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Níveis de Linguagem: Culta e Popular

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Níveis de linguagem
APRESENTAÇÃO
Você sabe o que são os níveis de linguagem? O que é a língua culta? E a popular? A língua 
falada e a língua escrita são utilizadas de acordo com os diferentes contextos nos quais o falante 
ou escritor pretende se comunicar. Em contextos de descontração e no dia a dia, a língua popular 
é largamente utilizada e se adapta muito bem a essas situações. Já em contextos mais solenes ou 
que exigem maior monitoramento da língua, utiliza-se a língua culta ou padrão. 
Nesta Unidade de Aprendizagem, você conhecerá as características das línguas culta e popular, 
as diferenças entre elas e os seus principais contextos de uso. 
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Definir as características das modalidades escrita e falada da língua culta e da língua 
popular.
•
Identificar os contextos de uso da língua culta e da língua popular.•
Reconhecer a necessidade do uso de cada uma das modalidades das línguas culta e popular 
de acordo com os seus contextos.
•
DESAFIO
Jaqueline é uma jovem professora alfabetizadora, recém-formada em Pedagogia e também 
estudante do curso de Letras, e está se preparando para uma palestra sobre a importância da 
seleção dos textos para o processo de alfabetização.
O público-alvo dessa palestra será um grupo de monitores que auxiliam o trabalho de 
professores nas séries iniciais das escolas do município, os quais deverão compartilhar as 
informações com os demais colegas.
Jaqueline está um pouco ansiosa, pois é sua primeira experiência como palestrante e tem 
algumas dúvidas sobre qual seria a linguagem adequada para utilizar na palestra, já que o 
objetivo é passar as informações e ser compreendida pelos ouvintes. Para amenizar um pouco 
esta insegurança, Jaqueline decide "ensaiar" a palestra com a sua professora de português e 
começa assim:
Acompanhe na imagem a seguir como foi este ensaio.
Por que a professora disse isso? Quais são as modificações que devem ser feitas na fala de 
Jaqueline?
INFOGRÁFICO
O infográfico apresenta as modalidades padrão e coloquial da língua e seus contextos de uso. 
Confira!
CONTEÚDO DO LIVRO
A língua que utilizamos para nos comunicar é uma ferramenta de identidade, ou seja, nos 
possibilita uma diferenciação em relação a outros grupos, ao mesmo tempo que nos permite uma 
identificação com os que compartilham da mesma variação da língua. Além disso, é necessário 
que conheçamos os diferentes contextos de uso de cada modalidade e que tenhamos a noção de 
que o uso de cada uma depende de variáveis, como o grupo em que se está inserido e as 
diferentes situações, como, por exemplo, contextos formais ou informais.
Para aprofundar o seu conhecimento sobre o assunto, faça a leitura dos trechos selecionados do 
livro Português: práticas de leitura e escrita.
Boa leitura.
LINGUÍSTICA GERAL 
Marlise Buchweitz
Níveis de linguagem
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Definir as características das modalidades escrita e falada da língua 
culta e da língua popular.
  Identificar os contextos de uso da língua culta e da língua popular.
  Reconhecer a necessidade do uso de cada uma das modalidades das 
línguas culta e popular de acordo com os seus contextos.
Introdução
Neste capítulo, discutiremos as características das modalidades escrita e falada 
da língua culta e da língua popular, com maior ênfase na fala devido ao fato 
de, muitas vezes, ser motivo de preconceito e consequente discriminação 
nas mais variadas comunidades linguísticas. Nesse sentido, constataremos 
que não há modos “corretos” ou “errados” de expressar-se, tendo em vista 
que sempre é preciso considerar o contexto em que cada modalidade ocorre.
Também estudaremos os usos das modalidades da língua e as relações 
entre os grupos sociais e as formas como cada um realiza a comunicação. 
Afinal, algumas características devem ser consideradas dentro de uma 
comunidade de fala, pois implicam nos modos como as construções 
linguísticas são organizadas em tal ambiente.
Características das modalidades escrita e falada 
da língua culta e da língua popular
Tanto a língua culta quanto a língua popular, também identifi cada como 
coloquial, possuem variantes que diferenciam as suas modalidades escrita e 
falada. Assim, sempre que ouvimos uma conversa, ainda que não prestemos 
muita ou quase nenhuma atenção ao assunto, somos capazes de formar distintas 
opiniões para qualifi car socialmente os sujeitos envolvidos de acordo com as 
escolhas linguísticas que fazem. Por outro lado, ainda que não dominemos 
as diferenças entre as modalidades da língua, já trazemos conosco certo co-
nhecimento de mundo que nos permite identifi car tais nuances da linguagem.
Camacho (2004, documento on-line) destaca que: 
[...] é possível identificar as características sociais de um falante desconhecido 
com base em seu modo de falar. Podemos facilmente concluir que toda língua 
comporta variedades: (a) em função da identidade social do emissor; (b) em 
função da identidade social do receptor; (c) em função das condições sociais 
de produção discursiva.
Isso quer dizer que as características principais das modalidades escrita e 
falada, sejam da língua portuguesa ou de outros idiomas, são intrínsecas ao 
contexto social dos sujeitos participantes do discurso — oral ou escrito. Por-
tanto, o emissor está sujeito também a variedades geográficas, ou diatópicas, e 
socioculturais, ou diastráticas. Somado a isso, quanto ao receptor e às condições 
sociais, têm-se as variedades estilísticas, ou diafásicas, que se referem ao grau 
de formalidade da situação e ao ajustamento do emissor à identidade social do 
receptor. Nesse sentido, quanto mais o emissor e o receptor mantêm contato 
entre si, mais provável é a semelhança entre os seus modos de comunicar-se.
Por outro lado, outras características interferem a comunicação no que diz 
respeito aos sujeitos que a realizam. Para Camacho (2004, documento on-line):
Fatores como idade, gênero e ocupação motivam o aparecimento de lingua-
gens especiais que contrastam com a linguagem comum por consistirem em 
variedades dialetais próprias das diversas subcomunidades linguísticas, cujos 
membros compartilham uma forma especial de atividade, sobretudo na esfera 
profissional, mas também científica e lúdica.
Podemos perceber o apontado pelo autor ao observarmos diferentes gera-
ções de indivíduos, com especial interesse nas gírias por eles adotadas e nos 
seus jeitos de falar. Quanto às gírias, Camacho (2004, documento on-line) 
destaca que podem estar relacionadas à criação “[...] de neologismos por força 
de necessidades expressivas”, mas também a uma “[...] demanda especial, em 
certos grupos, por forte coesão social, cuja consequência é a exclusão, via 
linguagem, dos que não fazem parte do grupo”. A adoção de gírias com vistas 
à exclusão de sujeitos que não pertencem a certos grupos é constatada com 
maior frequência em comunidades linguísticas integradas por adolescentes 
Níveis de linguagem2
e jovens, o que podemos interpretar como uma maneira de proteger-se de 
críticas ou intromissões provindas de adultos ou idosos, dado o habitual 
conflito entre gerações.
Vale ressaltarmos que a diversidade linguística não pode ser usada para 
separar os indivíduos em função do seu modo de falar ou de escrever. Um 
mesmo falante pode adotar diferentes variantes para expressar-se de acordo com 
o contexto no qual se encontra. Logo, você, como estudante de Letras e futuro 
professor, precisa ter consciência dessa diversidade e deve saber transitar entre 
os distintos modos de expressão para adequar-se da melhor maneira possível 
às situações interlocucionais que se apresentarem na sua trajetória profissional. 
Frente a isso, você jamais deve usar a língua para inferiorizar alguém por, 
supostamente, “falar errado”. A consciência linguística deve fundamentar a 
sua vidadocente, já que, em cada contexto, você deve saber como interagir da 
melhor forma com os envolvidos. Por exemplo, na sala de aula da universidade, 
você deve utilizar a norma culta padrão, visto que, no meio acadêmico, ela se 
constrói e serve como mediadora da comunicação; porém, se você estiver no 
bar com os seus amigos, pode usar variações como “cê” em vez de “você”, “tá” 
em vez de “está”, “massa” em vez de “legal” ou “ótimo”, dentre tantas outras, 
possíveis e socialmente aceitáveis em uma conversa informal.
Em suma, uma situação de comunicação e interação qualquer caracteriza:
  o contexto social; 
  o assunto; 
  a identidade do interlocutor/receptor.
O contexto social depende de variedades geográficas, socioculturais e estilísticas
Até este ponto dos nossos estudos, você leu, principalmente, sobre as 
características da linguagem falada. No que concerne à escrita, você deve 
conscientizar-se de que “[...] a pedagogia da língua materna deve valorizar o 
princípio de que todos os falantes são capazes de adaptar seu estilo de fala à 
diversidade das circunstâncias sociais da interação verbal e de discernir que 
formas alternativas são as mais apropriadas” (CAMACHO, 2004, documento 
on-line). Nesse sentido, a escrita deve ser sempre a mais próxima possível da 
3Níveis de linguagem
norma culta da língua. Como professor, você deverá intermediar a construção 
do processo escrito do aluno, gradualmente, isto é, de forma evolutiva. 
Camacho (2004, documento on-line) também destaca que:
Em geral, indivíduos de baixa escolarização e que exercem atividades produti-
vas que não exigem senão habilidades manuais tendem a ser menos estimulados 
quanto à capacidade de operar com regras variáveis (ao menos no âmbito 
de seu trabalho). Nesse caso, como lhe foram vedadas as possibilidades de 
adaptar seu estilo às circunstâncias de interação, a variedade que usam acaba 
representando uma poderosa barreira para toda possibilidade de ascensão 
social que depender de capacidade verbal. Cabe ao sistema escolar cuidar para 
que as formas da variedade-padrão sejam desde cedo ensinadas à criança, 
para que, quando adulto, ela incorpore em seu acervo o máximo possível de 
formas padrão, tornando-se, assim, capaz de adequar a expressão verbal às 
circunstâncias de interação. A pedagogia da língua materna deve valorizar 
o princípio de que todos os falantes são capazes de adaptar seu estilo de fala 
à diversidade das circunstâncias sociais da interação verbal e de discernir 
quais formas alternativas são as mais apropriadas.
Portanto, ainda que, inicialmente, o sujeito em processo de construção 
do seu conhecimento não escreva de acordo com a norma padrão da língua 
e a sua escrita esteja mais próxima da fala, a mediação deverá ser realizada 
pelo professor, com os devidos cuidados em relação a equívocos do aluno. 
Os desvios da norma culta serão normais até que as regras gramaticais sejam 
dominadas, de modo que, conforme ele adquirir o conhecimento necessário, 
a sua escrita se modificará, em um processo natural e gradual. 
A seguir, discutiremos um pouco mais as variações linguísticas.
Variação linguística
As variações linguísticas ocorrem de acordo com o meio no qual os su-
jeitos encontram-se. Cada classe social ou região geográfi ca conta com 
peculiaridades nos modos de falar dos seus membros. Segundo Camacho 
(2004, documento on-line):
[...] toda língua varia, isto é, não existe comunidade linguística alguma em que 
todos falem do mesmo modo e [...], por outro lado, a variação é o reflexo de 
diferenças sociais, como origem geográfica e classe social, e de circunstâncias 
da comunicação. Com efeito, um dos princípios mais evidentes desenvolvi-
dos pela linguística é que a organização estrutural de uma língua (os sons, a 
gramática, o léxico) não está rigorosamente associada com homogeneidade; 
pelo contrário, a variação é uma característica inerente das línguas naturais.
Níveis de linguagem4
Dessa forma, você pode perceber o quanto é importante para a sua trajetória 
profissional entender as peculiaridades das falas dos seus futuros educandos. 
Muitas vezes, os próprios indivíduos, inseridos nos seus contextos, creem falar 
erroneamente, tendo em vista que há uma cultura de “falar certo” ou “falar 
errado” sendo reforçada pelos que desfrutam da norma culta, mas possuem 
sensibilidade bastante para compreender as diferenças sociolinguísticas. Em 
sala de aula, você perceberá que cada educando traz singularidades sociais 
para o contexto escolar, cabendo aos professores o cuidado para evitar dis-
criminações linguísticas na turma.
Vejamos algumas situações de uso da linguagem coloquial nos casos a seguir.
Caso 1
O sujeito reclama à sua mãe: “Farta muito pra essa veia se mexê?”
O que se tem:
  na palavra falta, cuja letra “l” geralmente é representada na fala pelo 
fonema /u/, nesse caso assume o som de /ɾ/;
  na palavra velha, cuja partícula “lh” costuma ser representada na fala 
pelo fonema /ʎ̝ /, nesse caso assume o som de /i/;
  na palavra mexer, ocorre o apagamento do último fonema, /ɾ/, repre-
sentado na escrita pela letra “r”.
Interpretação: provavelmente, o falante é de baixa escolaridade ou provém 
de área rural.
Caso 2
Um vizinho diz ao outro: “Os vizinho não chega nunca pra proseá”.
O que se observa:
  diferença entre as concordâncias nominal e verbal, evidenciada pelo 
artigo definido no plural “os”, anunciando que se seguirá um sujeito 
pertencente também ao plural, sendo que o que se segue é um sujeito 
da 3ª p. sing. (“vizinho” = ele) e um verbo que concorda com essa 
pessoa (“chega”);
5Níveis de linguagem
  a variação lexical “proseá” como sinônimo de “conversar”.
Interpretação: provavelmente, o falante é de baixa escolaridade ou provém 
de área rural de uma região específica do País.
Ademais, cabe destacarmos algumas particularidades da linguagem coloquial:
  a palavra falta possui ‘l’ ao final da primeira sílaba;
  se comparada a uma palavra com ‘l’ no início da sílaba, como lápis 
ou ladeira, as mesmas substituições do fonema /l/ por /u/ ou /ɾ/ não 
sucederão, uma vez que nenhum falante nativo da Língua Portuguesa 
pronunciará “rápis”, embora fale “farta”, conforme o caso 1;
  é comum ouvirmos “Os vizinho não chega”, mas jamais “O vizinhos 
não chegam” de um falante nativo, motivo pelo qual podemos afirmar 
que o primeiro enunciado é gramatical e o segundo, agramatical.
Tais observações indicam que há uma regra para a variedade popular, 
“[...] motivada pela organização sintática do Português, que permite a 
ausência de pluralidade nos últimos constituintes de uma locução, mas 
não no primeiro da série, que, via de regra, deve vir marcado com o plu-
ral” (CAMACHO, 2004, documento on-line). Posto isso, Camacho (2004, 
documento on-line) afirma que: 
[...] esses fatos linguísticos nos levam a concluir também que a variação não é 
um processo sujeito ao livre arbítrio de cada falante, que se expressaria, assim, 
do jeito que bem entender; muito pelo contrário, a variação é um fenômeno 
regular, sistemático, motivado pelas próprias regras do sistema linguístico.
Portanto, enquanto professor de linguagens, você deve estar ciente de que 
mesmo os falantes da variante popular seguem alguma regra para a formulação 
das suas orações. Em contraposição, eles não seguem as regras da língua culta. 
Nesse sentido, pensar que a língua, seja ela qual for, é única, invariável e que 
há um único modo “correto” de usá-la configura um mito.
Níveis de linguagem6
Camacho (2004, documento on-line) alerta para o fato de que “[...] todas as línguas 
e dialetos (variedades de uma língua) são igualmente complexas e eficientes para 
o exercício de todas as funções a que se destinam e nenhuma língua ou variedade 
dialetal é inerentemente inferior à outra similar [a] sua”.
Além disso, devemos atentar que:
[...] nenhuma forma de expressão é em si mesma deficiente, mas tão 
somente diferente, e todas as línguas e variedades dialetais forne-
cem a seus usuários meiosadequados para a expressão de conceitos 
e proposições lógicas; assim, nenhuma língua ou variedade dialetal 
impõe limitações cognitivas tanto na percepção quanto na produção 
de enunciados (CAMACHO, 2004, documento on-line).
Portanto, não esqueça:
  todas as formas de expressão são válidas;
  a língua serve à comunicação;
  tanto a língua culta quanto a língua coloquial seguem uma sequência lógica e 
todos os falantes dessa são capazes de seguir tal sequência.
Contextos de uso da língua culta 
e da língua popular
Ainda que a escrita tenha sido criada tardiamente em relação à oralidade, 
Marcuschi (1997) destaca que, hoje, a escrita permeia quase todas as práticas 
sociais das mais variadas sociedades. Desse modo, ela é usada nos contextos 
sociais básicos, paralelamente à oralidade, os quais são:
  escola;
  família;
  trabalho;
  atividade intelectual;
  cotidiano;
  vida burocrática.
7Níveis de linguagem
Assim, podemos destacar que, no Brasil, a língua culta possui um padrão 
nacional, mas também padrões regionais, além de uma série de padrões ideais 
locais, conforme apontam os pesquisadores no livro organizado por Bagno 
(2004). Isso implica destacar que os contextos de uso das línguas culta popu-
lar estão relacionados às variedades geográficas e socioculturais, conforme 
estudamos anteriormente neste capítulo.
Os principais ambientes de uso da norma culta são a escola e a academia, 
ou seja, as instituições de ensino. Nesses contextos, os sujeitos podem 
aprimorar os seus conhecimentos da língua, com o intuito de expressarem-
-se com base nas regras que o código escrito exige. Conforme destacado 
previamente, você precisa ter o devido cuidado ao corrigir os desvios da 
norma, o que sempre deve ser feito de forma didática e conscientizando os 
educandos dos motivos pelos quais tal variedade não é adequada à ocasião 
ao invés de, simplesmente, acusá-la de inaceitável, “errada”. Ademais, 
você deve respeitar o tempo de cada educando, posto que o processo de 
aquisição da língua é distinto para cada um. Em uma mesma sala de aula, 
você poderá se deparar com diferentes níveis de aprendizagem da norma 
culta da língua, a depender dos sujeitos que se apresentarem.
Todavia, atentemos ao fato de que a língua culta não se limita aos es-
paços escolar ou universitário. O que podemos analisar é que, nos meios 
escolar e acadêmico, existe a possibilidade de reflexão e de aprendizado 
sobre a língua no âmbito das suas mais diversas variantes. Frente a isso, 
é importante perceber que a norma culta é uma forma universal, ou seja, 
uma modalidade da linguagem à qual todos os sujeitos do País devem têm 
acesso — ou deveriam ter — por meio do ensino. Desse modo, quando o 
objetivo de um texto — escrito ou falado — é ser lido por todos os sujeitos 
de um país, é necessário adotar a norma culta. Por outro lado, quando se 
está em um contexto local ou regional qualquer, é possível usar variantes 
específicas daquele lugar para ser compreendido.
Níveis de linguagem8
O uso de cada uma das modalidades das línguas 
culta e popular de acordo com os seus contextos
Guy (2000) defi ne o que é uma comunidade de fala, atribuindo-lhe algumas 
características.
  Características linguísticas compartilhadas: palavras, sons e cons-
truções gramaticais utilizadas dentro da comunidade, mas que não 
são usadas fora dela.
  Densidade de comunicação interna relativamente alta: diz respeito 
à frequência com que as pessoas se comunicam dentro do grupo, sendo 
maior do que em relação a pessoas de fora dele.
  Normas compartilhadas: ações em comum frente ao uso da língua, 
normas em comum frente à direção da variação estilística, avaliações 
sociais em comum frente às variáveis linguísticas.
São essas especialidades do modo de comunicação dentro de um grupo de 
indivíduos que permitem os usos de cada uma das modalidades da língua culta 
e da língua popular. Os sujeitos utilizam as diferentes modalidades da língua 
sem precisarem ser advertidos a respeito. A construção da comunicação se 
estabelece segundo essas características de modo natural. Quando um sujeito 
inicia sua jornada escolar, pressupõe-se que ele aprenderá a ler e a escrever 
conforme as normas da língua culta. Por outro lado, quando um candidato à 
eleição de algum cargo público faz campanha em um bairro periférico de classe 
social mais baixa, ele busca adequar o modo de expressar-se àquele grupo, 
pois, em geral, pressupõe que o grau de escolaridade da comunidade não é 
muito elevado devido às condições de acesso à educação daqueles sujeitos.
O uso das modalidades da língua culta e da língua popular, portanto, são sempre 
adequados ao contexto em que o falante se encontra. A partir do momento em que 
um sujeito deixa a sua comunidade de fala e insere-se em outra, ou ele adéqua o seu 
modo de falar, ou causa um estranhamento quanto à compreensão da mensagem 
que deseja transmitir. Tal adequação é possível, em nível mais elevado, aos sujeitos 
que compreendem o funcionamento da língua. Por isso, cabe a esses indivíduos o 
papel de mediadores de uma comunicação próxima dos seus receptores.
9Níveis de linguagem
Para compreender a diferença entre as linguagens escrita e falada, o poema de Oswald 
de Andrade (1890–1954), publicado na coletânea Pau Brasil em 1925, é um bom exemplo 
ANDRADE, 2003):
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso, camarada
Me dá um cigarro
Com base no conteúdo deste capítulo, percebemos que é necessário adequar 
o modo de expressar-se ao contexto no qual se está inserido. Poderá ocorrer, 
assim, um estranhamento pela inadequação da norma em alguns contextos, 
o que demonstra a importância de conhecimento da transição que o sujeito 
letrado deve realizar para comunicar-se com os diferentes grupos sociais.
No link a seguir, você pode acessar um vídeo que trata das variantes linguísticas dos 
vestibulares, em especial, discutindo as normas culta e coloquial.
https://goo.gl/898egS
Níveis de linguagem10
ANDRADE, O. Pau Brasil. 2. ed. Porto Alegre: Globo, 2003.
BAGNO, M. (Org.). Linguística da norma. São Paulo: Loyola, 2004.
CAMACHO, R. G. Norma culta e variedades linguísticas. Cadernos de Formação, São 
Paulo, p. 34-49, 2004. Disponível em: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/174227/
mod_resource/content/1/01d17t03.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2019.
GUY, G. R. A identidade lingüística da comunidade de fala: paralelismo interdialetal 
nos padrões de variação lingüística. Organon, v. 14, n. 28-29, p. 17-32, 2000. Disponível 
em: <https://seer.ufrgs.br/organon/article/view/30194/18703>. Acesso em: 14 jan. 2019.
MARCUSHI, L. A. Oralidade e escrita. Signótica, v. 9, n. 1, p. 119-146, 1997. Disponível em: 
<https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=6323097>. Acesso em: 14 jan. 2019.
Leitura recomendada
OFICINA DO ESTUDANTE. Variedade linguística: culta e coloquial. Produção da Oficina 
do Estudante, Campinas, 26 jun. 2017. Vídeo (3 m 51 s). Disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=eR01yuducm4>. Acesso em: 14 jan. 2019.
11Níveis de linguagem
Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR
O vídeo a seguir apresenta algumas diferenças entre as modalidades padrão e coloquial da 
língua e exemplos dos seus contextos de uso. Assista!
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
EXERCÍCIOS
1) Observe as afirmações a seguir e marque a alternativa CORRETA. 
 
I) A língua falada é mais livre e espontânea, pois reflete o contato direto entre os 
falantes. 
II) A linguagem culta tem o objetivo de refletir o índice de cultura a que todos devem 
chegar. 
III) A linguagem popular é utilizada no dia a dia e não obedece rigidamente às 
normas gramaticais.
A) Estão corretas I e III.
B) Somente I está correta.
C) Somente II está correta.
D) Somente III está correta.
E) Todas estão corretas.
Ao ouvirmos a fala dos indivíduos podemos identificar diferenças quese apoiam em 
nosso conhecimento de mundo. Essas diferenças podem ser identificadas como 
2) 
_____________________________ e estão relacionadas ao contexto ou meio no qual 
os sujeitos se encontram. Há, ainda, as características regionais e sociais que definem 
essas diferenças. É possível observar diferenças geracionais na fala dos indivíduos 
levando as gerações mais jovens ao criarem expressões por diferentes motivos, como 
caracterizar um grupo ao qual pertençam, por exemplo. As_____________, segundo 
Camacho (2004, s/p.), “são criações de neologismos por força expressiva”. Diante 
dessa diversidade é importante que saibamos interagir com nossos interlocutores 
adequadamente, sem que façamos da língua um recurso para a exclusão social, daí a 
importância ________________________. 
Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas no texto acima: 
A) Variedades diatópicas; linguagens contextuais; do domínio da norma culta
B) Variações linguísticas; gírias; da consciência linguística
C) Linguagens contextuais; expressões regionais; do conhecimento das linguagens
D) Variedades linguísticas; formas coloquiais; da consciência fonológica
E) Diversidade linguística; falas coloquiais; da consciência da norma culta da língua
3) Assinale a alternativa em que a oração foi construída de acordo com a língua padrão:
A) Paramos um instante; naquele momento, a gente começou a achar que tinha algo muito 
errado acontecendo.
B) Como você está, meu amigo? Passa aqui mais tarde pra gente conversar com mais calma!
C) Nós estávamos achando tudo aquilo um horror. Nada fazia sentido naquela confusão.
D) Me informaram o horário errado de saída do trem.
E) Cara, seu filho tá fazendo tudo errado e você vai acabar se ferrando por causa disso.
4) Considerando a modalidade padrão da língua, qual das seguintes construções é 
aceita?
A) Este chocolate é mais ruim que o outro.
B) Cê viu que acharam um monte de livro no lixo?
C) Falei pros mano que o rango já ia sair.
D) A polícia prendeu o ladrão em flagrante.
E) Estava muito cansado, mas como a aula era de manhã, tive que me obrigar a sair da cama.
5) Considere os seguintes contextos de comunicação: 
 
I) Uma pequena mensagem de celular para um amigo próximo. 
II) Uma conversa entre amigos na praça. 
III) Uma conferência nacional sobre meio ambiente. 
IV) Uma carta de reclamação ao presidente da República. 
 
As modalidades da língua mais adequadas à comunicação em cada contexto, 
respectivamente, são:
A) Culta, culta, coloquial e coloquial.
B) Culta, coloquial, coloquial e culta.
C) Coloquial, culta, coloquial e culta.
D) A modalidade coloquial pode ser utilizada em todos os contextos.
E) Coloquial, coloquial, culta e culta.
NA PRÁTICA
Adriano é um rapaz de 19 anos que mora na periferia de uma grande cidade. Passou a vida toda 
convivendo com os vizinhos e amigos e sempre utilizou um tipo de linguagem informal para se 
comunicar com as pessoas do seu convívio. Apesar disso, aprendeu que, para cada contexto, é 
preciso utilizar um tipo adequado de linguagem. O garoto encontra um amigo durante o 
percurso até a parada de ônibus, pois tem um compromisso:
 
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Adriano foi ao centro da cidade para fazer uma entrevista de emprego. Chegando ao escritório 
onde seria entrevistado, conversou com a moça que o atendeu: 
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SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Níveis de linguagem
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Linguagem
[Série Conceitos-Chave em Filosofia]
A importância do conhecimento da variação linguística
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