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Nossa infância, nossa família, nossa escola, nossos amigos, etc., tudo isso repercute em nosso modo de ser. A
primeira repercussão se dá pelo senso comum, contudo, essa modalidade de conhecimento não é a única. A ela
se somam visões religiosas, �losó�cas e cientí�cas, resultando em um amálgama de visões de mundo que,
embora muito presentes, nem sempre são percebidas. 
O mesmo pode estar acontecendo com o mundo à nossa volta, ele pode não ter nenhum sentido (o chamado
niilismo nietzschiano – nihil em latim é nada, nenhum, sem), mas nós aprendemos a dar sentido a tudo o que nos
cerca e passaremos o resto da vida fazendo isso sem perceber que o fazemos.  
Nietzsche (1844-1900) a�rmava que o mundo tem apenas o signi�cado que nós damos a ele. Depois disso,
passamos a acreditar que ele sempre teve esse signi�cado “em si” e não conseguimos perceber que, na
verdade, esse signi�cado foi construído (REALE, 2006, p. 14). Tais certezas podem ser religiosas, políticas,
éticas, cientí�cas, etc.  
Conhecimento: o que signi�ca? 
Em linguagem �losó�ca o conhecimento é um modo de compreender e explicar o mundo. Esse processo envolve o
sujeito cognoscente (aquele que conhece) e o objeto cognoscível (aquele que é conhecido). O propósito desse
processo é alcançar a verdade. 
Além disso, o conhecimento pode ser de dois tipos. A seguir, conheça cada um deles. 
Conhecimento prático
O conhecimento prático se efetiva por meio de uma única modalidade, a técnica (oriundo de τέχνη,
pronúncia: técne., palavra de origem grega correspondente ao conceito latino de arte). 
Conhecimento teórico
O conhecimento teórico ocorre de quatro modos diferentes: senso comum, religião, �loso�a e ciência. 
Senso comum 
O senso comum é a primeira modalidade de conhecimento, talvez tão antigo quanto a humanidade. É a primeira
forma de compreensão do mundo, e nele se faz presente a racionalização do grupo, da cultura (ou da sociedade)
em que nos encontramos (SOUZA, 1998). Por isso a sua primeira manifestação se dá por meio do mito (mytheo
em grego é narrativa, relato), uma narrativa fantasiosa, porém, amparada em uma preocupação válida de explicar
a realidade.  
O senso comum normalmente é transmitido pela tradição, pela oralidade e pelos costumes, por vezes, até de
modo inconsciente. Para alguns, o senso comum é tão espontâneo que é considerado natural, é como se não
pudesse ser diferente, ou seja, como se fosse a forma de conhecimento original, em si. 
Em resumo, senso signi�ca sentido, enquanto comum refere-se ao fato de ser compartilhado pela maioria das
pessoas. Assim, senso comum é a “expressão para designar as crenças tradicionais do gênero humano, aquilo em
que todos os homens acreditam ou devem acreditar” (ABBAGNANO, 2007, p. 873). Desse modo, podemos
Introdução à Filoso�ia 
Senso comum 
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qualquer hora e lugar. Na versão impressa, porém, alguns conteúdos interativos �cam desabilitados. Por essa razão, �que atento: sempre
que possível, opte pela versão digital. Bons estudos! 
entender essa expressão como sendo a capacidade que temos de dar sentido ao mundo, às coisas e à realidade
que os cerca. É um conhecimento oriundo e formado a partir do cotidiano. Gilberto Cotrim (1996, p. 45) a�rma ser
um conhecimento sem fundamentação, ou seja, popular e corriqueiro.  
Maria Lúcia A. Aranha e Maria Helena P. Martins nos lembram que: 
Chamamos senso comum ao conhecimento adquirido pela tradição, herdado dos antepassados e ao qual acrescentamos
os resultados da experiência vivida na coletividade a que pertencemos. Trata-se de um conjunto de ideias que nos permite
interpretar a realidade, bem como de um corpo de valores que nos ajuda a avaliar, julgar e portanto agir (sic). 
— (ARANHA; MARTINS, 1999, p. 35, grifos das autoras). 
“
”
Dialética: técnica de argumentação 
A primeira fundamentação do conhecimento se deu por meio da dialética, uma técnica de argumentação pautada
pelo embate de ideias que deveria aproximar os debatedores à verdade (aletheia). Era uma maneira de puri�car
as ideias de possíveis distorções. Trata-se de uma técnica que exige muita maturidade de quem debate, pois exige
que se tenha um amor à verdade acima do apego às próprias opiniões.  
Imagine que um dos debatedores seja apegado às suas ideias e acabe não percebendo que ela é infundada,
então, a dialética permitiria puri�car esse conceito, deixando-o mais próximo da verdade. Nesse contexto, era
recomendável a busca da verdade, o amor à verdade, mas não o apego às próprias verdades (leia-se opiniões).
Agora você entende o motivo pelo qual Sócrates dizia que é preciso amar a verdade, mas não a defender.
Normalmente, os primeiros �lósofos veem de modo bastante negativo as opiniões (doxa, para eles). 
Sócrates 
Fonte: Shutterstock. 
Filoso�a ou ciência: a que campo o senso comum pertence? 
A �loso�a tem como fundamentação o λόγος (logos, razão), a racionalidade; ou seja, tudo aquilo que pode ser
compreendido, analisado, que tem nexo, que tem lógica, que pode ser objeto de indagações �losó�cas. Já a
ciência se fundamenta na veri�cação, na comprovação; ou seja, só aceita como verdadeiro aquilo que é possível
de ser averiguado a partir de critérios considerados cientí�cos, etc.
Nesse contexto, pode acontecer de o senso comum ser chamado de conhecimento empírico (empeiria em grego,
εμπειρία, signi�ca experiência), mas é recomendável tomar bastante cuidado com essa denominação, pois a partir
da idade moderna o termo empírico passa a ser vinculado ao conhecimento adquirido por meio de experiências
conduzidas metodologicamente mais do que experiências de vida, ou do cotidiano. E quando o senso comum é
assim chamado refere-se à ciência.  
Essas modalidades de conhecimento aqui tratadas já se encontram descritas no Mito da Caverna, de Platão
(PLATÃO, 2001, p. 315). 
Platão 
Fonte: Shutterstock. 
Mito da caverna 
O mito nos apresenta a hipótese de homens que vivem no fundo de uma caverna, sem jamais terem tido contato
com o mundo externo, acorrentados pelos pés e pescoços, só conseguindo enxergar o fundo da caverna e
tomando as sombras projetadas como a realidade. Até que um dia um prisioneiro se liberta e conhece o mundo
verdadeiro, além das sombras. A saída é íngreme, o percurso é difícil (ele simboliza a educação), mas é libertador. 
Ilustração da Alegoria da Caverna 
Fonte: Wikipedia. 
Para terminarmos os estudos desta webaula, vale acrescentar que um dos recursos utilizados na construção do
Pensamento Filosó�co foi a metáfora da Luz. Podemos considerá-la como recurso, pois permitiu que a re�exão se
desenvolvesse no sentido da sistematização desse pensamento. Foi o caso, por exemplo: 
De Heráclito de Éfeso, para quem o fogo era a origem do cosmos. 
De Platão, para quem a Luz se apresenta como revelação, pois é por ela que se chega ao conhecimento.

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