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@resumosdamed_ 1 ESPLENOMEGALIA E LEUCEMIAS CRÔNICAS PRINCIPAIS TIPOS DE LEUCEMIAS CRÔNICAS: LMC E LLC COM RELAÇÃO AO QUADRO CLÍNICO, FISIOPATOLOGIA E REPERCUSSÃO NO HEMOGRAMA. As leucemias crônicas são distintas das leucemias agudas, por terem progressão mais lenta. E possível subdividir as leucemias crônicas em mieloide e linfoide. LEUCEMIA MIELOIDE CRÔNICA É um distúrbio clonal de uma célula-tronco pluripotente. A doença é responsável por cerca de 15% das leucemias e pode ocorrer em qualquer idade. O diagnóstico de LMC raramente é difícil; é confirmado pela presença característica do cromossomo philadélfia (Ph). Ele resulta da translocação t(9;22) (q34;q 11) entre os cromossomos 9 e 22 , em que parte do oncogene ABL1 é transferida para o gene BCR no cromossomo 22, e parte do cromossomo 22 é transferida para o cromossomo. Este cromossomo 22 anormal é o cromossomo Ph. Na translocaçäo Ph, éxons 5' do BCR são fundidos nos éxons 3' do ABLJ. O gene quimérico resultante, BCR- ABL1, codifica uma proteína de fusão de tamanho 210 kDa, com atividade de tirosinoquinase excessiva em relação ao produto normal do ABL1, de 145 kDa. A translocação Ph também é observada em uma minoria de casos de leucemia linfoblástica aguda (LLA) e, em alguns deles, o ponto de ruptura do BCR ocorre na mesma região que na LMC. Em outros casos, entretanto, o ponto de ruptura no BCR é mais a montante, no íntron entre o primeiro e o segundo éxons, deixando somente o primeiro éxon BCR intacto. Este gene BCR -ABLJ quimérico é expresso como uma proteína p190 que, assim como a p210, tem atividade de tirosinoquinase aumentada. A principal causa de morte em LMC é a transformação blástica, que pode ser precedida por uma fase acelerada. @resumosdamed_ 2 ASPECTOS CLÍNICOS A doença ocorre em ambos os sexos (relação masculino: feminino de 1,4:1), com mais frequência entre os 40 e 60 anos de idade. No entanto, pode ocorrer em crianças e em recém-nascidos, assim como em pessoas muito idosas. Em cerca de 50% dos casos, o diagnóstico é notado incidentalmente, ao fazer-se um hemograma por outra causa. Nos casos em que a doença já se apresenta com sintomas/sinais clínicos, os aspectos gerais são os seguintes: • Sintomas relativos a hipermetabolismo (p. ex., perda de peso, lassidão, anorexia ou suores noturnos). • A esplenomegalia está quase sempre presente e pode ser volumosa. Em alguns pacientes, o aumento do baço associa-se a considerável desconforto abdominal, dor ou indigestão. • Sintomas de anemia, como palidez, dispneia e taquicardia. • Equimoses, epistaxe, menorragia e hemorragia em outros locais devido ao defeito funcional das plaquetas. • Gota ou insuficiência renal causadas pela hiperuricemia do catabolismo excessivo de purina. • Sintomas raros incluem distúrbios visuais e priapismo. ACHADOS LABORATORIAIS • Leucocitose é o principal aspecto, e pode atingir cifras superiores a 200 x 103/µL. Um espectro completo de células mieloides é visto no sangue periférico. Os níveis de neutrófilos e mielócitos excedem aos de blastos e promielócitos. • Aumento de basófìlos no hemograma é característico. • Anemia normocítica normocrômica é comum. • Contagem de plaquetas aumentada (mais frequente), normal ou diminuída. • Medula óssea hipercelular com predominância granulo- citopoética. • Presença do gene de fusão BCR-ABLJ por análise RT-PCR e, em 98% dos casos, cromossoma Ph na análise citogenética. • Ácido úrico sérico geralmente aumentado ESCORES DE PROGNÓSTICO (ESTADIAMENTO) Foram feitas tentativas de estadiamento da LMC à apresentação, para fins prognósticos. O mais usado é o escore de Sokal, que leva em conta idade, porcentagem de blastos, dimensões do baço e contagem de plaquetas. Atualmente, a medida prognóstica mais relevante é a velocidade de resposta ao tratamento com um inibidor de tirosinoquinase. TRATAMENTO: Inibidores de tirosinoquinase (TKI) são a base do tratamento, e tem uma boa resposta. Quimioterapia: tratamento com hidroxicarbamida, pode controlar e manter a contagem de leucócitos na fase crônica, mas não reduz a porcentagem de células BCRABL1 positivas. Atualmente, substitui-se esse tratamento por TKI. Interferon alfa: substituída por Imatinibe. Transplante de células tronco: tratamento potencialmente curativo da LMC. Reservado em casos de @resumosdamed_ 3 fracasso do Imatinibe ou em pacientes em fases agudas da doença. Melhor resultado quando feito na fase crônica. Transplante de células tronco: tratamento potencialmente curativo da LMC. Reservado em casos de fracasso do Imatinibe ou em pacientes em fases agudas da doença. Melhor resultado quando feito na fase crônica. LEUCEMIA NEUTROFÍLICA CRÔNICA Os pacientes com essa leucemia não apresentam inflamação ou outras causas de neutrofilia e não mostram evidências de nenhuma das demais neoplasias mieloproliferativas. Pode haver moderada esplenomegalia. Na maioria dos pacientes, podem ser evidenciadas mutações de ativação de função no gene que codifica o fator estimulador de colônias 3 (CSF3R), e inibidores de quinases podem ser úteis no tratamento. O prognóstico é variável. LEUCEMIA EOSINOFÍLICA CRÔNICA Trata-se de uma eosinofilia clonal, crônica e persistente. Em vários casos, há uma lesão intersticial no cromossomo 4, resultando em um gene de fusão FIPJLJ -PDGFRA (esses pacientes respondem ao tratamento com imatinibe) ou outros defeitos citogenéticos ou moleculares mais raros. Podem estar presentes > 5% (mas < 20%) blastos na medula óssea. Os eosinófìlos infiltram vários órgãos, causando dano cardíaco (p. ex., fibrose endomiocárdica), pulmonar, no SNC, na pele e no trato gastrintestinal. Se não puder ser demonstrada clonalidade e os blastos na medula forem < 5%, a condição é designada como síndrome hipereosinofílica. LEUCEMIA LINFOIDE CRÔNICA Caracterizada pelo acúmulo de linfócitos maduros no sangue de tipo celular B ou T. Tem linfocitose crônica persistente. Há alguma sobreposição com os linfomas, pois as células linfomatosas podem circular no sangue e a distinção entre leucemia crônica e linfoma é arbitrária, dependendo da proporção da doença em tecidos moles, em comparação com sangue e a medula óssea. DOENÇAS DE CÉLULAS B: PATOGÊNESE: É mais comum das LLC e tem um pico de incidência entre 60 e 80 anos. A célula tumoral é um linfócito B maduro com fraca expressão de imunoglobulina de superfície (IgM e IgD). As células no LLC exibem diminuição do apoptose e sobrevida prolongada, o que se reflete em acúmulo no sangue, na medula óssea, fígado, baço e nos linfonodos. ASPECTOS CLÍNICOS: Idade média para diagnóstico é 72 anos, predomínio no sexo masculino. 80% diagnosticados pelo hemograma. Aumento simétrico de linfonodos cervicais, axilares ou inguinais é um sinal clínico frequente. Pode ter e os @resumosdamed_ 4 paciente com trombocitopenia podem ter. Em estágios tardios pode ter espleno e. A imunossupressão é um problema significativo que resulta de hipogamaglobulina e disfunção da imunidade celular, no início da doença cursa com infecções bactérias (sinusite e infecções pulmonares) e mais tardio com infecções fúngicas e virais (herpes-zoster). ACHADOS LABORATORIAIS: • Linfocitose: linfócitos B > 5.000 • Imunofenotipagem de linfócitos mostra que são células B com níveis baixos de imunoglobulina de superfície e expressão de apenas uma cadeia leve. • Duas proteínas de superfícies detectadas por citometria em fluxo, são CD38, um marcador de diferenciação e ZAP70 proteína quinase envolvida na sinalização. • Anemia normocítica e homocrômica está presente na fase tardia como resultado de infiltração medular ou de hiperesplenismo. • Aspiração medula óssea mostra infiltração linfocítica. • Diminuição de imunoglobulinas séricas, mais intensa na doença avançada. • Autoimunidade contra o sistema hematopoiético. Anemia hemolítica autoimune é mais frequente. TRATAMENTO:Tratamento conservador com objetivo de controlar os sintomas. Não normaliza o hemograma. Quimioterapia muito precoce: pode diminuir a expectativa de vida. O tratamento de primeira linha foi o regina R-FC, que combina o anticorpo rituximabe (anti CD20) com fludarabina e ciclofosfamida. Os agentes, administrados juntos a cada 4 semanas, na maioria dos casos, controlam a contagem de leucócitos e reduzem as organomegalias. Em geral, são feitos 4-6 cursos e o tratamento é suspenso uma vez que seja obtida uma resposta satisfatória. O tempo médio para progressão da doença é de cerca de 4,5 anos. Se muitos efeitos colaterais, opta-se por R-B (rituximabe e bendamustina). Em pacientes mais velhos: clorambucil ou bendamustina (tratamento menos agressivo). Tratar quando: linfonodopatias ou esplenomegalias incomodativas, sintomas sistêmicos, emagrecimento, supressão da medula óssea pela infiltração linfoide. Estágio C e alguns B de Binet. Fármacos que suprimem a sinalização por meio do receptor de células B: fármaco que inibe duas proteínas de sinalização que agem no sentido da corrente do receptor de superfície das células B. Inativação da proteína BTK – Ibrutinibe. Ele causa inativação da BTK e causa apoptose de células B. Inativação da proteína P13K – Idelalisibe. Bloqueia a atividade dessa proteína. Fármacos que suprimem a atividade de BCL-2: essa proteína é expressa em alto nível na maioria das células de LLC e tem efeito anti apoptose. ABT199 é um inibidor direto dessa proteína e tem mostrado potente atividade. Novos anticorpos monoclonais eficazes: Ofatumumabe e Obnutuzumabe. São específicos para CD20. Radioterapia: valiosa na diminuição do volume de grupos de linfonodos que não responderem à quimioterapia. A radioterapia sobre o baço pode ser útil nas últimas etapas da doença. @resumosdamed_ 5 Ciclosporina: para aplasia eritroide pura. Reposição de imunoglobulinas: imunoglobulina IV 400mg/km/mês é último para pacientes com hipogamaglobulinemia e infecções recorrentes. Transplantes de células tronco alogênico: tratamento experimental, pode ser curativo, mas ainda possui alto índice de mortalidade. PRINCÍPIOS E AS APLICAÇÕES DOS TESTES UTILIZADOS PARA CONFIRMAÇÃO DIAGNÓSTICA DAS LEUCEMIAS: MIELOGRAMA, CITOGENÉTICA E IMUNOFENOTIPAGEM. HEMOGRAMA É fundamental. É por meio dele que se suspeita da leucemia. A interpretação cuidadosa do esfregaço sanguíneo fortalece a suspeita clínica. HEMOGRAMA DE LEUCEMIAS AGUDAS revelam leucocitose acentuada com franco predomínio de blastos + anemia normo + plaquetopenia significativa. LEUCEMIAS CRÔNICAS á leucocitose com grande número de células aparentemente diferenciadas + anemia e plaquetopenia em menores intensidades. MIELOGRAMA A realização do aspirado medular é fundamental para que se possa avaliar a proporção e as particularidades citológicas das células leucêmicas anômalas ou imaturas dentro da medula óssea. • Em leucemia aguda: hipercelularidade medular com predomínio de mieloblastos, monoblastos ou linfoblastos. • Em leucemia mieloide crônica: hiperplasia no setor granulocítico, podendo ocorrer discreto aumento de mieloblastos. • Leucemia linfoide crônica: o mielograma não é tão necessário, mas pode revelar aumento no número de linfócitos. MIELOBLASTOS: são células grandes com alta relação nucleocitoplasmática, núcleo com cromatina frouxa e nucléolos geralmente proeminentes, além de citoplasma basofílico, com granulação variável, com bastonetes de Auer Vale. LINFOBLASTOS: são menores que os mieloblastos, citoplasma escasso e agranular. CITOGENÉTICA Essencial. Feito em células da medula óssea. Analisa alterações cromossômicas. Assim que o diagnóstico for confirmado pela morfologia, é obrigatório realizar a citogenética para definir a estratégia terapêutica mais adequada. IMUNOFENOTIPAGEM/ CITOMETRIA EM FLUXO Análise das células do sangue periférico ou da medula óssea por citometria de fluxoexcelente recurso diagnóstico para saber a linhagem das células leucêmicas e o subtipo da leucemia. Permite detectar presença de marcadores específicos e quantificar a expressão deles em cada célula e a detecção de doença residual mínima. BIOLOGIA MOLECULAR Pesquisa de mutação para os genes NPMI, CBPA e FLT3 são recomendadas para leucemias mieloide aguda com citogenética normal. @resumosdamed_ 6 DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DE ESPLENOMEGALIA BAÇO O baço tem um papel importante e único na função dos sistemas hematopoético e imune. Além de estar diretamente envolvido em muitas doenças desses sistemas, há um número significativo de aspectos clínicos associados a estados hiperesplênicos e hipoesplênicos. FUNÇÕES DO BAÇO O baço é o maior filtro sanguíneo no corpo e várias de suas funções derivam disso. CONTROLE DA INTEGRIDADE DOS ERITRÓCITOS O baço tem papel essencial no "controle de qualidade" dos eritrócitos. Excesso de DNA, restos nu cleares (corpos de Howell-Jolly) e grânulos siderótícos são removidos. No ambiente um tanto hipóxico da polpa vermelha, com o plasma coando-se para os cordões, a flexibilidade da membrana dos eritrócitos velhos e anormais diminui e eles são retidos dentro dos seios, onde são ingeridos por macrófagos. FUNÇÃO IMUNE O tecido linfoide no baço está em uma posição única para responder a antígenos filtrados do sangue que entram na polpa branca. Os macrófagos e as células dendríticas na zona marginal iniciam uma resposta imune e apresentam antígeno a células B e T para começar respostas imunes adaptativas. Esse arranjo é altamente eficiente para a iniciação de resposta imune a bactérias encapsuladas, o que explica a suscetibilidade de pacientes hipoesplênicos a esses microrganismos. HEMATOPOESE EXTRAMEDULAR @resumosdamed_ 7 O baço, assim como o fígado, desempenha um período hematopoético transitório, dos 3 aos 7 meses da vida fetal, mas não é sítio hematopoético no adulto. A hematopoese, entretanto, pode restabelecer-se em ambos os órgãos como hematopoese extramedular, em distúrbios como mielofìbrose primária, anemia hemolítica grave e anemia megaloblástica. Essa hematopoese pode resultar de reativação de células-tronco latentes dentro do baço ou de células-tronco provenientes da medula óssea que se alojam no baço. ESPLENOMEGALIA O baço aumenta de volume em várias situações. Em geral, palpa-se a esplenomegalia sob a margem costal esquerda, mas grandes esplenomegalias podem se estender até a fossa ilíaca direita. O baço move-se com a respiração, e uma endentação esplênica central pode ser palpada em alguns casos. Em países desenvolvidos, as causas mais comuns de esplenomegalia são mononucleose infecciosa, doenças hematológicas malignas e hipertensão portal. Em escala mundial, entretanto, a malária e a esquistossomose dominam a prevalência global. Leucemia mieloide crônica, mielofibrose primária, linfoma, doença de Gaucher, malária, leishmaniose e esquistossomose são causas potenciais de esplenomegalia volumosa. HIPERESPLENISMO Normalmente, só cerca de 5% (30-70 mL) da massa eritroide total estão presentes no baço em um dado momento, embora quase a metade do pool marginal de neutrófilos e um terço da massa plaquetária possam estar alojados no órgão. Quando o baço aumenta, a fração de glóbulos sanguíneos dentro do órgão também aumenta, a ponto de, nas grandes esplenomegalias, haver retenção de até 40o/o da massa eritroide e de 90% das plaquetas. Hiperesplenismo é uma síndrome clínica que pode ser encontrada em esplenomegalia de qualquer causa. Caracteriza -se por: • Aumento do baço (esplenomegalia); • Diminuição no hemograma de, ao menos, uma das séries de glóbulos, na presença de função normal da medula óssea. Dependendo da causa subjacente, se o hiperesplenismo causar sintomas e sinais relevantes, pode ser indicada esplenectomia. Segue-se rápida melhora das contagens sanguíneas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Fundamentos em hematologia.6a.ed. Porto Alegre: Artmed, 2018. Capítulos 10, 14, 18. 2. Doenças que alteram os exames hematológicos, 2017: pg 138 a 142. 3. Aula SanarFlix: leucemia linfoide crônica e leucemia mieloide crônica. 4. SanarFlix – material: esplenomegalia (módulo de hepatologia).
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