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1 AV1 – Bases II – Prof.ª Carolina Figueiredo– Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 Risco cardiovascular Vamos agora falar sobre o impacto do metabolismo lipídico exagerado na vida do paciente. O principal problema da dislipidemia é a obstrução da artéria coronária pelo ateroma, pelo acumulo de lipídeo na parede de artérias ao longo de anos (delta T grande). Figura 1: O esquema apresenta a evolução da doença aterosclerótica e suas fases progressivas, além das manifestações clínicas e perspectivas de evolução da doença. Progressão da aterosclerose (acompanhe observando a Figura 1) Lesão inicial: corresponde à um pequeno acúmulo de gordura nos macrófagos (formando as células espumosas) que pode se iniciar a partir da primeira década de vida. Estria adiposa: corresponde ao momento em que o acúmulo de lipídeo se estende ao meio intracelular de outras células, além do macrófago. Lesão intermediária: é uma etapa em que se inicia a partir da terceira década de vida com acúmulo intracelular de lipídeos e depósito extracelular destes. Ateroma: a partir desta etapa a doença pode deixar de ser silenciosa, a placa se instala e há maior deposição de lipídeos tanto no meio intracelular quando no meio extracelular. Fibroateroma: se instala, normalmente, a partir da quarta década de vida, e além da presença de lipídeo unicelular e multicelular haverá a deposição de camadas fibróticas (aumento das camadas de músculo liso e colágeno). Lesão complicada: corresponde ao momento em que o fibroateroma tem sua integridade fragilizada, a superfície está defeituosa, e pode haver a ocorrência de trombose e/ou hematomas. Manifestações clínicas: doença silenciosa. O HDL pode ser um fator ajudante para a prevenção da formação do ateroma, uma vez que antes que haja o processo fibrótico ele consegue capturar o lipídeo, ou seja, ele consegue agir até a fase de lesão intermediária. Sempre quando falamos de doença metabólica temos que trabalhar com metas terapêuticas, isto é, como o paciente está e onde ele precisa chegar para reduzir o risco cardiovascular. Como avaliar o risco do paciente com relação a doença para poder definir a escolha terapêutica? Figura 2: Essa tabela diferencia valor de referência e alvo terapêutico. A categoria de risco corresponde à meta terapêutica, por exemplo, paciente de baixo risco para doença cardiovascular precisa manter o LDL-c < 130 mg/dL. + 1 exemplo, paciente com risco muito alto para doença cardiovascular precisa manter o LDL-c < 50 mg/dL, este é o alvo terapêutico. O impacto da ingesta calórica ocorre principalmente no triglicerídeo, por isso há alteração do valor de referencia de triglicerídeo para o estado com jejum e sem jejum. Quanto maior o risco, menor a faixa que se deve manter o LDL. Taxa de não HDL é tudo que não é HDL, ou seja, é a soma dos níveis de VLDL, IDL e LDL. Dislipidemia primária Corresponde a dislipidemias provocadas por causas genéticas. Essa é classificada de acordo com o exame laboratorial. Dislipidemia 2 AV1 – Bases II – Prof.ª Carolina Figueiredo– Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 A hiperquilomicronemia familiar é diagnosticada quando o paciente tem muito quilomícron, exatamente porque ele tem a deficiência na lipase lipoproteíca (LPL), fundamental para a promover a hidrólise do TG. E, além disso, tem-se também a deficiência da ApoC2, lipoproteína que ajuda na ativação da lipase lipoproteíca. Assim, observa-se na hipercolesterolemia família a elevação do valor de quilomícron no exame laboratorial. A hipercolesterolemia familiar é causada pelo déficit no número ou função dos receptores de LDL. Assim, há aumento de LDL, porque não tem número de receptores suficientes para absorver o colesterol. A hiperdislipidemia mista familiar é uma doença poligênica, e corrobora no aumento do VLDL e do LDL. Paciente tem controle de dieta e mesmo assim tem desequilíbrio no metabolismo? Pensar em hiperdislipidemia mista família (origem genética). As vezes não vale a pena investigar se a causa é genética ou não (dislipidemia primária ou secundária), porque o tratamento vai ser o mesmo: mudança do estilo de vida + tratamento farmacológico. Dislipidemias associadas à baixa de HDL. Pré B1 é uma molécula precursora de ApoA-I. O que precisamos saber dessa tabela de dislipidemias associadas à baixa de HDL??? Precisamos saber diferenciar as doenças observando as alterações dos níveis de lipídeos e a evolução clínica. Hipoalfalipoproteinemia: paciente apresenta baixo HDL, TG e LDL normais, ApoA-I indetectável. Evolução do quadro clínico com xantomas + DAC prematuros. Doença de Tangier: paciente apresenta níveis de HDL-c < 5 mg/dL. Evolução do quadro clínico com hepatoesplenomegalia, aumento das amigdalas e DAC prematura. Deficiência de LCAT: paciente apresenta HDL-c < 10 mg/dL, LDL-c baixo, ApoA-I entre 20 e 30 mg/dL. Evolução do quadro clínico com opacidade da córnea/ anemia normocrômica/ doença renal crônico terminal. No caso das doenças que levam à baixos níveis de HDL também não é primordial a identificação do gene afetado, porque o objetivo do tratamento será o mesmo: aumentar HDL e diminuir bastante o LDL. O tratamento mais eficaz é aquele em que o paciente é o próprio protagonista do objetivo, em que é necessária a realização de atividades físicas. Tanto as estatinas quanto os fibratos conseguem levar a algum aumento dos níveis de HDL (15 a 20%). Apenas as resinas, colestiramina, não consegue provocar esse aumento. Quando entrar com fibrato??? Só faz fibrato quando o paciente tem triglicerídeo acima de 500 mg/dL. Quando o nível de triglicerídeos é abaixo de 500 mg/dL a estatina dá conta de controlar a dislipidemia. Dislipidemia secundária Nas dislipidemias secundárias, o paciente apresenta outras doenças de base que podem potencializar o quadro de doença aterosclerótica e dislipidemia secundária. No hipotireoidismo, por exemplo, há aumento do colesterol total, às vezes dos TG, e diminuição do HDL-c, porque há diminuição do metabolismo, uma vez que o hormônio tireoidiano está em nível reduzido. Outra coisa que também pode afetar o metabolismo são os medicamentos. Paciente que iniciou o tratamento com determinado medicamento e começou a apresentar alterações no dislipidograma, também caracteriza dislipidemia secundária. Paciente que faz uso de diurético pode levar ao aumento dos TG e diminuição do HDL-c. As dislipidemias secundária ao uso de medicamentos, normalmente, são reversíveis. 3 AV1 – Bases II – Prof.ª Carolina Figueiredo– Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 Resumo... O triglicerídeo dá origem ao VLDL, que dá origem ao ILDL e que dá origem ao LDL. Caso ocorra um pequeno aumento do triglicerídeo não haverá impacto substancial nos valores dos não HDL. Mas, caso esse aumento seja substancial, isto é, maior que 400mg/dL de triglicerídeos deve-se considerar todas as formas não HDL, hiperlipidemia mista. A professora ressaltou várias vezes que o tratamento não muda muito conforme a etiologia, mas sim está relacionado às consequências, o que se pode fazer para diminuir o colesterol, diminuir os TG e aumentar o HDL. Manifestações clínicas Mais um pouco de fisiopatologia A oxidação do LDL é um processo prejudicial. Através desse processo que ocorre a liberação de radicais livres, que trazem a inflamação ao tecido de instalação da placa. Quanto maior os valores de HDL, menor risco de doença cardiovascular, exatamente porque o HDL tem uma capacidade antioxidativa. A atividade antioxidativa do HDL ocorre porque o HDL consegue recrutar o LDL que vai ser oxidado, assim o HDL tem uma capacidade anti aterogênica. Já se tem a informação que a presença de 1 mg/dL de HDL reduz em até 2% o risco de doença cardiovascular em homens e 3%desse risco em mulheres. Aterosclerose e suas complicações Fatores de risco da aterosclerose e doenças secundárias: hipertensão, hipercolesterolemia, diabetes melito e tabagismo. Hipercolesterolemia O consumo de ácidos graxos saturados e ácidos graxos trans reduzem a expressão do receptor de LDL (aumentando a circulação dessa apoproteína) e facilita a entrada de colesterol nas partículas de LDL. Atenção aos amantes de café → a ingestão de café em excesso trás consigo o risco de desenvolvimento de hipercolesterolemia, uma vez que o café contém substâncias gordurosas, cafestol e o kahweol. O consumo de álcool aumenta a VLDL pela síntese de ácidos graxos. O consumo elevado de açúcar leva ao aumento de VLDL pela síntese de AG também. 4 AV1 – Bases II – Prof.ª Carolina Figueiredo– Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 O sedentarismo, fumo, estresse emocional, pressão alta, diabetes mellitus, obesidade, hipotireoidismo são alguns fatores de risco. Além disso, pessoas do sexo masculino tem maiores chances de desenvolverem o quadro de hipercolesterolemia. Os fatores genéticos (dislipidemias) também têm papel fundamental na determinação do colesterol sanguíneo. Para avaliação do risco cardiovascular podemos usar várias calculadoras online, por exemplo. Calculadora online para avaliação do risco cardiovascular. O escore de Framingham (Framingham Risk Score ATP-III) é o escore para a avaliação do risco cardiovascular. Dependendo do risco encontrado na avaliação diagnóstica que se define o tratamento, mas para traçar o tratamento deve-se considerar o perfil do paciente e o comprometimento dele com o tratamento. Avaliação de risco Figura 3: Disposição mais antiga de meta terapêutica de LDL-c. Atualmente a meta terapêutica para pacientes de baixo risco é de 130 mg/dL e a partir daí todos as outras metas sofreram reajustes. As medidas terapêuticas preconizadas são mudança do estilo de vida (MEV) e a terapia medicamentosa. Existem dois momentos: (1) Avaliação do risco (estratificação) (2) Avalia separadamente os níveis de LDL-c. Exemplo de caso clínico e medida terapêutica - Paciente de baixo risco cardiovascular em 10 anos e que precisa manter o LDL-c < 130 mg/dL. Mas, o paciente não consegue mudar o estilo de vida. Qual vai ser sua conduta? Prescrever uma terapia medicamentosa e continuar tentando convencê-lo a mudar o estilo de vida. Medicamentos por mecanismo de ação As estatinas são a primeira droga de escolha para o tratamento da dislipidemia. 1. Inibidores da HMG-CoA redutase (estatinas) 2. Ativadores da lipoproteína lipase (fibratos) 3. Permutadores de ácidos biliares (resinas) 4. Ácido nicotínico 5. Inibidores de PCSK9 (mais novo tratamento para dislipidemias) Estatinas Cargo chefe para o tratamento da dislipidemia. Cronologia... Estatinas que precisam estar na nossa cabeça: sinvastatina, atorvastatina e rosuvastatina (mais nova no mercado). Essa evolução permitiu uma maior potência nos medicamentos mais novos, ou seja, menor dose para o mesmo efeito, o que diminui os efeitos adversos. O maior tempo de meia vida está na atorvastatina e na rosuvastatina. Questão levantada em aula... se o paciente faz uso de antirretrovirais ele precisaria fazer reajuste de uma estatina. Qual a lógica? Os antirretrovirais são hepatotóxicas, se há lesão hepática, também ocorre diminuição da função hepática, há diminuição da produção de colesterol pelo 5 AV1 – Bases II – Prof.ª Carolina Figueiredo– Fernanda Pereira - 6º período – 2022.1 fígado, por isso não preciso da dose convencional de estatina no paciente que tem lesão hepática. Na etapa em que a estatina impede a síntese hepática de colesterol não há acúmulo de substâncias tóxicas. As estatinas inibem a HGM CoA redutase levando a diminuição da concentração de colesterol no interior da célula. Mas, a gente sabe que as células precisam de colesterol para manter suas funções, então a célula ”percebe” que não está havendo a síntese de colesterol endógeno (produção hepática) e começa a capturar o colesterol presente na circulação sanguínea através da estimulação de receptores de LDL na membrana celular. Assim, o mecanismo primário do uso de estatinas também promove o recrutamento do LDL-c para o interior das células, ao diminuir o colesterol endógeno ocorre o estímulo para as células que precisam desse colesterol expressarem receptores LDL para capturar o LDL-c (proveniente da dieta), em excesso. Com a diminuição da produção de LDL hepático ocorre o aumento dos níveis de HDL, o que aumenta as propriedades antioxidativa e anti aterogênicas.
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