem qualitativa (ASSIS, 1994, apud 
SILVA, 2015, p. 21). 
No que tange à ação com a família e comunidade, o trabalho volta-se para incluir 
e mostrar a importância que possuem na organização e desenvolvimento da instituição. 
Promovendo ações que incentive pais e comunidade a participarem da rotina escolar, 
que possam levar seus anseios e sintam que sua opinião é válida e importante. Devem 
construir uma relação de confiança, onde pais e comunidade estejam sempre informados 
 
10do que acontece no âmbito escolar e participem ativamente da vida de seus filhos. Isso 
é muito importante para que esses pais tenham sentimento de pertença e colaborem com 
o processo educativo. Esse é um dos desafios do Orientador, levar pais e comunidade 
para dentro das escolas, um espaço coletivo onde as decisões podem ser compartilhadas 
(GRISPUN, 2003). 
 É um profissional muito solícito, contribui para a sociedade de maneira 
esplendida, é parceiro da educação e faz total diferença na instituição. Possui papel 
essencial na desenvoltura e na vida do aluno. É um papel com muitos desafios, que foi 
ganhando, com o passar dos anos, suma importância no âmbito escolar. 
Segundo Giacaglia e Penteado (2010), “é um profissional técnico, da área de 
educação, que exerce uma profissão de apoio a pessoas e, portanto, de natureza 
assistencial.” Ainda segundo essas autoras o trabalho desses profissionais se orienta 
principalmente para o “bem estar e felicidade” dos alunos. É necessário compreender o 
educando de forma integral, e não apenas como um sujeito a ser ajustado e ensinado. 
A necessidade da Orientação Educacional no Brasil surge também de acordo 
com as necessidades do mercado de trabalho, uma vez que a educação seria a 
responsável pelo desenvolvimento do país. Ela surge na década de 20, junto com um 
movimento em prol da educação do povo, onde o Governo estava preocupado em dar 
educação para todos, visando à ascensão social. Tudo isso na tentativa de amenizar a 
crise social e política vivida na época. 
A orientação vocacional se empenha em auxiliar pessoas a tomar decisões no 
âmbito do trabalho, atendendo a pessoas em processos de escolha de carreira, o que 
ajudaria a melhorar o quadro histórico em que se encontrava o Brasil. Em 1924 temos o 
primeiro Serviço de Orientação voltado para a escolha profissional, para alunos do curso 
de mecânica, criado pelo engenheiro Suíço Roberto Manage junto com Lourenço Filho. 
Em 1931, Lourenço Filho criou o primeiro serviço público de Orientação 
Profissional no Brasil, mas que foi extinto em 1935. Com Getúlio Vargas no poder (década 
de 30) é implantado um novo processo de mudanças políticas, sociais e econômicas com 
o objetivo de favorecer a modernização do estado. 
Vargas desenvolveu uma política voltada para várias classes sociais, causando 
grande mudança no âmbito educacional. Visava qualificar trabalhadores para a crescente 
 
11 
 
industrialização. Com isso, pessoas deixavam a vida rural e vinham tentar melhores 
condições nas cidades. 
Art. 129: À infância e à juventude, a que faltarem os recursos necessários à 
educação em instituições particulares, é dever da Nação, dos Estados e dos 
Municípios assegurar, pela fundação de instituições públicas de ensino em todos 
os seus graus, e a possibilidade de receber uma educação adequada às suas 
faculdades, aptidões e tendências vocacionais. O ensino pré - vocacional e 
profissional destinado às classes menos favorecidas é em matéria de educação 
o primeiro dever do Estado... (Constituição Federal Brasileira de 1937, apud 
SILVA, 2015, p. 22). 
É nítido que a educação era elitista, onde o ensino principal era o ensino privado 
e as famílias que não tinham condições para colocarem seus filhos em escolas privadas, 
o governo assumiria e iriam para escolas públicas. 
Para Romanelli (1986), durante a ditadura do governo Vargas, se instituiu 
oficialmente a discriminação social através da escola. No seu artigo 129 promulgou que: 
O ensino pré-vocacional e profissional é destinado às classes menos favorecidas. Com 
isso, estaria orientando a escolha da demanda social da educação fazendo com que o 
movimento renovador se calasse, pois modificava fundamentalmente o dever do Estado 
e limitava-lhe a ação quanto à educação. 
A primeira lei que mencionou a Orientação Educacional no país foi o Decreto – 
Lei nº 4073, de 30 de janeiro de 1941 (Lei Orgânica do Ensino Industrial), formulada por 
Gustavo Capanema – ministro da Educação e Saúde Pública, que traz, em seu capítulo 
XII, a seguinte redação: 
Art. 50. Instituir-se-á, em cada escola industrial ou escola técnica, a orientação 
educacional, que busque, mediante a aplicação de processos pedagógicos 
adequados, e em face da personalidade de cada aluno, e de seus problemas, 
não só a necessária correção e encaminhamento, mas ainda a elevação das 
qualidades morais. Art. 51. Incumbe também à orientação educacional, nas 
escolas industriais e escolas técnicas, promover, com o auxílio da direção 
escolar, a organização e o desenvolvimento, entre os alunos, de instituições 
escolares, tais como as cooperativas, as revistas e jornais, os clubes ou grêmios, 
criando, na vida dessas instituições, num regime de autonomia, as condições 
favoráveis à educação social dos escolares. Art. 52. Cabe ainda à orientação 
educacional velar no sentido de que o estudo e o descanso dos alunos decorram 
em termos da maior conveniência pedagógica. (Lei Orgânica do Ensino Industrial, 
1941, apud SILVA, 2015, p. 23). 
 
12 
 
Sua função era descobrir habilidades particulares de cada educando e desvendar 
as aptidões naturais do indivíduo. Aqui seu referencial era baseado praticamente em 
bases psicológicas, ele realizava diagnósticos baseados na psicologia aplicada e 
indicava as profissões adequadas a cada orientando (SPARTA, 2003). 
 Em 1942 as Leis Orgânicas de Ensino tornam obrigatória a presença do 
Orientador Educacional nas escolas secundárias (somente para escola industrial ou 
escola técnica, provavelmente por conta de suas origens profissionalizantes). 
Em 1958, por meio da Portaria de nº 105 do MEC o exercício da função do 
orientador educacional no ensino secundário foi regulamentado. Mas o primeiro registro 
oficial de um Orientador foi dado pelo MEC apenas em 1960. Em 1961, a Lei nº 4024/61 
(LDB) a orientação, antes introduzida somente no ensino secundário, passou a atender 
também o ensino primário. Nesta, a orientação tem um novo enfoque, suas atribuições 
voltam-se para todos os alunos e não mais somente para os alunos problemas. Nesse 
contexto na LDB de 1961, o Orientador ganha status de Orientador Educativo (OE) e 
Vocacional, tornando seu trabalho mais minucioso e desenvolvido para todos os alunos, 
não mais voltado apenas para os “alunos-problema”. 
A LDB de 1971 trouxe a obrigatoriedade do orientador nas escolas de 1º e 2º 
grau, sejam públicas ou particulares. No Capítulo I, no décimo artigo temos: “Será 
instituída obrigatoriamente a Orientação Educacional, incluindo aconselhamento 
vocacional em cooperação com os professores, a família e a comunidade”. 
Em 1973 é criado o Decreto – Lei n° 72.846 de 26/06/1973, que regulamentou as 
atribuições do Orientador Educacional em âmbito nacional, e até os dias de hoje a 
atuação desses profissionais estão baseadas nesse documento. O legislador 
estabeleceu atribuições privativas, nas quais o Orientador deve coordenar e participar, 
atuando em cooperação com os demais membros da escola. Dentre todas as atribuições, 
que auxiliam na orientação para um trabalho prático, destaco algumas atribuições 
previstas nos Artigos 8º e 9º: 
Art. 8º São atribuições privativas do Orientador Educacional: a) Planejar e 
coordenar a implantação e funcionamento do Serviço de Orientação Educacional 
em nível de: 1- Escola; 2- Comunidade; c) Coordenar a orientação vocacional do 
educando, incorporando- o ao processo educativo global; d) Coordenar o 
processo de sondagem de interesses, aptidões e habilidades do educando; h) 
Coordenar o acompanhamento pós- escolar; j) Supervisionar estágios na área da 
 
13 
 
Orientação Educacional. Art. 9º Compete, ainda, ao Orientador Educacional as 
seguintes atribuições: c) Participar no processo de elaboração do currículo pleno 
da escola; e) Participar do processo de avaliação e recuperação dos alunos; g) 
Participar do processo de integração escola- família- comunidade; h) Realizar 
estudos epesquisas na área de da Orientação Educacional. (Lei n° 72.846 de 
26/06/1973, apud SILVA, 2015, p. 24). 
A década de 80 traz uma série de fatores que mostra uma busca de identidade 
para o orientador. Apesar dos avanços legais e continuidade da movimentação da classe, 
o trabalho efetivo não acontecia, o que desvalorizava o trabalho desse profissional. 
Isso se dá por vários fatores, um deles é o não cumprimento da lei 5692/71 que 
previa a obrigatoriedade do Orientador Educacional nas escolas. Um dos motivos do não 
cumprimento da lei era a situação econômica que o país enfrentava. Havia muitas escolas 
públicas e a folha de pagamento público representava uma enorme fatia do orçamento 
público, onde a figura do Orientador ficava fora das prioridades de contratação. 
A falta de esclarecimento e delineamento do papel do orientador nas escolas e 
na comunidade e a falta de estrutura para os estudantes de Pedagogia também foram 
pontos marcantes para a desvalorização do Orientador Educacional. 
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394 (1996) em seu artigo 
64 diz que: “A formação dos profissionais da educação para a administração, 
planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, 
será feito em cursos de graduação, em Pedagogia ou em nível de pós-graduação, a 
critério da instituição de ensino, garantida nesta formação a base comum nacional”. 
A LDB (1996) deixa de se referir claramente à obrigatoriedade do profissional nas 
escolas. Explicitando como deve ser a sua formação, não trazendo suas atribuições, 
destacando apenas que para atuar na área de Orientação, é preciso ter graduação em 
Pedagogia aliada a uma pós-graduação em Orientação Educacional, o que foi um ganho 
para o curso de Pedagogia, pois na lei anterior a esta, a profissão do Orientador não 
exigia um curso de licenciatura específico, o que fazia com o que os Orientadores 
Educacionais pudessem ser professores de outras licenciaturas que não dispõe de base 
comum para atuar na área. 
Com a não obrigatoriedade deste profissional dentro das escolas a profissão foi 
perdendo força. Além de todos esses fatores legais, é nítido que a educação sempre 
 
14 
 
serviu mais a política do que à sociedade, visto que essas decisões foram tomadas 
devido a crises econômicas. 
1.1 O Orientador Educacional. 
Segundo Grinspun (2003), o trabalho realizado pela Orientação Educacional se 
divide em seis momentos distintos, datados e caracterizados. 
 Período implementador – 1920 a 1941, onde o orientador começa aparecer no 
cenário educacional brasileiro timidamente associado à orientação profissional. Tendo 
como foco os trabalhos de seleções e escolhas profissionais. 
Período institucional – 1942 a 1960, considerado como o período que está 
subdividido em funcional e instrumental, é onde ocorre toda a exigência legal da 
orientação nas escolas, que, por meio do esforço do Ministério da Educação e Cultura 
buscou dinamizá-la, efetivar os cursos que cuidavam da formação dos Orientadores 
Educacionais. 
 Período Transformador – 1961 a 1970 que traz consigo uma Orientação 
Educacional caracterizada como educativa, começam a aparecer em eventos da classe, 
em congressos, e ganha espaço nesse período as questões psicológicas. Tendo em seu 
bojo, um fazer de orientação, de fora para dentro, a partir da dinâmica do grupo e das 
atividades que fomentava conflitos dentro da escola. 
Período Disciplinador – 1971 a 1980, onde a orientação estava sujeita à 
obrigatoriedade da lei 5692/71 que determina, inclusive, o aconselhamento vocacional, 
ou seja, de vocação. Ao mesmo tempo, a Orientação deveria trabalhar com o currículo 
da escola, levando os seus orientadores a questionar a sua pratica pedagógica. Nesse 
cenário, as diretrizes indicavam para uma visão sociológica e coletiva, ao contrario, os 
profissionais enquadravam-se em uma visão psicológica. Grinspun (2003, p. 19), pondera 
que é nesse período que "desloca-se a análise da escola, das relações internas desta 
instituição e da dinâmica do processo de ensino aprendizado, para compreender o que 
se passava no eixo social [...]." para então questionar o fazer diário dos serviços de 
responsabilidade da escola. 
 
15 
 
Período Questionador - década de 80. Como o próprio nome já indica é neste 
período que mais se questiona a Orientação Educacional, tanto em termos de formação 
de seus profissionais, quanto da prática realizada, pois, o cenário dos anos 80 trouxe 
grandes modificações que refletiu na educação e logo na forma de fazer orientação. Isso 
levou a ser caracterizado como período onde se realizou muitos cursos de capacitação 
voltados para os profissionais. Contudo, inicia–se o momento onde o orientador 
educacional se viu na necessidade de: 
"[...] participar do planejamento- não como benesse da orientação, mas sim como 
um protagonista do processo educacional procurando discutir objetivos, 
procedimentos, estratégias e critérios de avaliação [...]," com isso, trazer a 
realidade social do aluno para dentro das ações da escola. De forma a pode 
refletir a ação do aluno, baseado na relação escola e meio externo (sociedade). 
(GRINSPUN, 2003, apud TRINDADE, 2011, p. 9). 
Período Orientador – a partir de 1990, assim denominado este período, por 
acreditar que, principalmente a partir de 1990, temos a "orientação" da Orientação 
Educacional pretendida. Também caracterizada como uma prática a ser construída 
cotidianamente. E ainda, cogita-se no sentido de saber se esse profissional subsistirá. 
Atualmente o trabalho desenvolvido pela Orientação Educacional engloba o 
trabalho diretamente com os alunos, seu compromisso é com a formação permanente 
dos educandos no que diz respeito a valores, atitudes, emoções, sentimentos e suas 
relações pessoais, sociais e escolares. 
1.2 O papel do orientador educacional. 
O papel do Orientador Educacional (OE) na escola é muito amplo, sendo muito 
importante em todo o processo educacional, pois busca sempre a formação integral do 
estudante e trabalha com toda a comunidade escolar. 
A Orientação Educacional (OE) é um processo organizado e permanente que 
existe na escola. Ela busca a formação integral dos educandos (este processo é 
apreciado em todos seus aspectos, tido como capaz de aperfeiçoamento e 
realização), através de conhecimentos científicos e métodos técnicos. A 
Orientação Educacional é um sistema em que se dá através da relação de ajuda 
entre Orientador, aluno e demais segmentos da escola; resultado de uma relação 
entre pessoas, realizada de maneira organizada que acaba por despertar no 
 
16 
 
educando oportunidades para amadurecer, fazer escolhas, se auto conhecer e 
assumir responsabilidades (MARTINS, 1984, apud BUGONE, 2016, p. 2). 
O trabalho de Orientação Educacional, ao longo dos tempos, passou por diversas 
etapas e transformação para se adaptar as mudanças e necessidades da sociedade. 
Atualmente, é importante que para desenvolver suas atividades de trabalho, o OE 
procura conhecer a realidade na qual está inserida a escola e principalmente a realidade 
dos estudantes, levando em conta suas características e vivências. Isso se torna 
fundamental, pois influencia no processo de ensino e aprendizagem, que antes acontecia 
somente na escola, e agora passou a abranger diversos outros campos, como na família, 
no trabalho, na sociedade, nos meios de comunicação, etc (FERREIRA, 2010). 
O OE está sendo cada vez mais requisitado no contexto escolar, mediante os 
problemas que as escolas têm enfrentado como indisciplina, conflitos familiares, auxílio 
aos professores para lidar com educandos/famílias/dificuldades na aprendizagem e para 
auxiliar a dar conta das funções que a escola tem assumido na atualidade. O mesmo 
precisa trabalhar buscando o desenvolvimento integral do estudante, sendo o mediador 
entre os professores, funcionários, estudantes e sociedade, promovendo uma melhor 
convivênciadentro e fora da escola, procurando mostrar que a função da escola é ensinar 
(socialização secundária) e não educar (socialização primária), descobrindo novos 
métodos que possam auxiliar nas dificuldades dos estudantes. Diante do exposto, como 
questionamentos centrais deste estudo definimos: quais são os desafios do OE no meio 
escolar? Como ele pode enfrentar tais desafios? (FERREIRA, 2010). 
A escola vem vivenciando uma nova realidade e enfrentando diversos desafios, 
é preciso pensar e repensar nas formas de aprendizagem, sempre buscando meios 
necessários para que se possa cumprir sua função de ensinar, promovendo a 
tematização de conhecimentos básicos para formar cidadãos, lançando mão de práticas 
pedagógicas ancoradas em princípios como a autonomia, a responsabilidade, a 
solidariedade, o respeito e a ética. O OE precisa estar comprometido com a construção 
do sujeito\estudante na formação de suas ações de cidadania (FERREIRA, 2010). 
A busca não se dá apenas no processo de adquirir informações, mas como se 
dá a formação desse sujeito. Pensar a Orientação Educacional hoje, não é se preocupar 
exclusivamente com os “alunos problemas”. Ela tenta contribuir, na solução dos 
 
17 
 
problemas enfrentados pelos estudantes, mas, além disso, de toda a comunidade 
escolar, numa perspectiva de melhor compreensão do sujeito e de suas relações dentro 
e fora da escola. O desafio maior do sistema educacional é o de oferecer um ensino de 
qualidade, em que a formação do estudante ocorra em termos de formação do cidadão 
participativo, crítico, emancipado, consciente de seu papel na sociedade. Neste contexto, 
é importante mostrar e refletir sobre o papel do OE, pois este precisa ter compromisso 
em relação aos valores, atitudes, emoções e sentimentos, devendo ter claro que cada 
sujeito é um ser único e pela sua individualidade cada um é especial merecendo além de 
respeito, muitas vezes carinho e afeto (FERREIRA, 2010). 
Esse fato merece atenção, pois grande parte dos aprendizados acontecem na 
decorrência de interação e relação com as pessoas que estão presentes no nosso dia a 
dia. É significativo ressaltar também a relação e o comprometimento que o OE deve 
manter com os professores, pais, direção, coordenação, funcionários e comunidade 
escolar como um todo, pois como faz parte da equipe pedagógica da escola, suas 
responsabilidades são muitas, precisa mediar, planejar, coordenar, avaliar e assessorar. 
Apesar de ser um profissional de extrema importância no âmbito escolar, ainda existem 
muitas escolas ou instituições educacionais que não possuem orientadores. Isso faz com 
que outros profissionais da escola, muitas vezes não capacitados e acumulando funções, 
acabam tentando desenvolver esse trabalho, porém, apesar dos possíveis esforços, 
geralmente não é desenvolvido de forma tão qualificado como poderia pelo profissional 
especializado. A educação escolar não pode se constituir num processo linear, mas 
precisa ser uma busca a partir da compreensão da realidade, refletindo sobre a 
integração do sujeito ao meio escolar e ao meio que vive (FERREIRA, 2010). 
Então, considerando a importância e a real função do OE na orientação do 
processo educativo escolar, busca-se compreender a função deste especialista em 
educação no cotidiano escolar. Nesse sentido, investigar quais são os desafios e 
atribuições impostas ao OE no meio escolar, aprofundar conhecimentos sobre a função 
da Orientação Educacional, suas atribuições tanto na equipe gestora, quanto em contato 
com os estudantes, famílias e sociedade torna-se premissa básica quando se intenciona 
refletir acerca dos problemas que muitas vezes impedem que o professor desenvolva 
uma educação escolar de qualidade (FERREIRA, 2010). 
 
18 
 
2 PRINCÍPIOS DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL 
A orientação educacional desde a sua criação, serviu ao sistema educacional. 
Atualmente é concebida, por especialistas, como um processo sistemático e contínuo 
que se caracteriza por ser uma assistência profissional realizada por meio de métodos e 
técnicas pedagógicas ou psicológicas. Ela é exercida direta ou indiretamente sobre os 
alunos, levando-os ao conhecimento de suas características pessoais e do ambiente 
sociocultural, a fim de que possam tomar decisões apropriadas às melhores perspectivas 
de seu desenvolvimento pessoal e social, tornando-se cada vez mais necessária 
(SOUZA, 2010). 
Em toda a ação do Orientador Educacional é necessária uma reflexão contínua 
sobre a realidade que o cerca, possibilitando-lhe um posicionamento profissional mais 
adequado. Ter sempre presente em suas atividades os princípios que servem de suporte 
ao processo de orientação, levando-o a uma ação mais consistente e coerente. 
A orientação educacional deve ser norteada pelos seguintes princípios: 
 
 Ver o educando em sua realidade bio-psico-social, com todo o respeito e 
consideração, a fim de que, a partir dessa realidade, se possa erigir uma 
personalidade ajustada, segura de si e compreensiva. 
 
 Em reforço ao primeiro princípio, respeitar o educando em sua realidade, qualquer 
que ela seja. Realizar trabalho de orientação, sem criar dependências, mas 
orientar para a autoconfiança, independência, autonomia e cooperação. 
 
 Em se querendo que o educando seja independente e respeitador, sensibilizá-lo 
para a necessidade de também respeitar os seus semelhantes. 
 
 O trabalho de Orientação exige o maior número possível de informes a respeito 
do educando, o que deve ser diligenciado por todos os meios. 
 
 
19 
 
 Assistir todos os educandos, desde os mais aos menos carentes, bem como os 
que não revelarem carências. 
 
 Dar ênfase aos aspectos preventivos do comportamento humano, uma vez que é 
muito mais fácil evitar um acidente do que se recuperar do mesmo. Este princípio 
guarda analogia com outro de natureza médica e que diz: “um grama de prevenção 
vale mais que uma tonelada de curas”. Assim, o ideal será a Orientação 
Educacional agir, preferencialmente, de maneira profilática do que curativa. 
 
 Estabelecer um clima de confiança e respeito mútuo, incentivando a procura 
espontânea do Serviço de Orientação Educacional, logo que a dificuldade ou uma 
dúvida surja na vida do educando, antes que a mesma tome vulto e desoriente. 
 
 Procurar envolver todas as pessoas com o processo de educação, como diretor, 
professores, pais, serventes, etc., para que todos cooperem com a Orientação 
Educacional, no sentido de ajudá-la a melhor ajudar o educando. 
 
 A Orientação Educacional deve ter muito cuidado em formular juízos a respeito do 
educando, não esquecendo que este é um ser em evolução, em marcha para a 
maturidade e que uma série de fatores pode estar influenciando-o para que ocorra 
o comportamento anormal que tem apresentado. 
 
 A Orientação Educacional deve ser levada a efeito como um processo contínuo e 
não como ação esporádica dos momentos em que faltarem professores ou que 
surgirem dificuldades maiores. Deve ser trabalho planejado para todo o ano letivo, 
sem aquelas características de tapa-buraco (SOUZA, 2010). 
 
 A Orientação Educacional tem de trabalhar em estreito entendimento com a 
direção. Jamais em sentido de subserviência ou petulância, mas em sentido de 
cooperação, compreensão e respeito mútuo. 
 
 
20 
 
 A Orientação Educacional não deve se envolver em pequenas questões entre 
educandos e professores. Ocorrências conflitivas de pouca intensidade são, até 
certo ponto, naturais. Assim, problemas que não ultrapassem certos limites devem 
ser deixados para que os próprios professores os resolvam. 
 
 A Orientação Educacional deve agir, também, como órgão de estudo e de 
pesquisa de medidas que levem à superação de dificuldades de natureza 
disciplinar, não devendo, porém nunca, funcionar como “órgão disciplinador”. 
Deve, sim, agir como órgão que leve todos a tomarem consciência do grave 
problema da disciplina,que está inutilizando o trabalho de muitas escolas. 
 
 Ressaltar que a Orientação Educacional precisa dar muita atenção ao serviço de 
anotações, que deve ser o mais perfeito possível, a fim de que dados a respeito 
de um educando estejam sempre a mão e atualizados (SOUZA, 2010). 
 
 A Orientação Educacional deve estar aberta para a realidade comunitária, a fim 
de que o seu trabalho esteja articulado com o meio, para melhor ajudar o educando 
a integrar-se no mesmo. 
 
 A Orientação Educacional deve esforçar-se para criar na escola um clima de 
comunidade e sensibilizar a todos, quanto à necessidade de que cooperem em 
suas atividades, com entusiasmo, respeito e solidariedade. 
 
 A Orientação Educacional não deve esquecer-se de estimular ao máximo a 
iniciativa do educando, principalmente, através de atividades extra classe, 
empenhando-a na realização com verdadeiro engajamento, que ajudará na 
explicitação de suas virtualidades, na conquista da autoconfiança e na revelação 
de suas capacidades de liderança. 
 
 
 
21 
 
2.1 Objetivos da orientação educacional 
A orientação educacional tem por objetivo promover atividades que favoreçam a 
integração individual e social do educando, tais como (SOUZA, 2010): 
 
 Orientar o educando em seus estudos, a fim de que os mesmos sejam mais 
proveitosos. 
 
 Como complementação do primeiro objetivo, ensinar a estudar. É impressionante 
a quantidade de educandos de todos os níveis que se perdem nas obrigações 
escolares por não saberem estudar, com desperdício de tempo e energia. Este 
objetivo é dos mais importantes e cuja efetivação deveria ter início no Ensino 
Fundamental e continuar por todos os níveis de ensino. Ensinando o educando a 
estudar em função do nível de ensino que estivesse cursando, pois muitos 
fracassos escolares são devido ao fato do educando não saber estudar, com 
desperdício de tempo e esforço, conduzindo, o educando a abandonar os estudos. 
Assim, é importante, que desde o início da escolaridade intelectual, a Orientação 
Educacional ensine o educando a estudar, através de sessões destinadas a todos 
os educandos de uma classe. 
 
 Discriminar aptidões e aspirações do educando, a fim de melhor orientá-lo para a 
sua plena realização. 
 
 Auxiliar o educando quanto ao seu autoconhecimento, à sua vida intelectual e à 
sua vida emocional. 
 
 Orientar para o melhor ajustamento na escola, no lar e na vida social em geral. É 
fundamental a interação entre educando e professor, educando e seus colegas, 
bem como educando e sua família. É importante, também, que o educando saiba 
manter um comportamento adequado nas atividades fora da escola e do lar. 
 
 
22 
 
 Formar o cidadão que alimente dentro de si um sentimento de fraternidade 
universal, capaz de fazê-lo sentir-se irmão, companheiro e amigo de seu 
semelhante em todas as circunstâncias da vida. 
 
 Trabalhar para a obtenção de um melhor cidadão, por parte do educando, para 
que este seja um membro integrado, dinâmico e renovador no seio da sociedade. 
Enfim, desenvolver ação para que se obtenha o cidadão consciente, eficiente e 
responsável. 
 
 Levar a efeito melhor entrosamento entre escola e educando, com benefícios 
compensadores quanto à disciplina, formação do cidadão e rendimento escolar. 
 
 Prestar assistência ao educando nas dificuldades em seus estudos ou 
relacionamento com professores, colegas, pais ou demais pessoas. 
 
 Levar cada educando a explicar e desenvolver suas virtualidades (SOUZA, 2010). 
 
 Prevenir o educando com relação a possíveis desajustes sociais, que sempre 
estão eclodindo na sociedade, como fruto de uma dinâmica negativa de 
desagregação social. 
 
 Possibilitar aos professores melhor conhecimento dos educandos, oferecendo, 
assim, maiores probabilidades de entrosamento positivo entre ambos e mais 
adequada ação didática por parte dos professores, a fim de ser obtido maior 
rendimento escolar. 
 
 Sensibilizar, de forma crescente, professores, administradores e demais pessoas 
que trabalham na escola, para que queiram melhorar suas perspectivas atuações, 
visando à melhor formação do educando. 
 
 
23 
 
 Realizar trabalho de aproximação da escola com a comunidade, a fim de 
proporcionar ao educando maiores oportunidades de conhecimento do meio e 
desenvolvimento comportamental de cidadão participante. 
 
 Favorecer a educação religiosa, com suas perspectivas transcendentais, mas 
desvinculada do compromisso sócio-ideológico. O bem que a religião infunde pode 
levar a efeito, na busca da melhoria do funcionamento de qualquer regime, sem 
apelos ao ódio e destruição. 
 
 Trazer a família para cooperar de maneira mais esclarecida, eficiente e positivista 
na vida do educando. 
 
 Proporcionar vivências que sensibilize o educando para os valores que se deseja 
incorporar no seu comportamento. 
 
 Trabalhar para instaurar na escola um ambiente de alegria, satisfação e confiança 
para que se estabeleça um clima descontraído, evitando os temores, frustrações 
e humilhações. 
 
 Incentivar práticas de higiene física e mental, procurando conscientizar o 
educando em relação à importância e valor da saúde, que pode ser cuidada e 
preservada individualmente, educando por educando. 
 
 Desenvolver admiração e respeito pela natureza, evitando depredá-la em 
quaisquer de seus aspectos: paisagem, fauna e flora. 
 
 Desenvolver atividades de lazer, podendo, algumas delas, em caso de 
necessidade, transformar-se em atividades profissionais. Neste particular, orientar 
o emprego adequado e higiênico de horas de folga (SOUZA, 2010). 
 
 
24 
 
 Trabalhar para uma adequada formação moral do educando, imbuindo-o de 
valores éticos necessários para uma vida digna, humana e coerente, em que o 
respeito ao próximo deve ser o motivo principal. 
 
 Favorecer a educação social e cívica do educando, sensibilizando-o para a 
cooperação social e deveres comunitários. Neste particular, incentivá-lo para a 
melhoria da estrutura e funcionamento da vida social, sem a marca de destruição, 
alertando-o, pois em relação a certos movimentos de fundo comunitário que 
pregam, em nome do bem, o ódio, a morte, a violência e a destruição (SOUZA, 
2010). 
 
2.2 O papel do orientador educacional 
O orientador educacional atua junto ao corpo discente e docente das instituições 
de ensino, acompanhando as atividades escolares, bem como o desempenho do 
estudante, seja em termos de rendimento ou de comportamento (SOUZA, 2010). 
A Orientação Educacional é entendida como um processo dinâmico e contínuo, 
estando integrada em todo o currículo escolar. O papel do Orientador Educacional 
corresponde ao elo entre os alunos e a escola, favorecendo o processo de integração 
Escola-Família-Comunidade, numa perspectiva voltada para as dificuldades 
pedagógicas, e emocionais, sociais e cognitivas dos alunos. 
Para que isso se realize, é necessário que o trabalho esteja integrado com a 
Direção, Coordenação Pedagógica, e com o Corpo Docente e a Família. Desta forma, a 
Orientação Educacional junto à (SOUZA, 2010): 
 
Escola e alunos: 
 
 Mobiliza a criança, a escola e a família para a investigação coletiva da realidade 
na qual todos estão inseridos; 
 
 
25 
 
 Realizar o atendimento aos alunos orientando-os de forma individual ou coletiva, 
com observação, acompanhamento, aconselhamento e entrevista; 
 
 Acompanha o aluno no processo ensino-aprendizagem, visando o seu 
relacionamento com a realidade social e profissional; 
 
 Desenvolve hábitos de estudo e de organização, junto à Tutoria; 
 
 Integra as diversas disciplinas junto a Coordenação Pedagógica, disponibilizando 
aos alunos assuntos atuais e de interesse dos mesmos; 
 
 Organiza dados referentes à vida escolar aos alunos; 
 
 Estabelece um vínculo de confiança e cooperação entre os alunos, ouvindo-os 
com paciência e atenção; Desperta no aluno o compromisso com a responsabilidade e autonomia enquanto 
pessoa e cidadão, para estimular a reflexão coletiva de valores: liberdade, justiça, 
honestidade, respeito, solidariedade, fraternidade, comprometimento social; 
 
 Atua preventivamente em relação a situações e dificuldades próprios do cotidiano, 
promovendo condições que favoreçam o desenvolvimento do aluno; 
 
 Promove palestras de interesse e importância aos alunos; 
 
 Conduz o processo de sondagem de habilidades e interesses oportunizando ao 
aluno o conhecimento das diferentes profissões e o mundo do trabalho, de forma 
que possa preparar-se para a vida em comunidade (SOUZA, 2010). 
 
 
 
 
26 
 
Família: 
 
 Esclarece a família quanto às finalidades e funcionamento do SOE (Serviço de 
Orientação Educacional); 
 
 Orienta a família sobre o desenvolvimento dos alunos sempre que se fizer 
necessário, realizando reuniões com os pais juntamente com a Equipe 
Pedagógica; 
 
 Relaciona-se com os pais e familiares dos alunos de forma que desenvolva a 
participação ativa dos mesmos na escola; 
 
 Compromete-se com a integração pais e escola, professores e pais e pais e filhos; 
 
 Acompanha o aluno e sua família nas possíveis dificuldades, encaminhando-os a 
outros especialistas se necessário; 
 
 Atende os especialistas multidisciplinares que por ventura, realizem qualquer tipo 
de acompanhamento com os alunos (SOUZA, 2010). 
 
Professores: 
 
 Fornece ficha de encaminhamento para o professor formalizar a solicitação de 
acompanhamento dos alunos; 
 
 Mantém os professores informados quanto às atitudes e acompanhamentos do 
SOE junto aos alunos, principalmente quando esta atitude for solicitada pelo 
professor; 
 
 Coopera com o professor, estando sempre em contato com ele, auxiliando-o na 
compreensão do comportamento das classes e dos alunos em particular; 
 
27 
 
 Realiza intervenções pedagógicas junto à Coordenação, quando necessário. 
 
A orientação educacional, em sua trajetória, caracterizou-se por atuar quase que 
exclusivamente na resolução de problemas individuais dos alunos ou na orientação da 
escolha profissional. Segundo Grinspun, “a prática da orientação educacional deve ser 
vista como um processo ativo e dinâmico, como construção, produção de conhecimento, 
de saberes, de comunicações e interações”. 
Com esta evolução, não é mais possível pensar a orientação apenas como um 
serviço assistencialista onde se buscava resolver os problemas pessoais dos alunos ou, 
como um serviço contemporizador, chamado para intervir nos momentos de tensão ou 
conflito (visão ainda existente, hoje, em muitas escolas) (SOUZA, 2010). 
O momento atual instiga o orientador a assumir em sua prática uma nova 
abordagem, voltada para a construção de um cidadão mais comprometido com o seu 
tempo. Sua ação precisa estar direcionada para compreender o desenvolvimento do 
aluno, do ponto de vista cognitivo, da afetividade, da tomada de decisão, da sua inserção 
social. Os sentimentos permeiam todo o processo pedagógico, não existe ação ou 
pensamento que venha desvinculado dos sentimentos. 
A escola constrói sua proposta pedagógica, mas esta tem que estar em 
consonância com a realidade social. A sociedade atual exige um novo indivíduo, 
comprometido e crítico, que saiba conquistar seu espaço. A nova concepção de 
educação também exige um educador engajado, participativo e atuante. 
O orientador educacional deve estar comprometido com o desenvolvimento do 
processo pedagógico da escola e com toda a comunidade escolar para que, através 
desta articulação e reflexão, se construam novas propostas de ação. O papel do 
orientador é auxiliar o educador a estabelecer vínculos de sua prática cotidiana com a 
realidade mais ampla. É o elo entre os alunos e a escola, favorecendo o processo de 
integração escola-família-comunidade (SOUZA, 2010). 
A construção de uma parceria entre orientador, supervisor, professores e direção, 
redimensiona as práticas pedagógicas, pois encontra a solução dos problemas no 
coletivo, através do diálogo e do planejamento de acordo com a realidade, visando 
alcançar os objetivos propostos e uma maior qualidade na aprendizagem. Caminha-se 
 
28 
 
em busca de uma ação reflexiva na qual orientadores, supervisores e professores 
examinam, questionam e avaliam criticamente a sua prática. Os professores que se 
prendem somente a sua prática, sem uma reflexão mais rigorosa sobre ela, acomodam-
se a uma única perspectiva, aceitam, sem críticas, o cotidiano nas escolas. 
O orientador educacional caracteriza-se como mediador e articulador do 
processo educativo, priorizando a construção de uma escola participativa e 
transformadora desta sociedade individualista, excludente e discriminatória (SOUZA, 
2010). 
É um dos profissionais mais procurados para ajudar na solução de problemas, 
principalmente quando diz respeito a questões de indisciplina, sexualidade, uso de 
drogas, gravidez precoce e indesejada, violência, abuso sexual contra crianças e 
adolescentes, doenças sexualmente transmissíveis, enfim, buscam neste profissional 
informação e ajuda sobre fatos concretos relacionados ao cotidiano da escola e do aluno. 
Paulo Freire diz: “O mundo não é. O mundo está sendo”. Assim devemos olhar a ação 
do orientador educacional, buscando no cotidiano a criação do novo, de formas 
alternativas de atuação, comprometidas com a construção de saberes que rompam com 
as velhas estruturas de conhecimento prontas e acabadas. Desta forma, buscar-se-á 
transcender para uma visão não excludente, mas que desperte no aluno a alegria do 
descobrir, do recriar e de ser cientista do seu próprio processo, de ser o arquiteto de sua 
própria vida (SOUZA, 2010). 
Uma reportagem apresentada pela revista Nova Escola (março/2003) ressalta 
algumas atribuições no Orientador Educacional. Segundo esta reportagem, na instituição 
escolar, 
o orientador educacional é um dos profissionais da equipe de gestão. Ele trabalha 
diretamente com os alunos, ajudando-os em seu desenvolvimento pessoal; em 
parceria com os professores, para compreender o comportamento dos 
estudantes e agir de maneira adequada em relação a eles; com a escola, na 
organização e realização da proposta pedagógica; e com a comunidade, 
orientando, ouvindo e dialogando com pais e responsáveis. 
Destaca-se ainda neste texto, que a remuneração do orientador profissional é 
semelhante à do professor, porém suas funções são distintas, uma vez que o professor 
em sala de aula está voltado para o ensino e aprendizagem, e o Orientador Educacional 
 
29 
 
não possui um currículo a seguir, sendo sua função voltada à formação permanente dos 
alunos no que diz respeito a valores, atitudes, emoções e sentimentos, analisando e 
criticando quando necessário (SOUZA, 2010). 
Outro ponto importante, segundo o texto é que, embora o que foi citado acima 
seja papel fundamental do orientador educacional, muitas escolas não têm mais esse 
profissional na equipe, o que não significa que não exista alguém desempenhando as 
mesmas funções pois, "qualquer educador pode ajudar o aluno em suas questões 
pessoais". Porém, não se pode confundir professor com psicólogo escolar. 
O texto traz, ainda, que o orientador educacional lida mais com assuntos que 
dizem respeito a escolhas, relacionamento com colegas, vivências familiares. Sendo 
assim, o papel do orientador educacional dentro da escola se faz necessário para que 
haja uma melhor integração entre escola-família-aluno (SOUZA, 2010). 
 
3 A RELAÇÃO PROFESSOR–ALUNO NA PERSPECTIVA DA APRENDIZAGEM 
Tendências pedagógicas distintas, marcadas por condicionantes sociopolíticos, 
determinam os múltiplos arranjos do trabalho pedagógico. Isso ocorre porque, ao assumir 
diferentes concepções de homem, de educação e de sociedade, o professor organiza o 
seu trabalho de maneira a ser coerente com as suas ideias (ALBUQUERQUE,2010). 
Um dos aspectos do trabalho pedagógico influenciados pelas diferentes 
tendências pedagógicas é a relação professor–aluno, que você vai estudar aqui. 
3.1 A relação professor–aluno nos pensamentos liberal e progressista 
De acordo com Libâneo (1989), as práticas escolares são as condições que 
asseguram a realização do trabalho docente. Segundo o autor, essas condições são 
determinadas por diferentes condicionantes sociopolíticos, que por sua vez levam a 
diversas concepções de homem e sociedade. 
 
30 
 
As distintas concepções de homem e de sociedade decorrentes dos 
condicionantes sociopolíticos configuram diferentes ideias sobre o papel da escola, da 
aprendizagem, da relação professor–aluno e das técnicas pedagógicas. 
Essas concepções interferem, implícita ou explicitamente, na organização do 
trabalho docente, na escolha dos conteúdos, dos materiais e das estratégias utilizadas, 
bem como na seleção das técnicas e instrumentos de avaliação. Libâneo (1989) afirma 
que, de acordo com a posição adotada em relação aos condicionantes sociopolíticos da 
escola, as tendências pedagógicas podem ser classificadas em liberais e progressistas. 
A seguir, você vai conhecer melhor cada uma dessas categorias. 
 
3.1.1 Pedagogia liberal 
Segundo Queiroz e Moita (2007), as tendências pedagógicas liberais surgiram 
no século XIX, sob a infl uência das ideias da Revolução Francesa (1789), do liberalismo 
ocidental e do capitalismo. Libâneo (1989, p. 6) destaca a influência do capitalismo na 
formação do pensamento liberal: “[...] ao defender a predominância da liberdade e dos 
interesses individuais na sociedade, [o capitalismo] estabeleceu uma forma de 
organização social baseada na propriedade privada dos meios de produção, também 
denominada sociedade de classes”. 
A concepção pedagógica baseada nesse tipo de pensamento, chamada de 
“pedagogia liberal”, atribui à escola a função de preparar os indivíduos para o 
desempenho de seus papéis sociais de acordo com as aptidões individuais. Nesse 
contexto, o desempenho dos papéis sociais pressupõe a adaptação aos valores e às 
normas vigentes na sociedade de classes. 
De acordo com Queiroz e Moita (2007), os liberais consideravam que a educação 
e o saber já produzidos eram mais importantes do que a experiência vivenciada pelos 
educandos no processo de aprendizagem. Por isso, eles contribuíram para a manutenção 
do conhecimento como instrumento de dominação. Em linhas gerais, na pedagogia 
liberal, a relação professor–aluno é pautada pela autoridade incontestável do primeiro e 
pela obediência do segundo. O professor é a autoridade na sala de aula. Já o aluno atua 
 
31 
 
como receptor passivo dos conhecimentos historicamente construídos pela humanidade 
e transmitidos pelo professor (LIBÂNEO, 1989). 
Em diferentes momentos, o pensamento pedagógico liberal assumiu 
características distintas, que trouxeram implicações para a relação professor–aluno. Com 
base nessas características, a pedagogia liberal se divide em: tradicional, renovada 
progressivista, renovada não diretiva e tecnicista (LIBÂNEO, 1989). 
 
3.1.2 Pedagogia progressista 
Segundo Libâneo (1989), as tendências pedagógicas progressistas surgiram a 
partir de uma análise crítica das realidades sociais, sustentando as finalidades 
sociopolíticas da educação. A escola passa a ser vista, de maneira crítica, como a 
reprodutora dos interesses das classes dominantes (LIBÂNEO, 1989). 
Em linhas gerais, nas pedagogias progressistas, a relação professor–aluno deixa 
de ser vertical e passa a ser horizontal. O professor deixa de ser visto como detentor 
absoluto do saber. Por sua vez, o aluno passa a refletir sobre a sua realidade e sobre a 
sua condição de oprimido; consequentemente, ele passa a lutar pela sua libertação. 
Segundo Libâneo (1989), a pedagogia progressista se manifesta em três tendências: a 
libertadora, a libertária e a crítico-social dos conteúdos (LIBÂNEO, 1989). 
 
3.2 A relação professor–aluno em diferentes momentos da educação escolar 
Como você já viu, em diferentes momentos da educação escolar, a relação 
professor–aluno assumiu características diversas. A seguir, você vai verificar como essa 
relação foi influenciada pelas tendências pedagógicas liberais e pelas tendências 
pedagógicas progressistas (LIBÂNEO, 1989). 
 
 
32 
 
3.2.1 Tendências pedagógicas liberais 
A tendência pedagógica liberal tradicional caracteriza-se pelo ensino 
humanístico, de cultura geral, no qual o aluno é educado para atingir, pelo próprio esforço, 
a sua plena realização pessoal. Os conteúdos, as estratégias didáticas e a relação 
professor–aluno não se relacionam nem com o cotidiano do aluno, nem com a sua 
realidade social. Há um predomínio da autoridade do professor, da obediência às regras 
e da valorização dos aspectos intelectuais da aprendizagem. 
Segundo Libâneo (1989), no relacionamento professor–aluno, o professor é visto 
como autoridade absoluta e como transmissor do conteúdo. O aluno é um receptor 
passivo dos conteúdos transmitidos. A disciplina é imposta, impedindo qualquer tipo de 
conversa com os colegas e qualquer relação de caráter afetivo com o professor. 
Veja o que afirma Mizukami (1992, p. 14): 
A relação professor–aluno é vertical, sendo que um dos polos (o professor) detém 
o poder decisório quanto à metodologia, conteúdo, avaliação, forma de interação 
na aula, etc. Ao professor compete informar e conduzir seus alunos em direção 
a objetivos que lhes são externos, por serem escolhidos pela escola e/ou pela 
sociedade em que vivem e não pelos sujeitos do processo. 
Cabe ao aluno, então, acatar as decisões tomadas e seguir as prescrições 
impostas. A tendência liberal renovada defende que o sentido da cultura é o 
desenvolvimento das aptidões individuais. A educação é vista como um processo interno 
que parte das necessidades e dos interesses individuais exigidos para a adaptação do 
sujeito ao meio. Como tal, ela é parte da experiência humana. 
Essa tendência pedagógica propõe que as práticas educativas valorizem: o aluno 
como sujeito do conhecimento; a experiência direta do sujeito da aprendizagem sobre o 
meio; e a centralização do ensino no aluno e no grupo (LIBÂNEO, 1989). 
A tendência liberal renovada apresenta duas versões distintas: a renovada 
progressista e a renovada não diretiva. A tendência liberal renovada progressista (ou 
pragmática) atribui à escola o papel de adequar as necessidades individuais ao meio 
social. Logo, a escola deve se organizar para retratar a vida da melhor maneira possível. 
Nessa perspectiva, não há um lugar privilegiado para o professor. Cabe a ele auxiliar o 
 
33 
 
desenvolvimento livre e espontâneo dos educandos. Suas intervenções visam a dar 
forma ao raciocínio do educando (LIBÂNEO, 1989). 
Assim, a disciplina deixa de ser imposta e passa a ser construída a partir da 
tomada de consciência dos limites da vida grupal. O aluno disciplinado deixa de ser 
aquele que é obediente e passa a ser aquele que é solidário, participante e capaz de 
respeitar as regras do grupo. Ademais, o bom relacionamento entre o professor e os 
alunos é considerado indispensável para um clima harmônico e para a vivência 
democrática, aspectos necessários à vida em sociedade. 
Já a tendência liberal renovada não diretiva visa ao aprimoramento pessoal dos 
indivíduos e ao desenvolvimento de relações interpessoais. Portanto, a escola assume 
um papel fundamental no desenvolvimento das atitudes necessárias para a adequação 
pessoal dos alunos às solicitações da sociedade. Isso faz com que a escola se volte mais 
para as questões psicológicas dos alunos do que para as questões pedagógicas e sociais 
(LIBÂNEO, 1989). 
Nessa perspectiva, a educação é centrada no aluno. Objetiva-se a formação da 
personalidade do estudante por meio de vivências significativas que lhe permitam 
desenvolver as características inerentes à sua natureza. O professorassume o papel de 
especialista em relações humanas, visando a garantir o clima de relacionamento pessoal 
autêntico. Nesse contexto, as intervenções docentes são vistas como ameaçadoras e 
inibidoras da aprendizagem. 
A tendência liberal tecnicista subordina a educação à sociedade e determina ao 
ensino escolar a função de preparar a mão de obra, sobretudo para a indústria. As metas 
econômicas, sociais e políticas são estabelecidas pela sociedade industrial e tecnológica, 
cabendo à educação treinar os alunos para apresentar os comportamentos necessários 
para que as metas sejam atingidas. 
Nesse contexto, a relação professor–aluno é estruturada e objetiva, com papéis 
bem definidos. Veja: 
[...] o professor administra as condições de transmissão da matéria, conforme um 
instrucional eficiente e efetivo em termos de resultados da aprendizagem; o aluno 
recebe, aprende e fixa as informações. O professor é apenas um elo de ligação 
entre a verdade científica e o aluno, cabendo-lhe empregar o sistema instrucional 
previsto. O aluno é um indivíduo responsivo, não participa da elaboração do 
 
34 
 
programa educacional. Ambos são espectadores frente à verdade objetiva 
(LIBÂNEO, 1989, p. 18). 
Em suma, a comunicação entre o professor e os alunos assume um caráter 
exclusivamente técnico, visando a garantir a eficácia da transmissão dos conhecimentos. 
Outras formas de comunicação são consideradas desnecessárias (LIBÂNEO, 1989). 
 
3.2.2 Tendências pedagógicas progressistas 
Para a tendência progressista libertadora, a educação é uma atividade na qual 
professores e alunos desenvolvem uma consciência crítica acerca da realidade, a fim de 
buscarem meios para promover transformações. Esse processo protagonizado por 
docentes e estudantes é mediatizado pela própria realidade, da qual eles apreendem e 
extraem os conteúdos da aprendizagem. 
Nesse contexto, a relação professor–aluno passa a ser horizontal e dialógica. O 
conhecimento de ambos é valorizado, e educador e educandos são vistos como sujeitos 
que aprendem e ensinam no processo de construção de novos saberes. Além disso, não 
existe qualquer relação de autoridade. A principal função do educador é fazer com que o 
espaço educativo acolha e valorize os conhecimentos e as vozes dos alunos. 
Por sua vez, a tendência progressista libertária vê como função da escola 
transformar a personalidade dos alunos, em um sentido libertário e autogestionário. A 
escola se constitui, então, como um espaço embrionário para as modificações que depois 
deverão ocorrer na sociedade (LIBÂNEO, 1989). 
No contexto escolar, são criados, com base na participação grupal, mecanismos 
institucionais de mudança, como assembleias, conselhos, eleições, reuniões, 
associações, etc. A relação professor–aluno é pautada pela não diretividade, uma vez 
que todos os métodos à base de obrigações e ameaças são considerados nocivos e 
ineficazes. O professor é visto como um orientador e um catalizador dos processos de 
aprendizagem, colocando-se como parte do grupo, disponível para uma reflexão comum. 
Em alguns momentos, o professor se coloca na função de conselheiro ou de instrutor-
monitor, dependendo das solicitações dos estudantes. 
 
35 
 
Na tendência progressista crítico-social dos conteúdos, a escola é considerada 
necessária para a preparação do aluno para o mundo adulto, marcado por contradições. 
Assim, a educação é responsável por fornecer instrumentos para a participação ativa e 
organizada dos estudantes na democratização da sociedade. Os conteúdos escolares 
são vistos como fundamentais para essa preparação, desde que estejam vinculados à 
realidade social na qual o educando está inserido (LIBÂNEO, 1989). 
Nesse contexto, a relação professor–aluno é uma relação de troca. O professor 
tem um papel fundamental como mediador entre os alunos e os objetos de conhecimento. 
Para realizar essa mediação, o professor deve levar em consideração os conhecimentos 
e as vivências dos alunos. 
 
4 GESTÃO DE CONFLITOS NA ESCOLA 
Como você sabe, a formação escolar é importante para o aprendizado de 
conhecimentos necessários à vida em sociedade. Entretanto, a formação escolar para o 
século XXI não se dá somente por meio da aprendizagem dos conteúdos. Atualmente, o 
processo de escolarização deve prever o desenvolvimento de habilidades e 
competências relacionais e interpessoais, que possibilitam ao ser humano conviver com 
o outro (LIBÂNEO, 1989). 
4.1 Clima escolar e cultura da escola 
Segundo Moreira e Candau (2003), o que caracteriza o universo escolar é a 
relação entre as culturas, atravessada por tensões e conflitos. Portanto, um dos grandes 
desafios da escola é a gestão de um espaço em que diferentes culturas coexistem. Como 
você já sabe, as pessoas que convivem no universo escolar têm papéis distintos dentro 
da organização, além de diferentes experiências e pontos de vista. Nesse sentido, as 
relações de cada sujeito dentro do espaço coletivo contribuem para a construção da 
cultura singular de cada instituição de ensino. 
 
36 
 
Fatores geográficos, sociais, econômicos, mitos, crenças, valores e preconceitos, 
entre outros elementos, interferem e fazem parte da cultura da escola. Os sujeitos 
simultaneamente influenciam e são influenciados pelo ambiente. Assim, as intensas, 
ativas e singulares relações formam a cultura escolar. A partir dessa noção, é possível 
inferir que cada escola representa uma unidade distinta e específica. Mesmo tendo 
aspectos e características em comum com outras, cada escola é singular e tem a sua 
própria cultura, os seus valores, o seu modo de ser e de agir, construído ao longo dos 
tempos e por todos os que atuam nela. A cultura gera estabilidade para o ambiente 
escolar (LIBÂNEO, 1989). 
Cada escola desenvolve a sua identidade, que se revela em seus documentos 
organizadores, como o projeto político-pedagógico, o regimento interno e os planos 
escolares. Além disso, essa identidade pode se revelar por meio das ações das pessoas, 
que nem sempre se fundamentam no que é proposto pelos documentos (LIBÂNEO, 
1989). 
Os conceitos de cultura e clima escolar se permeiam e se relacionam, não sendo 
possível separá-los. Você deve notar que, quando se fala em clima escolar, estão em 
jogo as percepções que os diferentes sujeitos têm das relações e experiências que 
ocorrem na escola. Isso envolve vários fatores, desde a infraestrutura física e 
administrativa até as normas, os valores e os objetivos de cada instituição. Considere o 
seguinte: 
O clima corresponde às percepções dos docentes, discentes, equipe gestora, 
funcionários e famílias, a partir de um contexto real comum, portanto, constitui-
se por avaliações subjetivas. Refere-se à atmosfera psicossocial de uma escola, 
sendo que cada uma possui o seu clima próprio. Ele influencia a dinâmica escolar 
e, por sua vez, é influenciado por ela e, desse modo, interfere na qualidade de 
vida e na qualidade do processo de ensino e de aprendizagem (VINHA; MORAIS; 
MORO, 2017, documento on-line) 
O clima pode ser sentido de diversas formas. O gestor precisa estar atento a 
diferentes indicadores dentro da escola. Por exemplo, se uma escola apresenta muitas 
grades e trancas, se as portas estão sempre fechadas, se o atendimento ao público é 
protocolar e se nas salas de aula o silêncio é extremo, é possível desenvolver 
determinada percepção desse espaço. Já se dada escola tem um ambiente acolhedor e 
 
37 
 
assertivo, poucas grades e portas, além de salas de aula com alunos e professores 
trabalhando conjuntamente, a percepção é outra (LIBÂNEO, 1989). 
O clima escolar é uma identidade coletiva e está relacionado com a eficácia geral 
da escola. Um bom clima impacta positivamente os resultados educacionais. Já o clima 
negativo é um fator de risco, impacta negativamente a qualidade de vida escolar e, 
consequentemente, os resultados de alunos e professores. Além disso, gera 
insegurança,incerteza e medo, colaborando para o surgimento de problemas de 
natureza comportamental, como a indisciplina, a violência e o bullying. 
Lück (2017) realiza uma comparação entre os conceitos de clima e cultura 
organizacional, como você pode ver no Quadro abaixo, a seguir. 
 
 
 
Fonte: Adaptado de Lück (2017) 
O clima escolar pode ser organizado em dimensões, o que facilita a sua 
compreensão, bem como a observação e a intervenção. Há diferentes formas de 
organizar essas dimensões, o que depende do pesquisador responsável. Cunha e Costa 
(2009) organizam o clima em cinco dimensões que se relacionam entre si: clima 
relacional, clima educativo, clima de segurança, clima de justiça e clima de pertencimento 
(LIBÂNEO, 1989). 
 
38 
 
Nessa perspectiva, o clima relacional diz respeito ao relacionamento entre as 
pessoas que integram a escola e a sua comunidade. Por sua vez, o clima educativo está 
atrelado ao desenvolvimento e à aprendizagem. Já o clima de segurança está vinculado 
à confiança e à ordem estabelecida na escola. O clima de justiça está ligado à 
transparência, à equidade, aos direitos e aos deveres. Por fim, o clima de pertencimento 
se constitui por meio de todas as dimensões indicadas. 
Mais recentemente, Vinha, Morais e Moro (2017) organizaram o estudo do clima 
escolar em oito dimensões que se inter-relacionam. Veja: 
 
 as relações com o ensino e com a aprendizagem; 
 
 as relações sociais e os conflitos na escola; 
 
 as regras, as sanções e a segurança na escola; 
 
 as situações de intimidação entre alunos (somente para estudantes); 
 
 a família, a escola e a comunidade; 
 
 a infraestrutura e a rede física da escola; 
 
 as relações com o trabalho; 
 
 a gestão e a participação. 
 
É importante você refletir sobre o cotidiano de uma escola, verificando se as 
relações interpessoais são extremamente hierarquizadas, se as regras são impostas, se 
há predomínio e valorização de uma cultura em detrimento de outras, se há indícios de 
discriminações e preconceitos, se a participação é precária ou seletiva, se há diálogo, se 
os problemas são tratados de forma velada, se o clima tende a ser negativo e se os 
reflexos de um clima negativo levam a situações de violência (física e simbólica, com 
 
39 
 
incivilidades e até agressões). Também é importante questionar se há bullying, evasão 
escolar, pouco envolvimento dos alunos no processo de aprendizagem, assim como se 
os resultados ficam aquém do projetado (LIBÂNEO, 1989). 
Pessoas de qualquer faixa etária que frequentam diariamente um ambiente com 
clima ruim sofrem influências que se refletem no modo como convivem umas com as 
outras. Além disso, há reflexos na aprendizagem e principalmente na construção da 
identidade individual. Diante desse contexto, você pode notar que o clima da escola 
interfere diretamente na qualidade de vida das pessoas. Assim, o clima negativo é um 
fator de risco para o surgimento de diferentes tipos de violência (LIBÂNEO, 1989). 
Contudo, é possível desenvolver um clima escolar positivo, e a literatura indica 
alguns princípios essenciais para que as escolas sigam por essa trilha. Um dos 
pressupostos de um clima positivo é a participação real das pessoas, mediada por 
princípios democráticos. Ou seja, é necessário valorizar a escuta, o diálogo, o 
protagonismo e a ousadia para a efetiva transformação, com vistas ao desenvolvimento 
intelectual, social, emocional e ético dos alunos. Portanto, é fundamental desenvolver os 
pilares da educação, pois é necessário aprender a conviver e a ser (LIBÂNEO, 1989). 
Para tanto, é importante responder a uma questão essencial: para que serve a 
escola? Na contemporaneidade, a diversidade que existe na escola pode ser a promotora 
de riqueza nas relações, impulsionando a reflexão (individual e coletiva), a empatia e o 
autoconhecimento. Nesse sentido, a construção de um clima escolar favorável não está 
alicerçada na adaptação do aluno às regras da escola, mas na organização conjunta de 
normas que promovam a aprendizagem e o desenvolvimento integral dos estudantes. 
Na ação cotidiana, é importante que o gestor, a principal liderança da escola, 
entenda que as diferenças de percepções entre os grupos que convivem no ambiente 
escolar são pontos de partida para o desenvolvimento de diálogos efetivos e construtivos. 
Isso tudo é fundamental para um clima escolar positivo. Tal clima fomenta o ensino e a 
aprendizagem. Se ele existe, as pessoas atuam de forma motivada e eficaz, buscando 
metodologias que promovam a aprendizagem de todos os alunos (LIBÂNEO, 1989). 
Vinha, Morais e Moro (2017) listam algumas características das escolas com 
clima positivo. Veja: 
 
 
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 bons relacionamentos interpessoais; 
 
 senso de comunidade, por meio do qual se estabelecem relações de 
confiança, cooperação e respeito mútuo; 
 
 ambientes de aprendizagem com decisões compartilhadas, ou seja, as 
aprendizagens se dão de maneira colaborativa; 
 
 espaços de participação real e efetiva, o que faz com que todos se sintam 
pertencentes à escola; 
 
 senso de justiça, segundo o qual todos compreendem que as regras são 
necessárias e devem ser obedecidas, e que as sanções, caso sejam 
aplicadas, serão justas; 
 
 indivíduos que se sentem seguros, apoiados, engajados e desafiados de 
maneira respeitosa. 
 
4.2 A gestão de conflitos no cotidiano escolar 
A palavra “conflito” remete a situações negativas, desestabilização, brigas e 
confrontos. Aliás, os dicionários mais tradicionais induzem esse entendimento, pois, ao 
definirem o termo “conflito”, remetem à ausência de entendimento, à oposição violenta 
entre duas ou mais partes, a um encontro violento entre dois ou mais corpos que se opõe 
ou divergem. Esse conceito de conflito tem em sua origem uma visão de mundo 
monocultural. Nesse sentido, o que diverge dessa concepção de mundo precisa ser 
extirpado e/ou corrigido (LIBÂNEO, 1989). 
Contudo, o gestor escolar deve desconstruir esses preconceitos e práticas, pois, 
para início de conversa, o conflito nem sempre é negativo. Por isso, é relevante 
ultrapassar o conceito tradicional de conflito e entendê-lo como um processo de inclusão 
 
41 
 
em que diferentes olhares, pontos de vista e posicionamentos são considerados para a 
adoção de ações adequadas e positivas, capazes de solucionar problemas. Como você 
sabe, os conflitos fazem parte das relações humanas. Portanto, a escola precisa 
identificá-los para solucioná-los de forma pacífica. É por isso que a gestão da escola deve 
estar atenta, pois as ações têm de ser pautadas em um processo educativo, restaurativo 
e inclusivo. Essa é a essência da escola, ou seja, ela é um lócus privilegiado de formação 
da pessoa humana (LIBÂNEO, 1989). 
É importante você entender que há diferentes situações que colocam em risco o 
clima escolar: a violência, a transgressão e a incivilidade. No caso da violência, há uso 
de ameaça ou força no cometimento de delitos. Já a transgressão consiste em 
comportamentos contrários aos previamente estabelecidos, o que pode ser refletido em 
não participação nas atividades escolares e no absenteísmo, por exemplo. Por sua vez, 
a incivilidade implica comportamentos prejudiciais à convivência no espaço escolar, pois 
envolve falta de respeito, grosserias e desordens. As atitudes de incivilidade perturbam 
o ambiente acolhedor, sendo muito comuns nas escolas. Elas são atitudes contrárias às 
boas maneiras e atrapalham o convívio coletivo. Portanto, nenhuma dessas situações 
estimula o estabelecimento de um clima de confiança e segurança (LIBÂNEO, 1989). 
O conceito de violência é complexo, pois abrange desde pequenas incivilidades 
até agressões físicas graves. No contexto escolar, é possível identificar três tipos de 
violência: a violência na escola, a violência à escola e a violência da escola. 
Naturalmente, a violência não é algo aleatório; ela é construída

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