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Fármacos que afetam o Trato Gastrointestinal SECREÇÃO GÁSTRICA O dióxido de carbono (CO2) do plasma se difunde através da membrana para dentro da célula parietal e forma H2CO3 → O H2CO3 se dissocia em H+ e HCO3- no citoplasma → O HCO3- é transportado através da membrana para o plasma em troca de íons Cl-, mantendo a concentração normal de ambos os íons na célula → Os íons Cl-, já no citoplasma da célula parietal, agora são transportados para o lúmen do canalículo por canais de Cl- presentes na membrana ou por carregador simporte K+/Cl- → Prótons são transportados através da membrana para o lúmen do canalículo pela bomba de prótons H+/K+ATPase. → Simultaneamente, a H +/K +/ATPase transporta K+ do canalículo para dentro da célula em troca dos íons H+ → Finalmente, ocorre formação de HCl a partir de H+ e Cl-. REGULAÇÃO DA SECREÇÃO GÁSTRICA PELAS CÉLULAS PARIETAIS HISTAMINA: liberação basal constante de histamina, que é aumentada pela gastrina e ACh. Atua nos receptores H2 das células parietais. GASTRINA: sintetizada pelas células G no antro gástrico. Estimula a secreção de ácido pelas células ECS pelos receptores CCK2 que aumenta Ca2+ intracelular. ACETILCOLINA: age sobre receptores M3 direto na célula parietal estimulando a secreção. PROSTAGLANDINAS PROTETORAS: exercem efeito citoprotetores no aumento da secreção de bicarbonato (receptores EP ½), aumento da liberação de mucina protetora (receptores EP4), redução da produção de HCl. SOMATOSTATINA (SST): liberado pelas células D. Atua nos receptores 2 (SST2) inibindo a liberação de gastrina pelas células G e inibindo a histamina pelas células ECS. FÁRMACOS USADOS PARA NEUTRALIZAR A SECREÇÃO DE ÁCIDO GÁSTRICO INIBIDORES DA BOMBA DE PRÓTONS (IBPs) Pró-fármacos. Omeprazol → inibe a bomba (etapa terminal da via secretora do ácido) de forma irreversível → diminuição da secreção basal de ácido clorídrico e da secreção de ácido clorídrico estimulada. Aspectos Farmacocinéticos: Via de administração: oral. Meia-vida: 1h, porém uma dose única afeta a secreção de ácido por 2 ou 3 dias, porque se acumula nos canalículos e porque inibe a bomba de prótons irreversivelmente. Mecanismo de ação: O pró-fármaco passa por transformações químicas e no final dão origem a sulfenamida (forma ativa) → inibe a bomba de prótons irreversivelmente. Para ficar ativo tem que estar em um ambiente ácido (no meio das transformações químicas tem que ter H+). O fármaco em sua forma molecular pode transitar pelas membranas (sem carga) → chega pelo sangue → cruza a célula parietal → cruza a próxima membrana da cél parietal → canalículo (tem muito HCl, porque é formado ali) → pH baixo → ativa o omeprazol. 1 Fármacos que afetam o Trato Gastrointestinal Quando ativo não consegue transitar pelas membranas (aprisionamento iônico) → se liga na bomba de próton e não se solta mais. Por mais que passe no estômago (meio ácido), não se torna ativo pois a formulação (revestimento) só deixa o fármaco ser liberado quando chega num pH alcalino. Usos terapêuticos: Úlcera péptica; doença do refluxo esofágico; síndrome de Zollinger-Ellison (tumores secretores de gastrina); H. pylori; associação ao uso contínuo de AINEs. Esomeprazol → mais indicado para refluxos. Como é realizada a administração: Administrados antes da primeira refeição do dia → depois de um longo período em jejum → durante o jejum prolongado a quantidade das bombas aumentam na membrana dos canalículos → quando o medicamento chega, é ativado mais rapidamente. Administração cerca de 30 minutos antes das refeições → precisa que o medicamento seja ativado e quando nos alimentamos a bomba fica inativa. OBS: Tratamento prolongado → hipersecreção ácida de rebote (como há secreção ácida, as células passam a secretar mais ácido ainda). Efeitos Adversos: Cefaleia; diarreia; fraturas ósseas (para absorção de Ca+, não se solubiliza em meio aquoso muito bem → precisa de acidez → IBP neutraliza a acidez → tira o mecanismo protetor que mata patógeno → abre o organismo para infecção; distúrbios gastrointestinais e náuseas. Omeprazol possui bastante interação medicamentosa → inibe CYP2C19 e ativa CYP1A2 → responsáveis pela degradação de alguns medicamentos → inibindo ou potencializando suas ações. ANTAGONISTAS DO RECEPTOR H2 DA HISTAMINA Os antagonistas de H2 podem inibir a secreção de ácido estimulada pela histamina e gastrina. Principais fármacos usados: cimetidina, ranitidina, nizatidina e famotidina. Aspectos Farmacocinéticos: Via de administração: oral. Mecanismo de ação: Diferentemente do omeprazol que age diretamente na bomba de prótons que é dependente de histamina, ACh e gastrina para funcionar, os antagonistas de H2 bloqueiam apenas a histamina. Dessa forma, o omeprazol é mais eficiente, porém esses antagonistas conseguem sim reduzir HCl. Usos terapêuticos: Úlcera péptica, doença do refluxo gastroesofágico e previne a ocorrência de úlcera de estresse. Efeitos Adversos: Diarreia; cefaleia; tonturas; mialgia; rashes transitórios; confusão em idosos; trombocitopenia; tolerância dentro de 3 dias (pode causar hipergastrinemia); ginecomastia e, raramente, diminuição da 2 Fármacos que afetam o Trato Gastrointestinal função sexual em homens (cimetidina; causado por sua pequena afinidade por receptores de andrógenos). ANTIÁCIDOS Tratam sintomas de secreção excessiva de ácido gástrico e inibem a atividade das enzimas pépticas. Mecanismo de proteção da mucosa: neutralizam a acidez, mas não atuam diretamente na produção gástrica. CO2: causam flatos e distensão abdominal. Usos terapêuticos: Dispepsia (desconforto epigástrico) e alívio sintomático na úlcera péptica (alginato) ou refluxo esofágico. Alginato: aumenta a viscosidade do muco → aumenta a adesão do ácido na mucosa → aumenta a produção do ácido gástrico. Causam alívio temporário dos sintomas. Efeitos Adversos: O cálcio pode induzir secreção ácida rebote; Síndrome de leite-álcali (alcalose, hipercalemia e insuficiência renal). Ocorre através do uso indiscriminado do antiácido e também de sua utilização com leite ou bebidas cremosas que possuem leite como ingrediente. FÁRMACOS QUE PROTEGEM A MUCOSA Aumentam os mecanismos endógenos de proteção da mucosa e/ou proporcionam uma barreira física sobre a superfície da úlcera. MISOPROSTOL - CITOTEC Promove cicatrização ou previne lesão da mucosa induzida por AINE → análogo sintético da prostaglandina. Tem ação direta sobre as células ECS inibindo a secreção basal e ácido gástrico. Efeitos Adversos: Diarreia; cólicas abdominais; é contraindicado em mulheres em idade fértil e na gravidez → ação na musculatura lisa do útero. QUELATO DE BISMUTO Como componente da terapia para infecção pelo H. pylori (é tóxico para a bactéria). Impede a aderência do H. pylori à mucosa ou inibe suas enzimas peptídicas bacterianas. Efeitos Adversos: Náuseas, vômitos e escurecimento da língua e das fezes. SUCRALFATO Sulfato de sacarose + hidróxido de alumínio. É protetor da mucosa gástrica → chega no estômago → interage com glicossacarídeos do muco e forma um polímero → um pasta de proteção → tem que tomar cuidado porque ela pode ter dificuldades de se dissolver - bezoar. Como exigem ambiente ácido para ativação, os antiácidos administrados concomitantemente ou antes de sua administração reduzem a eficácia. Efeitos Adversos: Mais comum: constipação intestinal; menos comum: bezoar gástrico, boca seca, náuseas, vômitos, cefaléia e rashes. Helicobacter pylori Teste de urease: detectar a presença de H. pylori → detecta a enzima que a bactéria produz → urease (transforma ureia em amônia). A amônia tem caráter básico → indicar da substância indica a presença de algo básico → alteração da cor → teste de urease positivo. Devido à infecção, a força que lesa se sobressai da força que protege a mucosa gástrica, podendo aparecer uma gastrite podendo progredir para uma erosão. 3 Fármacos que afetam o Trato Gastrointestinal H. pylori → produz urease → degrada ureia e produz amônia (básica) → aumenta o pH → estimula célula G a produzir gastrina→ estimula a célula parietal a secretar mais ácido e de se dividir (proliferação celular) → aumenta mais ainda a secreção ácida → doença epigástrica → gastrite → úlcera. Terapia Tríplice (duração de 1 ou 2 semanas) → 1 inibidor da bomba de prótons combinado aos antibacterianos amoxicilina e metronidazol ou claritromicina. VÔMITO MECANISMO REFLEXO DO VÔMITO O centro do vômito recebe sinais de 4 origens diferentes. TRATO GASTROINTESTINAL E CORAÇÃO Há estímulo de mecanorreceptores, quimiorreceptores e receptor 5HT3. Esses receptores são acionados por uma distensão muito grande do tecido, ativando os mecanorreceptores que mandam sinais. Os quimiorreceptores são a presença de veneno ou toxinas que também ativam os mecanorreceptores que, por fim, vão para o centro do vômito. Algumas substâncias irritantes podem estimular a produção de serotonina que interage com os receptores 5HT3 que estão nos nervos → desencadeiam sinais para o centro do vômito. SISTEMA NERVOSO CENTRAL Ocorre em casos de visão ou odor desagradável, ou repulsivos. SISTEMA VESTIBULAR É responsável por monitorar a posição da cabeça → se muda bruscamente o movimento/se move em um determinado ritmo → manda sinais para o centro do vômito. ZONA DE GATILHO QUIMIORRECEPTORA Se localiza na área póstuma (não tem BHE) → qualquer substância na corrente sanguínea consegue chegar na zona → sinais de ação para o centro do vômito. FÁRMACOS ANTIEMÉTICOS ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES H1 Fármacos: cinarizina, ciclizina e prometazina. Local de ação: receptores H1 no SNC São eficazes contra vômitos de origem cinetose (incompatibilidade entre o movimento que se enxerga e a sensação percebida pelos ouvidos - aparelho vestibular) e agentes irritantes no estômago Prometazina → náuseas matinais da gravidez. Efeitos Adversos: Mais comum: sonolência e sedação. Menos comum: tontura, xerostomia, visão borrada, cefaleia, constipação, retenção urinária e redução do limiar de convulsão. ANTAGONISTAS DE RECEPTORES MUSCARÍNICOS A hioscina (escopolamina/buscopan) é utilizada para tratamento de cinetose. Chega no aparelho vestibular do sistema vestibular e em outros locais dos sistemas do circuito da êmese. 4 Fármacos que afetam o Trato Gastrointestinal Pode ser administrada V.O ou em adesivo transdérmico. Evitar em pacientes com demência. Efeitos Adversos: Mais comuns: secura de boca e visão embaçada. Menos comum: sonolência (fraca penetração no SNC) e xerostomia. ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES 5-HT3 Fármacos: granisetrona, ondansetrona (vonau) e palonosetrona. Local primário de ação: ZGQ. Utilizados no tratamento de vômitos e náuseas observados em pós-operatório ou causados por radioterapia. Fases do vômito: Fase aguda → vômito que aparece em 24h depois do procedimento; Fase tardia → 2° ao 5° depois do procedimento. Ineficazes na cinetose. Podem ser administrados V.O ou parenteral. Via parenteral → palonosetrona → excelente e possui meia vida longa, pode ser eficaz para quem tem êmese tardia → para quem faz quimio é ótima mas é muito cara. Efeitos Adversos: Constipação e diarreia, cefaleia e leve tontura; aumento do intervalo QT; síndrome serotoninérgica (ISRS) Cefaleia e desconforto GI são incomuns. Se a pessoa já faz uso de um recaptador de serotonina → síndrome serotoninérgica (ISRS) → intoxicação por serotonina. ANTAGONISTAS DA DOPAMINA Fármacos antipsicóticos: clorpromazina, perfenazina, proclorperazina, trifluoperazina, haloperidol, droperidol e metoclopramida. Tratam manifestações mais intensas associados a câncer, radioterapia, citotóxicos, opióides, anestésicos e outros fármacos. Haloperidol: tem maior seletividade e maior potência. Fármacos não psicóticos: droperidol. Administrados V.O, I.V ou por supositório. Atuam principalmente como antagonistas dos receptores D2 da dopamina na ZGQ, mas também bloqueiam receptores de histamina e muscarínicos. Efeitos Adversos: Comuns: sedação, hipotensão e sintomas extrapiramidais (alterações motores → há receptor D2 nos núcleos da base). Metoclopramida e Domperidona Metoclopramida: antagonista do receptor D2 e é relacionada com o grupo dos fenotiazínicos que atuam centralmente sobre a ZGQ. Tem ação periférica sobre o próprio TGI aumentando a motilidade do esôfago, do estômago e do intestino devido ao aumento da liberação de ACh que ocorre através da ativação do receptor 5HT3 se serotonina pelo fármaco. A domperidona é um fármaco semelhante usado para tratar vômitos causados por citotóxicos. Diferentemente da metoclopramida, não atravessa com facilidade a BHE -> menos propensão a produzir efeitos colaterais centrais. Porém está associada a riscos de ações adversas cardíacas graves → uso restrito. ANTAGONISTAS DO RECEPTOR NK1 A substância P causa êmese quando injetada I.V e é liberada pelos nervos aferentes vagais GI, assim como pelo próprio centro do vômito. ➔ Aprepitanto: bloqueia receptores da substância P na ZGQ e no centro do vômito. Administrado V.O e é eficaz na fase tardia da êmese causada por fármacos citotóxicos. ➔ Fosaprepitanto: é um pró fármaco administrado V.I. Efeitos Adversos: Cefaleia, dor abdominal, tonturas, anorexia, aumento do intervalo QT em pacientes que recebem cisaprida ou pimozida (aprepitano é contraindicado). 5
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