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Módulo Incidência e Crédito Tributário ALUNO: LEANDRO TAKEO ALVES WATANABE TURMA: 2021.02-ICT-BSB SEMINÁRIO IV - EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA, TRANSAÇÃO, COMPENSAÇÃO E REPETIÇÃO DO INDÉBITO Questões 1. Criticar a expressão “extinção do crédito tributário”. É correta a tradicional separação das causas de extinção prescritas no art. 156 do CTN em modalidades de fato e modalidades de direito? Justifique. Quando se fala em extinção do crédito tributário, logo pensamos no final da relação obrigacional formada pelos dois sujeitos do liame jurídico tributário. De uma forma genérica, errado não estaria. Todavia, quando na elaboração do CTN, o legislador atrelou-se as hipóteses previstas no art. 156 somente ao ponto de extinção do crédito tributário, quando na verdade deveria ter referenciado tais hipóteses a todos os elementos necessários a relação obrigacional, tendo em vista que o crédito tributário é apenas um dos elementos dessa relação. O professor Paulo de Barros (CARVALHO, 2021) ensina que o crédito tributário se trata de apenas um dos aspectos da relação jurídica obrigacional, porém, ressalta que sem ele não existe vínculo. Dessa forma, há de se destacar que, de uma maneira mais aprofundada, as causas previstas no art. 156, do CTN estão atrelas a todos os elementos da relação jurídico obrigacional, quais sejam, sujeito ativo e passivo, objeto, direito, crédito, dever e débito. Outro ponto que merece destaque é a separação das onze hipóteses de extinção previstas no artigo em discussão do CTN, se é correta a separação em modalidades de fato ou de direito. Paulo de Barros leciona que “As onze causas que o legislador arrolou são modalidades jurídicas no âmbito mais restrito que se possa dar à expressão.” (CARVALHO, 2021, p. 486-487). Módulo Incidência e Crédito Tributário Nesse sentido, acredito que não seja correta a separação das hipóteses extintivas elencadas no art. 156, do CTN, em modalidades de fato ou de direito, e sigo o entendimento do professor Paulo de Barros, pois cada modalidade está revestida juridicamente de algum ponto regulado pelo direito, o qual prescreve e estipula seus efeitos. 2. A hipótese de dação em pagamento de bens imóveis como causa extintiva do crédito tributário altera a cláusula do art. 3º do CTN quanto à prestação tributária qualificar- se como estritamente pecuniária? Justifique. As previsões de extinção do crédito tributário por dação em pagamento de bens imóveis em legislações municipais e estaduais antes da Lei Complementar n. 104/01 são válidas? Têm aplicação jurídica? (Vide anexos I e II). Não há que se falar que a modalidade de dação em pagamento de bens imóveis como causa extintiva do crédito tributário modifica o previsto no art. 3º, do CTN, especialmente no que se refere à prestação qualificar-se como estritamente pecuniária. Considerar tal alteração seria confundir a regra-matriz de incidência tributária e a norma jurídica extintiva. Enquanto na primeira, no seu consequente possui traços da relação jurídica em que se consubstancia a entrega do valor em pecúnia, na segunda, tem-se em seu antecedente a possibilidade da dação de imóveis e no seu consequente, dentro das relações normativas, fazer abolir o crédito tributário. Dessa forma, não há modificação na cláusula do art. 3º, do CTN, e assim entendo corroborando os ensinamentos de Paulo de Barros (CARVALHO, 2021), o qual explica que, no caso em discussão, a RMIT continua veiculando o dever de pagar em pecúnia, em que o valor em dinheiro no interior da relação jurídico obrigacional será estipulado pela norma individual e concreta decorrente da própria RMIT, porém, a oportunidade do contribuinte satisfazer a obrigação com dação de bem imóvel será prevista por outra norma. A hipótese de extinção do crédito tributário por meio de dação em pagamento de bem imóveis, desde que na forma e condições estabelecidas em lei, foi criada por meio da Lei Complementar 104, de 10 de janeiro de 2001. Antes da LC acima mencionada, não havia lei que que regesse ou estipulasse requisitos para aplicação da modalidade extintiva elencada no XI, art. 156, do CTN. Módulo Incidência e Crédito Tributário Dessa forma, enquanto não publicada, para que entrasse em vigor, a LC 104/01, legislações municipais e estaduais vigentes antes da LC em comento, são ineficazes, haja visto ausência de previsão legal no direito positivo para aplicação da modalidade extintiva do crédito tributário por meio de dação em pagamento de bens imóveis. Diante do exposto, assim demonstra a aplicação do tema por meio dos anexos I e II, os quais demonstram a aplicabilidade limitada da possibilidade de extinção do crédito tributário por meio de dação em pagamento de bem imóveis. Pois, o CTN, por meio de seu art. 156, XI, incluído pela LC 104/2001, torna possível a possibilidade extintiva do crédito tributário por meio de dação em pagamento de bens imóveis, todavia, não se faz obrigatória, dependendo das normas e ordenamento jurídico de cada ente federativo, sempre respeitando sua competência e política fiscal. 3. Que é compensação tributária? Quando nasce o direito subjetivo à compensação tributária? Determinada lei editada em momento posterior ao do nascimento do “direito subjetivo” à compensação estabelece limites ao seu exercício, como por exemplo, limitando o crédito a compensar a determinado valor por mês, impedindo a incidência de juros de mora ao crédito. Essas novas regras que limitam a compensação se comparadas à legislação até então vigente impactam o exercício do direito de compensar consagrado anteriormente à vigência dessa lei? Há direito adquirido à compensação? (Vide anexo III). A compensação tributária, em sentido amplo, é uma das modalidades de extinção do crédito tributário, prevista no art. 156, II, do CTN. Todavia, o CTN acolhe o instituto da compensação como modalidade extintiva, mas desde haja lei que a autorize, respeitando o princípio da indisponibilidade dos bens públicos. E assim, o mesmo código prevê a hipótese dessa modalidade em seu art. 170: Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. Módulo Incidência e Crédito Tributário Tem por requisito duas diferentes relações jurídicas, em que o credor de uma é devedor da outra e vice-versa. É na compensação tributária que são desfeitas, conjuntamente, essas duas relações. O professor Paulo de Barros (CARVALHO, 2021) menciona quais são essas duas relações, quais sejam: (i) de crédito tributário e (ii) de débito do Fisco. Ainda completa o professor (CARVALHO, 2021, p. 564) que tanto o direito como o dever, mesmo em sentido contrários, que se suprimem, atuam como veículos de mesma direção e intensidade. Necessário se faz, para que a compensação seja realizada, a aparência de duas normas individuais e concretas: aquela que constitui o débito do contribuinte e aquela que formaliza o débito do Fisco. Ao harmonizar essas duas normas acimas, é que aparecera a terceira norma individual e concreta, qual seja, a norma da compensação tributária. Nesse sentido, a compensação só entrará em ação com a emissão daquela terceira norma. Provavelmente, com novas regras que impõem limite à compensação, quando comparadas com as regras anteriores vigentes à nova lei, irá impactar o exercício do direito de compensar, em especial no que tange ao limite de valores mensais. Entretanto, difícil falar em direito adquirido sem que tenha ação judicial, pois o entendimento é de que em se tratando de compensação tributária, deve ser considerado o regime jurídico vigente à época do ajuizamentoda demanda, não podendo ser a causa julgada à luz do direito superveniente. Assim é o entendimento da Primeira Seção do STJ, conforme se demostra pelo anexo III. 4. Considerando o que dispõe o artigo 170-A do CTN, que veda a compensação antes do trânsito em julgado. Considerando a existência de julgamento de caso repetitivo em recurso extraordinário reconhecendo a inconstitucionalidade de determinado tributo federal. Pergunta-se: qual orientação você daria ao seu cliente a respeito da possibilidade de compensação de indébito nas hipóteses a seguir: (a) Hipótese 1: você propôs, na defesa dos interesses de seu cliente, mandado de segurança para assegurar o direito dele compensar o tributo federal cuja inconstitucionalidade foi declarada nesse julgamento de caso repetitivo em Módulo Incidência e Crédito Tributário recurso extraordinário, sendo que a ação do seu cliente não possui decisão transitada em julgado; Por força do art. 170-A do CTN, antes do trânsito em julgado da decisão reconhece o direito de reaver os valores pagos indevidamente, é vedado ao contribuinte utilizar-se da compensação dos créditos tributários. Sabe-se que tal dispositivo foi introduzido em nosso ordenamento jurídico pela LC 104/01. Todavia, atualmente, o contribuinte pode se fazer valer de alguns fundamentos e precedentes para afastar tal vedação. Isso porque, caso a sentença esteja fundamentada em precedente o qual foi julgado em sede de repetitivo no STJ e STF em que permite a compensação imediata, a vedação poderá ser afastada, Inclusive se fazendo valer do art. 926 do CPC, alegando uniformização das decisões, em que aos casos de mesma matéria deverá haver aplicação uniformizada. Caso a decisão no Mandado de Segurança não siga o que foi decidido em sede de repetitivo em recurso extraordinário, o contribuinte poderá reverter com base no art. 489, § 1º, VI. Outro ponto, é que o entendimento firmado em corte superior em sede de repercussão geral ou recurso repetitivo, no caso em comento STF, possui efeito erga omnes, construindo norma geral e concreta. Com isso, instâncias judiciárias inferiores e órgãos da administração não podem imputarem ao contribuinte cobranças que vão de encontro ao que foi firmado pelo STF, sendo mais um argumento para que o contribuinte possa efetuar a compensação imediata dos créditos. Nesse sentido, já se encontra em nosso sistema judiciário, casos que afastaram a vedação imposta pelo art. 170-A, do CTN (processo 0014773-57.2010.4.01.3000, rel. des. Fed. Souza Prudente, TRF1). Caso esse com base no entendimento firmado em sede de repetitivo. Assim também tem acontecido na seara administrativa, onde o CARF seguiu o mesmo entendimento (CARF, 4ª Câmara da 2ª Turma Ordinária da Terceira Seção de Julgamento, processo 10880.906342/2008-96, acórdão 3402-005.025). Dessa forma, colocaria ao meu cliente que seria plenamente possível a compensação antes do transito em julgado. Módulo Incidência e Crédito Tributário Hipótese 2: o seu cliente não ajuizou ação qualquer medida judicial para discutir o tributo federal cuja inconstitucionalidade foi declarada nesse julgamento de caso repetitivo em recurso extraordinário. Neste caso, a situação do cliente se torna mais complicada, tendo em vista o não ajuizamento de qualquer medida judicial. Pois, caso no julgamento do repetitivo em recurso extraordinário, o STF aplicar a modulação dos efeitos, o contribuinte poderá perder o direito de pleitear o valor do tributo que foi reconhecido como inconstitucional. Exemplo, caso o STF firme entendimento modulando que só os contribuintes que ajuizaram ação judicial até a data do julgamento do repetitivo terão direito ao reembolso do tributo reconhecido como inconstitucional, os demais contribuintes que não ajuizou qualquer medida não terão o direito ao reembolso. Entretanto, caso o STF não aplique nenhuma modulação, o cliente poderá ajuizar alguma medida, mesmo após o julgamento do repetitivo, porém respeitando os prazos de prescrição e decadência. Todavia, isso levando em consideração que o cliente não tenha ajuizado medida judicial. Caso o cliente tenha adotado medidas na via administrativa, poderá haver a possibilidade de compensação, tendo em vista que os órgãos administrativos também poderão estar sujeitos a aplicação dos temas firmados em sede de repetitivos pelo STF, pois o processo, porquanto jurisdição, abarca tanto a esfera judicial como administrativa, não podendo haver grandes divergências em relação as duas esferas, podendo aplicar, assim, na esfera administrativa, os arts. 927 e 928, do CPC/15. 5. Considerando os elementos da obrigação tributária (sujeito ativo e passivo, objeto, direito, crédito, dever e débito) e o conteúdo do artigo 1561 do CTN, identifique para cada 1. Art. 156. Extinguem o crédito tributário: I - o pagamento; II - a compensação; III - a transação; IV - remissão; V - a prescrição e a decadência; VI - a conversão de depósito em renda; VII - o pagamento antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º; VIII - a consignação em pagamento, nos termos do disposto no § 2º do artigo 164; Módulo Incidência e Crédito Tributário uma das hipóteses de extinção nele elencadas e a seguir reproduzidas qual elemento da obrigação tributária é diretamente afetado: Elementos da obrigação tributária: a) pagamento: cumpre-se o dever jurídico imputado ao sujeito passivo (débito), em contrapartida do direito subjetivo que está investido o sujeito ativo (crédito), o qual juntamente encerra. b) compensação: encontro de contas, afetando-se o crédito tributário e o débito. c) transação: os sujeitos da relação obrigacional abrem mão de parte dos seus direitos, chegando a um acordo comum, o qual seja interessante para ambos, fazendo desparecer conjuntamente o direito subjetivo e o dever jurídico conexo. d) remissão: trata-se de perdão e depende de lei autorizadora. Some o direito subjetivo de exigir a prestação, desaparecendo também o dever jurídico imputado ao sujeito passivo. e) prescrição: com o fim do prazo para que a Fazenda Pública ingresse com a ação de cobrança (execução fiscal), perde ela (sujeito ativo, credora), os meios jurídicos para obrigar o sujeito passivo à satisfação do débito. f) decadência: desaparece o direito subjetivo de exigir a prestação tributária, em igualdade, também se extingue o débito do sujeito passivo, dissolvendo-se a relação obrigacional. IX - a decisão administrativa irreformável, assim entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser objeto de ação anulatória; X - a decisão judicial passada em julgado. XI – a dação em pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei. Módulo Incidência e Crédito Tributário g) conversão do depósito em renda: aniquila-se o dever jurídico imposto ao sujeito passivo, fazendo dissolver o direito subjetivo do qual o credor estivera investido, desfazendo a relação jurídica tributária. h) pagamento antecipado e homologação do “lançamento” nos termos do art. 150, §§ 1º a 4º do CTN: crédito tributário i) consignação em pagamento: nesta modalidade, cumprida a prestação, extingue- se o dever jurídico, e com ele o direito subjetivo que lhe é atrelado, desaparecendo a obrigação. j) decisão administrativa irreformável: objeto, pois analisando o mérito, a linguagem da decisão judicial, a qual transitou em julgado, sobrepõe-se à linguagem vigente até aquele momento. h) decisão judicial transitada em julgado: objeto, pois analisando o mérito, a linguagem da decisão judicial, a qual transitou em julgado, sobrepõe-se à linguagem vigente até aquele momento. A diferença da decisão judicial transitada em julgado para a decisão administrativa, é que a judicial não interrompe o prazo decadencial, quando a decisãotratar-se de anulação da exigência tributária por vício formal. i) dação em pagamento de bens imóveis: sujeito passivo e sujeito ativo. Desde que autorizado por lei, o sujeito passivo poderá oferecer bem imóvel como pagamento do crédito tributário. 6. Mediante uma leitura analítica do conteúdo do art. 156, III do código tributário nacional, somado ao que dispõe o caput do art. 3º2 da lei federal 13.988/2020 (que o termo de transação deverá dispor sobre os MEIOS de extinção do crédito tributário nela contemplado) e o § 3º desse mesmo art. 3º, no sentido de que a extinção do crédito nela contemplado somente é extinto quando integralmente cumprido o termo de transação, pergunta-se: (a) qual dos elementos da obrigação tributária a transação afeta? Em determinada obrigação tributária, os sujeitos que compõem a relação jurídica tributária, tem a opção de optarem pela transação, desde que nos termos e nas 2 Art. 3º A proposta de transação deverá expor os meios para a extinção dos créditos nela contemplados e estará condicionada, no mínimo, à assunção pelo devedor dos compromissos de: § 3º Os créditos abrangidos pela transação somente serão extintos quando integralmente cumpridas as condições previstas no respectivo termo. Módulo Incidência e Crédito Tributário condições estabelecidas por lei, em que por meio de concessões mútuas, os sujeitos, credor e devedor, põem fim ao litígio, extinguindo a relação jurídica, assim nos termos do art. 171, do CTN. O professor Paulo de Barros ensina que os sujeitos da relação obrigacional abrem mão de parte dos seus direitos, chegando a um acordo comum, o qual seja interessante para ambos, fazendo desparecer conjuntamente o direito subjetivo e o dever jurídico conexo (CARVALHO, 2021). Dessa forma, afeta-se o direito subjetivo (crédito tributário) e o dever jurídico (débito). (b) a transação é efetivamente causa de extinção da obrigação tributária? Ou mero instrumento para se consagrar a extinção da obrigação tributária? Na transação, credor e devedor põem fim ao litígio por meio de concessões mútuas. Ambos os sujeitos chegam a um acordo comum, em tese interessante para as duas partes, em que abriram mão de parte de seus direitos, extinguindo assim a relação jurídica. Importante lembrar, que assim como ensina Paulo de Barros (CARVALHO, 2021), nessa modalidade, a extinção não ocorre quando das concessões recíprocas, mas sim quando do pagamento. Dessa forma, compromete-se dizer que a figura da transação é efetivamente causa extintiva da obrigação tributária, reforçando assim, como mero instrumento para se consagrar a extinção da obrigação tributária.
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