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REBECA KRUSE MED10 Anemias das doenças sistêmicas Anemia de doenças crônicas (ADC): Secundária a estados inflamatório crônicos, doenças autoimunes e processos infecciosos, câncer *Nem todas doenças sistêmicas crônicas aumentam os mediadores séricos de citocinas Está presente na maioria dos cânceres e neoplasias, sejam eles hematológicos ou não 2ª causa mais frequente de anemia Principal causa de anemia em pacientes internados, principalmente pacientes graves e internados em UTI Etiologia multifatorial → desequilíbrio do metabolismo do ferro, encurtamento da sobrevida eritrocitária, inibição da hematopoiese e relativa deficiência de eritropoetina Se caracteriza por uma falha da medula óssea em aumentar a eritropoiese para compensar a menor sobrevida das hemácias Anemia geralmente leve a moderada; normocítica e normocrômica *alguns casos podem ser microcíticas ou macrocíticas, mas em geral, são normocítica PATOLOGIAS ASSOCIADAS A ANEMIA DE DOENÇAS CRÔNICAS (ADC): FISIOPATOLOGIA: O processo inflamatório persistente que ocorre nas doenças inflamatórias crônicas e neoplasias leva a um aumento dos níveis de citocinas inflamatórias As principais citocinas envolvidas, são: interleucina 1 (IL-1), interleucina 6 (IL-6), fator de necrose tumoral (FNT) e interferons α, β e γ. Esses processo inflamatório persistente + o aumento das citocinas, levam ao aumento da produção da hepcidina e diminuição da eritropoetina, e consequentemente produção inadequada de hemoglobina na medula óssea A hepcidina inibe a absorção de ferro pelo intestino delgado e inibe também a liberação de ferro reciclado pelos macrófagos (sequestro no sistema reticulo- endotelial) Resulta em um desequilíbrio no metabolismo do ferro: Baixa concentração de ferro sérico → esse nível sérico baixo não é decorrente de perda\consumo do ferro e sim porque aquele ferro não é absorvido pelo intestino e não é liberado para a circulação sanguínea Quantidade normal ou aumentada nos depósitos, pois o ferro fica mais acumulado no organismo (ferritina), reduzindo a síntese de hemoglobina FNT e IL-1 limitam a incorporação do ferro nos eritrócitos e induzem a ativação do sistema fagocitário mononuclear DIAGNÓSTICO: É feito por exclusão → excluir causas, como: deficiências nutricionais, hemólise, insuficiência renal e medula óssea alterada por fibrose ou infiltração Geralmente a ADC levam a uma anemia leve a moderada: Hb em torno de 10g/dL 60-70% dos casos de ADC são normocítica e normocrômica e 30-40% (mas podem existir alguns casos que possam ser microcítica e hipocrômica, principalmente se ferropenia associada) O QUE CARACTERIZA A ADC É: Ferro sérico baixo + ferritina normal ou alta (ferro armazenado) *pelo aumento da hepcidina FERROPRIVA X ADC: REBECA KRUSE MED10 TRATAMENTO: Trata doença de base → quando eficaz, há diminuição da hepcidina, e associa-se à melhora do quadro hematológico Quando paciente sintomático, associada a níveis mais baixos de hemoglobina (<8) ou quando ocasionar limitação funcional ao paciente, o tratamento é feito a partir de transfusões de concentrados de hemácias Administração de eritropoetina é uma alternativa às transfusões: 50-150mcg/kg Subcutânea 3x semana → 4000 UI 3x\ semana *ameniza o quadro mas, pelo mecanismo da hepcidina, os valores de Hb não chegam à normalidade Anemia da insuficiência renal: Envolvem todas linhagens hematopoiéticas e hemostasia A anemia está sempre presente na IR aguda e crônica, independente da etiologia Hipoproliferação da eritropoetina e à hemólise A reduzida produção de eritrócitos deve-se essencialmente à concentração baixa de eritropoetina sérica ALTERAÇÕES RENAIS: Retenção plasmática de inibidores da hematopoiese pela uremia (espermina, hormônios da paratireoide, lipoproteínas séricas) → contribuem para hipoproliferação eritróide, inibindo a célula progenitora ou a síntese de hemoglobina) Componente hemolítico → defeito extracorpuscular pela uremia Sangramento digestivos e expoliação pela hemodiálise → deficiência de ferro e folato CAUSAS DE ANEMIA DA IR PASSÍVEIS DE CORREÇÃO: É uma anemia normocítica normocrômica, como todas as anemias de doenças crônicas Hemácias na forma de equinócitos e acantócitos são frequentes Fragmentos eritrocitários (esquizócitos) quando componente microangiopático está presente TRATAMENTO: Reposição de eritropoetina recombinante (subcutânea): 50-150mcg/kg 3x semana Quando pacientes sintomáticos e apenas a eritropoetina não é suficiente para reverter o quadro: fazer transfusões de concentrados de hemácias Suplementação de ferro, folato, correção do hipopatireoidismo, prevenção da intoxicação por alumínio → contribuem para melhor correção da anemia Anemia da hepatopatia crônica: Anemia leve a moderada Normocítica (maioria - 75% dos casos) Mas podem ser macrocíticas (acantócito pode levar ao aumento das hemácias) Pode ser decorrente diretamente da doença hepática, ou por um principal um distúrbio associado (etilismo, sangramento digestivo) Causa mais comum: hepatopatia alcoólica Maioria dos casos: hemodiluição, como resposta à retenção hidrossalina característica da hipertensão portal FISIOPATOLOGIA: REBECA KRUSE MED10 Na hepatopatia crônica existem duas causas principais que levam a anemia: 1. Redução da vida média das hemácias 2. Redução da resposta à eritropoetina Multifatorial: hiperesplenismo (esplenomegalia congestiva), alteração no metabolismo eritrocitário (hemácias instáveis), alteração na composição lipídica das membranas, com aumento do teor de colesterol e lecitina (acantócitos) *Acantócitos no esfregaço de sangue periférico são associados a anemia da hepatopatia crônica Anemias das doenças endócrinas: Acompanham doenças da tireoide, suprarrenais, paratireoides, gônadas e hipófise HIPOTIREOIDISMO (principal): Maioria: anemia normo\normo ou ligeiramente macrocítica Há uma redução da eritropoiese pela menor necessidade de oxigênio A reposição do hormônio corrige a anemia lentamente e o VCM se estabiliza após 4 meses HIPERTIREOIDISMO: 10-25% discreta anemia, normo\normo, podendo ser microcítica, mesmo sem deficiência de ferro (mecanismo desconhecido) HIPOPITUITARISMO: Anemia discreta (normo\ normo ou levemente macrocítica), relacionada à baixa concentração de hormônios tireoidianos, supra-renais e andrógenos HIPOGONADISMO E HIPERPARATIREOIDISMO: Habitualmente anemia discreta, sem expressão clínica Hemocromatose: Ferro: nutriente essencial, mas o excesso é potencialmente tóxico (normal: 3-4g) Presença de ferro livre é capaz de catalisar a formação de radicais livres, causando dano tecidual progressivo Acúmulo em órgãos vitais, ex: fígado Associado ao aumento do risco ou pior curso clínico de várias doenças: hepatite crônica, infecção pelo HIV, doença cerebral vascular e doença cardíaca CAUSAS DE SOBRECARGA DE FERRO: AUMENTO DE INGESTÃO OU GANHO DO FERRO: Múltiplas hemotransfusões (o ferro da transfusão será acumulado no organismo pois não tem um mecanismo fisiológico para ser excretado) Uso excessivo de ferro suplementar (reposição enteral, parenteral ou de ferro oral) Uso de medicações contendo ferro AUMENTO DA ABSORÇÃO GASTRINTESTINAL DO FERRO: Hemocromatose hereditária (erro no metabolismo do ferro que leva a um aumento da absorção gastrointestinal do ferro) Eritropoese ineficaz (hemoglobinopatia ou diseritropoese – que por levarem a uma eritropoese ineficaz, leva a um aumento da absorção do ferro) Hepatopatia (alcoólica, NASH, viral crônica) Hepatopatia autoimune gestacional (Hemocromatose Neonatal) Mutações dos reguladores (alterações do turnover de estoque de ferro) *Ferritina aumentada em pacientes com fatores de risco: associado ao aumento do risco cardiovascular SOBRECARGA DE FERRO PRIMÁRIA: REBECA KRUSEMED10 Existem várias mutações que levam a sobrecarga de ferro primária, que são as hemocromatoses genéticas\hereditárias Principal causa de hemocromatose hereditária: hemocromatose do adulto tipo 1 → famosa hemocromatose hereditária clássica e constituem mutações associadas ao gene HFE × Outras → hemocromatose 2A (hemocromatose em adolescentes, devido a mutação do gene hemojuvelina HJV) SOBRECARGA DE FERRO SECUNDÁRIA: Principal causa: sobrecarga de ferro transfusional Outras causas: × Sobrecarga de ferro parenteral × Sobrecarga de ferro eritropoiética (eritropoiese ineficaz) × Sobrecarga de ferro relacionado ao transplante de medula óssea CONSEQUÊNCIAS SOBRECARGA DE FERRO: Transferrina saturada de ferro, que passa a ligar com albumina, citrato, acetato Maior captação do ferro não ligado à transferrina (ferro livre) pelas células de tecidos e órgãos Cada transferrina pode se ligar a duas moléculas de ferro, com o excesso de ferro, a transferrina fica saturada e esse ferro passa a se ligar com outras moléculas O ferro começa a interagir com Peróxido de Hidrogênio, produzindo radicais livres → levam a todos os danos consequentes da sobrecarga de ferro Lesões de órgãos: danos sistêmicos (hepática, cardíaca, pancreática, gonadal, cutânea, articular) Acomete primeiro o fígado, levando a lesão hepática (insuficiência hepática e cirrose) Lesão cardíaca → cardiomiopatia por infiltração, IC, defeitos de condução Lesão pancreática → DM Lesão hipofisária ou gonadal → hipogonadismo Lesão cutânea → hiperpigmentação (cor amarronzada/alaranjada) Lesão articular → artropatia, condrocalcinose SUSPEITA CLÍNICA: História familiar de sobrecarga de ferro (parente que tem hemocromatose hereditária) Paciente com passado de múltiplas transfusões Ex: tranfusão de 20 bolsas de sangue → suspeita de uma sobrecarga de ferro (hemocromatose transfusional) Lesões inexplicadas nos órgãos alvo Ex: paciente que nunca bebeu, que não é portador de vírus B vírus C e de repente aparece com cirrose Achado incidental de aumento da Ferritina ou da Saturação de Transferrina INVESTIGAÇÃO: Os exames pedidos na investigação da suspeita de hemocromatose são: → Ferritina → Saturação de transferrina Se ferritina der normal ou baixa, não há sobrecarga de ferro → não tem aumento de ferro no organismo Se ferritina aumentada, pede a saturação de transferrina: Se o IST > 45% (alta): sobrecarga de ferro muito provável Se IST < 45%: sobrecarga de ferro muito improvável DEFINIÇÃO DE SOBRECARGA DE FERRO: FERRITINA: valor normal – 20 a 200mcg/L Em homens: ferritina > 400mcg/L sugere sobrecarga Em mulheres em idade reprodutiva: ferritina > 200mcg/L sugere sobrecarga *Ferritina mais baixa devido a perda menstrual mensal Mulher que não menstrua: considera o mesmo valor de referencial de homens (normal até 400) REBECA KRUSE MED10 Na hemocromatose, ferritina alcança valores > 2000mcg/L ÍNDICE DE SATURAÇÃO DE TRANSFERRINA: valor normal – 20-50% IST > 55-60% é altamente sugestivo de sobrecarga de ferro Ponto de corte atual para investigar: IST > 45% O IST elevado é o parâmetro mais precoce da doença e o exame mais sensível para o diagnóstico de sobrecarga de ferro *Ferritina é produzida no fígado, logo, alterações no fígado podem aumentar a ferritina Outras causas de aumento de ferritina → esteatose hepática, dislipidemia, síndrome plurimetabólica, hepatopatias (trata com mudanças no estilo de vida: dieta, controlar PA, etc) RESUMINDO: Diante de uma ferritina alta → pede ferro sérico e saturação de transferrina Se ferro sérico alto, ferritina alta e saturação de transferrina alta → sobrecarga de ferro IMAGENS NA SOBRECARGA DE FERRO: Ressonância Nuclear Magnética com Avaliação T2 estrela: É o exame inicial de escolha para definir sobrecarga de ferro em órgãos-alvo Capaz de avaliar quanto de sobrecarga de ferro tem em cada órgão Primeiro órgão a ser avaliado: Fígado, por 1° órgão que o ferro se acumula RNM T2* de abdome superior 3-7mg ferro por g de peso seco hepático Segunda escolha: Coração (sobretudo eritropoese ineficaz) RNM T* < 20 milissegundos Se < 10 milissegundos = sobrecarga cardíaca grave Biópsia: Exame padrão-ouro para diagnóstico de sobrecarga corporal de ferro: Alterado se >2g de ferro por g de peso seco hepático) Hoje em dia a RNM substitui a biopsia por ser um exame não invasivo A biopsia hepática é indicada quando: Necessidade de estimação mais precisa da sobrecarga hepática Definição diagnóstica precisa diante de outras suspeitas de hepatopatia Em Talassemia, avaliação pré-transplante de Medula Óssea *Pois se já tiver um comprometimento hepático importante, não adianta fazer o transplante de MO HEMOCROMATOSE SECUNDÁRIA: TRANSFUSIONAL: Eritropoiese ineficaz: Talassemias Anemias sideroblásticas hereditárias Algumas síndromes mielodisplásicas Acúmulo de ferro secundária a múltiplas transfusões e a própria medula absorve mais ferro Hiperplasia eritroide pode estimular absorção de ferro, causando sobrecarga e consequentes alterações clínicas Tratamento: Quelantes de ferro: retira Fe do organismo OBS: todas as causas de hemocromatose que tem como doença de base uma anemia e tratam com transfusão, o tratamento vai ser com medicamentos que quelem o ferro, já que não se pode tirar o sangue do paciente Cada unidade de concentrado de hemácias (que tem em média 400 ml de sangue) contém 200 a 250mg de ferro → transfusões múltiplas chegam a acumular 1g ferro/mês (equivalente a 4 bolsas de sangue) O ferro acumula-se inicialmente nas células reiculoendoteliais e, subsequentemente, atinge as células parenquimais do fígado, coração, pâncreas e tecido endócrino SOBRECARGA DE FERRO DA DOENÇA HEPÁTICA CRÔNICA: Observada em associação à cirrose não relacionada à doença hepática alcóolica, hepatite viral crônica e esteatose não alcoólica Mecanismo não é totalmente entendido Redução da síntese de transferrina na cirrose (aumento do ferro plasmático não ligado à transferrina), aumento da absor PORFIRIA CUTÂNEA TARDA: Forma mais comum de porfiria REBECA KRUSE MED10 Maioria dos pacientes apresentam anormalidades no metabolismo do ferro com ferritina e IST elevadas e biopsia hépatica com siderose Tratamento: Flebotomia (retirada do sangue) *mais rápido e eficiente do que a quelação de Fe HEMOCROMATOSE HEREDITÁRIA: Bloqueio da interrupção da entrada de ferro na circulação, de forma geneticamente determinada Herança autossômica recessiva → em homozigose, retém mais ferro Eritropoiese preservada → são formadas hemácias normais na medula óssea Ótima resposta à flebotomia TIPO 1: HEMOCROMATOSE HEREDITÁRIA CLÁSSICA: Mais comum Homozigotos < 1% da população Mutação gene HFE Idade: acima de 40 anos *atualmente o diagnóstico vem sendo mais precoce Aumento da absorção intestinal de ferro heme e não heme (a absorção não é regulada pelo estoque do mineral – podem absorver 2 a 4mg/dia) A alteração molecular mais frequente e associada a manifestações clínicas no gene HFE é o gene C282Y A mutação H6ED parece não ter uma associação tão forte com sobrecarga de ferro, apenas quando heterozigotos C282Y/H6ED *Paciente sabe que tem hemocromatose hereditária, tem ferritina alta, mas não tem acúmulo de Fe Homens 10: 1 mulheres Variabilidade de expressão fenotípica e de gravidade parece depender da alteração genética, idade, sexo e influencias ambientais (ferro na dieta, álcoolz Diagnóstico: Pesquisa de mutações genéticas de hemocromatose hereditária: investigar genes C282Y, H63D e S65C Se negativas e forte suspeita clínica, pesquisa-se mutações mais raras Homozigoto C282Y: confirma Hemocromatose Hereditária Heterozigoto C282Y/selvagem: menor risco de sobrecarga de fero Heterozigoto C282Y/H63D:60% tem sobrecarga, 30% são normais Homozigoto H63D: significado clínico incerto, maioria normal Heterozigoto H63D/selvagem: significado clínico incerto, maioria normal TIPO 2: HEMOCROMATOSE JUVENIL 2A E 2B: Herança autossômica recessiva Defeito genético: hemojuvelina (2A) ou hepcidina (2B) Acúmulo de ferro mais rápido, instalação precoce de complicações Idade média: abaixo dos 40 anos Manifestações clínicas: Dependem do grau de sobrecarga do ferro Primeiros anos de vida não há qualquer sinal ou sintoma Após décadas: sintomas inespecíficos como fraqueza, artralgia, impotência, dor abdominal A maioria dos distúrbios clínicos são reversíveis ao menos parcialmente Lesões irreversíveis: artropatia e DM Objetivo: remoção do ferro, prevenindo a progressão para lesão recidual irreversível Cada vez mais frequente o diagnóstico precoce em pacientes assintomáticos Hiperpigmentação cutânea generalizada (deposição de melanina na derme) DM: 30-60% HH avançada, sendo 705 insulino- dependentes Artralgias (segunda e terceira articulações metacarpofalangeanas) → frequência e gravidade aumenta com a idade, podendo aparecer ou piorar mesmo após remoção do excesso de ferro Hipogonadismo: impotência, atrofia testicular, perda de libido, amenorreia Cardiomiopatia: ICC com dilatação ventricular bilateral, arritmias, distúrbios de condução → causa frequente de morte Anormalidade hepáticas: hepatomegalia, elevação de transaminases Insuficiência hepática crônica ocorre nas fases mais tardias, com esplenomegalia, edema de MMII, ascite e icterícia mais comum do que a hipertensão portal OBS: a sobrecarga de ferro tem impacto na expectativa de vida e maior predisposição ao desenvolvimento de carcinoma hepatocelular PREDISPOSIÇÃO A INFECÇÕES: REBECA KRUSE MED10 Maior oferta de Fe não ligado à transferrina e possível disfunção de linfócitos CD8 e macrófagos Atração de bactérias sideróficas (atraídas por ferro): Listeria monocytogenes Yersinia enterocolitica Vibrio vulnifucus (adquiridas ao comer frutos do mar crus) *pcts com hemocromatose hereditária são orientados a não se alimentar de frutos do mar crus TRATAMENTO: Portadores assintomáticos com ferritinemia <1000mcg/L tem baixo risco de desenvolver complicações Apenas expectar se: Paciente com ausência de lesões em órgãos- alvo (a RNM não mostrou sobrecarga de ferro em nenhum órgão) Ferritinemia < 500mcg/L IST < 60% Acompanhar a cada três meses com dosagens de ferritina e saturação de transferrina Iniciar tratamento se aumento progressivo Dieta: Não há necessidade de reduzir a ingestão de alimentos contendo maior quantidade de ferro Evitar suplementação de ferro Evitar suplementação de ácido ascórbico *vitamina C aumenta absorção de ferro no organismo Evitar bebidas alcoólicas (pode acelerar o dano hepático) Evitar frutos do mar (ostras cruas) → predisposição a infecções Flebotomia: Tratamento inicial para sintomáticos e/ou com sobrecarga de órgão-alvo São retirados 7ml/kg até no máximo 500- 550ml → corresponde à perda de 200-250mg de ferro Inicialmente: semanal ou quinzenal, de acordo com tolerância individual de cada paciente (hemoglobina dosada antes de cada sangria) Homens toleram até 2U semanais Mulheres até 1U Idosos de 0,5-1U Monitorização de resposta à Flebotomia: dosagem de ferro sérico, de ferritina e IST Normalização dos estoques de ferro (ferritina e IST normais) Indução de anemia ferropênica leve: Hb < 10, VCM < 80 Manter ferritina de 50-100 → mantém ferritina abaixo dos níveis normais para nunca deixar que o paciente acumule ferro nos órgãos Manutenção: retirada de 500ml a cada 1-4 meses CONTRA-INDICAÇÕES: Pacientes com baixa expectativa de vida (pelas comorbidades) Anemia associada (Hb < 11) Instabilidade hemodinâmica Intolerância ao procedimento Aceruloplasminemia Mutações de ferroportina Quelação de ferro: Indicações: Hemocromatose adquirida por múltiplas transfusões Situações em que haja contra-indicação à flebotomia (ANEMIA) Uso associado com flebotomia, principalmente em cardiopatias graves Intoxicação aguda por ferro Concentração hepática de ferro (RNM T*) > 3g/g de peso seco Concentração cardíaca de ferro (RNM T2*) < 2ms OBS: A sangria terapêutica é muito mais eficaz do que a quelacão do ferro. Na flebotomia se retira de 200-240 g de ferro num único procedimento Monitoramento da quelação: Primeira fase: avaliação MENSAL (avaliar toxicidade das drogas) Posteriormente, TRIMESTRAL Depois, deve ser dosado ferritina deve ser avaliada a cada TRÊS MESES RNM T* hepática anual RNM T* cardíaca a cada 2 anos, se cardíaca grave (RNM T2* < 10ms) anual Opções de quelação: DEFEROXAMINA (®Desferal) 1FA – 500mg: 100mg de desferal quelam 8,5mg de ferro *Sangria terapêutica 200-250 mg de ferro em apenas uma *Precisa ser feito muita medicação para ter o mesmo efeito REBECA KRUSE MED10 Desvantagem: bomba de infusão fazendo de forma contínua a quelação Reação no local de infusão, arritmia, maior risco de infecções DEFERASIROX (®Exjade) 1 comprimido – no brasil, tem comprimidos de 500mg (nos EUA, 125, 25 e 500mg): Dose inicial: 10-20mg/kg, 1x/dia Quelante oral Complicações: hepatotoxidade (ajuste pela função hepática; CI em Child-Pugh C) e nefrotoxicidade, sintomas gastrintestinais, artralgias, mialgias Antes de prescrever, avaliar função hepática e renal do paciente DEFERIPRONA (®Ferriprox): 1 comprimido – 500mg (xarope – 100mg/mL): Dose inicial: 25mg/kg, divididos em 3 tomadas ao dia É o melhor para quelação de ferro cardíaco (associação com outro quelante) Não há necessidade de ajustes por função hepática ou renal Efeitos colaterais: mielotoxicidade (suspender se neutrófilos < 1500 – neutropenia), gastrintestinais, artralgia e mialgia Escolha da quelação: Preferência do paciente: VO vs EV Presença de grande sobrecarga cardíaca: associar deferiprona com desferal ou exjade Deferiprona não tem indicação como monoterapia
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